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EVANGELHO DO CÉU VOL.

II

ENSINAMENTOS DE MEISHU SAMA

EDITORA LUX ORIENS

Lux Oriens Editora Ltda


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São Paulo - SP - Cep. 05006-000
Forte:(0xxll) 3675-6947
Webpage: http://www.lux-oriens.com.br
E-mail: editora@lux-oriens.com.br
1a edição: outubro de 2002
ISBN nº 85-88311-07-0
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara
Brasileira do Livro, SP, Brasil)
01-5332
Sama, Meishu, 1882-1955.
Evangelho do Céu / Meishu Sama ; tradução Minoru Nakahashi.
São Paulo : Lux Oriens, 2001.
Título original: Tengoku no fukuin
1. Sama, Meishu, 1882-1955 - Ensinamentos I. Título
CDD-299.56
Índices para catálogo sistemático:
1. Sama, Meishu: Doutrina Messiânica: Religião 299.56
Evangelho do Céu Vol. II

"Uma leitura
minuciosa dos meus Ensinamentos
conduz, de fato, ao aprimoramento do tie.

Nenhuma bênção
maior, nem graça mais elevada existe, senão a verdade advinda
do Supremo Deus".

Meishu Sama

2
Evangelho do Céu Vol. II

ÍNDICE

PREFÁCIO DO PRIMEIRO VOLUME....................................................................................8


INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11
SABEDORIA......................................................................................................................... 14
CAPÍTULO 1 - POR QUE E COMO ADQUIRIR SABEDORIA.............................................16
1 - POR QUE A SABEDORIA É NECESSÁRIA?................................................................................16
1.1 - PARA DESPERTAR A ALMA.................................................................................................16
1.1.1 - Primeiro Johrei................................................................................................................ 16
1.1.2 - Luz através da leitura dos Ensinamentos.......................................................................16
1.2 - PARA APRIMORAR A ALMA.................................................................................................17
1.2.1 - Formas de aprimoramento.............................................................................................17
1.2.2 - Fortalecimento da alma..................................................................................................17
1.3 - PARA CRIAR FELICIDADE...................................................................................................18
1.3.1 - Falta de tie...................................................................................................................... 18
1.4 PARA DESEMPENHAR CORRETAMENTE O TRABALHO NA OBRA DIVINA.......................................18
1.4.1 - Aprimoramento dos mamehito........................................................................................18
1.4.2 - Respeito à liberdade do semelhante..............................................................................19
2 - COMO ADQUIRIR SABEDORIA?..............................................................................................20
2.1 - PELA ELIMINAÇÃO DAS MÁCULAS ATRAVÉS DO JOHREI..........................................................20
2.1.1 - Johrei e felicidade...........................................................................................................20
2.2 - PELA LEITURA DOS ENSINAMENTOS...................................................................................22
2.2.1 - Purificação das máculas.................................................................................................22
2.2.2 - Importância das publicações messiânicas.....................................................................22
2.3 - PELA ORAÇÃO.................................................................................................................23
2.3.1 - Sentido da oração........................................................................................................... 23
2.4 - PELA DEDICAÇÃO............................................................................................................ 24
2.4.1 - Cem por um.................................................................................................................... 24
2.4.2 - Canalização do Johrei....................................................................................................24
2.5 - PELA PRÁTICA DO TINKON.................................................................................................25
2.5.1 – O que é?........................................................................................................................ 25
2.6 - PELA ELEVAÇÃO ESPIRITUAL.............................................................................................26
2.6.1 - Superioridade da alma....................................................................................................26
2.6.2 - Sabedoria conforme o nível espiritual............................................................................26
2.6.3 - Elevação da alma...........................................................................................................26
2.6.4 - Posição da alma.............................................................................................................27
2.6.5 - Espírito fraco................................................................................................................... 27
CAPÍTULO II - FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA SABEDORIA......................................29
1 - CONHECIMENTO DAS LEIS DE DEUS......................................................................................29
1.1 - IMPORTÂNCIA.................................................................................................................. 29
1.1.1 - Deus e Sua Lei............................................................................................................... 29
1.1.2 - Essência da verdade...................................................................................................... 29
1.2 - PRINCIPAIS LEIS..............................................................................................................31
1.2.1 - Purificação...................................................................................................................... 31
1.2.1.1 - Lei da Purificação....................................................................................................31
1.2.1.2 - Causa dos sofrimentos............................................................................................31
1.2.2 - Tempo............................................................................................................................. 32
1.2.2.1 - Importância do tempo..............................................................................................32
1.2.2.2 Tempo certo...............................................................................................................33
1.2.2.3 - Soluções rápidas.....................................................................................................34
1.2.2.4 - Tempo divino............................................................................................................ 35
1.2.3 - Ordem............................................................................................................................. 35
1.2.3.1 - Lei da Ordem...........................................................................................................35
1.2.3.2 - Ocupação correta dos lugares.................................................................................36
1.2.3.3 - Importância da ordem..............................................................................................37
1.2.3.4 - Primazia da ordem...................................................................................................37
1.2.3.5 - Posição dos objetos no ambiente............................................................................39
1.2.4 - Precedência do espírito..................................................................................................40
1.2.4.1 - Espírito precede a matéria.......................................................................................40

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Evangelho do Céu Vol. II

1.2.4.2 - Influência das máculas............................................................................................40


1.2.5 - Causa e efeito................................................................................................................. 41
1.2.5.1 - Missão do homem....................................................................................................41
1.2.5.2 - Justiça e Lei do Karma............................................................................................41
1.2.6 - Harmonia........................................................................................................................ 42
1.2.6.1 - Lei da Harmonia.......................................................................................................42
1.2.7 - Inversão.......................................................................................................................... 43
1.2.7.1 - Lei da Inversão........................................................................................................ 43
1.2.8 - Identidade....................................................................................................................... 45
1.2.8.1 - Remédios e máculas...............................................................................................45
1.2.9 - Efeito Contrário............................................................................................................... 45
1.2.9.1 - Resultados insatisfatórios........................................................................................45
1.2.9.2 - Ocorrência de efeitos contrários..............................................................................46
1.2.10 - Sintonia......................................................................................................................... 47
1.2.10.1 - Lei da Sintonia....................................................................................................... 47
1.2.10.2 - Afinidades.............................................................................................................. 48
2 - IDENTIFICAÇÃO DA VERDADE................................................................................................48
2.1 - NÍVEIS DE VERDADE.........................................................................................................48
2.2 - DÚVIDAS E NUVENS ESPIRITUAIS........................................................................................49
2.3 - SUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE........................................................................................50
2.4 - MISERICÓRDIA DE DEUS...................................................................................................50
2.5 - PERDA DE TEMPO............................................................................................................51
2.6 - DISCERNIMENTO..............................................................................................................51
2.7 - PERCEPÇÃO CORRETA.....................................................................................................52
3 - TRANSMISSÃO POR REFLEXO................................................................................................53
3.1 - SURGIMENTO NATURAL DO TIE...........................................................................................53
3.2 - FÉ E SABEDORIA............................................................................................................. 53
3.3 - MANUTENÇÃO DA PUREZA MENTAL.....................................................................................54
3.4 - APRIMORAMENTO DO TIE..................................................................................................54
3.5 - POLIMENTO DO "ESPELHO"...............................................................................................55
4 - TRANSCENDÊNCIA.............................................................................................................. 55
4.1 - TIESHOKAKU................................................................................................................... 55
4.2 - RAPIDEZ.........................................................................................................................56
5 - CONCRETIZAÇÃO................................................................................................................ 57
5.1 - ELEVAÇÃO DO YUKON......................................................................................................57
5.2 - SALVAÇÃO E TIE..............................................................................................................57
5.3 - FACILIDADE E SACRIFÍCIO.................................................................................................59
5.4 - AGIR COM LÓGICA...........................................................................................................60
5.5 - ORIENTAÇÃO À DISTÂNCIA................................................................................................61
5.6 - CONSERTOS................................................................................................................... 61
5.7 - TAREFAS DIVERSIFICADAS.................................................................................................62
5.8 - SALDAR DÍVIDAS ESPIRITUAIS............................................................................................62
5.9 - EXPANSÃO DO PLANO DIVINO...........................................................................................63
5.10 - AUTODEPRECIAÇÃO.......................................................................................................63
5.11 - INTERCALAÇÃO DE ATIVIDADES........................................................................................64
5.12 - GUEDATSU................................................................................................................... 64
CAPÍTULO III - PRINCÍPIOS DO HOMEM SÁBIO...............................................................66
1 - DESAPEGO........................................................................................................................ 66
1.1 - RELAÇÃO ENTRE JOHREI E APEGO.....................................................................................66
1.2 - APEGO A BENS MATERIAIS................................................................................................66
1.3 - APEGOS EMOCIONAIS.......................................................................................................67
1.4 - APEGO À VIDA.................................................................................................................67
1.5 - ENVOLVIMENTOS FAMILIARES............................................................................................69
1.6 - APEGO E NUVENS ESPIRITUAIS..........................................................................................69
1.7 - SINGELEZA NO AGIR.........................................................................................................70
1.8 - EGOCENTRISMO.............................................................................................................. 71
2 - FÉ.................................................................................................................................... 72
2.1 - PARA ADQUIRIR A VERDADEIRA FÉ.....................................................................................72
2.2 - SABOR DA FÉ..................................................................................................................72
2.3 - COMENTÁRIOS DE MEISHU SAMA SOBRE O ENSINAMENTO FÉ E LIBERDADE............................74
2.4 - PENSAMENTOS COERENTES..............................................................................................77

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Evangelho do Céu Vol. II

2.5 - IMPEDIMENTO À EXPANSÃO DA MESSIÂNICA........................................................................77


2.6 - EFEITOS DO JOHREI........................................................................................................ 78
3 - GRATIDÃO......................................................................................................................... 79
3.1 - O HOMEM DEPENDE DO PRÓPRIO SOONEN..........................................................................79
3.2 - GRATIDÃO PELO JOHREI...................................................................................................79
3.3 - MÁCULAS E DOAÇÕES......................................................................................................81
3.4 - DÍVIDAS CÓSMICAS..........................................................................................................82
3.5 - FUNÇÃO DO DINHEIRO......................................................................................................82
3.6 - POUPAR DOANDO............................................................................................................83
3.7 - VIGILÂNCIA NO AGRADECER..............................................................................................83
3.8 - IMPORTÂNCIA DO AGRADECIMENTO....................................................................................84
3.9 - GRATIDÃO E RESSENTIMENTO...........................................................................................84
4 - DISCERNIMENTO ENTRE BEM E MAL.....................................................................................85
4.1 - O PAPEL DO BEM E DO MAL.............................................................................................85
4.2 - DISTINGUIR A VERDADE....................................................................................................86
4.3 - VENCER O MAL EM SI MESMO...........................................................................................86
4.4 - SATISFAÇÃO E INSATISFAÇÃO............................................................................................87
4.5 - O DESTINO HUMANO........................................................................................................88
4.6 - BOATOS......................................................................................................................... 89
4.7 - QUALIFICAÇÃO DIVINA......................................................................................................90
5 - ACEITAÇÃO DA VONTADE DE DEUS.......................................................................................91
5.1 - ENTREGAR-SE A DEUS.....................................................................................................91
5.2 - POSTURA INADEQUADA.....................................................................................................91
5.3 - EQUILÍBRIO ENTRE VERTICAL E HORIZONTAL........................................................................92
5.4 - HODO, O DOURADO CAMINHO DO MEIO...............................................................................92
5.5 - IZUNOME........................................................................................................................ 93
6 - ORAÇÃO............................................................................................................................94
6.1 – IMPORTÂNCIA DO GUENREI...............................................................................................94
6.2 – O GUENREI DAS SETENTA E CINCO VOZES..........................................................................94
6.3 - FORÇA DA PALAVRA.........................................................................................................95
6.4 - PODER DA ORAÇÃO......................................................................................................... 96
6.5 - INFLUÊNCIA DO MAU GUENREI............................................................................................96
6.6 - MANEIRA CORRETA DE ORAR............................................................................................97
7 - VIRTUDES..........................................................................................................................98
7.1 - ALEGRIA.........................................................................................................................98
7.2 - ATITUDE SÁBIA................................................................................................................99
7.3 - A MELHOR ESTRATÉGIA..................................................................................................100
7.4 - SERVIR EM SEGREDO.....................................................................................................102
7.5 - UM PRINCÍPIO DE JUSTIÇA...............................................................................................102
7.6 - JUSTIÇA E REPURIFICAÇÃO..............................................................................................103
7.7 - HONESTIDADE...............................................................................................................104
8 - COMPORTAMENTO............................................................................................................105
8.1 - O HOMEM PRIMITIVO......................................................................................................105
8.2 - ENFRAQUECIMENTO DA VITALIDADE HUMANA.....................................................................105
8.3 - MUDANÇAS NECESSÁRIAS...............................................................................................107
8.4 - CHEGADA DO MUNDO DE MIROKU...................................................................................107
8.5 - RESPEITO AOS SEMELHANTES.........................................................................................108
8.6 - POSTURA "REDONDA"....................................................................................................110
8.7 - MANIFESTAÇÃO DA BELEZA NO COMPORTAMENTO..............................................................110
8.8 - VIDA DE ISOLAMENTO.....................................................................................................112
8.9 - CONDUTA HUMANA........................................................................................................113
9 - SOONEN..........................................................................................................................113
9.1 - O QUE É?.................................................................................................................... 113
9.2 - IMPORTÂNCIA................................................................................................................ 113
9.3 - EXPANSÃO................................................................................................................... 114
9.4 - SOONEN E COMUNICAÇÃO...............................................................................................115
9.5 - SOONEN E JOHREI.........................................................................................................116
9.6 - SOONEN E MAKOTO.......................................................................................................118
9.7 - SOONEN NEGATIVO........................................................................................................119
9.8 - SOONEN E APEGO.........................................................................................................119

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Evangelho do Céu Vol. II

9.9 - SOONEN E TRANQÜILIDADE.............................................................................................120


9.10 - SOONEN E BOM SENSO................................................................................................120
9.11 - SOONEN E PODER DIVINO.............................................................................................121
9.12 - ESPONTANEIDADE........................................................................................................122
9.13 - APRIMORAMENTO DAS OPINIÕES....................................................................................123
9.14 - REINO DO CÉU NO CORAÇÃO........................................................................................124
9.15 - PERSONALIDADE DO IMPERADOR GODAIGO DO PONTO DE VISTA ESPIRITUAL.......................124
9.16 - INTENÇÃO VERDADEIRA................................................................................................125
9.17 - PODER DE DEUS E PENSAMENTO HUMANO......................................................................126
10 - PROCEDIMENTO DAIJO E SHOJO........................................................................................126
10.1 - DIFERENÇA ENTRE ATITUDES DAIJO E SHOJO...................................................................126
10.2 - JULGAMENTOS............................................................................................................128
10.3 - OBJETIVO CORRETO.....................................................................................................128
10.4 - VISÃO AMPLA..............................................................................................................129
10.5 - COMPORTAMENTO DAIJO E SHOJO.................................................................................131
10.6 - ATITUDE DAIJO............................................................................................................132
11 - PONTO FOCAL................................................................................................................133
11.1 - IDENTIFICAÇÃO DO PONTO FOCAL...................................................................................133
11.2 - SABEDORIA E PONTO FOCAL.........................................................................................134
11.3 - MANEIRA CORRETA DE OBSERVAR.................................................................................134
12 - VISÃO CIENTÍFICO-DIVINA.................................................................................................135
12.1 - LUZ IRRADIADA PELA MÃO.............................................................................................135
12.2 - CIÊNCIA DIVINA........................................................................................................... 135
12.3 - PODER DE KASSO........................................................................................................137
12.4 - SIGNIFICADO DOS NÚMEROS.........................................................................................138
12.5 - SIMBOLOGIA NUMÉRICA................................................................................................139
12.6 - SONS VOCÁLICOS........................................................................................................140
13 - VIGILÂNCIA PERMANENTE.................................................................................................140
13.1 - FIRMEZA DE ATITUDES..................................................................................................141
13.2 - AÇÃO DOS JASHIN.......................................................................................................141
13.3 - PRESUNÇÃO...............................................................................................................141
PROPOSIÇÃO FINAL........................................................................................................ 143
ADENDO............................................................................................................................. 144
GLOSSÁRIO....................................................................................................................... 146

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Evangelho do Céu Vol. II

PREFÁCIO DO PRIMEIRO VOLUME

Meishu Sama sempre divulgou os Ensinamentos que Lhe


foram revelados por Deus através de publicações em jornais e
revistas da Igreja, bem como por meio de palestras feitas para
mamehito e ministros. Nessas ocasiões, abordava assuntos
variados que abrangiam não só o campo religioso, moral ou
filosófico, mas também ciência, especialmente a Medicina,
Política, Educação, Arte, História, Agricultura, além de outros
temas diversos, tais como: ordem social, sabedoria, Mundo
Espiritual, Bem e Mal, enfim qualquer ocorrência que, direta ou
indiretamente, interferisse no comportamento humano.

De um modo geral, os artigos ou mesmo o conteúdo das


palestras analisavam, de uma só vez, as mais diversas questões,
todas elas consideradas sob um ponto de vista totalmente
inovador, tendo por base a revelação divina, bem como
experiências vividas e pesquisas realizadas por Meishu Sama,
cuja finalidade era formar o homem para viver na Nova
Civilização, que se iniciaria no presente século XXI.

De outra parte, todos os princípios contidos nos


Ensinamentos foram sendo gradativamente explicados de acordo
com as necessidades do momento. Assim, muitos deles
constituíram respostas a perguntas formuladas pelos estudiosos
e seguidores da Messiânica. Daí também o outro motivo de,
numa mesma palestra ou nos artigos para jornais e revistas,
serem tratadas questões diversas sem a centralização específica
de um tema único.

Sempre foi, entretanto, bastante evidente a necessidade


de se organizarem os Ensinamentos de acordo com os assuntos,
a fim de se tornarem mais claros, especialmente para os
ocidentais, e também para todas as pessoas interessadas em
estudá-los. Dessa forma, tornar-se-ia mais fácil visualizar, na sua
totalidade, preciosíssimas lições de inestimável valor.

7
Evangelho do Céu Vol. II

Entretanto, desde 1955 (Goshoten 1 de Meishu Sama) até


hoje, nada de concreto tinha sido feito no sentido de ordenar
sistematicamente os Ensinamentos, separando-os de acordo com
os diversos assuntos tratados pelo Mestre.

Sentindo, então, a urgência de iniciar uma sistematização,


nosso esforço visou, na medida do possível, atingir esse objetivo.
Numa primeira etapa, o trabalho consistiu na separação dos
textos que, depois, foram reunidos e remontados de forma
esquemática, colocando sempre em evidências pontos básicos
considerados indispensáveis a quem deseja trilhar o caminho da
salvação. Sob esse aspecto, foi uma atividade semelhante à da
construção de uma casa, na qual a primeira etapa corresponde
ao estabelecimento do alicerce para, em seguida, serem
levantadas as colunas, paredes e telhado, sendo finalmente
concluída com os arremates e acabamento para, mais tarde, ser
acrescida dos últimos retoques da decoração, feita com valiosas
obras de arte das mais variadas tendências. Em outras palavras,
quero dizer que Meishu Sama deixou, nos Ensinamentos, todo o
material para a edificação da nova morada da humanidade. A nós
cabe apenas a missão de distribuí-lo, colocando cada
mensagem, cada preceito, cada orientação no seu exato lugar.
Dessa forma, os leitores poderão obter uma idéia mais concreta,
numa visão tridimensional, da beleza desta nova casa, planejada
por Deus, para todos os Seus filhos.

Tendo, então, como linha mestra o aspecto construtivo


ascendente, tomamos como base, na elaboração deste livro, o
processo da Iniciação como uma primeira etapa a ser transposta
no caminho do aprimoramento espiritual. Nesta fase inicial, o que
se destaca é a necessidade da purificação, entendida como um
recurso irrefutável de limpeza das máculas do espírito e das
toxinas presentes no corpo físico.

1
Passagem de Meishu Sama para o Reino Divino (10/02/1955).

8
Evangelho do Céu Vol. II

Uma vez vencida a fase da iniciação, o praticante, um


pouco mais livre de impurezas, tem condições de discernimento e
vai, assim, adquirindo a verdadeira sabedoria num processo
contínuo de aprimoramento espiritual. Daí que, para atender a
esse objetivo, a segunda parte desta Obra contém
exclusivamente Ensinamentos referentes à Sabedoria. Através
deles, o leitor vai poder orientar-se na busca do seu próprio
desenvolvimento espiritual. Assim, passo a passo, irá
conseguindo escalar pontos cada vez mais altos, até atingir a
Comunhão Perfeita com Deus.

Então, o conteúdo da terceira parte é constituído de


Escritos Sagrados que têm como objetivo mostrar o poder da Luz
através da qual cada um de nós, seguindo o exemplo de Meishu
Sama, poderá atingir o grau de Kenshinjitsu.

Foi também considerando todas as colocações até aqui


expostas que dividimos o presente livro — Evangelho do Céu —
em três volumes, a saber: I -Iniciação, II - Sabedoria e III - Reino
Divino, simbolizando, no seu conjunto, a nova habitação para a
humanidade inteira, onde cada um poderá cultuar a Beleza,
praticar a Virtude e vivenciar plenamente a Verdade absoluta.

Minoru Nakahashi

9
Evangelho do Céu Vol. II

INTRODUÇÃO

Embora seja comum as pessoas falarem simplesmente de


sabedoria, há categorias distintas a serem observadas: umas
bem superficiais, outras mais profundas. Dessa forma, é possível
destacar a existência de três níveis superiores, a saber: shinchi, a
sabedoria divina, zenchi ou forma de manifestação do Bem, e
eichi, inteligência do sábio.

Esses três primeiros estágios de discernimento brotam nas


pessoas que têm o coração repleto de makoto e, ao mesmo
tempo, aceitam a presença de Deus. Cada ser humano deve,
contudo, procurar aperfeiçoar, o máximo possível, as formas mais
elevadas de sabedoria através do aprimoramento da fé.

Se procurarem, então, estabelecer as normas de ação por


meio da prática de zenchi e mantê-las em contínuo
aperfeiçoamento, jamais ocorrerão malogros e a verdadeira
felicidade poderá ser conquistada em plenitude.

De outra parte, atitudes oriundas de atos de maldade


geram uma forma de inteligência denominada kanchi que se
fundamenta em princípios de esperteza e astúcia. É também da
mesma origem a maneira de agir identificada como saichi, que
tem por base a sagacidade enganosa, bem como aquela que se
compraz na prática de malvadezas, chamada jachi. Esta última
está presente na vida de todos os criminosos e fraudadores, os
quais a possuem desenvolvida em alto grau.

Num sentido amplo, pode-se afirmar que, desde os tempos


antigos, os heróis e todos os detentores de sucessos
passageiros, na verdade, tiveram apenas uma inteligência
maléfica de maior tamanho.

A partir da constatação dos desmandos cometidos pelos


maus, dá, portanto, para entender o quanto é profunda a

10
Evangelho do Céu Vol. II

sabedoria do Bem, comparada à superficialidade das


inteligências perversas. Tal fato pode ser notado desde as mais
remotas épocas. Basta observar o caminho percorrido pelos
homens maldosos. Ainda que seus desregramentos sejam
planejados com habilidade, sempre apresentam alguma falha que
os leva infalivelmente à ruína advinda do malogro de seus planos.

Eis a razão de eu continuar a insistir: se desejarem


prosperidade não apenas momentânea, mas eterna, aperfeiçoem
a sabedoria profunda que nasce do poderoso makoto.

Concluindo então: se quiserem ser verdadeiras pessoas de


fé, precisam, antes de mais nada, ser corretas. Entendendo essa
lógica, não será nada difícil resolver os males que afligem a
sociedade atual.

A realidade, porém, quando atentamente observada,


evidencia, em toda parte, a superficialidade de pensamento do
homem moderno. Os políticos, por exemplo, imediatistas ao
máximo, ficam todos muito atrapalhados ao enfrentarem um
problema que surge de repente. Nesse aspecto, se parecem
bastante com os tratamentos alopáticos da medicina: procurando
eliminar os sintomas, não vão em busca das causas. Na verdade,
acontece que, por terem apenas uma inteligência superficial, não
conseguem enxergar o futuro e, por isso, torna-se impossível
para eles estabelecer metas políticas autênticas, capazes de
resolver os problemas sociais.

A falta de tie profundo sempre impede, portanto, a


conquista de uma vida feliz. Ocorre algo mais ou menos
semelhante ao que acontece nos jogos de go2 e shoogui3. Os
mestres dessas modalidades enxergam, de um modo geral, de
cinco a dez passos à frente e, por isso, vencem com facilidade.

2
Go - jogo parecido com o de dama
3
Shoogui - jogo semelhante ao xadrez

11
Evangelho do Céu Vol. II

Já os iniciantes conseguem atingir somente dois ou três, motivo


que os conduz infalivelmente à derrota.

Tomando, então, como base a habilidade dos mestres do


go e shoogui, os seres humanos devem aperfeiçoar, o mais
possível, a sabedoria do Bem. Caso contrário, nada conseguirão.

Para atingir tão alto grau de discernimento, ou seja, ir à


busca de uma vida norteada pelos princípios da divina sabedoria,
é preciso cultivar e manter constantemente, através da fé, um
coração repleto de makoto.

Meishu Sama

12
Evangelho do Céu Vol. II

SABEDORIA

Luz, caminho,
Gratidão, fé,
Consciência divina.

SABEDORIA

Shinchi

Luz da suprema sabedoria


Relâmpago misterioso!
Esclarece repentinamente o coração daqueles
Que têm missão muito especial
dentro do plano divino
Nunca te afastes destes escolhidos especiais

Myochi

Sabedoria misteriosa de Kannon


Capacidade de compreensão,
Acima do Bem e do Mal!
Abre a porta de pedra dos corações humanos.
Preenche o mundo com teu poder.

Eichi

Tão raro tieshokaku nos dias de hoje!


Luz a guiar a inteligência dos sábios.
Afasta deles a crescente perversidade de idéias
Que, cada vez mais, está dificultando
A presença do discernimento na humanidade.

13
Evangelho do Céu Vol. II

Saichi

Formas, aparências, superficialidades, falhas!


Infalíveis e múltiplas desconfianças!
Não permitas, oh! Kannon,
Que tantos males levem os homens
A perder a confiança no invisível!

Kanchi

Grande astúcia, capacidade maldosa!


Intelectuais e dirigentes,
Quantas vezes fingistes realizar algo
Em benefício dos menos favorecidos!
Tantas artimanhas a impedir
Que a sociedade prospere verdadeiramente!

Aniquila oh! Kannon


Comportamentos tão malignos!
Desperta nos homens
A crença na existência de Deus!
Intensifica o aprimoramento espiritual e
material!
Cria na Terra uma vida harmoniosa e plena
de felicidade!

14
Evangelho do Céu Vol. II

CAPÍTULO 1 - POR QUE E COMO ADQUIRIR SABEDORIA

1 - Por que a sabedoria é necessária?

1.1 - Para despertar a alma

1.1.1 - Primeiro Johrei

É importante oferecer o jornal Eiko4 (Glória) e a revista


Tijyotengoku (Reino do Céu na Terra) para as pessoas lerem,
pois assim entenderão o significado dos Ensinamentos e
receberão Luz.

Mesmo que o assunto seja esquecido, a leitura deixa na


alma um poder de purificação. Em outras palavras, seria como se
fosse plantada, no coração, uma pequena semente que, mais
tarde, vai crescer e frutificar.

Muito louvável, pois, dar aos que nos procuram


explicações sobre os princípios messiânicos; se, entretanto,
nessas ocasiões, lhes forem oferecidas algumas publicações
sobre o assunto, ao lerem, já estarão não só recebendo o
primeiro Johrei, como também conseguindo, de imediato, efeitos
inesperados.

1.1.2 - Luz através da leitura dos Ensinamentos

Pela leitura dos Ensinamentos, as nuvens espirituais mais


profundas são eliminadas em primeiro lugar e, como resultado, a
alma se expande. É por esse motivo que eu insisto: na leitura
constante dos Ensinamentos está a maneira correta para
despertar a alma, porque purifica-lhe as impurezas e, ao mesmo
tempo, a fortalece.

4
Eiko e Tijyotengoku são publicações messiânicas da época em que Meishu Sama escreveu
este Ensinamento. Atualmente não estão mais em circulação.

15
Evangelho do Céu Vol. II

1.2 - Para aprimorar a alma

1.2.1 - Formas de aprimoramento

A finalidade da fé consiste em polir a alma e purificar o


coração. Para alcançar esse objetivo, existem três meios:

Primeiro: praticar o ascetismo e a penitência, ou padecer


infortúnios.

Segundo: acumular virtudes pela prática de atos bons.

Terceiro: aprimorar a alma através da apreciação de obras


de arte de alto nível.

1.2.2 - Fortalecimento da alma

Quando uma pessoa recebe Johrei, é purificada de fora


para dentro, mas a leitura dos Ensinamentos age de dentro para
fora. Quer dizer, embora a centelha divina de cada um seja em si
pura, quando envolta por nuvens, fica encolhida e adormecida.
Pela leitura dos Ensinamentos, entretanto, essas impurezas são
dissipadas e a alma desperta repentinamente. Assim, então,
dependendo das circunstâncias, até mesmo pessoas más podem
tornar-se bondosas.

A partícula divina do homem é, portanto, dotada de pureza


absoluta e, por isso, não muda. Pode, contudo, ser afetada por
influências externas, ficando recoberta de nuvens que a levarão a
encolher-se.

Daí a importância de todos pedirem a Deus a expansão e


o fortalecimento da alma.

16
Evangelho do Céu Vol. II

1.3 - Para criar felicidade

1.3.1 - Falta de tie

Felicidade ou infelicidade dependem essencialmente do


soonen. Quem se acha infeliz possui, de fato, uma cabeça ruim.
Dentre estes, os piores são os homens maus, pois se iludem,
julgando poderem alcançar felicidade através de práticas ilícitas.
Jamais percebem que o verdadeiro sucesso não pode ser
atingido se cometerem atos escusos. Por essa razão, os
maldosos não têm capacidade alguma de discernimento. Posso
também afirmar que não existe correspondência entre maldade e
nível social; qualquer pessoa pode ser famosa ou ilustre, mas, se
estiver cometendo ações ilícitas, sentir-se-á extremamente infeliz.

Outro aspecto importante a ser observado é o seguinte:


mesmo entre aqueles de cabeça ruim, há níveis diferentes: em
alguns, o problema se apresenta mais acentuado; em outros,
menos. Assim, por exemplo, eu não posso dizer que alguém
ilustre revele sempre muita bondade, mas também não posso
afirmar que seja tão mau porque, se o fosse, não conseguiria
tanto destaque.

1.4 Para desempenhar corretamente o trabalho na Obra Divina

1.4.1 - Aprimoramento dos mamehito

Pergunta de ministro: Eu tenho notado que muitos


membros não vêm com regularidade aos cultos nem estão
recebendo bastante Johrei. Gostaria de que eles melhorassem
mais nesses pontos para poderem cumprir melhor a vontade de
Deus. O que devo fazer?

Resposta de Meishu Sama: Toda essa preocupação


significa a sua falta de fé ao orientar os membros, pois você não
está confiando no Pai Supremo. Precisa muito aprimoramento

17
Evangelho do Céu Vol. II

para se chegar à compreensão de que é Deus quem age; nós


somos apenas instrumentos. Pensar, por isso, a partir de um
ponto simplesmente humano gera sempre grande sofrimento. Eu,
por exemplo, quando enfrento qualquer problema para os quais
não encontro solução adequada, entrego-os inteiramente a Deus
e não me preocupo com quem está fazendo alguma coisa errada.
Deixo-os agir com liberdade, porque não adianta dar conselhos
às pessoas que já decidiram por um determinado caminho.
Mesmo que a gente as julgue incorretas, não despertam.
Normalmente, só vão perceber que caíram no erro ao se
encontrarem num beco sem saída.

Pergunta de ministro: Como podemos saber se estamos


num beco sem saída?

Resposta de Meishu Sama: Muito fácil! Quando nos


encontramos numa situação embaraçosa ou sempre que
estivermos sofrendo, é sinal de que não temos possibilidade de
resolver os problemas com os quais nos defrontamos. Nessas
condições, então, a melhor atitude consiste em entregar-nos a
Deus que, vendo as nossas aflições, se dispõe a ajudar-nos. Ao
nos colocarmos inteiramente em Suas mãos, será criada, da
nossa parte, uma condição favorável para que Deus nos possa
socorrer.

1.4.2 - Respeito à liberdade do semelhante

Quando observo as pessoas que trabalham comigo


fazendo coisas erradas, eu nunca lhes chamo a atenção, mas
entrego tudo a Deus. Se realmente não estão agindo certo, Ele
as julgará. Muitas vezes, porém, embora pareçam erradas aos
olhos humanos, são criaturas úteis do ponto de vista do Senhor
Supremo, existindo, por isso, alguma necessidade delas no meu
trabalho.

