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C omo visto, a hermenêutica jurídica é uma ciência que estuda os métodos e princípios da
Nesse sentido, hermenêutica tem relação com mensagem, com significado passado por meio de
elementos linguísticos.
complexo, com uma força normativa própria, com carga principiológica alta e, ao mesmo tempo,
Este tema é muito cobrado em concursos públicos, de modo que as questões costumam vincular
Nesta aula serão abordados os métodos, pois existem milhares de princípios, que são
cobrados.
deve ser a atividade de interpretar, ou seja, os métodos são gerais, sendo, portanto, uma forma
interpretativos funcionam como postulados que orientam a aplicação de outras normas, seguindo
o entendimento de Humberto Ávila. Assim, o princípio do efeito integrador, por exemplo, orienta a
ATENÇÃ O! É necessário saber o nome do método, o autor e a ideia, pois isto é objeto de
jurídica deve valer-se dos elementos clássicos da interpretação, ou seja, dos princípios clássicos que
OBSERVA ÇÃ O: O Savigny trata dos critérios clássicos, como o método lógico, gramatical,
sistemático, histórico. Lembre-se, portanto, que o método teleológico não veio de Savigny.
simples, menos complexos, que não são completos e aplicáveis a situação atual.
Logo, esse método vale-se de critérios clássicos que são os preconizados por Savigny, mas
a crítica que se faz é que esses métodos são insuficientes diante da complexidade da
interpretação jurídica nos dias de hoje, o que não significa que deva ser completamente
abandonado.
O termo espiritual é muito utilizado em Alemão, com a ideia da ciência do espírito, das
virtudes, utilizando a palavra para se referir a algo metafísico, que vai além do sensitivo.
Rudolf Smend diz que a interpretação não deve se limitar a análise da literalidade de um
texto jurídico, pois quando se interpreta um texto jurídico existem elementos ocultos, porque
denomina-se de método científico espiritual, no sentido de que há algo que não se enxerga.
EXEMPLO: Imagine a situação de um indivíduo que entra em um ônibus que possui uma
placa proibindo a entrada de cachorro e que um cidadão entre nesse mesmo ônibus com um
rinoceronte. Nesse sentido, motorista advertirá essa pessoa acerca da placa. Ocorre que o
C om relação ao exemplo dado acima, se fosse utilizado o método literal, gramatical, que é
um dos critérios clássicos, não haveria violação da norma. P orém, Rudolf Smend argumenta a
relevância de levar em conta os valores subjacentes ao texto e o que pode ser atingido por meio
de um critério, que não foi trazido por Savigny, que é o teleológico, no sentido de analisar qual o
objetivo do legislador no caso, chegando a compreensão de que o que leva a proibição da entrada
P ara esse método, o Estado, o Direito e a C onstituição são elementos culturais, de modo
que é relevante levar em consideração a realidade social, as razões de ser do Estado, a cultura de
um povo, moral e todos os valores que estão por trás de uma norma jurídica. Assim, a
A crítica que se pode fazer ao método é a de que este gera uma certa insegurança jurídica,
uma vez que tratar da realidade social, que não gera tanta certeza na atividade interpretativa.
Assim, poderia ser utilizado esse argumento com a alegação de que o método literal e gramatical
é o único que seria capaz de gerar segurança. P orém, cumpre destacar que esta é uma crítica
limitada que os críticos fazem com vistas a adotar uma postura mais conservadora, haja vista que
fora do texto.
deve partir do problema para a norma e não da norma para o problema. Viehweg foi um dos
primeiros autores a analisar o direito de uma forma desvinculada dos valores próprios das ciências
naturais, pois nasceu em uma época em que havia uma atenção cientificista muito grande, com a
compreensão de que o direito era uma ciência social e, como tal, deveria ser testado a luz dos
O império das ciências naturais é algo que remonta até séculos antes do Iluminismo, com a
ideia do ser humano como um agente capaz de controlar a natureza, pois, recordando tempos
anteriores, os gregos viviam em contemplação, admiração da natureza, de modo que esta era
imaginada como um produto da ordem racional, harmônica e, até mesmo, divina, que deveria ser
valores clássicos humanistas, o ser humano entra em contato com a natureza de outra forma,
pois acredita que pode controlar a natureza, e esta é uma grande ideia da modernidade, que
positivismo jurídico.
chega-se a conclusão de que todos são positivistas, pois acreditam que o direito é um produto
cultural e não algo dado por uma divindade ou razão. P orém, há um positivismo mais radical e
outro menos, tanto é que o paradigma pós positivista não anula o positivismo, mas simplesmente
No momento de desenvolvimento deste método, o direito é visto como uma ciência social.
Ocorre que não faz muito tempo que a antropologia e a sociologia tinham ideias bastante
estranhas na tentativa de abraçar técnicas e métodos das ciências naturais que depois revelaram-
que é um atributo metafísico - teria uma relação com o tamanho do cérebro, o que foi
desmistificado a partir do tamanho do cérebro de Kant, que não era muito grande e era
considerado um gênio. Além disso, a ideia do criminoso nato e o entendimento Lombrosiano são
teorias que tentaram trazer para o direito um paradigma das ciências naturais que acabou
Desse modo, Viehweg chegou a conclusão de que o direito não era visto como uma ciência
exata, mas está muito mais próximo da retórica do que das ciências naturais. P ortanto, o direito é
por meio da compreensão de que é preciso pensar no direito a partir de um discurso, de modo que
este prevalecerá a partir de um método, que pode ser arbitrário - imposição - ou democrático, que
Viehweg percebeu que o direito não seria uma ciência natural, mas sim um ramo do
conhecimento argumentativo. Logo, quando se está diante de um problema jurídico, não se deve
recorrer a norma como se houvesse um império absoluto desta, mas deve-se partir do problema.
