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Administração Financeira

e Orçamentária
Material Teórico
A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Walter Franco Lopes Silva

Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
A Análise Horizontal, Análise Vertical
e o Cálculo dos Índices de Liquidez

• Análises Horizontal e Vertical

• A Análise Horizontal

• A Análise Vertical

• A Análise dos Índices

• Importância da análise Horizontal e Vertical dos Demonstrativos


• A Elaboração da Análise Horizontal
• A Elaboração Análise Vertical
• Conceituando e Calculando os Índices de Liquidez
• Levantamento das Informações para Cálculo dos Índices
• Atenção e Cuidados nas Análises
• O Conceito e o Cálculo dos Índices de Rentabilidade
• O Conceito e o Cálculo dos Índices de Endividamento
• O Conceito e o Cálculo dos Índices de Atividade

Nesta Unidade, inicialmente, vamos nos atentar à definição e análise horizontal, análise
vertical e ao cálculo dos índices de liquidez, a partir dos números reportados e projetados
para os exercícios futuros de uma empresa.
Em seguida, faremos uma breve apresentação do tema da análise horizontal e vertical dos
demonstrativos e a análise especificamente dos índices de liquidez.
Discutiremos, também, a respeito da importância destas informações para o correto
entendimento das modificações dos demonstrativos financeiros e a respeito do desempenho
da empresa ao longo dos períodos analisados. Concluiremos estudando a análise dos
de índices de endividamento, atividade e rentabilidade e sua importância para a gestão
financeira da empresa.

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Contextualização

Efetuar uma análise econômica e financeira a respeito do desempenho de uma empresa


constitui, atualmente, um dos maiores desafios para estudantes e profissionais de finanças.
Essa análise, além de meta do administrador financeiro, objetiva também maximizar a riqueza
do acionista e oferecer subsídios para as previsões orçamentárias a respeito do desempenho
futuro dos negócios. É também com base nas informações obtidas a partir dessas análises do
desempenho da empresa que a Alta Administração toma suas decisões estratégicas com o
objetivo de maximizar a riqueza do acionista no curto, médio ou longo-prazos.
Portanto, quando nos referimos à análise horizontal, vertical e de índices de uma firma
estamos, na verdade, buscando compreender o papel das finanças, da contabilidade e do
trabalho de contabilização das informações e movimentos financeiros e a emissão dos diversos
demonstrativos financeiros que compõem juntos um grupo de dados e informações cruciais
a todos os interessados em entender as respeito dos negócios e atividades executadas pelos
administradores.
Assim, estas análises horizontais, verticais e dos índices financeiros, além de oferecerem uma
melhor análise dos números reportados dos exercícios anteriores, paralelamente aos números
orçados dos exercícios futuros, são valiosos instrumentos de controle de informações contábeis e
financeiras a respeito do desempenho da empresa tanto para o seu público interno quanto para
o público externo representado pelo mercado de capitais, clientes, consumidores, investidores,
analistas financeiros ou mesmo, governos e seus órgãos de regulação e controle.

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Análises Horizontal e Vertical

Iniciaremos o nosso estudo nesta Unidade VI tratando do método de análise horizontal e


vertical, sua importância e aplicações no dia a dia do administrador financeiro. Em seguida,
vamos apresentar e estudar - dentro dos grupos de índices - os índices de liquidez que nos
fornecem excelente visão do desempenho e dos números da empresa. A análise dos balanços
patrimoniais e dos demonstrativos de resultados depende enormemente da nossa capacidade
em calcular estes índices, razão pela qual devemos estar atentos às fórmulas e cálculo, sua
interpretação e limitações.
Esta técnica de análise através de índices é parte relevante do estudo da administração
financeira e orçamentária, sendo ainda essencial quando queremos comparar balanços,
demonstrativos de resultados e demais números publicados pelas empresas no decorrer de
períodos de apurações. As análises horizontal e vertical das demonstrações Financeiras é um
importante instrumento de verificação do desempenho da empresa, pois permite visualização
da variação dos valores apresentados em cada conta, e em diferentes períodos de apuração.
Torna-se importante lembrar que toda análise das Demonstrações Financeiras é limitada a
apenas um exercício fiscal, ou seja, normalmente o período compreendido entre 1º de janeiro
e 31 de dezembro de determinado ano. Neste sentido então, muitas vezes esta análise é muito
pouco reveladora da real situação da empresa, o que exige do analista e do administrador
muitas vezes - sempre que possível - fazer também análises comparativas com anos anteriores.
Outro ponto importante ao efetuarmos uma análise de um demonstrativo contábil como o
Balanço Patrimonial, é nos atermos à classificação de cada conta dentro dos grupos “Circulante”
e “Não-Circulante”, o que facilita enormemente a nossa análise. E, em seguida saber escolher
adequadamente as contas que serão efetivamente foco de nossa análise e eventual comparação
com períodos anteriores.
Quando pensamos nas informações fornecidas pelo Demonstrativo de Resultados, devemos
lembrar que este precisará ser estudado com cuidado e deveremos sempre também eleger as
contas que serão utilizadas na análise e nas comparações. Logo, o Demonstrativo de Resultados
deve ser sempre apresentado em sua forma mais resumida - em grandes grupos de contas -
de forma a fornecer uma análise de tendência e de desempenho mais eficiente, sem cair em
demasiado detalhe conta a conta!

