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//curso de

APERFEIÇOAMENTO
FORTALECIMENTO
DAS AÇÕES DE IMUNIZAÇÃO
NOS TERRITÓRIOS
MUNICIPAIS

MÓDULO II
Aula
07
// BASES IMUNOLÓGICAS
//
Todos os direitos reservados. É permitida a
reprodução parcial ou total desta obra, desde
que citada a fonte e que não seja para venda
Créditos

ou qualquer fim comercial. O conteúdo desta


publicação foi desenvolvido e aperfeiçoado pela
equipe MaisCONASEMS e Faculdade São
Leopoldo Mandic.

Ficha
Catalográfica

Material de Referência. Mais CONASEMS. Curso de


Aperfeiçoamento Fortalecimento das Ações de Imunização nos
Territórios Municipais. Módulo II: Bases Imunológicas,
Epidemiológicas, Vigilância Epidemiológica e Cuidado em Saúde
- Aula 7 – Bases Imunológicas.
Curadoria e Produção de Conteúdos Ficha
Mandic
André Ricardo Ribas Freitas Técnica
Fabiana Medeiros Lopes de Oliveira
Giuliano Dimarzio
Laura Andrade Lagoa Nóbrega
Márcia Fonseca
Regina Célia de Menezes Succi Este material foi
elaborado e desenvolvido
Gestor Educacional pela equipe técnica e
Rubensmidt Ramos Riani
pedagógica do Mais
Coordenação Técnica e Pedagógica CONASEMS em parceria
Cristina Crespo com a Faculdade São
Valdívia Marçal Leopoldo Mandic.

Coordenação Pedagógica – Faculdade


São Leopoldo Mandic
Fabiana Succi
Patricia Zen Tempski

Especialista em Educação a Distância Coordenação Geral


Kelly Santana Conexões Consultoria em
Priscila Rondas Saúde Ltda.

Designer instrucional Revisão textual


Alexandra Gusmão Gehilde Reis Paula de Moura
Carla Cristini Justino de Oliveira
Juliana de Almeida Fortunato
Pollyanna Micheline Lucarelli
Simone Ferreira de Assis

Web Desenvolvedor
Aidan Bruno
Alexandre Itabayana
Cristina Perrone
Paloma Eveir
Olá!
Este é o seu Material de
Referência da Aula 7 do
Módulo II que apresenta de
forma mais aprofundada o
conteúdo referente ao tema
bases imunológicas. A proposta
é agregar mais conhecimento à
sua aprendizagem, por isso leia-
o com atenção e consulte-o
sempre que necessário!
Objetivos de
aprendizagem
Conhecer os principais acontecimentos históricos para
01 a construção do conhecimento da imunologia.

Compreender os princípios dos mecanismos da


resposta Imune e seu desenvolvimento. 02
Reconhecer as células, moléculas e órgãos do sistema
03 imune.

Compreender os princípios da imunidade ativa e


passiva. 04
05 Entender como as respostas primária e secundária
interferem nos esquemas vacinais.

Entender a influência dos fatores relacionados ao


vacinado e à vacina na resposta imune. 06
Entender como o período de incubação das doenças e
07 a memória imunológica podem interferir na
necessidade de doses de reforço das vacinas.

Entender sobre segurança e eficácia das diferentes


vacinas. 08
Intro
dução
Na aula 7, você irá aprimorar seus conhecimentos,
habilidades e atitudes essenciais às competências de
um cuidador que se mantém atualizado e melhor
preparado; que direciona sua prática a partir da
compreensão dos mecanismos de defesa inata e
adaptativa do processo de adoecimento e sabe como
os conceitos de imunologia se aplicam nesse contexto.
Primeiramente, será apresentado um breve histórico
da imunologia; na sequência, como funciona o sistema
imunológico humano, os tipos de vacina e como este
sistema imunológico responde a elas.

Boa leitura!
// História da
Imunologia
O conceito de Imunidade data
do 5º século depois de Cristo,
na Grécia com Thucydides. No
século 10, na China, ocorreu a
primeira tentativa de induzir
imunidade para Varíola. Lady
Montagu trouxe do Império
Otomano a noção de
“Variolização” para a Europa.

// História da Imunologia
Edward Jenner, em 1796, desenvolveu a
imunização segura para a Varíola chamada de Vacina
(originada da palavra vaccina - Vaca). Esta imunização
foi desenvolvida a partir de Varíola bovina (cowpox) na
qual pessoas eram expostas à varíola bovina
(variolização), menos agressiva que a Varíola humana
(smallpox). Ao observar que pessoas que ordenhavam
vacas não contraíam a varíola, desde que tivessem
adquirido a forma animal da doença, Jenner extraiu o
pus da mão de uma ordenhadora que havia contraído
a varíola bovina e o inoculou em um menino saudável,
James Phipps, de oito anos, em 04 de maio de 1796.
O menino contraiu a doença de forma branda e logo
ficou curado. Em 1º de julho, Jenner inoculou no
mesmo menino, líquido extraído de uma pústula de
varíola humana. James não contraiu a doença, o que
significava que estava imune à varíola. Assim, ficou
evidenciado que a infecção através da pele ao invés da
inalatória, proporcionou tempo suficiente ao sistema
imunológico para desenvolver defesas antes da
multiplicação do vírus. A vacina jenneriana foi,
inicialmente, recebida com descrédito e receio que
acabaram sendo relativamente superados. A vacina
difundiu-se por todo o mundo, ao mesmo tempo em
que novos estudos vinham somar-se aos originais.

// História da Imunologia
Em agosto de 1881, Robert Koch iniciou suas
pesquisas: infectou duas cobaias com material
tuberculoso e esperou que estas adoecessem.
Paralelamente, preparava amostras, coloria e
examinava-as no microscópio. Sempre trabalhando
com técnicas novas de coloração, Robert Koch
procurava tornar visível o que ninguém conseguira ver
até então. No 271º preparado, o pesquisador
encontrou o que tanto procurara: bacilos finos em
forma de bastão com sinuosidades e espiralações. Ele
conseguiu desenvolver uma cultura desses
microrganismos sobre nutrientes. Em função disso, foi
possível descrever o agente etiológico da Tuberculose
do bacilo de Koch como o agente biológico causal.