Assim, primeiro pensa-se em uma solução que se reputa razoável, pois o direito é mais retórico do
que ciência natural, de modo que apenas posteriormente é que se parte para o direito para tentar
Dessa forma, partir do problema para a norma, em tese, não é errado por si só, mas
desde que se respeite alguns limites, pois a melhor solução interpretativa é a que convencer mais
pessoas, ou seja, a que conseguir chegar em um consenso. Esse, portanto, é o método tópico-
problemático.
As críticas são variadas, em razão de que geraria um casuísmo ilimitado, ou seja, seria
possível decidir qualquer coisa sobre qualquer coisa. Nesse sentido, com o método tópico
e pedia para que os sofistas resumissem tudo que haviam dito antes de sua chegada com o
intuito de desconstruir todo o floreio argumentativo. P ortanto, os que criticam este método,
afirmam que pode gerar este floreio da argumentação, fazendo com que o texto seja
desvalorizado, devendo a interpretação partir da norma e não do problema, o que poderia gerar
uma desvalorização do texto e da jurisprudência, já que cada caso poderia chegar a uma solução
Além disso, poderia ocorrer a desvalorização também da jurisprudência, uma vez que cada
caso poderia chegar a uma conclusão diferente, a depender do ambiente em que está sendo
discutido. Isso acontece muito nos tribunais eleitorais, que chegam a diversas conclusões o tempo
do problema para a norma, afirmando deve ser feito o movimento contrário, uma vez que deve-
se conhecer o direito primeiro para depois saber uma resposta adequada. P or isso, o autor
interpretação do direito ocorrem da mesma forma, ou seja, interpretar seria, acima de tudo,
aplicar o direito. Assim, aplicar e interpretar o direito são duas atividades que se realizam de forma
conjunta. Além disso, a atividade ocorre diante de um caso concreto, assim como pressupõe um
conhecimento da norma, pois deve-se partir da norma para o problema e não do problema para a
Ferdinand Lassale, que defendia a existência de dois tipos de constituição, uma real e outra
escrita. A real seria a soma dos poderes efetivos, ou seja, a soma dos poderes que, de fato, ditam
o poder em determinado país, dos fatores reais de poder. Assim, Lassale dizia que se a
constituição escrita não reflete o que é a constituição real, a constituição escrita não passaria de
uma folha de papel. Dessa forma, a constituição escrita deve corresponder a real, no sentido
sociológico, que diz respeito a ideia da soma dos fatores reais de poder.
P ara Hesse, ainda que a constituição não corresponda a realidade, é importante ter em
mente que a constituição escrita sempre terá uma força normativa, ainda que sirva apenas como
parâmetro para o controle de constitucionalidade. Assim, a constituição possui uma força inata,
independentemente dos fatores reais de poder, de modo que se está sendo descumprida, há uma
violação à constituição, não deixando de haver a mesma (não acarreta em uma não constituição).
Destarte, para Lassale, se a constituição não corresponde aos fatores reais de poder, ela é
uma constituição irreal. Em contrapartida, para Hesse, a constituição escrita é a que importa e, se
não corresponde à realidade, está sendo descumprida, de modo que as autoridades devem
P or fim, Hesse opõe-se a Viehwge, pois parte da norma para o problema, assim como
opõe-se a Lassale por compreender a constituição no seu sentido normativo, não havendo
que a interpretação do direito é uma etapa da concretização das normas jurídicas. Segundo o
autor, o texto é apenas uma parte (a ponta do iceberg), que irá gerar a norma, de modo o texto
não se confunde com a norma, haja vista que esta é o produto da interpretação, ou seja, a norma
Desse modo, norma e texto são elementos diferentes, sendo o texto elemento simbólico,
de modo que esta é repleta de textos, que são criados pelo legislador. No entanto, os textos
precisam ser interpretados de acordo com a realidade, assim como elementos políticos,
dogmáticos, doutrinários, jurisprudenciais, econômicos, pois não são a norma. Esta compreensão
tem grande influência na teoria dos precedentes, uma vez que um mesmo texto pode gerar
EXEMPLO: Uma placa de proibição do uso de biquíni em uma praia nos anos 60 pode
significar que isso é considerado um ato muito exposto, tendo, portanto, o objetivo de fazer com
que as mulheres usem um maiô ou traje de banho que cubra mais o corpo. Todavia, a mesma
placa pode ser posta em uma praia nos tempos de hoje, podendo ser interpretada como proibição
de biquíni com o intuito de realizar nudismo por se tratar de praia de nudismo. Ou seja, o mesmo
texto gera consequências distintas de acordo com o momento e local em que a placa está
localizada.
próprias que mudam a interpretação do texto. A constituição americana possui poucos artigos e é
deve ser um texto interpretado unicamente por juristas ou por ministros de uma Suprema C orte,
de modo que a C onstituição tem a sua interpretação afetada a qualquer pessoa, pois qualquer um
2015, passou a ser considerado uma forma de intervenção de terceiros. Nesse sentido, o amicus
curiae é uma pessoa física ou jurídica que tem autoridade reconhecida em um determinado tema
e irá manifestar para enriquecer o debate, demonstrando a devida pertinência temática. P or
exemplo, o amicus curiae tem sido utilizado no âmbito do STF nas discussões a respeito da
religiosas, de modo que todos possuem o direito a falar, uma vez que são destinatários da norma.
P or fim, para Haberle, tem-se uma sociedade aberta de intérpretes constitucionais. Além