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CONSTITUICIONAIS
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Introdução
O presente texto tem por objetivo fazer uma breve apresentação do tema das agências
reguladoras em face dos princípios constitucionais à luz dos quais têm surgido diversas
discussões nos planos acadêmico e judicial. São, assim, apresentadas as agências
reguladoras e examinados, panoramicamente, os conflitos, potenciais ou efetivos, com
os princípios da livre iniciativa, da livre concorrência, da eficiência, da segurança jurídica,
do devido processo legal, da legitimidade, da legalidade e da separação de poderes.
No Brasil, esse fenômeno da agencificação teve início não só em função do déficit fiscal,
mas, também diante da concepção de que os monopólios não levavam à eficiência (por
não estarem submetidos a um processo competitivo, que levaria a um maior proveito
para usuários, consumidores e empresários). Flexibilizados os monopólios, deu-se a
substituição da estrutura e da técnica de intervenção do Estado na economia, deixando o
Estado de ser o empresário-executor de atividades econômicas.
Nem por isso descurou do interesse público envolvido naquelas atividades. O fato de
privatizar empresas e de atribuir atividades outrora executadas com exclusividade pelo
Poder Público não operou o retorno ao modelo liberal puro, em que o Estado
simplesmente se retirava de um segmento econômico e deixava de dele se ocupar. Ao
contrário; simplesmente aconteceu uma mudança de técnica de intervenção. O Estado
deixou de ser o empresário, mas passou a disciplinar, pela regulação, o comportamento
do empresário privado.
Destarte, o papel da agência reguladora, num primeiro momento, vai ser o de induzir o
surgimento de novos competidores e, ao mesmo tempo, lidar com o problema da
concentração, da possível barreira à entrada de novos competidores (que poderia ser
mantida pelo então agente monopolista).
Mas a regulação não se limitou aos setores objeto de processos de reforma do Estado,
pela via da desestatização.
Assim, pode se afirmar que o surgimento das agências reguladoras sempre foi
relacionado à correção de falhas de mercado, o que tem influência no ponto a seguir
examinado.
Nos setores ocupados por agências reguladoras ainda não existe a mesma liberdade de
concorrência que acontece nos setores maduros, acompanhados pelo Cade, cujo objetivo
é preservar - e não, criar - esse cenário de livre troca e de livre acesso de consumidores
e fornecedores, para que no mercado se desenvolva a atividade econômica. No caso dos
segmentos regulados, o papel da agência reguladora é construir esse cenário; portanto,
as regras de funcionamento desse segmento são especiais e diferenciadas.
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AS AGÊNCIAS REGULADORAS E OS PRINCÍPIOS
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Quando se fala em serviço público não se fala em livre iniciativa, porque ninguém pode
explorar um serviço público pela sua livre decisão empresarial; somente pode explorar
um serviço público quem receba do poder público uma delegação, o que representa,
antes, uma opção política por delegar, já que o poder público pode optar pela gestão
direta, ou pela criação de uma entidade na administração indireta para a condução
daquela atividade. Portanto, não são livres o ingresso, a permanência ou a saída nos
segmentos definidos como serviços públicos.
É claro que essa não parece ser a tendência a se manifestar no direito administrativo
brasileiro.
Isso já se visualiza na Lei Geral de Telecomunicações, que, no art. 7.º, coloca a agência
reguladora no mesmo patamar da Secretaria de Direito Econômico, como agente
instrutor do processo de repressão aos abusos de poder econômico, cabendo ao Cade o
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Essa também é a tendência materializada no projeto de lei que disciplina o novo regime
jurídico das agências reguladoras, aí sim uma disciplina geral.
Frisa-se que a tendência será essa partilha porque, quando se fala que o papel da
agência reguladora é construir um mercado onde ele não existe, a partir do momento
que esse mercado é criado e protegido, tornando-se maduro, transforma-se num cenário
livre para as trocas, e pode ser tutelado por meio dos órgãos de defesa da concorrência.
Mas, até que essa realidade se confirme, parece que tanto em matéria de serviço público
como em matéria de atividades econômicas típicas, há competência prevalente das
agências reguladoras sobre o Cade (ainda que a tendência possa ser, pela via legislativa,
alterada). Isso já se confirmou no caso do conflito entre o Banco Central e o Cade, por
meio de parecer da Advocacia Geral da União (que tem a competência para interpretar o
ordenamento jurídico nacional e o fez em caráter normativo aprovado por decreto pelo
Presidente da República, no exercício da competência prevista no art. 84, II, da CF/1988
(LGL\1988\3), voltado para o exercício da direção superior da administração pública).
Alguns exemplos de regulação privada podem ser citados, como é o caso do Conselho
Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária, o Conar, que reúne, por meio de uma
convenção de natureza jurídica privada, os anunciantes e os meios de comunicação para
disciplinar a ética na colocação de bens e serviços da publicidade.
