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RESUMO
A medida das pressões respiratórias máximas é um método utilizado para avaliação da força
muscular respiratória, pode ser dividido em pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão
expiratória máxima (PEmáx). As pressões musculares respiratórias podem ser afetadas por
diversos fatores, como hipotonia muscular, alterações na caixa torácica e obesidade.
Considerando a hipotonia generalizada apresentada pelos portadores da síndrome de Down,
levanta-se a possibilidade de apresentarem alterações das pressões respiratórias. Desta forma
a pesquisa objetivou avaliar pressões respiratórias máximas em portadores da síndrome de
Down, atendo-se a identificar se o gênero, a idade, a prática de atividade física e a obesidade
influenciam nesses valores. A amostra composta de 21 indivíduos portadores da síndrome de
Down, 14 homens e 7 mulheres, com idade entre 11 e 45 anos. Os instrumentos utilizados no
presente estudo foram: ficha para a coleta de dados; análise do prontuário fornecido pela
APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais); tomada de medidas para o cálculo
do IMC (Índice de Massa Corpórea); e realização da manuvacuometria. Para a tomada das
pressões respiratórias usou-se o manuvacuômetro, um instrumento que tem por função medir
pressões positivas e negativas, com o indivíduo sentado, sendo que foram tomadas cinco
medidas da PImáx a partir da CRF (capacidade residual funcional) e cinco da PEmáx após
uma inspiração máxima. Os resultados mostram que esses indivíduos apresentam baixos
valores de pressões respiratórias, sendo que na maioria dos indivíduos avaliados a média dos
valores de PEmáx ficou abaixo de 50% e de PImáx abaixo de 60% dos valores preditos,
quanto à atividade física, em relação a PImáx os praticantes tiveram resultados melhores que
os não praticantes e em relação a PEmáx ocorreu o inverso. Relacionando os valores de
PEmáx encontrados com a obesidade, observou-se que não são alterados pela obesidade pois,
tanto obesos quantos não obesos têm iguais valores de PEmáx.
1
Monografia apresentada ao Curso de Graduação de Fisioterapia, como requisito à obtenção do título de
Bacharel em Fisioterapia.
2
Acadêmica do Curso de Fisioterapia.
3
Professora especialista e orientadora do trabalho.
2
INTRODUÇÃO
necessitem de força num curto período de tempo. As fibras do subtipo IIA, têm boas
características aeróbicas e anaeróbicas. As do subtipo IIB, apresentam boas características
anaeróbicas e características aeróbicas fracas. E as do subtipo IIC, que ocorrem em número
muito pequeno nos seres humanos (0% a 5%), são mais oxidativas do que as dos tipos IIA e
IIB.
Para Sheerson (1993, p. 26), a proporção de tipos de tipos de fibras varia em
diferentes áreas do diafragma, sendo que um modo geral, cerca de 55% das fibras são de tipo
I, 20% de tipo 2A e 25% de tipo 2B. com isso sua resistência à fadiga, parece ser devida a esta
elevada proporção de fibras resistente à fadiga e também à capacidade de fluxo sanguíneo do
diafragma aumentar aproximadamente de forma proporcional à ventilação.
Considerando que a manuvacuometria é um método verdadeiramente útil para a
avaliação das pressões musculares respiratórias, Azeredo (2000, p. 399) ressalta que, as
mensurações da PImáx são de maior relevância clínica pelo fato dos músculos inspiratórios
suportarem maiores cargas de trabalho ventilatório. Sendo as mensurações da PEmáx
igualmente úteis para a diferenciação entre uma fraqueza neuromuscular de músculos
abdominais e uma fraqueza específica do diafragma ou de outros músculos inspiratórios, visto
que uma fraqueza desses músculos deverá reduzir apenas a PImáx, já a fraqueza
neuromuscular de músculos abdominais deverá reduzir ambas as forças.