18
Evangelho do Céu Vol. II

Certa vez aconteceu de um determinado colaborador


tentar de várias maneiras prejudicar a Obra Divina. Todos os
demais auxiliares estavam bastante preocupados e
constantemente me alertavam sobre isso. Eu sempre lhes
recomendava calma, dizendo-lhes que Deus estava olhando e
deixei-o continuar agindo. Logo, porém, ficou mal e precisou ser
internado num hospital onde morreu.

Analisando detalhadamente as atitudes maldosas e os


fatos relacionados à vida desse dedicante, sou ainda bastante
grato a ele, pois, apesar de tudo, realizou bons trabalhos,
contribuindo assim para o desenvolvimento da Obra Divina. No
instante, porém, em que poderia prejudicar, ficou impedido de ir
adiante. Posso, então, afirmar que foi útil num determinado
momento, dentro do infinitamente profundo plano divino. Nessas
situações, o grandioso Deus não enxerga, como os olhos
humanos, o Bem e o Mal das pessoas, mas somente a função a
ser exercida por elas.

Com o passar do tempo, todos vão entender que a


concretização do Reino do Céu aqui na Terra assemelha-se a um
grande teatro do qual fazem parte os Três Reinos: o Divino, o
Espiritual e o Material. Trata-se, pois, de um empreendimento
onde cada pessoa tem um papel a desempenhar, seja como
vilão, seja como bom. O importante, porém, é que assim a Obra
de Deus vai-se desenvolvendo e expandindo neste mundo ainda
dominado pelo mal.

Faz-se necessário também todos permanecerem atentos


porque, mesmo dentro da igreja, os jashin penetram e ficam na
mira dos adeptos. Pode haver, portanto, falhas e cada um deve
ficar bem decidido, firme.

Embora, de vez em quando, aconteçam alguns infortúnios


em conseqüência da atuação dos jashin, esses sofrimentos

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Evangelho do Céu Vol. II

devem ser encarados como uma ação purificadora, sem a qual


não se consegue aprimorar.

2 - Como adquirir sabedoria?

2.1 - Pela eliminação das máculas através do Johrei

2.1.1 - Johrei e felicidade

Aparentemente o Johrei tem como finalidade a eliminação


das doenças. Possui, contudo, um objetivo muito mais amplo. Em
síntese, é uma maneira de criar felicidade.

Em termos simples, o Johrei cura as enfermidades porque


dissipa a sua causa, que são as nuvens espirituais. Ao queimar
as máculas do corpo espiritual, elimina também simultaneamente
todos os sofrimentos causados por doenças, pobreza e conflitos.
Dentre os infortúnios que atingem o ser humano, o principal é a
doença, porque afeta a própria vida. Resolvido esse problema, os
demais também o serão. Aqui reside o princípio da felicidade.

Pode-se, portanto, concluir que a causa de todas as


aflições e angústias humanas são as máculas espirituais
acumuladas. E a maneira mais simples e decisiva de dissipá-las
está na prática do Johrei, cujo objetivo vai além da cura das
doenças.

Mantendo, então, o espírito livre de máculas e o corpo sem


toxinas, o ser humano tem condições de adquirir sabedoria.

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Evangelho do Céu Vol. II

2.2 - Pela leitura dos Ensinamentos

2.2.1 - Purificação das máculas

Para entender bem este ponto, precisamos, primeiro,


lembrar que nossa alma, por ser partícula divina, sempre tem luz.
Entretanto, devido às muitas máculas acumuladas, encontra-se
envolta por camadas de impurezas que se vão concentrando ao
redor dela, no corpo espiritual. Por essa razão, eu digo que a
alma se acha num estado dormente e, pela influência exterior
dessas mesmas impurezas, diminui de tamanho. Então, ao ser
canalizado Johrei, queimam-se as máculas que a envolvem na
parte mais exterior, periférica. Ao lerem, porém, os
Ensinamentos, acontece o inverso, isto é, as nuvens das
camadas mais interiores, mais próximas da partícula divina, são
eliminadas em primeiro lugar. Em conseqüência, a capacidade de
discernimento aflora, tornando-se mais fácil a compreensão da
verdade.

2.2.2 - Importância das publicações messiânicas

Todos os artigos são, de fato, muito bons; não apresentam


ponto algum passível de contestação. Como, porém, os escritos
messiânicos constituem um obstáculo poderoso à ação dos
jashin, eles fazem de tudo para impedir que sejam divulgados.
Além disso, essas entidades malignas têm um enorme temor ao
sofrimento que lhes causa a leitura de qualquer assunto referente
à Messiânica.

Freqüentemente, pessoas vítimas de encostos confessam,


após terem sido libertadas, que não gostavam de ler os
Ensinamentos.

Um bom método, portanto, para testar se alguém com


problemas tem ou não encosto de jashin, consiste em deixar as
publicações messiânicas num lugar bem visível, dentro da casa.

21
Evangelho do Céu Vol. II

Se a pessoa as pegar e ler, é sinal de que está livre; caso as


ignore, não cometo erro algum em afirmar que está sendo
influenciada pela ação desses seres malignos.

De outra parte, percebo também que os jashin estão


travando uma luta constante, numa guerra invisível e diária,
desde que comecei a escrever a Criação da Civilização. Como é
um livro profundamente temido por essas entidades, elas
mesmas colocam inúmeros impedimentos para que eu não possa
completá-lo; daí a razão de me considerar um soldado num
campo de batalha.

Até pessoas da minha família, embora não tenham a


intenção, me atrapalham, pois são usadas pelos jashin para
obstruir o meu trabalho. Recentemente ocorreu uma pequena
melhora, mas, no começo, não encontrava meios para fugir
desses obstáculos.

Como Deus não quer os Seus filhos vivendo num ambiente


de discórdia, mas deseja para todos a verdadeira felicidade e
muita sabedoria, com certeza, vou ter condições de completar a
Criação da Civilização, que juntamente com as demais
publicações messiânicas, trará grandes benefícios para toda a
humanidade.

2.3 - Pela oração

2.3.1 - Sentido da oração

Quando rezamos, pedimos a Deus a purificação das


máculas e o fortalecimento de nossa partícula divina. Daí a
importância da oração sincera para alcançar sabedoria.

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Evangelho do Céu Vol. II

2.4 - Pela dedicação

2.4.1 - Cem por um

O ideal seria que cada pessoa de fé formasse outras cem.

Quando um membro da Messiânica consegue ministrar


Johrei regularmente, ou divulgar as publicações e, desse modo,
formar um novo adepto, fica, em geral, muito contente. Essa boa
ação, entretanto, significa apenas que ele teve condições de
fazer alguma pessoa adentrar ao portão da casa. É preciso,
ainda, conduzi-la para dentro e mostrar-lhe todos os aposentos
da residência a fim de ser verdadeiramente possível afirmar que
mais um membro foi conseguido. Quem já passou por
experiências semelhantes sabe o que estou querendo dizer. O
novo adepto só será, portanto, um perfeito seguidor da
Messiânica quando, do fundo do coração, entender e aceitar a
nova maneira de viver que lhe está sendo proposta.

Se, pois, alguém tiver força e capacidade de fazer um


membro bem firme, com sabedoria suficiente para compreender
os Ensinamentos, não terá dificuldade de conseguir mais cem.
Estes, por sua vez, farão outros cem. Assim, sucessivamente, de
maneira simples e natural, vai surgir um número surpreendente
de verdadeiros propagadores do Evangelho do Céu, quer dizer,
de pessoas sábias.

2.4.2 - Canalização do Johrei

Na Messiânica, o princípio da dedicação deve ser


entendido de maneira muito peculiar, pois trata-se de uma
verdade fundamentada num poder impossível de ser comparado
ao das outras religiões: baseia-se na prática do Johrei, método
sem precedentes, que exerce uma espantosa ação sobre as
doenças. A maioria das pessoas, entretanto, ainda não consegue
dar-lhe crédito irrestrito. Quem já recebeu Johrei uma vez pode

23
Evangelho do Céu Vol. II

entender bem o que estou dizendo a respeito dos surpreendentes


resultados da Luz de Deus no restabelecimento de enfermos.

Na verdade, existem outros meios de impedir, pela fé, o


avanço de algumas enfermidades. São, contudo, graças advindas
indiretamente de Deus. Podem também resultar do emprego de
força mental. Ambos esses processos eram possíveis e
aceitáveis no mundo da Noite, onde a Luz Divina só se
manifestava até certo grau. Agora, porém, com a chegada da Era
do Dia, o poder virá diretamente de Deus Supremo e se tornará
visível, de modo absoluto, através do Johrei. Essa verdade pode
ser comprovada pelo fato de todos os demais segmentos
religiosos defenderem a existência de hospitais, enquanto a
Messiânica não precisa se preocupar com tais instituições.

2.5 - Pela prática do tinkon

2.5.1 – O que é?

Tinkon, palavra japonesa que significa ato de acalmar a


alma, é uma prática que serve para trazermos o nosso espírito de
volta, ou seja, sairmos do estado de dispersão. Também pode ser
utilizada para dominarmos a irritação e conseguirmos um estado
de maior serenidade. Até mesmo em casos de insônia, o tinkon
nos deixa mais tranqüilos e o sono vem facilmente.

O estado de serenidade conseguido através da prática do


tinkon conduz a um grau maior de discernimento que trará, como
resultado, comportamentos reveladores de muita sabedoria.

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Evangelho do Céu Vol. II

2.6 - Pela elevação espiritual

2.6.1 - Superioridade da alma

Ministro — Os pensamentos negativos devem se


eliminados?

Meishu Sama — Não. Não é correto querer tirá-los da


mente, pois quem sente essa necessidade está, de fato,
mostrando que os possui, mesmo que sejam poucos. Caso
contrário, não seria preciso se preocupar com eles.

2.6.2 - Sabedoria conforme o nível espiritual

Estando no Reino do Céu, dependendo do nível espiritual


em que se encontra, o espírito adquire automaticamente
sabedoria suficiente para desempenhar sua missão.

De outra parte, quanto mais alto for o estágio de elevação,


não haverá, inclusive, necessidade do uso de palavras. Em níveis
superiores do Reino de Deus, as almas comunicam-se através
dos olhos. Em graus ainda mais acima, a troca de informações
dar-se-á somente por meio do coração e do soonen.

Ao atingir esse plano ultra-superior de perfeição, também


os seres humanos terão condições de saber distinguir, com
precisão, os mais distantes lugares e conhecer o futuro de dez ou
de centenas de anos à frente.

2.6.3 - Elevação da alma

Para se conseguir a elevação da alma, é preciso acumular


virtudes, pois quem tem soonen negativo não consegue
sintonizar com a vontade de Deus. Nessa situação, sempre
malogra, mas, por outro lado, o sofrimento advindo dos
insucessos diminui e elimina as máculas que foram a causa do

25
Evangelho do Céu Vol. II

soonen negativo. Como resultado desse processo, a alma se


eleva e pode assim corresponder à vontade divina, obtendo, por
conseguinte, resultados maravilhosos.

No mundo, freqüentemente, vêem-se exemplos de


pessoas que fracassaram inúmeras vezes e depois se tornaram
grandes vencedoras. Tal ocorrência se deve ao fato de terem, a
partir de experiências frustrantes, mudado a sua maneira de agir.

2.6.4 - Posição da alma

A alma nunca está numa posição fixa. Ao contrário, ora


sobe, ora desce, dependendo do próprio peso ou leveza, estados
ambos diretamente relacionados à ação do Bem ou do Mal.
Assim, quem cultiva a bondade acumula virtudes e diminui as
máculas; portanto, torna-se leve. Por sua vez, os que praticam
maldades concentram grande número de pecados. Com isso,
aumentam cada vez mais as nuvens espirituais e,
conseqüentemente, o peso da alma. É, portanto, muito válida a
expressão "peso do pecado", citada desde os tempos antigos.
Concluindo, pode-se afirmar com segurança que tanto as
palavras e atos do Bem quanto do Mal chegam até Deus através
dos fios espirituais. Se cada um de vocês entender essa lógica,
saberá que não existe outra alternativa a não ser tornar-se uma
pessoa virtuosa.

2.6.5 - Espírito fraco

De um modo geral, as pessoas que têm espírito fraco


vivem se preocupando muito com as direções a seguir, tais como
lugares para onde devem mudar-se, local exato da entrada e
saída das casas, horóscopos, signos do ano. Se essa for a
principal fonte de apreensão, nada poderá dar certo, pois quem
vive inquieto cria para si mesmo a má sorte.

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Evangelho do Céu Vol. II

Então, sempre que o poder do espírito entra em


decadência, surgem temeridades de toda espécie. Acontece algo
semelhante à saúde física. Há algumas pessoas cheias de
vitalidade e outras bastante debilitadas. Da mesma forma, os
medrosos têm, na verdade, espírito fraco.

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Evangelho do Céu Vol. II

CAPÍTULO II - FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA SABEDORIA

1 - Conhecimento das Leis de Deus

1.1 - Importância

1.1.1 - Deus e Sua Lei

Deus é amor. Se o homem, entretanto, não estiver vivendo


de acordo com a lógica 5, nada poderá ser feito para ajudá-lo.
Muitas vezes, o Criador quer conceder às pessoas inúmeras
graças; falta-lhes, contudo, qualificação para recebê-las.

Mesmo em se tratando de dinheiro, quase sempre, Deus


se dispõe a colocá-lo em abundância nos nossos bolsos. Não
pode, porém, fazê-lo, porque há neles muitas impurezas, as quais
devem, em primeiro lugar, ser eliminadas, para que se criem
condições favoráveis ao recebimento do auxílio do Céu. Só assim
é que o Supremo Senhor poderá conceder graças sem fim.

Se o homem quiser, então, ter a vida salva, dever fazer a


sua parte. Caso contrário, Deus não poderá agir, pois existem leis
imutáveis, as quais nem Ele próprio transgride.

1.1.2 - Essência da verdade

Para encontrar e compreender claramente a essência das


Leis que regem a vida humana e também o Universo, é preciso,
em primeiro lugar, despreender-se dos detalhes. Agindo assim, o
ser humano torna-se capaz de expandir o pensamento com muita
rapidez e, ao mesmo tempo, passa a não negligenciar as
verdadeiras ações, centrando-se mais na essência dos fatos.
Com isso, prospera rapidamente.

5
Princípio ou a Lei de Deus.

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Evangelho do Céu Vol. II

Uma mentalidade estreita impede, por conseguinte, a


expansão da consciência, tornando as pessoas obstinadas.
Como resultado, elas criam, ao redor de si, um clima de
constrangimento. Com essa atitude, a liberdade mental, geradora
de estados emocionais tranqüilos, desaparece, deixando-as
desprovidas de serenidade, elemento essencial para que se
estabeleça uma atmosfera de progresso e bem-estar, tanto físico
quanto espiritual.

O mais comum entre a maioria dos seres humanos, no


entanto, é a busca exclusiva da própria felicidade. Sempre se
esquecem de que viver em consonância com as Leis Divinas tem
suma importância para se atingir um grau mais elevado de
perfeição, não só na parte física mas também espiritual.

Nunca se deve, então, ficar ligado ao reconhecimento


humano, uma vez que raramente o valor da virtude é entendido
na sua essência, embora advenha de uma árdua dedicação.
Importa, por conseguinte, apenas o esforço de cada um para
viver de acordo com a vontade divina. Dessa forma, a
recompensa vem de Deus, a quem nunca há possibilidade de
enganar.

Em última análise, faz-se necessário abandonar os


preconceitos, os julgamentos superficiais e convencionais
fundamentados no falso juízo, o que, de fato, é uma atitude muito
perigosa.

Para o Criador, não conta a preocupação em agradar aos


homens. Vale somente agir de acordo com a essência da Lei.
Procurem, portanto, realizar apenas o que Deus aprova;
coloquem sempre em evidência os valores divinos, elementos
fundamentais para uma vida repleta de bênçãos.

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Evangelho do Céu Vol. II

1.2 - Principais Leis

1.2.1 - Purificação

1.2.1.1 - Lei da Purificação

Pela Lei da Purificação, onde quer que se acumulem


máculas, surgirá uma atividade natural para eliminá-las,
restabelecendo-se assim o equilíbrio vital e o estado de pureza.

Quando, por exemplo, alguém enriquece por meios


desonestos, acumula uma fortuna que terá forçosamente de ser
purificada. Esse mesmo fato pode comprovar também que
ladrões, assassinos, assaltantes, batedores de carteira, são
gerados pelos próprios praticantes do Mal, em conseqüência da
necessidade de ações purificadoras constantes. Então, do ponto
de vista daijo, se existem malfeitores, é por que eles são
necessários.

De modo análogo, quando se acumulam toxinas no


organismo, estas terão de ser inevitavelmente eliminadas. Para
efetuar esse processo de limpeza do corpo, aparecem bactérias
nocivas, as quais muitas vezes acabam contaminando outras
pessoas. Assim, como num círculo vicioso, o próprio ser humano
cria tudo aquilo que o prejudica. Por isso, quaisquer infortúnios,
sejam doenças, vírus, bactérias, ladrões, desastres, constituem
instrumentos naturais de purificação das impurezas acumuladas
pelo homem.

1.2.1.2 - Causa dos sofrimentos

Deve ficar bem claro que a infelicidade que atinge as


pessoas em geral não é gerada pela natureza. Origina-se da
própria conduta humana. Não compensa, pois, a ninguém
lamentar-se de seus sofrimentos. Ao contrário, cada um precisa
tomar consciência do Mal que causou a si mesmo.

30
Evangelho do Céu Vol. II

Conservem, portanto, com firmeza, nas suas mentes, este


princípio de justiça: a causa de todos os males está no coração
dos homens. São eles os responsáveis pelas inúmeras
desgraças que lhes advêm. Nunca atribuam, então, a culpa dos
próprios erros aos outros. Não digam que a sociedade é má, nem
responsabilizem o governo, a política, a educação, o sistema ou a
situação do mundo pelos insucessos pessoais.

Embora o comportamento normal das pessoas, na


atualidade, seja imputar aos outros a causa dos fracassos, os
homens de fé devem agir de maneira mais consciente. Vivendo
sempre a lamentar-se, só poderão acumular um número ainda
maior de máculas e, como conseqüência, provocar mais
sofrimentos para purificá-las, além de criar motivos para queixas
freqüentes. Esse modo de viver bastante errado levará
certamente a desgraças irreparáveis.

Sendo criaturas banhadas pela Luz de Deus, meditem


profundamente sobre essas verdades e as guardem no fundo do
coração.

1.2.2 - Tempo

1.2.2.1 - Importância do tempo

Muito importante é o tempo. Mesmo realizações que, com


certeza, terão sucesso por estarem bem planejadas, se estiverem
sendo executadas antes do tempo adequado, trazem
conseqüências inesperadas. Notem, porém, que tal atitude não
significa estarmos cometendo erros; apenas falta ainda o
momento propício. Para prever o fator "tempo certo", temos de
possuir tieshokaku bastante evoluído.

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Evangelho do Céu Vol. II

1.2.2.2 - Tempo certo

Em todos os setores da sociedade, existem pessoas


malsucedidas em seus empreendimentos por terem
negligenciado o fator tempo adequado.

Geralmente são malogros que se estendem a toda família


e, às vezes, afetam também os demais parentes e até os amigos.
Adversidades de tamanha proporção mostram claramente não se
tratar apenas de um mal resultante de erros ou falta de sorte. Na
verdade, em muitos casos, passam a representar um problema
social. A causa de tanto insucesso está na inadequação do fator
tempo certo.

Para se entender melhor essa questão, convém observar


atentamente o comportamento dos homens, ao iniciarem a
elaboração de seus planos. Em geral, nos preparativos
necessários, todos são cuidadosos. Mas, quando se dispõem a
executá-los, percebem que as realizações não correm de acordo
com as expectativas. Normalmente surgem impedimentos
inesperados e muitos ficam sem saber como reagir. Esse é, via
de regra, o caminho do fracasso, cuja causa reside na ignorância
do fator tempo certo, princípio absoluto para a execução de
qualquer tarefa. Ainda que todas as condições sejam favoráveis,
fora da época adequada, bons resultados tornam-se impossíveis.

Um outro exemplo pode ser encontrado na Natureza, que


também mostra ao homem a importância do tempo como uma
condição básica para a obtenção do sucesso em qualquer
empreendimento. Notem que todos os produtos agrícolas têm o
seu período exato de semeação, de crescimento, de
transplantação de mudas determinado, é claro, pelo clima e a
região de cultivo. Assim, plantando-se um bulbo no Outono,
florescerá na Primavera. Semeadas na Primavera, as flores
desabrocham do Verão até o Outono. Também as frutas têm
época exata de sazonamento. Colhidas prematuramente, não

32
Evangelho do Céu Vol. II

poderão ser aproveitadas; maduras, entretanto, constituem


alimentos saborosos.

Pode-se, então, afirmar que a Grande Natureza revela, em


seu aspecto real, a verdade com relação ao tempo certo, e o
homem deve tomá-la como exemplo para qualquer trabalho que
venha a empreender.

1.2.2.3 - Soluções rápidas

Pergunta de mamehito: Quando o Senhor escreve, pensa


antes sobre o assunto?

Resposta de Meishu Sama: Não é preciso, pois eu tenho


até dificuldade em assimilar todas as idéias, porque se
manifestam uma após outra. Mesmo no caso de uma construção,
quase nunca procuro pensar qual seja a melhor maneira de
executá-la. Simplesmente, ao chegar o tempo adequado, surge
de repente, na minha cabeça, aquilo que deve ser feito. Por isso,
quando vou ao local onde estou construindo o modelo do Reino
do Céu na Terra (Tijyotengoku), digo simplesmente o que e como
deve ser feito em cada lugar, em cada ponto. Se alguma
dificuldade permanece sem o esclarecimento imediato, deixo-a
de lado e não me preocupo mais com o assunto.

Agora, por exemplo, já tenho na minha cabeça, concluído,


o Templo. Até mesmo o desenho da cortina está pronto.

Por isso, reafirmo: sempre que, ao pensarem na maneira


como resolver um problema, não sendo encontradas idéias
claras, deixem-no assim mesmo. Chegando o tempo, aparece
rapidamente a solução exata.

33
Evangelho do Céu Vol. II

1.2.2.4 - Tempo divino

O tempo de Deus muda a cada mil ou dezenas de mil


anos, embora para Ele, o Criador, esse espaço corresponda
apenas a uma fração de segundo, ou até menos que isso.

Não obstante, para o ser humano que consegue, quando


tem vida longa, chegar, no máximo, perto dos cem anos, imaginar
que milhares deles correspondem a frações de segundo na
mente divina fica extremamente complicado e confunde-lhe muito
o pensamento.

1.2.3 - Ordem

1.2.3.1 - Lei da Ordem

Deus é Ordem. Então, quando se desrespeita tão profundo


princípio, especialmente no campo das relações sociais, nada
corre bem. Diante desse fato, torna-se fundamental termos
consciência da Lei da Ordem.

A fim de entender melhor esse processo de prioridade,


atentem para o seguinte: de acordo com um provérbio chinês,
existe uma distinção entre os membros de um casal e ainda uma
linha de precedência dos velhos em relação aos jovens, fato que
leva ao estabelecimento de estreita ligação entre ordem e
cortesia.

Observando também a Natureza, poderemos notar que


nada deixa de obedecer a um esquema bem preciso. Primavera,
Verão, Outono e Inverno sempre se sucedem na mesma
seqüência. Processo semelhante ocorre com o despontar dos
dias e das noites e com o crescimento das plantas. As cerejeiras,
por exemplo, jamais florescem antes das ameixeiras.

34
Evangelho do Céu Vol. II

Idêntica postura de precedência deverá nortear a maneira


correta de agir no que diz respeito à nossa prática religiosa. De
nada adianta elevarmos preces a Deus após termos realizado as
tarefas corriqueiras, porque, neste caso, o trabalho tornou-se a
atividade principal, tendo a divindade sido relegada a um plano
secundário. O mesmo se aplica às pessoas que vão receber
Johrei. Devem, primeiro, ir ao Templo para depois se dedicarem
às demais atividades. Agindo assim, perceberão os efeitos
benéficos da Luz de Deus com muito mais rapidez.

1.2.3.2 - Ocupação correta dos lugares

Na construção das casas japonesas, frequentemente


observamos que o primeiro andar é destinado ao quarto dos
filhos e o térreo, para os pais.

Analisando esse fato, percebemos que os filhos passam a


ocupar um plano superior em relação aos pais e, por esse motivo,
muitas vezes, não lhes ouvem as recomendações. Situação
idêntica pode ser percebida no caso de patrões e empregados.
Precisamos, portanto, estar sempre atentos a esses pequenos
detalhes.

Embora não pareça importante, também ao sentarmo-nos


numa sala, convém obedecermos à ordem. Assim, o dono da
casa deverá ocupar o lugar superior, seguido da esposa, do filho
primogênito, dos demais filhos e das filhas. Quando a família
segue esse princípio, cria-se um ambiente de paz e harmonia.
Caso contrário, facilmente surgem atritos ou incidentes
desagradáveis.

Muitas vezes, ao participar de uma reunião, eu percebia,


logo ao entrar na sala, algo estranho no ambiente. Observando
os detalhes, verificava que as pessoas não estavam sentadas de
acordo com a Lei da Ordem. É fundamental, pois, entendermos
bem esse princípio.

35
Evangelho do Céu Vol. II

Para determinação do lugar correto de cada um, podemos


considerar como inferior o plano mais próximo à entrada de
qualquer local, e como superior, o mais afastado. Nas casas de
estilo japonês, todos sabem que a posição principal fica em frente
ao tokonoma, (parte do assoalho um pouco mais alta, geralmente
com diferença de um degrau). Conhecendo-se, portanto, a
localização do tokonoma, pode-se estabelecer, com muito bom
senso, o lugar exato de cada pessoa.

Outra consideração importante diz respeito às laterais. A


esquerda corresponde ao espírito, por isso é superior. A direita
está relacionada ao corpo; por conseguinte, inferior. Nas suas
atividades diárias, o homem emprega, na maioria das vezes, a
força física, daí a razão pela qual utiliza mais o braço direito, que
corresponde ao corpo.

1.2.3.3 - Importância da ordem

A ordem é fundamental. Pela lógica, as nossas ações


deveriam trazer sempre um resultado satisfatório, mas, às vezes,
algum episódio atrapalha. Quando isso acontece, meditando um
pouco, veremos que estávamos trabalhando fora da ordenação
metódica a ser seguida para que um empreendimento seja
realizado com sucesso. Se, a partir desse princípio, descobrirmos
qual deva ser a nossa atitude, tudo correrá normalmente.
Portanto, ter o tieshokaku desenvolvido significa sermos capazes
de perceber, com facilidade, o fator ordem, que exerce grande
influência na nossa vida.

Para termos certeza de que estamos agindo dentro da


seqüência natural dos acontecimentos, o exemplo mais simples
está na constatação de que, às vezes, mesmo ministrando
Johrei, não obtemos curas, algo até meio estranho. Insistindo na
observação, verificamos que estávamos fora do ponto focal ou da
ordem, a qual precisa estar sempre de acordo com a lógica.

36
Evangelho do Céu Vol. II

Havendo, então, por exemplo, muitas pessoas contrárias


ao Johrei para um doente, ou mesmo se o pensamento do
próprio paciente não o aceita, quer dizer que não existe
coerência. Conseqüentemente, nada corre bem e a cura não
acontece. Portanto, quando vocês observarem casos em que os
resultados são insatisfatórios, irão descobrir a razão do
insucesso, considerando apenas a questão da ordem.

1.2.3.4 - Primazia da ordem

A Lei da Ordem de Deus preside a tudo. Em qualquer tipo


de atividade, existe sempre uma sucessão harmoniosa de ações
e um tempo certo a serem seguidos.

Por exemplo, quando eu quis comprar um terreno vizinho


ao nosso, os proprietários não se dispuseram a vendê-lo.
Percebi, então, que foi devido ao fato de não ser necessária a
compra naquela época. Quando chegou a hora certa e havia,
evidentemente, necessidade de tê-lo, os proprietários o
ofereceram a mim e pude, então, comprá-lo com facilidade.

O caminho divino se nos apresenta, na realilade,


maravilhoso, e a Lei da Ordem de Deus, misteriosa e fascinante,
pois deixa evidente que tudo funciona de acordo com o tempo
certo. Para colecionar obras de arte, por exemplo, procedo de
acordo com esse princípio. Ao pensar casualmente sobre alguma
delas em especial, pretendendo obtê-la, muitas vezes, reconheço
que, a princípio, é quase impossível realizar o meu desejo. Após
algum tempo, entretanto, na hora certa, a referida obra vem a
mim de maneira natural.

São realmente infinitas as maravilhas da Lei da Ordem!

37
Evangelho do Céu Vol. II

1.2.3.5 - Posição dos objetos no ambiente

Quando faço a decoração da uma sala ou de um quarto,


coloco nas posições mais elevadas os objetos de nível superior;
os de padrão inferior, disponho nos lugares mais baixos. Dessa
forma, ao entrar num desses ambientes, qualquer pessoa,
mesmo não sendo membro da família, sentir-se-á bem. Tal
situação decorre do fato de o espírito do objeto encontrar-se, no
plano espiritual do quarto, na ordem correta.

Ter, então, conhecimento dos pormenores relativos à


disposição correta dos objetos num ambiente, é bastante
importante para que o estado de harmonia e bem-estar seja
sentido por todos que a ele adentrarem.

Freqüentemente, quando um grande número de pessoas


está reunida numa sala, surgem, de súbito, conflitos que podem
chegar, às vezes, à grande violência, com troca de socos, por
exemplo. Nesses casos, quando se observa a posição de quem
está sentado, percebe-se que a ordem não era a mais adequada.

Na verdade, a desorganização do nível espiritual de um


ambiente gera confusões, as quais se refletem naqueles que se
encontram no local. Então, se alguém, logo ao chegar, já se
sente mal, é porque não há coerência lógica nas posições
ocupadas pelos circunstantes, ou seja, pessoas superiores estão
sentadas em lugares inferiores ou vice-versa. Assim, devido à
desordem reinante, qualquer um pode irritar-se por nada e o
clima se torna propício a discussões. Na vida cotidiana
acontecem muitas vezes fatos como esses, os quais se
prolongam indefinidamente.

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Evangelho do Céu Vol. II

1.2.4 - Precedência do espírito

1.2.4.1 - Espírito precede a matéria

A Lei segundo a qual o espírito precede a matéria rege o


Universo, e o ser humano também está subordinado a ela. Então,
dependendo da posição espiritual, a pessoa mesma determina a
sua própria felicidade ou desgraça. Eis a grande verdade.

Pode-se, pois, deduzir com muito discernimento que, se


cada ser humano obedecer à lei da precedência, não será difícil
tornar-se completamente feliz.

Outra conclusão evidente é que, se o espírito não tiver


mérito para ocupar um lugar no Céu, mesmo que se julgue
agraciado, será estado aparente e temporário. Ocorrendo, porém,
aprimoramento e a conseqüente elevação espiritual, de repente,
tudo poderá ser mudado, quer dizer, as pessoas voltam ao nível
em que se encontra agora o seu espírito no mundo imaterial.

Grande importância tem, por isso, a prática de virtudes, de


bons atos, e a permanente disposição para ajudar na salvação
dos semelhantes. Dessa forma, ainda que alguém esteja infeliz,
poderá elevar o seu nível através dos merecimentos resultantes
de uma dedicação consciente, transformando-se, assim, num ser
pleno de vida verdadeira.

1.2.4.2 - Influência das máculas

Como uma forma de conhecimento necessário a todos que


desejam elevar-se, é bom saber que o espírito fica sujeito a
subidas e descidas, de acordo com as máculas nele acumuladas.
Estas o tornam pesado e o impedem de atingir um plano mais
alto.

39
Evangelho do Céu Vol. II

Portanto, quanto menor for a quantidade de nuvens


espirituais, maior será a elevação e, em consequência, mais
intensa a felicidade do ser humano. Quer dizer que todo o bem-
estar ou os infortúnios vividos pelas pessoas estão relacionados
diretamente à intensidade de suas máculas.

Ao saber desse fato, qual seja, a constante mobilidade do


espírito determinada por maior ou menor número de máculas, o
ser humano já está de posse de uma grande verdade. Ao mesmo
tempo, começa a fazer parte do grupo dos felizes. Tal princípio
constitui uma lei imutável e perene no Mundo Espiritual.

1.2.5 - Causa e efeito

1.2.5.1 - Missão do homem

O homem ao nascer recebeu a missão de efetuar a sua


parte na concretização de condições ideais de vida na Terra, de
acordo com o Plano Cósmico. Quando ele vive e age em
consonância com esse objetivo, a saúde, a felicidade e a paz se
integram ao seu cotidiano. Dessa forma, passa a fazer parte de
um princípio universal preconizado na seguinte Lei: "Cada um
colhe aquilo que planta".

