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Uma outra inovação histórica resultante da dinâmica da indústria de
microfinanças boliviana foi a criação dos Fundos Financeiros
Privados(FFPs)
2
FFPs assim como outras entidades financeiras fora do setor bancário,
não são nem NGOs nem bancos privados, estão em um ponto
intermediário entre NGOs e bancos que oferecem serviços de
microfinanças.1
Grande parte dos esforços para a criação das FFPs se deveram ao Pro-
Crédito, que foi a primeira ONG a se transformar em FFP, chamando-
se Caja Los Andes. Caja Los Andes se transformou em um banco
privado mais recentemente.
1
www.mixmarket.org
3
PRODEM, Caja Los Andes e BancoSol são três MFIs que devem ser
estudadas juntas já que suas evoluções oferecem uma visão muito
clara do que o modelo de transformação significa.
4
GTZ (Deutshe Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit), da
Alemanha, tem sido o maior provedor de assistência técnica por toda
a história do Pro-Crédito e da Caja Los Andes.
5
adminitração de riscos e bancária. ProCredit tem a responsabilidade
de manter o alto padrão estabelecido pelas autoridades financeiras
alemãs e ao mesmo tempo seguir as melhores práticas bancárias
determinadas pela Convenção de Basel.2
2
Deliberações de bancos centrais de vários países que publicaram um capital mínimo para os bancos.
(http://financial-dictionary.thefreedictionary.com)
6
• As ONG-MFIs não tinham suficiente capital próprio para serem
usados na aquisição de emprétimos;
• Doadores ou participação governamental são direcionados para
NGO-MFIs. A particpação do setor privado pode trazer a eficiência
operacional necessária mas só pode ser garantida se a MFI constitui
um status empresarial formalizado;
• Como uma instituição regulada , os FFPs têm a capacidade de
acessar depósitos, incluindo aqueles oriundos do público em geral, e
eventualmente prover outros tipos de serviços financeiros. Com isso ,
as MFIs ampliam suas alternativas financeiras. 3
Contas Correntes
Cartão de Crédito
Câmbio
Factoring4, e
Serviços Fiduciário5
3
http://www.nabard.org/pdf/publications/reports/boliviastudyreport.pdf
4
A operação de Factoring é um mecanismo de fomento mercantil que possibilita à empresa
fomentada vender seus créditos, gerados por suas vendas à prazo, a uma empresa de Factoring .
(www.sinfacrj.com.br)
5
Diz-se dos valores fictícios, fundados na confiança com que foram emitidos: o cheque bancário é
uma moeda fiduciária.
6
São financiamentos concedidos pelos Bancos, ou pelas chamadas Financeiras, a pessoas físicas ou
jurídicas, para aquisição de bens ou serviços. A quitação do financiamento é feita normalmente em
prestações mensais, iguais e sucessivas. (www.bertolo.pro.br)
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estaduais ineficientes. Contraditoriamente, no Capítulo 3, Brasil:
Bancos Públicos em Microfinanças, é comprovado que bancos
públicos podem ser eficientes na área de microfinanças. O Banco do
Nordeste no Brasil, com seu programa de microcrédito, CrediAmigo, é
um programa modelo de microfinaças administrado por um banco
público. O fechamento dos bancos públicos bolivianos está
intrinsicamente ligado `a relação ineficiente e corrupta desses bancos
com os governos bolivianos anteriores às mudanças ocorridas nos
anos 80s na Bolívia. Na verdade a América Latina como um todo
sofria do mesmo mal da hiperinflação e experimentava uma grande
onda de liberalização econômica.
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uma alternativa para uma população e um setor informal cada vez
maiores. De fato, antes desse período as cooperativas já ofereciam
créditos para pequenos negócios, mas o modelo PRODEM alcançou
níveis jamais vistos na Bolivia até então. O modelo de crédito dos
grupos solidários do PRODEM são os mesmos adotados pelo
Grammen Bank em Bangladesh , pelo Banco do Nordeste no Brasil e
por muitas MFIs em todo mundo.
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operarem com prejuízo. Na verdade, tudo isso é apenas uma maneira
errada de fazer negócios, não tendo nada a ver com o pobre.
