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OS CRISTÃOS, O REINO DO CÉUS E OS REINOS TERRENOS – COMO VIVEREMOS?

INTRODUÇÃO - UMA BREVE INTRODUÇÃO HISTÓRICA SOBRE A VIDA E IMPÉRIO DE NERO,


QUE REINAVA NO TEMPO DE PEDRO. 1 Pedro
2:13-17

Nero era o imperador romano no período em que Pedro escreveu essa carta, ele
assumiu o império muito cedo, aos 16 anos, no dia 13 de outubro de 54 d.C. Nero nasceu e
viveu numa família muito conturbada, obcecada pelo poder. Suas decisões políticas, militares e
econômicas eram fortemente influenciadas por sua mãe, Agripina Menor.

Agripina menor, foi uma mulher que viveu seu pecado de modo impetuoso. Foi uma
das mulheres mais poderosas da Dinastia Júlio-claudiana, a mais famosa de Roma, era Agripina
Menor, uma imperatriz relacionada ao menos com seis homens poderosos: bisneta de
Augusto, filha de Germânico, irmã de Calígula, sobrinha-neta de Tibério, sobrinha (e esposa) de
Cláudio e mão de Nero.

O pai de Nero - Cneu Domício Enobarbo, foi acusado de assassinar seu pai.
A mãe de Nero – Agripina menor, participou da trama para matar o seu irmão Calígula,
o imperador que antecedeu Cláudio. Após isso, casou-se com o seu tio, Imperador
Cláudio, para não abandonar o poder. Acredita-se que ela também teve envolvimento
com a morte de Claudio e todos os possíveis candidatos ao império, para que Nero
(seu filho) assumisse o trono.
Nero – Foi acusado de assassinar o filho do ex-imperador Cláudio no ano de 55 d.C.
Também ordenou a morte da mãe, Agripina menor. O episódio mais conhecido e
relacionado a sua pessoa, foi o incêndio em Roma por volta de 64 d.C. e a culpa
colocada sobre os cristãos. Provavelmente quem mandou executar Pedro e Paulo.

CONTEXTO DA CARTA
Acredita-se que Pedro escreveu esta carta entre o ano 60 d.C. a 65d.C, um período muito
próximo a todos esses acontecimentos. O local de onde a carta foi escrita ainda é incerto, mas
estudiosos apontam que o lugar mais provável tenha sido Roma. Pedro teria usado o mesmo
recurso que o apóstolo João empregou no livro de Apocalipse (Ap 17.4-6,9,18; 18.10),
referindo-se a Roma por meio de um código, em linguagem metafórica. Estudiosos como os
pais da Igreja Eusébio e Jerônimo, acreditam nessa hipótese também por se tratar de um
tempo de muita perseguição.

1) OS CRISTÃOS DEVEM AGIR EM SUBMISSÃO ÀS AUTORIDADES POR CAUSA DO


SENHOR. (v.13-14)

Por causa do Senhor, submetam-se a todas as autoridades humanas, seja o rei como
autoridade máxima, sejam os oficiais nomeados e enviados por ele para castigar os que fazem
o mal e honrar os que fazem o bem. (E quando as autoridades praticam o mal e ficam
aparentemente impunes por isso?)

a) HÁ UM REI SOBRE TODA A TERRA – TODA AUTORIDADE ESTÁ DEBAIXO DA


AUTORIDADE DE DEUS.
 Devemos crer que toda autoridade procede de Deus (Rm 13.1). Por trás de todo
acontecimento da história humana há um Deus que é soberano e que usa até os
tiranos para os seus propósitos gloriosos. Deus controla tudo, nada foge ao seu
propósito. Acima de Nero estava o Todo Poderoso. Tanto Jesus, bem como Pedro e
Paulo, não estavam alheios ao comportamento desonroso das autoridades, mesmo
assim, eles nos exortam a obedecê-las. A nós cabe obedecer a Palavra de Deus e
esperar por Sua justiça.
b) DEUS REINA SOBRE AS NAÇÕES - Cantem louvores a Deus, cantem louvores, cantem
louvores ao nosso Rei, cantem louvores! Pois Deus é o Rei de toda a terra; louvem-no
com um salmo. Deus reina sobre as nações, sentado em seu santo trono. (Salmos
47:6-8) [...] “Louvado seja o nome de Deus para todo o sempre, pois a ele pertencem a
sabedoria e o poder. Ele muda o curso dos acontecimentos; remove reis de seus
tronos e põe outros no lugar. Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos eruditos.
(Daniel 2:19-21).
c) OS CRISTÃOS NÃO ESTÃO A MERCÊ DOS REINOS TERRENOS.
O ponto de partida de Pedro é que por mais que os cristãos devam ser obedientes as
autoridades, como forma de testemunho, os cristãos compreendem que Deus é
autoridade em última instância. A esperança dos cristãos não está em nenhum reino
terreno, mas no reino que Jesus inaugurou em nossos corações, com sua primeira
vinda, e irá consumá-lo no novo céu e na nova terra.