Louis Pasteur desenvolveu vacinas para Raiva e


Anthrax e chamou o procedimento de Vacinação em
homenagem a Jenner. No entanto, existem
informações de que Pasteur não construiu as bases
teóricas para a imunidade propriamente dita pois
preocupava-se antes em generalizar o conceito de
imunização através da atenuação da virulência dos
microrganismos, e assim estabelecer um programa
empírico de imunização, através do controle em
laboratório do desenvolvimento dos microrganismos,
mas não se preocupava com o fenômeno de
atenuação in vivo. Pasteur é considerado o pai da
Imunologia e Microbiologia e junto com Koch
estabeleceram a teoria da doença induzida por germes
Germ Theory of Disease.

// História da Imunologia
Figura 1 - Louis Pasteur

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Pasteur. Acesso em


12 abr 21

A descoberta do significado biológico da fagocitose


por Elie Metchnikoff (1845-1916) está intimamente
ligada à história da noção de antígenos próprios e
não próprios.

“ Eu fiz o uso do termo fagocitose para


designar células ameboides capazes
de capturar e digerir microrganismos
e outros elementos.

A teoria baseada nessa propriedade das células



defensivas, eu dei o nome de Teoria da Fagocitose
(METCHNIKOFF, 1891).

// História da Imunologia
Figura 2 - Esquema ilustrativo de fagocitose por uma Ameba ou Fagócito.

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?search=fagocitose&title=Special:
MediaSearch&go=Go&type=image&haslicense=unrestricted . Acesso em 12 abr 21

A relevância de seus trabalhos


para a medicina deu ao biólogo
russo o prêmio Nobel de
Medicina e Fisiologia em 1908,
juntamente com Paul Ehrlich, o
pai da teoria humoral (anticorpos)
dos mecanismos de defesa do
organismo contra infecções. Com
a Teoria da Fagocitose nasceu a
imunologia celular.

// História da Imunologia
Nos anos de 1966 e 1967, Claman, Davis e
Mitchison demonstraram que os linfócitos T e
B dependem da interação entre si para a
produção da resposta imune adaptativa. Vários
fenômenos, tais como: a alteração de classes de
imunoglobulinas para outra (por exemplo, IgM
para IgG) produzidas pelos linfócitos B, são
dependentes de sinalização dos linfócitos T.

Susumo Tonegawa demonstrou que apesar de


o ser humano possuir apenas 30.000 genes
através de rearranjo genético, ele pode produzir
milhões de diferentes anticorpos. Ampliou o
conhecimento da Resposta Adaptativa e ganhou
o Prêmio Nobel de Medicina, em 1987.

// História da Imunologia
Em 1988, Greg Winter e sua equipe foram
pioneiros nas técnicas para humanizar os
anticorpos monoclonais, eliminando as reações
que muitos anticorpos monoclonais causaram
em alguns pacientes.

Christiane Nusslein-Volhard por meio dos


estudos com Drosophilas descobriu as bases
para o descobrimento do receptor do tipo Toll-
like. Essa classe de proteínas permite que o
organismo reconheça um microrganismo assim
que ele ultrapassa as barreiras como a pele,
sendo receptores fundamentais na Resposta
Inata (1ª linha de defesa inespecífica). Por sua
descoberta, ganhou o Prêmio Nobel de
Medicina em 1995.

// História da Imunologia
// Resposta
Imune
O sistema imunológico é uma
organização complexa de tecidos,
células, produtos de células e
mediadores químicos biologicamente
ativos que interagem para produzir a
resposta imune. Sua principal função é
reconhecer substâncias estranhas ao
organismo e protegê-lo contra
invasores patogênicos.

// Resposta Imune
Células e
Tecidos da
Imunidade
Inata

O sistema imune inato é a primeira linha de defesa do


hospedeiro contra microrganismos, e os mecanismos da
imunidade natural existem antes mesmo da exposição
ao microrganismo. A imunidade inata é a resposta inicial
aos microrganismos que impede, controla ou elimina a
infecção do hospedeiro. Muitos microrganismos
patogênicos desenvolveram estratégias para resistir à
imunidade inata, e essas estratégias são cruciais para a
virulência dos microrganismos.

A imunidade inata aos microrganismos estimula as


respostas imunológicas adquiridas e pode influenciar na
natureza das respostas imunológicas adquiridas para
torná-las otimamente eficazes contra os diferentes tipos
de microrganismos, influenciando no tipo de resposta
imunológica adquirida que se desenvolverá (humoral
ou celular).

// Resposta Imune
Os componentes da imunidade inata reconhecem
estruturas que são características de patógenos
microbianos e não estão presentes nas células dos
mamíferos. Essas estruturas são chamadas de
Padrões Moleculares Associados a Patógenos (PAMP)
e os receptores que se ligam a essas estruturas são
chamados de Receptores de Reconhecimento de
Padrões (PRR), sendo os receptores conhecidos como
receptores do tipo toll (Toll like receptors – TLR), os
mais importantes.

O sangue é formado por plasma, uma porção acelular


e os chamados elementos figurados que constituem
a parte celular. Essa última porção é formada por
tipos celulares: hemácias, leucócitos e plaquetas.

// Resposta Imune
Os leucócitos, também chamados de glóbulos
brancos, são células incolores que atuam
principalmente na defesa do corpo, protegendo-o
contra organismos invasores e desencadeando
respostas imunológicas. Os leucócitos são
produzidos na medula óssea, local onde a maioria
também amadurece. A partir desse local, eles são
levados através dos vasos sanguíneos para todo o
corpo junto a outras células do sangue. Podemos
dividir os leucócitos em dois grandes grupos: os
granulócitos e os agranulócitos. O primeiro grupo
apresenta grânulos no citoplasma e núcleo com
formato irregular. Em razão da forma de seus
núcleos, esses tipos de leucócitos também
recebem o nome de polimorfonucleares. Já os
agranulócitos não possuem grânulos e apresentam
núcleo com formato relativamente regular.

