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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO


LICENCIATURAS EM ECONOMIA E GESTÃO

MICROECONOMIA
Ano Letivo 2015/16 – 1.º Semestre
PROVA GLOBAL (RECURSO) – 18/01/16
Duração: 2h45 + 15 minutos de tolerância

1) É permitida a CONSULTA LIMITADA a duas folhas de apontamentos manuscritos.


2) Procure ser PRECISO E CONCISO nas suas respostas.
3) Responda a cada grupo EM FOLHAS SEPARADAS.
4) Não é permitida a utilização de EQUIPAMENTOS ELETRÓNICOS.

I
(4 valores)
1. (1 valor) A Biblioteca Pública Municipal do Porto disponibiliza livros para empréstimo
domiciliário nos mais diversos domínios (ciências sociais, biologia, arte, história, religião, geografia,
informática, literatura, psicologia,…). Este é um serviço gratuito, disponibilizado a todas as
pessoas, singulares ou coletivas, inscritas como leitores da biblioteca. A inscrição é simples e gratuita,
exigindo apenas a apresentação de um documento de identificação válido com fotografia. Classifique
cada livro disponibilizado pela biblioteca para empréstimo domiciliário em termos económicos e
justifique a sua resposta.
2. (3 valores) A tabela abaixo apresenta o número de trabalhadores necessários à produção de um
litro de champanhe ou de vinho em França e Portugal:

França Portugal
Champanhe 1 6
Vinho 4 8

a) Com base na informação disponibilizada na tabela acima, calcule e interprete o custo de


oportunidade de champanhe em termos de vinho para os dois países, explicando TODOS
os passos necessários àquele cálculo. [respostas sem explicação não terão cotação]
b) Será que Portugal e França teriam vantagem em deixar de produzir simultaneamente
champanhe e vinho, especializando-se na produção de um dos bens? Justificando, indique
o padrão de especialização que esperaria ocorresse para os dois países.

Por seu turno, a tabela abaixo apresenta o número de baguetes ou broas que cada trabalhador é capaz
de produzir em França e Portugal:

França Portugal
Baguete 8 6
Broa 4 2

c) Com base na informação disponibilizada pela na tabela acima, calcule e interprete o custo
de oportunidade de baguetes em termos de broas para os dois países, explicando TODOS
os passos necessários àquele cálculo. [respostas sem explicação não terão qualquer
cotação]
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II
(5 valores)
Considere que o Rui tem orçamento mensal de 200 euros para gastar em chicletes e cerveja, sendo o
preço destes bens de 5 e 10 euros, respetivamente. Com base nestes dados, responda às questões
seguintes:

a) Para o Rui qual o valor de uma chiclete em termos de cerveja? Identifique o conceito
calculado e apresente a sua definição correta (1 valor).
b) Assuma agora que o Rui é um consumidor habitual de cerveja e recebeu uns cupões para
descontar todos os meses (um por mês) que lhe dão 3 cervejas (cada cupão). Apresente a
nova fórmula da fronteira das possibilidades de consumo do Rui e represente graficamente
esta nova situação (considerando a cerveja no eixo das abcissas) (1,5 valores)
c) Com base na alínea anterior, ceteris paribus, qual teria que ser a alteração do preço das
chicletes para permitir o consumo do cabaz (30 chicletes e 14 cervejas) esgotando de
forma total o rendimento do Rui? (1 valor)
d) Será que o custo de oportunidade da cerveja se mantém idêntico com o ocorrido na alínea
anterior? Justifique. (0,5 valores)
e) Comente a seguinte afirmação, justificando a sua resposta: “Ceteris paribus, uma subida
no preço de um bem leva a uma deslocação paralela para a esquerda da curva da procura”.
(1 valor)

