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A Sumaúma que escondia a luz - Conto indígena Ticuna

Ilustração Bruna Assis Brasil

Houve um tempo em que, na Terra, tudo era escuro, frio,


sem vida. Era sempre noite. Não havia luz porque uma
sumaúma enorme cobria o planeta, impedindo que a
claridade do Sol se espalhasse pelo mundo.
Yo’i e Ipi, dois irmãos, queriam mudar a situação: – O que
podemos fazer para iluminar o mundo? –, pensaram. E, de
uma árvore chamada arara tucupi, pegaram o caroço de
um fruto e atiraram na sumaúma para ver se havia luz
atrás da copa da árvore gigante.
Através de um buraquinho, os irmãos avistaram algo: um
bicho-preguiça enorme! O animal segurava com força os
galhos da sumaúma, que ficavam presos no céu,
escondendo a luz.
Não demorou para que os irmãos começassem a jogar
vários caroços de arara tucupi na copa da sumaúma,
abrindo inúmeras clareiras. Reza a lenda, que esses pontos
abertos deram origem às estrelas do céu. Mas aquela ainda
não era a claridade que Yo’i e Ipi buscavam.
Tiveram a ideia de reunir os outros animais da floresta para
derrubar a grande árvore. Chamaram a onça, o macaco, a
cobra, a arara, mas nenhum deles conseguiu. Resolveram,
então, convidar taine, um pequeno roedor. Como era bem
miúdo, passaria pelos galhos sem ser visto pela grande
preguiça.
Muito esperto, taine sabia o que fazer para a preguiça
largar os galhos da sumaúma e permitir a iluminação da
Terra. Pegou formigas-de-fogo e acertou bem nos olhos da
preguiça, que imediatamente deu um grito, largou os
galhos que tapavam a luz do Sol e deixou a luz se espalhar
por toda a Terra.
 Este conto, livremente adaptado pela  CHC, foi extraído da cultura Ticuna, grupo indígena
da região amazônica.
Fonte:  http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002040.pdf

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