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IDOSO
ABRANGÊNCIA
O artigo 2º da lei afirma que "o idoso goza de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades,
para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual,
espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade". Trata-se de verdadeira
superfetação, pois é óbvio que a idade não é critério de aplicação dos direitos fundamentais
assegurados na Constituição Federal, em especial, no artigo 5º.
Importante foi, porém, carrear especificamente ao Estado, à família, à comunidade
e à sociedade a obrigação de dar materialização aos direitos dos idosos, pois com esta
especificação, ainda que genérica, rompe-se com a tradição jurídica de tratar do problema
do idoso sob a ótica privatista do direito civil. Esta especificação de obrigação à sociedade
e à comunidade bem espelha uma visão solidarista do Direito que deve nortear o intérprete-
aplicador.
Em complemento, o artigo 5º verbera que "a inobservância das normas de
prevenção importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei".
De suma importância, igualmente, o artigo 9º, que estabelece ser "obrigação do
Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de
políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de
dignidade".
O artigo 27 também vem por fim, ao menos parcialmente, à questão do limite de
idade para concursos e vem positivar critério que já era acolhido pela jurisprudência, ou
seja, o de que limitações ao ingresso em cargo público somente podem ser estabelecidas em
vista das condições peculiares do seu exercício (2), e jamais de forma arbitrária, genérica
ou injustificada em vista das atribuições.
O artigo 37 estabelece o direito "a moradia digna, no seio da família natural ou
substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em
instituição pública ou privada". E como fica a situação dos carentes? Foi criada uma
obrigação de prover moradia digna ao idoso carente?
A questão da possibilidade de compelir-se o Estado a atuar em vista de casos
isolados para prover condições de vida é espinhosa e demanda reflexões. Há um nítido
confronto de valores constitucionais. De um lado, a necessidade de aplicar de forma efetiva
os direitos sociais e individuais indisponíveis, de outro os vetores da legalidade
da separação de poderes e as limitações orçamentárias.
Corre-se o risco de transformar o Poder Judiciário em sucedâneo da instância
administrativa, imiscuindo-se na questão da alocagem de recursos, em típica atividade
administrativa. Mas também há o risco de transformar-se direitos fundamentais em letra
morta.
Trata-se de uma opção mais política do que jurídica, e se nos parece que o bom
senso recomenda a intervenção jurisdicional em casos graves, sempre observados os
vetores da razoabilidade e proporcionalidade.
Direito que demanda urgente concretização é o previsto no artigo 40, com a
seguinte redação:
"Art. 40- No sistema de transporte coletivo interestadual
observar-se-á, nos termos da legislação específica:
I - a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para
idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
mínimos;
II - desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no
valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas
gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os
mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos
previstos nos incisos I e II".