10
A microfinanças na Bolívia originou-se com doações para ONGs que
mais tarde se transformaram em instituições financeiras, FFPs ou
bancos. Os objetivos em comum das ONGs que criaram ou se
transformaram em FFPs até o momento, incluem maiores acessos ao
capital comercial, a habilidade de mobilizar poupanças locais, a
melhoria no atendimento ao cliente, e a ampliação do alcance e
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envergadura de seus serviços. Em geral, essas instituições
conseguiram atingir esses objetivos, mesmo que muitas vezes não na
escala esperada. [1].
12
A PRODEM-ONG foi criada em 1986 como uma organização não
governamental sem fins lucrativos com a visão de introduzir serviços
de microfinança tanto nas áreas urbanas como rurais na Bolívia.
13
Em 1992, PRODEM cria o BancoSol, considerado o primeiro banco
comercial no setor do microcrédito no mundo.
14
O grupo consultor oferece treinanamento em microfinanças através de
seus especialistas que atuam dentro das comunidades e de lá mesmo
podem implementar os programas de computador para microfinanças.
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BancoSol: Fin
Em 2010 BancoSol contava com 55 escritórios por todo o país. No
ano anterior, o banco alcançava a marca de mais de 129 mil
empréstimos e uma carteira bruta de empréstimos no valor de US$
351.8 milhões.10
10
www.mixmarket.org
11
id
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Uma análise mais próxima do BancoSol mostra claramente a
importância das agências financiadoras na sua brilhante performance.
12
www.mixmarket.org
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O Modelo Boliviano de Transformação em Microfinanças
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como um intermediário entre um financiador em um extremo do globo
em uma mulher pobre no outro.
13
Envolvimento individual em atividades coletivas, construção de redes de confiança recíproca e de
virtudes cívicas. (www.capitalsocialsul.com.br/)
20
O entusiasmo em relação aos esquema da microfinanças têm atraído
legisladores e especialistas em vários países na criação de leis que
facilitem o processo de transformação de ONGs e c surgimento de
uma classe completamente de intermediários financeiros a servico do
pobre.
Alternativas legislativas têm sido estabelecida em vários países através
das agências que supervisionam as instituições financeiras na
coordenação exclusiva dessas novas MFIs agora regulamentadas.
A Superintendência Nacional De Bancos (NSB) na Bolívia introduziu
uma legislação que criou os FFPs ou Fondos Financieros Privados em
meados dos anmos 90. A estrutura dos FFPs foi especificamente
criada para prover uma adequação legal às instituições financeiras
para servirem pequenos e médio empreendimentos [1].
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precondições para o crescimento da microfinanças boliviana. A
liberação das taxas de juros permitiu que os empréstimos tivessem
taxas competitivas necessárias no pagamento dos altos custos
operacionais do microcrédito. Uma outra medida importante nas
reformas financeiras foi o fechamento dos bancos públicos de
desenvolvimento. Até meados dos anos 90s, não existia a figura dos
FFPs o que explica o fato de que o PRODEM-ONG ter criado um
banco, BancoSol, e não um FFP. O que é mais comum é uma ONG-
MFI se transformar em um FFP e depois em um banco como
explicado anteriormente.
As reformas revitalizaram e ressuscitaram a economia boliviana que
estava engessada pela hiperinflação, corrupção no setor público e
ineficiência associada com uma economia orientada por um setor
estatal muito forte. Contudo, a mudança de um extremo para outro, de
uma economia estatal para uma economia de mercado total provou
não ter sido benéfica para a economia boliviana no longo prazo. Essa
mudança gerou uma grande euforia , uma impressão de modernização
e progresso que ao final culminou no colapso do sistema financeiro e
na falência da incipiente indústria de microfinanças boliviana.
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Essa abundância de oferta de dinheiro pode ter revitalizado a
economia boliviana ao baratear o dinheiro e tornar os empréstimos e
investimentos mais acessíveis, porém da mesma maneira reduziram a
autonomia dos agentes econômicos domésticos e semearam o que
seria uma tremenda crise econômica alguns anos mais tarde.