A Análise Horizontal
Segundo Iudícibus (2009), a finalidade principal da análise horizontal é apontar o crescimento
de itens dos Balanços e das Demonstrações de Resultados através dos períodos, a fim de
caracterizar tendências. E para efetuarmos as análises horizontais, normalmente utilizamos
análise de índices, obtidos a partir dos números dos demonstrativos. Como exemplo deste
ponto importante, veja a tabela abaixo que mostra o desempenho das vendas da Loja de
Materiais Super-Bom Ltda. em R$:

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Agora, vamos ver tabela semelhante do desempenho das vendas desta mesma empresa, mas
agora sob a forma de índices:

Vamos, agor,a pensar uma maneira de preparar uma tabela de índices


com base nas Demonstrações Financeiras publicadas por uma empresa.
Primeiramente, é necessário explicar cada número reportado, linha a linha. Pense um pouco
a respeito, e por onde você iniciaria seu trabalho...

Início: Linha “Receita Líquida de Vendas (RLV)”


No Ano X1 (o primeiro apresentado) o índice da Receita Líquida de Vendas deve ser
definido como sendo 100.
Logo, nos anos seguintes este índice será ajustado pela variação da própria Receita Líquida
de Vendas.
Logo, os índices serão ajustados pelas variações da Figura:

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Ano X2  8,8%  108
Ano X3  48,2%  168
Ano X4  10,6%  176

Sendo a variação total no período  76%


Veja na Figura a Coluna Var. X4/X1 (%)

2ª Etapa: Linha “Custo dos Produtos Vendidos (CPV)”:


No Ano X1 o índice do Custo dos Produtos Vendidos (CPV) deve ser definido como
sendo 20,08 (seu valor R$ 25 dividido por R$ 120).
Nos anos seguintes este índice será ajustado pelas variações do próprio Custo dos Produtos
Vendidos CPV nos períodos analisados.
Logo, os índices serão ajustados pelas variações da Figura:
Ano X2  10%  22,9
Ano X3  9,1%  26,0
Ano X4  3,3%  26,88

Sendo a variação total no período  24%.

3ª Etapa: Linha “Lucro Operacional (LO)”:


No Ano X1 o índice do Lucro Operacional (LO) deve ser definido como sendo 77,27 conforme
as explicações abaixo:

 Seu valor R$ 85 dividido pela RLV de R$ 110


ou
 Diferença entre RLV (R$ 110) – CPV (R$ 25)

Nos anos seguintes, este índice será ajustado pelas variações do CPV nos períodos.
Logo os índices serão ajustados pelas variações da Figura 8.1:
Ano X2  14,7%  98
Ano X3  53,8%  150
Ano X4 12,7%  169

Sendo a variação total no período  99%.

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Vamos agora fazer a Análise Horizontal dos números com base nas tabelas das Figuras 8.1 e 8.2:

• Veja e analise como variou a Receita Líquida de Vendas (RLV) ano a ano. E
perceba que do Ano X1 (R$ 110 mil) até o Ano X4 (R$ 200 mil) houve uma variação
de 82% no período. Exatamente o que os índices da Figura 8.1 nos mostram, ou seja,
182 dividido por 100.

• Com relação ao CPV, analise na tabela a variação ano a ano, partindo de R$ 25 mil (Ano
X1) para R$ 31 mil no final do Ano X4, ou seja, variação de 24% no período. Agora veja
que a tabela com os índices nos mostra as mesmas variações, ou seja, 31 dividido por 25.