III
(5 valores)
1. (1,50 valores) Suponha que na investigação sobre as tecnologias de produção de um determinado
bem, a questão é saber quais são os efeitos sobre a quantidade produzida resultantes da variação na
quantidade de um determinado factor, na situação em que as quantidades e qualidades dos restantes
se mantêm constantes. Conhece algum conceito que seja adequado à representação da relação entre
as quantidades produzidas pelas empresas com melhores práticas neste domínio e as várias
quantidades utilizadas desse factor variável?
(Apoie a sua explicação com o gráfico que achar mais adequado para o efeito).
2. (1,50 valores) Suponha, agora que, numa determinada empresa, é recebida uma encomenda para
ser produzida uma certa quantidade de um bem. Essa encomenda é entregue à responsabilidade de
uma unidade dessa empresa cujo director tem autonomia para organizar a produção como achar
melhor, só com a condição de o fazer da forma economicamente mais eficiente.
Com as ajuda dos conceitos e representações gráficas que achar mais adequados para este efeito,
explique as características do que vai provavelmente ser a decisão desse director relativamente a essa
produção.
3. (2,00 valores) Ao que parece, há só 147 grupos empresariais no mundo que produzem a grande
maioria daquilo que consumimos. Para os mais interessados, aqui fica o endereço de um artigo na
Forbes sobre o assunto: http://www.forbes.com/sites/bruceupbin/2011/10/22/the-147-companies-
that-control-everything/#2715e4857a0b74a3c4467638.
Mesmo sendo um número reduzido de grupos empresariais, não há só um que produza tudo o que é
consumido no mundo de cada bem ou serviço. No que aprendeu nas aulas, há alguma coisa que ajude
a explicar parte das razões pelas quais não é só um grupo empresarial que produz a quantidade total
de cada bem que é consumida no mundo?

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IV
(6 valores)
Foi descoberto um medicamento novo para a cura da procrastinofilia, doença para a qual passou
assim a haver, pela primeira vez, uma cura química. A esse novo medicamento foi dado o nome de
ANTIPROC. À tecnologia de produção de ANTIPROC e aos preços dos fatores de produção
associa-se a seguinte função custo:
= 2 , onde C é o custo (em €) de produzir Q kg de ANTIPROC.
Como poderão imaginar, dado a grande gravidade da procrastinofilia na sociedade portuguesa, a
procura de mercado para ANTIPROC foi, desde o primeiro momento, considerável, sendo dada
pela seguinte função:
= 150 − , onde Q é a quantidade procurada de ANTIPROC, em kg, e P o preço unitário desse
medicamento, em Euros por kg.

1. (2 valores) Numa primeira fase o detentor da patente de ANTIPROC teve o exclusivo da


produção e venda do medicamento, e fez o possível por retirar o máximo lucro da sua posição.
a) Diga, justificando, qual a estrutura de mercado do medicamento ANTIPROC para as
condições referidas?
b) Em consistência com a sua resposta à alínea anterior calcule o preço e a quantidade
produzida e vendida de equilíbrio de ANTIPROC.

2. (4 valores) Ao fim do tempo legal a patente de ANTIPROC caiu, deixando de ser um exclusivo
da empresa inovadora. Ato imediato passou esta a ter, nesse mercado reconhecidamente lucrativo,
mais 3 concorrentes, todos dispondo exatamente da mesma tecnologia; sabe-se também não terem
as agora 4 empresas agora no mercado capacidade de negociar entre si preços.
a) Considerando as estruturas de mercado que foram estudadas nas aulas de forma
desenvolvida, diga, referindo todos os seus pressupostos, qual dessas estruturas se
aproxima mais da que passou a existir para o medicamento ANTIPROC.
b) Considerando a estrutura de mercado que referiu na resposta à questão anterior, com base
em toda a informação já disponibilizada, calcule a curva da oferta no mercado de
ANTIPROC.
c) Assumindo a racionalidade instrumental de todos os agentes económicos envolvidos,
calcule o preço e a quantidade transacionada de equilíbrio para o mercado de ANTIPROC
para as novas condições.
d) Usando os conceitos, cálculos (e/ou representação gráficas) que considerar mais
adequadas, analise o impacto da abertura do mercado aos 3 novos produtores (i) no bem-
estar dos consumidores, (ii) no bem-estar dos produtores e (iii) na eficiência económica
do mercado.
e) Que pode dizer-se quanto ao poder dos produtores de influenciar o preço de mercado de
ANTIPROC, antes e depois da abertura do mercado?

