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Abraji e a LAI
A Abraji foi uma das autoras no processo de aprovação da Lei de Acesso à Infor-
mação (LAI), juntamente com outras organizações da sociedade civil. O amplo
acesso a informações públicas é um tema caro à Abraji desde a sua fundação, em
2002, fazendo parte, inclusive, do estatuto da associação. Em 2003, foi realizado
o Seminário Internacional sobre Direito de Acesso a Informações Públicas, onde
se destacou a urgência de se regulamentar esse direito no Brasil. Houve uma
crescente inserção do tema em debates nacionais e na mídia, forçando os entes
públicos a se posicionar.
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Após o evento, foi constituído o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas,
coalizão que reúne 24 entidades da sociedade civil e é coordenada pela Transpa-
rência Brasil. O Fórum teve importante participação nas iniciativas pela aprovação
de uma lei de acesso a informações públicas: em maio de 2009, após o 2° Seminário
Internacional sobre Direito de Acesso a Informações Públicas, a Casa Civil da Pre-
sidência da República enviou à Câmara dos Deputados o PL 5228/2009, que deu
início efetivo ao processo legislativo para a aprovação da Lei de Acesso à Informação.
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inéditas sobre diversos temas, como Economia, Saúde, Segurança e Meio Ambien-
te, em colaboração com diversos veículos de abrangência local e nacional, além
de disponibilizar tutoriais e dados em seu próprio site e nas edições quinzenais da
newsletter Don’t LAI to me, que conta com mais de 6 mil assinantes.
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O direito de acesso à informação já estava previsto no artigo 5º da Constituição
Federal de 1988, mas a cultura do sigilo herdada de décadas de governos militares
prevalecia até a regulamentação da Lei nº 12.527/2011, mais conhecida como Lei de
Acesso à Informação (LAI), que estabelece de forma ainda mais clara a transparên-
cia como regra e o sigilo como exceção. Como ocorre com qualquer legislação, se
não houver fiscalização constante e pressão social significativa, sua efetividade fica
limitada, abrindo margem para retrocessos.
SIM NÃO
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É por isso que a Abraji, em parceria com a Fiquem Sabendo, e financiamento da
IFEX, lança este guia para o uso da LAI nas redações, aliado a um programa de trei-
namentos que tem por objetivo disseminar esse dispositivo como ferramenta de
apuração jornalística.
Boa leitura!
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LAI NO JORNALISMO
1. Por que usar a LAI se posso falar
com a assessoria de imprensa?
Esse é um questionamento inicial que pode ocorrer a muitos jornalistas e tam-
bém aos assessores de imprensa de órgãos governamentais, pois existe uma rela-
ção construída ao longo de décadas de prática jornalística entre repórteres e as-
sessores de imprensa. Por melhor que seja essa relação, no entanto, não se pode
esquecer que o assessor defende os interesses da instituição que ele representa
e, muitas vezes, pode fornecer apenas parte da informação ou ainda usá-la como
moeda de troca.
Nem sempre o poder público colabora para isso, pois é comum que o responsável
pelo SIC encaminhe à assessoria de comunicação pedidos feitos por jornalistas,
quando consegue identificar a profissão no cadastro ou pela prática de pesquisar
o nome do solicitante na internet. É importante esclarecer que isso contraria os
parâmetros da LAI e o próprio princípio constitucional da impessoalidade da admi-
nistração pública, previsto no art. 37 da Constituição: não se pode fazer diferença
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no tratamento de uma demanda conforme quem solicita, todos os cidadãos de-
vem ser atendidos da mesma forma.
Como “bem público” podemos entender, de forma geral, tudo o que é do governo
e, portanto, não pertence a uma pessoa física ou empresa privada. O fato de um
bem ser privado não necessariamente impede de obter informações sobre ele.
