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Causalidade na pesquisa científica em ciências da saúde

Noção de causalidade

Segundo Rothman & Greenland (1998), uma causa pode ser entendida como qualquer evento,
condição ou característica que desempenhe uma função essencial na ocorrência da doença.
Observa-se, ainda, que causalidade é um conceito relativo, devendo ser compreendido em
relação a alternativas concebíveis. Isto é, o efeito de uma causa é sempre relativo a uma outra
causa. A expressão ‘A causa B’ significa que A é a causa de B relativa a alguma outra causa que,
freqüentemente, se refere à condição ‘não A’ (Holland, 1986).

Em epidemiologia clínica, há três formas de causalidade:

1.      Causa necessária e suficiente – é aquela que está presente sempre que algo ocorre, e este
não acontece se ela não estiver presente. É, portanto, necessária para que o efeito ocorra,
e somente ela é suficiente para tal. Por exemplo, a trissomia do cromossomo 21 é a causa
necessária e suficiente para que a Síndrome de Down ocorra.
2.      Causa necessária, mas não suficiente – é aquela que se estiver ausente, o efeito não
ocorre, mas se estiver presente, não implica que o efeito ocorra necessariamente. Um
exemplo é a tuberculose. A presença da bactéria causadora (Mycobacterium  tuberculosis)
no pulmão não é suficiente para que a doença ocorra, pois fatores imunológicos podem
impedir a instalação ou manifestação da doença.
3.      Fator de risco – é um fator cuja presença aumenta a chance de algo ocorrer, mas não pode
ser implicado como causa, senão que aumenta a eficiência desta. Somente uma
investigação detalhada e precisa decidirá se um fator de risco será considerado uma causa
ou não, porém muitas vezes não é possível. Por exemplo, o fumo aumenta
significativamente o risco de várias formas de câncer, mas não é provado ser a causa. Da
mesma forma temos o fator de proteção, que é um fator que quando está minimamente
presente numa população reduz de forma significativa o risco de uma doença.

Critérios de Hill

Conjunto de fundamentos que deveriam ser seguidos para definir se uma associação pode ser
considerada como causal.

São nove critérios, onde quanto mais critérios forem preenchidos, maior a chance de esta
associação ser de "causa e efeito”:

1. Força da associação: quanto mais forte uma associação, mais provável que seja causal.
A força da associação é medida pelo risco relativo ou pelo odds ratio.
2. Consistência: a relação deve ser condizente com os achados de outros estudos
3. Especificidade: exposição específica causa a doença.
4. Temporalidade: causa deve ser anterior à doença.
5. Gradiente biológico (efeito dose-resposta): deve ser em gradiente, proporcionalmente
ao estudo de caso controle.
6. Plausibilidade biológica: A associação deve ter uma explicação plausível, concordante
com o nível atual de conhecimento do processo patológico.
7. Coerência: os achados devem seguir o paradigma da ciência atual.
8. Evidências experimentais: Mudanças na exposição mudam o padrão da doença.
9. Analogia: com outra doença ou com outra exposição.

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