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Desde a estreia de O Resgate do Soldado Ryan, A linguagem de Batalha de Los Angeles é dinami-
muita gente se pergunta –ou brinca- por que Spielberg ca, atual e beira o pseudodocumentário ap amplificar o
não fez o filme inteiro no estilo dos fabulosos dez mi- drama de um pequeno grupo de fuzileiros destacado
nutos iniciais da invasão da Normandia no Dia-D. Bem, para resgatar civis e conter o avanço dos alienigenas

LUTAR OU MORRER não é preciso esperar mais, pois o sul-afriamo Jona-


than Liebesman responde à pergunta com Invusão do
Mundo: Batalha de Los Angeles, que nasce devoto à
avançados, bem organizados e, pelo jeito interessados
em nossos recursos naturais. Numa otima sacada
do roteiro de Christopher Bertolini, a água tem papel
câmera na mão e trilha um complicado caminho entre fundamental na trama em diversos níveis, dittos ou su-

em Los Angelesnge- o drama da Guerra e a luta contra o extermínio aliení-


gena da Ficção Científica. A indecisão sobre o gênero
poderia ser catastrófica, não fosse Aaron Eckhart,
benterndidos. Por esse aspectro o filme de Liebesman
é mais Guerra que Ficção Cientifica, pois basta trocar
os inimigos por qualquer ameaça do nosso planeta e