Todo bem privado está sujeito à observância e cumprimento de regras públicas
(sanitárias, estruturais, segurança, trânsito, ambientais, urbanísticas, regulatórias,
etc.) para sua utilização, sob pena de aplicação de alguma penalidade em caso
de descumprimento. Assuntos relacionados a essas questões de “ordem pública”
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podem ser requisitados aos órgãos governamentais responsáveis por meio da LAI,
mesmo que envolvam pessoas ou empresas privadas.
É possível pedir informações sobre qualquer questão que envolva dinheiro públi-
co, pois a Constituição Federal (art. 70) exige prestação de contas de “qualquer
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, geren-
cie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União res-
ponda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”. Toda
pessoa física ou jurídica que receba algum recurso público, independentemente
do valor, deve prestar contas.
Também está previsto na LAI que certas informações devem ser disponibilizadas
sem necessidade de solicitação, ou seja, por transparência ativa. Quando os dados
são fornecidos mediante solicitação, usando os canais do SIC, por exemplo, ocorre
a transparência passiva. Todos os órgãos do poder público devem disponibilizar
por transparência ativa dados de despesas, salários, receitas, informações classifi-
cadas e desclassificadas, entre outros (consulte a lista completa no Art. 8º da LAI).
Essas informações geralmente estão no site oficial do órgão público ou em por-
tais de transparência e de dados abertos (conheça alguns sites úteis no quadro).
A Lei do Governo Digital, sancionada em 2021, colocou ainda mais obrigações de
transparência ativa no governo federal.
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Onde encontrar dados públicos
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Dica: Se você ainda não é assinante da newsletter Don’t LAI to me, cadastre-se
para receber quinzenalmente em sua caixa de entrada uma série de dados públi-
cos obtidos pela equipe da Fiquem Sabendo no governo federal, estados e muni-
cípios. Os dados são de livre reprodução para uso jornalístico (consulte as normas
de republicação).
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pode usar o serviço Queremos Saber, da Open Knowledge Brasil. Eles cadastram
seu pedido e depois te encaminham a resposta por e-mail.
Em geral, os sistemas eletrônicos são bastante intuitivos, com campos para você se-
lecionar o órgão destinatário (a secretaria específica do governo do seu Estado, por
exemplo), um espaço para redigir o texto do pedido (em alguns casos, há limitação
de caracteres) e a possibilidade de incluir documentos anexos (caso você queira indi-
car uma referência que possa ajudar o órgão a compreender e atender seu pedido).
O sistema gera um número de protocolo para você acompanhar a demanda pela in-
ternet. É importante guardar este número para rastrear e documentar seus pedidos.
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1. O prazo estabelecido na LAI para um pedido ser atendido é de 20
dias corridos, ou seja, contam dias úteis, feriados e finais de semana.
3. Se você recebeu uma resposta, mas ela foi insatisfatória por estar
incompleta ou não corresponder ao que você solicitou, você pode re-
correr no prazo de 10 dias a contar do registro da resposta no sistema.
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4. Como devo escrever
o pedido?
Não há um formato específico de redação recomendado na LAI, mas observar al-
guns cuidados é importante. Com milhares de pedidos registrados nos últimos
anos, a Fiquem Sabendo chegou a uma receita de 10 passos que têm gerado bons
resultados. O passo a passo completo foi publicado no Guia de Bolso da LAI, edi-
tado em 2020 e oferecido como uma das recompensas aos apoiadores da cam-
panha de financiamento contínuo da agência, mas resumimos as principais dicas
para te ajudar a redigir um bom pedido.
Sempre que for possível indicar o link de um site para dar referência da informação
que você está pedindo, como uma notícia do portal oficial do governo ou de um
site jornalístico em que o agente público falou sobre o assunto, inclua no pedido.
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Especialmente se o seu pedido envolve dados estatísticos e você espera receber
uma planilha em formato aberto, especifique isso no pedido: Requisito que as
informações indicadas no item 1 sejam fornecidas em formato aberto (planilha
em .csv ,.ods, etc), nos termos do art. 8º, §3º, III da Lei Federal 12.527/11 e art. 24, V
da Lei Federal 12.965/14. Arquivos em formato *.pdf não são abertos (vide o item
6.2 da Cartilha Técnica editada pelo Ministério da Economia em: http://dados.
gov.br/pagina/cartilha-publicacao-dados-abertos)”.