1.2.5.2 - Justiça e Lei do Karma

Há problemas bastante profundos relacionados ao lado


espiritual, resultantes da intensificação do espírito do fogo. Como
nunca foi minha intenção provocar mal-entendidos entre
membros e freqüentadores, poucas vezes tenho-me pronunciado
a respeito desse assunto; agora, porém, é chegado o momento.
Atualmente um grande número de pessoas sofre repurificações,
devido ao fato de todas as ocorrências obedecerem à Lei da
Sintonia. Quer dizer, tudo acontece de acordo com o princípio da
justiça que, na sua essência, engloba a Lei do Karma, ou seja, a
relação entre causa e efeito.

40
Evangelho do Céu Vol. II

Essa verdade pode ser exemplificada nas expressões de


Sakiyamuni que traduzem claramente a ideia das ações e suas
conseqüências: "Quem vive, está fadado a morrer; aqueles que
se encontram, um dia, vão separar-se".

1.2.6 - Harmonia

1.2.6.1 - Lei da Harmonia

Muito se fala sobre harmonia, mas a questão é bem mais


complexa do que parece. À primeira vista, quando se ouve esse
termo, aparentemente, o seu significado parece lógico e positivo.
Nesse aspecto, o conceito de harmonia está sendo interpretado
apenas de modo superficial.

Num sentido mais profundo, porém, a idéia do que seja


harmonia está ligada, em primeiro lugar, à distribuição natural e
lógica de todas as criaturas de Deus dentro do Grande Universo.
A partir desse ponto de vista, pode-se entender que nada se
encontra ou se coloca desarmoniosamente no Cosmos.

Analisando, entretanto, a questão sob outro ângulo,


percebe-se que, na natureza, nem tudo continua no seu devido
lugar. Se, entretanto, algum componente não está ocupando a
posição que lhe foi determinada pelo Criador, é porque ações
anti-naturais praticadas pelos homens, com o intuito de
reorganizar ou recompor a ordem natural, assim o determinaram.

Então, quem, de fato, desarmoniza o Universo são os


seres humanos, quando tentam desestruturar a ordem natural da
Criação, achando serem as ações pessoais as responsáveis pelo
estabelecimento da rigorosa e verdadeira harmonia. Se, em lugar
de destruir, as criaturas simplesmente obedecessem à Lei do
Céu e da Terra, tudo correria dentro da normalidade do plano de
grandioso equilíbrio estabelecido por Deus.

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Evangelho do Céu Vol. II

Portanto, a desarmonia surge no momento em que as


pessoas interferem na ordenação metódica e peculiar da Grande
Natureza para modificá-la.

Mesmo em situações nas quais a desorganização se torna


evidente, faz-se necessária a clara consciência de que na
Criação divina jamais haverá desarmonia. Então, aquilo que
momentaneamente possa aparentar desordem, com o passar do
tempo, volta a ocupar o seu exato lugar, obedecendo à rigorosa
Lei da Harmonia presente no Universo.
Olhar o mundo e interpretar a verdade, tendo por base a
harmoniosa organização universal, significa ter um pensamento
daijo.

1.2.7 - Inversão

1.2.7.1 - Lei da Inversão

Seria gratificante se, diante dos vários problemas com os


quais se defronta no curso de sua vida, o ser humano
encontrasse soluções adequadas para cada situação. Na
verdade, porém, não é fácil descobri-las, mesmo que se tente de
várias formas. Nesses casos, então, convém lembrar da atitude
determinada por gyakute, ou seja, aquela fundamentada nas
regras da inversão. Eu, muitas vezes, me utilizo desse princípio,
e sempre com bons resultados.

Para melhor compreensão do conceito de gyakute, vou


explicá-lo através de exemplos.

a. Certa vez, uma jovem de boa família me procurou,


dizendo que o pai mantinha relações com uma viúva às
escondidas. Na verdade, ninguém de sua casa sabia do fato. Ela
era a única a ter conhecimento do que ocorria, mas não estava
mais disposta a ficar calada. Pensava, por isso, em resolver a
situação definitivamente, contando tudo à mãe e ao irmão mais

42
Evangelho do Céu Vol. II

velho. Queria desmascarar o pai. Antes, porém, desejava ouvir a


minha opinião.

Como o problema me pareceu bastante sério, decidi


ensinar à jovem a Lei da Inversão (gyakute). Para tanto,
aconselhei-a que não revelasse a ninguém o segredo nem
tentasse impedir aquela relação. Sugeri-lhe fazer de conta nada
ter visto. Tal atitude causaria boa impressão em seu pai e assim
ela teria tempo de pensar em outro plano.

Além disso, expliquei-lhe que nas relações entre homem e


mulher, quanto maiores forem os obstáculos que se
interpuserem, mais se inflamará a paixão. Nessas condições, se
uma das partes tiver seu procedimento sigiloso descoberto, fica
desesperada e os resultados são muitas vezes imprevisíveis,
podendo até resultar em tragédia.

A jovem seguiu o meu conselho e o caso se resolveu


rapidamente, de uma maneira muito melhor do que ela esperava.

b. Outro exemplo é a célebre história do pintor Ookyo


Maruyama. Um dia, tendo-se dirigido a um famoso restaurante de
Kyoto, logo ao entrar, percebeu que havia algo de anormal, pois o
proprietário mostrava-se muito preocupado.

Ao perguntar o que estava acontecendo, o dono do


restaurante contou-lhe que os negócios não andavam bem nos
últimos tempos e, por isso, pensava em encerrar suas atividades.

Ookyo, tentando ajudar o proprietário, disse-lhe que tinha


uma idéia. Retirou-se em seguida, voltando mais tarde com o
desenho de um vulto feminino, na realidade, uma assombração.
Logo em seguida, a tela foi colocada numa moldura e o quadro
afixado no tokonoma.

43
Evangelho do Céu Vol. II

Diante da atitude de Ookyo, a preocupação do dono do


restaurante tornou-se bem maior, pois achava que a pintura
representando um fantasma ia afugentar ainda mais os clientes.
Ookyo, porém, recomendou-lhe que ficasse tranqüilo, deixasse
problema por sua conta e continuasse apenas observando os
resultados.

Com o passar dos dias, o inusitado quadro começou a ficar


famoso; muita gente afluía para vê-lo e o restaurante voltou a
prosperar mais do que antes.

Na verdade, Ookyo empregou a Lei da Inversão, segundo


a qual no momento em que yin atinge o ponto máximo, muda
para yang e vice-versa.

Da mesma forma, grande parte dos problemas com os


quais os seres humanos se defrontam no mundo reside no fato
de não haver possibilidade de existir uma solução, ou seja,
inverter-se a situação, enquanto o auge da questão não tiver sido
atingido. Na maioria das vezes, contudo, tenta-se mudar a
direção dos acontecimentos no meio do caminho, atitude
totalmente errada, pois somente protela o encontro da solução
correta.

1.2.8 - Identidade

1.2.8.1 - Remédios e máculas

Como resultado do uso de remédios, o sangue torna-se


impuro e, ao mesmo tempo, nuvens são geradas no espírito.
Portanto, qualquer droga, quando ingerida, debilita o organismo
e, pela Lei da Identidade entre Espírito e Corpo, surgem as
máculas. Não há, pois, coisa mais temível que os medicamentos.
Por conseguinte, quem os toma está aumentando o peso
espiritual e, conseqüentemente, colaborando para a descida do
próprio espírito a níveis inferiores, podendo mesmo chegar a um

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Evangelho do Céu Vol. II

plano infernal. Daí a razão de muitas pessoas que se encontram


nessas condições praticarem atos horrendos. Além disso, com o
aumento gradativo do número de vidas assim, mais forte vai
ficando o mundo das doenças, da pobreza e dos conflitos.

Em síntese, a causa fundamental da infelicidade do ser


humano são os remédios e as drogas. Antes de tudo, é preciso
tirá-los de circulação. Meu alerta, porém, procurou apenas
mostrar o mal que eles geram.

1.2.9 - Efeito Contrário

1.2.9.1 - Resultados insatisfatórios

Quando uma pessoa não obtém resultados satisfatórios a


despeito de todos os seus esforços, mesmo pensando estar
agindo corretamente, é porque desconhece a regra dos efeitos
contrários. Em outras palavras, ela não percebe a razão que
transcende à lógica dos fatos. Vou explicar, então, essa lei
bastante útil para quem a emprega de maneira adequada,
através de algumas observações que poderão facilitar o
entendimento de verdade tão fundamental.

Há, por exemplo, determinados ministros e dirigentes


espirituais da Igreja que assumem ares de importância, julgando-
se detentores de especial grandeza. Contudo, quanto mais se
exaltam, mais diminuídos se apresentam aos olhos dos outros.
Na verdade, atitudes de discrição e reserva são posturas muito
valorizadas por quem está observando de fora. Inversamente,
exibicionismo e ostentação soam desagradáveis a ouvidos
atentos. Sempre merece maior respeito quem relata os fatos da
maneira como acontecem, sem exagerá-los nem diminuí-los.

Os que se propõem a trabalhar na Obra Divina devem,


pois, tomar cuidado para não alardear o favor que estão

45
Evangelho do Céu Vol. II

prestando nem desejar aparecer como benfeitores, atitude que só


deprecia a gratidão advinda daquele que recebeu ajuda.

Resultados insatisfatórios nunca poderão causar, por


conseguinte, estranheza a quem desrespeita a Lei dos Efeitos
Contrários.

1.2.9.2 - Ocorrência de efeitos contrários

É preciso saber que em todos os acontecimentos podem


ocorrer efeitos contrários. Levar, portanto, esse ponto em
consideração, sempre traz muitos benefícios.

Alguns fatos da minha vida comprovam o que lhes digo.


Certa vez, a pedido de conhecidos meus, não tive outra
alternativa senão receber uma pessoa que insistia em me
entrevistar e a quem eu vinha evitando, há tempo.

Logo de início perguntou-me quem era o Deus da


Messiânica. Respondi-lhe simplesmente que não sabia. Em
seguida me fez outra indagação querendo saber se eu previa
tudo o que iria acontecer. Disse-lhe que de nada poderia ter
certeza porque não era Deus.

Minhas respostas parecem tê-lo decepcionado, pois esse


entrevistador nunca mais voltou a me procurar.

Outro fato ocorrido comigo diz respeito à compra de um


terreno. Quando indaguei a respeito do preço, o dono, tentando
aproveitar-se da situação, pediu-me uma quantia exorbitante, o
que me levou a não tocar mais no assunto. Passado algum
tempo, o proprietário, ansioso, procurou-me querendo saber se
eu ainda estava interessado na compra. Respondi-lhe que não.
Então, acreditando no que eu lhe dissera, baixou o preço para
uma importância bastante razoável e o negócio se concretizou.

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Evangelho do Céu Vol. II

Era freqüente, em outras épocas, pessoas tentarem


extorquir-me dinheiro. Quando apareciam, antes de abrirem a
boca, eu lhes perguntava se conheciam alguém que me pudesse
conceder um empréstimo. De imediato, se retiravam sem nada
dizer.

Mesmo agora, se percebo que alguém vai ser muito útil


para a nossa Igreja no futuro, trato-o propositadamente com
indiferença. Se, ao invés de desanimar devido à minha aparente
insensibilidade, realizar trabalhos excelentes, dedicando-se de
corpo e alma, confio-lhe então tarefas de grande
responsabilidade.

Eu poderia citar muitos outros exemplos, mas creio que


estes bastam. Lembrem-se, portanto, da Lei dos Efeitos
Contrários, pois ela lhes poderá ser muito útil.

1.2.10 - Sintonia

1.2.10.1 - Lei da Sintonia

Convém, ainda, ficar bem claro para todos que o destino


das pessoas depende da quantidade de nuvens acumuladas no
decorrer da vida. Assim, serão mais afligidos por sofrimentos,
mesmo não os querendo, aqueles que carregam muitas máculas.
É a Lei da Sintonia aplicada indistintamente a todos os seres
humanos. Embora esses infortúnios pareçam injustos, na
verdade, são formas de dissipar as nuvens espirituais; por isso,
devem ser aceitos com alegria e sentimento de gratidão.

Cada um precisa também ter absoluta certeza de que, em


decorrência da mesma Lei da Sintonia, ao ficar plenamente
purificado, não será mais atingido por desgraças, críticas ou
atitudes contrárias à fé que pratica.

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Evangelho do Céu Vol. II

1.2.10.2 - Afinidades

Os acontecimentos sempre são determinados pela Lei da


Afinidade. Então, quando as pessoas recebem graças, se for num
momento de perigo, significa que a ajuda, antigamente prestada
pelos pais ou avós, gerou, naquele instante, uma proteção
especial para os descendentes. Esses socorros especiais estão
sempre fundamentados na Lei divina de Causa e Efeito que rege
o mundo. De acordo com a lógica dessas relações estabelecidas,
nenhuma ação, quer seja boa ou má, fica solta; inevitavelmente
traz conseqüências.

2 - Identificação da verdade

2.1 - Níveis de verdade

Mesmo em se tratando de algo verdadeiro, devem ser


considerados três níveis: superior, médio e inferior.

Muitas vezes aquilo que o ser humano admite como


verdade pode ser um conhecimento extremamente inferior,
embora, é claro, indique que a alma já está um pouco mais
purificada do que na fase anterior. Nesse estágio, as incertezas
começam a diminuir pouco a pouco, visto que o poder de
discernimento vai aumentando dia a dia. Continua, entretanto,
impossível extinguirem-se ainda totalmente as dúvidas; até
pessoas ilustres as têm e muitas. A única diferença é que, quanto
maior for a agudeza de espírito, mais rápido será o
desaparecimento do obstáculo. No meu caso, por exemplo, uma
indecisão dura no máximo metade do dia, pois, de modo geral,
quando observo as circunstâncias em que ocorrem os fatos,
imediatamente encontro a resposta que procurava. Por isso, ao
orientar, por exemplo, a feitura dos jardins ou alguma outra
construção, sei, num instante e com clareza, como serão
realizados e como ficarão depois de prontos. Não preciso, pois,
procurar idéias para a solução. Caso não surja uma resposta

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Evangelho do Céu Vol. II

rápida, deixo o problema de lado, sem forçar o pensamento atrás


de resultados. Chegando o tempo propício, de repente, tudo se
esclarece, porque existe uma ordem determinada pela vontade
de Deus, para indicar a hora exata em que as incertezas devem
desaparecer. Aí, então, qualquer ser humano com nível superior
de discernimento poderá entender e distinguir a grande verdade.

2.2 - Dúvidas e nuvens espirituais

As pessoas de hoje têm muitas nuvens no espírito; por


isso, mesmo que sejam ilustres e cultas, possuem inúmeras
dúvidas e, pela mesma razão, mantêm o pensamento atrás do
pensamento, ou seja, tentam desesperadamente encontrar, de
imediato, a resposta para cada problema que enfrentam. Agindo
desse modo, malogram, porque estão buscando para si mesmas
o fracasso. Nunca vão, pois, alcançar a verdadeira sabedoria.

Eu sinto essa escassez de tie, de modo especial, entre os


políticos que aparecem com freqüência nos jornais. Isso acontece
devido às nuvens espirituais acumuladas ao longo dos anos.

É, então, de suma importância que o ser humano elimine o


maior número possível de impurezas. Somente assim conseguirá
melhorar não só a saúde, mas também a cabeça, aperfeiçoando
a sua capacidade de raciocínio, o seu intelecto. Dessa forma, terá
condições de identificar facilmente a Verdade.

2.3 - Subjetividade e objetividade

Os seres humanos — em especial as mulheres — se


prendem a uma visão subjetiva da vida. Atitude muito perigosa!
Quem admite como verdade apenas os próprios conhecimentos
persiste numa única idéia e tenta avaliar os demais somente de
acordo com a sua maneira de pensar. Para os que agem assim,
nem sempre os empreendimentos correm bem. Além disso,

49
Evangelho do Céu Vol. II

tornam-se pessoas torturadoras de si mesmas e também dos


outros.

A fim de evitar maiores dissabores, o homem precisa,


portanto, dominar-se e criar uma nova maneira de ver a
realidade, segundo a qual a crítica deve ser dirigida
exclusivamente a si próprio. Procedendo dessa forma, será muito
difícil cometer enganos.

Para esclarecer melhor o assunto, vou relatar alguns


episódios da vida de Ruika Kuroyuwa, que foi diretor-presidente
do jornal Bantchohô. Ruika, além de celebrizar-se como
tradutor .e romances, foi também filósofo e conferencista de
renome, tendo eu, inclusive, assistido a várias de luas palestras.
Entre os conceitos emitidos por ele, um me chamou a atenção:
"O ego que todo homem trouxe ao nascer não tem grande valor.
Quem deseja evoluir deve criar um novo eu, isto é, nascer pela
segunda vez".

Essa sua observação me impressionou muito e, a partir


daí, esforcei-me ao máximo para colocar em prática o princípio
da renovação espiritual, o que me proporcionou inúmeros
benefícios.

2.4 - Misericórdia de Deus

Pergunta de mamehito: Como o espírito do fogo está


aumentando, torna-se bastante evidente, no momento, a cura das
doenças. Quando, porém, grandes quantidades de toxinas
começam a dissolver-se ao mesmo tempo, muitas vezes,
acontece de a pessoa morrer. Então, nesse caso, eu penso que
só vale a pena ministrar Johrei se o doente tiver alguma
compreensão dos Ensinamentos. Caso contrário, o melhor é não
fazer nada. Essa atitude está correta?

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Evangelho do Céu Vol. II

Resposta de Meishu Sama: Não. Sua maneira de pensar


constitui um grande erro, porque precisam ser salvas também as
pessoas que nada entendem dos Ensinamentos.

2.5 - Perda de tempo6

A partir de agora, não se pode perder tempo com quem


não conseguir entender os assuntos relacionados à fé.

Muitas pessoas comentam que a Messiânica é


maravilhosa, o poder de Deus, grandioso e, por isso, quando
chegar o dia do Juízo do Bem e do Mal, a humanidade será
salva. Na realidade, entretanto, pouquíssimos vão conseguir
sobreviver; os demais serão destruídos. Este ponto tem que ser
bem entendido e divulgado por quem ministra Johrei.

Portanto, depois de falar um pouco, se a pessoa não se


interessar, condiz com a lógica deixá-la de lado porque,
certamente, seu nome já foi apagado do "Livro da Vida". Essa é a
maneira mais certa de agir, pois não compensa o esforço de
tentar obter a remissão para quem não a deseja. Além disso,
perde-se a oportunidade de ajudar aquele que está querendo ser
salvo.

2.6 - Discernimento

Pergunta de mamehito: Meishu Sama, o Senhor fala


freqüentemente sobre "cabeça ruim". O que significa isso?

Resposta de Meishu Sama: Imagine uma montanha.


Quando você está no meio e sobe um pouco, tem uma visão
mais ampla. Chegando ao topo, vê tudo, e com clareza absoluta.
No sopé, entretanto, enxerga pouquíssimo. Então, de acordo com
6
As duas orientações (2,3; 2.4) foram citadas por Meishu Sama em épocas diferentes. O
Ensinamento contido em 2.3 antecedeu, em mais ou menos, quatro anos, ao que se encontra
explicado em 2.4. Essa aparente controvérsia está relacionada com a aproximação da Era
do Dia. Quer dizer: situações anteriormente possíveis (2.3), agora que está próxima a
mudança da Noite para o Dia, não vão mais ser permitidas.

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Evangelho do Céu Vol. II

esse exemplo, ter "cabeça ruim" quer dizer estar no início, lá


embaixo, ou seja, agir sem discernimento, não percebendo as
questões vitais de modo claro, possuindo apenas uma visão
estreita a respeito dos fatos. Portanto, o esforço de vocês deve
ser o de chegar ao ponto máximo da montanha, de onde se pode
ver mais amplo e melhor.

2.7 - Percepção correta

Ministro — Desta vez, me foi permitido ir a Hokkaido (norte


do Japão) fazer algumas palestras e divulgar os Ensinamentos.
Embora seja um lugar frio, durante os dias em que realizei a
minha missão, senti-me muito bem. Após o término dos
trabalhos, contudo, tive uma purificação em forma de gripe.
Agradeci muito a Deus, que sempre prepara tudo dentro de um
plano muito bem elaborado para que as nossas tarefas possam
ser realizadas com perfeição. Assim entendi claramente por que
não peguei gripe no período dos trabalhos, mas só depois.

Meishu Sama — É! Realmente era Deus quem estava


impedindo que isso acontecesse.

Ministro — Com esse fato, compreendi que, se a


dedicação estiver correta, tudo corre bem e os nossos objetivos
se concretizam conforme a vontade divina.

Meishu Sama — Isso mesmo!! Precisa, porém, bastante


sabedoria para descobrir qual a maneira certa de agir em
qualquer circunstância. Quando surgem obstáculos ou algo não
corre bem, tendo tie, a gente sabe o que existe de errado na
maneira de proceder e, então, passa a sentir-se muito melhor.
Com muita freqüência, algo semelhante acontece comigo. Uma
sensação estranha se apodera de mim, embora ache que nada
incorreto esteja havendo. Depois de quatro ou cinco dias, porém,
de repente percebo o ponto onde a vontade de Deus não foi
seguida. Após esse esclarecimento, meu coração fica

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Evangelho do Céu Vol. II

extraordinariamente aliviado. Vivo essas situações não só no que


diz respeito a episódios insignificantes, mas também em relação
aos problemas que afetam o mundo. Nos dias atuais, por
exemplo, não consigo entender a maneira pela qual os
americanos estão agindo 7, nem tampouco as atitudes do partido
comunista e do povo russo. Tenho, porém, certeza de que, de um
momento para outro, vou compreender que tudo está
acontecendo de acordo com o Plano de Deus. Então, poderei
perceber claramente a razão de tais comportamentos. É
indispensável, entretanto, ter sabedoria para pensar assim.

3 - Transmissão por reflexo

3.1 - Surgimento natural do tie

Para mim o tie surge com muita naturalidade, pois todas as


minhas idéias advêm desse poder. Importante também observar
que fica sempre a impressão, quando se fala sobre sabedoria, de
que é o ser humano quem observa, analisa, sabe. Na verdade,
entretanto, tudo resulta do poder do tie, o qual nem eu mesmo o
tenho, porque não penso. Corresponde, porém, a um
conhecimento que brota de repente quando vou, por exemplo,
orientar um trabalho. Então, num lampejo de clareza, as idéias
me vêm à cabeça e eu fico sabendo tudo o que deve ser feito.
Isso, na realidade, não constitui mérito da minha sabedoria, mas
um esclarecimento dado por Deus. Em suma, é myochi, poder
misterioso de Kannon, para o qual não existe uma explicação
inteligível.

Essa minha aptidão para discernir com rapidez justifica


também as possibilidades de concluir, em curto espaço de tempo,
qualquer trabalho que realizo.

7
Meishu Sama refere-se aqui à política internacional americana após a Segunda Guerra
Mundial, época em que manteve este diálogo com seus ministros.

53
Evangelho do Céu Vol. II

3.2 - Fé e sabedoria

Não adianta apenas ter fé, rezar, acreditar em algo. É


preciso sabedoria. Geralmente as religiões não dão muita
importância a um princípio tão fundamental.

Com respeito a esses dois pontos essenciais — fé e


sabedoria — Sakiyamuni falava em níveis de tie. Ele chamava de
kakusha ao homem despertado, que já trabalha num certo nível
de consciência; ou seja, um bodhisattva; e denominava
daikakusha ao homem que atingiu um grau superior, inteiramente
despertado; também pode ser chamado de nyorai (palavra
originada do sânscrito tathagata). Por essa razão, satori
(iluminação) é o mesmo que tie, porque o homem iluminado tem
sabedoria.

3.3 - Manutenção da pureza mental

Há pessoas que têm uma capacidade de percepção muito


rápida e descobrem a causa dos problemas facilmente. Essas
são kakusha; têm poucas nuvens na mente. Então, para tornar-
nos um kakusha, precisamos diminuir as nuvens, polindo o
espelho da mente.

Por outro lado, a fim de mantermos sempre a pureza do


espelho, a melhor maneira é ler bastante os Ensinamentos.
Muitas vezes acontece de, na primeira leitura, não conseguirmos
compreendê-los; revendo-os, porém, após algum tempo,
descobrimos coisas maravilhosas; inclusive a solução do
problema que não entendíamos aparece de forma clara e precisa.
Isso significa que nos primeiros contatos com os Escritos
Sagrados ainda tínhamos nuvens na mente, as quais, pouco a
pouco, leitura após leitura, foram sendo eliminadas. Dessa forma,
a capacidade para compreendê-los foi ficando melhor, porque
ocorreu a limpeza das máculas.

54
Evangelho do Céu Vol. II

3.4 - Aprimoramento do tie

Vocês poderão notar que Deus permite bons resultados,


quando um doente nada entende de Johrei, chegando mesmo a
duvidar, a contrariar, ou a recebê-lo apenas como experiência,
para comprovar. Nesse caso, existe lógica. Mas quem já ouviu
muito sobre os Ensinamentos, tendo, inclusive, ingressado na fé,
e ainda duvida, não conseguirá curas, nada lhe correrá bem.
Vejam que existe uma razão clara para essa situação.
Freqüentemente acontece, por isso, de pessoas que nada
sabem, ou têm muitas dúvidas sobre Johrei, obterem, com
rapidez, bastante êxito. Por outro lado, aquelas que acreditam
relativamente, embora já tendo assistido a muitas curas, não
conseguem bons resultados. Isso acontece por causa dessa
lógica à qual me refiro.

3.5 - Polimento do "espelho"

Quando vocês meditarem sobre a eficácia do Johrei,


deverão perceber que tieshokaku desenvolvido significa
descobrir, de imediato, como um reflexo no espelho da mente,
onde se encontra a causa dos problemas enfrentados por quem
está em busca da cura. Por isso, repito: é necessário polir
constantemente o "espelho", eliminando as nuvens, para que ele
possa refletir melhor. Assim vocês descobrirão, com rapidez, a
lógica do processo pelo qual a Luz de Deus devolve a saúde
física e espiritual ao ser humano.

4 - Transcendência

4.1 - Tieshokaku

Dificilmente fico em dúvida quando tenho de tomar alguma


decisão, ou optar pela melhor maneira de resolver os problemas
que surgem.

55
Evangelho do Céu Vol. II

Ao analisar qualquer situação conflitante, imediatamente


me vem à mente a maneira adequada de como solucioná-la.

Da mesma forma, sou também muito hábil para fazer


compras. Indo, por exemplo, ao shopping, num instante, defino o
que desejo adquirir. Minha esposa, ao contrário, revira todos os
artigos e sempre acaba escolhendo aqueles que eu já havia
apontado desde o início.

Recentemente, quando visitava Kyoto, uma pessoa


ofereceu-me um biombo de seis faces que se encontrava no
museu. Foi pintado por Yuusho e é considerado um tesouro
nacional. Fui até lá, pedi que abrissem somente uma das faces a
fim de examiná-lo, pois assim já poderia ter idéia do conjunto.
Gastei apenas cinco minutos nessa análise e decidi comprá-lo.

A mesma agilidade me acompanha quando projeto a


construção dos museus ou dos jardins. Não fico perdendo tempo;
resolvo tudo muito rápido. Quem observa as minhas atividades
fica meio perplexo e não entende como consigo realizá-las com
tanta simplicidade. A maioria das pessoas imagina, por isso, que
eu já as tenha planejado antes, com detalhes, e durante longo
tempo.

Observando também a lentidão com que outras pessoas


trabalham, sinto o quanto tenho boa cabeça, pois sempre decido
tudo num instante. Daí a razão de eu poder realizar, ao mesmo
tempo, a construção de Hakone e Atami, visitando-as somente
uma vez por mês; não preciso mais que isso para acompanhá-
las. Ouvindo apenas o relatório do administrador, consigo saber
exatamente o que está acontecendo e quais os pontos que
precisam da minha orientação.

Pelo mesmo processo, escrevo Ensinamentos para jornais


e revistas e também reviso os testemunhos que vão ser
publicados. Ainda, para finalizar, peço ao meu secretário que os

56
Evangelho do Céu Vol. II

leia novamente para eu ouvi-los. Nessa hora, faço as correções


necessárias e, se for preciso, coloco algumas explicações a mais.

Também componho salmos no estilo waka com muita


rapidez. Consigo redigir facilmente mais de cinquenta em uma
hora.

4.2 - Rapidez

Deus nunca está atarefado, porque transcende o tempo e


o espaço; por isso, o Seu pensamento não demora nem um
segundo; nada há, pois, na área divina, que motive inquietações.
Tais circunstâncias só ocorrem com os homens. Estes, sim, estão
sempre agitados, porque vivem dentro do tempo e do espaço,
dos quais não podem fugir. Se ficarem exageradamente
preocupados com essa limitação, é sinal de que têm cabeça ruim.
Daí ser necessário compreender muito bem que o ponto focal do
conceito de rapidez reside na clareza mental.

5 - Concretização

5.1 - Elevação do yukon

É de suma importância mantermos o yukon numa posição


elevada no Mundo Espiritual. Para consegui-lo, temos de ser
purificados das muitas máculas pelo sofrimento, ou através da
ajuda aos semelhantes. Como resultado desse trabalho,
alcançaremos elevação espiritual, e o nosso tieshokaku se
desenvolve e se aprimora.

Ao atingirmos certo grau de espiritualidade, passamos a


viver num ambiente em que imperam apenas procedimentos
corretos e abundância de bens materiais.

57
Evangelho do Céu Vol. II

Chegar, contudo, a um nível mais alto de perfeição,


demora bastante, mas, se evoluirmos um pouquinho que seja, a
nossa situação já melhora consideravelmente.

Em síntese, uma das nossas grandes preocupações deve


ser a de conservar o yukon num nível alto, no Mundo Espiritual.

5.2 - Salvação e tie

Pergunta de mamehito: Uma pessoa se doou de corpo e


alma a um familiar e não conseguiu resultados favoráveis. Por
que?

Resposta de Meishu Sama: Quem realizou essa dedicação


não tinha sabedoria. Faltou-lhe tie. Para tornar possível a
recuperação de alguém, existe o tempo certo e a oportunidade.
Mesmo que haja um trabalho de intenso devotamento, sempre
devem estar unidos ao desejo de salvação a época, a
oportunidade e o sentimento da pessoa que vai ser ajudada.

É fundamental ter também em mente, de maneira bem


clara, que só pela lógica se consegue, realmente, advertir uma
pessoa sobre suas atitudes incorretas. Como o ser humano tem
demasiado apego às próprias idéias, fica muito difícil fazê-lo
abandonar o erro; por isso, eu deixo que a pessoa falhe, mesmo
sabendo que está agindo de modo inadequado em determinados
pontos. Ainda que eu sinta grande pena dela, não tento impedi-la
de cometer equívocos. Embora pareça um pouco de frieza de
minha parte, para salvar verdadeiramente alguém, essa é a
maneira certa de agir.

Quando, então, a pessoa estiver sofrendo muito e não


encontrar mais saída, vem procurar o caminho. Aí, eu lhe mostro
em que pontos estava errada, pois, nessa hora, já sente
arrependimento do fundo do coração, compreende o que eu falo
e aceita com humildade a minha opinião.

58
Evangelho do Céu Vol. II

Por isso, toda vez que vocês interferem no meio do


processo de salvação, quando a pessoa ainda está imatura, em
dúvida e muito presa às suas idéias, os resultados são negativos
e gerados pelo apego, que ainda continua demasiadamente forte.
Tal comportamento é bastante evidente na relação
homem/mulher. Se houver interferência, a paixão aumenta.
Então, quando alguém me consulta sobre esse tipo de
relacionamento, eu simplesmente lhe digo para entregar o
problema a Deus. Passo, portanto, a responsabilidade para o Pai
Criador. Agindo também dessa maneira, vocês conseguirão, na
prática, bons resultados.

Atentem para mais um exemplo que também serve para


explicar essa mesma pergunta a mim dirigida minutos antes:
quando uma pedra está rolando colina abaixo, será muito difícil
impedir-lhe a queda no meio do caminho, além de haver a
possibilidade de vocês saírem machucados. Esperem-na, pois,
rolar até a base da montanha. Aí então, mesmo sem tocar-lhe,
ela pára. Neste caso, polir o tieshokaku é perceber em que ponto
a pedra se encontra: no meio do caminho, ou no sopé da colina?
Quer dizer: a pessoa já está madura para aceitar a verdade?

5.3 - Facilidade e sacrifício

Dentre as manifestações de Kannon, existe uma que é a


da diversão. Então, enquanto estou em atividade, ajo como um
Kannon que brinca. Não vejo sacrifício na execução do meu
trabalho. Eu o considero como um hobby. Desempenho minhas
funções como se fose um divertimento e obtenho sempre bons
resultados. Se, porém, me esforço demais, ou não gosto daquilo
que estou fazendo, os efeitos são negativos.

Essa minha atitude de realizar as tarefas com alegria


opõe-se à maneira como a humanidade tem vivido até agora.
Basta notar que os homens habitualmente relacionam trabalho à

59
Evangelho do Céu Vol. II

idéia de sacrifício. O mesmo acontece com os mamehito. Toda


vez que empreendem grandes esforços ou não trabalham com
prazer, estão fadados ao insucesso. Se, por exemplo, ao serem
solicitados para visitar um doente, atenderem o chamado com
presteza, o processo de cura se torna melhor e mais rápido. Esse
procedimento permite que o paciente se recupere depressa e
consiga compreender com maior facilidade os Ensinamentos.
Dessa forma, a Messiânica se expande continuamente.