• Consequentemente, podemos concluir que o Lucro Operacional (LO) calculado pela


diferença entre a Receita Líquida de Vendas (RLV) e o CPV, variará neste mesmo
período analisado, saindo de R$ 95 mil para R$ 179 mil, representando uma variação de
88,4% do ano X1 para o ano X4.

Perceba que o CPV apresentou um crescimento pouco significativo – de apenas 24% - no


período (de R$ 25 mil para R$ 31 mil). Este crescimento foi bem inferior ao crescimento de 76%
apresentado pela Receita Líquida de Vendas (de R$ 120 mil para R$ 210 mil), razão pela
qual a o Lucro Operacional cresceu tanto e a Margem calculada LO / RLV subiu de 79,17%
no Ano X1 para 85,24% no Ano X4.
Como você pode ver, esta análise horizontal permite muitas conclusões e variações,
podendo ser aplicada a todas as linhas de uma DRE – Demonstração de Resultados do
Exercício, e é excelente para compreendermos em detalhes cada número e sua variação em
períodos determinados.
O Balanço Patrimonial pode também ser analisado similarmente, com sua análise podendo
ser feita também linha a linha, e período contra período. Importante destacar, entretanto, que
esta análise horizontal deve ser feita juntamente com a análise vertical que veremos a seguir,
permitindo uma visualização mais detalhada dos números apresentados pela empresa analisada.

A Análise Vertical

Conforme mencionamos anteriormente, a análise vertical deve ser elaborada em conjunto


com uma análise horizontal. Este tipo de análise é valioso para o entendimento da evolução
de cada conta de um determinado demonstrativo de resultados ao longo de um período de
tempo determinado.
Para facilitar o entendimento deste conceito e método de análise, vamos observar a Figura
anterior e ver como cada conta destacada do Ativo do Balanço Patrimonial da Cia. Industrial
Alfa varia ao longo dos dois anos analisados.

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Figura - O Balanço Patrimonial da Cia. Industrial Beta

CIA. INDUSTRIAL BETA


BALANÇO PATRIMONIAL - Ativo e Passivo Circulante
A B C D
R$ mil Ano 2007 % Ano 2008 % Ano 2009 % Ano 2010 %

ATIVO

CIRCULANTE
Caixa 7.500 83% 6.250 72% 7.250 73% 9.500 76%
Estoques 500 6% 950 11% 1.000 10% 1.250 10%
Duplicatas a Receber 1.000 11% 1.500 17% 1.750 18% 1.750 14%

TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE 9.000 100% 8.700 100% 10.000 100% 12.500 100%

REALIZÁVEL LONGO PRAZO 4.500 100% 5.000 100% 6.000 100% 6.500 100%

PASSIVO

CIRCULANTE
Contas a Pagar Curto Prazo 1.500 43% 3.000 62% 4.000 68% 4.500 64%
Obrigações Trabalhistas 2.000 57% 1.875 38% 1.875 32% 2.500 36%

TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE 3.500 100% 4.875 100% 5.875 100% 7.000 100%

EXIGÍVEL LONGO PRAZO 4.000 100% 2.500 100% 3.250 100% 5.000 100%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 6.000 6.325 6.875 7.000

Observe nas contas do Balanço Patrimonial da empresa acima que todas as contas
apresentadas variam ano a ano, ou seja, de 2007 a 2010. Além desta variação – que às vezes
é positiva, e às vezes negativa – há variações também nas colunas A, B,C e D que mostram a
composição de cada conta nos grupos Ativo Circulante e Passivo Circulante a porcentagem que
cada conta representa dentro do grupo.

Exemplo: Vamos analisar a conta Caixa dentro do Ativo Circulante

• Veja que o seu saldo varia ano a ano. Em 2007 era de R$ 7.500 e representava 83% do
total do Ativo Circulante. Se você verificar esta mesma conta no ano de 2010, verá que o
seu saldo subiu para R$ 9.500 e passou a representar apenas 76% do total do Circulante.
Vejamos agora o item ‘Contas a Pagar no Curto Prazo’ da Cia. Industrial Beta:

• No ano de 2008, ela apresentava um saldo de R$ 3.000, ou seja, 62% do Passivo


Circulante. Em 2010, esta mesma conta crescerá em valor 50% (ou seja, apresentará saldo
de R$ 4.500), entretanto representará 64% do Circulante.