Fique atento! Não confunda o “por quê?” do pedido com o “para quê?”
você pretende usar o dado que está solicitando. Você não precisa nem
deve justificar a razão de um pedido de informação, pois isso contraria a
LAI. O governo tem obrigação de fornecer os dados de interesse público e
jamais pode exigir que o cidadão apresente o motivo da pergunta.
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5. E se a resposta do
órgão for insatisfatória?
Ao receber a resposta do seu pedido, você tem 10 dias de prazo para recorrer, caso
a informação solicitada não seja fornecida de forma satisfatória. Uma primeira aná-
lise a ser feita é comparar se todas as perguntas feitas foram respondidas - por isso
apresentar o pedido em forma de lista numerada é importante. Se há itens não
respondidos, recorra.
Caso não tenha entendido alguma informação, divida a resposta com um colega
ou especialista no assunto. Se faltou clareza sobre algum item, tente pedir escla-
recimentos em um recurso ou registre um novo pedido requisitando informações
complementares. Informe o protocolo do pedido original e anexe uma cópia do
pedido e da resposta para ajudar.
Quando o órgão não possui a informação requerida, e por isso responde negativa-
mente, a LAI estabelece que deve ser indicado na resposta, se for do conhecimento
daquele órgão, qual a entidade detentora da informação. Se possível, deve reme-
ter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o requerente de que
o pedido foi encaminhado. Fique atento a isso para avaliar se deve protocolar um
recurso ou fazer um novo pedido ao órgão correto.
Se o acesso for negado, o órgão deve indicar as razões da recusa total ou parcial da
solicitação. Se for citado algum parecer, informação, nota técnica, estudo, etc., esse
documento deve ser anexado à resposta. Se esses requisitos não estiverem presen-
tes, você pode recorrer. Se estiverem, observe as justificativas apresentadas pelo
órgão para negar acesso ao dado solicitado para redigir um recurso convincente.
Conheça os motivos mais comuns e saiba como argumentar.
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I. Trabalhos ou custos adicionais
Muitas vezes, essa hipótese é usada de forma abusiva ou sem critérios, mas a le-
gislação estabelece que, nesses casos, o órgão público deve informar, no lugar da
informação requerida:
Caso não informe todos os itens, não é lícita a utilização da hipótese de negativa
de fornecimento por trabalho adicional. Você pode recorrer citando os requisitos
acima e exigir que o órgão forneça a informação ou, no lugar disso, indique os ele-
mentos listados.
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Com relação a “custos adicionais desproporcionais e não previstos”, o mesmo de-
creto estabelece que deve ser apresentada “análise sobre a quantificação de tais
custos e sobre a viabilidade da inclusão das bases de dados em edição futura do
Plano de Dados Abertos”. Caso a resposta negativa não apresente essa análise, você
pode recorrer citando a norma para que o órgão forneça os dados ou, pelo menos,
apresente o estudo exigido por lei para negar o acesso.
Outra recusa que tem aparecido com alguma frequência é por “fishing expedition” ou
“pescaria”. Uma reportagem recente da Agência Pública abordou esse tema. Órgãos
públicos costumam chamar de “pescaria” o pedido ou conjunto de pedidos de infor-
mações cujo objeto é amplo, alcançando muitos documentos, ou quando a temática
dos arquivos não possui uma vinculação aparente. O termo em inglês fishing expedi-
tion é usado juridicamente para descrever uma pesquisa ampla por informações em
busca de algum fato que possa incriminar uma pessoa ou instituição a qualquer custo.
Por fim, também têm se mostrado cada vez mais frequentes negativas fundamen-
tadas em sigilo da informação, motivadas principalmente pela Lei Geral de Prote-
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ção de Dados (LGPD), que passou a vigorar em agosto de 2020. Não raro, essa justi-
ficativa é acionada de forma abusiva, até porque a LGPD deixa claro que a proteção
de dados pessoais não pode prejudicar a divulgação de informações de interesse
público. Quando a LGPD entrou em vigor, a Fiquem Sabendo ouviu especialistas
sobre o tema, e segue acompanhando os desdobramentos.