Embora seja deveras evidente que desempenhar as


funções com alegria traz sempre resultados extraordinários, o ser
humano está habituado a fazer tudo com muito sacrifício. Por
isso, reafirmo que trabalhar com prazer continua sendo uma
atitude bem pouco comum no mundo de hoje.

Deve, pois, ficar muito claro para todos: quando as


aspirações não se concretizam, é sinal de que as tarefas estão
sendo realizadas com sofrimento. Nessas circunstâncias, deixem-
nas de lado e dediquem-se a uma atividade diferente.

5.4 - Agir com lógica

Para descobrir a causa de um problema aparentemente


sem solução faz-se necessário, antes, polir o tieshokaku.

Como já mencionei há tempo, nosso procedimento tem


que estar sempre de acordo com a lógica. Se, após termos
meditado sobre um assunto, não conseguirmos descobrir-lhe a
causa, significa que nosso tieshokaku está maculado, isto é,
existem nuvens no corpo espiritual. Temos, pois, de estar sempre
realizando um grande esforço para extinguir máculas o mais
possível. Para isso, precisamos ler o maior número de
Ensinamentos, e muitas vezes, porque assim estaremos
eliminando nuvens e desenvolvendo o tieshokaku. Como
consequência, perceberemos rapidamente qual a melhor maneira
de agir e, desse modo, tudo ocorre com naturalidade.

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Evangelho do Céu Vol. II

Sempre que acontece algo fora do comum e as pessoas


me perguntam o porquê, infalivelmentedescubro que não
estavam procedendo de acordo com a Lei. Por isso, é importante
descobrir a lógica de tudo. Ao encontrá-la, percebe-se a causa do
problema.

Ainda com relação à postura correta diante da vida,


convém fazer referência ao pensamento de Sakiyamuni. Ele fala
em "abrir o satori", "tornar o homem despertado" o que significa,
como já disse, desenvolver, até certo nível, o tieshokaku. No
Budismo, há inúmeras alusões ao assunto. Acho mesmo que
esse foi o tema principal de quase toda a pregação de
Sakiyamuni.

Como já afirmei, tieshokaku quer dizer satori (despertado).


Esse conceito, entretanto, vai um pouco além da maneira pela
qual o Budismo o define. Satori está acima da idéia de
resignação. Abrange também a visão de jikaku (consciência de si
mesmo). Quem tem consciência de si mesmo, age de acordo
com a lógica, tanto nas pequenas como nas grandes realizações.
Dessa forma, para aqueles que procuram o reto caminho, tudo
correrá bem, sem muito sacrifício.

5.5 - Orientação à distância

Há pouco tempo, um argentino escreveu-me pedindo


orientação para seguir o Caminho de Deus. Mandei-lhe o Ohikari
e os Ensinamentos.

Agora recebi dele outra carta em que diz estar se


dedicando bastante à Obra Divina. Por isso, eu estou achando
que, num futuro bem próximo, vai surgir uma casa de difusão na
Argentina.

61
Evangelho do Céu Vol. II

Esta forma de orientar as pessoas distantes através de


8
cartas me parece a mais adequada, pois torna-se muito
dispendioso viajar para longe, toda vez que alguém necessita de
ajuda. Se, porém, aumentar bastante o número de membros
devido à orientação por correspondência, vou, logo mais, enviar
um representante que, ao chegar, já encontrará pessoas
capacitadas a recebê-lo cordialmente. Assim o seu trabalho junto
ao grupo será mais ameno e aceito com alegria. Eu acho essa a
maneira mais diplomática de realizar a Obra Divina, porque tudo
estará sendo feito dentro de uma lógica. E toda vez que agirmos
de acordo com a lei, Deus estará predisposto a ajudar-nos, sem
exigir de nós sacrifício algum.

5.6 - Consertos

Pergunta de mamehito: Uma pessoa fez um conserto


numa parte do telhado que fica bem em cima do altar, mas não
tinha muita certeza de como proceder. Deveria, antes, ter retirado
a Imagem?
Resposta de Meishu Sama: Quando for preciso fazer
qualquer tipo de ajuste ou correção, sempre haverá lógica; por
isso, não há necessidade de remover do altar a Imagem de Deus.
Embora a pessoa que fez esse reparo tivesse pensado que
poderia ser castigada, isso jamais aconteceria. A retirada da
Imagem, sim, seria uma ofensa. Lembrem-se de que Deus é
extremamente compreensível; portanto nunca vai punir quem age
dentro da lógica.

8
A partir de agora, a divulgação dos Ensinamentos vai ser feita através de e-mails, que serão
enviados pela Internet ao mundo todo.

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Evangelho do Céu Vol. II

5.7 - Tarefas diversificadas

Quero salientar um ponto importante, qual seja, a


necessidade de o foco de atenção estar sempre diversificado.

Muitas pessoas se agarram cegamente apenas a um tipo


de tarefa e, por isso, não conseguem ser muito eficientes em seu
trabalho; mesmo saturadas e cheias de tédio, continuam apenas
a suportá-lo, atitude bastante negativa. É preferível, nesse caso,
parar um pouco, ou mudar a rotina, ou procurar uma recreação.
Muitos artistas, por exemplo, interrompem seus afazeres caso
não estejam inspirados. Acho que eles têm razão. Até certo
ponto, mais produtivo se torna o trabalho de alguém que o
executa somente quando tem vontade. Daí o motivo de eu
também não gostar de me prender a uma única atividade. Prefiro
estar sempre mudando de uma tarefa para outra. Assim me sinto
bem; posso realizar tudo com alegria e minha cabeça também
funciona melhor.

Evidentemente, nem todos têm condições de agir assim.


Mas, quando as circunstâncias o permitem, o trabalho
diversificado dá excelentes resultados.

5.8 - Saldar dívidas espirituais

Ouvi alguns mamehito dizerem que somente os nossos


adeptos serão salvos do grande tormento que marcará o fim da
Era da Noite, porque estarão com o Ohikari e, além disso,
confiam no Johrei. Idéia totalmente errônea, pois, embora o
estejam usando e tenham recebido muito Johrei, permanecerão
inseguros, caso não se tenham dedicado com amor e fé à
prestação de serviços aos semelhantes.

A certeza da salvação precisa, portanto, estar alicerçada


na ajuda ao próximo, resultante de uma dedicação sincera e
incondicional.

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Evangelho do Céu Vol. II

Quer se trate de membros ou de não-membros da


Messiânica, Deus salvará todos aqueles que acreditam
sinceramente n'Ele, que levam uma vida reta e ajudam a
humanidade. Os nossos fiéis têm a vantagem de contar com uma
alternativa simples e rápida para elevarem as suas vibrações
espirituais. Ao ajudarem outras pessoas por meio do Johrei e ao
prestarem serviços ao Templo, estão manifestando condições
ideais de vida na Terra, de acordo com o Plano Cósmico. Como
decorrência dessa atitude, são abençoados, as máculas
diminuem e, dessa forma, evoluem espiritualmente.

5.9 - Expansão do Plano Divino

Muitas vezes, o trabalho de difusão não progride, apesar


de parecer bom aos olhos humanos. Nesses casos, deve haver
algo que não está de acordo com a vontade de Deus.

Quando, porém, as ações se realizam em consonância


com a lógica, aparecem as pessoas certas para colaborar no que
for necessário, pois Deus vê a mente de todos, especialmente
dos mamehito e ministros. É por isso que a atuação do Mundo
Espiritual, através dos protetores, ocorre em harmonia perfeita.
Pessoas aptas e dispostas a dedicar na Obra Divina, com a firme
determinação de expandir o Plano de Deus para o
estabelecimento do Reino do Céu na Terra, são guiadas e
enviadas por meios bem naturais.

5.10 - Autodepreciação

Um dos maiores obstáculos a quem serve a Deus consiste


em julgar-se incapaz ou inútil. Para evitar esse tipo de
pensamento, as pessoas devem ter em mente que, como seres
humanos, usufruem os mesmos direitos e possibilidades de servir
na Obra Divina. Daí que um verdadeiro dedicante jamais desiste
de sua missão, mesmo quando surgem empecilhos, ou passa a
ser ridicularizado pelos outros.

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Evangelho do Céu Vol. II

Tendo-se, pois, a firme decisão de continuar trabalhando


apesar dos obstáculos, sem dúvida alguma, a Obra Divina vai
expandir-se. É com essa determinação que Eu realizo o meu
trabalho.

Desistir, portanto, após um fracasso, seria o mesmo que


subestimar-se; não representa contribuição alguma para a
expansão do Plano de Deus.

De outra parte, o sucesso de qualquer empreendimento


está diretamente ligado a um forte poder de decisão e
autoconfiança, predicados esses capazes de monitorar o desejo
de trabalhar com ardor, embora grandes obstáculos ou duros
golpes se interponham no caminho da dedicação.

5.11 - Intercalação de atividades

Nunca executo, por muito tempo, apenas uma atividade.


Em geral, quando estou escrevendo ideogramas ou Ohikari,
permaneço nessa ocupação somente por uma hora porque, além
desse limite de tempo, o trabalho não traz bons resultados.

Ajo também da mesma maneira quando estou dando


orientação para tarefas diversas. Sempre o faço em trinta minutos
ou, no máximo, uma hora. De vez em quando, mudo de um
assunto para outro. Desse modo, cada empreendimento surte o
efeito desejado a seu tempo. Essa maneira de proceder parece
não ter grande importância, mas exerce muita influência nas
atividades que realizo.

Um processo semelhante ocorre com o nosso


pensamento. Quando insistimos mental e demasiadamente num
único ponto, não chegamos à conclusão alguma. Bem melhor,
por isso, pensarmos apenas um pouquinho em todos os
assuntos. Não surgindo a idéia adequada, devemos parar e nos
dedicar a outros afazeres.

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Evangelho do Céu Vol. II

5.12 - Guedatsu

Guedatsu (libertação, redenção) é um termo muito usado


no Budismo, onde tem a conotação de fuga, reclusão (retirar-se
do mundo) — uma idéia caracteristicamente oriental.

Na acepção comum, guedatsu significa esclarecer a


mente, dissipar dúvidas e indecisões, desprender-se, resignar-se.
Não há meios, contudo, de dizer se corresponde a uma atitude
boa ou ruim. De um modo geral, muita resignação diminui a
combatividade e o espírito de competição, levando os homens a
perderem o seu caráter empreendedor e a vontade de lutar.
Essas situações conduzem, muitas vezes, um país ao declínio,
como aconteceu na Índia.

Por outro lado, o espírito de combate sempre infunde


ânimo às pessoas; quando, porém, em demasia, torna-se
perigoso. Já no caso das relações amorosas, por exemplo, a falta
de resignação pode gerar tragédias.

Concluindo, não é, portanto, aconselhável conformar-se


totalmente porque a vida fica destituída de sentido e o homem
torna-se um morto-vivo. De outra parte, inconformações
aguçadas podem também causar muitos danos e transtornos.

Então, nunca se deve ultrapassar os limites. Há, porém,


necessidade de conhecer o hodo, ou seja, saber onde reside o
ponto de equilíbrio. Assim será possível admitir que permanecer
neste mundo é difícil e, ao mesmo tempo, estimulante.

Na verdade, a vida do ser humano retraía um traçado em


que se alternam alegrias e sofrimentos. O homem deve resignar-
se, ou não, conforme as circunstâncias. Quando estiver confuso,
sem saber que partido tomar, significa que ainda não chegou a
hora da decisão. O melhor, então, seria não forçar nada e
aguardar o tempo certo.

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Evangelho do Céu Vol. II

O ponto-chave consiste, pois, em encontrar a maneira


mais adequada de agir em cada circunstância. Para atingir,
contudo, esse nível de decisão, faz-se necessário ter eichi, a
sabedoria que gera o correto discernimento e surge à medida que
diminuem as máculas do espírito.

O principal resume-se, portanto, na eliminação das nuvens


espirituais. Para realizar esse objetivo, precisa existir makoto. E o
makoto nasce da fé.

Quem aceita e pratica os preceitos relacionados ao


guedatsu pode ser chamado de homem sábio.

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Evangelho do Céu Vol. II

CAPÍTULO III - PRINCÍPIOS DO HOMEM SÁBIO

1 - Desapego

1.1 - Relação entre Johrei e apego

Quando o Johrei não surtir o efeito desejado, teremos de


relembrar o seguinte princípio: o apego atrapalha não só quem
ministra, mas também aquele que recebe Johrei. Em
conseqüência dessa atitude obsessiva, fica difícil dizer, sem
receio, a um doente em perigo de vida, que não tem mais cura.
Normalmente quem está canalizando Johrei, não querendo tirar
as esperanças do enfermo, pede-lhe que tenha força, fique firme,
não desanime, procedimento, na verdade, incorreto, embora, é
óbvio, qualquer um sempre queira viver, nunca morrer. Ao ficar,
porém, consciente de que não tem mais condições de recuperar-
se, o doente perde o apego à vida e começa a se preparar para a
morte. Então, a partir desse momento, a cura se torna mais fácil,
porque o Johrei passa a ser canalizado sem obstinação.

1.2 - Apego a bens materiais

Todas as ocorrências da vida seguem uma mesma lógica.


Por exemplo, quando alguém está com falta de dinheiro ou
querendo ganhá-lo a mais, não o consegue. Se, porém,
abandona esse desejo, começa a adquirir riquezas em profusão.
Muitos de vocês já devem ter passado por uma situação
parecida: quando almejaram ardentemente alcançar algum
objetivo, não o conquistaram; bastou, porém, deixar de pensar no
assunto e a aspiração se concretizou.

Eu também tenho bastante experiência a respeito desses


fatos. Sofri durante vinte anos com problemas de dívidas. Nessa
época, eu precisava muito de dinheiro, porque corria o risco de
ter os bens confiscados, caso não saldasse os meus débitos.
Então, quanto mais me preocupava com o assunto,

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Evangelho do Céu Vol. II

estranhamente menos ganhava. A partir de 1941, entretanto,


resolvi colocar tudo na mão de Deus. Depois que deixei de ter
apego, o dinheiro voltou a ser abundante.

1.3 - Apegos emocionais

Quase todos os roteiros dos filmes a que assistimos giram


em torno do apego. Basta observarmos, por exemplo, os
enredos. No geral, são mulheres apaixonadas, desejando
ardentemente conquistar homens que não lhes devotam a
mínima atenção. O contrário também ocorre. Às vezes são
homens que se aproximam e, pela lógica, as mulheres deveriam
gostar e sentir-se felizes; no entanto, se afastam. É muito
interessante observar como esses relacionamentos se
processam e notar que os efeitos contrários são decorrentes do
apego.

1.4 - Apego à vida

Quando eu tinha 28 anos, sofri tifo. Observando o estado


do meu corpo, pensei que não tivesse cura; por isso, fiz um
testamento para minha ex-mulher (já falecida), explicitando o que
deveria fazer quando eu morresse. Estava, pois, bem conformado
com a minha situação.

Como a casa em que eu morava era pequena, imaginei


que, se viesse muita gente para o meu enterro, iria ficar muito
apertada. Então, preferi aguardar o desenlace num hospital
particular de clínica geral que havia perto da minha residência.
Pedi para ser colocado ali, mas não fui aceito. O diretor recusou a
minha internação, alegando que a morte de um doente traria má
fama para a clínica, sendo, por isso, uma situação diferente da
que acontece numa instituição pública. Mesmo assim, não desisti.
Recorri ao irmão mais velho do diretor que, como eu, nessa
mesma época, tinha uma loja de armarinhos. Através dele, fiz o

69
Evangelho do Céu Vol. II

pedido para que pudesse morrer nesse hospital e, por causa


desse relacionamento comercial que mantínhamos, fui aceito.

Estava, contudo, tão debilitado que não consegui entrar no


jinrikisha (carrinho de mão, o meio de transporte da época). Fui,
então, levado numa maca. Durante o percurso, olhava a cidade e
as pessoas, pensando estar fazendo isso pela última vez. Sentia
um vazio e uma solidão profundos. Nos três primeiros dias de
internação, não houve muita mudança no meu estado clínico. O
médico diagnosticou pneumonia, receitou-me um medicamento,
dizendo que com ele poderia obter a cura. Caso contrário, não
haveria outra solução. Quando o tomei, meu sofrimento tornou-se
ainda maior. Passei por uma espécie de delírio em que via
túmulos. Pensei: “Com certeza, vou morrer.”

Na manhã seguinte, o médico plantonista veio dizer-me


que desconfiava de eu estar com tifo; por isso, precisava fazer
uma nova avaliação. Colocaram-me, então, um emplastro sobre a
pele, a fim de serem formadas pústulas, das quais tiraram uma
secreção para analisar. Pelo resultado desse exame,
descobriram que eu estava realmente com tifo, doença para a
qual, na época, não havia remédio. A partir daí, passei a
alimentar-me apenas com fortificantes, vinho, leite e sopa de
carne. Assim fui, pouco a pouco, melhorando e fiquei curado.

Pensando hoje sobre esses acontecimentos relativos a um


estado tão crítico de minha saúde, chego à conclusão de que a
cura se deveu ao fato de eu ter feito um testamento e ter
consciência de que iria morrer.

Por essa razão, quando vocês tratarem os doentes em


perigo de vida, é preferível declarar que eles estão mal e devem
ficar conscientes da morte. Se ainda tiverem uma missão a
cumprir, salvar-se-ão. Caso não mais a possuam, nada poderá
ser feito para recuperá-los.

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Evangelho do Céu Vol. II

1.5 - Envolvimentos familiares

Outro grande obstáculo à realização da cura encontra-se


no apego dos familiares que, ao tentarem salvar, a qualquer
custo, um ente querido, o envolvem espiritualmente num clima de
preocupação. Essa atitude dificulta a ação de Deus através do
Espírito Protetor, o único caminho pelo qual se processa a
intervenção divina para a recuperação da saúde.

Além disso, também constitui forte impedimento a atitude


de membros da família contrários ao Johrei. Se algum deles
insiste em levar o doente ao médico, na verdade, não quer que
ele se salve através do Johrei. Essa reação contrária o faz
desejar, muitas vezes até inconscientemente, a morte do
enfermo, e atrapalha muitíssimo a ação curativa da Luz de Deus.

Apegos de qualquer natureza, quer para curar, quer para


impedir a recuperação, interferem no processo divino de cura.
Convém, por isso, esquecer, o mais possível, os doentes,
imaginando até a cerimônia fúnebre, achando mesmo que vão
morrer. Dessa forma, o espírito do apego não encosta e o
Protetor consegue atuar livremente. Por essa razão, quando
vocês encontrarem problemas criados pelo apego, é importante
saber como ele atua, para poderem orientar as pessoas com
sabedoria.

1.6 - Apego e nuvens espirituais

Ministro — Quando uma mãe perde um filho a quem muito


ama, quase sempre fica ligada a ele por pensamentos de
amargura. Então, essa criança reencarna defeituosa e também
prematuramente. Segundo minhas observações, entendo que
Deus permite, com base no amor materno, um nascimento
nessas condições, mesmo com sofrimentos para ambos, mãe e
filho. Será que tudo isso acontece somente em função do apego?

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Evangelho do Céu Vol. II

Meishu Sama — Não apenas por essa obsessão, mas


também devido às impurezas espirituais. Se, contudo, a família
pratica boas ações, ajudando os seus semelhantes, mesmo que
professe outro credo, recebe muita proteção do Céu e, dessa
forma, o apego desaparece. Caso não seja possível eliminá-lo,
com certeza, as nuvens espirituais ainda permanecem em grande
quantidade.

1.7 - Singeleza no agir

A grande maioria das pessoas não percebe a estreita


relação que existe entre os acontecimentos e o karma.
Simplesmente quer realizar o que acha certo de acordo com o
seu modo de pensar, numa condição de extrema supremacia do
próprio ego. Assim se propõe a conseguir, de qualquer jeito, o
que deseja, embora se coloque contra o mundo inteiro. Atitude
muito perigosa!! É preferível, quando nada, no início, corre a
contento, deixar o projeto para mais tarde. A partir de uma
observação aparente, esse procedimento parece demonstrar falta
de firmeza. Muito pelo contrário. O mais importante consiste em
agir com singeleza, respeitando as circunstâncias do momento.
Assim não haverá perigo de erro e o resultado será
extremamente satisfatório.

O ser humano não pode, então, colocar "força na barriga".


Deve, sim, seguir o exemplo dos praticantes das artes marciais,
que somente se tornam exímios lutadores quando eliminam por
completo qualquer esforço exagerado. Dessa maneira, ao serem
de repente atacados por um inimigo, conseguem defender-se
com inúmeros golpes diferentes.

Semelhantemente à reação do lutador de artes marciais, o


ser humano vai realizar o que deseja com muita facilidade se não
predeterminar o que quer fazer.

72
Evangelho do Céu Vol. II

A melhor maneira de viver, portanto, é, no frio, vestir


agasalhos para esquentar o corpo e, no calor, usar roupas leves.

Em outras épocas, eu também fazia muito esforço, através


do pensamento, para conseguir meus objetivos, mas nunca deu
certo. Depois, porém, que conheci a Deus, entendi que o ser
humano não é nada; nem chega a um mosquito; se soprar um
vento mais forte, já se destrói. Somente estando agarrado a
Deus, vive seguro. Sem a proteção divina em qualquer situação,
corre grande perigo. Entretanto, para compreender
profundamente essa verdade, os homens precisam de sabedoria
e, para adquiri-la, faz-se necessário polir o tieshokaku, cuja
atuação está bloqueada devido à presença de nuvens na cabeça.
São essas impurezas resultantes das toxinas causadoras da
anemia que afetam hoje quase todas as pessoas.

Deve-se, portanto, em primeiro lugar, entender bem o


estado atual da vida terrena e ter muita fé. Eis a única maneira
pela qual a humanidade poderá receber ajuda.

1.8 - Egocentrismo

Por cultivarem um egocentrismo exagerado, muitos deixam


de receber plenamente as bênçãos de Deus. Tal atitude
corresponde a um comportamento que se restringe apenas à
salvação individual, sem preocupação alguma com o bem do
outro.

Na realidade, a verdadeira postura humana deve estar


sempre voltada à libertação do próximo. Dessa maneira, as
pessoas tornar-se-ão úteis, ao mesmo tempo, a Deus e aos seus
semelhantes.

Convém, portanto, que todos busquem constantemente a


felicidade do próximo, descartando qualquer mal, nunca sendo
pessoas egocêntricas, individualistas que se magoam diante da

73
Evangelho do Céu Vol. II

menor crítica. Devem, ao contrário, ter sempre muito claro que


ressentimentos acumulados resultam em infortúnios pessoais e
nunca agradam a Deus.

Volto, por isso, a insistir: parem de se preocupar com as


picuinhas que a vida apresenta. Mantenham constante gratidão a
Deus e continuem beneficiando os demais de maneira
desprendida e abrangente. Tal modo de agir impede que os erros
alheios sejam comentados; não permite também a projeção de
sentimentos humanos no caminho da estreiteza mental para
determinar quem é bom ou mau. Na verdade, tal direito só
pertence a Deus.

2 - Fé

2.1 - Para adquirir a verdadeira fé

Cada um de vocês deve procurar viver exclusivamente de


acordo com a vontade de Deus, sentindo-se feliz por estar
seguindo a lógica divina.

Não dêem, pois, atenção às falhas; na realidade, pouco


significam. O legítimo valor do ser humano reside nos seus atos
meritórios, pelos quais vai acumulando créditos cósmicos, que
ultrapassam, com o passar do tempo, os débitos e permitem o
recebimento proporcional das graças divinas.

Também o fato de ficarem perturbados, por mínimo que


seja, pelas críticas dos outros, revela a falta daquela fé inabalável
no Criador. Sendo o Pai Eterno, jamais esquece de olhar por um
filho, quando fiel seguidor de Sua vontade.

Então, no momento em que deixarem de pensar apenas


nos próprios interesses, colocando as necessidades do outro
como meta principal, a verdadeira fé aflora e passa a ser
vivenciada do fundo do coração. É exatamente nesse instante

74
Evangelho do Céu Vol. II

que vocês entram em contato com a grande oportunidade de


salvação, pois a felicidade autêntica não pode brilhar para
ninguém, enquanto o semelhante estiver sofrendo.

2.2 - Sabor da fé

No mundo, nada existe que não tenha sabor, seja no que


diz respeito à parte material, seja em relação à existência
humana em particular. Uma vez excluída essa propriedade
atrativa, tudo se tornaria insípido e desapareceria a vontade de
viver. Não é, portanto, exagero afirmar que o apego à vida tem
por princípio a apreciação do prazer que ela nos causa.

Há, entretanto, certas crenças sem atrativos e outras que


propagam até o terror, pois seus adeptos temem a Deus, sentem-
se presos a dogmas, têm sua liberdade tolhida e vivem
oprimidos, sob contínuo estado de tensão. Chamo a esses
preceitos religiosos de crença infernal.

Fundamentalmente, o ideal da fé consiste em atingir um


estado perene de serenidade e despreocupação, que permita ao
ser humano viver como se estivesse em pleno êxtase, sentindo
as flores, as aves, o canto dos pássaros, a brisa, a beleza do
luar, o encanto dos rios e montanhas, como dádivas divinas a
confortarem-no.

Desse modo, a prática de uma fé com sabor


corresponderá a um nível de vida tão prazeroso, que levará as
pessoas a se tornarem gratas pelas próprias roupas, alimentos e
moradia recebendo-os como profundas bênçãos do Céu.
Também as despertará para o verdadeiro amor ao próximo e às
demais criaturas, tais como peixes, aves, insetos, plantas.

O sabor da fé está, portanto, relacionado a certo nível de


espiritualidade, de acordo com o qual passamos a viver na

75
Evangelho do Céu Vol. II

presença de Deus, colocando tudo em Suas mãos, depois de


termos feito o que estiver ao nosso alcance.

Eu, por exemplo, quando me defronto com algum


problema de difícil solução, costumo entregá-lo a Deus e esperar
pelo tempo propício para resolvê-lo. Assim, depois de inúmeras
experiências, pude perceber que tal atitude produz sempre os
melhores resultados, pois quase nunca se concretizou aquilo que
eu temia. E o mais interessante de tudo é que a realização dos
meus desejos sempre excedeu a todas as expectativas. Por isso,
cada vez que alguma situação desagradável me preocupa, julgo
tratar-se do prenúncio de algo bom. Deposito, então, o problema
nas mãos de Deus e sempre acabo concluindo que todo mal
produz um bem.

Em certas ocasiões, até percebo ter-me preocupado sem


necessidade com acontecimentos indesejáveis. Nessas horas,
sinto-me profundamente grato ao Pai Eterno por me ter
esclarecido, levando-me a compreender a minha insensatez. Em
suma, devido a todas essas ocorrências, considero-me uma
criatura cercada de milagres. Eis o que eu chamo de sabor da fé.

2.3 - Comentários de Meishu Sama sobre o Ensinamento Fé e


liberdade

Este Ensinamento foi escrito a partir do testemunho de


uma pessoa católica que havia recebido muitas graças na
Messiânica e se encontrava indecisa, não sabendo se deveria
converter-se à nova religião.

Na verdade constitui um relato sobre as alegrias e conflitos


do cristão. Muitas vezes, já encontrei pessoas nessa situação, às
quais sempre explicava que a principal causa de um sentimento
tão angustiante era a fé shojo que professavam. Freqüentemente
católicos e evangélicos estão vivenciando essa experiência.

76
Evangelho do Céu Vol. II

Também em outros setores da sociedade, é bastante


comum um comportamento semelhante. Por exemplo, no Japão,
durante a guerra, a honra máxima consistia em morrer pelo
Imperador. Assim, eram educados os jovens. Tal atitude,
analisada agora, revela o ridículo de uma prática hoje totalmente
inaceitável.

Uma outra atitude shojo pode ser encontrada quando as


pessoas dizem: “Sou budista”, “Sou cristão”, “Sou messiânico”.
Com essas expressões, estabelecem preconceitos e começam a
criticar outras religiões, numa atitude completamente incorreta.

Eu acho que, se precisassem estabelecer um nome, vocês


deveriam dizer que seguem um pensamento universal. Eu já o
denominei Sekai Meshya Kyo (Ensinamento que salva o mundo).
Não me importa qual credo a pessoa segue. O fundamental é não
haver nenhuma rivalidade entre as religiões. Posturas
fundamentadas em pensamentos shojo, geradores de confrontos,
são, portanto, as que prejudicam, de fato, a salvação.

Até mesmo no que se refere ao país de origem, não está


certo dizer, por exemplo, eu sou japonês. Com relação a esse
pormenor, algo curioso aconteceu comigo no final da Segunda
Guerra. Como eu não fizera nenhum comentário a respeito, uma
pessoa me perguntou qual a minha nacionalidade e eu lhe
respondi que era um homem universal. Ao mesmo tempo,
expliquei-lhe que, se todos os japoneses fossem universalistas,
nunca iriam invadir as terras dos outros nem provocariam
guerras. Quem me ouvia ficou muitíssimo surpreso.

Semelhantemente, várias outras pessoas comentam que a


Messiânica possui preceitos admiráveis, porque não critica
religião alguma. Se, contudo, o fizesse, estaria agindo de maneira
errada, pois jamais poderia tecer algum comentário inadequado a
segmentos que também lhe pertencem.

77
Evangelho do Céu Vol. II

A verdadeira fé deve, portanto, ser praticada com base


num pensamento de universalidade. Apoiado também nessa
mesma norma, sempre estou afirmando que os messiânicos têm
plena liberdade para estudar e analisar quaisquer outras religiões
ou filosofias. Se não estiverem satisfeitos, poderão optar
livremente por um novo credo entre os demais existentes.

É bom, entretanto, todos vocês saberem que, embora eu


faça essas recomendações referentes à liberdade de escolha,
tenho absoluta convicção de que não existem Ensinamentos
melhores que os da Messiânica. Não me causa, por isso,
constrangimento algum a perda de seguidores, como acontece
com os dirigentes de certas religiões, os quais proíbem os seus
adeptos de pesquisar e entender os fundamentos de outros
credos.

Vou citar alguns casos interessantes que podem ilustrar a


certeza do meu pensamento. Conheci há tempos, na região de
Fukagawa, o dono de uma casa de banho cuja filha sofria de
reumatismo. Encontrava-se num estado tal que não conseguia
mais fechar as mãos. Eram adeptos do Budismo e cultuavam
Amida, Deus Lunar. Expliquei-lhes que a causa do reumatismo
estava ligada ao culto dessa divindade. Embora antigamente
fosse uma atitude correta, naquele momento, os antepassados
estavam querendo avisar, através daquela moléstia, que os
tempos haviam mudado e, por isso, não deveriam mais rezar
para Amida. Teriam, então, a partir dali, de fazer oração para
Kannon.

Apesar das minhas explicações, a família recusou-se a


mudar de idéia; não entendeu onde se encontrava o ponto focal
da doença. Como conseqüência, nada pude fazer e deixei de
ministrar-lhe Johrei.

Acompanhei ainda outro drama vivido também por um


proprietário de casa de banho que tinha um problema na perna.

78
Evangelho do Céu Vol. II

Quando estava quase curado, não veio mais receber Johrei.


Estranhei tal atitude. Mais tarde fui informado por um vizinho seu
que ele havia melhorado bastante. Imaginava, porém, que, se
fosse totalmente curado, não poderia mais chegar perto de
Amida, pois, se o fizesse, estaria comportando-se como um
traidor. De nada adiantou, por isso, ter-lhe ministrado Johrei.

Mais um caso ocorreu com um adepto da religião Tenrikyo.


Toda vez que eu lhe aplicava Johrei, ele melhorava
consideravelmente. Quando, porém, era atendido pelo ministro
da sua Igreja, piorava. Certa vez, chegou a me dizer que ninguém
poderia saber que ele estava recebendo Johrei. Assim, se fosse
curado, o mérito da sua recuperação seria atribuído à Tenrikyo.

Por se tratar de uma pessoa que não estava sendo


sincera, embora eu a tivesse atendido com muita dedicação, não
valeu a pena. Deixei também de ministrar-lhe Johrei. E ainda,
para completar, o ministro da Tenrikyo mandava-lhe confessar. A
cada ato confessional, dizia-lhe que tinha muitas máculas e, por
esse motivo, precisava realizar, repetidas vezes, o mesmo ritual.
Chegou a um ponto tal, que este pobre adepto dizia já não ter
mais relatos a fazer em confissão.

Na verdade, o ministro da Tenrikyo agia assim tentando


justificar por que a cura não ocorria. Daí a razão de, como
desculpa, atribuir os resultados insatisfatórios à grande
quantidade de máculas que, segundo ele, possuía o infeliz
adepto.

2.4 - Pensamentos coerentes

Quando os doentes nada entendem dos Ensinamentos ou


do Johrei, naturalmente duvidam de sua validade. Nessas
circunstâncias, Deus permite tal atitude, porque tem lógica. Quem
já ouviu, entretanto, diversas experiências sobre a atuação da
Luz de Deus, leu vários Ensinamentos e até mesmo ingressou na

79
Evangelho do Céu Vol. II

fé e, ainda assim, pensa de maneira errada, terá mais dificuldade


em obter a cura.

