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A justiça como valor jurídico-político é desenvolvida por uma série de autores. O elemento
comum é a ideia de que a justiça não é um dado apriorístico, mas sim uma construção social,
produto da cultura humana. Trata-se de uma visão positivista do direito, pois, nesse caso, o direito
é algo construído.
Essa compreensão é interessante dado que as pessoas costumam ver o positivismo como
conceituar o positivismo jurídico, destacando que o principal elemento do conceito é que o direito é
1.1. KELSEN
P ara Kelsen, não é possível falar em critério único de justiça. P or essa razão, o autor tentou
desenvolver uma teoria dogmática do direito, não se preocupando com critério de justiça válido
universalmente.
Em realidade, a justiça está ligada à noção de felicidade (visão Aristotélica), que se revela
bastante variável nas pessoas e no tempo. Dessa forma, o justo para os Maias é diferente do
fortes de dissenso. P or exemplo, a questão do aborto é puramente moral, pois tem-se a vida da
mãe e a do feto. Se a pessoa compreende que o justo é valorizar sempre o feto, tem-se um
P artindo dessa premissa, esse ponto revela que justiça e moral ainda são muito próximas,
de modo que é preciso pensar na relação entre direito e moral atualmente, uma vez que, na
ATENÇÃ O: Hoje, o que prevalece é que os conceitos não são iguais, mas existem
intercessões.
Na questão do aborto, muito se discute se cabe ao STF decidir acerca dessa questão. O
professor afirma ser favorável ao aborto atendendo a algumas circunstâncias, de modo que não
seria razoável permitir no nono ou oitavo mês ou a partir do desenvolvimento do sistema nervoso.
Ocorre que trata-se de uma opinião moral que não pode ser imposta.
Em sua origem, o liberalismo não era democrático, pois convivia com a escravidão e
descriminação da mulher e dos povos indígenas, sendo algo perverso em diversos aspectos. A
título de exemplo, quanto às comunidades indígenas, o liberalismo foi mais perverso na origem do
que as autoridades católicas da Idade Média, uma vez que o tratamento que os indígenas
recebiam da Igreja era melhor do que o aplicado após as revoluções liberais. Isso ocorreu devido
às revoluções liberais partirem da ideia de extermínio, ao passo que a Igreja parte da ideia de
Desse modo, o liberalismo não nasceu democrático, todavia, ao longo do tempo, percebeu-
se que o liberalismo era essencial para a democracia e vice-versa. Atualmente, não é possível
imaginar a democracia sem liberalismo, uma vez que este diz respeito à limitação de poder, e a
John Rawls assevera que o liberalismo político limita o poder, haja vista que este surgiu
como uma forma de contenção do antigo regime. Tal contenção se desenvolveu a partir da
insatisfação de uma classe burguesa que depois conseguiu desenvolver o liberalismo econômico,
afirmando que o Estado deveria ser limitado na atividade econômica, o que, por si só, não gera
O liberalismo clássico, sem nenhum compromisso com direitos trabalhistas ou com direitos
humanos, gerava muita desigualdade social. A partir disso, Rawls dizia que o liberalismo deveria
ser pensado como elemento democrático, mas que deve ser incrementado com aspectos
igualitários, o que é chamado de social democracia, estado de bem-estar social, que tem sido
Todos os países que não possuem uma base autoritária buscam um país com economia
desenvolvida sem grandes interferências estatais, mas que, ao mesmo tempo, assegure um rol
de direitos fundamentais.
O contratualismo foi uma teoria que surgiu para justificar o Estado Nacional, criado por Hobbes,
Locke e Rousseau, e discorria que o estado nascia a partir de um pacto social, um contrato social
que seria uma ficção, em que as pessoas renunciam a liberdade para que um dirigente controle a
Logo, J. Rawls resgata, mais uma vez, esse conceito, trazendo-o como uma espécie de
distribuir bens e posições sociais às pessoas. P ara que a justiça retributiva seja justa, é preciso
C omo exemplo do que Rawls chama de véu da ignorância, imagine duas pessoas que
debatem a respeito do sistema de cotas e que estas estão prestes a nascer e não sabem onde,
podendo ser em uma família pobre ou em uma família riquíssima. Indaga-se, a partir dessa
hipótese, se é justo que a vida seja sempre marcada pelo local de origem de uma pessoa. A
resposta da maioria das pessoas dirá que não é justo, visto que o nascimento é um critério
arbitrário.
origem familiar, dado que o nascimento é um critério arbitrário, não fazendo sentido haver essa
dominância. P ortanto, J. Rawls trata da definição de regras básicas sobre justiça distributiva, a
partir do véu da ignorância, questionando se seria justo o estabelecimento de ação afirmativa para
possibilidade de nascer em uma família rica ou não. Logo, desenvolvem-se regras para assegurar
imprensa, de locomoção e os demais princípios básicos que toda sociedade deve ter.