A IDENTIDADE DO POVO DE DEUS - Vocês, porém, são povo escolhido, reino de sacerdotes,
nação santa, propriedade exclusiva de Deus. Assim, vocês podem mostrar às pessoas como é
admirável aquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz. “Antes vocês não tinham
identidade como povo, agora são povo de Deus. Antes não haviam recebido misericórdia,
agora receberam misericórdia de Deus.” Amados, eu os advirto, como peregrinos e
estrangeiros que são, a manter distância dos desejos carnais que lutam contra a alma. (1
Pedro 2:9-11)

d) OS CRISTÃOS DEVEM ORAR E TESTEMUNHAR AS AUTORIDADES POIS DEUS DESEJA


SALVAR TODO TIPO DE PESSOA.

Em primeiro lugar, recomendo que sejam feitas petições, orações, intercessões e ações de
graça em favor de todos, em favor dos reis e de todos que exercem autoridade, para que
tenhamos uma vida pacífica e tranquila, caracterizada por devoção e dignidade. Isso é bom e
agrada a Deus, nosso Salvador, cujo desejo é que todos sejam salvos e conheçam a verdade. (1
Timóteo 2:1-4)

 Assim como hoje, a classe política naquele tempo também era vista com certa repulsa
pela sociedade. Eram tidos como exploradores, ladrões, perseguidores da fé cristã etc.
Mas Paulo demostra aqui que Deus deseja salvar pessoas como eles também, que
Deus não os considera uma classe “menos digna da salvação” pelo mal que eles
praticam hoje. Deus deseja salvar os seus filhos que atuam nesse meio, mas que hoje
estão perdidos. Para isso ele usará o testemunho e oração dos cristãos.

e) AS OFENSAS POLÍTICO PARTIDÁRIAS E IDEOLÓGICAS NÃO SÃO UMA ATITUDE


CRISTÃ.

Lembre a todos que se sujeitem ao governo e às autoridades. Devem ser obedientes e


sempre prontos a fazer o que é bom. Não devem caluniar ninguém, mas evitar brigas. Que
sejam amáveis e mostrem a todos verdadeira humildade. (Tito 3:1,2)

APLICAÇÃO
 Examine o seu coração, veja onde você tem buscado sua segurança e depositado
a sua esperança.
 Você crê na soberania do governo de Deus sobre os governos da terra? Ainda
que isso implique em dias difíceis e perseguição sobre a igreja?
 Se você tem negligenciado a oração e o testemunho cristão quando o assunto é
política, por achá-los “indignos da salvação” ou “perda de tempo”. Peça perdão a
Deus e suplique para que Ele transforme o seu coração para olhar de uma
maneira bíblica.

2) PEDRO APRENDEU COM JESUS QUE É PELA PRÁTICA DO BEM QUE SE CALA OS
IGNORANTES E CALUNIADORES (v.15)

É da vontade de Deus que, pela prática do bem, vocês calem os ignorantes que os acusam
falsamente.

ANTES - O PEDRO DA ESPADA

Jesus disse: “Amigo, faça de uma vez o que veio fazer”. Então os outros agarraram Jesus e o
prenderam. Um dos que estavam com Jesus puxou a espada e feriu o servo do sumo
sacerdote, cortando-lhe a orelha. “Guarde sua espada”, disse Jesus. “Os que usam a espada
morrerão pela espada. Você não percebe que eu poderia pedir a meu Pai milhares de anjos
para me proteger, e ele os enviaria no mesmo instante? Se eu o fizesse, porém, como se
cumpririam as Escrituras, que descrevem o que é necessário que agora aconteça?” Em
seguida, Jesus disse à multidão: “Por acaso sou um revolucionário perigoso para que venham
me prender com espadas e pedaços de pau? Por que não me prenderam no templo? Ali estive
todos os dias, ensinando. Mas tudo isto está acontecendo para que se cumpram as palavras
dos profetas registradas nas Escrituras. (Mateus 26:50-56)

PEDRO VÊ A ATITUDE DE JESUS PARA COM OS COBRADORES DE IMPOSTOS DO TEMPLO

Quando Jesus e seus discípulos chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do templo


abordaram Pedro e lhe perguntaram: “Seu mestre não paga o imposto do templo?”. “Sim,
paga”, respondeu Pedro. Em seguida, entrou em casa. Antes que ele tivesse oportunidade de
falar, Jesus lhe perguntou: “O que você acha, Simão? O que os reis costumam fazer: cobram
impostos de seu povo ou dos povos conquistados?”. “Cobram dos povos conquistados”,
respondeu Pedro. “Pois bem”, disse Jesus. “Os cidadãos estão isentos. Mas, como não
queremos que se ofendam, desça até o mar e jogue o anzol. Abra a boca do primeiro peixe que
pegar e ali encontrará uma moeda de prata. Pegue-a e use-a para pagar os impostos por nós
dois.” (Mateus 17:24-27)