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Tópicos de Resolução

I
(4 valores)

1. A resposta mais correcta é que os livros desta biblioteca são bens em regime de “propriedade
comum” pelas seguintes razões que constam do texto que está na página 23 do livro:
 O recurso (neste caso o espólio de livros da biblioteca) está bem delimitado em termos físicos e
sociais;
 Existe rivalidade no uso do recurso (quando alguém está a utilizar determinado livro esse livro
não pode estar a ser utilizado por outra pessoa);
 Existe um grupo bem definido de pessoas que são colectivamente titulares dos direitos que
regulam quem pode usar e como pode ser usado o recurso em questão (neste caso são os cidadãos,
através da Câmara Municipal do Porto que os representa é que é responsável pela propriedade e
gestão da Biblioteca);
 As pessoas atrás referidas podem exercer esses direitos de uso (qualquer cidadão pode ser utente
da Biblioteca, bastando para isso exibir o seu documento de identificação);
 Existem regras implícitas ou explícitas sobre os direitos e obrigações dos utilizadores do recurso
que estes conhecem e respeitam (por exemplo, apresentar um documento de identificação,
devolver os livros e não os roubar, utilizar os livros sem os estragar, ou se os estragar paga, não
fazer barulho na biblioteca, não utilizar o telemóvel dentro da biblioteca, nãop deitar lixo para o
chão, não fumar dentro da biblioteca, etc.).

Uma resposta menos correcta seria considerar os livros como sendo um bem gerido numa situação
mais próxima da de livre acesso do que das outras três consideradas nas aulas (bem privado, bem
público, bem de clube). Aqui o argumento seria que o acesso ao uso dos livros tem muito poucas
condições que limitam esse acesso e há rivalidade no uso dos livros.
O problema aqui é que isto implica esquecer todas as regras (as que foram referidas no parágrafo
anterior) que existem para que o uso do livros e o do espaço da Biblioteca sejam feitos com o civismo
necessário para que esses livros e espaço não se degradem.)

2.
a) (1 valor)
O custo de oportunidade de champanhe em termos de vinho diz-nos quantos litros de vinho é que
cada país tem que deixar de produzir para poder aumentar a produção de champanhe num litro.
Consideremos primeiramente o caso da França. Com base na informação disponibilizada na tabela,
para aumentar a produção de champanhe num litro, a França precisa de um trabalhador. No entanto
ao deslocar esse trabalhador para a produção de champanhe, a França tem que deixar de produzir
0,25  1 / 4 litros de vinho (uma vez que em França são necessários 4 trabalhadores para produzir um
litro de vinho):
4 trabalhadores -------- 1 litro de vinho
-1 trabalhador -------- x litros de vinho
Assim sendo, o custo de oportunidade de champanhe em termos de vinho para a França é de 0,25
litros de vinho. O país tem que deixar de produzir 0,25 litros de vinho para poder aumentar a produção
de champanhe num litro.

4/12
Consideremos agora o caso de Portugal. Com base na informação disponibilizada na tabela, para
aumentar a produção de champanhe num litro, Portugal precisa de 6 trabalhadores. No entanto ao
deslocar esses 6 trabalhadores para a produção de champanhe, Portugal tem que deixar de produzir
0,75  6 / 8 litros de vinho (uma vez que em Portugal são necessários 8 trabalhadores para produzir
um litro de vinho).
8 trabalhadores -------- 1 litro de vinho
-6 trabalhador -------- x litros de vinho
Assim sendo, o custo de oportunidade de champanhe em termos de vinho para Portugal é de 0,75
litros de vinho. O país tem que deixar de produzir 0,75 litros de vinho para poder aumentar a produção
de champanhe num litro.

b) (1 valor)

Se os países se especializarem na produção do bem em que apresentam custos de oportunidade mais


baixos (vantagens comparativas) podem aspirar a aumentos da produção total (se for realizada no
grau correcto) de champanhe e vinho. Essa produção acrescida pode dar origem a aumentos de
consumo nos dois países, caso estes transaccionem entre si essa produção acrescida, por exemplo,
através de uma relação de mercado.
Neste caso, uma vez que a França tem um custo de oportunidade de champanhe (em termos de vinho)
menor do que Portugal (0,25<0,75), a França tem vantagem comparativa na produção de champanhe.
Consequentemente, Portugal tem vantagem comparativa na produção de vinho. Assim, a França terá
vantagens em especializar-se na produção de champanhe e Portugal na produção de vinho.