MÉTODO
1. Sujeitos
2. Procedimento
RESULTADOS
100 90
Normais
PEmax Mulheres
50 30 Downs
0 PImax Mulheres
0 10 20 30 40 50 Normais
-50 PImax Mulheres
Downs
-100 PImax Homens
-150
Normais
PImax Homens
-200 Downs
IDADES (anos)
250
PEmax Homens
200 Normais
PEmax Homens
150 Downs
PEmax Mulheres
PRESSOES (cmH2O)
100 Normais
PEmax Mulheres
50
Downs
0 PImax Mulheres
0 10 -30 20 30 40 50 Normais
-50 PImax Mulheres
-123 Downs
-100 -90 PImax Homens
-123 Normais
-150
-140 PImax Homens
-200 Downs
IDADES (anos)
250
PEmax Homens
200 Normais
154 PEmax Homens
150 Downs
PEmax Mulheres
PRESSOES (cmH2O)
100 90
Normais
106
PEmax Mulheres
50
Downs
40 PImax Mulheres
0
Normais
0 10 20 30 40 50
-50 PImax Mulheres
Downs
-100 PImax Homens
Normais
-150 PImax Homens
Downs
-200
IDADES (anos)
250
PEmax Homens
200 Normais
PEmax Homens
150 Downs
PEmax Mulheres
PRESSOES (cmH2O)
100
Normais
50
PEmax Mulheres
Downs
0 PImax Mulheres
0 10 20 30 40 50 Normais
-50 -40 -75 PImax Mulheres
-82 Downs
-100 PImax Homens
-112
-150 Normais
PImax Homens
-200 Downs
IDADES (anos)
100 Normais
PEmax Mulheres
50 Downs
0
PImax Mulheres
0 10 20 30 40 50
Normais
-50 PImax Mulheres
Downs
-100 PImax Homens
Normais
-150
PImax Homens
-200 Downs
IDADES (anos)
100%
90% 2
80% 3
70% 3
60% 3 2
1 - PI
50% 1 3 2 - PE
40% 6 6
30% 1 7
20% 1
10%
0%
0 1 2
PRESSÕES(cmH2O)
12
10
INDIVÍDUOS
(quantidade)
8
não pratica
6
pratica
4
2
0
- 4
0
- 7
0 00 30 60
20 - 50 - - 1 -- 1 -- 1
80 - 110 140
PRESSÕES (cmH2O)
6
INDIVÍDUOS
(quantidade)
4 não pratica
2
pratica
0
40 70 100 -13
0
-16
0
-- - -- - -- - 0 -- 0 --
-20 -50 -80 -11 -14
PRESSÕES (cmH2O)
INDIVÍDUOS (quantidade) 5
3 obesos
2 normais
0
- 4
0
- 7
0 00 30 60
20 - 50 - - 1 -- 1 -- 1
80 - 110 140
PRESSÕES (cmH2O)
DISCUSSÃO
que é importante na fixação dos arcos costais durante a contração do diafragma. Essas
características resultam em maior tendência à distorção da caixa torácica durante os
movimentos respiratórios, levando a uma inspiração paradoxal, pouco efetiva e com aumento
do trabalho respiratório e, conseqüente, episódios de apnéias.
Conforme Koiffman, Diament e Wajtal (1996, p. 316), que a hipotonia dos
indivíduos portadores da síndrome de Down cede com a idade, porém geralmente apresentam-
se desajeitados, movem-se lentamente e com base alargada.
Isso nos faz crer que as alterações cardiorrespiratórios presentes na fase de
neonato e lactente somados a doenças respiratórias presentes na infância, podem deixar
seqüelas trazendo problemas futuros. Considerando que nos indivíduos Downs esse fatos são
mais evidentes convém ressaltar a importância da atuação fisioterapêutica para minimizar-los
contribuindo para diminuição de problemas futuros.
Na ausência de uma doença aguda, Shneerson (1993, p. 146) cita que, a
hipercapnia constitui, habitualmente uma característica tardia da fraqueza muscular. Ela pode
aparecer durante a vigília, se a PImáx e a PEmáx estiver abaixo de 30% do previsto. Pode
também aparecer num estágio mais precoce, durante o sono. A hipoventilação pode resultar
de apnéias obstrutivas devida à perda do tônus muscular das vias aéreas superiores. A queda
PO2 pode ser desproporcional ao aumento da PCO2, por causa de um equilíbrio
ventilação/perfusão abaixo do ideal.
