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O vínculo criado nos dias de hoje com os animais de estimação é bem maior

que antigamente, isso mudou gradativamente de acordo com a modernização


da sociedade.

Hoje tramita no legislativo o projeto 27/2018, pelo texto os animais não poderão
mais serem considerados objetos, passam a ser seres sencientes, ou seja,
têm capacidade emocional para sentir dor, medo, alegria, estresse e até
mesmo, sentir saudades, passíveis de sentimento e com isso ganham direitos
quanto a sua proteção, e sua posição na sociedade.

De acordo com o relator do projeto “não há possibilidade de pensarmos na


construção humana se a humanidade não tiver a capacidade de ter uma
convivência pacífica com as outras espécies”.

A afetividade de um ser humano com animais já é notória, visto a grande


quantidade de animais que são utilizados como forma de terapia, seja no
auxílio à idosos em asilos ou hospitais, na recuperação de pessoas
deficientes, projetos que utilizam animais para reintegrar detentos à sociedade,
a utilização de animais como forma educativa para crianças, lembrando ainda
dos cães guias, que auxiliam os deficientes visuais em sua locomoção, etc.
Com base nisso podemos entender que animais, além do companheirismo,
contribuem para a recuperação física e emocional de seus tutores.

Podemos ainda lembrar de casos em que animais salvaram a vida de seus


tutores, seja em incêndios dos quais alertaram a família ou como a busca por
ajuda em casos de mau-súbito, crises hipertensivas, enfartos, acidentes,etc.

Por vezes, ouvimos pessoas que preferem abrir mão da construção de uma
“família tradicional”, para se dedicar aos cuidados de seus animais de
estimação e como dizer que isso não é uma família em si?

Rolf Madaleno (2015, p.36) discorre sobre a composição e a evolução do termo


família:

“A família matrimonializada, patriarcal, hierarquizada, heteroparental, biológica,


institucional vista como unidade de produção cedeu lugar para uma família
pluralizada, democrática, igualitária, hetero ou homoparental, biológica ou
socioafetiva, construída com base na afetividade e de caráter instrumental. ”
Podemos entender que a família, vai além de uma questão biológica e passa a
ser uma questão socioafetiva, utilizando exemplos de demonstrações simples
de afeto de um animal para com um humano, que o afeto é mútuo, que há
reciprocidade de sentimentos entre homens e animais, e ao meu entendimento,
há a constituição de uma família pelo elo afetivo.

Como mencionado no acórdão “há uma lacuna legislativa, pois a lei não prevê
como resolver conflitos entre pessoas em relação a um animal adquirido com a
função de proporcionar afeto, não riqueza patrimonial”, ou seja, o animal já não
exerce mais a função de objeto, seja para a guarda de patrimônio ou para a
obtenção de riquezas, o animal, passa hoje a ser um membro efetivo, um
auxílio a quem possa entender que sua família possa ser composta além de
seres humanos.

Portanto, eu entendo que a competência de julgamento sobre a guarda de


animais, o que é cada vez mais comum, é sim do Juízo de Família, visto que
hoje fica difícil desassociar o vínculo afetivo de tutores com seus animais de
estimação e de animais para com seus tutores.

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