Como MFIs desregulamentadas, ONGs em geral não têm tido muito
sucesso na atração de recursos finaceiros por falta de garantias de
patrimônio. Sem essas garantias, bancos comercias sentem-se
relutantes em prover empréstimos que ultrapassem muito o valor
partrimonial das ONGs desregulamentadas.
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MicroEnterprise Americas 2010: www.iadb.org
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FIE SA ( Centro para o Desenvolvimeto de Iniciativas
Econômicas): Uma instituição Regulamentada de Microfinanças
na Bolívia
FIE-ONG foi uma das ONGs pioneiras que mergulharam nessa nova
experiência na Bolívia nos anos 80s: a implementação de uma
indústria de microfinanças na Bolívia. Por volta de 15 anos mais tarde
funcionando com muito sucesso como uma ONG, FIE-ONG se
transforma em FFP FIE SA.
FFP FIE SA foi estabelece uma parceria com a ONG ProMujer que
possibilitou mulheres de baixa renda terem a chance de pouparem
junto à instituições finnaceiras regulamentadas. FFPs, ONGs and
Bancos-MFIs são entidades complementares na indústria de
microfinanças. Cada uma tendo a capacidade de alcançar diferentes
tipos de consumidores usando diferentes tipos de modelos e produtos.
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Como resultado dos esforços pioneiros do FFP FIE SA, atividades
econômicas produtivas de pequenos e médios empreendimentos famil
famíliares e também de grupos de baixa renda com acesso limitado a
créditos formais ou treinamento, são muito estimulados.
25
Os clientes da FFP FIE SA são em geral micro-empreendedores e na
maioria dos casos mulheres.
BANCO FIE
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A senhoras Vania Ruth Roca Mercado e Decia Roca Mercado são mãe
e filha respectivamente, e são um bom exemplo de quem o BANCO
FIE está podendo ajudar oferecendo créditos para mulheres sem
nenhum acesso ao crédito formal. As senhoras Vania e Decia vivem
no bairro Guaracachi, em Santa Cruz. A senhora Vania trabalha em
loja de departamentos e sua filha ganha a vida como faixineira em
casas de famílias. São mulheres muito respeitadas por sua
honestidade e integridade. Vania cuida não só de sua filha mas de 4
sobrinhos de sua irmã que mora na Espanha e que não têm como criar
as crianças. Com a ajuda do BANCO FIE essas mulheres investiram
em um negócio próprio que tem servido para complementar suas
rendas e viverem melhor.15
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www.bancofie.com.bo
16
www.mixmarket.org
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populaçao que de fato tornou-se recipiente de fundos da microfinanças
até o momento.
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Posted by Stefanie Rubin in Category: Deals, Investment Funds, Latin America at 12:03
am www.microcapital.org
18
www.visionmicrofinance.com
19
www.microcapital.org id
28
Os US$ 2 milhões que Vision Microfinance Fund investiu no
EcoFuturo da Bolívia é um tipo de investimento competitivo que deve
ser administrado por uma companhia de investimento austríaca,
Absolute Portfolio Managementy (GmbH)20, que comprova que a
microfinanças pode se beneficiar do melhor de todos os mundos: ser
lucrativa e ajudar o pobre.
20
www.absolutepm.at
21
www.mixmarket.org
29
Hoje em dia, EcoFuturo oferece a maioria dos serviços financeiros
autorizados a um FFP e está presente em todo o território boliviano
com por volta de 60 escritórios em Pando, La Paz, Beni, Santa Cruz,
Cochabamba, Chuquisaca, Tarija, Potosi e Oruro.
22
www.icco.nl
23
www.oikocredit.org
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EcoFuturo apresentou um marcante crescimento em suas
características institucionais no que diz respeito ao número de
escritórios e empregados e no total de seus ativos. Com apenas 13
escritórios em 2006 , depois de abrir mais de 40 novos escritórios nos
anos seguintes, chega a 60 unidades em 2010. Ao mesmo tempo,
EcoFuturo contrata mais de 400 pessoas no mesmo período, com
aumento de seu contingente de pessoal de 183 para 638. Em termos
de total de ativos , chega a US$ 127 milhões em 2010 comparados
com US$ 29 milhões em 2006.