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A Marinha sugeriu que fossem solicitados 15 documentos por vez, já que milhares
de documentos são desclassificados todos os anos. Considerando que havia 69.315
mil documentos desclassificados pela Marinha entre 2013 e 2020, e o órgão leva,
em média, 21 dias para responder um pedido, conforme a CGU, seriam necessários
4.621 pedidos de informação. Levaria 97.041 dias, ou 265 anos, para alcançar todos
os documentos - e nesse meio tempo outros milhares de documentos seriam des-
classificados, tornando o trabalho impossível. Denunciar esse tipo de abuso é uma
forma de produzir reportagens de impacto usando a transparência - ou a falta dela
- como pauta.
Caso você vá apresentar uma nova demanda, pergunte ao órgão em que setor está
seu protocolo, qual o nome do agente público responsável, por que razões a de-
manda está atrasada e qual o prazo para resposta.
Se sua opção for por uma denúncia, que basicamente é uma manifestação formal
para informar uma irregularidade, não é necessário fazer um tratado sobre o as-
sunto. Escreva objetivamente o que aconteceu e o motivo de isso estar errado ou
ser proibido. Anexe os documentos que comprovam o que você está descrevendo.
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Quando for preciso tratar de algum requisito técnico específico de alguma área, ex-
plique claramente o conceito, presuma que o leitor da denúncia é leigo no assunto.
Ainda, a denúncia deve convencer o leitor de que sua demanda é relevante, por-
tanto apresente os argumentos positivos para abertura da informação pretendida
e negativos da não abertura. Seja propositivo, sugerindo o passo a passo que você
considera adequado para solucionar sua demanda.
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I. Descobrir “funcionários fantasma”
Boa parte dos órgãos públicos já aderiu ao ponto eletrônico, o que torna a negativa
mais difícil. Caso o órgão de seu interesse tenha registro manual do ponto dos ser-
vidores, é possível que neguem pela justificativa de trabalho adicional ou pedido
desproporcional. Nesses casos, você pode fazer um recorte mais específico de um
período mais curto ou de um determinado servidor que você esteja investigando,
reduzindo a proporção da demanda.
Lembre-se que pedir “o outro lado” da história faz parte da apuração. A obtenção
de dados públicos é uma parte do processo, mas o trabalho jornalístico de cruzar
informações e realizar entrevistas continua sendo necessário para evitar manchetes
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equivocadas. Dados públicos podem conter erros de registro, por limitações téc-
nicas ou por imperícia de quem preenche. Busque informações complementares
para ter segurança da denúncia.
MODELO
Solicito acesso aos registros de entrada e saída de funcionários (registro de
ponto) do [nome do órgão ou departamento] no período de [data de início
e data final do período de interesse com dia, mês e ano]. Requisito que os
dados sejam fornecidos, se possível, em formato aberto (planilha em *.xls,
*.csv,*.ods, etc), nos termos do art. 8o, §3o, III da Lei Federal 12.527/11 e art.
24, V da Lei Federal 12.965/14. Arquivos em formato *.pdf não são abertos
(vide o item 6.2 em: https://dados.gov.br/pagina/cartilha-publicacao-da-
dos-abertos).
A jornalista Juliana Dal Piva revelou 102 nomeações de pessoas ligadas à família
Bolsonaro em uma reportagem especial para o jornal O Globo, em 2019. Desde
2018, acompanhando suspeitas de que assessores do presidente Jair Bolsonaro e
de seus três filhos que possuem mandato (Flávio, Eduardo e Carlos) não atuavam,
de fato, como assessores parlamentares, ela registrou pedidos de informação na
Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e Câmara
de Vereadores do Rio requisitando o nome de todos os assessores nomeados.