a) Algumas notas sobre Mt 17:24-27 – Jesus paga o imposto do templo


 A tributação naquela época não era como hoje. Os países eram administrados por um
único indivíduo: um imperador, um rei. Não havia democracia como a conhecemos. E
então, aquele que estava reinando, no topo da pirâmide, era o maior beneficiado. E
ele basicamente cobrava impostos de toda a sociedade sob seu controle por dois
motivos: para sustentar seu reino e para sustentar sua família. E ele coletou tudo e
usou para o sustento de sua família e para o sustento de seu reino. (John MacArthur)
 A situação pode ser exemplificada da seguinte maneira: Suponhamos que um judeu
colhia 1.000 litros de trigo por ano ou o equivalente a 28 efas (cada efa equivale a 37
litros), a tributação se dava da seguinte maneira:

Produto a ser tributado 1.000 litros de trigo:


Imposto romano 25,0% 250 litros
Impostos religiosos 13,0% 130 litros
Total 380 litros
Líquido 620 litros
Imposto dos sete anos 22,0% 136 litros
Total de tributos 51,6% 516 litros

 De acordo com o resultado do levantamento feito pelo instituto, significa dizer que a
tributação no Brasil em relação à renda, patrimônio e consumo, levando-se em conta o
rendimento médio brasileiro, está atualmente em 40,82% (investnews.com - Imposto
hoje no Brasil .)

PEDRO VIU A RESPOSTA DE JESUS EM RELAÇÃO A PAGAR OS IMPOSTOS A CÉSAR

Então, os fariseus se reuniram para tramar um modo de levar Jesus a dizer algo que desse
motivo para o prenderem. Enviaram alguns de seus discípulos, junto com os partidários de
Herodes, para se encontrarem com ele. Disseram: “Mestre, sabemos como o senhor é honesto
e ensina o caminho de Deus de acordo com a verdade. É imparcial e não demonstra
favoritismo. Agora, diga-nos o que o senhor pensa a respeito disto: É certo pagar impostos a
César ou não?”. Jesus, porém, sabia de sua má intenção e disse: “Hipócritas! Por que vocês
tentam me apanhar numa armadilha? Mostrem-me a moeda usada para pagar o imposto”.
Quando lhe deram uma moeda de prata, ele disse: “De quem são a imagem e o título nela
gravados?”. “De César”, responderam. “Então deem a César o que pertence a César, e deem a
Deus o que pertence a Deus”, disse ele. Sua resposta os deixou admirados, e eles foram
embora. (Mateus 22:15-22)

3) USANDO NOSSA LIBERDADE PARA FAZER O BEM E HONRAR A DEUS (v.16-17)

Pois vocês são livres e, no entanto, são escravos de Deus; não usem sua liberdade como
desculpa para fazer o mal. Tratem todos com respeito e amem seus irmãos em Cristo. Temam
a Deus e respeitem o rei.

Pedro traz nesses últimos versículos algumas aplicações: Diante de tudo isso, como
viveremos? Gostaria de sintetizar essas aplicações em 5 pontos.

COMO VIVEREMOS?

1) Como pessoas livres, como povo escolhido, reino de sacerdotes, nação santa
(separada), propriedade exclusiva de Deus. Sabendo que existe um Rei soberano que
governa sobre as nações, depositando nele única e exclusivamente nossa segurança e
esperança.

2) Submetendo-se as autoridades em tudo aquilo que não infringe a autoridade divina


revelada na Bíblia, orando fervorosamente por elas, testemunhando acerca do Reino
inaugurado por Cristo em nossos corações e de sua consumação que se dará com a
segunda vinda Dele.
3) Obedecendo e lembrando do posicionamento ensinado por Jesus, que mesmo sendo o
Rei de toda terra submeteu-se as autoridades e leis humanas, ainda que Ele soubesse
que nosso sistema de governo humano é tragicamente falho e nossas leis são
insuficientes. Jesus fez isso porque tinha a clareza de que todos comparecerão diante
do Justo Juiz um dia.

4) Tratando a todos com respeito (não é o mesmo que ser omisso), inclusive aqueles que
discordam de nossa opinião e de nossa fé, a fim de que não tenham motivos para
caluniar a nós cristãos e nem difamar o nome de Cristo.

5) Amando os nossos irmãos em Cristo, mesmo aqueles que divergem de nós por alguma
razão não essencial à fé cristã. Lembrando que unidade não é uniformidade, que a
multiforme graça de Deus é uma benção para a igreja quando os corações estão
engajados em promover o Reino de Deus e não as próprias ideias. Amando a igreja e
não esquecendo da nossa missão, que não é político partidária, mas é pregar o
evangelho. Pois há vida além dessa terra e nisso repousa nossa esperança!

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