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Modelagem OCP III
Modelagem OCP III
SUMÁRIO
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OPTIMIZAÇÃO DE CIRCUITOS E PROCESSOS
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OPTIMIZAÇÃO DE CIRCUITOS E PROCESSOS
INTRODUÇÃO
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OPTIMIZAÇÃO DE CIRCUITOS E PROCESSOS
nas classificações por equivalência, trabalha-se com uma propriedade total, escalar, e,
definida como:
e m x n
em que:
- massa específica da partícula;
m - massa específica do meio de separação
x - calibre da partícula
n - constante característica do regime hidrodinâmico:
n =1 regime turbulento de Newton
n =2 regime laminar de Stokes
x d
h
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OPTIMIZAÇÃO DE CIRCUITOS E PROCESSOS
h x
2
h d
Esta expressão é usada pelos autores como curva de eficiência do crivo, sendo referida
para ela uma boa aderência aos resultados industriais. O desenvolvimento do modelo
exige apenas alguma habilidade matemática para calcular o valor médio da
probabilidade de retenção dentro de cada intervalo discreto de calibre [xi,xi-1].
A amarração do modelo a alguns aspectos físicos e geométricos do processo é
conseguida por alguns autores fazendo depender o valor de n de alguns parâmetros do
processo, nomeadamente a eficiência técnica (constante K), o comprimento do crivo, l
e um factor de carregamento, f (que relaciona o caudal de alimentação do crivo com o
caudal nominal associado à superfície de crivagem previamente dimensionada – f>1
quando o caudal é inferior a esse valor nominal e f<1 na situação inversa).
n = K . l. f
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Num crivo contínuo em funcionamento são observáveis duas ou três zonas distintas,
caracterizadas pelos respectivos fluxos de atravessamento das partículas através das
aberturas, conforme pode ser visto na figura seguinte.
Inicialmente o fluxo de atravessamento aumenta rapidamente até atingir o máximo, o
que denota a existência de excesso de partículas em condições de atravessar a superfície
relativamente ao número de aberturas disponíveis, dito de outro modo, há saturação do
crivo que se traduz no mecanismo de competição dos vários grãos pelos orifícios.
Um pouco mais adiante, já uma elevada fracção do undersize foi recuperada, restam
apenas sobre a rede as partículas de calibre próximo da luz que vão ter ainda uma série
de oportunidades de tentar a sua passagem até abandonarem definitivamente o crivo.
Alimentação
Fluxo de atravessamento
Sub-Saturação
Saturação
Estratificação
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Esta análise conduz ao reconhecimento que a separação por calibres sobre um crivo se
processa segundo dois regimes:
- um de saturação, que corresponde à estratificação;
- e outro de sub-saturação caracterizado por tentativas sucessivas;
pelo que um crivo industrial de trabalho contínuo pode ser concebido como composto
por dois andares de crivagem, cada um correspondente a uma dada fracção da área do
crivo, com tempos de residência distintos, conforme pode ser analisado no esquema
seguinte:
a(i) m1(i)
m2(i)
SATURAÇÃO
m3(i)
SUBSATURAÇÃO
u2(i) SOBRECRIVO
u3(i)
INFRACRIVO
Sendo:
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dm1 i
K f i
dt
sendo TR0 e TR1 os tempos de residência médios das partículas nos regimes de saturação
(cinética de ordem zero) e de sub-saturação (cinética de primeira ordem), respec-
tivamente.
Como vimos, o caminho seguido para construção das equações diferenciais, cujas inte-
grações no tempo conduziram às duas equações imediatamente anteriores, consistiu na
escrita matemática e formal das fenomenologias físicas identificadas como intervenien-
tes no processo de crivagem contínuo de uma população de partículas. Nessas formu-
lações surgem duas constantes cinéticas Kf(i) e B(i) (distribuídas ao longo da escala do
calibre) que nos dão a oportunidade de continuar a incluir no modelo parâmetros
técnicos relevantes para a descrição do processo, porventura ainda não contemplados.
Para conseguir este objectivo, é possível lançar mão da técnica de condensação de
parâmetros, (já anteriormente usada na construção das funções Destruição e Formação
do modelo de fragmentação), procurando para essas constantes cinéticas dependências
nesses parâmetros técnicos fisicamente legítimas ou, no mínimo, interpretáveis.
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n
h x
2
Pp i 1 1
hd
1 - O cálculo do caudal máximo admissível para um tabuleiro de crivagem terá de ser calculado de forma expedita, sendo
corrente admitir que a carga máxima suportável por um crivo poderá oscilar entre 2 a 4 ton/h por m2 e por cada mm de luz.
2 - Industrialmente admite-se como aceitável que sobre um tabuleiro de crivagem possa permanecer uma camada de
partículas com uma possança 10 vezes o valor da luz da rede.
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Exploração do modelo
Com este modelo foram conduzidos alguns ensaios de experimentação numérica para
avaliação da qualidade das previsões, sob as seguintes condições operatórias:
- crivo de 4 m x 1.5 m (comprimento x largura);
- caudal máximo na base de 4 ton/h/mm/m2;
- calibre de corte (luz) = 8 mm
- fixaram-se os valores dos parâmetros condensados;
- ensaiaram-se dois regimes de alimentação: 50 e 100 ton./h.