// Resposta Imune
Os leucócitos englobam todas as células brancas do
sistema imune. Eles são capazes de sair dos vasos
sanguíneos por diapedese, passando entre as células
endoteliais para penetrar no tecido conjuntivo. Essas
células migram para os locais de agressão atraídos
por quimiotaxia (atraídos por citocinas
quimioatraentes).

O número de
leucócitos
médio por
mililitro
cúbico de
sangue:
Nascimento – 20.000 mm3
Adulto – 4.000 a 10.000 mm3

Atenção!
O aumento (leucocitose) ou a
diminuição (leucopenia) do
número de leucócitos no
sangue pode indicar infecções
ou outras alterações.

// Resposta Imune
Os granulócitos são classificados
em três tipos diferentes:
neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Já
os agranulócitos podem ser de dois
tipos: linfócitos e monócitos.

01 neutrófilos
Os neutrófilos também chamados de
leucócitos polimorfo-nucleares, são a
população mais abundante de células
sanguíneas brancas circulantes
(aproximadamente 60% das células
brancas) e medeiam as fases iniciais das
respostas inflamatórias. O núcleo
contém de 3 a 5 lóbulos, daí o termo
polimorfonuclear. Possuem a capacidade
de fagocitose (identificar, ingerir e
destruir os microrganismos). Duram em
média 6 horas na corrente sanguínea.
Possuem em sua superfície receptores
de proteínas do complemento,
receptores de fragmento Fc de
imunoglobulinas e moléculas de adesão.

// Resposta Imune
02 eosinófilos
São responsáveis pela ação contra parasitas e
juntamente com os mastócitos controlam os
mecanismos associados à alergia e asma.
Desenvolvem-se na medula óssea e migram
para o sangue periférico e persistem de 8 a
12 horas, podendo sobreviver nos tecidos
por até 12 dias. Correspondem de 1 a 5% dos
leucócitos.

03 basófilos
Estas células participam de processos
alérgicos e produzem histamina e heparina.
São ativados pela presença de estímulos
como algumas proteínas do sistema
complemento (C3a, C4a, C5a) e o complexo
IgE-antígeno e compreendem 1% dos
leucócitos.

// Resposta Imune
Monócitos/
Macrófagos

Os monócitos possuem núcleo em forma de


feijão e correspondem a aproximadamente 5%
dos leucócitos. Uma vez que migram do sangue
para os tecidos tornam-se macrófagos, os quais
em diferentes tecidos possuem nomes distintos,
por exemplo, micróglia no sistema nervoso
central, células de Kupfer no fígado). Respondem
tão rapidamente como os neutrófilos, mas
persistem por muito mais tempo nos locais da
inflamação. Assim como os neutrófilos, possuem
receptores TLR em sua membrana, permitindo o
reconhecimento de PAMP e consequente
fagocitose dos microrganismos. Possuem uma
característica importante e, por isso, são
conhecidas como células apresentadoras de
antígeno (APC).

// Resposta Imune
Linfócitos

São pequenos e apresentam um grande núcleo


circular e importante papel na resposta imune.
Essas células podem ser classificadas em dois
tipos principais: linfócitos B e linfócitos T.

• Linfócitos B – originam-se e terminam sua


maturação ainda na medula. Quando sofrem
ativação, diferenciam-se em plasmócitos,
que possuem como principal função a
produção de anticorpos.
• Linfócitos T – recebem esse nome por
completarem sua maturação no timo. Esse
grupo de células diferenciam-se em duas
classes: CD8+, ou citotóxicas e as CD4+ ou
auxiliares. O primeiro grupo mata as células
infectadas, enquanto o CD4+ relaciona-se
com a ativação dos linfócitos B e macrófagos.

// Resposta Imune
Mastócitos

São derivados de progenitores da medula óssea e


quando maduros, predominam perto dos vasos
sanguíneos e abaixo do epitélio e são
responsáveis pela reação de hipersensibilidade.

// Resposta Imune
Células
dendríticas

As células dendríticas possuem longas projeções


membranosas e capacidade fagocítica e são
amplamente distribuídas nos tecidos linfoides.
Possuem diferentes TLR em sua membrana
conseguindo assim identificar e capturar diferentes
microrganismos. Uma vez capturados esses
microrganismos, as células dendríticas migram para
os linfonodos a fim de apresentarem o antígeno.
São consideradas as principais células
apresentadoras de antígeno (APC).

// Resposta Imune
Recrutamento
de leucócitos
para os locais
de infecção

Em locais de infecção, os macrófagos que


encontraram microrganismos produzem citocinas
(como TNF e IL-1) que ativam as células endoteliais
de vênulas vizinhas a produzirem selectinas,
ligantes de integrinas e quimiocinas. As selectinas
medeiam a adesão fraca e a rolagem dos leucócitos
sanguíneos, tais como neutrófilos sobre o
endotélio. As integrinas medeiam a adesão firme
dos neutrófilos; as quimiocinas aumentam a
afinidade das integrinas dos neutrófilos e
estimulam a migração das células pelo endotélio
para o local da infecção. Os neutrófilos, monócitos
e linfócitos T sanguíneos ativados utilizam
essencialmente os mesmos mecanismos para
migrar para os locais de infecção.

// Resposta Imune
Fagocitose de
microrganismos

Os neutrófilos e macrófagos são considerados


células fagocíticas (fagócitos) que ingerem
microrganismos ligados nas vesículas pelo processo
de fagocitose. O primeiro passo na fagocitose é o
reconhecimento do microrganismo pelo fagócito
por meio dos diferentes receptores que estes
possuem, como receptores do tipo toll (TLR). Outro
grupo de receptores nos fagócitos reconhecem
certas proteínas do hospedeiro que recobrem os
microrganismos, as quais são chamadas de
opsoninas e incluem anticorpos, proteínas do
complemento e lectinas.