A regulação também não exige que para a sua estruturação seja criada uma agência
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É necessário destacar que, embora não seja indispensável, é desejável que a agência
reguladora tenha uma estrutura jurídica diferenciada para viabilizar o exercício da função
de regulação, que representa uma atividade de ponderação entre interesses em tensão
(por exemplo, interesses de consumidores versus o interesse de fornecedores).
Somente a partir dessa nomeação é que se opera a independência (técnica), não mais
existindo possibilidade de exoneração ad nutum do dirigente da agencia reguladora, tal
como ocorre com os servidores públicos ocupantes de cargos em comissão (admitidos
sem prévia aprovação em concurso público, e, por não serem ocupantes de cargos de
provimento efetivo, podem ser exonerados sem qualquer motivação e a qualquer
momento).
Mais que isso, esse colegiado deve ser composto de maneira que os mandatos não
sejam coincidentes entre si ou com os do Chefe do Poder Executivo, justamente para
que uma mesma autoridade política não tenha a possibilidade de nomear todos os
dirigentes de uma só vez, interferindo na atuação daquele colegiado com a sua vontade
política. Assim, o colegiado da agência reguladora terá várias orientações políticas, todas
elas idealmente compostas por técnicos conhecedores daquele segmento regulado.
Claro que esse formato foi intensamente criticado, por violar o princípio republicano. Isto
porque é da essência da República a alternância no poder e, uma vez investida pelo voto
universal, a autoridade tem o direito de nomear os ocupantes dos cargos de sua
confiança. No caso das agências reguladoras, isto ficaria inviabilizado diante do mandato
fixo, que impede a substituição dos reguladores nomeados por governantes anteriores.
Aqui, mais uma vez, se sustenta que nem todas as funções públicas são de natureza
política. Aliás, o próprio regime dos cargos em comissão representa uma anomalia, que
dificulta a atração de investimentos de longo prazo, que levam mais de um governo para
produzirem retorno aos investidores. O regime jurídico dos agentes reguladores parte da
distinção entre funções de Estado e funções de Governo, entre funções políticas e
funções técnicas, sendo fundamental identificar as funções típicas do Estado e as
carreiras de Estado, para as quais deve ser explicitada essa independência. O modelo de
cargos em comissão resgata o antigo sistema de espólio, pelo qual cada governante que
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Embora essa nomeação técnica para mandato fixo pareça ideal, não é menos exato que
muitas das vezes isso não se respeita; essas anomalias, no entanto, não devem colocar
em risco o modelo; isto porque cada uma dessas nomeações representa um ato
administrativo, cujos elementos podem ser controlados pelo Poder Judiciário. Portanto,
em se nomeando autoridades administrativas para o exercício de função regulatória sem
preenchimento dos requisitos estabelecidos em lei, não só esses atos são nulos, como
também aqueles por elas praticados, posto que oriundos da manifestação de vontade de
autoridades que, viciadamente, foram galgadas a uma função que não poderiam ocupar.
Adentrando nas duas funções básicas da agência reguladora, o esperado é que elas
introduzam e busquem maximizar o atendimento do princípio da eficiência pela via da
competição. A agência reguladora deve zelar para que o mercado seja competitivo, de
modo que os melhores bens e serviços sejam colocados à disposição das coletividades.
Como nem todas as situações, especialmente as que envolvem monopólios naturais,
viabilizam a competição, um outro objetivo esperado da agência reguladora é a redução
dos malefícios decorrentes das situações de monopólio ou de oligopólio (o que remonta à
própria origem das agências reguladoras).
Mas a idéia de reforma do Estado não quer que a competição se esgote nesse momento,
posto que o agente entrante no mercado poderia se acomodar por ter adquirido um
"privilégio" (como era tratado no modelo clássico dos serviços públicos o direito à
exploração no regime de concessão).
Daí por que se introduziu a regra do art. 16, da Lei de Concessões (Lei 8.987/95), que
trata da vedação das delegações em caráter exclusivo; logo, salvo nas situações em que
a competição seja comprovadamente inviável do ponto de vista físico, técnico ou
financeiro, a regra é a não exclusividade.
Mais que isso, se idealiza, também, a competição entre setores. Por exemplo, no
segmento dos transportes, a competição deve se dar entre os modais de serviços
(ônibus, metrô, barcas, táxis, trens, bondes).
Num último estágio, talvez o mais importante e o mais delicado de se lidar, almeja-se a
competição entre os serviços públicos e os serviços econômicos de interesse geral
(atividades econômicas privadas).