“Com os primeiros dados que chegaram foi possível notar um padrão. Diversas pes-
soas com parentes nomeados e, por uma pesquisa prévia, muitas com indícios de
serem fantasmas. Eram diversos além da família Bolsonaro e Queiroz. Muitos sobre-
nomes se repetiam”, contou em entrevista à Fiquem Sabendo.
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Outra ferramenta que pode ajudar a investigar suspeitas de nepotismo é o Cruza
Grafos, da Abraji em parceria com o Brasil.io. No CruzaGrafos, você pode buscar re-
lações entre políticos e empresas. Se um político contratou serviços de uma empresa
cujo sócio é seu parente, isso também se enquadra como nepotismo.
MODELO
Para investigar casos de nepotismo, é necessário primeiro conhecer a lista
de nomeados por um determinado agente público. Se você não tem esses
dados, pode fazer um pedido de informação:
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III. Mapear uso de redes e influenciadores
Gastos com publicidade digital devem ser divulgados por órgãos de qualquer es-
fera do poder público, pois envolvem dinheiro público. Assim, é possível perguntar
ao governo quanto foi gasto para contratar influenciadores digitais para divulgar uma
campanha ou política pública. Em março de 2021, com dados obtidos pela Fiquem
Sabendo, a Agência Pública noticiou que o governo federal aplicou mais de R$ 1,3
milhão em ações de marketing com influenciadores sobre a Covid-19, incluindo R$
85,9 mil para pagamento de cachê a 19 “famosos” contratados para divulgar a cam-
panha em suas redes sociais. Também com base em dados obtidos pela Fiquem Sa-
bendo, em agosto de 2021, o Núcleo revelou que campanhas do Ministério da Saúde
no Twitter camuflaram publicações sobre “tratamento precoce” contra a Covid-19.
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MODELO
Quanto à contratação de marketing digital para campanhas institucionais,
solicito acesso às seguintes informações:
b) lista com nome das empresas contratadas para gerenciar cada cam-
panha;
Ou:
1. Quando foi feito o uso, e para qual campanha. Favor enviar a íntegra dos
materiais que foram veiculados na publicidade, como fotos, vídeos, textos
e áudio.
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2. Acesso a todos os dados da plataforma que mostram quais
sites/aplicativos/canais no Youtube exibiram a publicidade, indi-
cando a data, número de acessos e valor recebido pelos sites/apli-
cativos/canais no Youtube.
4. Favor informar se houve qualquer tipo de filtro para evitar algum site,
página ou termo específico na campanha. Caso tenha havido mais de
uma campanha/peça, favor enviar os dados separadamente para cada
uma delas.
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para verificar se um encontro foi registrado oficialmente ou não - quando não é,
pode ser notícia, como percebeu O Globo quando Bolsonaro recebeu advogados
para discutir o caso Queiroz sem colocar na agenda.
MODELO
Solicito acesso ao inteiro teor da agenda oficial do [nome e cargo da
autoridade] no período de [data de início] até [data final do período de
interesse], conforme a Lei No 12.813/2013. Requisito ainda que os dados
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sejam fornecidos em formato aberto (planilha em *.xls, *.csv,*.ods, etc), nos
termos do art. 8o, §3o, III da Lei Federal 12.527/11 e art. 24, V da Lei Federal
12.965/14. Arquivos em formato *.pdf não são abertos (vide o item 6.2 em:
https://dados.gov.br/pagina/cartilha-publicacao-dados-abertos).
Por regra, sempre que um ente público formaliza um pedido de providência, re-
comenda algum tipo de ação ou solicita apoio para determinada política pública,
essa comunicação ocorre por meio de ofícios. E-mails de servidores públicos tam-
bém são considerados meios de comunicação oficial, porém são mais informais.
Ambos podem ser solicitados com base na LAI.
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MODELO
Solicito acesso à íntegra das comunicações (ofícios, memorandos, e-mails)
entre este órgão e [nome do outro órgão ou entidade] referentes a [assun-
to ou número do processo] no período de [data inicial e data final, com
dia, mês, ano].