c) (1 valor)
O custo de oportunidade de baguetes em termos de broas diz-nos o número de broas que cada país
tem que deixar de produzir para poder aumentar a produção de baguetes em uma unidade.
Consideremos primeiramente o caso da França. Com base na informação disponibilizada na tabela,
para aumentar a produção de baguetes em uma unidade, a França precisa de um 0,125  1 / 8 de
trabalhador (uma vez que em França cada trabalhador é capaz de produzir 8 baguetes):
8 baguetes -------- 1 trabalhador
+1 baguete -------- x trabalhadores
No entanto ao deslocar esse 0,125 de trabalhador para a produção de baguetes, a França tem que
deixar de produzir 0,5  0,125  4 broas (uma vez que em França cada trabalhador é capaz de produzir
4 broas):
4 broas -------- 1 trabalhador
x broas -------- -0,125 trabalhadores
Assim sendo, o custo de oportunidade de baguetes em termos de broas para a França é de 0,5 broas.
O país tem que deixar de produzir 0,5 broas para poder aumentar a produção de baguetes em uma
unidade.

Consideremos agora o caso de Portugal. Com base na informação disponibilizada na tabela, para
aumentar a produção de baguetes em uma unidade, Portugal precisa de um 0,16(6)  1 / 6 de
trabalhador (uma vez que em Portugal cada trabalhador é capaz de produzir 6 baguetes):

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6 baguetes -------- 1 trabalhador
+1 baguete -------- x trabalhadores
No entanto ao deslocar esse 0,16(6) de trabalhador para a produção de baguetes, Portugal tem que
deixar de produzir 0,3(3)  0,6(6)  2 broas (uma vez que em Portugal cada trabalhador é capaz de
produzir 2 broas):
2 broas -------- 1 trabalhador
x broas -------- -0,16(6) trabalhadores
Assim sendo, o custo de oportunidade de baguetes em termos de broas para Portugal é de 0,3(3)
broas. O país tem que deixar de produzir 0,3(3) broas para poder aumentar a produção de baguetes
em uma unidade.

II
(5 valores)

a) (1 valor)

Cálculo de custo de oportunidade de uma chiclete em termos de cerveja

Pr Chicletes 5
C.O.    0,5 (0,5 valores)
Pr Cerveja 10

Conceito: custo de oportunidade (0,25 valores)

Definição: Quantidade que tenho de abdicar do consumo de outro bem, para poder consumir mais
uma unidade deste bem (0,25 valores)

c) (1,5 valores)

Nova fórmula da fronteira de possibilidades de consumo (após oferta):

200  10  3(cervejasgr átis )  5  Q.chicletes  10  Q.cerveja  Q.chicletes  5  230  10  Q.cerveja

Q.chicletes  46  2  Q.cerveja (0,5 valores)

Resultado final:

Q.chicletes = 40 para Q.cerveja  0;3 (0,25 valores)

Q.chicletes = 46 – 2*Q.cerveja para Q.cerveja  3 (0,25 valores)

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Gráfico (0,5 valores)

Q.chicletes

0
3 2 Q.

d) (1 valor)

Pegando na fórmula anterior:

Q.chicletes  5  230  10  Q.cerveja

Substituir a Q.chicletes por 30 e Q.cerveja por 14, tornando o preço das chicletes numa variável,
ficando então:

90
30  P.chicletes  230  10 14  P.chicletes   3 (1 valor)
30

e) (0,5 valores)

Sim, altera-se (0,25 valores). Passa de 2 para 3,(3). (0,25 valores)


f) (1 valor)

Afirmação falsa (0,5 valores). Com a subida do preço, há uma deslocação ao longo da curva da
procura e não da própria curva da procura. (0,5 valores).

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III

1. (1,50 valores) É a curva de produção total de um fator um vez que esta consiste na relação entre
as diversas quantidades de um fator variável e as correspondentes quantidades produzidas do bem ou
serviço em questão, assumindo que as quantidades e qualidades dos outros fatores são fixas.