Os resultados podem ser analisados na tabela seguinte, concluindo-se:
- que o caudal de 100 ton./h é manifestamente excessivo, observando-se uma
saturação de 75 %;
- que a 50 ton./h a saturação é de 51 %, aumentando-se a eficiência de limpeza do
isocrivo (classe granulométrica ]5.660,8.000[;
- que ao diminuir o caudal de alimentação aumentaram os tempos de residência,
mesmo na zona de saturação que entretanto viu diminuir a sua influência em
favor do regime subsaturado;
- que o regime de saturação é decisivo para o rápida expurgo dos finos do
sobrecrivo devido à estratificação, enquanto a subsaturação desempenha um
papel extremamente importante no trabalho de limpeza do sobrecrivo das
partículas "difíceis" do isocrivo; as colunas "% clean 2" e "%clean 3", referem
precisamente as eficiências de crivagem dos dois regimes de trabalho;
- finalmente, estes resultados estão bem patentes nas duas Curvas de Partição
que foram obtidas directamente sobre os dados granulométricos previstos pelo
modelo para os produtos finais.
A título de encerramento deste parágrafo, convém referir que a penúltima conclusão é
um bom indício que vai em favor da tese de que este modelo cinético pertence à classe
dos modelos fenomenológicos. A conclusão prática mais importante é a de que as
rotinas expeditas para a selecção das áreas de crivagem devem contemplar o cálculo
duma área adicional para o desenvolvimento do trabalho sob condições de subsaturação
que, como se viu, é extremamente importante para reduzir a percentagem de partículas
desgarradas e consequente aumento da eficiência total do processo.
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1.200
1.000
0.800
0.600
0.400
0.200
0.000
9 8 7 6 5 4 3 2 1
Classes de calibre
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STOKES HYDROSIZER
A separação num hidroclassificador de canal pode ser representada esquematicamente
do modo seguinte:
Alimentação Overflow
Como é sabido, estes classificadores são muito usados na preparação das polpas para
tratamento em mesas hidrogravíticas, pelo que, em geral, são usados não tanto para
obter um corte granulométrico, mas sobretudo um corte por equivalência.
Pela razão exposta, o desenvolvimento do modelo pressupõe uma descrição bivariável
da alimentação ao classificador em classes de calibre e de massa específica. Seja aij o
caudal mássico da fracção de massa específica i e de calibre j. A descrição probabilística
do modelo resume-se a exprimir cada caudal mássico de saída, bkij, pelos vários spigots
k, na forma:
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T*1 = T1
Este modelo foi desenvolvido na mina Wheal Jane, Cornualha, e os seus autores
(MACKIE, TUCKER & WELLS, 1987) propuseram o seguinte esquema para a
condensação de parâmetros destinada ao cálculo das probabilidades de transferência
de cada classe de propriedade:
1- T*k é calculado como soma de duas funções, T*k = F1 + F2, modelando F1 o
fenómeno da sedimentação perturbada e F2 o arrastamento de finos devido ao
caudal de água de descarga em cada spigot ("soutirage");
2- para cada spigot k é calculado um calibre d50 para o qual F1 vale 0.5:
d 50 P1
água de injecção factor tempo de residência
massa específica da partícula - massa específica da polpa
Esta expressão concorda com as leis da sedimentação de Stokes ou de Newton,
consoante o valor de valer, respectivamente, 0.5 ou 1. O factor tempo de
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F2 = P2 . Wk . f(calibre)
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OPTIMIZAÇÃO DE CIRCUITOS E PROCESSOS
No caso mais corrente, os ciclones são usados com o objectivo de obter cortes
granulométricos efectivos, pelo que em uma análise mais restrita a modelagem
restringe-se às formulações monovariáveis da propriedade calibre. Na figura seguinte
esquematiza-se a base do algoritmo de modelagem.
F. fi (1-Ri).F. fi oi
BYPASS CLASSIFICAÇÃO
Ci.(1-Ri).F. fi
Ri.F. fi
em que U será o caudal de sólidos no underflow, pelo que o vector Curva de Partição,
Pi, será expresso por:
U ui
Pi Ri Ci 1 Ri
F fi
A vantagem desta aproximação é evidente, uma vez que, sendo conhecido o valor do
"soutirage" directamente da experiência, o cálculo é imediato, sem necessidade de
recurso a ajuste.
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OPTIMIZAÇÃO DE CIRCUITOS E PROCESSOS
Mais recentemente, novas tentativas têm sido sugeridas, em particular AUSTIN &
KLIMPEL sugerem que junto das paredes do ciclone se forma uma camada de partículas
que actuam como filtro, de modo que não será estranho pensar que uma fracção de todos
os calibres fique retida nesse filtro e descarregue pelo underflow. Sustentam no entanto
estes autores que não há razão para invocar que essa fracção seja igual à recuperação Ru
de água no underflow e sugerem que esse valor se transforme num parâmetro de ajuste.
Com o desenvolvimento das modernas tecnologias laser para análise de granulometrias,
foi possível estender as curvas de partição até gamas de calibres da ordem do micron,
reconheceu-se que o fenómeno do arrastamento não é tão indiscriminado como se
pensava. Com efeito estão já identificados os fenómenos de "hook" ou "fishhook", que
correspondem a levantamentos do caudal terminal das curvas de partição, apresentando a
forma de anzol, que só podem ser identificados como fenómenos de arrastamento que
privilegiam calibres mais finos. Assim, autores como FINCH têm usado algumas
aproximações analíticas lineares para ajustar uma função de arrastamento decrescente
para calibres crescente.
expm d i 1
Ci
expm d i expm 2
Pi Ri
Pc i C i
1 Ri
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Autores como PLITT descrevem bons resultados de ajuste deste modelo a resultados
experimentais. Dependendo a qualidade do ajuste do rigor com que a condensação de
parâmetros é feita.
Pela nossa parte estamos convencidos que o interesse científico deste tipo de abordagem
só poderá despontar a partir do momento em que for possível descrever algum tipo de
fenomenologia, em particular interferências não-lineares, invocadas para interpretar
efeitos, por exemplo, do tipo "fishhook".
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