permitidas em sociedade, uma vez que é algo que acontece, de modo que não é possível colocar
EXEMPLO: Uma mãe coloca duas maçãs na mesa, uma pequena e outra grande. O filho
mais velho pega a maior, ao passo que o mais novo fica indignado com a escolha e, ao ser
questionado pelo irmão sobre qual seria a maçã que ele daria para o irmão mais velho, caso fosse
mais velho, afirma que daria a ele a grande. Logo, o mais velho entende que não fez diferença
sua escolha. P orém, o irmão mais novo afirma que o justo não é o resultado, mas as condições,
uma vez que a desigualdade, por si só, não é o problema e sim as diferentes condições, dado que
Desse modo, John Rawls afirma que as desigualdades sociais devem existir, mas devem
ser permitidas apenas se trabalharem, em especial, para beneficiar os menos favorecidos, isto é,
as desigualdades devem existir na medida em que necessárias para que as coisas funcionem.
indivíduo pode nascer em um local ruim, de modo que deve-se corrigir o desequilíbrio.
Jürgen Habermas foi cobrado em concurso da Defensoria, bem como no TJMG, abordando
chamada teoria da ação comunicativa, que é muito difícil de compreender. Além disso, o autor
trata de diversos temas, por isso destaca-se que, para os estudos de concurso público, é
Habermas fala que a ideia de cidadania e direitos fundamentais andam juntas, ou seja, as formas
unidas.
O autor preocupa-se com o aspecto procedimental da democracia, visto que este está
ligado à atribuição de direitos. A democracia deve permitir que as pessoas possam falar, portanto
não adianta uma democracia criada para que as leis sejam aplicadas a determinadas pessoas,
sendo que estas pessoas são destinatárias das leis, mas não participaram da formação das
mesmas.
que o direito é justo apenas se o destinatário participou da sua construção, de forma que as
pessoas seriam auto-legisladoras, sendo este um elemento que confere legitimidade ao direito.
P ercebe-se que o autor não entra na substância, pois, para ele, o que é relevante é o
processo de escolha. De acordo com essa compreensão, para que o aborto seja legítimo ou não, é
preciso verificar como a norma que proíbe o aborto foi construída, de modo que, se houve
existem situações discutidas que interessam muito mais às mulheres. Logo, como as mulheres
esfera pública e privada, direito e moral) são elementos cooriginários e equiprimordiais. Assim,
Habermas faz uma mediação entre pensamentos antagônicos a partir de uma diferença criada
entre Hobbes e Rousseau, que gerou a criação do partido liberal e republicano nos EUA, diferentes
entre si.
EUA, os nomes ficaram, ao passo que as ideias inverteram-se, visto que os que defendiam a
escravidão eram os liberais, que conseguiam conviver com a escravidão na origem, mas os
Após isso, nos anos 60, ocorre uma inversão e os republicanos tornam-se conservadores. É
possível perceber esse fato por meio de Abraham Lincoln, que era antiescravista durante a guerra
privada e autonomia pública (esfera privada ou pública), pois Locke e Hobbes, que são liberais,
entendem que existe diferença entre autonomia privada e pública, posto que existe um domínio
do pensamento doméstico, da ordem do pai de família, das relações morais que a família tem, e a
P ara os liberais, a família era uma fonte de direito que estava na ideia doméstica, liberal e
compreensão com a escravidão por entenderem que o espaço público (que é o reservado à
cidadania, ao voto e participação da vontade geral) não se mistura com a autonomia privada, que
Logo, o dono da casa, pai de família, era o proprietário do escravo, mestre de sua mulher e
filhos. Essa é uma expressão utilizada por Locke e Hobbes, que, em virtude disso, legitimavam a
atitude do pai que dominava o espaço doméstico. P or outro lado, a forma de participação e
participação política e exercício da cidadania. P or essa razão, muitos afirmam que Rousseau é o
pai da esquerda, uma vez que o pensamento republicano não consegue ver o indivíduo, mas dá
ênfase à coletividade.
Habermas, portanto, faz uma diferença, pois discorda da dicotomia dos que pensam
cooriginárias, não sendo possível pensar de forma separada, sabendo-se também que não são
pensando-se que o direito será aplicado às mulheres e que estas devem participar da formação
desse direito, por exemplo. Assim, se o direito será aplicado a todas as pessoas, não é possível
uma pessoa receber a lei e não participar, como acontecia com os escravos.
Esse é um debate contemporâneo, pois, quando se pensa em escola sem partido, por
exemplo, volta-se à ideia liberal de Hobbes e Locke de que o pai de família decide o que o filho
receberá na escola, situação em que esta não pode ensinar um pensamento contrário aos valores
religiosos da família. Essa é a compreensão da escola sem partido, que parte da ideia de que os
Entretanto, isso é impossível, pois não se pode satisfazer os interesses de todas as formas
P or fim, Habermas tenta inaugurar uma posição de equilíbrio entre liberais e republicanos,
dizendo que tanto a autonomia privada quanto a pública, bem como o direito e a moral, o