Perceba que diversas análises poderão ser efetuadas, linha a linha, coluna a coluna, oferecendo
a você inúmeras possibilidades de indagar a respeito de variações e participações de cada uma
das contas publicadas pela empresa.

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Até este ponto de nossa aula, vimos que os Demonstrativos Financeiros podem ser estudados
através de um método de análise horizontal ou vertical. Através destas análises, você poderá
efetuar diversas perguntas aos administradores da empresa, e assim entender melhor seus
resultados, linha a linha e coluna a coluna!

Para Pensar
Pense em alguma pergunta – ou perguntas - a fazer sobre o Balanço da Cia. Industrial Alfa. Caso
você venha a trabalhar com os números reportados pela Administração. Lembre-se, portanto, que
quanto mais detalhada a informação fornecida pela empresa, maior as possibilidades de fazermos
perguntas. Por exemplo: Será que uma empresa que publica suas informações com pouco detalhe,
permite que você faça uma análise horizontal e vertical adequada?

Quais seriam então os pré-requisitos para você poder fazer uma análise como esta?

Trocando Ideias
Caso você tenha acesso a um Balanço Patrimonial ou Demonstrativo de Resultados da empresa onde
você trabalhe, ou empresa que divulgue informações nos jornais ou internet, procure calcular estas
porcentagens na coluna vertical dos demonstrativos e efetue uma análise dos números publicados.

A Análise dos Índices

Quando efetuamos análises de índices (também chamados de quocientes), normalmente


fazemos uso dos balanços, demonstrativos de resultados, e demais demonstrações financeiras
disponibilizadas pela empresa. Isto, além de outras informações adicionais possíveis de serem
fornecidas pelos administradores e pela Contabilidade.
As análises dos indicadores são possíveis de serem efetuadas pela simples divisão de dois
números reportados nos demonstrativos. Em seguida, certamente, o analista precisará interpretar
este índice, explicá-lo e manter a sua memória de calculo guardada. Em uma segunda etapa
de análise, este analista precisará avaliar o índice de forma a classificá-lo como bom, ruim ou
razoável para a empresa em questão; compará-lo com as suas parceiras no mercado, ou mesmo
com suas concorrentes, por exemplo.
Segundo Gitman (2009, p. 42),

...a análise de índices envolve métodos de cálculo e interpretação de índices


financeiros visando analisar e acompanhar o desempenho da empresa; e
os elementos básicos desta análise são o Demonstrativo de Resultados e o
Balanço Patrimonial da empresa.

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Enquanto que, segundo análise de Iudícibus (2009), os índices têm como finalidade principal
permitir ao analista extrair tendências e comparar os quocientes com padrões preestabelecidos,
oferecendo algumas bases para inferir o que poderá acontecer no futuro.
Por outro lado, temos sempre que ficar atentos às limitações de tais análises através de
índices, pois sabemos que cada empresa utiliza um método diferente para contabilizar suas
operações e movimentos, o que pode causar grandes discrepâncias quando comparamos uma
empresa de um mesmo setor e atividade com outra. Assim, apesar deste detalhe que merece
atenção e análise, devemos sempre saber que a análise de indicadores financeiros é de enorme
valor ao analista e ao mercado, sendo fonte preciosa de informações. Razão pela qual é sempre
necessário dar periodicidade a estas análises e, sempre que possível, o analista deve atualizar
as informações e calcular novos índices sempre que novas informações e demonstrativos
financeiros forem disponibilizados pela empresa estudada.

Índices de Liquidez
Segundo Marion (2009), os índices de liquidez são utilizados para avaliar a capacidade
de pagamento da empresa e constituem uma apreciação sobre a capacidade da empresa
em conseguir saldar seus compromissos. Esta capacidade de pagamento pode ser avaliada
considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. Vejamos cada um desses casos:

Capacidade de Pagamento a Curto prazo


Índice de Liquidez Corrente – ou Liquidez Comum (ILC): Este Índice de Liquidez
Corrente é um valioso instrumento de análise da empresa e mostra a capacidade de pagamento
da empresa no curto prazo e para esta análise utilizamos o seguinte índice:

Importante lembrar que ele não permite que você analise a qualidade das contas do ativo
circulante ou do passivo circulante que utilizamos para seu cálculo.
Por exemplo, se os estoques estão obsoletos ou não, se o conta a receber considera ou não
os devedores duvidosos, entre outros detalhes. Portanto, fique atento ao calculá-lo!
Além disso, não é possível saber a respeito de prazos de pagamento e de recebimento,
ou se os estoques encontram-se bem avaliados ou não, e por qual método a empresa
efetuou a avaliação.
Exemplo: Nos números que apresentamos acima sobre a empresa Cia. Industrial Beta temos
do ano de 2007 para o ano de 2010, os seguintes saldos para análise:

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

• Ativo Circulante: R$ 9.000  R$ 12.500


• Passivo Circulante: R$ 3.500  R$ 7.000

Logo, para o ano de 2007  ILC = 9.000 / 3.500 = 2,57


Logo, para o ano de 2010  ILC = 12.500 / 7.000 = 1,78

Uma pergunta: Estes índices são bons ou ruins?