// Resposta Imune
Células
Natural Killer
(NK)

As células NK reconhecem ligantes nas células


infectadas ou células sob outros tipos de estresse e
destroem as células do hospedeiro. Desta maneira,
as células NK eliminam reservatórios de infecção
bem como as células disfuncionais. As células NK
respondem a IL-12 (interleucina-2) produzida pelos
macrófagos e secretam Interferon gama (IFN-γ) que
ativa os macrófagos a eliminarem os
microrganismos fagocitados.

// Resposta Imune
Os interferons (IFN) foram identificados pela
primeira vez com base em sua profunda capacidade
de tornar as células resistentes à infecção por vírus.
Quase todas as células expressam receptores para
interferon, que, ao sinalizar, induzem rapidamente
vários genes de resposta antiviral para inibir a
replicação do vírus em células infectadas e enviam
um alerta para prevenir a infecção de células
próximas. A prova do papel fundamental do IFN-I
no controle do vírus são as observações em
camundongos de que, na ausência da sinalização
do IFN-I, os vírus que normalmente são controlados
rapidamente tornam-se letais ou persistem.

Tradicionalmente, a eficácia da vacina tem sido


medida pela resposta de anticorpos produzidos
pela imunidade humoral. No entanto uma
assinatura dos genes induzidos por interferon (IFN)
entre 12 e 36 horas após a vacinação é
fundamental para a eficácia da vacina porque IFNs
tipo I aumentam a apresentação cruzada de
antígenos para células T CD8+, promovem a
diferenciação T auxiliar, diferenciação de células B
em plasmoblastos produtores de anticorpos e
induzem maturação da célula dendrítica.

// Resposta Imune
Muitas vacinas vivas atenuadas, também, conferem
efeitos heterólogos benéficos associados com
proteção contra patógenos divergentes. Vacinas
vivas atenuadas ativam as mesmas vias inatas
desencadeadas durante a infecção natural. Esta
etapa de ativação resulta na produção de citocinas
específicas que regulam a geração e a qualidade de
respostas imunes adaptativas subsequentes. O
Interferon tipo I é uma potente citocina induzida
por infecção viral que promove um estado antiviral
e exerce um potencial imunomodulador para
regular o linfócito T helper antiviral tipo 1 (Th1).
Após administração de uma vacina viva atenuada
também ocorre produção de interferon, o que vai
determinar o intervalo mínimo para outra vacina
viva atenuada.

// Resposta Imune
Células e
Tecidos da
Imunidade
Adaptativa

A organização anatômica das células e dos tecidos


do sistema imunológico tem importância crítica
para a geração das respostas imunológicas. Essa
organização permite que um pequeno número de
linfócitos específicos para um antígeno localize e
responda efetivamente àquele antígeno
independentemente do local em que ele é
introduzido no corpo.

A resposta imunológica adquirida depende de


linfócitos específicos para o antígeno, células
apresentadoras de antígenos necessárias para a
ativação dos linfócitos e células efetoras que
eliminam os antígenos.

// Resposta Imune
Os linfócitos consistem em populações distintas
que diferem quanto a sua função. Os linfócitos B
são os responsáveis pela produção de anticorpos.
Os linfócitos T são os mediadores da imunidade
celular. Os linfócitos T e B derivam de um precursor
comum na medula óssea. O desenvolvimento das
células B continua na medula óssea, enquanto os
precursores das células T migram para o timo, onde
se desenvolvem. Assim, os órgãos do sistema
imunológico podem ser divididos em órgãos
geradores (medula óssea e timo), onde os linfócitos
se desenvolvem e em órgãos periféricos (linfonodos
e baço), onde os linfócitos virgens são ativados
pelos antígenos os quais são apresentados pelas
células apresentadoras de antígenos.

Após completar o seu desenvolvimento, as células T


e B deixam a medula óssea e o timo, entram na
circulação sanguínea e vão povoar os órgãos
linfoides periféricos. As células B e T virgens são
linfócitos maduros que ainda não foram
estimulados pelos antígenos. Quando elas
encontram os antígenos, elas se diferenciam em
linfócitos efetores que atuam nas respostas
imunológicas protetoras. Os linfócitos B efetores
são chamados de plasmócitos e secretam
anticorpos. As células T efetoras incluem as células
T auxiliares CD4, que secretam citocinas e ativam e
amplificam a resposta inflamatória e células T
citotóxicas CD8 que destroem células infectadas.

// Resposta Imune
Os linfonodos são os locais onde as células B e T
respondem aos antígenos que são coletados pela
linfa dos tecidos periféricos. O baço é o órgão no
qual os linfócitos respondem a antígenos
presentes no sangue.

Tanto os linfonodos quanto o baço são divididos


em zonas de células B (folículos) e zonas de células
T. As áreas de células T são também os locais em
que se encontram as células dendríticas maduras,
que são células apresentadoras de antígeno
especializadas para ativação das células T virgens.
As células dendríticas foliculares estão localizadas
nas áreas de células B e ativam essas células
durante a resposta imunológica humoral
(produção de anticorpos) contra antígenos
proteicos.

Deixar claro que a resposta imunológica T-


dependente produz memória imunológica e
proteção de longa duração, além de estimular
resposta de reforço após reexposição (resposta
anamnéstica). Relacionando com a prática, explicar
porque não reiniciamos esquemas vacinais
atrasados, mas sim completamos os esquemas já
iniciados (há memória da produção de anticorpos,
mas não em quantidade suficiente para dar
proteção). E ao contrário, vacinas polissacarídicas
são T-independentes e só podem ser utilizadas a
partir de dois anos de idade.