(cf. gráfico do livro de texto, pp. 152)

2. (1,50 valores) Aqui trata-se de uma situação correspondente ao problema da minimização do custo
de produção total para um dado volume de produção, aqui a quantidade a produzir para satisfazer a
encomenda e cujo montante o diretor da unidade que a vai produzir não pode alterar.
O que o diretor tem liberdade para decidir é a combinação das quantidades dos vários fatores que
permitem fabricar essa quantidade de produto ao mínimo custo de produção (combinação
economicamente eficiente).
Essa combinação tem as seguintes características:
- Pertence ao conjunto das possibilidades de produção, pois, caso contrário, não seria exequível;
- Para ser economicamente eficiente tem que ser tecnicamente eficiente, o que significa que tem que
estar na fronteira desse conjunto, neste caso, na isoquanta correspondente ao volume de produção em
questão;
- Para ser economicamente eficiente também precisa de pertencer à reta de isocusto mais baixa
possível que tem, pelo menos, uma combinação de fatores em comum com a isoquanta atrás referida.
E as isoquantas forem estritamente convexas em relação à origem dos eixos e houver concorrência
perfeita nos mercados de todos os fatores, as características atrás referidas correspondem a uma
combinação de fatores que é representada por um ponto de tangência da reta de isocusto com a
isoquanta atrás referida. No entanto, não é necessário que seja sempre assim. Mesmo que os
pressupostos da convexidade e da concorrência perfeita não se verifiquem e, portanto, a combinação
economicamente eficiente não possa ser representada por um ponto de tangência, as três
características referidas no parágrafo anterior mantêm-se.

(cf. gráfico do livro de texto, pp. 158).

3. (2,00 valores) Uma situação que poderia contribuir para que houvesse só uma empresa a produzir
toda a quantidade de um bem ou serviço consumida a nível mundial seria aquela em que, pelo menos,
até essa quantidade haveria sempre rendimentos de escala crescentes, com a consequente diminuição
do custo médio.
Como isso não acontece, mesmo que uma empresa possa ser muito grande porque foi crescendo para
aproveitar esses rendimentos de escala, tal crescimento deixa de ser economicamente vantajoso para
a empresa a partir do momento em que os rendimentos de escala passam a ser decrescentes e,
consequentemente, o custo médio passa a ser crescente.
É a situação que graficamente foi ilustrada nas aulas com as curvas de custo médio em U.

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IV
1. (2 valores)

a) (0,50 valores)

Uma vez que existe uma única a empresa a produzir e vender nesse mercado, e assumindo que os
muitos consumidores referidos não têm a capacidade individual de influenciar os preços, a estrutura
de mercado é a de Monopólio

b) (1,50 valores)

Neste caso de monopólio, a empresa monopolista tem influência sobre o preço, pois, conforme a
quantidade que decida colocar no mercado seja maior ou menor, o preço de equilíbrio vai ser menor
ou maior (as duas variáveis variam em sentido oposto ao longo da curva da procura agregada).
Tendo a empresa por objetivo obter um máximo lucro, esta vai decidir a quantidade a produzir e
vender que possibilite obter o máximo lucro.
Ou seja, vai escolher um volume Q que maximize o Lucro:
Q* para máximo  (Q) = RT(Q) – CT(Q)
Para isso precisamos de obter a expressão da Receita Total (RT):
RT(Q) = P(Q)Q
P(Q) é a procura agregada inversa; o enunciado dá-nos a procura agregada direta, a partir da
qual, resolvendo para P, obtemos a procura inversa:
Q(P) = 150 – P  P(Q) = 150 – Q
RT(Q) = P(Q)Q = (150 – Q)Q = 150Q-Q2

 (Q) = RT(Q) – CT(Q) = (150Q-Q2) - 2


As condições de maximização do lucro, de 1ª e 2ª ordem, respetivamente, são:
(150 − −2 )
= 0⇔ = 150 − 6 = 0 ⇔ = 25

< 0; = −20 < 0 (condição verificada)


Concluiu-se que o volume de produção maximizador do lucro seria Q* = 25, sendo esse que o
empresário escolheria produzir e vender no mercado de forma a obter um lucro máximo.
Os preços de equilíbrio obtêm-se substituindo esse volume de produção na curva da procura de
mercado inversa (já calculada em cima):
P*(Q*) = 150 – Q =150 – 25 = 125€

2. (4 valores)

a) (0,50 valores)

A estrutura de mercado seria agora de concorrência perfeita, assumindo que se verificam os


pressupostos de toda a informação de mercado estar sempre totalmente disponível para todos os
consumidores e produtores, e que estes decidem de forma independente.

b) (1,25 valores)

Neste caso, como não temos custos fixos, pois o custo total C (para Q=0) é nulo, a condição de
encerramento é p=0. Resta-nos calcular, para cada empresa individualmente, o volume Q
maximizador do lucro:
Max = − ( )= −2
Condição de primeira ordem de maximização do lucro fica:
= −4 =0⇔ = 4