Em geral, a maioria das pessoas que vive nas áreas rurais em países
pobres tem um nível educional mais baixo e é pobre e sem acesso à
linhas de créditos. E este é exatamente o público-alvo da AgroCapital
como pode ser constatado pelo depoimento de funcionários em uma
agência de uma área rural na Bolívia25.
A agência da AgroCapital nesta localidade se assemelha a qualquer
pequena agência bancária , mas essa é a única similaridade com um
instituição comum de financiamento. O senhor Ronny Maeshiro, sub-
gerente de crédito na AgroCapital expressa seu sentimento de
satisfação de poder ajudar as pessoas da localidade quando recebem
seus primeiros empréstimos. O modelo de empréstimo da AgroCapital
é o do grupo solidário. Como o senhor Maeshiro explica, o
sentimento mais recompensante durante o processo de aplicação do
empréstimo, é quando ele percebe a alegria nos rostos das pessoas que
pela primeira vez em suas vidas são aprovadas para uma linha de
crédito. Ele explica que é relativamente simples diferenciar uma boa
pessoa de uma pessoa ruim. O agente financeiro tem somente que dar
24
www.agrocapital.org.bo
25
http://www.youtube.com/watch?v=-PQfMyt2J2w&feature=player_detailpage
32
umas voltas nas redondezas de onde essa pessoa mora e pedir por
referências na vizinhança. Todo mundo conhece todo mundo. Jorge
Calderon, um agente financeiro na AgroCapital, explica que as
pessoas pobres são em geral muito honestas e imediatamente abrem
suas vidas e contam suas histórias e tratam-no como um amigo. Todos
os funcionários da AgroCapital expressam essa mesma sensação ao
interagir com a comunidade , e a satisfação de ver essas pessoas se
desenvolvendo , crescendo e tendo êxito.
AgroCapital tem uma parceria com Kiva26 que participa no
financiamento dos empréstimos. Kiva é uma comunidade de
financiadores que têm uma plataforma on line de financiamento.
Kiva foi nominada uma da melhores iniciativas em 2006 pela New
York Times Magazine. É uma abordagem inovadora e revolucionária
que usa a mídia social e a internet para levantar financiamentos para
milhões de MFIs em todo o mundo. ProMujer também se utiliza da
plataforma da Kiva.
26
http://www.kiva.org/
33
Kiva tem parceria com um total de mais de 126 MFIs no momento e
um valor total em termos de empréstimos de US$190 milhões em
2010. 27
27
www.kiva.org
34
AgroCapital foi criada em 1992 a partir de uma parceria entre o
governo boliviano e a USAID28, com a assistência técnica oferecida
pela Agricultural Cooperative Development International (ACDI)29
com a meta principal de auxiliar os fazendeiros na substituição da
produção de coca.
30
www.tradeport.org
31
http://www.theodora.com
36
O Brasil e os EUA ocupam quase ¾ do total das exportações
bolivianas em 2009. A economia boliviana é em todos os aspectos
muito dependente dos mercados estrangeiros e é muito frágil em
função de não ter uma produção muito diversificada na economia
com poucos parceiros comerciais.
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Portanto, devido a essa falta de recursos e uma economia declinante,
o governo boliviano é levado a uma batalha com vários setores da
sociedade em sua luta pelo poder e influência econômica em um país
instável e pobre, especialmente depois da crise da indústria de estanho.
Por exemplo, entre 1979 e 1985, houve 3 eleições, 6 presidentes, 3
golpes de estado que tiveram sucesso e mais de 6 que fracassaram. [7].
32
Gonzalo Sánchez de Lozada era o presidente da Bolívia de 93-97 e outra vez de
2002-03.
33
www.tradeport.org
38
De 2008 a 2009 constata-se o menor crescimento da produção de
cocaína na Bolívia no último anos. O aumento da produção em 2006
em relação ao ano anterior foi de 8%, 5% em 2007, 6% em 2008 e 1%
em 2009. As forças de mercado diminuíram a rentabilidade da
produção de coca ultimamente. Em 2009, os produtores de cocaína
bolivianos ganharam 10% menos para a folha de coca - US$ 265
milhões em 2009, comparados com US$293 milhões em 200834.