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externa ao sistema. Em consulta direta ao SEI, a Fiquem Sabendo obteve nota téc-
nica sobre os potenciais impactos da redução de 31% no orçamento da Agência
Nacional de Mineração (ANM) prevista para 2021 nas atividades de fiscalização e
prevenção de novos desastres, como os de Mariana, em 2015, e Brumadinho, em
2019, ambos em Minas Gerais. A nota foi tema de reportagem para o portal Yahoo
quando a tragédia de Mariana completou cinco anos.
Outro caso que pautou a CPI da Pandemia foi a falta de oxigênio no colapso do sis-
tema de saúde em Manaus, em janeiro de 2021. Uma decisão do Comitê-Executivo
de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aumentou o imposto
de importação sobre cilindros de oxigênio em 24 de dezembro de 2020, às véspe-
ras do caos em Manaus. Em nota técnica editada semanas antes, o Ministério da
Saúde solicitou a prorrogação de uma resolução de março que havia zerado a taxa
de importação sobre produtos considerados críticos para o combate à pandemia,
como máscaras, álcool em gel e desinfetantes, mas não citou cilindros de oxigênio.
Os documentos foram revelados pela newsletter Don’t LAI to me.
MODELO
Solicito acesso a ofícios, pareceres e notas técnicas produzidos por
este órgão referentes a [assunto ou número do processo] no período de
[data inicial e data final, com dia, mês, ano].
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VII. Revelar interesses ao nomear cargos em
comissão
Com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018, o Brasil viu diversos militares
da ativa e da reserva nomeados para cargos-chave do governo federal, desde minis-
tros e secretários, até chefes de departamento, autarquias e fundações. Também
dá para saber quem são os integrantes das Forças Armadas que ocupam cargos
em comissão fazendo pedidos de informação. Em 2020, a partir de pedidos feitos
a vários ministérios, o projeto Achados e Pedidos publicou informações inéditas
sobre a presença de militares na gestão socioambiental. O projeto é da Abraji e da
Transparência Brasil, em parceria com a Fiquem Sabendo, financiado pela Fun-
dação Ford.
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melhores do mundo. O The Intercept Brasil revelou que não havia qualquer regis-
tro de Salles naquela universidade.
MODELO
Para saber detalhes de currículos:
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pasta (incluindo conselheiros), no período de [data inicial e final, com dia,
mês e ano], detalhados por: cargo, órgão de origem, UF de lotação, data
de nomeação e exoneração do cargo comissionado, se militar da ativa,
reserva ou reformado. Requisito que os dados sejam fornecidos em for-
mato aberto (planilha em *.xls, *.csv,*.ods, etc), nos termos do art. 8o, §3o,
III da Lei Federal 12.527/11 e art. 24, V da Lei Federal 12.965/14. Arquivos
em formato *.pdf não são abertos (vide o item 6.2 em: https://dados.gov.
br/pagina/cartilha-publicacao-dados-abertos).
Nesse sentido, vale considerar que é possível cadastrar um usuário nos sistemas de
acesso à informação com o CNPJ do veículo. Essa pode ser uma opção interessante
para dar mais coesão e segurança jurídica ao processo em investigações mais lon-
gas. Além disso, usar uma conta institucional evita situações em que um repórter
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está apurando uma história para o veículo com base na LAI usando seu próprio
login e acaba se afastando por motivos de saúde ou se desvinculando da empre-
sa, comprometendo a continuidade do monitoramento que estava sendo feito. Se
essa for a opção, no entanto, é imprescindível avaliar quantos e quais profissionais
terão acesso ao sistema e manter cuidados com proteção de senhas para evitar o
compartilhamento indevido de informações do veículo.
I. Invista em treinamento
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para que eles possam se dedicar à produção e ao acompanhamento de pedidos de
informação ao poder público. Outra opção é promover coberturas planejadas com
base na LAI envolvendo um grupo de profissionais, no estilo força-tarefa, como é
feito em outras frentes de investigação.