les
soberano em cena e capaz de guiar o espectador em as relações se mantêm. “Esses caras (os fuzileiros)
meio a tanta correria explosões, mortes e sacrifícios são a linha de frente dos Estados Unidos: não impor-
na vida da eterna bucha de canhão dos norte-america- ta o tipo de enrascada. Eles são enviados primeiro e
nos, os Fuzileiros Navais. acabam apanhandomuito mais do que qualquer outro
Baseado em fatos reais — calma, não fomos inva- setor das Forças Armadas”, explica Liebesman em
didos por alienígenas e você não ficou sabendo! —, entrevista exclusive à Sci-Fi News, em Los Angeles,
Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (original- ao lado dos principais astros de seu filme. “Muito além
mente chamado apenas Batalha de Los Angeles, ou dos filmes de Guerra, acabei assistindo a diversos
Battle LA, no inglês) tem suas raízes na noite de 25 documentários sobre os conflitos atuais e tambem
de feve-reiro de 1942, quando as defesas antiaéreas vi tipo de reportagens e filmes feitos pelos proprios
dos Estados Unidos foram acionadas para repelir um soldados em zonas de combate”. Essa escolha se
Invasão do mundo: Batalha de Los Angeles esquece a po- aparente ataque japonês. Sirenes alertavam a popu- reflete imediatamente na natureza inquieta do longa-
lação, canhões de luz dançavam pela noite e focavam -metragem que, embora tenha algumas cenas filmadas
litica e leva uma câmera inquieta para a frente de batalha num objeto, enquanto o exército iniciava evacuações em tripe, tem a maior parte de suas cenas filmadas
contra uma invasão alienígena sem precedentes de violência dos moradores do litoral e as rádios pediam a todos
que se protegessem embaixo de mesas ou abrigos.
com cameras na mão. “Tripés são caros, cara!”, brinca
o director, que teve acesso a um orçamento estimado
no cinema de ficção cientifica com direito a show dramático Pearl Harbor havia sido atacado três meses antes e de US$ 100 milhões e, mesmo assim, precisou tomar
submarinos inimigos haviam sido interceptados na re- todos os cuidados para não exagerar. É seu primeiro
de Aaron Eckhart, um perfeccionista dedicado. gião. Por várias horas, as baterias atiraram para todos filme grande.
os lados na esperança de abater um objeto aparente- Seu colega mais proximo, Distrito 9, com quem será
mente imune aos, pelo menos, 1.430 projéteis. Orson comparado por questões de qualidade, relevânica e
Wells nem precisou ser convidado para a festa, logo origem social por conte de os dois diretores serem
os primeiros rumores começaram a surgir: alienígenas! sul-africanos, precisou se sonter mais ainda, especial-
Provavelmente, culparam os marcianos, afinal, dizer “fo- mente na questão da criação dos alienigenas. Gastar
ram os incas venusianos” sempre soou meio esquisito. demais na pré-produção e no desenvolvimento pode
Fato é: mais de um milhão de pessoas presenciou o ser um problema sério para esse tipo de filme. “Essa
tal voo do objeto não identificado. ameaça precisa ser
aceitável e condizente em termos militares pois. se o inimigo for forte surgimento dos primeiros veículos. A raça em questão
demais ou surreal demais, lutar contra ele pode parecer uma bobagem. É uma levou ao pé da letra, e de forma acelerada, as palavras de
guerra, não um extermínio... embora a Humanidade leve a pior no primeiro con- César, promovendo um vent, vidi, vici em fastforward, ou seja,
tato”, defende Liebesman, que já está filmando a continuação de Fúria de Titãs cheguei, já tinha visto e estou conquistando. Sem enrolação
2010, batizado como Wrath of the Titans (tradução livre: Ira dos Titãs). Um politica, sem viés religioso, e sem nenhuma grande descoberta
dos principais percalços para Batalha de Los Angeles foram as adaptações científica ou bactéria salvadora. A proposta é militar, assim
dos extraterrestres quando eles deixaram o papel e entraram no com-putador, como seus desdobramentos. Exceto por poucos momen-
pois alguns modelos não ficaram interessantes nos modes 3D ou pareceram tos dedicados ao estabelecimento dos personagens, o filme
descartáveis quando inseridos no contexto final. Algumas coisas ficam lindas existe mais para o combate. Isto posto, nota-se que a Ficção
no computador e perdem totalmente o sentido dentro do filme. Esse tipo de Científica fica em segundo plano. De fato, porém, ajuda a re-
cuidado exige muito do orçamento e do tempo de equipe, mas vale a pena forçar alguns conceitos valiosos e manter paralelos em pers-
quando você precisa ter um inimigo digno de ser combatido”. pectiva. Robert A. Heinlein dissociou os papéis do cidadão
E essas batalhas são importantes, não apenas para fazer jus ao nome do militarizado e do civil alienado ao processo político em Tropas
filme, mas para garantir veracidade ao principal cenário desse longa-metragem: Estelares, mas misturou pouco esses dois mundos, criando
o front de combate. São diversas situações de confronto, inúmeros cenários uma visão mais ideal que real por conta da falta de perspec-
urbanos repletos de tensão e, ine-vitavelmente, explosões e inimigos e, além tiva e comparação. Batalha de Los Angeles joga esses dois
de tudo, fazem as vezes de condutor para o desenvolvimento do elenco. Os grupos num mesmo barco, promovendo uma troca constante
fuzileiros acreditam e reagem à altura, logo, o público acredita. Entretanto, na de expectativas, comportamentos e decisões arriscadas. Isso
vanguarda de toda essa fé, está Aaron Eckhart. Com rosto de herói ideal — sem contar o fato de sua essência ser um gigantesco “e se”,
quadrado, obstinado, furo no queixo e tudo mais — e metodologia profissional ques¬tionamento constante nos quadrinhos, por exemplo. Tal-
similar à dos militares, ele, ao mesmo tempo, criou um paralelo de sua vida vez inspirado pelo modelo de H.G. Wells, muitos dos diretores
com Batalha de Los Angeles e resumiu o cerne desse filme. “Se estou indo envolvidos com o tema respiraram bem antes de megolhar no caos. O maior “e se” de Batalha de
Los Angeles não é a invasão em si,
mas “e se fosse tão de repente que
para o centro da Terra ou liderando não desse tempo para fazer absoluta-
soldados contra alienígenas supe- mente nada?”
ravançados, vou acreditar em cada A única é se envolver com os
uma dessas coisas; se eu não fizer dramas apresentados e torcer pelo
assim, como posso esperar que o final feliz. “Qual mal em nos sentirmos
público acredite?”, explica o ator à bem no cinema?”, pergunta Eckhart,
nossa reportagem. Eckhart comanda dono de interpretações marcantes em
um elenco jovem, mas, claramente, O Cavaleiro das Trevas e Obrigado
empolgado, com grande habilidade por Fumas. “O cinema tem ficado tão
e devoção inquestionável. Nenhum cinico e desiludido, que parece crime
de seus close-ups é desnecessário sequer ponderar a ideia de levanter o
ou inexpressivo, suas emoções não astral no final da projeção. Felicidade
são ensaiadas, pelo contrário, elas nunca foi sinonimo de pieguice ou, pior,
se mostram imprescindíveis a cada burrice”. A referencia a O Resgate
nova curva ou revés. Seus soldados do Soldado Ryan é merecida, mesmo
dependem dele da mesma forma que sem esse filme ter o impacto e valor
o espectador precisa de seus sinais histórico da obra de Spielberg, mas ele
para ficar tenso, sentar na pontinha oferece uma experiencia acima da me-
do assento ou respirar aliviado. dia tanto entre filmes do gÊnero quan-
“Desconheço qualquer outro método to produções de ação no começo de
de trabalho justo comigo e com o 2011. Sem dúvida, é o melhor exemplar
público”. desse estilo até agora e utiliza bons
Justo é um termo aplicável à Ba- truques possíveis com asjá famosas
talha de Los Angeles, que foi filmado cameras digirais RED – preste atenção
em locações na Louisiana. “Incentivos na definição das imagens mesmo durante corridas extremante tremidas, tão interessantes quanto os de Zona Verde.
fiscais são maravilhosos!”, delira Lie- Entretanto isso não livra de momentos de repetição pela dinâmica “atire, corra, encontre cobertura, atire corre, encon-
besman. Sem pretensões intelectuais dinâmicas, e as cumpre de forma simples e direta: a realidade dos fuzileiros tre cobertura”, um claro ponto negative para os não entusiastas desse gênero. Spielberg não se estendeu por uma
ou mesmo reverberações sociais e uma invasão alienígena de forma bruta e sem frescura. Independence Day boa razão já Liebesman entrou de corpo e Alma.
inspiradoras e grandiosas no mundo teve suas naves pairando pelas cidades; Distrito 9 explorou o espectro social Como o título diz, essa foi apenas uma batalha de uma grande Guerra. Invasões ocorreram ao redor do globo,
proposto por seu roteiro — sobrevi- e seus possíveis desdobramentos; Guerra dos Mundos continua seminal com incluindo duas incursões na Costa do Brasil, provavelmente, Rio de Janeiro e São Paulo - adeus Praia Grande! – e é
ver é a coisa mais importante naque- seus Tripods, mas depende de sua construção dramática até o inevitável pensar continuações. “Quem sabe?”, desconversa o director, mas uma coisa afirma, pelo menos por enquan-
le mo¬mento — o filme apresenta duas to: “Nada de 3D, o pessoal ficaria louco comtantos movimentos e tantas cameras, for a a questão do custo”.