// Resposta Imune
A resposta imunológica T-dependente produz
memória imunológica e proteção de longa
duração, além de estimular resposta de reforço
após reexposição (resposta anamnéstica). Dessa
forma, não reiniciamos esquemas vacinais
atrasados, mas sim, completamos os esquemas
vacinais já iniciados (há memória da produção de
anticorpos, mas não em quantidade suficiente
para dar proteção). E, ao contrário, vacinas
polissacarídicas (como a vacina pneumocócica 23-
valente) são T-independentes, possuem proteção
limitada e só podem ser utilizadas a partir de dois
anos de idade.

Atenção!
Importante manter IgM e IgG, inclusive
para explicar a resposta primária,
secundária e cicatriz sorológica.
Importante, nesse ponto, ressaltar sobre a
resposta imune ao SARS-CoV-2 que até o
momento não funciona ou não se tem
evidências ainda ou ainda ocorre limitação
dos testes que siga esta forma clássica.

// Resposta Imune
As moléculas de anticorpos podem ser divididas em
diferentes classes e sub-classes com base nas
diferenças na estrutura das regiões constantes da
cadeia pesada. Estas classes de anticorpos são
também chamadas de isotipos e são: IgD, IgA, IgE,
IgM e IgG .

Isotipo Características
• Plasma (10% do total das Ig).
• Formas: monomérica e pentamérica.
IgM • Cadeia J (juncional).
• Ativa o sistema complemento.
• Importante na resposta imune primária.
• Mais abundante no soro.
• Menor e mais flexível.
IgG • Forma: monomérica.
• Importante na resposta imune secundária.
• Atravessa a placenta.
• Baixas concentrações séricas.
• Forma: monomérica.
IgD • Importante na resposta imune primária.
• Função de receptor de antígeno em células B
virgens.
• Baixas concentrações séricas.
• Alta afinidade às superfícies de mastócitos,
basófilos e eosinófilos.
IgE
• Reações inflamatórias intensas.
• Reações alérgicas.
• Imunidade contra parasitas.
• Isotipo mais produzido no organismo.
• Formas: monomérica (geralmente no soro).
• Dimérica (geralmente nas secreções).
IgA
• Principal anticorpo na proteção das mucosas.
• Subclasses: IgA1 e IgA2.
• IgA secretora.

// Resposta Imune
IgA secretora

• produzidas por plasmócitos de células B nos tecidos


linfoides associados às mucosas (MALT).
• resistentes às enzimas proteolíticas.
• neutralização de bactérias e toxinas.
• bloqueio da adesão e aglutinação.
• baixa indução da resposta inflamatória (< ativação do
complemento).
• cadeia J (liga 2 moléculas monoméricas de IgA,
tornando-as diméricas).
• componente secretor: origem das células epiteliais.
• transporte de IgA através das mucosas e glândulas.

Atenção!
A ligação do anticorpo ao antígeno
pode ser altamente específica,
distinguindo pequenas diferenças
na estrutura química, mas podem
ocorrer reações cruzadas nas quais
pelo menos dois antígenos podem
ser ligados pelo mesmo anticorpo.

// Resposta Imune
A capacidade de anticorpos em qualquer indivíduo
de se ligar especificamente a um grande número
de diferentes antígenos é reflexo da diversidade do
anticorpo, e a coleção total de anticorpos com
especificidades diferentes representa o repertório
de anticorpos. Os mecanismos genéticos que
geram esse grande repertório de anticorpos
ocorrem nos linfócitos. São baseados na
recombinação aleatória de um número limitado de
sequências de DNA, herdadas da linhagem
germinativa em genes funcionais que codificam as
regiões variáveis das cadeias pesadas e leves,
assim como na adição de sequências de
nucleotídeos durante o processo de
recombinação.

Um mecanismo para a geração de anticorpos de


grande afinidade envolve alterações sutis na
estrutura das regiões variáveis dos anticorpos
durante as respostas humorais dependentes das
células T aos antígenos proteicos. Essas alterações
ocorrem por um processo de mutação somática
em linfócitos B estimulados por antígenos que
geram novas estruturas para os domínios variáveis,
alguns dos quais ligam o antígeno com maior
afinidade do que o domínio variável original.

// Resposta Imune
Alteração nos isotipos (classes) dos anticorpos
durante a resposta humoral influencia em como e
quando as respostas irão reagir para erradicar o
antígeno. Células B virgens, produzem
simultaneamente IgM e IgD que funcionam como
receptores de superfície para antígenos. Quando
estas células B são ativadas por um antígeno
(resposta primária) estas inicialmente produzem
grande quantidade de IgM que são secretadas e as
células B passam por um processo chamado de
recombinação de troca em que ocorre a mudança
do isotipo do anticorpo produzido pelas células B
sem que a especificidade seja alterada. Como
resultado da recombinação de troca, uma prole
diferente da célula B original que produzia IgM e IgD
produzem isotipos que estão mais preparados para
eliminar o antígeno como IgG, IgE ou IgA,
dependendo do antígeno. Assim, são formados
clones de células B de memória para este
determinado antígeno e, uma vez que ocorre uma
nova exposição ao antígeno, estas células produzem
isotipos IgG, IgE ou IgA em grande quantidade e
com maior rapidez (resposta secundária).

// Resposta Imune
Para saber mais sobre
sistema imunológico leia o
Saiba
artigo da Revista mais!
Superinteresante:
“Sistema Imunológico: Os
Defensores” de Lúcia Helena de
Oliveira. Disponível em:
https://super.abril.com.br/saude/s
istema-imunologico-os-
defensores/ Acesso em 14 abr. 21

// Resposta Imune
// Imunidade
Passiva X
Imunidade Ativa
A imunidade ativa refere-se ao processo de
exposição do corpo a um antígeno para gerar uma
resposta imune adaptativa. A resposta leva dias /
semanas para se desenvolver, mas pode ser de longa
duração - até por toda a vida. A imunidade ativa é
geralmente classificada como natural ou adquirida. A
infecção natural, por exemplo, com o vírus da
hepatite A (HAV) e a recuperação subsequente
dão origem a uma resposta imune ativa natural
geralmente levando a uma proteção vitalícia. De
maneira semelhante, a administração da vacina
contra hepatite A gera uma resposta imune ativa
adquirida que leva a uma proteção duradoura
(possivelmente vitalícia).