Normalmente ILC acima de 1,0 é considerado bom (exatamente por representar o Ativo
Circulante maior que o Passivo Circulante!).
Entretanto, como citamos anteriormente, é sempre importante e necessário verificar em
detalhes a composição de cada conta, entender o setor onde a empresa trabalha e, se possível,
comparar este ILC com o de empresas concorrentes antes de tomar decisões e efetuar conclusões.

Índice de Liquidez Seca (ILS): Este Índice de Liquidez Seca avalia se, caso a empresa
parasse de operar imediatamente, conseguiria pagar suas dívidas com seu caixa e contas a receber?

Importante lembrar que nem sempre um ILS baixo é sinônimo de situação financeira ruim
para a empresa. É sempre necessário avaliar bem os estoques, sua qualidade, seu método de
avaliação e ver, também, a qualidade dos recebíveis.
Além disso, sempre se faz necessário comparar o índice com o de empresas concorrentes no
mesmo mercado de atuação da empresa analisada.
O segundo ponto importante é analisar o ILS de uma empresa em conjunto com os seus
demais índices disponíveis, evitando conclusões equivocadas. OK?
Exemplo: Nos números que apresentamos acima sobre a empresa Cia. Industrial Beta,
temos do ano de 2007 para o ano de 2010, os seguintes saldos para análise:
• Ativo Circulante: R$ 9.000  R$ 12.500
• Estoques: R$ 500  R$ 1.250
• Passivo Circulante: R$ 3.500  R$ 7.000

Logo, para o ano de 2007  ILS = (9.000 – 500) / 3.500 = 2,42


Logo, para o ano de 2010  ILS = (12.500 – 1.250) / 7.000 = 1,61

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Pergunta: Estes índices são bons ou ruins?
Para cada R$ 1,00 em dívida, a empresa tem R$ 2,42 em ativo em 2007. Ou seja, estava em
excelente estado financeiro nesta primeira análise, mas é sempre bom lembrar a importância de
comparar e agregar novas informações antes de tomarmos conclusões! Em 2010 este índice deprecia
um pouco, caindo para R$ 1,61 em ativo por dívida, mas ainda bem, confortável a situação.

Capacidade de Pagamento a Longo prazo


Índice de Liquidez Geral (ILG): Este Índice de Liquidez Geral mede a capacidade de
pagamento da empresa no longo prazo com base em todos os ativos conversíveis em dinheiro, curto
e longo prazos, comparado aos seus compromissos assumidos (dívidas) no curto e longo prazos:

Por considerar dados de longo prazo, trata-se de um índice que exige cuidado na sua
análise e percepção de que as características do negócio e suas dinâmicas mudam muito
no futuro. Ou seja, sempre estude o ILG em conjunto com os demais índices da empresa, e
compare-o também com os índices de empresas concorrentes. OK?
Exemplo: Nos números que apresentamos acima sobre a empresa Cia. ABC Comercial,
temos do ano de 2007 para o ano de 2010, os seguintes saldos para análise:
• Ativo Circulante: R$ 9.000  R$ 12.500
• Realizável Longo Prazo: R$ 8.000  R$ 6.500
• Passivo Circulante: R$ 3.500  R$ 7.000
• Exigível Longo Prazo: R$ 4.000  R$ 5.000

Logo, para o ano de 2007  ILG = (9.000 + 4.500) / (3.500 + 4.000) = 1,80
E para o ano de 2010  ILG= (12.500 + 6.500) / (7.000 + 5.000) = 1,58

Pergunta: Estes índices são bons ou ruins?


Para cada R$ 1,00 em dívida curto e longo prazo, a empresa tem R$ 1,8 em ativo no ano
2007, caindo para R$ 1,58 em 2010. Ou seja, está em bom estado financeiro nesta primeira
análise, mas piorando ano a ano. Por isso é sempre bom lembrar a importância de comparar e
agregar novas informações antes de tomarmos conclusões!