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Você cria o isolamento.

Sim. Pretendo mostrar que esse nunca foi o caso. Não quero.. dizer que
você está sempre sozinho. É aí que estão a força e a inspiração da his-
tória. Com sorte. nunca vamos nos encontrar na situação que ele estava,

DANNY BOYLE E O MILAGRE


mas todos nós vamos encontrar na situação que ele estava, mas todos nós
vamos enfrentar momentos e periodos dificeis, alguns piores do que outros.
O modo como você os supera não está relacionado a uma sobrevivencia in-
da multiplicação dos filmes dividual, mas está ligado a outras pessoas, que também compartilharam isso.
Quando você fica online, os computadores compartilham energiaa. Acho que
às vezes, estamos alinhados da mesma forma. Então, se alguém compartilha
e mostra um respeito adquado aos outros, ganha um poder imenso com
CAPAZ DE TRANSFORMAR ORÇAMENTOS MÉDIOS EM FILMES DE isso. Sempre acreditei nisso e tento fazer isso como pessoa. Tento não
GRANDE ESCALA, DANNY BOYLE LIDERA UM MOVIMENTO, E É FELIZ usar minhas conquistas pessoais para me isolar das pessoas. Eu realmente
acredito que isso é muito errado.
LONGE DE HOLLYWOOD E DE SUAS GRANDES REUNIÕES. EM ENTRE-
VISTA EXCLUSIVÍSSIMA, ELE EXPLICA SEU ESTILO, SUAS MOTIVAÇÕES E Você tenta ter uma ligação maior.
REVELA UM ÍDOLO CINEMATOGRÁFICO. Sim, eu tento ter uma ligação maior, quando passo. Nesse mundo, isso é
muito tentador. As pessoas esperam que se torne distante, separado.