34
www.UNOCD.org
35
www.etika.lu
36
www.mixmarket.org
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O Complexo Mercado Boliviano de Microfinanças
40
Em consequência da falta de uma política pública de microcrédito na
Bolívia desde seus momentos primordiais nos anos 80s, o mercado de
microfinanças se tornou muito complexo para poder atender ao pobre
dentro dessas circunstâncias. Essa complexidade pode também ser
atribuída ao fato de que a microfinanças na Bolívia foi um
empreendimento inovador criado em um ambiente de mercado livre e
aberto nos anos 80s na Bolívia. Para poder atender ao pobre com
linhas de microcrédito, instituições de microfinanças foram criadas
como os FFPs e os bancos comerciais de microfinanças mencionados
previamente. Os serviços de microfinanças acabaram sendo
promovidos por diferentes MFIs: ONGs, bancos comerciais,
cooperativas, fundos mutuários(setor imobiliário) e os FFPs.
41
ONGs Bolivianas: Combate a Pobreza Rural
39
www.mixmarket.org.
45
O programa CRECER manteve uma média de 100,000 empréstimos
ativos nos últimos 4 anos. O programa apresentou um pequeno
declínio de 2007 para 2008 nesse quesito. Em termos de variação de
crescimento , apresenta uma inclinação bem diferente do programa
ProMujer. Apesar de ser um program menor que o CRECER,
ProMujer apresentou uma variação positiva em termos de novos
empréstimos bem mais acetuada que a realizada no programa
CRECER como indicado no Graph 2.
46
Porém, o segredo do sucesso do CRECER está em como o programa
administra unificadamente crédito e educação de uma forma que um
reforce o outro. O dinheiro ajuda os participantes a realizarem seus
sonhos, a se tornarem independentes e produtivos, além de
construírem dentro da própria comunidades um senso de realização
que afeta positivamente todo o grupo.
40
www.etimos.it
41
www.mixmarket.org.
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eficiência. (Table I). Em termos de carteira de empréstimo bruto
alcançou US$ 46.067.523 em 2009 situando-se entre as 20 primeiras
MFIs em termos de tamanho da carteira de microempreendimetos. A
carteira de empréstimos bruto do CRECER aumentou em 5 vezes
quando comparados os anos de 2004 e 2009.42
42
id
48
Até o momento, o modelo de transformação em microfinanças tem
atraído em sua maioria um número reduzido de instituições do setor
privado. Apesar de que todas as ONG-MFIs analisadas neste capítulo
terem alguma participação do capital privado, essa participação
percentual é bem pequena nas instituições que se transformaram em
MFIs.
Banco Económico43
46
www.profunds.com
47
www.accion.org
48
?
51
Microfinanças e o Neoestruturalismo Boliviano
52
O novo governo eleito em 2006 com a liderança do senhor Ivo Morales,
oriundo do setor rural, mais especificamente um trabalhador rural nas vastas
plantações de coca na bolívia, obviamente representa uma revolução na
história da Bolívia. Sem dúvida esse fato teve consequências diretas em como
o governo encara o setor da microfinanças no país atualmente. O goverono
Morales tem a clara intenção de aumentar as oportunidades econômicas para a
população de classe mais humilde na Bolívia usando abordagens solidárias que
se encaixam totalmente no modelo democrático da microfinanças. A crise
financeira de 2008 reforçou a necessidade da presença do setor governamental
como um árbitro na economia. A reeleição do senhor Morales para um
decisivo segundo mandato apoiado em uma contundente vitória nas urnas com
64% do voto popular é um sinal evidente da vontade de mudança dos
bolivianos. Quase 90% do eleitorado compareceu as urnas. Essa vitória marca
uma sequência de outras vitória políticas que incluem os 67% de apoio a atual
administração em um referendum convocado em 2008 em que 61% votaram a
favor da nova constituição, votação ocorrida em janeiro , dia 25 de 2009. A
permanência do senhor Morales no poder representa um marco histórico no
processo político boliviano que não presenciava a reeleição de nenhum
governo em muita décadas. A microfinanças e as camadas mais pobres da
população boliviana foram diretamente atingidas por esta instabilidade
administrativa.
