Mário Sérgio
Raquel Cristina Costa Gouvêa
CONCEITO E FINALIDADE
Que se entende por prova? Provar é, antes de tudo, estabelecer a existência da verdade;
e as provas são os meios pelos quais se procura estabelecê-la. Entendem-se, também, por
prova, de ordinário, os elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio Juiz visando a
estabelecer, dentro do processo, a existência de certos fatos.
DESTINATÁRIOS
Destinatários da prova são todos aqueles que devem formar sua convicção. De modo
geral, tem-se como destinatário o órgão jurisdicional (juiz ou tribunal). Sobre o qual recai a
competência para o processo e julgamento do delito. Parte da doutrina sustenta que o
Ministério Público também pode ser destinatário da prova. A depender do referencial adotado,
sustentam, é possível dizer que o órgão ministerial, detendo a titularidade da ação penal
pública, também é destinatário da prova, na medida em que, na fase pré-processual as
provas têm como finalidade o convencimento do órgão ministerial (formação de sua
opinio delicti).
Com a devida vênia, como visto anteriormente, na fase investigatória não se pode usar
a expressão "prova", salvo no caso de provas cautelares, não repetíveis e antecipadas,
Objetiva o inquérito policial a produção de elementos de informação. Por isso, preferimos
dizer que o órgão do Ministério Público é o destinatário desses elementos, e não da prova,
cuja produção se dá, em regra, somente em juízo, quando a decisão acerca da prática de
determinado fato delituoso compete única e exclusivamente ao juiz natural.
CLASSIFICAÇÃO DA PROVA
MEIOS DE PROVA
VEDAÇAO PROBATÓRIA
O art. 5º, LVI, da CF dispõe que: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos”. Trata-se de regra inovadora, já que ausente das anteriores ordens
constitucionais.
Prova vedada ou proibida é, portanto, a produzida por meios ilícitos, em contrariedade
a uma norma legal específica. A prova vedada comporta duas espécies:
Prova ilegítima. Quando a norma afrontada tiver natureza processual, a prova vedada
será chamada de ilegítima.
Prova ilícita. Quando a prova for vedada, em virtude de ter sido produzida com afronta
a normas de direito material, será chamada de ilícita.
Não serão admissíveis as ordálias, ou juízos divinos, segundo as quais as pessoas eram
submetidas a provas físicas para demonstrar que tinham razão. Igualmente inadmissível a
prova fundada em crença sobrenatural que escapa às limitações da razão, conforme
atualmente reconhecida. Essa é a primeira hipótese de ilicitude da prova, ou seja, a ilicitude
porque o meio não é previsto na lei e não é consentâneo com os princípios do processo
moderno, logo não será admitido. Há duas outras situações de ilicitude, ainda que o meio seja
disciplinado no Código.
O segundo caso de ilicitude é a que decorre da imoralidade ou impossibilidade da
produção da prova. O exemplo clássico seria o da reconstituição de um estupro ou de uma
inundação ou grande incêndio. A terceira hipótese de ilicitude é a que decorre da ilicitude da
obtenção do meio de prova.
O art. 5°, LVI, da Constituição da República considera inadmissíveis os meios de
prova obtidos por meio ilícito. Tal disposição é resultante da opção do texto constitucional
pela corrente mais rigorosa a respeito da ilicitude do meio de prova, em virtude da ilicitude da
origem ou da obtenção. Outras correntes doutrinárias e jurisprudenciais admitiam a produção
da prova obtida nessas condições ou a admitiam em termos, somente na hipótese de o bem
jurídico alcançado com a prova ser de maior valor que o bem jurídico sacrificado pela
ilicitude da obtenção. Esta última posição era a acolhida pelas decisões judiciais, inclusive do
Supremo Tribunal Federal, que sempre fazia uma análise do peso dos valores jurídicos
envolvidos.
PROVA EMPRESTADA
Como o próprio nome está a indicar, prova emprestada é aquela colhida num processo
e trasladada para outro. Contudo, vigorando entre nós os princípios do contraditório e da
ampla defesa, parece claro que o valor probatório dessa “prova emprestada” fica condicionado
à sua passagem pelo crivo do contraditório. Assim, a prova emprestada não submetida ao
contraditório no processo para o qual foi trasladada não tem nenhuma valia, não podendo
formar validamente a convicção do julgador. E se a prova emprestada for um auto de
interrogatório do próprio réu? Suponha-se que no processo x Mévio tenha sido interrogado.
Posteriormente foi instaurado em relação a ele outro processo. Poderá ser requerida
certidão do seu interrogatório no primeiro processo para ser juntada ao segundo? Não há
nenhum obstáculo. Mas, para que essa prova tenha valor no segundo processo, Mévio teria de
ser ouvido novamente... E como não é obrigado a fazer prova contra ele próprio, logo, a
diligência pode perder a importância.
ÔNUS DA PROVA
“Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade
da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante”
O instituto do ônus da prova e seus fundamentos decorrem de três princípios prévios:
1°) o princípio da indeclinabilidade da jurisdição, segundo o qual o juiz não pode, como podia
o romano, esquivar-se de proferir uma decisão de mérito a favor ou contra uma parte porque a
matéria é muito complexa, com um non liquet; 2°) o princípio da imparcialidade, segundo o
qual o juiz não pode tornar-se acusador ou defensor, quer quanto à iniciativa da ação, quer
quanto à iniciativa da prova; 3°) o princípio da persuasão racional na apreciação da prova,
segundo o qual o juiz deve decidir segundo o alegado e provado nos autos (secundum
allegata et probata partium) e não segundo sua convicção íntima (secundum propriam
conscientiam).
Dessas premissas decorre a necessidade de serem estabelecidas regras sobre o encargo
que cada parte tem para a prova dos fatos alegados, bem como consequências da falta de
prova.
INICIATIVA DO JUIZ
De acordo com a nova redação em relação à antiga redação do art. 156 do CPP, a
prova da alegação incumbira a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I –
ordenar, mesmo antes de iniciada ação penal, a produção antecipada de prova consideradas
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida, II
– determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências
para dirimir duvida sobre ponde relevante (novo grifo). Como se percebe nos dois incisos do
art. 156 do CPP, a temática pertinente ao poderes instrutórios do juiz deve ser analisada em
dois momentos distintos: antes de iniciada a ação penal (CPP, art 156, inc. I) e no curso do
processo (CPP, art 156, inc. II).
PRINCÍPIOS DA PROVA
EXAMES PERÍCIAIS
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
CONFISSÃO
PERGUNTAS AO OFENDIDO
TESTEMUNHAS
ACAREAÇÃO
DOCUMENTOS
INDÍCIOS E PRESUNÇÕES
BUSCA E APREENSÃO
QUESTÕES
1) (TJ/PE 2013 - FCC - Juiz Substituto) Em relação à prova testemunhal, de acordo com o
Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar:
3) (Polícia Civil/CE 2012 - CESPE - Inspetor de Polícia Civil) Julgue o próximo item
relativo à prova no processo penal.
Inquirido o presidente da República como testemunha, poderá ele optar pela prestação de
depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo
juiz, lhes serão transmitidas por ofício.
( X ) Certo ( ) Errado
BIBLIOGRAFIA
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. – 6. Ed. Ver., atual. e
aum. – São Paulo: Saraiva, 2009.
GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal – 9. ed. rev. e atual. – São Paulo :
Saraiva, 2012.
GRECO, Rogério. Código Penal: comentado. 5. Ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2011.
http://www.mapadaprova.com.br/questoes/de/direito-processual-penal/provas.