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Capacidade de Pagamento em prazo imediato


Índice de Liquidez Imediata (ILI): Este Índice de Liquidez Imediata mede a capacidade
de pagamento do endividamento da empresa de curto prazo.

Embora nos mostre os pagamentos de curto prazo, ou seja, os compromissos junto a empresas
e bancos, o ILI deve ser analisado com cautela pois, nem sempre, a queda das Disponibilidades
significa insolvência (ou seja, incapacidade de pagamento). Logo, deve ser sempre analisado
em conjunto com contas a receber, por exemplo.
Exemplo: Nos números que apresentamos acima sobre a empresa Cia. ABC Comercial,
temos do ano de 2007 para o ano de 2010, os seguintes saldos para análise:
• Disponibilidade: R$ 7.500  R$ 9.500
• Passivo Circulante: R$ 3.500  R$ 7.000

Logo, para o ano de 2007  ILI = (7.500) / (3.500) = 2,14


E para o ano de 2010  ILI = (9.500) / (7.000) = 1,36

Mas, estes índices são bons ou ruins?


Para cada R$ 1,00 em passivo circulante, a empresa tem R$ 2,14 em caixa no ano 2007,
caindo para R$ 1,36 em 2010. Ou seja, está em bom estado financeiro nesta primeira análise,
mas piorando ano a ano. Por isso é sempre bom lembrar a importância de comparar e agregar
novas informações antes de tomarmos conclusões!

Explore
Sugiro a leitura do conceito e exemplos de cálculo do Índice de Liquidez no livro Princípios de
Administração Financeira de L.J. Gitman, na página 46.
Em, seguida, veja também uma tabela resumo com todos os índices da Bartlett Company, nas
páginas 58 e 59.

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Índices de Endividamento
Conforme destacamos, esta técnica de análise através de índices é parte relevante do
estudo da contabilidade e finanças, e é essencial quando queremos comparar balanços,
demonstrativos de resultados e demais números publicados pelas empresas no decorrer de
diversos períodos de apurações.
Segundo Gitman (2007, pp.49-50),

“O índice de endividamento de uma empresa indica o volume de dinheiro


de terceiros usado para gerar lucros... Em geral, quanto mais capital de
terceiros é usado por uma empresa em relação aos seus ativos totais, maior
sua alavancagem financeira...”.

Glossário
Alavancagem Financeira: refere-se à utilização de custos financeiros líquidos para amplificar
os efeitos de variações dos lucros antes de juros e imposto de renda sobre o lucro por ação da
empresa. Ou seja, é a utilização pela empresa de dívidas contraídas em bancos ou de terceiros para
dar maior liquidez ao negócio e maximizar desempenho. Mas vale destacar que toda Dívida gera
Despesa Financeira, ou seja, o administrador precisará sempre avaliar se estes recursos gerarão ou
não resultados superiores ao custo do empréstimo!

Índice de Endividamento Geral (IEG): Este Índice de Endividamento Geral mede a


proporção dos ativos totais comparado ao total do financiamento dos credores da empresa.

Em geral, o IEG permite uma avaliação rápida e precisa por parte do analista a respeito do
tamanho dos endividamentos de uma empresa comparativamente ao seu Ativo.
Mas ATENÇÃO: uma empresa pode, eventualmente, apresentar um IEG alto, ou seja, estar
muito endividada comparativamente aos seus ativos. Mas, entretanto, esta dívida ser de longo
prazo e a juros baixos, o que não deixa de seu interessante se os recursos forem bem utilizados
pela administração na operação do negócio principal da firma!!
Para efetuarmos os exemplos de exercícios abaixo, utilizaremos o mesmo balanço da Cia.
Industrial Beta.
Com base nos números que apresentamos acima sobre a empresa temos do ano de 2007
para o ano de 2010, os seguintes saldos para análise:

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

• Exigível de Longo Prazo (LP): R$ 4.000  R$ 5.000


• Ativo: R$ 13.500  R$ 19.000

Calculando...