53
A história da microfinanças na Bolívia está diretamente relacionada com a
busca de uma estabilidade democrática e de uma liberação econômica que se
iniciou em 1985. O novo regime político e o ambiente econômico coincidem
com o todelo de transformação boliviano em microfinanças.
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CIA World Factbook 2004: https://www.cia.gov
54
Revolucionário Nacionalista (MNR), o partido por trás da revolução,
nacionalizou as três companhias mineradoras de estanho. O MNR promoveu
uma reforma agrária e distribui as terras das haciendas(propriedades) para os
pequenos agricultores, liberando a massa da população rural das amarras
latifundiárias. Nas próximas três décadas, o governo boliviano almejou
estabelecer um capitalismo de estado.
A Bolívia experimentou mais de 190 revoluções e golpes desde a declaração
de independência em 1825. O governo civil e democrático restaurado em
1982, quando Siles Zuazo voltou ao poder se manteve no poder até 1985
quando Victor Paz Estenssoro o sucedeu. O novo governo que se instaura
então, desmantela completamente o capitalismo de estado ainda vigente na
Bolívia que existia desde a revolução de 1952. Durante os anos 80s,
instituições internacionais como o Banco Mundial e outros especialistas
consideraram a Bolívia um modelo de reforma econômica. Contudo, a
microfinanças, mesmo nunca tendo sido uma iniciativa governamental na
Bolívia, teve um grande impacto nas reformas econômicas nesse momento. O
modelo de microfinanças então torna-se uma referência mundial. A
emergência da microfinanças na Bolívia está totalmente intrincada com as
reformas do governo de Estenssoro. Não é mera coincidência que a indústria
de microfinanças boliviana começa em 1985 [5].
55
implementa o Nova Política Econômica no combate à hiperinflação e
56
e incessante de assistência à população de baixa renda, sendo
58
A tendência atual do governo boliviano é a de concentrar suas
atividades de microfinanças nas mãos do Banco de Desarrollo
Productivo ou Banco de Desenvolvimento Produtivo (BDP)51.
Nos anos 90s quando o governo boliviano percebeu a vantagem
comparativa de sua participação no mercado microfinanceiro, foi
lançado uma iniciativa de microcrédito com três organizações:
Nacional Financiera Boliviana ou Financeira Nacional Boliviana
(NAFIBO), Fundo de Desenvolvimento do Sistema Financiamento e
Apoio do Setor Produtivo (FONDESIF), e acriação da pasta de Vice-
Ministério para o Microempreendimento dentro do Ministério do
Trabalho.
Desde sua concepção até o início dos anos 90s, o governo boliviano
ignorou a indústria da microfinnaças. Sendo os anos 90s um período
de reestruturação, a indústria da microfinanças atraiu o governo pelo
seu aparente futuro promissor. A idéia de transformação institucional
afetou também a dinâmica institucional do governo boliviano. Em
2007 houve uma mudança importante na indústria de microfinanças na
Bolívia com o início das atividades do banco de desenvolvimento
51
www.bdp.com.bo
59
boliviano quando a Nacional Financiera Boliviana S.A.M (NAFIBO)
transforma-se em Banco de Desarrollo Productivo (BDP SAM).
52
Criada em 1968, a Corporación Andina de Fomento (CAF) é uma instituição financera multilateral
que apóia o desenvolvimento de seus países acionistas e a integração regional: Bolivia, Colombia,
Ecuador, Perú, Venezuela e, ademais, conta entre seus sócios com a Argentina, Brasil, Chile, Costa
Rica, Espanha, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Trinidad & Tobago,
Uruguay e 15 bancos privados da região.
60
Titularização em Microfinanças: NAFIBO Sociedade de
Titularização SA (NAFIBO ST)
61
companhias, cooperativas de microcréditos e ONGs-MFIs. O aspecto
revolucionário da NAFIBO ST é que além de deter recursos de
investimentos de fundos de mutuários locais, fundos de pensões e
investimentos internacionais, também detem uma grande quantidade
de investimentos em comércio em valores menores de US$100.