Figura 3: Pessoa com hepatite A

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Hepatite_A#/media/Ficheiro:Ja
undice_eye.jpg. Acesso em 13 abr. 21

// Imunidade Passiva X Imunidade Ativa


A imunidade passiva refere-se ao processo de
fornecer anticorpos IgG para proteger contra
infecções; dá proteção imediata, mas de curta
duração - várias semanas a 3 ou 4 meses no máximo.
A imunidade passiva é geralmente classificada como
natural ou artificial. A transferência de anticorpos
maternos contra o tétano (principalmente IgG)
através da placenta fornece imunidade passiva
natural para o recém-nascido por várias semanas /
meses até que esse anticorpo seja degradado e
perdido. Já a imunidade passiva artificial refere-se ao
processo de obtenção de soro de indivíduos imunes,
reunindo-o, concentrando a fração de
imunoglobulina e, em seguida, injetando-a para
proteger uma pessoa suscetível.

Atenção!
Muitas vezes, a indicação de
imunização passiva decorre de falha
no cumprimento do calendário
vacinal de rotina, como após
ferimentos (tétano) ou acidentes
por instrumentos perfurocortantes
em hospitais e clínicas (hepatite B).

// Imunidade Passiva X Imunidade Ativa


A terapia passiva de anticorpos é baseada em
preparações de anticorpos derivados de soros de
doadores imunizados. Ao contrário da vacinação,
com a qual a imunidade protetora demora a ter
início, a administração passiva de anticorpos pode
conferir proteção instantânea. Essa imunidade
imediata é teoricamente independente do status
imunológico do receptor, enquanto as vacinas
dependem da capacidade do hospedeiro de montar
uma resposta imunológica.

No início da década de 1890, Behring e Kitasato


mostraram que a terapia passiva com anticorpos
poderia proteger contra a infecção por difteria.
Desde o início do século 20, o soro de indivíduos se
recuperando do sarampo era dado para proteger
contra a doença. Embora a soroterapia tenha sido
eficaz, seu uso foi associado a reações de
hipersensibilidade e doença do soro causada por
grandes quantidades de proteína animal. A doença
do soro é causada pela formação de complexos
imunes - o sistema imunológico do receptor
reconhece proteínas em amostras de soro animal
como antígenos estranhos. As melhorias na
qualidade do fracionamento de anticorpos e no
desenvolvimento de terapias de anticorpos contra
doenças para as quais nenhuma terapia
antimicrobiana estava disponível levaram a um
interesse renovado na terapia de anticorpos passivos
na segunda metade do século XX.

// Imunidade Passiva X Imunidade Ativa


Os tratamentos de imunização passiva visam
aumentar a resposta imunológica do paciente,
evitando que a doença progrida para condições mais
graves. Esta estratégia tem sido usada recentemente
em países europeus afetados por covid-19 como
terapia adjuvante a antivirais e outros medicamentos,
pois atua diretamente na neutralização viral,
prevenindo a progressão da doença. Os destaques
entre esses produtos biotecnológicos são
imunoglobulinas intravenosas, plasma
convalescente, anticorpos monoclonais,
nanocorpos e soros hiperimunes.

As imunoglobulinas intravenosas são obtidas de


doadores saudáveis e são utilizadas para promover a
imunização passiva em pacientes com
agamaglobulinemia congênita,
hipogamaglobulinemia e imunodeficiência
combinada. Elas são usadas, também, ​no tratamento
de doenças como a Síndrome de Guillain-Barré.

// Imunidade Passiva X Imunidade Ativa


O plasma convalescente é coletado de indivíduos
curados da infecção de interesse. O plasma deve ser
purificado e isento de agentes infecciosos, podendo
ser administrado a pacientes com quadros mais
graves. Vale ressaltar que essa terapia foi utilizada no
tratamento de formas graves de gripe e
citomegalovírus. No entanto, apesar do potencial,
seu uso para doenças como a covid-19 ainda é
experimental e tem a limitação do número de
doadores disponíveis com anticorpos para
coronavírus.

Os anticorpos monoclonais são anticorpos


seletivos para um antígeno viral específico e são
homogêneos, produzidos por um único clone de
célula B. Um exemplo é palivizumabe, uma solução
de anticorpo "pronto" que induz imunização passiva
específica contra o vírus sincicial respiratório (VSR).
Atualmente, muitos estudos nessa área envolvem
anticorpos contra a proteína S do SARS-CoV-2
podendo ser usados no tratamento. Esses anticorpos
podem ser administrados sozinhos ou como
coquetéis de anticorpos monoclonais.

Os nanocorpos são fragmentos ativos de anticorpos


(domínios variáveis ​monoméricos únicos) que, nos
últimos anos, foram amplamente explorados para o
tratamento de envenenamento por animais
peçonhentos, bactérias e zoonoses parasitas. Eles
podem reconhecer antígenos e foram estudados para
terapias contra, por exemplo, o vírus da influenza,
MERS-CoV e o vírus da febre hemorrágica do Congo.

// Imunidade Passiva X Imunidade Ativa


Os soros hiperimunes contêm anticorpos
policlonais que podem ser usados ​terapeuticamente
para tratar infecções virais. Desde o século 19, as
terapias de imunoglobulina policlonal têm sido
amplamente utilizadas. Eles são feitos com soro de
doador animal ou humano com altos títulos
neutralizantes. Os mais usados são os antiveneno (ex:
antiofídico, contra picada de cobra; e antiarcnídico,
contra picada de aranha), antitóxico (ex: antitetânico
e antibotulínico) e antiviral (ex: antirrábico, contra o
vírus da raiva).