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Condição de segunda ordem de maximização do lucro fica:
2
2 = −4 < 0 ( çã 2ª )

Conclui-se que a curva da oferta de cada uma das 4 empresas individualmente será:
=4 ⇔ =
Dessa a forma, uma vez que as empresas são idênticas em tecnologia disponível e objetivos, a oferta
agregada será:
=∑ =4 =

c) (0,50 valores)

O preço de equilíbrio do mercado de ANTIPROC será agora a que iguala oferta e procura, logo
pode ser calculada igualando as curvas da oferta e procura agregadas (diretas):
( ) = ( ) ⇔ = 150 − ⇔ = 75
Obtém-se a quantidade transacionada de equilíbrio substituindo o preço de equilíbrio na curva da
oferta agregada ou na curva da procura agregada (é indiferente pois esta quantidade corresponde à
interseção das duas curvas:
( ): = 150 − ⇔ = 75
O novo equilíbrio no mercado de ANTIPROC caracterizar-se-á pela transação de 75kg de
ANTIPROC ao preço de 75€ por kg.

d) (1,00 valores)

O impacto de uma alteração do equilíbrio de mercado nos agentes económicos participantes pode
ser medido pela variação dos respetivos excedentes, que medem em equivalente monetário bem-
estar líquido adquirido pelos agentes económicos em consequência da sua participação numa
transação.
Para os consumidores:
Excedente dos consumidores na situação de monopólio (1 único produtor de ANTIPROC):

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Variação do excedente dos consumidores resultante da abertura do mercado a mais 3 produtores:

Concluindo para os consumidores, estes agregadamente ficam a ganhar bem-estar equivalente a 2500€,
beneficiando assim dessa abertura.

Para os produtores:
O excedente do produtor (EP) corresponde à Margem Bruta da produção e venda de determinado volume
produzido. A Margem Bruta define-se como a diferença entre a Receita Total e o Custo Variável. No caso da
situação de monopólio inicial o EP fica então:
( ∗) = ( ∗ ) − ( ∗ ) = ( ∗ ) ∗ − ( ∗ ) = 125 ∗ 25 − 2(25 ) = 1875€

Depois da abertura de mercado a mais 3 produtores, o Excedente (agregado) dos 4 produtores


concorrentes pode ser medido geometricamente pela área acima da curva da oferta, abaixo do preço, e à
esquerda da quantidade vendida:

Concluindo para os produtores, a abertura do mercado fez diminuir o excedente do produtor inicialmente
monopolista 1171,875€ (= 703,125€ - 1875€). Pelo que este sairia a perder com a abertura do mercado. Os
restantes 3 ficariam a ganhar bem-estar no equivalente monetário de 703,125€.

Uma vez que no equilíbrio resultante da abertura de mercado o preço de equilíbrio passa a igualar o
custo marginal para os produtores da última unidade vendida, e a utilidade marginal da última
unidade consumida (o preço de equilíbrio iguala o preço de reserva dos consumidores para a ultima
unidade consumida), este novo equilíbrio otimiza a eficiência económica. Na situação de monopólio
inicial isso não acontecia, pois o preço de equilíbrio (125€) era superior ao custo marginal da última
unidade vendida, tal como se demonstra a seguir:
( ) ( )
( )= = = 4 = 4(25) = 100€

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e) (0,75 valores)

O poder de influenciar o preço do monopolista mede-se pela Margem do Monopolista (MP), que é
dada pela expressão:
( ∗) ( ∗)
= ∗)
(
Este indicador toma um valor entre 0 (influência do produtor no preço nula – concorrência perfeita)
e 1 (influência máxima) por os produtores operarem sempre na zona elástica da procura (onde a
elasticidade preço da procura unitária ou superior a 1).

Na situação inicial de monopólio a MP é como segue:


( ∗) ( ∗) ( )
= ∗) = = 0,2
(
Concluindo para a situação inicial (monopólio), o MP é maior do que zero, tendo o monopolista
assim poder de influenciar o preço do medicamento.
Depois de abertura do mercado a mais produtores, como, como vimos acima, o preço de equilíbrio
passa a igualar o custo marginal da última unidade produzida, isso significa que a MP passa a ser
nula, e que nenhum produtor tem capacidade individualmente de influenciar o preço de
ANTIPROC.

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