É por isso que algumas pessoas, embora tendo muitas


dúvidas, se curam com enorme facilidade, enquanto outras, com
bastante conhecimento sobre a eficácia do Johrei, mas que não
confiam nele, demoram em sentir uma melhora, ou nem a
conseguem.

Portanto, quem não acredita porque desconhece o poder


do Johrei, tem um pensamento coerente. Aquele, porém, que já
viu muitos milagres e continua duvidando, nunca obterá bons
resultados. Observando esse procedimento, percebe-se que
existe lógica na fé. Descobri-la rapidamente é ter tieshokoku.

2.5 - Impedimento à expansão da Messiânica

Pelas minhas observações, o dirigente de fé shojo está


sempre criando um ambiente de constrangimento e opressão e,
por isso, não permite que a Messiânica se expanda. O
freqüentador, por sua vez, sente-se ameaçado, principalmente
quando o responsável proíbe de fazer isto ou aquilo, ou diz que
determinados comportamentos não estão de acordo com a
vontade de Deus.

Atitude correta não significa, pois, coerção. Muito pelo


contrário. O dirigente tem de proporcionar um ambiente de
liberdade e espontaneidade, para que as pessoas possam sentir-
se bem. Agindo dessa forma, o responsável pela difusão estará
cumprindo os desígnios divinos.

Deus não olha as pequenas falhas, mas, em especial,


observa o desvelo devotado ao trabalho de salvação do próximo.
Portanto, se o seguidor apresenta, por exemplo, três falhas, mas
conseguiu sete conquistas, fazendo-se as contas, sobram quatro

80
Evangelho do Céu Vol. II

pontos positivos. Assim terá a proteção de Deus e receberá


inúmeras graças.

A diferença de procedimento reside, então, no tipo de fé.


Quem se propõe a uma postura shojo, visa somente ao próprio
bem e não agrada a Deus; mas aquele que se esquece de si
mesmo, mantendo o ardente desejo de salvar o maior número
possível de pessoas, seja através do Johrei ou da divulgação dos
Ensinamentos, sempre será bem-aventurado. Essa é a atitude
certa de quem professa a verdadeira fé.

Já os que praticam o amor egoísta dificilmente prosperam,


ficam estagnados. São pessoas muito preocupadas com a
opinião dos outros a seu respeito, em especial quando lhes
fazem alguma crítica. A maneira correta de agir nesses casos
consiste em não dar importância a comentários maldosos, pois a
verdade um dia virá à tona. Devem, sim, procurar ser amados por
Deus. Esse ponto parece insignificante, mas representa a grande
diferença.

Pessoas de fé daijo nunca julgam o seu próximo,


afirmando ser bom ou mau. Ao contrário, diferem dos praticantes
da fé shojo, que estão sempre determinando o Bem e o Mal dos
outros, colocando-se assim na posição de Deus, num
procedimento profundamente inadequado.

Não dá, portanto, para distinguir o certo e o errado


somente através de observações aparentes, nem admitir a
verdade sem primeiro aceitar o Pai do Céu como o único
conhecedor do coração humano.

2.6 - Efeitos do Johrei

Pergunta de mamehito: É preciso acreditar para ser curado


através do Johrei?

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Evangelho do Céu Vol. II

Resposta de Meishu Sama: Antes de conhecer o Johrei,


embora as pessoas não lhe devotem confiança, Deus as cura.
Se, porém, já o conhecem, com certeza, vão obter um resultado
insatisfatório, bem diferente daquele conseguido pelos que não
acreditam por ainda nada saberem a respeito do joder da Luz
Divina.

Alguém que teve a sua vida salva deve, por isso, acreditar
e sentir gratidão. Se, contudo, não permanecer firme na fé,
deixará de receber auxílio do Espírito Protetor e aí vem a
repurificação.

3 - Gratidão

3.1 - O homem depende do próprio soonen

É realmente verdade que gratidão gera bênçãos e lamúria


chama desgraças. Por isso, quem está sempre agradecendo
torna-se uma pessoa feliz, porque as atitudes de reconhecimento
pelas graças recebidas chegam diretamente a Deus. Já os que
vivem a se lamentar têm uma vida de dissabores, porque se
comunicam apenas com o demônio.

Um ensinamento da Oomoto confirma essas observações:


"Quando se tem alegria, sucedem fatos que proporcionam
felicidade".

Magníficas palavras!

3.2 - Gratidão pelo Johrei

Pergunta de ministro: Estou ministrando Johrei numa


pessoa que aparentemente possui um coração limpo, mas está
em situação financeira precária. Não tem, por isso, condições de
fazer gratidão. Mesmo assim, posso continuar canalizando Luz
para ela?

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Evangelho do Céu Vol. II

Resposta de Meishu Sama: É um assunto bastante


delicado cuja decisão exige muito bom senso. Caso realmente
ela não tenha dinheiro algum, pode-se continuar ministrando
Johrei sem que haja gratidão da parte dela. Se, entretanto, tiver
alguma possibilidade, por mínima que seja, deve esforçar-se para
fazer uma oferta mesmo pequenina, em sinal de agradecimento.

O mais importante de tudo nesses casos diz respeito à


modificação desse hábito arraigado no espírito humano de
querer, ou fazer, tudo de graça em benefício do outro. Não estou
dizendo ser totalmente errado pensar assim, mas nem sempre é
a atitude mais correta do ponto de vista de Deus. Muitas vezes, a
lógica divina difere bastante dos conceitos que norteiam as ações
das pessoas em geral.

Analisem, por exemplo, a vida de um ministro que se


dedica em tempo integral às atividades de um Templo, como um
profissional especializado na Arte do Johrei. Igual a qualquer
outra pessoa comum, vai precisar de recursos para manter-se.
Existe, por isso, lógica na necessidade de se fazer gratidão. Por
sua vez, também o ministro precisa oferecer a Deus a sua parte
em dinheiro.

As oferendas devem, portanto, ser feitas de acordo com a


situação de cada um. Entretanto, receber Johrei e nunca
agradecer a oportunidade que está sendo concedida de salvar-se
tanto física, quanto espiritualmente não condiz com a Lei de
Deus. Por outro lado ainda, a pessoa que recebe ajuda e jamais
a retribui está impedindo a continuação do trabalho de quem
deseja dedicar-se, de modo exclusivo, à missão de promover o
bem dos outros.

Desde tempos remotos, ouve-se dizer que a dedicação ao


próximo deve ser gratuita. Naturalmente que Deus não tem
necessidade de recursos materiais, mas quem O serve como
veículo precisa de casa para morar e não pode viver apenas do

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Evangelho do Céu Vol. II

ar que respira. Eis, portanto, uma das razões por que todos os
afortunados devem fazer grandes ofertas não só em
agradecimento pela abundância de riquezas, mas também como
uma maneira de colaborar na salvação do mundo.

De outra parte, é muito certo vocês receberem as doações


sem colocar nenhum obstáculo. Há tempo, o marido de uma
senhora que dedicava bastante, ministrando constantemente
Johrei, contou-me o seguinte fato: certa vez, sua esposa
recebera de uma senhora uma gratidão três vezes maior do que
era costume fazê-lo. Achando-a exagerada, devolveu-a para a
ofertante. Com essa atitude, cometeu um erro fora do comum,
pois acabou desprezando o próprio Deus. Embora estivesse
trabalhando muito para a Obra Divina, neste particular, a
dedicante agiu totalmente fora do ponto focal. Alguns anos
depois, soube que morrera no terremoto de Tóquio.

Então, mesmo sendo uma questão deveras delicada, é


necessário que todos procurem desvendar em profundidade a
dinâmica que envolve o dinheiro e o misterioso valor das ofertas
de gratidão.

3.3 - Máculas e doações

Espiritualmente todos nós temos nuvens, quer dizer,


dívidas com Deus Criador. Quando deixamos de saldá-las, os
juros aumentam. Por conseguinte, quanto mais cedo as
pagarmos, melhor ficará o nosso espírito.

É, pois, maravilhoso termos a oportunidade de doar


dinheiro para a Obra Divina, porque assim poderemos eliminar
algumas das nossas máculas.

Tratar desse assunto requer, contudo, muita delicadeza,


uma vez que nem sempre as pessoas o compreendem. Aos
messiânicos, porém, torna-se indispensável conhecer o seu

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Evangelho do Céu Vol. II

verdadeiro sentido. Por esse motivo, estou constantemente


pedindo a Deus a oportunidade de os membros poderem doar
dinheiro à causa divina. Dessa forma, conseguirão purificar-se de
máculas provocadas por dinheiro e também de outras adquiridas
no decorrer desta vida terrena, além daquelas que vêm sendo
acumuladas através de gerações.

De outra parte, todos os sofrimentos que o ser humano


enfrenta atualmente são provocados por nuvens espirituais. Daí a
razão pela qual é fundamental dispersá-las. Creio, por isso, ser
uma atitude maravilhosa doar o máximo possível de dinheiro à
Obra Divina. Assim estarão sendo diminuídos os infortúnios e, ao
mesmo tempo, aumentados os créditos no Céu.

3.4 - Dívidas cósmicas

Todos nós contraímos "dívidas", isto é, contrariamos as


Leis do Universo não somente nesta vida, mas também ao longo
de outras passadas. Além disso, temos nuvens herdadas dos
nossos ancestrais e repassadas de geração a geração num
processo cumulativo. Então, os sofrimentos que nos afligem no
dia-a-dia são para saldar essas dívidas uma a uma. Quando elas
não são pagas, os "juros" se acumulam. Portanto, precisamos
nos livrar delas o quanto antes.

Prestando serviços à causa de Deus e esforçando-nos no


sentido de fazer o melhor possível em nível de gratidão, numa
atitude de reconhecimento sincero por todas as bênçãos
recebidas, estaremos recorrendo a uma alternativa muito mais
suave e eficaz para a dissipação das nuvens acumuladas. Por
isso, é maravilhoso termos oportunidade de contribuir
financeiramente para a Obra Divina.

Agindo dessa forma, poderemos limpar as máculas e, ao


mesmo tempo, despertar a consciência, no sentido do
desenvolvimento de atitudes altruístas e de virtudes que

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Evangelho do Céu Vol. II

propiciem a concretização do Plano Divino, qual seja, a


construção do Reino do Céu na Terra.

Mesmo que se ganhe muito dinheiro, se for acumulado


com ganância, para nada servirá. Pior ainda, quando
desperdiçado em coisas supérfluas ou prazeres insalubres.
Causará males incontáveis e nenhum bem.

3.5 - Função do dinheiro

De um modo geral, não gosto de falar sobre dinheiro


porque as pessoas interpretam erroneamente o que ouvem.
Importa, contudo, conhecer a sua verdadeira função.

O dinheiro deve ser empregado sempre em causas


nobres; por isso é muito edificante fazer doações que se
convertam em recursos favoráveis à elevação espiritual e à
felicidade de todos os habitantes do Planeta. De outra parte, as
ofertas não só diminuem os sofrimentos do doador, mas também
aumentam os seus créditos cósmicos. Numa analogia simples,
podemos afirmar que gratidões feitas de coração à causa de
Deus são como depósitos num "Banco Divino".

Lembrem-se do que já lhes falei em outras ocasiões: Deus


jamais permitirá que uma oferenda sincera, feita em dinheiro, se
reverta para o doador em privações financeiras. Muito pelo
contrário. O valor ofertado retornará, no momento exato, do jeito
correto e na quantia certa. O mesmo se pode dizer do tempo e do
trabalho dedicados à Obra Divina. É assim que funciona a Lei de
Deus.

3.6 - Poupar doando

Conforme comprovam as experiências, oferecer dinheiro à


causa de Deus significa poupá-lo e tê-lo de volta multiplicado.

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Evangelho do Céu Vol. II

Freqüentemente fico sabendo que algumas filiais estão


enfrentando problemas de ordem econômica. Assim acontece
porque os seus membros não se dispõem a doar o suficiente.
Talvez tenham esquecido que Deus nunca permite a pessoas
dedicadas sofrimentos financeiros a ponto de ficarem na miséria.

É, portanto, de suma importância prestarmos bastante


atenção a esse ponto relativo a dádivas de gratidão, pois Deus
jamais abandona os servidores fiéis e sinceros. Caso contrário,
seria melhor não acreditar n'Ele.

3.7 - Vigilância no agradecer

Em última análise, vigilância no agradecer significa que a


manifestação de reconhecimento deve ser um ato contínuo.
Convém, pois, que a pessoa expresse a maior gratidão possível
de acordo com suas possibilidades, desde que o faça afetuosa e
lealmente. Caso seja, por exemplo, uma oferta em dinheiro, não
se deve perguntar se deu muito ou pouco. Interessa apenas que
esteja oferecendo o máximo e agradecendo do fundo do coração,
pois Deus sabe das condições de cada um e não exige sacrifícios
exorbitantes de ninguém.

Mais ainda: se quem foi salvo dedicar grande parte do seu


tempo ao bem de todos e colocar muitas outras pessoas no
caminho reto, agindo sempre de acordo com a justiça,
dificilmente sofrerá uma repurificação. Caso aconteça, será leve,
sem ameaças à vida.

3.8 - Importância do agradecimento

Quero, mais uma vez, acentuar a importância do ato de


gratidão que deve ser feito após o recebimento de graças. Esse
preceito nunca poderá ser esquecido. O erro está, portanto, em
negligenciar o agradecimento, uma vez conseguido o benefício

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Evangelho do Céu Vol. II

divino. Nesses casos, sim, haverá sempre um aviso do alto em


forma de repurificação.

Ainda devo chamar-lhes a atenção para um outro aspecto


fundamental. Ao prolongar a vida de uma pessoa que foi
desenganada, o objetivo de Deus é induzi-la a trabalhar na Obra
Divina.
Portanto, se todos aqueles que receberam a graça da cura
despertarem para essa verdade e a puserem em prática, viverão
cada vez mais felizes.

3.9 - Gratidão e ressentimento

Pode-se perceber, quando analisados com mais detalhes,


que todas as idéias e atos humanos pertencem ao Bem e ao Mal.
A espessura da aura, por exemplo, está relacionada à prática de
virtudes ou de erros. Quer dizer: quando alguém vive
corretamente de acordo com a vontade de Deus, sente no seu
interior a satisfação da consciência. Este soonen torna-se Luz
que faz aumentar a vibração da aura. Ao contrário, no caso do
Mal, criam-se nuvens que se acumulam no corpo espiritual e a
impedem de expandir-se.

Exteriormente também ocorre algo semelhante. A ajuda


aos outros transforma-se em Luz através do soonen de gratidão
de quem obteve o auxílio, e o benfeitor a recebe pelo fio
espiritual.

No caso, porém, de ressentimentos de qualquer natureza,


tais como ódios, invejas, ciúmes, essas vibrações negativas
geram nuvens, que são transmitidas à vítima desses sentimentos
maldosos, trazendo-lhe, em conseqüência, o aumento das
máculas. Por essa razão, cada pessoa deve deter-se apenas na
prática do Bem, procurando somente proporcionar alegria aos
outros, evitando assim receber de alguém um soonen gerado por
algum tipo de ofensa.

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4 - Discernimento entre Bem e Mal

4.1 - O papel do Bem e do Mal

Tendo por base o palco do teatro divino, pode-se entender


perfeitamente o papel do Bem e do Mal e saber também que
ambos foram estabelecidos de acordo com o Plano de Deus. É
um processo muito semelhante ao que ocorre no cinema ou
mesmo nas representações teatrais, em que a trama sempre se
organiza em torno dos bons sendo perseguidos pelos maus.
Então, olhando desse ângulo, o papel do Mal também se faz
necessário, pois, se houvesse apenas personagens bondosas,
não haveria drama9. Exatamente por essa razão, torna-se muito
difícil dizer que determinada pessoa, agindo de tal forma, seja má
ou esteja errada. Muitas vezes quem assim julga é que pode, na
verdade, estar cometendo grande falha, e o criticado como mau
pode ser bom do ponto de vista divino.

No Ofudesaki encontra-se também a mesma advertência:


"Quem se julga empenhado na Obra Divina, tendo certeza de
estar fazendo o melhor, na realidade, muitas vezes, só tem
praticado maldades. Por causa disso, o próprio Deus não sabe
como agir com essas pessoas".

Assim torna-se, pois, muito freqüente haver gente que


atrapalha o Plano de Deus, mesmo acreditando que se encontra
no caminho certo.

4.2 - Distinguir a verdade

Especialmente para os mamehito, constitui falta grave


determinar o Bem e o Mal. Na realidade, ninguém consegue fazer
tal distinção, além de ser muito perigoso opinar em assuntos que
só dizem respeito a Deus. Então, o importante é procurar

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A partir dessas constatações, dá para perceber a profundidade de tudo que Deus faz
dentro do Seu plano.

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Evangelho do Céu Vol. II

acumular virtudes, ajudando os outros. Dessa forma, estarão


colaborando com o Plano de Deus que visa à salvação de toda a
humanidade, num trabalho grandioso nunca antes havido na
História.

Há também no Ofudesaki referência a um exemplo muito


significativo, qual seja, quanto maior o recipiente, mais Luz terá
condições de captar. Semelhantemente, apenas os grandes
mamehito serão capazes de realizar o serviço divino. Precisam,
pois, todos tornar-se excelentes aparelhos para poderem
enxergar a verdade num sentido amplo, sem se incomodar com o
Bem ou o Mal do próximo. Deverão, portanto, permanecer acima,
transcendendo a qualquer espécie de julgamento.

4.3 - Vencer o Mal em si mesmo

Já escrevi anteriormente que é preciso não se deixar


derrotar pelos homens maus. Agora falarei sobre a necessidade
de vencer o Mal em si mesmo.

Sempre que há um desejo exagerado de dinheiro,


mulheres, poder, honrarias, ou qualquer outro apetite do ego
inferior, trava-se no interior de cada indivíduo uma batalha
acirrada entre a virtude e a vileza. Por um lado, o homem sabe
que, além de ser cauteloso para não sofrer conseqüências
desastrosas, deve proporcionar alegria e felicidade aos outros;
por outro, tem vontade de satisfazer tudo o que lhe apetece. Eis
aí a imagem exata do homo sapiens: um ser em luta contínua
entre duas forças opostas.

Quando o Mal triunfa, gera pecado e infelicidade; a vitória


do Bem traz satisfação e alegria. Esses conceitos são muito
claros; todavia quem não tem fé dificilmente consegue pô-los em
prática. Ao contrário, aquele que crê raras vezes se deixa vencer
pelos instintos malévolos, embora saiba tratar-se de uma luta
interminável.

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Evangelho do Céu Vol. II

Fica também muito evidente, a partir da constatação da


ocorrência de atos ilícitos, que instigar pessoas à prática de
maldades é função própria do espírito secundário, enquanto
induzir à virtude corresponde ao papel específico do Protetor.
Acima de ambos, contudo, paira a partícula divina que comanda
o Bem Absoluto.

Então, para derrotar radicalmente as perversidades,


precisa ser intensificado o poder do espírito primordial de cada
ser humano. Para tanto, todos devem aprimorar a sua fé,
tornando-a inabalável. Só dessa forma poderão alcançar a
verdadeira felicidade.

4.4 - Satisfação e insatisfação

De um modo geral, os seres humanos vivem procurando


alcançar um estado de plena satisfação, mas raras vezes o
conseguem. A causa principal desse fato está exatamente no tipo
de civilização existente no mundo, cujo progresso é impulsionado
por mentes insaciáveis. Trata-se de uma questão delicada e
deve, por isso, ser vista com bastante seriedade.

Diante de estados tão evidentes de insaciabilidade, pode-


se afirmar que, quanto maior a insatisfação, mais o homem
evoluirá, determinando transformações incontáveis na sua
maneira de viver. Por outro lado, o excesso de descontentamento
acarreta problemas, causa atritos entre as pessoas, chegando
até a destruí-las.

Também do ponto de vista individual, a insatisfação


excessiva é um perigo, pois, além de causar desarmonia familiar,
gera brigas, disputas, desespero e delinqüência. No campo
social, determina o aparecimento de grupos com ideologias
extremistas que podem dar margem a atos destrutivos, provocar
guerras, rebeliões e lutas entre compatriotas.

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Evangelho do Céu Vol. II

Assim, com base nesses fatos, torna-se muito difícil para o


homem determinar o melhor: viver tranqüilo, acomodado à
realidade vigente, ou buscar sempre algo novo, revolucionário?

Na verdade, é preciso estar, a todo momento, buscando o


equilíbrio: nunca inclinar-se para nenhum dos dois lados.

Se, contudo, cada um cultivar uma índole pura e viver com


bom senso nem tão inquieto, nem muito satisfeito, poderá
progredir constantemente, fazendo de sua existência um período
de grandes realizações em benefício da humanidade.

Em suma, o ponto focal dessa maneira de viver reside no


makoto, aquele sentimento de autenticidade, constância, amor e
pureza de princípios. Então, se todos permanecerem com a
mente aberta às mudanças, receptivos às inspirações divinas e
agindo honestamente, alcançarão a verdadeira felicidade e farão
um grande bem ao mundo inteiro.

4.5 - O destino humano

Desde a Antigüidade, o homem vem atribuindo ao destino


todos os seus males. E, por achá-lo imutável, conforma-se diante
da fatalidade.

Eu, porém, quero ensinar-lhes que cada pessoa é livre


para mudar a sua sorte. Na verdade, somos nós mesmos que
traçamos o nosso destino, de acordo com a nossa evolução
espiritual. Conforme o nível de aprimoramento pessoal,
conseguimos eliminar o pessimismo, dando lugar ao otimismo.

Muito natural também — exceção feita aos doentes


mentais — que todos desejem a felicidade e empreendam
incontáveis esforços para alcançá-la. No entanto, poucos
conseguem realmente atingi-la; se considerarmos a humanidade
inteira, acredito que nem um por cento vive em harmonia e paz.

92
Evangelho do Céu Vol. II

De fato, a maioria permanece desencorajada, perdida e acaba


partindo para o Mundo Espiritual sem ter encontrado o verdadeiro
caminho da felicidade.

Diante de tão lamentável perspectiva, qual deve ser a


atitude dos seres humanos? Em primeiro lugar, promover o bem,
pois "quem semeia virtudes, colhe virtudes"; "quem propaga o
Mal, recebe o Mal". As pessoas devem, portanto, parar de correr
atrás de seus próprios desejos e apetites. Ao contrário, precisam
praticar sempre boas ações, procurando não prejudicar os outros
nem fazê-los sofrer.

Torna-se, então, urgente que cada um busque a felicidade


de todos e deixe para sempre, e bem longe de si, o egoísmo.

Ser deveras feliz significa, portanto, pensar


altruisticamente no bem do próximo. Só é possível, contudo,
alcançar esse estado de bem-aventurança plena quando se
consegue viver de acordo com os princípios da verdadeira fé.

4.6 - Boatos

Um dia, um mamehito bastante qualificado me procurou,


dizendo que fulano andava espalhando boatos contra sicrano.
Tinha vindo até mim para esclarecer o mal-entendido. Respondi-
lhe que, naquele momento, estava empenhado na grande tarefa
de salvação da humanidade. Precisava, por isso, aproveitar ao
máximo o meu tempo. Pedi-lhe, então, que só me falasse de
problemas relacionados ao trabalho na Obra Divina. Ele ficou
muito assustado com a minha colocação, reverenciou-me e se
retirou imediatamente.

Ainda hoje continuam acontecendo comédias que não


provocam risos, semelhantes a essa que acabo de relatar.

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Evangelho do Céu Vol. II

Como dia a dia o fim do mundo fica mais próximo, Deus


quer salvar a maior parte da humanidade. Está, por isso, através
de mim, manifestando a sua grande misericórdia. Contudo,
enquanto as pessoas continuarem preocupadas apenas em
defender os seus interesses particulares, torna-se difícil saber o
que elas realmente pensam sobre a fé.

É também muito freqüente serem encontrados vários


mamehito agindo como esse que veio procurar-me. Tendo eu,
com apenas uma palavra, tocado no ponto vulnerável do
problema que o estava preocupando, pude alertá-lo. Na verdade,
quis lhe mostrar não só a preciosidade do meu tempo, mas
também o quanto desejaria que o dele fosse usado da melhor
maneira possível. Recomendei-lhe, por isso, que lesse os
Ensinamentos ao invés de ficar fazendo fofocas.

4.7 - Qualificação divina

Para adquirir qualificação divina, os homens devem vencer


o Mal que trazem dentro de si mesmos. Poucos têm, contudo,
essa capacidade, embora saibam que seus comportamentos
desrespeitam a Lei de Deus. Na realidade, falta-lhes o verdadeiro
poder para dominá-lo e também aquela coragem heróica, digna
virtude a ser, constantemente, cultivada.

Como sempre estou falando, à medida que se eleva, o ser


humano torna-se um deus. Dessa forma, saberá distinguir o Mal
e conseguirá dominá-lo de imediato, tornando-se assim possuidor
de um coração que jamais se deixará vencer pela perversidade.
Ao atingir, portanto, um alto nível de elevação espiritual, qualquer
pessoa já é um espírito divino dignamente qualificado. Usufruirá
também da maravilhosa e incomparável força espiritual, cuja
origem se encontra no poder de Kannon e com a qual poderá
vencer o negativo.

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Evangelho do Céu Vol. II

5 - Aceitação da vontade de Deus

5.1 - Entregar-se a Deus

Entregar-se a Deus não significa permanecermos


obsessivamente ligados à idéia de que, se colocarmos tudo nas
mãos de Deus, podemos ficar despreocupados, sem fazer a
nossa parte, achando que todos os nossos problemas serão
solucionados pelo Criador; nem, por outro lado, devemos
continuar presos à convicção de que o ser humano tem poder e
capacidade para resolver todas as situações conflitivas. Se
procedermos assim, com certeza, malograremos. O "Entregar-se
a Deus" quer dizer agir com sabedoria e prudência,
estabelecendo um processo harmonioso de equilíbrio entre aquilo
de que necessitamos e a vontade de Deus. Corresponde, pois, a
uma atitude semelhante à ação do Izunome: ao mesmo tempo,
vertical e horizontal, sem tender nem para um lado, nem para
outro.

Esta maneira de agir, colocando-nos nas mãos do Pai, diz


respeito a um assunto muito delicado, difícil de ser traduzido em
palavras. No Budismo, é tratado como myochi, ou seja, uma
sabedoria extremamente sutil.

5.2 - Postura inadequada

Muitas vezes, ao inclinarem-se unicamente para o Johrei,


as pessoas acabam esquecendo-se da presença de Deus,
transformando a canalização da Luz Divina apenas num ritual.

É freqüente acontecerem situações de simples aparato


com quem ministra Johrei, razão pela qual não se conseguem
obter resultados satisfatórios. Em tais circunstâncias, a atitude do
ministrante assemelha-se a de alguém que, em vez de
preocupar-se com a raiz de uma árvore onde está a origem de
toda a vitalidade da planta, passa a dar importância apenas aos

95
Evangelho do Céu Vol. II

galhos. Em outras palavras, quero dizer que o ministrante deve


ter sempre em mente que a Luz vem de Deus a quem deve,
portanto, estar ligado durante a canalização do Johrei. Dessa
forma, toda vez que for estabelecida uma perfeita sintonia com
Deus, a cura se processa sem grandes obstáculos.

Diante dessa evidência, convém pensar onde está a lógica


que corresponde à vontade divina. Assim, cada praticante do
Johrei vai agir com tranqüilidade e muita sabedoria.

5.3 - Equilíbrio entre vertical e horizontal

Na verdade, todos os nossos empreendimentos devem ser


colocados nas mãos de Deus. Há, porém, uma parte a ser feita
por nós.

De um modo geral, o ser humano tem a tendência de


inclinar-se para os extremos. Quando ouve dizer que precisa
entregar tudo a Deus, acha que ele mesmo não tem necessidade
de fazer nada. Apega-se apenas à parte vertical (de ligação com
o Alto) e não observa o horizontal, que é o esforço humano.

O entregar tudo a Deus deixa de ser um ato completo


quando falta a parte horizontal. Nesse caso, apenas um dos
requisitos foi preenchido. Existem, contudo, pessoas agindo de
maneira contrária. Não colocam nada nas mãos de Deus,
achando que podem resolver todos os problemas apenas com o
próprio esforço.

Dosar, então, adequadamente a parte horizontal (daijo) e


vertical (shojo) parece difícil, mas, de fato, indica o caminho mais
fácil que há. Quem sabe percorrê-lo na justa medida torna-se um
sábio. Tal atitude assemelha-se ao uso do tempero, cujo sabor
mais agradável não é nem o excessivamente salgado, nem o
muito doce. Pode ser comparada também à variação climática,

96
Evangelho do Céu Vol. II

em que a melhor temperatura sempre oscila entre frio e calor,


sem chegar a extremos.

5.4 - Hodo, o dourado caminho do meio

Quando se fala em seguir o caminho do meio, é normal


pensar num plano fixo, que seria o meio. Na verdade, essa
condição de imobilidade não existe. Há, sim, um movimento
constante, tendendo ora para a esquerda, ora para a direita.
Embora daijo seja melhor que shojo, permanecer parado apenas
num nível não basta. O ideal consiste em ficar oscilando no ponto
médio entre ambos os lados.
As pessoas, contudo, não gostam de variações. Preferem
fixar-se em determinada situação, porque, dessa forma, sentem-
se seguras. Algumas se resignam com tudo, conforme lhes
ensina a sua religião ou filosofia. Julgando-se satisfeitas, nunca
procuram progredir.

A insaciabilidade, entretanto, também se faz necessária


porque incita ao progresso. Quando, porém, em grau extremado,
produz violências e revoltas. É preciso, portanto, saber dosar, na
justa medida, satisfação e insatisfação. Ambas devem ser feitas
naturalmente para que a liberdade de movimento permaneça.
Além disso, essas ondulações entre momentos de deleite e
desprazer fazem parte da natureza humana, uma vez que
qualquer pessoa está sujeita tanto a ocorrências que lhe
proporcionam alegria, quanto aborrecimentos. Ambas são, por
isso, benéficas.

Cada um deve, pois, aceitar com naturalidade tanto os


episódios que o satisfazem quanto aqueles que lhe causam
aborrecimentos, sem fixar-se em nenhum deles. Dessa forma,
estará preparado para quaisquer tipos de ocorrências, sejam elas
boas ou más. Assim, o mundo nunca lhes parecerá negro: nem
haverá impedimento para que a alegria exista.

97
Evangelho do Céu Vol. II

5.5 - Izunome

Quando uma pessoa está doente e desenganada, e ela se


conforma, todos os bens materiais deixam de ter valor aos seus
olhos. Surgindo, contudo, alguma esperança de salvação, dispõe-
se a sacrificar toda a sua fortuna, para dedicar-se exclusivamente
a Deus, sem pensar em mais nada, em troca da própria
recuperação. Quando, porém, sente que a vida não corre mais
perigo, começa a fazer planos e a pensar no trabalho,
esquecendo-se da decisão anterior.

Esses dois sentimentos antagônicos são ambos autênticos


porque fazem parte da existência humana. É natural que, ao ter a
saúde recuperada, o homem sinta o desejo de voltar às
atividades normais; entretanto, se abandonar, em definitivo, a
determinação de dedicar-se totalmente a Deus, terá passado de
um extremo ao outro. Esse desequilíbrio lhe acarretará
problemas, pois o conduzirá de volta à situação anterior.

Quem se encontra, então, num estado em que tenha


necessidade de optar entre morrer e continuar vivendo, precisa
adotar uma justa medida: dedicar-se tanto ao seu trabalho quanto
a Deus. Essa postura de temperança é o izunome, o ponto
intermediário entre daijo e shojo, entre o horizontal e o vertical,
cujo verdadeiro sentido consiste em não se inclinar
excessivamente para nenhum dos dois lados, mas seguir o
caminho do meio.

6 - Oração

6.1 – Importância do guenrei

Guenrei é um vocábulo japonês composto de guen, que


significa “palavra”, e rei, “espírito”. Quer dizer, portanto, espírito
da palavra, cujo poder exerce uma enorme influência sobre as
orações em geral, pelo fato de os sons emitirem vibrações que

98
Evangelho do Céu Vol. II

determinam, de modo decisivo, a criação de um estado interior


positivo ou negativo. Daí a razão de as preces Amatsu Norito e
Zenguen Sanji, dotadas de sonoridade altamente pura, terem um
efeito extraordinário sobre as doenças e outros sofrimentos
humanos. Também aqui está a justificativa para o emprego de
tantos mantras nas orações orientais: são emissões sonoras com
grande poder para eliminar de um ambiente as energias
negativas, em conseqüência da pureza que deixam fluir.