NAFIBO ST conseguiu incluir pessoas comuns em um mercado
elitizado de titularização. Incrivelmente, NAFIBO ST foi capaz de
cobrir 100% de garantias de capital se utilizando apenas de ativos
locais. O segredo nesse caso foi a compra de títulos do tesouro
boliviano por fundos de pensão locais combinados com fluxo de
caixas e outros ativos de risco que ao final elevaram NAFIBO ST ao
grau AAA em termos de titularização com risco quase nulo de
inadimplência.
62
Microfinanças Governamentais Concentradas em duas
Entidades: Um Banco de Desenvolvimento e um Fundo de
Desenvolvimento
63
Bolívia, visando a democratização dos fundos dessa indústria no
beneficiamento dos setores menos privilegiados da população.
A visão atual do FONDESIF é gradualmente se tornar parte integrante
do (BDP SAM).
53
fondesif.gov.bo
64
Fundação para Alternativas de Desenvolvimento (FADES)
54
www.developmentgateway.org.
55
www.mixmarket.org
65
Fundo para o Desenvolvimento Comunitário (FONDECO)
66
perdeu 25% de seus clientes e PRODEM perdeu 45% durante esse
período. Muito dessa redução está ligada a clientes que efetuaram
empréstimos com múltiplas instituições. Os percentuais do BancoSol
em termos de retorno patrimonial caíram de 29% em 1998 para 4%
em in 2000. Os lucros da FASSIL caíram de 12% em 1998 para
níveis negativos de prejuizo em 2000. [2]
Delinquência e Resposta
67
É muito importante separar-se a comercialização da microfinanças na
Bolívia com a crise que provocou a saturação do mercado de
microfinanças boliviano no final dos anos 90s. Na Bolívia, a
microfinanças comercial se direcionou dentro do mesmo modelo: a
transformação de ONGs em instituições financeiras. Empresas
privadas que entram no mercado de microfinanças, até o presente, são
praticamente inexistentes na Bolívia. [2].
68
Porém com o reduzido número de pessoas empregadas com carteira
assinada , os empréstimos eram efetuados por pessoas autônomas ou
do setor informal da economia. Aos poucos toda a cultura da
microfinanças de repagamentos e solidariedade deu lugar `a cultura
que se aproximava mais de uma casino financeiro.
69
sistema financeiro. A retirada desses tetos para as taxas de juros, e a
melhoria das regulamentação das atividades de créditos, estabilizaram
o mercado e aumentaram a pressão para a aplicação de melhores
metodologias de crédito e a eliminação de agentes financeiros
inefientes do mercado.
Um mercado livre dentro de uma estrutura fianceira bem regulada e
supervisonada é a melhor maneira de evitar-se o endividamento
excessivo, promovendo um bom atendimento ao consumidor e acesso
ao crédito de maneira sustentável. A ampliação e o aprofundamente
da rede de crédito são fatores fundamentais para o sucesso da
microfinanças no longo prazo.
Enquanto isso a microfinanças não pára de crescer pelo mundo afora ,
possibilitando até a troca de informações e experiências entre MFIs de
diferentes países, que podem até mesmo trabalhar juntas em diferentes
projetos. Em dezembro de 2010, Grammen Foundation de
Bangladesh ( próximo capítulo) anunciou que havia facilitado o
empréstimo de US$ 5 milhões em financiamento para ProMujer. O
interessante nesta transação é que US$ 1.6 milhões desse mesmo
finaciamento foi gerado por 3 instituições bolivianas: Banco Nacional
de Bolivia, Banco de Credito de Bolivia and Banco BISA Bolivia.56
No presente caso, o Growth Guarantees Program da Grammen
Foundation ajudou a uma MFI de muito sucesso, ProMujer, a
conseguir financiamento de fundos de instituiçoes da própria Bolívia
em dinheiro boliviano.
Como será mais analisado no próximo capítulo sobre microfinanças
em Bangladesh, se as MFIs corretamente aplicam os diferentes
modelos de microfinanças para combater a pobreza, a indústria de
microfinanças tem o potencial de ter um desenvolvimento sustentável
e transformar-se em uma ferramenta importante na luta contra a
pobreza não somente em suas localidades mas em termos mundiais.
56
www. microfinanceafrica.net
70
71