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Podemos então, considerar como um reflexo disso a decisão recente da Corte Especial do STJ,
que definitivamente reconheceu a exceção implícita à regra geral da impenhorabilidade para
os casos em que a penhora de parte dos vencimentos do devedor comprometa a dignidade ou
subsistência de sua família.
Na ocasião, o colegiado relacionou a regra do inciso IV do artigo 833 do CPC, em nome dos
princípios da efetividade e da razoabilidade, consoante a isso constou no voto proferido pela
ministra Nancy Andrighi.
"O entendimento do STJ é de que o salário, soldo ou remuneração são impenhoráveis, nos
termos do art. “
649, IV, do CPC/73, poderá ser exceção quando o montante do bloqueio possa ser razoável em
relação à remuneração por ele percebida, não interferindo e/ou ameaçando a dignidade ou a
subsistência do devedor e de sua família.
Por maioria, a Corte decidiu que sob a ótica da preservação de direitos fundamentais, o direito
do credor não pode encontrar restrição injustificada, desproporcional ou desnecessária.
Hermes Zaneti Júnior. observa que "Nos casos concretos, precisará ocorrer uma análise da
constitucionalidade da restrição e das restrições à restrição. A regra geral da
impenhorabilidade é em princípio típica, mas é ampla por força da existência de direitos
fundamentais implícitos e posições jurídicas fundamentais não previstas nas hipóteses
casuísticas nela declinadas".
Não afetando o limite, concluiu o Tribunal que a penhora pode ser sobre o percentual de seus
vencimentos ou outras verbas de natureza alimentar, a fim de conceder tutela jurisdicional
que seja efetiva, na medida do possível e do proporcional, aos direitos do credor.