Uma alternativa simples e flexível para proceder o monitoramento dos pedidos fei-
tos pela redação é criar uma planilha compartilhada. Cada redação pode adaptar
os campos da forma que fizer mais sentido para o seu uso. Algumas colunas são
básicas: responsável pelo pedido (nome do repórter ou editor que cadastrou e vai
monitorar a demanda), órgão destinatário, número do protocolo (e chave de aces-
so, quando for o caso), data de cadastro, data de resposta, situação da tramitação
(respondido, em recurso, etc), palavra-chave (o assunto do pedido, para ajudar a
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indexar quando a planilha começar a ficar grande demais). Alguns profissionais op-
tam por colocar a íntegra do texto do pedido na mesma planilha. Outro campo
bastante útil é o link de acesso para a resposta, para que a equipe possa visualizar
de forma mais rápida o resultado das demandas.
Indicar a fonte original é o ideal, mas as bases de dados públicas nem sempre são
confiáveis e mudanças de plataforma podem fazer com que dados se percam por
motivos de “link quebrado”. Além do link para a fonte original, guarde uma cópia
dos dados obtidos em arquivo próprio - e adicione esse campo na planilha de mo-
nitoramento para poder recuperar a informação se for preciso.
Têm surgido cada vez mais exceções e interpretações “criativas” da LAI para negar
o acesso a dados públicos. Muitas vezes, não basta apenas pedir, é preciso lutar por
informações. Criar uma linha de comunicação entre sua redação e seu departa-
mento jurídico pode ajudar quando surgirem essas situações, até porque denun-
ciar o descumprimento da LAI a órgãos de controle, como tribunais de contas e
ministérios públicos, é uma opção quando a tramitação convencional não resolve.
A falta de informação também é pauta, pois gerar dados sobre suas ações e progra-
mas é uma das funções do governo. Um pedido negado com a justificativa de ine-
xistência de dados sobre o que foi perguntado pode virar uma notícia. Um exemplo
prático em que a cobertura jornalística teve esse efeito foi uma reportagem da Folha
de 2015 em que Artur Rodrigues e André Monteiro saíram com a manchete de que
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o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) havia classificado relató-
rios sobre falhas no metrô com sigilo de 25 anos. Após a repercussão, a classificação
foi reavaliada. “Noticiar essas situações ajuda a fomentar a cultura de transparência
no poder público”, resume Rodrigues. Um pedido negado também pode servir de
inspiração para a produção de um levantamento próprio. A partir de pedidos de in-
formação registrados nos 645 municípios de São Paulo, em 2020, a diretora da Abraji
Kátia Brembatti e o jornalista Samuel Lima publicaram no Estadão que dois terços
das cidades desrespeitaram prazos legais ou tiveram falhas em sistemas.
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cioambiental. Alguns Tribunais de Contas Estaduais (TCE) produzem avaliações de
transparência, como o Ranking da Transparência do TCE-RS, que analisa o cum-
primento das exigências de transparência ativa nas cidades gaúchas. A prefeitura
de São Paulo publica relatórios mensais de atendimentos ao cidadão.
Conheça as legislações de
transparêcia
Junto com a Constituição Federal de 1988, a LAI é a principal legis-
lação de referência em acesso à informação, mas há outras normas
jurídicas complementares que podem ser úteis em casos específicos:
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• Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018): regulamenta o
tratamento de dados pessoais;
9. Para concluir
Este guia reúne orientações básicas para começar a lidar com dados públicos, mas
sabemos que não esgota todas as possibilidades, até porque o entendimento e o
direcionamento das questões de transparência podem variar conforme cada esfe-
ra do poder e de acordo com os interesses de cada governo. Quando surgir uma
situação dessas no seu dia a dia e você não encontrar neste guia as respostas que
precisa, use os canais de contato da Abraji e da Fiquem Sabendo para trocar ideias
com outros colegas.
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Fale com a Abraji
abraji@abraji.org.br
@abraji_