6.2 – O guenrei das setenta e cinco vozes

Embora não seja perceptível ao ouvido humano, ressoa,


impregnando todo o Mundo Espiritual, o grande guenrei das
setenta e cinco vozes. Esses mesmos veementes sons, ao serem
emitidos pelos homens, também geram transformações
marcantes nos Planos Material e Espiritual. Eliminam máculas se
forem bem pronunciados; aumentam-nas quando mal expressos.
Então, para que o grande guenrei produza resultados positivos,
as setenta e cinco vozes deverão estar colocadas em harmoniosa
ordem. Caso contrário, ter-se-á apenas, como conseqüência, o
mau espírito da palavra.

Com base nas mudanças determinadas pelo guenrei das


setenta e cinco vozes, é importante saber o seguinte: termos que
expressam idéias de bondade têm uma vibração bela e pura.
Soam agradavelmente ao ouvido humano, traduzem verdade e
beleza e penetram na alma, onde se encontra a origem da
consciência humana. Conversas maldosas, contudo, não
conseguem ir além do nível mental, que recobre a partícula
divina.

Há, ainda, um outro ponto básico ao qual se deve dar


maior importância: a emissão de um guenrei harmonioso, bom e
belo, depende essencialmente da alma de cada pessoa. Quanto
mais pureza apresentar, maior será a manifestação do poder
inerente às palavras que forem pronunciadas.

99
Evangelho do Céu Vol. II

Portanto, mamehito e freqüentadores devem estar polindo


dia a dia as suas almas, para se tornarem possuidores de um
guenrei de alta vibração positiva.

6.3 - Força da palavra

Diz-se que o mundo onde as palavras agem constitui o


reino de guenrei.

Deus é, na verdade, o Grande Guenrei que movimenta o


Cosmos.

Conforme está na Bíblia foi também a partir da palavra que


o Supremo Criador estabeleceu a vida e o Universo: "No princípio
era o verbo e o verbo estava em Deus" (Gênesis).

Torna-se possível, então, concluir como são importantes


as palavras, pois, através delas, livremente criando ou
destruindo, tudo pode ser transformado em Bem ou Mal, céu ou
inferno, vida ou morte.

Os seres humanos têm, por conseguinte, ilimitada


responsabilidade nesse processo de transformação. Uma vez
que se comunicam pela palavra, vivem no mundo do guenrei;
devem, por isso, esforçar-se para emitir somente vibrações
positivas de bondade, amor, justiça, sabedoria e todos os demais
sentimentos nobres. Dessa forma, estarão concretizando, em
cada momento da vida, o eterno guenrei de Deus.

6.4 - Poder da oração

A oração Zenguen Sanji, cujo espírito da palavra é


extremamente perfeito, belo e poderoso, realiza uma intensa
purificação do ambiente onde está sendo feita. Debilita também o
espírito secundário e afasta entidades negativas que, de um

100
Evangelho do Céu Vol. II

modo geral, atormentam os seres humanos. Assim as nuvens da


mente se reduzem e os sofrimentos diminuem.

Poder semelhante tem a oração Amatsu Norito. Quando


harmoniosamente emitida, quer dizer, entoada com o som puro e
belo do kototama (essência verdadeira da palavra) penetra na
alma, desperta a consciência, purifica as máculas, levando a
pessoa a deleitar-se num estado de plena alegria e felicidade.

6.5 - Influência do mau guenrei

Aprofundando um pouco mais esta minha explicação e


para maior entendimento de todos, quero me deter num ponto
fundamental: o espírito secundário só exerce influência sobre o
domínio da mente. Então, quanto maior número de máculas
houver nesse nível, mais força de ação terá ele, o que representa
um grande perigo. Conseguindo bloquear a luz da alma, leva o
homem a comprazer-se na prática de atos malévolos. É por isso
que o som do mau guenrei traz muita satisfação ao espírito
secundário. Daí o cuidado que se deve ter para nunca emiti-lo,
bem como ficar atento à maneira pela qual são transmitidas
idéias ou impressões a respeito dos fatos.

Um bom diálogo, por conseguinte, ressoa agradável à


alma. Já conversas de teor negativo só poderão proporcionar
prazer a entidades cujo objetivo consiste em prejudicar o ser
humano. Normalmente para os bons, os assuntos de interesse
dos malfeitores geram uma sensação de desconforto. Para o
homem mau, todavia, ouvir comentários a respeito de ações
maldosas torna-se motivo de satisfação.

Todas as pessoas devem, então, preocupar-se


constantemente com a prática do bom guenrei que aumenta a
luz da alma, diminui as nuvens da mente, e faz com que as
maldades sejam abominadas.

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Evangelho do Céu Vol. II

6.6 - Maneira correta de orar

Também quando rezamos, devemos seguir a lógica divina.


Interessante observar que as religiões mais antigas não cultivam
a idéia da disponibilidade de Deus para ajudar o ser humano.
Tanto assim que normalmente quase todas as orações existentes
têm um caráter de lamentação, como se Deus estivesse fazendo
as pessoas sofrerem. Contudo, de acordo com o conceito
messiânico, Deus tem poder ilimitado e está livre para ajudar-nos
como e quando quiser, desde que estejamos agindo conforme a
Sua vontade.

Dias atrás, eu compus um salmo cujo conteúdo é uma


prece de lamentação, com o objetivo de mostrar um sinal da
religião shojo. Mesmo no Cristianismo, existem diversas orações
que têm esse tom choroso.

Muitas vezes ouço, nas praças públicas, pastores


pregando com voz lamuriosa. Isso acontece jorque, na verdade,
não estão recorrendo ao poder de Deus, mas simplesmente
colocando, em primeiro lugar, a força pessoal. Agir assim
constitui uma maneira infernal de procurar o caminho de Deus.
Religião celestial e verdadeira será somente aquela que buscar a
salvação através do riso e da alegria.

7 - Virtudes

7.1 - Alegria

Em muitas ramificações do Cristianismo, por exemplo, rir é


pecado. Por isso mesmo, algumas das suas cerimônias festivas
têm uma raiz fúnebre. Certa vez, assisti a um casamento cristão
e, após o ato religioso, ofereceram-me doces. Senti-me, então,
exatamente como se estivesse comparecido a um funeral dos
tempos antigos, onde também se ofereciam doces às pessoas
presentes.

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Evangelho do Céu Vol. II

Há algum tempo, quando eu escrevia sátiras para o nosso


jornal, formei um grupo de colaboradores, incentivando-os a
criarem composições que provocassem riso e premiava as
melhores. Certa vez, um cristão compareceu a uma dessas
reuniões. Tive, então, oportunidade de mostrar-lhe que eu
sempre estimulava as pessoas a se tornarem risonhas, enquanto,
para determinados adeptos do Cristianismo, rir é tido como
pecado. Dá, portanto, para perceber a existência de uma
diferença marcante entre aquilo que eu prego e certos pontos da
doutrina cristã, hoje espalhada por toda parte com essas idéias
errôneas. Talvez, por isso, o mundo se encontre agora num
estado tão infernal. É bem melhor, contudo, levar uma vida
austera dentro da igreja do que sofrer por causa dos malfeitores.

Deus, porém, não quer para os homens esses sacrifícios


impostos pelas religiões. Ele deseja um mundo pleno de alegria
para a humanidade viver feliz.

Muitas pessoas, entretanto, por nunca terem encontrado


Ensinamentos iguais aos da Messiânica, continuam interpretando
inadequadamente o que eu propago. Acham, por isso, errado ser
alegre. Na Era do Dia, porém, a humanidade vai viver num
mundo onde não haverá sofrimentos, mas somente alegria e
felicidade.

7.2 - Atitude sábia

Em Matsushima, encontra-se o Templo Budista Zuyguen,


em cuja origem há uma história significativa.

No século XVI, um jovem pertencente à classe dos


Samurais Ashigaru servia a um senhor feudal de nome Date. Seu
trabalho consistia em cuidar das sandálias do patrão.

Certo dia, como nevava muito e fazia um frio intenso, o


rapaz colocou-as dentro da dobra do seu kimono para aquecê-

103
Evangelho do Céu Vol. II

las, a fim de que seu amo, quando as usasse ao sair de casa,


não sentisse tanto frio.

Logo, porém, que o Sr. Date calçou as sandálias e as


sentiu aquecidas, ficou profundamente enraivecido. Chutando-as,
gritou, acusando o jovem de ter sentado em cima delas. Em
seguida demitiu o rapaz, o qual ficou atormentado com a
situação.

Sem possibilidades de encontrar um meio de provar a sua


inocência, decidiu-se pelo suicídio. Contudo, no momento em que
estava para cometer tal desvario, passou por perto um grande
sacerdote budista e lhe perguntou por que razão desejava
morrer. O rapaz, então, contou-lhe toda a história e justificou-se
afirmando que, com a morte, estava querendo comprovar a sua
honestidade. Tentando demovê-lo de atitude tão absurda, o
religioso disse-lhe que não valeria a pena fazer aquilo. Em vez de
suicidar-se, deveria tornar-se um grande homem. Assim estaria,
de fato, proporcionando ao seu malfeitor uma vingança maior.

O rapaz deixou-se convencer pela sabedoria do monge e


passou a ser discípulo desse valoroso mestre. Foi para a China,
aprimorou-se e adquiriu enorme prestígio em toda a região onde
passou a viver.

Após algum tempo, a fama daquele jovem chegou aos


ouvidos do seu antigo amo, que ficou também sabendo ser tão
ilustre personalidade oriunda de suas terras. Sentindo-se muito
honrado, recebeu-o como visitante, devotando-lhe profundo
carinho e respeito. Foi assim que o rapaz e seu colérico ex-patrão
se reencontraram.

Ao despedir-se, depois desse momento especial, o jovem


sacerdote ofertou ao seu anfitrião um par de sandálias como
lembrança. Muito intrigado, o Sr. Date perguntou-lhe qual o
significado daquele presente.

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Evangelho do Céu Vol. II

O sacerdote relembrou, então, ao amo a história da época


em que, ainda muito jovem, o servia cuidando de suas sandálias.
Comentou sobre o quanto se sentira infeliz e mortificado por não
poder provar a sua inocência. Prosseguindo, disse-lhe ainda que
esse acontecimento o fizera estudar, aperfeiçoar-se e adquirir a
notoriedade que estava usufruindo naquele estágio de sua vida.
Daí a razão de as sandálias representarem para ele um grande
tesouro e, por isso, as estava oferecendo ao seu antigo amo.

Ao ouvir esse relato, o senhor Date ficou muito


embaraçado, embora, ao mesmo tempo, feliz. E para reparar os
erros do passado, mandou construir e oferecer ao jovem
sacerdote um templo que recebeu o nome de Zuyguen.

Essa história foi contada porque encerra um ensinamento


muito precioso para todos nós. Se formos maltratados por
alguém, ou algum mal-entendido nos fizer sofrer, nunca devemos
impor qualquer forma de esclarecimento imediato, nem revidar a
quem nos ofendeu. O correto é esperarmos com paciência a
chegada do tempo certo. Nesse momento, a constatação clara
das situações outrora conflitantes será a vitória para todos
aqueles ao lado de quem está a razão.

7.3 - A melhor estratégia

Nunca se deve forçar o reconhecimento da verdade. No


instante oportuno, todos os incidentes constrangedores serão
esclarecidos naturalmente pela evidência dos fatos.

Pode também ilustrar o que lhes estou ensinando agora


um diálogo que mantive ontem (05 de junho de 1947), durante
uma reunião com algumas pessoas notórias. Entre os assuntos,
veio à baila a questão da Segunda Guerra Mundial. Tive então a
oportunidade de expor o meu ponto de vista sobre os motivos
pelos quais o Japão perdeu a guerra. Procurei mostrar que, de

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Evangelho do Céu Vol. II

modo geral, quando os seres humanos querem ganhar, sempre


acabam perdendo. Foi o que aconteceu com o Japão. Em vez de
recuar, o que seria a melhor estratégia naquele momento, fez
exatamente o contrário. Os soldados japoneses foram avançando
até não poderem mais. Por isso, não conseguiram sucesso.

Uma outra atitude ilustrativa pode ser a do general Mac


Arthur, quando lutava nas Filipinas e fugiu, escapando da morte.
Na época, eu disse a todos que ele era um grande homem por ter
abandonado a luta. Afirmei também que se tornaria um general
notável, o que, de fato, aconteceu posteriormente.

Diante de tais constatações, posso concluir alertando a


todos: não é bom para ninguém estar sempre conseguindo
vitórias forçadas. Vale mais, às vezes, uma derrota, uma fuga
para aguardar o tempo adequado. Mais tarde, com certeza,
chegará a hora da colheita dos verdadeiros louros dessa atitude
sensata.

A mesma regra se aplica também às pequeninas


realizações. Mesmo em relação a discórdias familiares, convém
perder às vezes. Na verdade, não se trata de uma derrota, mas
da espera do tempo adequado para que todos reconheçam com
quem estava, de fato, a razão. Nesse momento, o verdadeiro
vencedor aparecerá. Por outro lado, aquele primeiro impostor terá
condições e oportunidade de perceber o seu erro e até de pedir
desculpas.

Não existe, portanto, nada mais profundo do que aquela


verdade universal expressa na antiga máxima: "os últimos serão
os primeiros".

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Evangelho do Céu Vol. II

7.4 - Servir em segredo

Nos templos e santuários do Japão, comumente se


encontram escritos, num quadro afixado para que todos possam
ver, os nomes dos doadores e as quantias ofertadas. Tal atitude
corresponde ao yootoku (boas ações praticadas à vista de todos).

Quando atos de bondades são divulgados, a pessoa que


os praticou já recebeu as honras pelo trabalho realizado através
da satisfação do próprio ego. Ao contrário, sendo secretos, o
reconhecimento vem de Deus e, nestes casos, corresponde ao
intoku (virtude secreta), quer dizer, o bem realizado às
escondidas, sem que ninguém saiba.

Reside, pois, exatamente na prática secreta o valor das


boas ações, embora para muitos a satisfação esteja na
publicidade, o que constitui enorme engano. Quem age assim
está perdendo a oportunidade de receber de Deus a recompensa
multiplicada em forma de proteção e graças inúmeras.

7.5 - Um princípio de justiça

Qualquer pessoa que, devido à gravidade de uma doença,


já esteja à beira da morte, ao ser curada por Deus, deve, por um
princípio de justiça, manifestar agradecimento irrestrito pela graça
recebida. Se, contudo, passado algum tempo, esquecer a bênção
e voltar à vida anterior, limitando-se apenas a usufruir, não estará
sendo justa e, além disso, contrairá uma dívida de gratidão.

Para maior esclarecimento, vejamos um exemplo.


Suponhamos que o valor da vida seja dez. Se a retribuição for
igual, não haverá saldo algum a ser considerado. Caso seja
superior a dez, haverá um valor positivo que será multiplicado por
Deus através de proteção especial. Sendo, ao contrário, inferior,
permanecerá uma diferença negativa e, desse modo, existirá

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Evangelho do Céu Vol. II

uma dívida com o Criador, que precisará ser urgentemente


resgatada.

É necessário, pois, muito cuidado, porque os juros


crescerão e o saldo devedor aumentará. Sob esse aspecto, não
há diferença entre débitos materiais e espirituais. Daí o motivo de
o fórum divino emitir um aviso de cobrança, através de uma
repurificação, toda vez que a dívida ultrapassa certo limite. Se a
pessoa entender a mensagem, pedir desculpas do fundo do
coração e, ao mesmo tempo, acertar as suas contas, com
certeza, será salva.

7.6 - Justiça e repurificação

A ocorrência de purificações está ligada ao princípio da


justiça. Há, por exemplo, pacientes que, depois de terem sido
submetidos a todos os tipos de tratamento, alcançam a cura com
muita rapidez, por meio do Johrei. À vista disso, ingressam na fé
com grande entusiasmo. Alguns, porém, após certo tempo,
sofrem uma repurificação.

A causa de tal infortúnio reside exatamente no fato de não


terem agido de acordo com a justiça.

Na verdade, uma pessoa desenganada pelos médicos e


curada pela graça divina está recebendo de Deus a vida que não
mais lhe pertencia. Daí que toda a sua perseverança e dedicação
muito pouco representam como uma maneira de demonstrar
gratidão ao Criador.

E ainda mais: além de não agradecerem suficientemente


tamanho benefício, alguns se esquecem da graça recebida e
voltam a ter, perante a vida, a mesma atitude de descaso que
apresentavam antes de ingressar na fé. Esse procedimento não é
nada apreciável aos olhos de Deus. Por isso, as conseqüências
logo se fazem presentes. Assim, à medida que o corpo vai

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Evangelho do Céu Vol. II

adquirindo maior vitalidade, começam a surgir novas ações


purificadoras para eliminar toxinas acumuladas por longos anos.
A esse processo dá-se o nome de repurificação.

Muito cuidado, portanto, com as condutas referentes à


virtude da justiça.

7.7 - Honestidade

Certas pessoas reclamam por não desfrutarem da


confiança das demais. Atitude extremamente presunçosa! Na
verdade, o mal não está nos outros, mas em quem se julga
merecedor de crédito. Com certeza, algumas de suas ações não
são corretas. Os reclamantes devem, portanto, refletir para
encontrar os pontos em que estão agindo errado. A princípio,
parece uma atitude insignificante; trata-se, porém, de uma
questão muito importante à qual é preciso ficar atento.

Observem a freqüência com que muita gente, desejando


parecer simpática, procura ser amável, faz elogios sem conteúdo.
Não constitui, entretanto, um comportamento recomendável, pois
afeta a credibilidade. Quando alguém ouve um falso louvor, pode
pensar que se trata de algo verdadeiro porque, naquele instante,
não sabe o que se passa no coração de quem profere as
palavras de enaltecimento. Além disso, exaltar alguém
desonestamente gera sensações de afetação e pedantismo.

Quando, porém, há sinceridade, mesmo críticas ou


censuras são aceitas sem ressentimentos. Eu, por exemplo,
tenho agido com muito rigor em determinadas situações. Meu
sentimento, contudo, transmite profunda doçura. Falo, por isso,
com certo humor, de uma forma meio cômica, para despertar o
ouvinte e levá-lo à reflexão. Não é fácil, entretanto, colocar em
prática essa maneira de agir. O mais importante, porém, está em
criar no coração de quem ouve uma sensação agradável. A
maioria das pessoas, entretanto, em circunstâncias nas quais

109
Evangelho do Céu Vol. II

deve agir com certa rigidez, ao falar, transmite ofensas, gerando


assim um ambiente de constrangimento, situação de extrema
inconveniência.

Cada um de vocês deve, portanto, querer despertar


sempre emoções que causem deleite, mas sem artificialidade.
Sejam leais ao expor suas idéias, partindo de propósitos bem
conscientes.

Devo, ainda, acrescentar que sempre foi muito difícil para


mim tecer comentários a respeito de assuntos relacionados à
honestidade, porque tais observações assemelham-se a uma
espécie de sermão. Tenho, porém, sentido através de alguns
acontecimentos a necessidade de fazer, pelo menos uma vez,
referência a esse ponto tão delicado.

8 - Comportamento

8.1 - O homem primitivo

Primordialmente, o ser humano vivia nu, com o corpo


coberto de pêlos. Raras vezes, usava roupas tecidas de palha.
Alimentava-se de produtos pouco saborosos e, para sua
habitação, escavava buracos na terra. Dispunha de muita saúde
e força física. Não sentia indisposição alguma nem sofria. Levava
vida tranqüila.

Do ponto de vista de Deus, havia, contudo, necessidade


de que os homens perdessem essa vitalidade. Então, para
enfraquecer o corpo, o Criador fez com que sentissem
necessidade de tomar remédio. A partir desse momento, já não
conseguiam viver tão bem como antes. Precisavam usar mais a
cabeça para conseguirem encontrar novos meios de
sobrevivência. Assim foram desenvolvendo a inteligência e,
através dela, construíram casas para se protegerem das chuvas

110
Evangelho do Céu Vol. II

e dos ventos e também aprenderam a preparar alimentos mais


saborosos.

Além disso, ainda na era primitiva, os homens precisavam


lutar contra os animais ferozes e, para tanto, tiveram de inventar
recursos especiais. Após os haverem controlado, passaram a
combater-se uns aos outros. Através dessas divergências, os
homens foram desenvolvendo cada vez mais a sua inteligência,
pois tinham necessidade de estar constantemente buscando
meios de defesa, a cada dia, mais sofisticados.

Em última análise, então, as lutas representaram uma


forma de aprimoramento da inteligência.

8.2 - Enfraquecimento da vitalidade humana

Na verdade, quando Deus criou o homem, não o fez sábio


nem aprimorado. Deu-lhe apenas muita força física e uma
capacidade embrutecida. Por isso, para desenvolvê-la, precisou
de, até certo nível, enfraquecer-lhe a vitalidade e, para conseguir
esse objetivo, fê-lo pensar que remédio era bom. Ao mesmo
tempo, o Criador impediu que os seres humanos
compreendessem o verdadeiro significado da doença como ação
purificadora. Também nessa época, ocorreu a manifestação de
Kannon como Yakushi Nyorai, o grande conhecedor e divulgador
dos medicamentos.

Nos dias atuais, entretanto, Kannon fala que remédio é


veneno. Parece uma grande contradição, mas tudo está
relacionado ao tempo adequado, num processo bastante
semelhante ao que ocorre com o uso de roupas leves em
períodos de calor e mais pesadas, para aquecer o corpo, em
épocas de frio.

111
Evangelho do Céu Vol. II

8.3 - Mudanças necessárias

Até agora, Deus vinha incutindo, na mente humana, a


necessidade da guerra com o objetivo de desenvolver a cultura.
De outra parte, era incentivado o uso de remédios, como uma
forma de enfraquecimento da vitalidade. Tudo aconteceu
exatamente como a observação dos fatos atuais nos mostra. Se,
entretanto, essa maneira de viver continuar assim, vai ultrapassar
os limites. Daí estar sendo necessário brecar esse processo de
guerras e remédios. Para impedi-lo, a única maneira será o
entendimento da verdade que estou divulgando.

Deixou de haver, a partir de agora, portanto, motivos para


conflitos entre o Bem e o Mal, assim como justificativas para
aumentar a capacidade intelectual por meio de lutas. Não quero,
contudo, dizer com isso que o crescimento da inteligência deva
parar. Vai continuar, mas em outros moldes.

8.4 - Chegada do Mundo de Miroku

Quando for estabelecido o Mundo de Miroku, surgirão


muitas invenções e grandes descobertas serão feitas; bem
diferentes, porém, das até hoje conseguidas. A partir de agora,
não haverá mais razão para as guerras, nem a necessidade de
desenvolver a inteligência, tirando ou explorando, ao máximo, a
vida humana no menor tempo possível.

Com a chegada do Mundo de Miroku, vão aparecer


inventos úteis e dignos, capazes de trazer alegria ao ser humano,
fazendo-o viver tranqüilo e prolongando-lhe a vida por muitos e
muitos anos.

Falando assim, talvez seja difícil de acreditar, pois até


agora nada igual existiu na Terra. Dentro do Plano de Deus,
entretanto, tudo está bem claro. À medida que tais mudanças
forem ocorrendo, irei dando as explicações necessárias. O

112
Evangelho do Céu Vol. II

importante agora é anunciar a grande verdade ainda


desconhecida para o ser humano: o Evangelho do Céu do qual a
Bíblia também fala, ao recomendar que não fosse tocado no fruto
proibido. (Este, de fato, não é outro, senão o remédio. Ao prová-
lo, o primeiro homem despertou a sua inteligência e foi capaz de
tomar conhecimento do Bem e do Mal. A partir daí, iniciou a luta
pelo desenvolvimento cultural e pela conquista dos meios de
sobrevivência, batalha essa que chegou até os dias de hoje).

Também no Plano Espiritual estão acontecendo grandes


transformações que se refletem, pouco a pouco, no Mundo
Material. As mais visíveis aos olhos humanos dizem respeito ao
problema das doenças, que não só aumentam a cada dia, mas
também se transformam em novas modalidades causadoras de
enormes sofrimentos.

Por outro lado, entretanto, o Johrei continua cada vez mais


eficaz, trazendo, como resultado, curas rápidas. Tais efeitos
devem-se ao aumento de kasso (poder do fogo) no Mundo
Espiritual que, por sua vez, determina intensa aceleração das
purificações em todo o Planeta. Como conseqüência, os
ministrantes de Johrei vão ser mais procurados por quem está
precisando de ajuda.

Então, a partir do momento em que as mudanças forem


acontecendo com mais rapidez, vai ocorrer o contrário: antes
eram os messiânicos que aconselhavam as pessoas a receber
Johrei; agora são elas mesmas que começam a pedir socorro.

8.5 - Respeito aos semelhantes

Os dedicantes ocasionalmente me dão sugestões sobre o


que devo fazer. Sempre os ouço com atenção e, com freqüência,
sigo os seus conselhos. Nunca faço discriminações contra
ninguém, pois, muitas vezes, Deus revela a Sua vontade através
de uma pessoa bem simples.

113
Evangelho do Céu Vol. II

Mesmo sendo difícil transmitir em palavras, estou


querendo dizer que os caminhos de Deus são bastante
misteriosos e sutis; por isso, não convém refutar imediatamente o
que as pessoas dizem. Também não é bom insistir no seu ponto
de vista ou ainda censurá-las, conquanto se acredite ser mentira
o que dizem. A melhor conduta, em qualquer das situações,
consiste em permanecer imperturbável e com muita sinceridade
no coração.

Um exemplo vai ilustrar bem a minha explicação:


freqüentemente vêm a mim negociantes com imitações de obras
de arte na esperança de enganar-me. Mesmo assim, os escuto
com atenção, pois quase sempre encontro, misturado às suas
tagarelices, algo útil e elevado.

Existe também o pensamento de um antigo filósofo chinês


aconselhando a não subestimar as pessoas que nos falam. Na
verdade, ele está aconselhando a ouvir com mente aberta e não
descartar as idéias expressas por alguém antes de saber o que
realmente querem dizer.

Não se deve, então, julgar pelas aparências. Muitas vezes,


um simples camponês ou até mesmo um analfabeto nos
transmitem lições valiosas. Não raro, também crianças dizem
verdades extraordinárias e expressam idéias originais, pois falam
de forma direta, sem rodeios. São, segundo Bergson 10, altamente
intuitivas; por isso, muitas vezes, numa discussão entre mãe e
filho, percebe-se que a verdade está do lado da criança.

Agindo, então, de acordo com o princípio do respeito ao


semelhante, ninguém encontrará dificuldades de relacionamento.
A mesma norma precisa ser observada em relação ao Johrei. Se
a pessoa que o estiver recebendo for persuadida a não mais
aceitá-lo, o ministrante deve respeitar essa deliberação sem

10
Henri Louis Bergson, filósofo francês (1859 - 1941).

114
Evangelho do Céu Vol. II

interferir. Assim, estará demonstrando possuir certo grau de


sabedoria.

Pode-se, contudo, deixar bem claro que, de acordo com os


Ensinamentos, os remédios são anti-naturais e, por isso, se
possível, seria melhor evitá-los. A decisão final, porém, pertence
exclusivamente à própria pessoa, que tem inteira liberdade de
escolha sobre qual maneira proceder.

Se, após todas as colocações sobre a perniciosidade dos


medicamentos, confiar apenas no Johrei, entrou no caminho da
felicidade. Caso siga outros métodos, que, com certeza, trarão
resultados indesejáveis, não deve ser motivo de preocupação
para o ministrante de Johrei. O que nunca se pode é forçar
situações tentando convencer os outros.

8.6 - Postura "redonda"

A sinceridade e o amor presentes no coração, quando se


pratica Johrei, são as atitudes mais importantes. Agindo dessa
forma, a pessoa torna-se flexível e tem condições de alterar a
abordagem relativa a assuntos vitais conforme as circunstâncias.
Proceder dentro dessas normas é que significa ser "redondo".

Não convém, por isso, ter uma conduta preestabelecida ou


planos elaborados com antecedência, mas importa levar em
conta a situação presente. Estou querendo, com essa explicação,
alertar para a importância de considerar cada caso em particular.
De início pode parecer uma prática difícil, mas através dela é
possível polir o discernimento e disciplinar a mente.

Por outro lado, faz-se necessário ter bem clara a idéia de


que, algumas vezes, vale mais ser incompreendido ou mesmo
perder uma discussão. Constituem ambos os casos maneiras
especiais de aprimoramento tanto do caráter, quanto da
sabedoria.

115
Evangelho do Céu Vol. II

Ouvir, portanto, sem censuras o que as pessoas têm a


dizer é uma das formas de melhorar a personalidade. Além do
mais, qualquer humilhação, sendo apenas temporária e mental,
desaparece com o passar do tempo. Por sua vez, os que
tentaram enganar começam a descobrir a verdade e mudam de
atitude. Entendem a sinceridade do outro e passam a respeitá-lo.

8.7 - Manifestação da beleza no comportamento

Sempre vejo beleza, quando alguém trabalha com muita


sinceridade, com makoto. Ao contrário, nada de bom percebo nas
pessoas preguiçosas que colocam, em segundo ou terceiro
planos, os próprios afazeres.

A mim me parece muito bonita a mocinha cobradora de


ônibus no Japão. Encontro nela muito mais beleza que numa
outra de classe social de elite sentada despreocupadamente,
sem fazer coisa alguma, dando apenas a impressão de viver na
ociosidade. Além disso, pensando apenas em se divertir, não
leva nada a sério. Superficial na maneira de ser e agir, não é
capaz de perceber a maravilha de uma existência proveitosa.

Ainda, por outro lado, aquela cobradora de ônibus, que


despende grande esforço para sua manutenção e sobrevivência,
pauta a vida por princípios dignos e belos. Sinto, por isso, enorme
atração por ela. Já não ocorre o mesmo quando vejo aquelas
mocinhas que estão apenas sentadas como passageiras. Meu
coração palpita também pelas camponesas vestidas com
simplicidade que labutam nos campos. Devoto grande amor a
todas essas pessoas que, dia a dia, lutam honestamente por
algum ideal nobre. Ao contrário, causa-me grande mal-estar ver
alguém andando pelo Guinza (localidade do centro de Tóquio) ou
se preocupando somente com as constantes idas a manicures.
Nesses dois comportamentos diferentes, está a oposição de
atitudes entre "espírito que precede matéria" e "matéria que
precede espírito".

116
Evangelho do Céu Vol. II

8.8 - Vida de isolamento

Ministro — Mora em Kyoto um pintor solitário; não tem


discípulos nem mestre. Vive na pobreza e está muito satisfeito
com a situação dele neste mundo. Olhando do ponto de vista
social, o que o senhor pensaria de pessoas como ele?

Meishu Sama — Existindo poucas nessas condições, não


é mau. Do mesmo modo, se houvesse apenas gente versátil, isto
é, que se adapta facilmente aos costumes sociais, também não
seria bom. Há, por exemplo, mulheres que, mesmo tendo
capacidade de gerar filhos, namorar, casar, vão para o convento.
Não considero ruim essa atitude, desde que não seja comum a
todas elas. No caso daquelas que procuram a reclusão, no geral,
não suportam viver em sociedade ou, em vidas anteriores,
cometeram o pecado de fazer os outros se tornarem solitários.
Buscaram, por isso, agora, o isolamento, onde conseguem viver
mais tranqüilas, tendo inclusive condições de resgatar os males
que causaram aos semelhantes em encarnações passadas.

Embora o pintor a quem você se referiu não esteja se


realizando no verdadeiro sentido, a existência de poucas pessoas
com essa opção de vida não constitui um mal.

Por outro lado, é bom notar que esse pintor não deve ser
um grande profissional. Se o fosse, produziria excelentes obras e
ninguém o deixaria nessa situação.

Um romance intitulado Pedrinhas Insignificantes à Beira do


Caminho pode ilustrar esses tipos de conduta às quais me estou
referindo. O título nos leva a imaginar que tais "pedrinhas", à
primeira vista, não têm função alguma; apenas rolam ao léu; são,
contudo, muito necessárias. Quando reunidas, se transformam no
útil cascalho usado nas construções e no asfaltamento de
estradas, por exemplo. O mesmo se pode dizer das flores e

117
Evangelho do Céu Vol. II

plantas. Muitas delas parecem não servir para nada, mas, secas,
tornam-se excelentes materiais para manter a umidade do solo.

Da mesma forma, o ser humano tem a sua função


específica. Ainda que aparentemente não haja necessidade de
sua existência, cada uma das pessoas exerce um papel
importante. Vejam, pois, a perfeição divina em cada elemento da
criação. Tudo muito bem feito!

8.9 - Conduta humana

Algo parecido com a postura alimentar ocorre também na


reprodução dos seres humanos. Muitos dos relacionamentos
estão hoje fundamentados apenas na satisfação de apetites
inferiores. Não correspondem a um sentimento de amor profundo
o qual, em conseqüência, traria o filho, como algo mais ou menos
inesperado, fruto, porém, de uma união, com base em afeições
verdadeiras.
São, por isso, tanto o processo alimentar, quanto o
amoroso, analisados a partir da lógica divina, extremamente
misteriosos.

9 - Soonen

9.1 - O que é?

Palavra japonesa composta de soo (=idéia) e nen (desejo).


Significa, portanto, um pensamento associado à vontade, ao
amor, formando, no conjunto, um sentimento único que gera uma
força extraordinária, capaz de resolver qualquer problema.