Com sorriso carismático e um aperto de mão firme exemplo, porque ela não é o que parecia no começo. Ela Quando se é famoso e conquista muitas coisas, então porque deve-
marcaram o encontro com Danny Boyle. Referência obri- é retratada frequentemente, principalmente nos Estados ria manter contato com o mundo comum?
gatória no gênero da Ficção Científica. por filmes memo- Unidos, como uma história de super-herói - os america- Não diria isso.
ráveis como Extermínio e Sunshine -Alerta Solar, esse nos amam super-heróis. Mas a verdade é que, ironica-
inglês de baixa estatura, mas mente sem limites, poderia mente, isso é o que ele era quando ele enfrentou aquela Não é parte do seu argumento?
se comportar da maneira mais excêntrica possível, afinal situação. Um americano ideal. Um espécie soberbo. Eu Não necessariamente, porque acredito que todos nós somos comuns.
de contas, ganhou o Oscar de Melhor Filme por Quem amo o que há de Grande Oeste nele, o lado selvages do Isso é algo extraordinário e maravilhoso. Pense em uma pessoa. Você está
Quer Ser Um Milionário? e agora esteve na corrida pela Oeste, os pioneiros. Ele é um explorador, quis alcançar aqui em um curto período de tempo. e isso funciona com você passando
estatueta de 2011 com 127 Horas. Entretanto escolheu mais quatorze mil pés de altitude sozinho. E, ainda assim, coisas adiante diretamente, tendo filhos ou indiretamente, quando você ajuda
a simpatia para iniciar essa conversa exclusiva com a quando ele é parado pela natureza, precisa embarcar em outras pessoas. E você faz isso de forma decente e passa o respeito com
Sci-Fi News. uma jornada difernte. E ele chega lá porque voltou ao um senso de decencia. E isso é tudo o que você faz.
Sem esconder o orgulho por suas realizações, Boyle convívio social, e isso lhe dá graça, que é o que lhe falta.
revela um lado modesto e consciente, faceta fundamental Ele tem tudo, é um perfeito espécime, mas não é um
em sua trajetória positiva. Distante de Hollywood, e sem- homem perfeito sob diversas formas. E ele precisa fazer
pre trabalhando equipes alheias à mecânica da indústria, um movimento de retorno às pessoas para entender que
ele declara certa aversão a grandes reuniões e filmes nós devemos viver juntos. E isso o ajuda mais que ser
controlados por executivos, por causa disso recusou o um super- humano. Eu acredito nessa história realmen-
comando de Alien: A Ressureição, que acabou caindo te. Eu não estou negando que e preciso uma grande
nas mãos do francês Jean-Pierre Jeunet, demonstra dose de coragem, mas eu acredito que, mesmo a história
profunda admiração por James Cameron e explica como sendo sobre um indivíduo e o lugar tão solitário em que
transforma seus filmes - normalmente produzidos com ele está; é uma história sobre pessoas e sobre como
baixo orçamento e resultados similares a longas-me- somos capazes de fazer isso. Sobre como todos nós
tragens milionários - em sucessos com retorno quase estamos, em algum nível. con-tribuindo para isso, mesmo
garantido a seus investidores. sem saber. Estados magicamente ligados uns aos outros
de alguma forma. Eu acredito muito nessa filosofia.
Fiquei muito impressionado com 127 Horas. Venho E os lugares solitários? Sunshine - Alerta Solar é
tentando assistir a filmes sem ver o trailer antes, sobre um lugar muito solitário. Mesmo tendo pessoas
para descobrir no momento o que vocês reservaram ao redor, é o filme que apresenta as situações mais
para nós, mas é muito difícil. individuais que já vi no cinema.
É mesmo muito difícil. Essa dinâmica é realmente extraordinária. Nunca me
arrisquei tanto quanto estou me arriscando com essa
Sempre tenho a impressão de que seus filmes história, focando minhas lentes em apenas uma pessoa.
combatem a solidão. Na maioria dos filmes, há alguma Geralmente, conto com a dinâmica de um grupo no qual
solidão. Seus personagens sempre parecem estar posso criar a solidão. É muito fácil, é o caminho mais fácil
procurando algo. De onde vem essa necessidade? para fazer isso, porque aquilo não é solitário. é algo que
É interessante. Adorei a história de 127 Horas, por você faz ser solitário.
Mas por que Hollywood tenta nos contar uma his- Você mencionou o espaço..
tória diferente? Você mencionou que ninguém é verda- Entrevistei James Cameron há
deiramente solitário, mas Hollywood continua dizendo:” algumas semanas?
É preciso encontrar alguém, é preciso encontrar o amor Sério? Que legal! Gosto dele!
verdadeiro, é preciso coonquistar, é preciso encontrar Ele é exigente no set - e o que
tudo o que você mencionou”. dizem -. mas é um homem muito
É mais complex olhar para um grupo. Asolução mais decente. Ele trata as pessoas
fácil é pensar em termos de heroí. É tentar transformer muito bem de forma decente.. Não
as pessoas em heroinas. Esa é uma dinamica mais facil de tem frescura.
criar. É muito mais dificil fazer isso com varias pessoas. É
mais dificil fazer sucesso com um trabalho em grupo. E é Você acha que ainda temos
mais dificil escrever assim. Shakespear não escrevia tra- muitas barreiras que limitam a
balhos de grupo; Tchekhov, sim. Obviamente, isso não é Humanidade ou há limites que
algo facil de alcançar, mas ainda assim é muito importante e precisamos expandir?
nosso cenário cultural. Em nosso cenário spiritual também. Sim. sempre há limites.
Se você está completamente sozinho no Universo, porque Em termos de cinema.
as pessoas têm umas as outras. Por isso o espaço é James Cameron desafia os
limites. Normalmente, quando você
tão extensor. Não apenas em Sunshine – Alerta faz isso, quando você explora. você Atualmente você vê seus limites ou pode expandir para
Solar, mas em outros filmes também. Ele é um lu- faz isso com cuidado, em filmes onde quiser? Você pode agir como James Cameron?
gar extremante extensor porque precisamos dos ORÇAME menores. Essas forças so¬ciais Eu sempre admirei caras como James Cameron, que fazem
planetas. Este planeta – que estamos destruindo NTO agem sobre você com antecedên-
OSCAR 2 fil¬mes grandes. Eu adoro vê-los, mas não sou muito bom em
ou não – é nosso lar, e nós o compartilhamos. E, Toy Story 011 cia, então, você pode correr o risco, fazê-los. Eu gosto de filmar filmes menores e fazer com qu,e
3...........$20
quando ele chega ao cânion, e vê aqueles dese- A Rede S 0 milhões se quiser, mas não vai gastar muito se pareçam com filmes grandes. Eu tento fazer um filme de
Bravura In ocial...$40
nhos feietos há milhares de anos por possoas dômita........ milhões dinheiro fazendo isso. [risos] A não ação, eu coloco características de filmes de ação. Mas se
que moravam lá, ele se concta a isso de alguma O Venced ........$38 m ser que o filme cresça muito. Eu
or..............$ ilhões você me der um filme. De ação para fazer com duzentos
forma. Ele entende que existiam pessoas ali, que 127 Horas 25 milhõe adoro essa ideia.
...................... s milhões de dólares, não acho que farei um bom trabalho. Meu
lutaram como ele luta, que viveram e morreram O Discurs ....................$
o do Rei.... 18 milhões processo de trabalho não consiste naquelas reuniões gran-
ali, e ele se liga a isso. Ele se identifica de alguma ......................
$ 115 milhõ des. O que é extraordinário no James Cameron é que el.e
es
maneira. Ele precisa fazer isso. Estamos todos mantém uma identidade pessoal em algo que é tão vasto. Ele
juntos. Mesmo que você tente trapecear, tenta mantém suas digitais, e é isso que a maioria das pessoas
negar e se manter destante das pessoas. perde.