// Imunidade Passiva X Imunidade Ativa


// Fatores Inerentes
ao Indivíduo
A definição geral de falha vacinal,
também denominada falha de proteção
adequada ou falha na eficácia da vacina,
baseia-se em dois aspectos: fatores
relacionados à vacina e ao
hospedeiro, sendo aqueles inerentes
ao hospedeiro:

a) Imunodeficiência: ausência ou deficiência de


resposta imune.

b) Idade: imaturidade ou senescência


(envelhecimento) da resposta imune. Esse é o
motivo para existir idade correta para início de
esquemas vacinais, além de existir esquemas
diferentes para idades diferentes.

c) Insuficiente resposta imune (outra que não a


imunodeficiência) para um ou mais componentes
antigênicos, tipos ou sorotipos de vacinas – esta
talvez não seja medida por meio de dosagens
laboratoriais de anticorpos.

d) Interferência de outros agentes infecciosos:


por exemplo, infecções naturais por enterovírus não
pólio interferindo na resposta imune à vacina
poliomielite oral.

e) Imunidade baixa: estado de saúde prévio, como


em decorrência de desnutrição, doenças de base,
uso de terapias imunossupressoras.

// Fatores Inerentes ao Indivíduo


f) Interferência imunológica: anticorpos
maternos, uso de imunoglobulinas.

g) Infecções preexistentes com o mesmo


patógeno presente na vacina: genótipos do HPV,
imunização durante o período de incubação de uma
infecção.

Todas as vacinas funcionam da mesma


maneira que a versão nada tecnológica
de Jenner: estimulando o organismo a
produzir anticorpos contra um
determinado microrganismo, sem que,
para isso, seja preciso ficar doente.
Isso é o suficiente para que o
organismo comece a produzir uma
defesa específica para combater
aquele vírus ou bactéria. Quando a
infecção for eliminada, as células de
defesa já terão criado uma “memória”
contra a doença.

// Fatores Inerentes ao Indivíduo


// Tipos de
Vacina
Atualmente, as vacinas são produzidas, principalmente, a
partir de fragmentos de vírus e bactérias ou com esses
microrganismos atenuados ou inativados.

Vacina
atenuada
Contém uma versão
enfraquecida do vírus, portanto
não causa a doença em pessoas
com o sistema imunológico
Exemplos:
saudável. Como é feita com um
pólio oral (Sabin),
vírus vivo, é a que consegue
sarampo, caxumba,
causar uma infecção “mais
rubéola e varicela.
natural”, o que produz uma
resposta melhor do nosso
sistema de defesa. Não é
indicada a pessoas com
problemas imunológicos, como
pessoas em tratamento com
quimioterapia.

// Tipos de Vacina
Vacina
inativa
Produzidas com microrganismos
mortos ou com seus
fragmentos. São mais seguras,
mas também desencadeiam
uma resposta imunológica
menor. Frequentemente, são
necessárias mais de uma dose
Exemplos: para uma defesa prolongada.
pólio injetável (Salk),
raiva, influenza,
hepatite A.

// Tipos de Vacina
Toxoides

vacina feita com toxinas


modificadas de bactérias.
Seu objetivo é prevenir as
doenças que são causadas
Exemplos:
não pela bactéria em si, mas
difteria e tétano.
pela toxina que ela produz
dentro do nosso corpo.

// Tipos de Vacina
Conjugadas

Combatem doenças causadas


por bactérias encapsuladas
(possuem uma capa protetora
de polissacarídeos). A vacina age
conectando esses
polissacarídeos a antígenos aos
quais nosso sistema imune
Exemplos: responde de maneira eficaz.
pneumocócica 10-
valente.

// Tipos de Vacina
O sistema imune também tem a capacidade de se
lembrar das ameaças já combatidas, por isso, sempre
que os mesmos agentes infecciosos entram em
contato com nosso organismo, o complexo processo
de proteção é reativado. Em alguns casos, a memória
imunológica é tão eficiente que não deixa uma
doença ocorrer mais de uma vez na mesma pessoa.
Isso acontece, por exemplo, quando contraímos
sarampo ou catapora (varicela) ou quando nos
vacinamos contra essas doenças.

Mas não é sempre assim. No caso da doença


meningocócica, da difteria, do tétano e da
coqueluche, tanto as infecções quanto as vacinas que
as previnem não geram proteção para toda a vida,
seja porque o estímulo do sistema imune não é
suficiente a ponto de produzir uma ótima memória
imunológica, seja porque ter memória imunológica,
nesses casos, não basta para manter a proteção no
longo prazo. É por isso que às vezes precisamos
tomar doses de reforço de algumas vacinas.

Algumas vacinas não fornecem imunização adequada


já na primeira dose, o que é particularmente verdade
nas vacinas inativadas, produzidas com o
microrganismo morto. Na segunda e até na terceira
dose a sensibilização inicial é potencializada e a
resposta imunológica se torna muito maior. No caso
da vacina contra a gripe, as injeções são anuais
porque são vírus que mudam com rapidez e variam
ao longo do tempo. Por isso, elas são produzidas com
as variações do vírus que são esperadas em
circulação naquele determinado ano.

// Tipos de Vacina
Vacinas de
unidades
proteicas
Com o aprimoramento das técnicas de produção de
proteínas recombinantes por meio de sistemas de
expressão heteróloga, bactérias, leveduras, células de
mamíferos e insetos (tecnologia de DNA
recombinante) são usados como fonte para os
antígenos a serem incorporados nas formulações
vacinais, tais como a vacina voltada para o controle
da hepatite B, pertussis acelular e, mais
recentemente, a vacina preventiva para infecções
com vírus do papiloma humano (HPV).

Vacina RNA
O RNA é uma molécula que leva instruções para a
síntese de proteínas e para outras funções biológicas
para os ribossomos, que são estruturas do
citoplasma da célula que efetivamente produzem as
proteínas com as instruções trazidas pelo RNA
mensageiro.