Para o ano de 2007  IEG = (4.000) / (13.500) = 0,30 = 30%


Para o ano de 2010  IEG = (5.000) / (19.000) = 0,26 = 26%

Reflexão
Mas, estes índices são bons ou ruins? Na verdade este indicador mostra que a empresa está
financiando por volta de 30% de seus ativos com dívidas, o que não seria muito, a princípio.
Mas atenção: quanto maior este índice maior o grau de endividamento da empresa, e maior o
grau de alavancagem financeira consequentemente, e cada tipo de empresa vai exigir de você uma
análise detalhada deste indicador. Há empresas que trabalham normalmente com IEG maior, outras
não conseguem ou não é recomendado dado o custo de se manter uma dívida!

Explore
Sugiro ler no livro Princípios de Administração Financeira de L.J. Gitman, em sua página 49,
o conceito e os exemplos de cálculo do Índice de Endividamento.

Índices de Atividade
Os índices de atividade nos mostram a velocidade com que as várias atividades da empresa
se transformam em vendas e caixa. Ou seja, a velocidade com que as diversas contas do ativo
ou do passivo da empresa como, por exemplo, o contas a pagar, o contas a receber ou os
estoques transformam-se em recursos.
Neste sentido, podemos analisar os índices de atividade segundo quatro grupos distintos:
O Giro de Estoques que mede a rotatividade (liquidez) dos estoques da firma, e é excelente
indicador comparativo entre empresas atuantes em um mesmo setor e mercado. Este índice é
calculado pela fórmula a seguir:

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O Prazo Médio de Recebimento que permite entendermos melhor as práticas de vendas
da empresa analisada, como ela vende seus produtos e prazos médios destes faturamentos. Este
índice é calculado pela seguinte fórmula:

O Prazo Médio de Pagamento, que segue a mesma sistemática do índice anterior, mas
nos permite entender como os fornecedores - muitas vezes - acabam por “financiar” a operação
da empresa. Veja um exemplo: uma firma pode comprar, produzir e faturar antes mesmo de
pagar seus fornecedores de matérias primas. Este índice é calculado pela seguinte fórmula:

O Giro do Ativo Total, que mostra a eficiência da empresa na administração de seu ativo
para a geração de receitas. Este índice é calculado pela seguinte fórmula:

Explore
Sugiro uma leitura atenta das páginas 47 e 48 do livro Princípios de Administração Financeira
de L.J. Gitman, onde o autor apresenta os conceitos e exemplos de cálculo do Índice de Atividade.

Índices de Rentabilidade
É importante destacar que até este estágio de nosso estudo estávamos concentrados nas
análises de índices relacionados com os aspectos e dados financeiros das empresas analisadas.
Por outro lado, os chamados índices de rentabilidade estarão mais voltados à análise da geração
de resultado do negócio analisado. Ou seja, estudaremos os principais índices econômicos
disponíveis para efetuarmos uma análise mais aprofundada do negócio: rentabilidade, potencial
de crescimento, e a capacidade de geração de resultados, entre outras.

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Figura 9.2. DRE da Cia. Vendedora de Alimentos Processados

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


(MODELO COMPLETO)
CIA VENDEDORA DE ALIMENTOS PROCESSADOS
Ano 2009 Ano 2010
R$ R$
Receita Bruta de Vendas e Serviços 2.450.000 3.800.000
Venda de Produtos 700.000 860.000
Venda de Serviços 500.000 600.000
(-) Deduções da Receita Bruta (255.000) (311.714)
Devoluções & Abatimentos (50.000) (60.000)
Impostos sobre Vendas (200.000) (245.714)
Impostos sobre Serviços (5.000) (6.000)
Receita Líquida 2.195.000 3.488.286
(-) Custo dos Produtos Vendidos (720.000) (850.000)
CPV (720.000) (850.000)
Custo Serviços Prestados (100.000) (120.000)
Lucro Bruto 1.730.000 2.950.000
(-) Despesas Operacionais (300.000) (355.500)
Vendas (100.000) (120.000)
Administrativas (100.000) (100.000)
Depreciação (20.000) (35.000)
Financeiras (80.000) (100.500)
Resultado Operacional 1.430.000 2.594.500
Resultados Não Operacionais 60.000 80.000
Lucro antes IR e Contribuição Social 1.490.000 2.674.500
(-) Provisão IR e Contribuição Social (521.500) (936.075)
Lucro Após IR e CS 908.500 1.658.425
Lucro Líquido / Prejuízo do Exercício 908.500 1.658.425
Número de Ações 100.000 100.000
Lucro por Ação 9,09 16,58

Com base nestes números apresentados na DRE da empresa, vamos conceituar e calcular
alguns dos índices de rentabilidade segundo quatro de seus mais importantes grupos distintos:
A Margem de Lucro Operacional (MLO) que mede o resultado (lucro puro) da operação
do negócio da empresa no total das vendas efetuadas.