Outro exemplo surgiu no campo da energia. Nos setores do gás e do petróleo, com o
desenvolvimento de novas tecnologias, permite-se a atividade de importação desse
insumo. Também bastante relevante para se viabilizar a introdução da competição onde
existia um monopólio ocorre pela via de uma nova disciplina das redes de transporte de
gás e de petróleo. Essas redes, chamadas de facilidades essenciais para o
desenvolvimento de atividades econômicas, ficam submetidas ao princípio do livre
acesso. Isto porque de nada adiantaria flexibilizar o monopólio se todas as estruturas
necessárias para o transporte do bem continuam a pertencer a um único agente
econômico. Este empresário poderia invocar o seu direito de propriedade para impedir
que a produção chegasse ao seu destino, porque entre o local de produção e o local de
consumo, há distâncias enormes, que só podem ser percorridas com o uso das
instalações existentes ou com a construção de novos dutos ou com o advento de novas
tecnologias, cujo investimento é elevadíssimo e de pouca e lenta rentabilidade. Isso
representaria uma barreira a entrada de novos competidores, que não viabilizaria o
objetivo de flexibilização dos monopólios com vistas a se alcançar a competição. Para
tanto era indispensável, ao menos por um período, se dar um tratamento adequado ao
exercício do direito sobre aquelas propriedades construídas num regime de monopólio.
Passaram, assim, a ser afetadas por uma função de viabilizar a competição. Cuidou-se,
pois, da concretização do princípio da função social da propriedade e do princípio da livre
concorrência, para viabilizar o surgimento de um mercado onde ele não existia.
Esse livre acesso aos dutos e redes por qualquer competidor existe também nos campos
da eletricidade, das telecomunicações, que envolvem, ainda, o princípio da interconexão
obrigatória. Isto porque não adianta imaginar que novos agentes vão entrar no mercado
se eles não puderem se integrar às redes existentes, pois, do contrário, seus
destinatários vão ficar isolados dos demais que já estejam interligados às estruturas em
funcionamento.
Como dito, essa competição é delicada. O que deve ser objeto de maior preocupação no
Brasil é o fato de que certas inovações tecnológicas (por exemplo, por meio de
congelamento do gás para transporte para outras regiões), se, por um lado, estimulam a
competição e a inventividade, por outro, podem colocar em risco o atendimento da
população de baixa renda, que não possa adquirir tais produtos, colocando em risco a
prestação do serviço público. É importante lembrar que, no Brasil, a distribuição de gás
canalizado é serviço público de competência dos Estados (art. 25, § 2.º, da CF/1988
(LGL\1988\3)), enquanto a produção e o transporte do gás integram a competência
federal (art. 177, da CF/1988 (LGL\1988\3)). Ora, é fundamental que a disciplina
federal, por conta do pacto federativo (que contempla a harmonia entre as entidades
federadas), não aniquile o exercício da competência estadual sobre seus serviços,
especialmente em função do fato de que a competição que se busca ampliar (até mesmo
entre serviços públicos e atividades econômicas) não pode servir de base para que uma
atividade destrua a outra. Afinal, é no conceito de serviço público que se busca garantir
o princípio da dignidade da pessoa humana, proporcionando inclusão social
especialmente pelo atendimento das populações de baixa renda. Se os instrumentos de
transformação, com emprego de modernas tecnologias, retirarem escala para que as
concessionárias de serviço público invistam na construção de dutos que chegariam às
regiões afastadas, a população menos abastada ficará privada do serviço de baixo custo
(sem falar na exposição aos riscos do transporte de carga perigosa).
Como dito, a agência reguladora tem funções normativas, executivas e judicantes (nisso
se distinguindo do Cade, que só exerce esta última). Essa função normativa deve atentar
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Afinal, quem administra bem alheio tem o dever de dar contas de suas ações, em
homenagem ao princípio da publicidade, que viabiliza o controle social da administração
pública. A formação da vontade do Estado decorre da vontade da sociedade, livremente
manifestada, não podendo ser desconsiderada ou inviabilizada tal manifestação.
Como dito, a complexidade de vida em sociedade exige que a lei seja implementada por
comandos técnicos, emanados de agentes especializados, capazes de valorar o peso dos
interesses em tensão. Tudo isso deve se desenvolver no devido processo legal, porque a
decisão regulatória, ainda que de caráter normativo, implica em escolhas que restringem
direitos, devendo ser assegurada a observância do princípio da ampla defesa no
procedimento de ponderação. Só assim será atendido o dever de bem administrar, no
exercício da função regulatória, que, frise-se, impõe a ponderação entre interesses, que
devem, antes, ser conhecidos para serem pesados.
A partir dessas funções normativa, executiva e judicante vão surgir diversos conflitos
entre as agências reguladoras e os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Um conflito, que parece estar superado, é entre agência reguladora e Poder Legislativo.
O argumento era no sentido de que o agente regulador produz normas, que interferem
na liberdade empresarial, quando, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, só a lei
produz direitos e obrigações.
