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PARA QUE SERVE O TARÔ

A utilidade primordial do tarô não se trata de adivinhar o futuro, mas enxergar


quais são os caminhos estamos escolhendo e porquê. Ele utiliza símbolos para
acessar o que existe de mais verdadeiro dentro de nós: o nosso inconsciente.
Nossas motivações, interesses, características, suscetibilidades, mágoas e
problemas. O tarô pode nos colocar frente a uma jornada, onde a vivência em
cada Arcano nos mostraria um pouco de nós mesmos, para que então pudéssemos
caminhar numa direção que nos colocaria conscientes de nós, fazendo com que
deixássemos de ser seres amestrados reagindo ao estímulo apresentado. Cada
faceta do inconsciente, seria trazida ao consciente e, aos poucos, poderíamos
perceber o que realmente queremos fazer, e aquilo que é resultado apenas de
reflexo. Para que deixemos de ser como ratos numa experiência de laboratório.
Quem não se conhece, se comporta como um rato, reagindo ao queijo ou ao
choque que lhe é dado. Percebendo os estímulos, não escolhe as atitudes de sua
vida: é sua vida que determina as suas atitudes. Ao sofrer pela conclusão de uma
escolha, ficará arraigado em si o sentimento de que sofrerá novamente diante
daquela escolha, não se fazendo as necessárias perguntas: qual foi o motivo do
sofrimento? Qual atitude que tomei que me levou a essa dor? Toda e qualquer
atitude como essa me levará necessariamente a um processo doloroso? É
necessário diferenciar a reação automática de um comportamento a ser
adotado. O velho ditado "gato escaldado tem medo de água fria" é perfeito para
ilustrar como a grande maioria das pessoas se comporta. Como na analogia,
associam a "água" com a "dor" sem procurar conhecer os demais fatores que
ocasionaram a situação. Sendo assim, a reação se tornou a atitude e, a partir de
agora, qualquer "água" será a possível causa da "dor". Esse tipo de análise faz da
vida uma série de acontecimentos superficiais, onde o sentido do momento
vivido foi apenas arranhado.
Se estamos dispostos a sair da superfície e a não aceitarmos mais respostas
limitantes como "eu sou assim mesmo" ou "foi o destino", e se não queremos mais
cercear nossa capacidade de conscientização, o tarô pode ser uma valiosa
ferramenta. Servirá para acessarmos as profundezas de nossas motivações e
experiências anteriores, para começarmos a trilhar o caminho de volta para
nosso interior. Com seus arquétipos, ele vai construindo a estrada de nossa
personalidade, e vai mostrando nossa forma de enxergar o mundo e as pessoas.
Aos poucos, poderemos nos reconectar ao nosso inconsciente, trazendo para a
luz nosso verdadeiro "eu", onde as escolhas poderão ser analisadas de acordo
com o que desejamos para nós. O tarô pode ser essa ponte, onde nossas
desculpas irão aparecer como que o que realmente são: desculpas. Onde nossos
problemas de caráter irão surgir sem enfeites, e teremos de nos olharmos como
somos hoje, para que a luz da consciência possa refletir sobre o que desejamos
ser.
Para que enfrentemos essa jornada, é necessário estarmos preparados para
enfrentar um novo mundo. O mundo do EU. O mundo onde todas as ideias a
respeito de nós mesmos serão questionadas e avaliadas, onde o réu será ao
mesmo tempo o juiz, onde a morte se mesclará com a vida. Estaremos diante de
nossa luz e de nossa sombra e, a cada passo que dermos, quando acharmos que
estamos chegando, estaremos apenas começando. É preciso entregar-se para
que a jornada se inicie. É preciso aceitar que muito do que acreditamos ser
parte de nós, na realidade é um parasita. E que aquelas características que
rejeitamos para o fundo do baú de nossa existência, se tratam de nossa
essência mais pura.
A Jornada pelo Tarô constitui um caminho: a busca da própria individualidade.
Encarar os símbolos de cada carta, decifrar-lhes o sentido, meditar em suas
implicações, perceber a lógica profunda de uma sequência de lâminas para o
momento da sua vida pode abrir um vasto espaço de novos "eus", sequer
suspeitados. Devemos trilhar esse caminho, trazendo as experiências para nosso
interior e, só depois que elas fizerem parte de nós, transformá-las em
conhecimento prático. Esse processo pode fazer de nós seres mais completos,
mais integrados e, a cada dia que passar, mais conscientes de que o futuro é
argila, moldada por nossas próprias mãos.

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