O reinado do médio orçamento


A MENSAGEM
DE HOLLYWOOD Dde todos eles: o orçamento dos dez tanto, é preciso lembrar que os
possível verdade: a Academia de com público-base - não importa quão
filmes produzidos pelos estúdios
É CLARA: ORÇA- candi¬datos a Melhor Filme.
Toy Story 3 (US$ 200 milhões) e A Rei (US$ 15 milhões) e Cisne Negro (US$ 13 envolvem pro¬fissionais extremamen-
Cinema e os pro¬dutores começaram ruim o boca a boca seja -, roteiros
a se lembrar de que há mais modos originais estão cada vez mais raros
MENTOS MAIS Origem (USS 160 milhões) foram os maiores milhões). Minhas Mães e Meu Pai gastou te especializados, grandes linhas de
de ultrapassar a marca dos US$ 100 e, quando surge um, como A Origem,
ENXUTOS, FILMES gastões na lista, afinal, um criou tudo em
computador, en¬quanto o outro resolveu fazer
menos ainda — apenas US$ 4 milhões — e
o impressionante Inverno da Alma foi tão
produção e uma estru¬tura cem por
cento dedicada ao filme, logo o custo
milhões nas bilheterias -ganhando a por exemplo, é prontamente descar-
MAIS EFETIVOS. tudo de forma mecâ¬nica e mais artesanal. Dois bara¬to que parece piada: USS 1 milhão. No dispara. Cinco dos dez indi¬cados
alcunha de Blockbuster -sem gastar
a mesma quantia, ou mais. Paradoxal,
tado pelas razões erradas. Incer¬te-
zas econômicas e os ainda errantes
SEJA CRISE, SEJA extremos do espectro de uma mesma arte,
logo, tendem a polarizar tan¬to em resultado
meio do caminho ficaram O Vencedor (US$
25 milhões), Bravura Indômita (US$ 38 mi-
custaram menos de US$ 20 mi¬-
pois ver as mesmas pessoas que efeitos da internet e dos downloads
lhões, ou seja, foram feitos na faixa
ESTILO, QUEM final quanto em esforço necessá¬rio. E, em lhões) e A Rede Social (US$ 40 milhões),
mini¬mamente aceitável pelos padrões
lucram com o atual sistema prestigia ile¬gais nas bilheterias - que mesmo
Hollywood, esforço significa gente envoi-vida, com seus efeitos especiais tão bem-feitos, rem e reforçarem conceitos que, leve¬mente recuperadas pelo re-
MANDA AGORA que significa dinheiro, que significa grande fluxo que muita gente sequer notou, por exem- da elite Hollywoodiana e dois deles
em tese, jogam contra o próprio sultado de muitos filmes 3D - não
SÃO OS FILMES de trabalho, que significa orçamento alto. Danny plo, o fato de que os gêmeos Winklevoss nem america¬nos são: O Discurso
do Rei e 127 Horas, cujos núcleos
patrimônio não faz sentido imediata- foram suficiente para redespertar o
Boyle, na entrevista exclusiva, define clara¬men- eram apenas um ator. mente, mas pode ser a luz no fim do interesse volumoso para investimen-
DEMÉDIO PORTE. te que faz filmes baratos cuja impressão final Essa mensuração em milhões pode de produção são britâni¬cos. Minhas
túnel da indústria daqui alguns anos. tos no cinema. Há um novo deus na
é de algo absurdamente milionário e impres- soar exa-gerada independente do tamanho Mães e Meu Pai e Inverno da Alma
sionan¬te. Bem, é a lei da efetividade. Seu 127
Fazer filmes se tornou um negó- equação e a produção de TVs online
da soma, entre são filmes independentes, aliás.
Horas cus¬tou cerca de US$ 18 milhões e foi cio caro e, no atual ciclo, arriscado. cresce, mesmo que parcamen¬te
Tirando a natureza aparentemente
seguido de per¬to por outros concorrentes, Adapta¬ções garantem longas-me- remunerada e com menos qualidade,
para¬doxal do argumento, sobra uma
inclusive o vencedor do Oscar O Discurso do tragens inicial¬mente já esperados e