Na verdade, quando, por força do princípio da legalidade, se fala que "ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei", é a lei que
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Esta tese não prosperou, exatamente em função de que o art. 174, da CF/1988
(LGL\1988\3) já previa na intervenção do Estado na economia por meio da regulação. A
agência reguladora é apenas uma estrutura administrativa para o desempenho dessa
função da administração pública. Logo, se a função de regulação já existia, havia uma
discricionariedade legislativa para criar ou não agências reguladoras que a
personificassem. Foi esta discricionariedade legislativa que o constituinte procurou
afastar nos segmentos do petróleo, gás e telecomunicações. Isto porque, nesses casos,
deixou de haver um monopólio, sendo obrigatório que surgissem agências para
disciplinar o surgimento do mercado nesses setores. Nos demais casos, foi mantida essa
discricionariedade legislativa (que exige iniciativa privativa do Chefe do Poder
Executivo).
No art. 84, IV, da CF/1988 (LGL\1988\3) dispõe que compete privativamente ao Chefe
do Poder Executivo expedir decretos e regulamentos para a fiel execução da lei. Diante
de tal disposição constitucional, entendeu-se que a agência reguladora não poderia
editar regulamentos.
Na verdade, a agência reguladora não edita regulamentos; ela exerce uma função
regulatória, que pode envolver a produção de normas, mas abrange, também, a
produção de atos executivos e de atos judicantes (de solução de conflitos entre os
agentes regulados). Nesse passo, a regulação é bem mais ampla que a simples função
regulamentar. Mas as diferenças não param por aí. Mais que isso, a agência reguladora
exerce uma função de natureza técnica de intervenção do Estado na economia por meio
da ponderação entre interesses; essa responsabilidade, de exercício de uma função
técnica, não é exigida da autoridade política e singular do chefe do Poder Executivo, que
não tem o compromisso de atuar tecnicamente, embora não esteja proibido de fazê-lo; a
idéia da atividade regulatória é chegar a um resultado de intervenção após um processo
administrativo (normativo, executivo ou judicante) de ponderação entre interesses e
atingir motivadamente o ponto de equilíbrio.
Cabe um exemplo para demonstrar como essa motivação técnica difere dos atos de
natureza política. Cite-se a disciplina do artigo do Código de Defesa do Consumidor, que
determina que os preços devem ser ostensivamente colocados à disposição do
consumidor. Esse conceito jurídico indeterminado foi politicamente interpretado para dar
resposta a alguns inconvenientes noticiados pela imprensa. Por meio do emprego de
códigos de barra, alguns supermercados expunham o consumidor a situações
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Vale, também, apontar que este conflito surge, especialmente, em matéria de fixação ou
modificação do valor de tarifas públicas, que, apesar de nem sempre refletirem os
interesses políticos de controle da inflação, devem representar a preservação da equação
econômico-financeira idealizada pelos investidores no momento da celebração do vínculo
com a administração pública. Cabe, pois, ao regulador zelar pela preservação dessa
equação, o que é matéria técnica, que ultrapassa a noção de supervisão administrativa a
que a agência está sujeita por integrar a administração.
O fato da agência reguladora ser independente não significa que não possa ser objeto de
controle. Esse controle pode ser administrativo, via contrato de gestão, controle social -
por meio do direito de petição a ouvidorias ou aos legitimados à apreciação da validade
dos atos - ou até por meio do recurso hierárquico impróprio (que se limite à declaração
de ilegalidade de atos regulatórios, após prévio parecer jurídico sobre o tema); pode se
dar o controle no âmbito do Poder Legislativo (para sustação dos efeitos dos atos ilegais)
e dos Tribunais de Contas (limitado este ao exame das contas e não da parte regulatória
em si) e, por fim, o controle judicial.
O controle dos atos regulatórios pelo Poder Judiciário envolve o exame da validade de
seus elementos - objeto, forma, motivo, competência, e finalidade - buscando-se apurar
se o regulador se manteve eqüidistante dos interesses e alcançou o ponto de equilíbrio
entre custos e benefícios, dentro da lei, observados os princípios da realidade, da
razoabilidade, da proporcionalidade, da segurança jurídica.
O ato pode ser controlado com relação à sua forma, cabendo verificar a observância do
princípio do devido processo legal e do princípio democrático, para assegurar que o
processo de ponderação de interesses foi precedido do conhecimento dos interesses a
serem adequadamente ponderados, o que se dá por meio da participação.
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Nesse caso, que permite a retroalimentação do sistema, fazendo com que a experiência
do caso concreto vira norma, há fundamental diferença para o controle jurisdicional. É
que nesse controle se aplica um dever de visão prospectiva do regulador, identificando o
impacto da norma sobre casos futuros e sobre o mercado, de modo que o regulador não
se limita, como o magistrado, aos fatos ocorridos no passado e que envolvem apenas as
partes.
8. Conclusões
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