9.2 - Importância

Dificilmente falo sobre a importância do soonen no dia-a-


dia porque tal maneira de agir, em geral, cria um efeito contrário,
quer dizer, coloca obstáculos à compreensão. Explicando melhor,

118
Evangelho do Céu Vol. II

quero dizer que tentar defini-lo conduz à idéia do estabelecimento


de regras, restringindo assim o seu verdadeiro sentido. Na
realidade, o soonen é um sentimento espontâneo, que brota no
fundo do coração de cada ser humano, resultante da associação
entre amor, vontade, disponibilidade e desejo sinceros.
Tomemos, como exemplo, o ato de gratidão. Há pessoas que
agradecem tendo plena consciência desse sentimento e o
expressam com naturalidade, levadas pelo ardente anelo de
querer fazê-lo. Outros, ao contrário, pouco se preocupam com o
reconhecimento dos favores recebidos e, às vezes, não vão além
de uma atitude formal.

Para que o soonen seja, portanto, verdadeiro, não pode


haver regras nem imposições. Precisa ser uma ação
genuinamente espontânea que surge do interior de cada pessoa,
levando-a a sentir-se desejosa de querer cultivá-lo cada vez com
maior intensidade por achar insuficiente aquilo que faz. Quem
age assim está cultivando o sentimento daijo e expressando um
soonen autêntico e poderoso.

Não é bom, portanto, falar constantemente a respeito de


tão valiosa prática, para evitar a idéia de algo imposto como um
mandamento. Não estou, contudo, querendo dizer que seja
desnecessário explicar o seu significado, mas, para que a
explanação se torne eficaz, deve depender da oportunidade e
das perguntas feitas pelos interessados nesse assunto. Daí a
razão de eu, normalmente, abster-me de falar sobre o soonen, a
não ser em momentos como este em que ocorreu uma dúvida e
alguém quis esclarecê-la.

Fiquem, pois, cientes de que a fé imposta é temporária,


mas aquela praticada com sentimento de profunda gratidão,
espontânea, nascida de um "querer fazer" do fundo do coração,
permanece para sempre.

119
Evangelho do Céu Vol. II

9.3 - Expansão

A cada momento, o soonen varia de extensão, tornando-se


ora grande, ora pequeno, embora na sua origem seja infinito
dentro do coração.

Para se ter uma idéia da amplidão de tão valioso


sentimento, basta imaginar o tamanho do Universo que, de fato,
corresponde a uma realidade sem limites; ou ainda, supor a
distância incomensurável percorrida pela luz das estrelas até
atingir a Terra. Assim dá para avaliar a capacidade de expansão
do soonen. Da mesma forma, quando interpretado no sentido do
microcosmos, passa a ser infinitamente pequeno. Há, pois,
inúmeras possibilidades de variação na sua intensidade,
dependendo da grandeza ou pequenez do pensamento. De
acordo com essas constatações, qualquer pessoa pode mudar,
de repente, até mesmo sem perceber, de um soonen amplo para
um restrito ou vice-versa. Eu, por exemplo, quando criança, não
imaginava que ia realizar tão grandioso trabalho para salvar o
mundo. Após tantas experiências milagrosas, porém, meu
pensamento mudou, ampliou-se.

Não existe, portanto, soonen definido. Hoje alguém que o


tenha preto, amanhã, poderá torná-lo branco; ou, ao contrário,
alguns minutos atrás, estava claro e, agora, ficou nublado. Para
que tais variações ocorram, basta, por exemplo, substituir o
pensamento de praticar o Bem pela idéia oposta segundo a qual
servir ao próximo não passa de mera bobagem. Nessas
circunstâncias, o soonen, que antes brilhava límpido, de repente,
fica escuro.

Concluindo: para conseguir o aprimoramento espiritual que


mantenha o soonen em alto grau de extensão, cada pessoa deve
apoiar-se numa fé inabalável.

120
Evangelho do Céu Vol. II

9.4 - Soonen e comunicação

Chegará logo o tempo em que a comunicação se dará, na


maioria das vezes, através do soonen, como se fosse uma
radiotelefonia, mas sem usar aparelho algum. Por exemplo,
escrevendo-se as letras no ar, mesmo quem estiver longe, será
capaz de captar e entender a mensagem. Não importa também a
distância. Mil ou dezenas de milhares de quilômetros poderão ser
ultrapassados facilmente. Até conversas normais atingirão os
mais longínquos lugares, como se os interlocutores estivessem
presentes.

Comigo acontece de receber, com frequência, a visita de


pessoas que não via há tempo, um dia após ter pensado nelas.
Da mesma forma, se tenho necessidade de alguém para
concretizar meu trabalho, aparece, de uma hora para outra, sem
que eu precise chamar materialmente.

9.5 - Soonen e Johrei

Durante a canalização do Johrei, o ponto mais importante


reside no soonen presente no coração do ministrante 11. Assim,
pois, quando alguém ingressa na fé, tendo compreensão perfeita
dos Ensinamentos, é maravilhoso. Qualquer mamehito, estando
imbuído dessa sinceridade, sente o desejo de salvar o maior
número possível de pessoas que sofrem vitimadas por doenças
de toda espécie. Quem cultiva, portanto, dia a dia esse
sentimento de amor e dedicação, consegue curar com muita
facilidade.

11
Johrei com soonen correto - Após Meishu Sama ter entrado na fase final de purificação,
antes de Sua partida para o Mundo Divino, um dedicante ouviu d'Ele, repetidas vezes, que,
a partir daquele momento, a Luz de Deus só atuaria através do soonen perfeito do
ministrante. Deveriam, pois, todos os membros dar destaque muito especial a esse princípio.
Daí a necessidade de conservarem firmemente, no coração, o pensamento do amor ao
próximo, associado à vontade firme de querer-lhe o bem, para que pudessem cultivar um
sentimento único, gerador de extraordinária força, capaz de resolver, através do Johrei,
qualquer problema.

121
Evangelho do Céu Vol. II

Se, ao contrário, o mamehito fica satisfeito e se preocupa


apenas com o seu próprio bem-estar, chegando mesmo a sentir-
se feliz por estar recebendo graças que lhe permitem viver com
tranqüilidade, nunca vai canalizar um Johrei poderoso; por isso,
dificilmente ocorrerão curas.

Quem tem, portanto, bastante makoto não consegue ficar


indiferente ao sofrimento das pessoas. Quer, na verdade, salvar
todas elas sem restrição alguma. Tal maneira de agir constitui
uma das mais nobres virtudes nascidas no âmago do coração
humano.

Outra questão fundamental à qual se deve ficar atento é a


seguinte: quando alguém ministra Johrei pensando que, ao
ajudar este ou aquele, poderá receber bastante dinheiro, obter
sucesso próprio ou adquirir poder e fama, com certeza, o
resultado será péssimo, embora aparentemente se tenha a
impressão de que houve a cura.

Tenham, por conseguinte, muita consciência de que tudo


acontece conforme o soonen do ministrante. Quem age de
acordo com a vontade de Deus tem sempre muita proteção e
enorme força.

Ainda lhes quero lembrar mais uma vez que eficácia na


canalização do Johrei depende em grande parte do coração de
quem o aplica. Muitas vezes, mesmo que o ministrante tenha
atingido a raiz através do fio espiritual, podem ocorrer
modificações ao atravessar-lhe o corpo. Acontece um processo
mais ou menos semelhante ao da água pura que, ao passar num
cano sujo, fica contaminada. Quando, porém, percorre um
caminho limpo, conserva a sua pureza.

122
Evangelho do Céu Vol. II

9.6 - Soonen e makoto

Muita gente diz que não consegue expressar-se bem.


Afirmativa errada, porque, mesmo demonstrando excelente
capacidade de comunicação, nem todos tocam o coração dos
outros.

Como sempre digo, a comoção que atinge a alma dos


ouvintes vem do makoto presente no interior de quem emite uma
mensagem, seja ela de qualquer natureza. A maneira de falar
bem ou mal exerce, por conseguinte, um papel secundário. Na
verdade, o que sensibiliza e mexe com o sentimento das pessoas
é o fervor do makoto.

Não pensem, contudo, ser desnecessária a compreensão


exata dos Ensinamentos. Para que os outros resolvam
suficientemente as suas dúvidas, precisa haver, da parte de
quem as explica, abundância de conhecimento religioso.
Somente assim poderá surgir, no coração do ouvinte, a idéia de
que a Messiânica constitui um caminho maravilhoso e
incontestável. Como conseqüência dessa maneira de colocar a
verdade, a pessoa, por si mesma, decide ingressar na fé.

É de suma importância, portanto, que cada mamehito


esteja constantemente aperfeiçoando a própria sabedoria. Para
tanto, faz-se necessário ler, o máximo possível de vezes, os
Ensinamentos. Assim, na hora em que receber perguntas, terá
condições de dar uma explicação clara e objetiva. Se, ao
contrário, o mamehito não tiver plena segurança no
conhecimento daquilo que lhe está sendo perguntado, com
certeza, o ouvinte ficará insatisfeito com a explanação. Por
conseguinte, mesmo em se tratando de questões difíceis, há
necessidade de respostas corretas e bem esclarecedoras a fim
de não permanecerem dúvidas de natureza alguma.

123
Evangelho do Céu Vol. II

Outro ponto importante para o qual lhes quero chamar a


atenção diz respeito ao fato de muita gente dar informações
falsas por não conhecer com segurança o assunto, de modo
especial, quando o inquiridor ataca em cheio o nervo da questão.
Nesses casos, é muito comum ocorrer uma situação de
desespero e, então, a pessoa a quem foi colocado o problema
tenta fugir, naquele momento, da situação, através de respostas
mentirosas nas quais nem ela mesma acredita. Atitude
muitíssimo errada! Deus não perdoa a ninguém que tenha
cometido semelhante erro. Se ocorrerem casos como esse, deve-
se dizer, com toda a honestidade, que não sabe.

Mentir, além de ser a pior solução, gera um efeito


contrário, pois conduz ao descrédito.Tenham, portanto, sempre
em mente que, quando se fala a verdade, um sentimento de
confiança invade o coração do ouvinte juntamente com a idéia de
que ninguém sabe tudo. De fato, mesmo as pessoas mais ilustres
desconhecem alguns assuntos. Não há, por isso, motivo para
sentirem-se envergonhados.

9.7 - Soonen negativo

Uma alma elevada jamais cultivará soonen negativo.


Preocupar-se com ele, querendo eliminá-lo, significa admitir que
o possui; se não o tivesse, nunca pensaria em extingui-lo. Assim,
pois, inquietações desse tipo indicam insuficiência de elevação
da alma e ausência de virtudes.

Só é verdadeiro, portanto, o soonen das pessoas que não


têm nenhum interesse em excluí-lo por julgá-lo proibitivo.

9.8 - Soonen e apego

Uma das formas de preocupação consiste em querer


salvar de qualquer jeito. Esse modo de proceder põe em
evidência somente o trabalho humano. Então, ao canalizar

124
Evangelho do Céu Vol. II

Johrei, não se deve desejar o restabelecimento de alguém, mas


apenas entregá-lo a Deus. Dessa forma, o ministrante estará
agindo de maneira a eliminar o apego através do qual o seu
próprio soonen interfere na ação do poder de Deus, impedindo-o
de se manifestar. Por exemplo, costuma ocorrer, com muita
freqüência, a morte de um enfermo, quando se deseja
obsessivamente a sua recuperação, mesmo que seja através da
força mental. Se, contudo, o problema da enfermidade for
colocado nas mãos de Deus e houver resignação, na maioria das
vezes, acontece a cura.

9.9 - Soonen e tranqüilidade

Um ponto interessante está relacionado ao fato de muitas


recuperações ocorrerem depois de os pacientes se terem
submetido à divina vontade, após serem alertados a respeito da
precariedade de sua saúde e das poucas chances de
sobrevivência.

Não é fácil, entretanto, entregar tudo ao Pai Criador. Quem


conseguir, todavia, tomar conscientemente essa atitude,
enfrentará, com facilidade, qualquer situação de conflito.

Mesmo para mim, sempre surgem situações complexas de


difícil solução,como, por exemplo, casos em que só posso apoiar
um dos lados. De imediato, coloco a resolução desse impasse
nas Mãos Supremas e tudo se esclarece de uma forma melhor do
que a esperada.

Também se ouve falar com freqüncia que a maneira de


resolver problemas entregando-os a Deus é o grande caminho do
Kaminagara (vontade Divina). Excelente expressão, além de
muito harmoniosa!

Ministro — Após ouvir esse Ensinamento, já me sinto mais


tranqüilo.

125
Evangelho do Céu Vol. II

Meishu Sama — Isso mesmo!! O seu espírito adquiriu um


pouco de serenidade.

9.10 - Soonen e bom senso

Muitas das adversidades que afetam o ser humano estão


relacionadas a questões monetárias. Quando, então, alguém
precisa muito de dinheiro e, por isso, o deseja ardentemente, não
consegue obtê-lo; mas, se não dá tanta importância a essa
necessidade, o dinheiro entra com abundância.

Ocorrem também transtornos semelhantes aos da


problemática econômica nas demais questões existenciais. De
um modo geral, o ser humano não as consegue resolver devido à
excessiva confiança depositada na própria capacidade. Acha
simplesmente que ele mesmo tem condições de solucionar tudo.
Foi, por exemplo, a atitude dos japoneses na Segunda Guerra
Mundial. Planejaram uma forma maciça de ataque para atingir, de
uma só vez, todos os pontos estratégicos. Não deu certo, pois
confiaram apenas na habilidade que julgavam possuir.

9.11 - Soonen e poder divino

Ministro — Antes eu pensava ter alguma força. Vivia,


porém, aflito e, na maioria das vezes, malograva. A partir do
momento em que recebi a Sua orientação, já comecei a me sentir
aliviado. Creio que agora tudo vai dar certo.

Meishu Sama — Alivia, sim. Você não pode, contudo, ter a


pretensão de achar que, por se ter colocado na dependência de
Deus, não precisa fazer mais nada. Nessas condições, você se
tornaria um preguiçoso.

Tenha, portanto, bem claro em sua cabeça que só é


correto entregar-se a Deus depois de ter feito tudo o que estiver

126
Evangelho do Céu Vol. II

ao seu alcance. A partir daí, você pode esperar tranqüilamente a


ordem do Céu.

Ainda outro ponto importante: depende também do Deus a


quem você se entrega. Se for uma divindade sem força
suficiente, não vai adiantar nada. Considere, então, que o Deus
cultuado na Messiânica tem poder absoluto.

Ministro — É o que acontece comigo quando vou realizar


algum trabalho. Se me entrego ao Senhor, pedindo-Lhe que aja
através de mim, sinto muita segurança.

Meishu Sama — Realmente, entregar-se ao supremo


poder divino constitui a atitude mais certa. Ficar, porém, achando
que todas as ações realizadas correspondem à vontade de Deus
está também incorreto. Essa maneira de pensar conduz ao
malogro. É exatamente nesta hora que entra a sabedoria.

Em síntese, não se pode inclinar só para um ado, mas,


sem apego ao poder humano, deve-se estabelecer uma ligação
harmoniosa entre todos os seres. Essa maneira de agir
representa a atitude Izunome que não tende nem para a
verticalidade, nem para a horizontalidade, sendo, ao mesmo
tempo, vertical e horizontal. Aqui, neste ponto, se encontra a
chave do segredo que vai além da palavra e, por isso, impossível
de ser expresso. Daí ser denominado myochi — sabedoria
misteriosa.

9.12 - Espontaneidade

Vocês devem lembrar sempre que pensamentos bons


surgem espontaneamente; em situação alguma, podem ser
forçados.

127
Evangelho do Céu Vol. II

Às vezes, ouço dizer que pessoas se reúnem durante


horas para tratar de assuntos de interesse geral e não
conseguem encontrar boas idéias.

Certa vez, um dirigente me disse ter discutido um


problema da Igreja durante três ou quatro horas. Então lhe
expliquei que isso não está certo. O máximo seriam trinta minutos
ou uma hora. Se durante esse tempo não conseguirem elaborar
planos eficientes, o procedimento mais correto consiste em
abandonar a discussão, porque a "idéia melhor" é uma só. Não
existem três ou quatro. Não adianta, por isso, perder tempo
procurando a "solução única". Ela surgirá no momento exato.

Se vocês observarem bem atentamente, notarão que as


reuniões dos deputados no Congresso duram muitas horas e eles
não conseguem chegar a um resultado satisfatório. Assim
acontece porque os homens em geral têm a cabeça cheia de
nuvens, criadas pelas toxinas dos muitos remédios que tomaram.

Também dentre os debates para tratar de questões do


interesse coletivo, os que mais despertam curiosidade são os
realizados nas rádios, onde se reúnem políticos ilustres. Ali se
discutem diversos assuntos. Cada participante apresenta suas
razões e defende as próprias idéias, tendo a convicção de serem
corretas. Ao final da reunião, porém, comparando-se as diversas
opiniões, é possível descobrir qual era a mais certa, o que, na
verdade, nunca acontece durante a realização desses encontros.

No decorrer das discussões, o clima assemelha-se ao de


uma briga em que cada qual defende ardorosamente a sua
opinião, julgando ser a única verdadeira. Se essas altercações
fossem transmitidas pela televisão, com certeza, seriam vistas
cenas de tumulto. Através do rádio, contudo, ouvem-se apenas
trocas de insultos, tal o teor agressivo das palavras usadas.
Diante desse comportamento, torna-se difícil elogiar a cabeça
dos políticos atuais, que ficam perdendo tempo, fazendo um

128
Evangelho do Céu Vol. II

esforço desnecessário e prolongando inutilmente o período de


funcionamento do Congresso.

Muito me admira como os deputados têm tanto tempo a


perder. Penso mesmo que eles gostam dessas contendas
intermináveis; não imaginam que, agindo assim, estão
prejudicando o povo. Por isso, é muito importante, nos dias de
hoje, cada um se preocupar um pouco mais com o
aprimoramento de sua maneira de pensar.

Também pela mesma razão, eu acho que o intelecto dos


políticos da Era Meiji (1868 -1912) estava melhor, pois, naquela
época, as pessoas tinham, em geral, bastante makoto e,
conseqüentemente, idéias mais puras, mais corretas, mais
espontâneas.

9.13 - Aprimoramento das opiniões

Tudo que vem de pensamento impuro é muito esquisito.


Deste ponto de vista, pode-se observar como procedem os
integrantes do Partido Comunista. Quando se referem ao país, à
sociedade ou à felicidade do povo, parecem estar se dedicando
de corpo e alma a uma causa nobre, pois emitem inúmeras
opiniões que mexem com o sentimento humano. Suas palavras,
entretanto, não contêm makoto; visam apenas aos próprios
interesses; por isso, não convencem quem os está ouvindo.

Em síntese, o que acabei de falar serviu para mostrar ao


ser humano como é importante melhorar o intelecto, ou seja,
preocupar-se com o aprimoramento da cabeça, das idéias para,
como conseqüência, adquirir sabedoria.

Portanto, concluindo, torno a repetir: a fim de obtermos um


alto nível de tieshokaku, temos de aperfeiçoar a nossa
capacidade de compreensão, mudando e melhorando a maneira

129
Evangelho do Céu Vol. II

de pensar. Em outras palavras, precisamos associá-la a uma


vontade firme que nos leve a desejar sempre o bem de todos.

9.14 - Reino do Céu no coração

O Reino do Céu deve ser criado primeiramente no interior


de cada coração humano. Uma vez aí estabelecido, estender-se-
á sobre a família e as demais circunstâncias da vida. Então, se
cada pessoa estiver imbuída desse estado de bem-aventurança,
o país e o mundo serão transformados num ambiente de
verdadeira felicidade.

9.15 - Personalidade do Imperador Godaigo do ponto de vista


espiritual

Ministro — O Senhor já falou sobre o Imperador Godaigo.


Eu imaginava que ele não fosse um homem de fé, porque usou,
para formar o seu governo, um poder militar constituído por um
exército de monges. Meu pensamento está errado?

Meishu Sama — Sim, está. O imperador Godaigo sempre


foi um discípulo verdadeiro de Daitoo Kokushi, mestre do Zen-
budismo.

Ministro — Dizem que ele fez o filho tornar-se monge, a fim


de poder tomar parte no exército que lutou contra seu inimigo
Hojo Shi.

Meishu Sama — Isso talvez possa ser verdade. A meu ver,


porém, o que realmente aconteceu foi de alguns de seus
subordinados terem-se tornado monges com o intuito de lhe
prestarem colaboração.

Há algum tempo, quando visitei o Templo Daitoku, tive a


oportunidade de ficar sabendo que o imperador Godaigo era, de
verdade, um fiel seguidor do mestre Daitoo Kokushi, tendo,

130
Evangelho do Céu Vol. II

inclusive, colaborado grandemente para a construção desse


templo.

Aconteceu, porém, de, mais tarde, Godaigo, mesmo sem o


perceber, ter-se inclinado para o Bramanismo, cujo pensamento é
essencialmente materialista. Na realidade, ocorreu o seguinte:
Godaigo achava que podia seguir o mestre Daitoo e, ao mesmo
tempo, ser imperador.

Nesse comportamento bilateral, residia, de fato, a intenção


de Godaigo, qual seja, atingir objetivos políticos
concomitantemente com a propagação da fé. Trata-se, porém, de
um ponto muito delicado e difícil de ser compreendido.

Embora Godaigo espiritualmente já estivesse seguindo o


Bramanismo, não é certo querer dedicar-se à salvação através da
fé e, ao mesmo tempo, tentar realizações ligadas a questões
laicas. Existe nessa postura enorme contradição.

9.16 - Intenção verdadeira

Ouve-se, com freqüência, dizer que os americanos para


dominar o Japão usaram, como estratégia, o Cristianismo, o que
não é verdade. Pode até ter acontecido de alguns políticos
haverem-se aproveitado da situação, mas a religião cristã em si
não tinha esse objetivo. Os padres divulgavam a doutrina
acreditando estarem apenas salvando por meio da fé que
professavam.

Um fato semelhante ocorreu em relação ao Shintoísmo


que, durante a guerra, foi usado pelos militares como uma forma
de justificar a invasão a outros países. Embora os sacerdotes
fossem pressionados a ajudá-los, não tinham o intento de adotar
conscientemente essa maneira de agir.

131
Evangelho do Céu Vol. II

A intenção verdadeira constitui, por conseguinte, um


princípio fundamental de sabedoria a ser seguido durante a
realização de qualquer empreendimento.

9.17 - Poder de Deus e pensamento humano

Ministro — Gostaria de sua orientação sobre a diferença


entre o poder de Deus e o pensamento do homem.

Meishu Sama — Na verdade, é um assunto muito


importante. Quando eu falo que, ao ministrar Johrei, deve-se tirar
toda a força pessoal, essa mesma lógica se aplica também às
demais realizações.

Explicando de um modo mais fácil, significa que, se você


deseja atrair para o seu lado algo que muito quer, nem sempre
consegue. Ou seja: quando se pensa demais no objeto do
desejo, ele nunca chega.

Mesmo em relação à cura, se for forçada, não acontece,


especialmente se o enfermo estiver sendo considerado uma
pessoa que, mais tarde, possa servir como um recurso de
propaganda para a divulgação dos Ensinamentos. Ao contrário,
quando o Johrei for ministrado com sinceridade, sem visar a
interesse algum, resultados satisfatórios ocorrem de maneira
natural.

10 - Procedimento daijo e shojo

10.1 - Diferença entre atitudes daijo e shojo

Ministro — Se eu estiver dedicando com muita fé em Deus,


penso que nada de mal vai me acontecer. Além disso, de acordo
com a minha maneira de ver, todos os trabalhos que eu realizar
sempre trarão resultados satisfatórios. É certo pensar assim?

132
Evangelho do Céu Vol. II

Meishu Sama — Não, não é. Mesmo que tudo corra


conforme se deseja, nem sempre está indicando a maneira
correta de pensar ou agir. Muitas vezes bons resultados são
conseguidos através da atuação dos jashin.

Então, em primeiro lugar, precisa existir sabedoria aliada a


um pensamento daijo (horizontal). Muito perigoso, portanto, tentar
obter os efeitos desejáveis por meio de atitude exclusivamente
shojo (vertical), como a que foi colocada por você.

Explicando melhor, quero dizer que, no trabalho de


salvação, o poder do homem tem limites. Há, portanto, casos nos
quais não será possível ajudar, ao mesmo tempo, duas pessoas
ou defender idéias diferentes. Nessa situação, o certo é
estabelecer uma comparação entre as partes para discernir qual
delas parece a mais relevante tendo em vista o bem geral.

Seguindo, então, o princípio segundo o qual deve


prevalecer a salvação de toda a humanidade, nunca vai haver
erro.

Em outras ocasiões, escrevi sobre o significado de ser


universalista, querendo dizer com isso que, se o mundo fosse
único, não haveria motivo para tantas guerras. Até agora,
entretanto, essa idéia permaneceu em segundo plano, mas,
daqui para frente, terá de ser a base de qualquer
empreendimento. Exatamente nesse ponto reside a diferença
entre as maneiras de pensar daijo e shojo.

Tendo, pois, como ponto de partida o princípio da


universalidade, pode-se concluir que comportamentos de
fidelidade ao Rei, ao Imperador ou sentimentos de patriotismo
são errados, porque visam apenas a interesses restritos a uma
nação.

133
Evangelho do Céu Vol. II

Nesse modo de pensar exclusivista encontra-se também


uma das causas das guerras. Normalmente, quando a população
aumenta, um país tende a invadir o outro. Usando então
armamentos pesados, tenta destruir o adversário, buscando
melhorias apenas para si, sem pensar na situação do
semelhante. Tal atitude considerada no sentido da pátria está
correta. É, porém, errado querer o melhor somente para o próprio
país, sem levar em conta a felicidade das outras nações.

10.2 - Julgamentos

Notem que, em todas as situações, o bem de daijo pode


ser o mal de shojo e o bem de shojo, o mal de daijo. A respeito
dessa propositura, escrevi um artigo no Jornal Eiko12 em que
mostro como os japoneses se enganaram ao provocar a Segunda
Guerra Mundial. Julgando demonstrar fidelidade ao imperador e
estar manifestando amor à pátria, cometeram grande mal
fazendo o povo coreano e chinês, bem como outras nações
sofrerem conseqüências desastrosas.

Analisando mais profundamente a causa da Segunda


Guerra, tudo resultou de desejos egoísticos e do amor-próprio
ofendido.

É preciso, portanto, ter sempre claro na consciência que,


ao tomar qualquer atitude, deve-se pensar primeiro na felicidade
de todos, praticando, portanto, atos que tragam sempre
benefícios para a humanidade em geral.

Foi por isso que, no artigo em questão 13, nunca fiz


referência à fidelidade ao imperador ou ao patriotismo do povo
japonês.

12
Jornal messiânico hoje fora de circulação.
13
Publicado no Jornal Eiko

134
Evangelho do Céu Vol. II

10.3 - Objetivo correto

Quando as ações humanas têm como objetivo o bem


comum, são verdadeiramente corretas. À vista disso, fica difícil
para alguém de pensamento shojo agir certo. Embora ache que
se dedica de modo integral a Deus e aparente fé profunda, está,
na realidade, atrapalhando o trabalho divino. Ao contrário, uma
postura daijo consegue melhores resultados, desde que coloque,
como meta principal, fazer feliz o maior número possível de
pessoas. Por exemplo, quando um dedicante sofre por ser
contrariado por familiares que não entendem a sua dedicação a
Deus, pode, até certo ponto, tentar esclarecê-los. Forçá-los,
porém, a aceitar a religião de qualquer maneira, já é pensamento
shojo. Em vez de tomar essa atitude, devem ajudar outros de fora
da família. Assim, procurando salvar um grande número de
pessoas com as quais não têm ligação de sangue, o dedicante
receberá enorme recompensa e acabará vendo os seus
aceitarem e entenderem os Ensinamentos Divinos sem
necessidade de esforço algum.

Em muitos testemunhos, freqüentemente os pais relatam


que os filhos não entendem a dedicação à Obra Divina. Na
verdade, tal incompreensão indica que a sua prática não está
sendo conduzida na linha verdadeira. Nesse caso, o melhor que
os pais têm a fazer é colocar a família nas mãos de Deus e
continuar trabalhando com firmeza. Dessa forma, poderão obter
resultados melhores e mais rápidos.

10.4 - Visão ampla

Ministro — A maneira especial de agir que sempre procura


ver, em primeiro lugar, o bem do maior número de pessoas deve
também ser aplicada na ajuda ao próximo?

Meishu Sama — Isso mesmo! Entendida em sentido maior,


seria o país. Para exemplificar, lembro ter, certa vez, em Kyoto

135
Evangelho do Céu Vol. II

me referido ao comunismo, dizendo que não ia conseguir


sucesso porque só se preocupava com o bem-estar de seus
"camaradas" e com a classe dos trabalhadores. Ainda prefiro a
conduta americana que prega a liberdade do povo em geral e
favorece o desenvolvimento da competição.

Ministro — Está certo interpretar a ação do Johrei agindo


não somente na cura das doenças, mas também como solução
da pobreza e dos conflitos, à medida que a Luz vai purificando o
coração?

Meishu Sama — Está certo.

Ministro — Ao ministrar Johrei, deve-se ter consciência de


que ocorrerá a cura. No caso da pobreza e dos conflitos, se a Luz
for canalizada com esse soonen, também dará certo?

Meishu Sama — Pode ser. Esse tipo de apego de querer


curar os doentes, em parte, é bom, positivo. Ao resolver o
problema das doenças, automaticamente serão eliminados
também os sofrimentos relacionados à pobreza e aos conflitos.
Assim acontece porque o Johrei queima as máculas e o espírito
se purifica. Em conseqüência, desaparecem os infortúnios
provenientes da miséria, das discórdias, das confusões sociais.

Importantíssimo, pois, saber que, num sentido bem amplo,


o essencial é receber Johrei para eliminar as máculas espirituais.
Uma vez expurgadas, não haverá motivos nem para pobreza,
nem para conflitos.

Não se esqueça também do que sempre estou falando: a


doença não afeta apenas o ser humano; o país e o mundo
também enfrentam o mesmo problema.

136
Evangelho do Céu Vol. II

10.5 - Comportamento daijo e shojo

Recentemente, li o relatório dos ministros a respeito do


debate que realizaram sobre a expansão da Messiânica. Cada
um deu a sua opinião. Embora não estivessem de todo errados,
não conseguiram atingir o ponto focal. Essa capacidade de
descobri-lo depende do tipo de fé praticada, ou seja, resultante
de uma visão mais horizontal (daijo) ou apenas vertical (shojo).

Para que a expansão de uma doutrina ocorra, é necessário


professar a fé daijo. Esse comportamento aplica-se também às
demais circunstâncias. Assim, quem cultiva semelhante maneira
de pensar expande a consciência. Daí que, nos dias atuais, a
nação mais próspera são os Estados Unidos. Tal fato deve-se à
sua postura daijo.

Percebi claramente a maneira de agir dos americanos


durante o processo do meu julgamento, após ter sido preso. Ouvi
dizer na época que, nos Estados Unidos, mesmo alguém tendo
culpa, leva-se em consideração o fato de ser, ou não, uma
pessoa útil ao país. Evidentemente, tal circunstância ocorre em
se tratando de pequenos delitos. É muito comum, em especial,
entre negociantes e empresários, acontecer de cometerem algum
tipo de ação que infringe a lei. Nesses casos, a justiça americana
pondera se o trabalho que realizam contribui para a expansão do
país, ou para o bem comum.

Na ocasião do meu julgamento, o advogado apresentou


uma defesa baseada na experiência americana, utilizando o
seguinte argumento: "Meishu Sama está trabalhando para ajudar
as pessoas do mundo inteiro. Tem muita força de realização;
portanto, devemos deixá-lo desempenhar livremente as suas
tarefas, o que seria muito bom para o Japão". O advogado repetiu
esse argumento várias vezes, mas o promotor não quis ouvi-lo,
alegando que, por eu ter infringido um determinado artigo do
código, era culpado.

137
Evangelho do Céu Vol. II

Com base nessa maneira de interpretar as infrações


cometidas, posso lhes afirmar que o Japão tem dificuldades para
expandir-se. O que fiz, em nenhum momento, prejudicaria a
nação, mas mesmo os pequenos delitos não são perdoados. A
justiça japonesa dá importância a tudo. Ainda que a pessoa tenha
nove atos positivos e apresente apenas uma falha, os defensores
da lei só enxergam o erro. Esse é o ponto fraco do Japão.

Atitude semelhante pode ser aplicada à fé. As pessoas no


geral esquecem o objetivo maior e ficam envolvidas com
"coisinhas de nada". Por isso, quando observo por que a Igreja
não se está expandindo, infalivelmente vejo essa postura.

10.6 - Atitude daijo

Quando poucos afluem a um determinado Templo ou


núcleo de Johrei, certamente alguma colocação está fora da
ordem. Na maioria das vezes, a principal desarmonia reside na
postura vertical, característica do pensamento shojo de alguns
responsáveis, que tentam impor regulamentos exagerados, como
também julgar o comportamento dos outros. Embora tais atitudes
estejam repletas de boas intenções, criam um clima de
constrangimento, impedindo freqüentadores ou membros de se
sentirem à vontade. Como resultado, o trabalho de difusão fica
prejudicado.