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“SENSACIONALISMO, CHARLIE SHEEN consumo de elite dedicada a julgar baseada nas descober- conta fora das câmeras. O mais próximo disso que cheguei foi nas
tas de outros, replicar cada nova informação sem checagem três conversas que tive com Michelle Rodriguez. Ela fala o que
DESPREPARO
E UMA POSTURA E ou crivo crítico e cujo objetivo não é mais o Prémio Pullitzer ou
o cargo no New York Times, mas sim o reconhecimento online
da na telha, mas, claro, toma certo cuidado. Mesmo assim, é au-
tentica e dá porrada em quem merece. O modo e o contexto da
SURPREENDENTE
MARCAM
AS FALHAS DA e a audiência. Por mais repulsivo que o TMZ seja, eles, pelo
menos, investigam suas reportagens e conseguem fontes.
É feio, mas dá resultado e, depois de Michael Jackson, eles
situação de Sheen podem não ser as melhores, mas sua postura
é exemplar: perante a mídia. Não tem medo de perguntas diretas
é rápido em esculachar repórteres que tentam fazer perguntas
O “CASO CHARLIE
SHEEN”, NOVO ALVO
NOVA IMPRENSA mostraram que têm credibilidade. Já os “blogs” especializados
e, principalmente, sites internacionais - como no Brasil - entram
politicadamente corretas e não usar termos possivelmente ofensi-
vos, como a moça da ABC que levou uma invertida ao perguntar
na rabeira, comem todas as bolas possíveis e vão continuar quando foi a vez que ele “usou”. A resposta foi hilária: “eu uso o
DA IMPRENSA”. “pisando no tomate”, enquanto não encontrarem um balanço liquidificador, o microondas, o aspirador de pó... agora se você quer
entre sensacionalismo e responsabilidade. saber da última vez em que eu ingeri substâncias químicas ou
Olha, assim como Charlie Sheen. drogas foi...”. Não há mais barreiras.
Há cerca de três anos fiz um perfil de Charlie Sheen, Pois bem, eis que Charlie Sheen cumpriu a profecia “Blogs” são ótimas fontes para coisas acontecendo Magro, aparentemente debilitado e cansado, mas sem pestanejar
ou melhor, Carlos Irwin Estevez. Foi um bom momento sem chegar ao extremo inaceitável proposto por Maher, no círculo social do “blogueiro”, por exemplo, nos casos em suas declarações, Sheen não é um modelo. Nunca foi Gosto
para se falar so¬bre o filho do Senhor Charlie, afinal, final- mas fez o máxim dentro do que suas liberdades individu- recentes do Egito, Irã e Líbia. E um canal inovador nas de lembrar quando Jason Isaacs me disse que “atores criam
mente vivia momentos de bastante sucesso e apagava ais permitem. Exagerou, surtou, comprou briga com o alto comunicações mundiais, mas têm limitações gritantes personagens e nossa responsabilidade acaba quando as filma-
os fiascos profissionais com os mi¬lhões de salário por comando da Warner TV. mandou os chefes “às favas”, in- quando não estão diretamente envolvidos no aconteci- gens terminam, não entendo essa relação de estender o que o
Two and a Half Men. Como todo perfil, é preciso enten- clusive Chuck Lore, criador da série, e surpreendeu com mento em si e, no fim das contas, só aumentam a força personagem fez à nossa vida pessoal, assim como não entendo a
der a vida do objeto ou do ser para nào dar nenhum seu comportamento. Surpresa é o termo chave aqui, pois da bola de neve gerada pela informação errada. O mais imprensa (e atores que assim se comportam) querendo saber de
furo e, claro, excluir o que não interessa à matéria. Tinha quando a TV, os abutres do TMZ, os papagaios de pirau curioso disso é notar que, no atual formato, em termos de política, economia ou o destino do mundo de gente que não tem
duas es-colhas: falar sobre ele ser um maluco por teorias da internet e os veículos impressos foram para cima dele noticiário internacional um grande portal tem as mesmas formação para opinar sobre esses assuntos”. Charlie Harper pode
conspiratórias ou entrar na vida pessoal, mergulhando no para “investigar” seus exageros e “desmascarar” sua vida condições de trabalho que um “blog”. A diferença é que ter se transformado num ícone e, até certo ponto, modelo para
casamento fracassado com a gostosa, mas péssima atriz, libertina o que encontraram não foi um sujeito subindo num deles o sujeito ganha para fazer o trabalho e, no quarentões com síndrome de Peter Pan. Convenhamos, com o
Denise Richards, por exemplo; ou ficar explorando dra- pelas paredes: um coitadinho arrependido - né, Tiger outro, apenas torce para atrair audiência e ganhar só no dinheiro que o personagem tem, quem, naquela situação, não apro-
mas pessoais. Sinceramente nào precisei pensar muito Woods? Charlie Sheen fez algo sem precedentes na his- futuro. A transição do jornalismo profissional foi muito ve tira com o mesmo estilo? Mas Sheen nunca foi tão bonzinho
para cortar essa segunda parte. Por que? Meu trabalho tória recente das celebridades, ele manteve sua postura malfeita nesse aspecto e não há mais diferencial, afinal, ou controlado quanto seu alter ego televisivo.
refere-se ao profissional, ao sujeito visto através das e defendeu cada uma de suas atitudes. Nada de chorar se é para ler algo errado tanto faz entrar no UOL, no Há uma realidade: um ator cujo estilo de vida é exagerado