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Este índice é calculado pela fórmula a seguir:

Com base na fórmula acima, vamos calcular a MLO (Ano 2009) para a Cia. Vendedora de
Alimentos Processados:

MLO = 1.430.000 / 2.450.000 = 58,37%

A Margem de Lucro Líquido (MLL) que mede o resultado líquido após custos, despesas
e impostos da operação do negócio da empresa no total das vendas efetuadas. Este índice é
calculado pela fórmula a seguir:

Com base na fórmula acima, vamos calcular a MLL (Ano 2009) para a Cia. Geradora de Lucros:

MLL = 908.500 / 2.450.000 = 37,08%

O Lucro por Ação (LPA) que mede o resultado líquido efetivamente obtido por cada ação
emitida pela empresa. Importante lembrar que não se trata do Dividendo por ação. Este índice
é calculado pela fórmula a seguir:

Com base na fórmula acima, vamos calcular a LPA (Ano 2009) para a Cia. Vendedora de Carne:

LPA = 908.500 / 100.000 = R$ 9,09

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Glossário
Dividendo por ação é o valor monetário do resultado que foi efetivamente distribuído ao
final de um exercício fiscal a cada ação ordinária ou preferencial. Ou seja, os dividendos nada
mais são que as distribuições periódicas do lucro da empresa aos seus acionistas. Importante
lembrar também que, muitas vezes, uma empresa recebe dividendos de outra empresa. Neste
caso os dividendos recebidos por uma empresa será proporcional à quantidade de ações que
esta deter da outra empresa.

O Retorno do Ativo Total (ROA) – Return on Total Assets - que também é conhecido
como retorno do investimento. Que mede a rentabilidade da empresa com base nos ativos
disponíveis. Este índice é calculado pela fórmula a seguir:

Para o cálculo do ROA para o ano de 2009 da Cia. Vendedora de Alimentos Processados
é necessária a informação adicional a respeito de seu Ativo Total, no valor de R$ 15.000.000.
Logo, o ROA no período será de:

ROA = 908.500 / 15.000.000 = 6,05%

Trocando Ideias
Concluímos nossas análises com índices e comparativos. Neste momento você tem em mãos uma
gama de ferramentas que permitirão efetuar diversas análises. Utilize estes conceitos e fórmulas e
deixe seu trabalho diário de administração financeira e orçamentária mais rico e completo.

Explore
De forma a concluirmos o nosso estudo a respeito dos Índices sugiro que você reveja todos os
índices calculados para os números publicados da Bartlett Company, nas páginas 58 e 59 do livro
Princípios de Administração Financeira de L.J. Gitman.

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Material Complementar

Sugestão de Site
• Na página do site da Petrobras destacada abaixo, existe um campo chamado “Kit
do Acionista”, nele você verá toda uma completa análise dos números publicados
pela empresa, seu desempenho, resultados, expectativas, entre outras informações
relevantes para a administração, investidores e mercados. Verifique!
http://www.investidorpetrobras.com.br/

Sugestão de Leitura
• No livro Administração Financeira e Orçamentária de M. Hoji, você encontrará os
itens 11.3 e 11.4 dedicados aos temas ‘Análise Vertical e Horizontal’ e ‘Análises
por meio de Índices’. Assim, sugiro que você pesquise e leia no Capítulo 11 -
‘Análises Financeiras’, as páginas 281 a 299 para um maior aprofundamento de
seus estudos.

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Unidade: A Análise Horizontal, Análise Vertical e o Cálculo dos Índices de Liquidez

Referências

Básica

GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira, 10ª Ed. São Paulo: Pearson, 2007.

GROPPELLI, A.A. e NIKBAKHT, E. Administração Financeira, 3a Ed. São Paulo: Saraiva,


2010.

HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária, São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008.

MARION, J.C. Análise das Demonstrações Contábeis. Contabilidade Empresarial, São


Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

SANTOS, J.O. Valuation. Um Guia Prático, São Paulo: Editora Saraiva, 2012.

Complementar

IUDÍCIBUS, S. Análise da Balanços, São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

MÁLAGA, F.K. Análise de Demonstrativos Financeiros e da Performance Empresarial


Para Empresas Não Financeiras, São Paulo: Saint Paul Editora, 2009.

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Anotações

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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000

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