// Tipos de Vacina
As vacinas de RNA carregam o código genético do
vírus que contém as instruções para que as células do
corpo produzam determinadas proteínas. Uma vez
que essa proteína seja processada dentro do corpo e
exposta ao nosso sistema imunológico, este pode
identificá-la como algo estranho, um antígeno e criar
imunidade contra ele. Essa imunidade, representada
pelos anticorpos (células de defesa) e linfócitos T, dá
ao organismo a capacidade de se defender quando
em contato com o vírus.

As vacinas de RNA carregam o código genético do


vírus que contém as instruções para que as células do
corpo produzam determinadas proteínas. Uma vez
que essa proteína seja processada dentro do corpo e
exposta ao nosso sistema imunológico, este pode
identificá-la como algo estranho, um antígeno e criar
imunidade contra ele. Essa imunidade, representada
pelos anticorpos (células de defesa) e linfócitos T, dá
ao organismo a capacidade de se defender quando
em contato com o vírus.

// Tipos de Vacina
01
Desta forma, utilizando uma fita de RNA
mensageiro, a vacina codifica um antígeno
específico daquela doença.

02
Quando o RNAm é inserido no
organismo, as células usam a
informação genética para produzir
esse antígeno.
03
O antígeno se espalha pela superfície das células e é
reconhecido pelo sistema imunológico, que entende
que aquela proteína não faz parte do organismo e
passa a produzir anticorpos para combater aquela
doença.

04
A vacina de RNA mensageiro simula o
processo que ocorre no corpo de uma
pessoa que realmente contraiu aquela
doença, mas de uma maneira que não
possibilita a infecção de quem está
sendo vacinado - apenas apresentando
ao organismo sobre como responder
àquele invasor.

// Tipos de Vacina
O desenvolvimento e a fabricação de vacinas seguem
altos padrões de exigência e qualidade nas diversas
etapas, desde a fases iniciais de pesquisa, passando pelas
fases de testes em animais e humanos, seguindo para os
processos de avaliação pelas agências regulatórias.

Figura 4: Logo da Anvisa

Fonte:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Logotip
o_da_Anvisa.jpg Acesso em 17 abr. 21

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o


órgão responsável pela avaliação dos estudos de
segurança e eficácia das vacinas no Brasil. Caso o produto
seja aprovado por essa avaliação, receberá a autorização
de registro pela ANVISA. O processo de registro segue
uma avaliação criteriosa, com requisitos mínimos para
registro desses produtos biológicos que estão
estabelecidos por meio de uma Resolução da ANVISA
(RDC n. 55, de 16 de dezembro de 2010).

// Tipos de Vacina
Assim, as vacinas que recebem registro são
consideradas produtos muito seguros. Após o
registro, que permite o uso do produto na
população, inicia-se a fase de farmacovigilância
pós comercialização, que conta com um sistema
de vigilância de Eventos Adversos Pós-vacinação,
estruturado para quantificar e qualificar os
eventos adversos. Dessa forma, é possível garantir
que os riscos de complicações graves causadas
pelas vacinas são muito menores que os das
doenças contra as quais elas protegem.

// Tipos de Vacina
// Considerações
Finais
Chegamos ao final deste conteúdo.
É importante destacar os seguintes
pontos abordados:
• A imunidade inata é a resposta inicial aos
microrganismos que impedem, controlam ou
eliminam a infecção do hospedeiro. A imunidade inata
aos microrganismos estimula as respostas
imunológicas adquiridas e pode influenciar na
natureza das respostas imunológicas adquiridas para
torná-las otimamente eficazes contra os diferentes
tipos de microrganismos, influenciando no tipo de
resposta imunológica adquirida que se desenvolvera
(humoral ou celular).

• Os interferons (IFN) foram identificados pela


primeira vez com base em sua profunda capacidade
de tornar as células resistentes à infecção por vírus.
Quase todas as células expressam receptores para
interferon, que, ao sinalizar, induzem rapidamente
vários genes de resposta antiviral para inibir a
replicação do vírus em células infectadas.

• Características dos antígenos microbianos para


induzir respostas humoral (produção de anticorpos) T-
dependente e T-independente.

// Considerações Finais
• Diferença entre imunidade passiva e imunidade
ativa.

• Saber os motivos gerais de falha vacinal em função


dos fatores relacionados ao hospedeiro.

• Principais formas para o desenvolvimento de


vacinas: Vacina atenuada; Vacina inativa; Toxoides;
Conjugadas.

Esperamos que o conhecimento adquirido sobre os


mecanismos de defesa, processo de adoecimento e
conceitos de imunologia o auxilie nas boas práticas
de cuidado com o paciente no seu dia a dia.

Até a
próxima!

// Considerações Finais
//
Abbas, Abul K.; Lichtman, Andrew H.; Pilai,
Shiv. Imunologia celular e molecular. Rio de
referências

Janeiro: Elsevier, 2008.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de


Vigilância em Saúde. Departamento de
Imunizações e Doenças Transmissíveis. Manual
de vigilância epidemiológica de eventos
adversos pós-vacinação [recurso eletrônico] /
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância
em Saúde, Departamento de Imunizações e
Doenças Transmissíveis. 4a ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2020. 340 p.

Fernandes, Tania. Vacina antivariólica: seu


primeiro século no Brasil (da vacina jenneriana
à animal). História, Ciências, Saúde-
Manguinhos, 6(1), 29-51. 1999. [acesso em 17
abr. 21] Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0104-
59701999000200002.

Napimoga M. ; Pinho Jr AJ. A importância da


resposta imune celular na Covid-19.
InterAmerican Journal of Medicine and Health
4. [acesso em 17 abr. 21] Disponível em:
https://doi.org/10.31005/iajmh.v4i.185.

// referências
Créditos de imagens
Banco de imagens Freepik
https://br.freepik.com
Blogue Ismailimail
https://ismailimail.blog
Site Nova Escola
https://novaescola.org.br
Wikipédia – A enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org

// créditos

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