lentes das câmeras e o resultado daquilo que ele faz. pelos cantos, nada de tentar gerenciar a crise - que seria Terra ou no G1 ou dar hit para algum amigo que cubra a brigou com seus executivos, ofendeu publicamente e perdeu o
Escolhas referentes à atuação me interessam, a miste- o sonho de consumo de todo relação pública que se área sem remuneração. emprego. Daí para a frente é exploração, desespero da mídia
riosa briga com Oliver Stone também, assim como seus preze. Sheen soltou o verbo, tem falado com praticamen- Sheen pode fazer e dizer tudo que pensou até deixar seus e esmiuçamento de um assunto tão irrelevante quanto as idas
filmes toscos, enquanto o que ele faz no seu dia a dia, te todos os canais de TV, emissoras de rádio e grandes che¬fes irritados e a bomba explodir. E, completando o paralelo, e vindas de Li-Lo à Corte de Los Angeles. Difícil não expor a
dentro de sua casa, é coisa de tablóide, coisa de jornalis- jornais que solicitaram entrevistas. Sem papas na língua, nesse momento, nossos “portais” também falam o que querem, situação, mas, veja só, estou, de certo modo, fazendo o mesmo
ta desesperado ou acomodado demais para não buscar o ator criticou o comando da Warner sem dó nem pieda- sem se dar ao trabalho de investigar, até que alguma grande ao escrever sobre o assunto. Entretanto tenho a certeza de não
emprego melhor. Entretanto essa postura soa saudosista de e com personalidade. Claro, é o “dead men’s speech”, bomba ex- plod.... ok, não vai acontecer. Comentários críticos criar grande estardalhaço, afinal, a internet atual só funciona
e romântica e tudo que se vê agora é sensacionalismo ou seja, o cara que não tem mais nada a perder falando não faltam, condições de fazer o trabalho direito também, na base do título bombástico, da emção falsificada no “blog”, da
barato, perseguição a celebridades e, infelizmente, a luta as verdades. Não há mais volta em termos de Two and entretanto é preciso investir e é cômo¬do pagar um bando discussão idiótica sobre Big Brother, da quantidade de “leitores”
de uma imprensa desesperada ao tentar transformar a Half Men, não depois de tudo isso, entretanto o mais de estagiários para traduzir e fazer copiar/colar. Os erros são que amou e compartilhou a piada.
Charlie Sheen no novo “Caso Lindsay Lohan”. surpreendente é o termo escolhido por Charlie Sheen: constantes, a responsabilidade é nula, as consequências são Não há mais vozes reais; apenas eco de uma mesma mensagem
Vamos aos fatos: Charlie Sheen usa drogas pe- “Sou um vencedor!” Numa de suas inúmeras entre- inexistentes. A mesma imprensa brasileira que entrou na conformista criada para atrair e entreter as massas. Falar : fora dos
sadas; contrata prostitutas caríssimas; acredita que vistas, a seguinte declaração me chamou atenção: “Por dança do “Malhe o Charlie Sheen” é vítima do mesmo exagero padrões resulta em exclusão social e profissional. Mel Gibson que
os ataques de 11 de setembro tiveram participação do que tenho que me envergonhar da minha vida? Estou egocentrista pelo qual Sheen passa. Concordo que ele seja um o diga!
Governo; é (era) o ator mais bem pago da TV norte- feliz, faço o que quero e sou diferente; sou especial. Não vencedor - ele se diz “especial” - e demonstra controle impres-
-americana, com US 1.2 milhões por episódio em Two vou viver do jeito que os executivos querem”. Mesmo sionante perante esse levante da mídia e o julgamento público,
and a Half Men, e amado pelo público. que eu não concorde com uso de drogas ou gente que mas vai pagar um preço. Seu emprego já era e ele sabe disso,
Sim, amado. Algumas piadas locais inclusive brincam gosta de Twilight, é impossível discordar da argumenta- tanto que se preocupa em sempre dizer que vai lutar pela
com o fato de que ele e, por exemplo, Justin Long, ção. Afinal, podemos “amar” o persona¬gem, mas o ator vitória absoluta, ou seja, garantir o pagamento de dez episódios
sempre consiguem novas chances mesmo não tendo faz o que bem entende. para seu elenco e equipe, antes mesmo de tentar receber seu
feito um bom trabalho. Foi Bill Maher, apresentador Essa questão de liberdade foi bastante explorada com próprio dinheiro. Como é o ditado? As estrelas brilham mais
da HBO, quem ilustrou isso - em forma de brincadei- Lindsay Lohan, que ouviu de grandes especialistas e até forte antes de se extinguirem? Pode ser o caso.
ra - da melhor maneira possível: “Mesmo que Charlie de “blogueiros” inexpressivos o que deveria fazer, ou não, Charlie Sheen mostra a verdadeira Hollywood, aquela que tanto
Sheen apareça assando um cachorro ou torturando como deveria fazer, o que deveria dizer. Muitas situações cubro, sem respostas prontas, sem puxa-saquismo, sem - faz de
uma criancinha, vamos anuncia-lo mesmo assim, afinal, condicionais numa dinâmica formadora de opinião - veja bem,
é o Charlie Sheen!”. não dá mais para se referir como “jornalística”, isso virou prática e