Faz-se, portanto, necessário manter a mente aberta,


procurando não se desviar da idéia de que a expansão da
Messiânica deve ter por base a atitude daijo. Daí a importância
de os divulgadores pautarem seu trabalho de acordo com essa
maneira de pensar. É também essencial manterem-se calmos e
gentis, criando assim um ambiente tranqüilo para que os outros
se sintam bem e percebam o respeito devotado à liberdade de
procedimento.

138
Evangelho do Céu Vol. II

Nunca se deve, pois, ser repetitivo e insistente, mas falar


com simplicidade, jamais querendo que alguém aceite os
Ensinamentos. Convém, sim, respeitar o nível de compreensão
de cada um, que certamente se manifestará no tempo adequado;
nesse momento, então, novas explicações poderão ser dadas e
os ouvintes poderão absorvê-las com facilidade.

11 - Ponto focal

11.1 - Identificação do ponto focal

Existe inteira correspondência entre a dissolução das


toxinas concentradas na cabeça e o despertar da sabedoria.

Sendo a identificação do ponto focal um dos itens mais


importantes, quando se trata de fé ou qualquer outro assunto,
torna-se indispensável, para encontrá-lo, que as idéias sejam
lógicas. E para conseguir clareza de raciocínio, o único recurso
consiste na eliminação das toxinas que estão solidificadas na
cabeça. Daí a necessidade do surgimento de febre ou dores tão
fortes que dêem, às vezes, a impressão de a cabeça estar
rachando. Tal estado, embora traga grande desconforto, é muito
providencial, pois dores violentas indicam que as toxinas
localizadas, bem no fundo, de ambos os lados do nervo central,
estão sendo dissolvidas. Eis o motivo pelo qual essa dor terrível
transmite uma sensação extremamente desagradável. Não se
manifesta, contudo, tão intensa nos casos em que a solidificação
se concentra nas regiões mais superficiais.

Por sua vez, os tratamentos com remédios, empregados


pela medicina, que desconhece a causa do problema, pioram a
situação. Ao serem feitas aplicações de gelo, por exemplo, as
toxinas solidificam-se ainda mais, impedindo assim a sua
eliminação.

139
Evangelho do Céu Vol. II

Compreendendo, então, a perniciosidade dessas


impurezas que ficam concentradas na cabeça, dá ara afirmar que
a meningite japonesa é uma purificação excelente, desde que
não seja interrompida pela medicação. Através dela, as toxinas
profundas, edificadas bem no interior da cabeça, são
eliminadaas. Tanto assim que as crianças afetadas por essa
doença, caso não tomem remédios, infalivelmente apresentam
melhoras consideráveis na escola, após curar-se. Daí a
importância de não ser interrompido qualquer processo natural de
purificação.

11.2 - Sabedoria e ponto focal

Em determinados casos, algumas doenças têm o seu


ponto focal em lugares, para grande surpresa dos observadores,
totalmente inesperados. Para descobri-lo, há necessidade de
possuir tieshokaku e, para desenvolver essa virtude, o primeiro
passo é dissolver e eliminar as toxinas concentradas na cabeça.

De outra parte, o nível de discernimento depende do


estado espiritual de cada pessoa. Assim, então, se for um
ambicioso, por pouco que seja, seu ideal distorcido e impuro
mancha-lhe o tie, não permitindo que se desenvolva e atinja um
grau mais elevado de aprimoramento. Ao contrário, quando a
pessoa tem sentimentos nobres e deseja, de coração, contribuir
para o bem da humanidade, e age com pureza de sentimentos,
desenvolve com rapidez a sabedoria. Já os maldosos, que nunca
realizam algo de bom em benefício do outro, infalivelmente
malogram.

Para comprovar minhas afirmações, basta observar o


exemplo do comunismo do qual já falei tantas vezes. Tenho
certeza de que um dia vai sucumbir, por se tratar de um
movimento político-social repleto de impurezas. Não está
enraizado, na sua estrutura, o desejo de fazer a maioria das
pessoas felizes ou de contribuir de verdade para o progresso do

140
Evangelho do Céu Vol. II

mundo. Seus dirigentes não medem as conseqüências quando


matam pessoas inocentes, visando apenas a benefícios próprios.
Em determinadas circunstâncias, agem como se fossem grandes
disciplinadores, mas, de fato, só querem impor as próprias idéias.
Então, quando organizações dessa ordem chegam ao fim, é certo
que prevaleceu a justiça.

Não, há, portanto, razão para temer os maus porque nunca


vão conseguir sucesso definitivo, embora temporariamente
reinem soberanos.

11.3 - Maneira correta de observar

Quando se olham os acontecimentos e as atitudes a partir


de um prisma de bom senso, ou seja, procurando saber qual lado
está cometendo injustiças, manifesta-se a maneira correta de
observar ações e comportamentos humanos. Tal modo de agir
caracteriza as pessoas que são capazes de emitir opiniões
verdadeiras relativas a fatos e ocorrências em geral, discernindo-
os com base no ponto focal.

12 - Visão científico-divina

12.1 - Luz irradiada pela mão

Vocês sempre estão querendo saber qual tipo de energia


sai da palma da mão, quando estão ministrando Johrei. Outros
buscam explicações para as curas realizadas pela Luz de Deus.
Quero, por isso, falar-lhes sobre o assunto para que todos
possam entendê-lo suficientemente.
A fim de tornar mais fácil a compreensão, digo-lhes que,
em síntese, o Johrei é uma bomba atômica espiritual.

Como vocês sabem, dentre os explosivos surgidos no


Globo Terrestre, a bomba atômica é o que tem a capacidade de
gerar as mais altas temperaturas. Daí a razão de o local por ela

141
Evangelho do Céu Vol. II

atingido no momento da explosão ficar totalmente queimado. A


causa de tamanho dano está na força destruidora do fogo.

Conforme explicam os cientistas, a bomba atômica


assemelha-se a um pequeno sol. Todos podem, por isso, ver e
sentir materialmente o calor que libera. Do fogo espiritual,
contudo, por ser invisível, não há como contactar tamanha
energia calórica através dos cinco sentidos. Mesmo assim, a mão
que canaliza Johrei irradia um poder de elevadíssima potência e,
por conseguinte, capaz do queimar toxinas e máculas.

12.2 - Ciência divina

Como sempre falo, o fogo do lado espiritual é muito mais


forte e está ligado ao espírito do Sol material. Embora a
explicação seja difícil, esse poder, na verdade, constitui uma
ciência divina. Normalmente, quando se mencionam princípios
científicos, o foco da observação corresponde a realidades
visíveis, mas aqui estou me referindo ao invisível, ou seja, ao
saber de Deus.

Assim, então, o poder do espírito do fogo, ao ser irradiado


no local afetado por uma doença, processa a cura de maneira
natural porque se dissipam as nuvens do corpo espiritual. Estas,
por sua vez, são formadas de suisso impuro, ou seja, de
partículas nocivas que estão dentro do suisso (espírito da água)
solidificadas em forma de toxinas, oriundas da ingestão de
remédios ou aplicação de injeções. No início, essas impurezas
ficam espalhadas pelo corpo, mas vão, aos poucos,
concentrando-se em determinadas partes, causando dores e
inchações. Na verdade, tudo isso indica a presença de suisso
tóxico, que contém inúmeras partículas nocivas. É por essa
mesma razão que as pessoas sentem rigidez nos ombros, quer
dizer, elementos impuros de suisso estão solidificados nesse
local.

142
Evangelho do Céu Vol. II

Então, quando se ministra Johrei nos pontos doloridos ou


inchados, o poder incalculável do fogo invisível, muito mais forte
que o de uma bomba atômica, chega às partes solidificadas e
queima as partículas nocivas, embora minúsculas e impossíveis
de serem detectadas pelo microscópio. Após esse processo,
sobram apenas as cinzas, eliminadas em forma de pus, suor ou
de qualquer outro recurso.

Portanto, após a radiação da Luz do Johrei, a dor e os


demais sintomas da doença desaparecem, mas ainda
permanecem os resíduos das impurezas queimadas. Como,
porém, são elementos mortos, não têm poder de ação.
Assemelham-se a cadáveres. Não mais conseguem irritar,
provocar dores, ou coceiras. Apesar disso, o corpo humano vai
ter que expelir esses elementos estranhos. Para tanto, possui,
em si mesmo, um poder ativo capaz de expulsar do seu interior
tudo o que não lhe for compatível. Então, se uma criança morre
na barriga da mãe, — que o médico tira, às vezes, até com
cesariana — ministrando-se Johrei, o feto saí sozinho, porque o
corpo humano gera um processo de rejeição para expulsar aquilo
que não deve permanecer no seu interior.

Há, inclusive, o testemunho de uma pessoa em cujo corpo


havia penetrado uma agulha. Foi-lhe canalizado Johrei e esse
objeto saiu naturalmente. Em outro relato, consta ter alguém
enfiado na perna uma agulha a qual, depois de alguns meses,
começou a mudar de posição, indo sair do outro lado. Essas
ocorrências mostram que elementos estranhos ao corpo humano
vão ser eliminados de qualquer maneira.

O mesmo acontece com aquelas partículas nocivas que


formam as nuvens espirituais: uma vez mortas, serão
infalivelmente expelidas. Torna-se indispensável, portanto,
queimá-las pelo espírito do fogo (kasso) irradiado através do
Johrei.

143
Evangelho do Céu Vol. II

Interessante observar também que a descoberta de kasso


coincide com a invenção da bomba atômica (metade do século
XX), fato esse relacionado ao tempo certo.

12.3 - Poder de kasso

Mais um ponto importante a ser considerado diz respeito à


intensidade do calor emitido pela bomba atômica. Equivale a
vinte ou trinta mil graus. No caso, porém, de uma de hidrogênio,
será quase impossível medi-lo. Em se tratando do Johrei, a ação
de kasso manifestada através da palma da mão é muitíssimo
mais forte que a de uma bomba atômica. Trata-se, pois, de um
poder espiritual infinito.

Então, como já falei, se as causas das doenças são as


nuvens espirituais, só uma lógica fundamentada no espírito pode
restituir, de verdade, a saúde ao ser humano. A medicina está,
portanto, fora do caminho, porque tenta curar através da matéria.
Eis a razão pela qual não consegue eliminar as doenças.

A partir dessas constatações, pode-se afirmar que a


bomba atômica é uma irradiação assassina; kasso, entretanto,
traz vida ao ser humano.

De outra parte, o aparecimento concomitante do Johrei e


da bomba atômica tem grande significado para o estabelecimento
do Reino do Céu na Terra, que vem acompanhado de um
processo de destruição, no caso, simbolizado pela bomba
atômica, e, ao mesmo tempo, de construção, de criação,
representado por kasso (espírito do fogo).

Dessa forma, o Johrei constitui não só uma fonte de vida a


quem estava sendo aniquilado, como também a possibilidade de
se reconstruir aquilo que foi demolido. Além disso, dá ainda para
perceber claramente, de um lado, a medicina criando doenças,
exterminando o ser humano; de outro, o Johrei restabelecendo a

144
Evangelho do Céu Vol. II

vida. Há, portanto, uma incessante atividade de destruição e


construção.

12.4 - Significado dos números

Pergunta de ministro — O que significa o aparecimento


frequente do número sete (7) na Bíblia?

Resposta de Meishu Sama — O sete (7) tem o sentido de


acabamento, conclusão.

Mesmo o kototama (som) do número é pronunciado nari ou


naru, termos que significam algo que já foi terminado.

De um modo geral, todos os números têm um significado,


não sendo, pois, somente uma característica bíblica. Assim, um
(1) é o começo e simboliza o Deus único; dois (2) significa yin e
yang. Dessa união, nascem as crianças representadas pelo
número três (3).

A seguir vem o quatro (4), simbolizando a expansão nas


quatro direções: norte, sul, leste e oeste. O cinco (5) representa o
calor ou fogo que derrete o gelo. Desse processo, surge a água
indicada pelo seis (6). Logo depois vem o sete (7) representando
a terra. Completa-se, assim, um ciclo da criação.

Existe, portanto, razão para o Cristianismo falar que Deus


descansou no sétimo dia, após ter criado o mundo. É realmente
uma verdade, pois o número oito (8) já significa expansão e nove
(9) — tsukushi, em japonês — simboliza o ponto máximo do
progresso.

De outra parte, o dez (10), representado pela cruz (+),


indica o cruzamento do horizontal com o vertical. Quando
realmente ocorrer essa união, terá, de fato, sido completada mais
uma etapa.

145
Evangelho do Céu Vol. II

Agora, o mundo está ainda vivendo no ponto do nove.


Para evoluir daqui para frente, vai depender da fusão entre a
cultura do Oriente e a do Ocidente. Essa é a missão da
Messiânica, tão bem representada no seu distintivo:

O número onze (11) indica um novo começo, após o


cruzamento da horizontalidade com a verticalidade, durante o
século XXI.

O vinte (20) pode ser representado de duas maneiras


diferentes:

ou seja, 2 x 10 = 20

Colocando-se, neste ideograma, um pontinho, assim, o


seu significado passa a ser Senhor, o Deus Supremo, sentado
acima do Rei, de onde comanda a elaboração do Seu plano para
o estabelecimento do Reino do Céu na Terra.

12.5 - Simbologia numérica

a) O número oito (8) é a soma de cinco (fogo) e três


(água), dois elementos cuja fusão gera poder (= poder de
Kannon).

b) Oito (8) representa também a expansão e transcrito


deitado transforma-se no símbolo do infinito.

c) Cinco (5), seis (6) e sete (7), cuja soma equivale a


dezoito (18), simbolizam Miroku.

146
Evangelho do Céu Vol. II

d) Miroku pode ainda ser representado por três (3), seis (6)
e nove (9) que somados dão, como resultado, dezoito (18).

e) Dezoito (18) é também número de Kannon


(originariamente Miroku). Resulta da soma de dez (10) que
simboliza Deus e oito (8), Kannon.

f) O número dez (10) que, em japonês simboliza Deus,


escreve-se "+". Esse mesmo sinal representa o cruzamento da
verticalidade com a horizontalidade, que gera poder.

g) 0,01 simboliza a força do ichirin14 através da qual o


mundo inteiro será salvo.

12.6 - Sons vocálicos

Os sons vocálicos — a, e, i, o, u — constituem a base do


kototama (alma da palavra) e correspondem ao espírito. Não há,
portanto, função material nas vogais; como emissão sonora, têm,
por isso, a mais alta vibração entre todas as demais letras.

Exemplos: ta - ka - a - ma - ha -ra (- ápice); a - ta- ma (=


cabeça).

13 - Vigilância permanente

13.1 - Firmeza de atitudes

Com muita facilidade, são encontradas pessoas que não


permanecem vigilantes. Acontece, com bastante freqüência, de
muitas delas acharem que não estão verdadeiramente curadas e
vacilarem. Interpretando os fatos de maneira errada, seguem os
conselhos dos que estão à sua volta e procuram tratamento
médico. Nessas condições, começam a piorar. Tal atitude tem
sua causa na interferência de entidades negativas que continuam
14
Lê-se itirin

147
Evangelho do Céu Vol. II

alerta, procurando uma brecha para entrar na mente das


pessoas. Daí a razão por que é preciso muita atenção para não
ser destruído ou dominado pelo espírito do mal.

13.2 - Ação dos jashin

Existem milhões deles, distribuídos em diversas


categorias. Sempre ficam na mira de todos os mamehito para
fazê-los cair. Mesmo aqueles que pensam estar agindo certo, ou
julgam nunca cometer erros, precisam tomar cuidado. Conforme
consta no Ofudesaki, agora as entidades negativas se encontram
em toda parte; por conseguinte, nenhum espaço vazio deve
existir; nunca se sabe quando, nem como é possível cair nas
mãos dos jashin.

Faz-se necessário, portanto, manter atenção redobrada,


conservar bem viva a fé e saber que a nossa vida está cercada
de espadas e, por isso, não pode haver negligência de espécie
alguma.

13.3 - Presunção

Uma das formas pelas quais os jashin dominam o ser


humano é o orgulho.

Freqüentemente muitas pessoas, através de uma fé


correta, conseguem inúmeras graças. Tornando-se afortunadas,
passam a ter enorme sorte nas diversas circunstâncias da vida. A
partir daí, começam a merecer dos outros certo respeito. Nessa
situação, o correto seria uma atitude de constante agradecimento
pelas bênçãos divinas, mantida sempre com intensa modéstia e
discrição.

Cada pessoa agraciada por Deus deveria, portanto,


retribuir, a todo instante, as dádivas recebidas. Não costuma ser
o que comumente acontece. Com o passar do tempo, vai-se

148
Evangelho do Céu Vol. II

formando o hábito, até mesmo inconsciente, da abundância de


graças, e daí surge a presunção. Desse modo, criam-se brechas
no coração para o domínio dos jashin, os quais estão sempre na
mira, aguardando uma oportunidade. Como são muito espertos,
percebem, de imediato, pequeninas fendas e, através delas,
dominam e começam a manipular livremente o ser humano, o
que constitui grande perigo.

Outro ponto importante no que se refere à ação das


entidades negativas está relacionado aos que possuem bastante
energia, sendo, por isso, úteis ao trabalho divino. Todos os que
têm uma missão especial a desempenhar se encontram bem
mais próximos da mira dos jashin, mas, se forem pessoas cuja
religiosidade seja verdadeiramente correta, nada devem temer.
Espíritos malignos não têm força suficiente para atingir quem vive
de acordo com a vontade de Deus. Embora tentem, nada
conseguem e, por isso, desistem. Não representam, por
conseguinte, perigo algum.

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Evangelho do Céu Vol. II

PROPOSIÇÃO FINAL

Avante!!!

A ignorância
É, realmente, a causa mais profunda
De todos os sofrimentos humanos

Mas
Pela verdade
Guiados, firmes na bengala do makoto,
Tranqüilos, escuros caminhos percorreremos.

Sabedoria,
Oh! Sabedoria,
És a luz bendita
A iluminar o árduo caminho das trevas!

Portanto
Constante amor
Dedicar aos Divinos Ensinamentos
Sem risco de erro, ao aprimoramento conduz.

Conseqüentemente
Seres humanos
Transbordantes de tiê, luz e amor
Habitarão o verdadeiro Mundo de Miroku

150
Evangelho do Céu Vol. II

ADENDO

MEISHU SAMA

É o fundador da Messiânica. Nasceu na parte mais oriental


de Tóquio, capital do Japão, no bairro de Hashiba, em 23 de
dezembro de 1882. Até os 40 anos de idade, foi um homem
comum que se dedicava a atividades comerciais e a estudos
artísticos.

Em 15 de junho de 1931, recebeu de Deus não só a


revelação de que estava aproximando-se a Era do Dia, marco
inicial de uma nova civilização, mas também toda força
necessária para ensinar como podem ser eliminadas, do mundo
todo, as causas das doenças, misérias, conflitos, sofrimentos
esses que, há muito tempo, vêm afligindo a humanidade,
impedindo-a de ser feliz.

Então, a partir de 15/06/31, Meishu Sama passou a


dedicar-se inteiramente à propagação dos Ensinamentos que lhe
foram transmitidos por Deus, com objetivo de proporcionar aos
seres humanos os meios correios para o estabelecimento de uma
vida repleta de saúde, abundância e paz, plena de verdade,
virtude e beleza.

JOHREI

É um método de canalização de Luz através da palma da


mão. Essa Luz resulta inicialmente da junção de duas energias:
espírito do fogo (Kasso) e da água (Suisso), os quais, ao
penetrarem no interior de um ministrante (pessoa que aplica
Johrei), se unem ao espírito da terra (Dosso) do qual é feito o
corpo humano, formando uma Luz única que, ao ser irradiada
através da palma da mão, tem o poder específico de queimar
máculas e eliminar toxinas. Por isso, o Johrei é um ato possível
somente pela comunhão entre Deus e o homem.

151
Evangelho do Céu Vol. II

MESSIÂNICA

Não é simplesmente uma religião. Naturalmente, ela tem


uma parte mística, mas não se restringe só a esse aspecto. Seu
principal objetivo é a salvação da humanidade, estando, por isso,
fundamentada em princípios que visam a criar felicidade. É, pois,
uma tarefa sem precedentes na história mundial.

Portanto seu principal objetivo é despertar os homens para


o poder de Deus sobre todas as criaturas, princípio esse, por
longo tempo, adormecido. Não se trata, contudo, de um trabalho
fácil, porque a maioria dos povos civilizados, tendo a alma
fascinada pela Ciência, negligenciou a existência de Deus. Daí
ser necessária uma força supra-humana para sacudir as mentes
e os corações. A esse prodígio renovador, Meishu Sama
denominou milagres. São ocorrências comuns na fé messiânica e
operadas pelo poder absoluto de Deus Supremo, que realiza
transformações extraordinárias nos seres humanos, fazendo-os
ingressar numa nova era de prosperidade.

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Evangelho do Céu Vol. II

GLOSSÁRIO

Agricultura da Grande Natureza: é uma maneira natural de cultivo


do solo, mostrado por Deus a Meishu Sama. De acordo com essa
revelação, a própria terra, associada à energia solar e lunar, bem
como à ação da água, já contém todos os elementos
indispensáveis à fertilização e desenvolvimento das plantas. Tem
também idêntica competência para produzir a energia necessária
ao fortalecimento da vida do ser humano, a fim de que ele possa
cumprir plenamente a missão para a qual foi destinado neste
mundo. Quando o homem ingere alimentos contaminados por
elementos químicos presentes nos adubos e inseticidas,
automaticamente se intoxica. Mesmo em pequena quantidade,
essas substâncias penetram no sangue e produzem toxinas que
se acumulam no corpo, ao longo dos anos. Em conseqüência,
formam-se nuvens na parte espiritual e lentamente a saúde vai
sendo abalada.

Amatsu Norito: ou oração do Céu. É composta de uma


combinação de sons que geram energia com poder de purificar o
espaço, possibilitando a ligação entre o Céu e a Terra, Deus e o
homem.

Amita: divindade lunar que chefiou, durante a Era da Noite, o


joodo, reino espiritual que se encontra na direção oeste. Segundo
uma idéia bem antiga, como o Sol nasce no leste e morre no
oeste, da mesma forma o espírito humano, após a morte, vai para
o Joodo (no oeste), tendo sido, por conseguinte, salvo por Amita..

Bramanismo: doutrina religiosa fundamentada em princípios


expressos nos Vedas (livro sagrado dos Brâmanes, uma casta
sacerdotal dominante na Índia — 3.102 a.C). De acordo com o
Bramanismo, a iluminação espiritual deve ser conseguida através
do ascetismo religioso.

153
Evangelho do Céu Vol. II

Meishu Sama dizia que qualquer religião que praticasse


acentuadamente rituais de ascetismo já estaria ligada às
divindades brâmanes.

Concretização: sabedoria prática, através da qual torna-se


possível realizar concretamente planos e aspirações.

Daijo: palavra japonesa formada por dai (= grande) e jo (=


veículo). Significa, portanto grande veículo, ou seja, visão ampla,
horizontal.

Era Meiji: (1868-1912) período de reinado do Imperador Meiji


(Japão).

Espírito: vibração energética inerente à matéria, presente em


todos os elementos que compõem o Universo. Corresponde,
portanto, ao corpo espiritual (ou simplesmente espírito) dos
seres. É comum também a palavra ser empregada significando
alma, isto é, a essência divina, com luz própria, presente no ser
humano.

Espírito da Água: é, na verdade, a energia advinda de suisso,


partícula essencial proveniente da Lua. Durante os mais ou
menos três mil anos da Era da Noite, o seu poder prevaleceu,
dominando e encobrindo kasso.

Espírito da Terra: força emanada do centro do Globo Terrestre.


Origina-se de dosso, partícula essencial que entra na formação
da Terra.

O poder de dosso foi sempre ignorado e, por isso, o solo


continua, até hoje, sendo considerado apenas como uma massa
composta de areia e barro, que não contém nada especial. Vem
daí a idéia do adubo químico ou orgânico e o desconhecimento
total de que o verdadeiro fertilizante é dosso.

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Evangelho do Céu Vol. II

Espírito do Fogo: energia não material, originária de kasso, cujo


significado é essência de uma partícula proveniente do Sol. Essa
energia, comumente chamada de Espírito do Fogo, corresponde,
na realidade, à Bola de Luz que estava com Meishu Sama na
Terra e ainda continua com Ele no Mundo Divino, aumentando,
cada vez mais, em tamanho e potencialidade, até envolver, um
dia, o Universo inteiro,tanto o imaterial quanto o físico.

Na verdade, kasso é a própria Luz do Johrei que queima


as máculas espirituais e dissolve as toxinas do corpo humano.
Muitas vezes, por isso, quem recebe Johrei sente calor refletido
até fisicamente.

A luz de kasso geralmente é vista na cor branca,


semelhante à dos raios solares. Produz sempre muita alegria no
coração, alívio interior, e faz brotar um ntenso amor a todos os
seres, traduzindo num sentimento misericordioso que supera a
dualidade Bem / Mal, certo / errado norteadora das atitudes
humanas.

Do ponto de vista religioso, a expressão "batismo pelo


fogo" simboliza a purificação por meio da luz de kasso.

Ainda com relação ao poder de kasso, Meishu Sama


profetizou, há cinqüenta anos, o aquecimento do Globo Terrestre
em conseqüência do aumento dessa luz.

Por desconhecerem o fato, cientistas e ecologistas tentam


atualmente explicar que o aumento da temperatura se deve à
concentração de gás carbónico (CO 2) na atmosfera, teoria esta
incompleta, pois falta-lhe, ainda, considerar a revelação divina.

Guenrei: é um vocábulo japonês composto de guen, que significa


"palavra", e rei, "espírito". Quer dizer, portanto, espírito da
palavra, cujo poder exerce uma enorme influência sobre as
orações em geral, pelo fato de os sons emitirem vibrações que

155
Evangelho do Céu Vol. II

determinam, de modo decisivo, a criação de um estado espiritual


positivo ou negativo.

Gyakute: palavra japonesa, composta pelos elementos gya =


contrário e te = jeito, forma.

Identificação da verdade: uma forma de sabedoria que consiste


na capacidade de perceber, sem dúvida e sem esforço algum, o
princípio invisível da lógica divina (Lei de Deus).

Izunome: nome de um imperador do Japão (aproximadamente há


2.600 anos). Fugiu para a Índia, onde propagou uma doutrina
que, mais tarde, serviu de base para a fundação do Budismo. Os
seus seguidores o chamavam de Avalokitesvara (Kannon).

Jashin: entidades negativas que contestam a Luz da Era do Dia


e, por isso, atrapalham, de todas as formas possíveis, aqueles
que procuram a verdade.

Kannon: Avalokitesvara em sânscrito. De acordo com a origem


do nome, é uma divindade tanto masculina, quanto feminina que,
observando todas as leis regentes do Universo, salva livremente
os povos. Dessa forma, quando seu nome é pronunciado,
prontamente vem em socorro daquele que O invocou.
Dependendo do auxílio solicitado, pode manifestar-se de forma
diferente em qualquer parte do mundo. É reverenciado desde
tempos remotos, especialmente no mundo oriental. Sempre
responde às necessidades imediatas, quer dizer, àquilo que o ser
humano está, de fato, precisando no momento.

Kenshinjitsu: máximo grau de sabedoria, possível de ser atingido.


Quem chega a esse nível consegue enxergar a realidade
presente, passada e futura, transcendendo, dessa forma, a noção
de tempo e espaço.

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Evangelho do Céu Vol. II

Lei Divina: princípio estabelecido por Deus no momento da


Criação. Através dela o Universo se movimenta e evolui. É
inviolável e imutável.

Lógica Divina: o mesmo que princípio divino que rege o Universo


(Lei).

Máculas: o mesmo que nuvens espirituais.

Makoto: palavra japonesa que não tem uma tradução exata. A


idéia que contém é a seguinte: levar em consideração, em
primeiro lugar, os outros; depois a si mesmo. Daí expressar um
conceito amplo de amor ao próximo.

Mamehito: palavra japonesa formada por mame (= verdadeiro) e


hito (=homem). Engloba, pois, em seu significado, todo aquele
que se inicia na Messiânica, estuda e pratica os Ensinamentos de
Meishu Sama, procurando tornar-se uma pessoa possuidora de
makoto, um homem verdadeiro, cheio de amor, sinceridade e
autenticidade.

Miroku: palavra usada para designar o Deus vivo, com


individualidade e forma humana. Somente através de uma
manifestação concreta de Deus é que vai ser possível
estabelecer na Terra o Reino do Céu.

Mundo de Miroku: o mesmo que Reino de Deus na Terra.

Nuvens Espirituais: são máculas ou impurezas que recobrem a


alma (centelha divina do ser humano), geradas pela violação dos
princípios da Lei de Deus. É um processo semelhante ao que
ocorre no plano físico, onde, muitas vezes, as nuvens recobrem
os raios solares, impedindo-os de iluminar a Terra. Da mesma
forma, quando uma pessoa possui muitas nuvens espirituais, não
tem capacidade para discernir entre o Bem e o Mal, o certo e o
errado, porque lhe falta Luz.

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Evangelho do Céu Vol. II

Nyorai: (Tathagata em sânscrito). Denominação de qualquer


buda ou iluminado que, seguindo o caminho da elevação, já
atingiu o Nirvana ou, de um modo mais geral, todas as pessoas
que já tenham atingido a verdade absoluta.
Ofudesaki: livro psicografado por Não Deguchi, fundadora da
religião Oomoto, no qual estão expostos os fundamentos da
doutrina.

Ohikari: palavra japonesa que significa Luz Divina. É também


para os messiânicos um símbolo físico da Luz que cada
mamehito carrega no coração e com a qual pode ajudar aos
semelhantes. Nesse sentido, é composto de um estojo em forma
de medalha onde está acondicionado um pequeno pedaço de
papel que traz escrito o ideograma Luz.

Oomoto: religião fundada por Não Deguchi no Japão (1892 - ano


25 da Era Meijï). Sua sede fica em Ayabe, província de Kyoto.

Purificação: ato de limpeza de máculas do espírito e toxinas do


corpo. É realizada pelas doenças, por ofrimentos ou infortúnios
com os quais o homem se depara durante a vida terrena.

Sakiyamuni: fundador do Budismo (566-486 a. C).

Satori: palavra japonesa muito usada no Zen-budismo. Significa


despertar ou acordar a consciência divina no ser humano. Quem
atinge o estado de satori já é um iluminado.

Shojo: palavra japonesa formada por sho (=pequeno) e jo =


(veículo). Significa, portanto, pequeno veículo ou,
simbolicamente, visão vertical, restrita.

Soonen: palavra japonesa composta de soo (=idéia) e nen


(desejo). Significa, portanto, um pensamento associado à
vontade, ao amor, formando, no conjunto, um sentimento único

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Evangelho do Céu Vol. II

que gera uma força extraordinária, direcionada para o bem,


capaz de resolver qualquer problema.

Tenrikyo: religião ligada ao Xintoísmo, iniciada no Japão por Miki


Nakayama e oficialmente reconhecida em 1908.

Tieshokaku: palavra japonesa formada por tie (= sabedoria) e


shokaku (= certo, correto). Significa, na interpretação de Meishu
Sama, profunda capacidade de discernimento, que vai permitir a
distinção entre Bem e Mal, certo e errado.

Transcendência: forma de sabedoria que ultrapassa o tempo e o


espaço, através da qual o homem estabelece relações com
planos mais elevados de consciência. Sabedoria que vai além do
mundo das experiências ou dos conhecimentos relacionados
simplesmente à parte física.

Yang: palavra chinesa. Indica a polaridade positiva ou masculina


presente no Universo. Corresponde à essência do Sol, do dia, do
céu, do homem, do verão, do calor, do leste e do norte. Só se
concretiza quando ligada ao seu oposto yin.

Yin: palavra chinesa. Indica a polaridade negativa ou feminina


presente no Universo. Corresponde, na verdade, à essência da
Lua, da noite, da Terra, da mulher, do inverno, do frio, do sul e do
oeste. Está sempre ligada ao seu pólo oposto, yang, sem o qual
não existe.

Yukon: origem primordial da partícula divina presente em cada


ser humano. Como fonte originária, permanece no Mundo
Espiritual, onde pode subir ou descer de nível, dependendo do
comportamento humano no Mundo Material.

Zen-budismo: é uma ramificação do Budismo,difundida,


inicialmente, na China. Mais tarde foi divulgada no Japão de uma
forma muito peculiar, diferente da chinesa. Trouxe uma

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Evangelho do Céu Vol. II

contribuição marcante para a cultura tipicamente japonesa, tendo


exercido grande influência na arte de cozinhar, na pintura, na
caligrafia, no ritual da cerimônia do chá, na feitura de ikebanas,
entre outras.

Zuyguen: palavra formada de zuy= bom presságio e guen-


origem. Nome dado a um templo edificado no Estado de Sandai
— Norte do Japão.

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