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tar a tal da “suspensão de des¬cren-
ça” (suspension of disbelief), ou seja,
temos uma escolha: acreditar na
proposta ou se desligar da projeção,
do mesmo modo que David Norris
(Damon) é confrontado com uma
situação inusitada, tão irreal quanto

PU
um filme de ficção, e precisa decidir
se entra no jogo ou tenta repelir
sua inegável existência.
Essa resposta define a efetivida-

BL
de do filme, pois ao recusar o papel
de herói em negação, Norris pode

IC
se definir pelo que sente, não pelo
que acredita ou não. O romance
com Elise (Emily Blunt) foge à regra

ID
da história de amor hollywoodiana e
se torna de central com relevância
SE CONTROLAR O DESTI- e Outro Segredo, as persegui¬ções
e propósito dentro de uma trama

AD
NO DE CADA SER HUMANO É exemplares de O Ultimato Bourne
provocativa, mas acessivel. Emo-
PARTE DE UM GRANDE PLA- e mergulha fundo na ficção científi-
ções são expostas e bem definida,
NO CÓSMICO, QUEM ESCRE- ca de li¬nha do tempo, todos filmes
valorizadas por boas escolhas
escritos pelo agora diretor. Segu-

E
VEU A TRAJETÓRIA DA VIDA de ângulo, constante curiosidade
DE PHILIP K. DICK DECRETOU: ro dentro de sua pro¬posta, Nofi
mesmo depois que mecânica do
SEUS LIVROS E CONTOS SE- consegue ser efetivo sem muito
Bureau é explicada. Aliás, esse é
RÃO ADAPTADOS ATÉ O FIM esforço e apostou na naturalidade
mais um daqueles casos em que
DOS TEMPOS E HOLLYWOOD que Richard Kelly excluiu em A
influenciador pode ser o influenciado
NUNCA DEPENDERÁ TANTO Caixa, adapta¬do de um conto de
pelo grande público, pois Os Agen-
DE UM AUTOR COMO DE TI! Richard Matheson. Matt Damon e
tes do Destino utiliza: o conceito
Emily Blunt entraram em sintonia
Minority Report, O Homem Du- das backdoors, visto em Matrix com
rapidamente e o primeiro encon¬tro
plo, Bla¬de Runner — O Caçador de bom resultado gráfico e, novamente
dos personagens é sensacional; a
Andróides, O Vingador do Futuro trabalhando metalinguagem, afinal,
dupla de Kelly falha pela artificia-
e o recente Os Agen¬tes do Des- ao entrar numa das portas e cortar
lidade do sota¬que e excesso de
tino são apenas alguns dos filmes caminho o personagem simula o ato
estereótipos ligados à personagem
inspirados pela obra de Philip K. de editar um filme — basicamente,
de Cameron Diaz.
Dick, cujo trabalho literário dentro encurtando ações, resumindo longas
Basta olhar um pouco para os
da ficção científica apoiou o cinema transições e garantindo velocidade
lados e, em vez de um misterioso
do gênero de forma mar¬cante nos adequada. É um processo tá familiar
perseguidor usando chapéu clássi-
últimos 20 anos. A predileção dos ao espectador que ele se vê en-
co, encontrar inúme¬ras referências
estúdios é claramente provocada volvido sem perceber a verdadeira
dessa história na literatura. Ela
pelo sta¬tus irrefutável do clássico razão Pura diversão sem ofender
não é seminal, mas não tira sua
de Ridley Scott, mas é reforçada o intelecto da platéia ou cair na
efetivi¬dade. Inevitável não pensar
pelo simples fato de as his¬tórias — mesmice.
em O Fim da Eternidade, clássico
curtas ou longas — serem efetivas e de Isaac Asimov, com suas pratica-
com grande apelo cinemático, como mente inesgotáveis maquina¬ções e
é caso de Os Agentes do Destino, cálculos capazes de definir o futuro
com Matt Damon e Emily Blunt. da Humanidade. Esse é apenas
Tudo faz parte de um plano, prega um dos as¬pectos de Os Agentes
o longa-metragem de George Nofi, do Destino, inspirado no conto The
em sua primeira direção. Adjustment Team, de K. Dick. Há
Roteirista com boas credenciais, implicações metafísicas, espirituais
Nofi encontrou um material perfei- e existenciais nesse cenário, assim
to para justi¬ficar sua estreia. Os como um pouco de metalinguagem
Agentes do Destino brinca com o cinematográfica. Sempre que entra-
o humor inesperado de 13 Homens mos no cinema precisa¬mos exerci-

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