Comprovou-se a fraqueza muscular presente nos portadores da síndrome de
Down, em função dos baixos valores de PEmáx e PImáx, sendo que na amostra nota-se, que 8
(42,10%) dos 19 indivíduos apresentam valores PEmáx abaixo de 30% do predito, sendo que
1 desses 8 apresenta também valor de PImáx abaixo de 30% do predito. Indicando fazerem
apnéias obstrutivas em função do baixo tônus muscular.
Analisando os resultados, observa-se que os indivíduos que não praticam
atividade física apresentaram os valores de PEmáx mais altos encontrados. Nota-se que a
prática de atividade física não está contribuindo positivamente para o aumento dos valores de
PEmáx nos indivíduos praticantes, mas sugere-se a isso freqüência de atividade física.
Considerando que o ideal para atividade leve ou moderada, segundo Heath (2000, p. 133-134)
é de 30 minutos diariamente, também ressalta que somente para atividades vigorosas esse
tempo pode ser diminuído para 20 minutos 3 vezes por semana, o que não ocorre nestes
15
indivíduos. Outro aspecto a ser ressaltado é o reduzido número de indivíduos deste estudo que
não praticam atividade física.
Considerando que a PImáx avalia a pressão dos músculos inspiratórios, incluindo
o diafragma, principal músculos da respiração, observa-se que os não praticantes de atividade
física obtiveram os menores valores de PImáx.
Blascovi-Assis, Monteiro e Enríquez (1993), em um estudo feito com crianças
portadoras de síndrome de Down, a fim de analisar o desempenho respiratório dessas crianças
submetidas a um programa de atividades físicas específicas; mostraram que a prática diária de
atividade física englobando atividade física geral, atividade respiratória específica, atividades
na água e manobras fisioterápicas passivas, propiciaram aquisições tanto de domínio
respiratório como ganho de capacidade respiratória, referentes a idades dos indivíduos.
Observando-se que os praticantes de atividade física tiveram os maiores valores
de PImáx, salienta-se que mesmo não sendo ideal a freqüência da prática de atividade física,
já se pode observar a influência na pressão muscular inspiratória desses indivíduos. Isso prova
que devemos estimular a prática de atividade física precoce com o intuito de diminuir as
complicações respiratórias bem como para se observar aquisições de funções respiratórias
contribuintes para o desenvolvimento neuropsicomotor normal.
De acordo com Shneerson (1993, p. 169-172), a associação da obesidade e
distúrbios respiratórios é conhecida há muito tempo. O obeso apresenta um quadro de
hipoventilação devida a várias alterações fisiológicas e por vezes apresenta apnéias do sono
obstrutivas. A interação de alterações nos volumes pulmonares, da complacência pulmonar e
da função muscular respiratória contribui para isso. Nesses indivíduos a PEmáx, encontram-se
reduzidas. Uma grave hipoxemia secundária a obesidade pode diminuir a contratilidade dos
músculos respiratórios. Sendo que em um relato de autópsia, encontrou-se extensa infiltração
gordurosa no diafragma e nos músculos intercostais, o que pode comprometer a função.
Também as alterações do comprimento ou configuração do diafragma por causa do tecido
adiposo, no abdômen, são importantes. A pressão transdiafragmática cai, no decúbito dorsal,
quando o diafragma é elevado pelo peso do conteúdo abdominal. A posição elevada do
diafragma pode hiperestender suas fibras, levando à redução do diafragma e de sua função.
Ressalta-se que esses indivíduos além de apresentarem as alterações da síndrome,
ainda apresentam a obesidade como agravante para as alterações das funções respiratórias.
16
Porém na presente pesquisa observa-se que a maioria dos indivíduos obesos teve PEmáx entre
os mesmos valores encontrados para a maioria dos indivíduos normais.
Não houve uma equivalência entre as considerações feitas por Shneerson (1993) e
os dados coletados neste estudo quanto às diferenças de pressões respiratórias entre os
indivíduos obesos e os considerados normais; acredita-se que estes resultados foram obtidos
em função do reduzido número de indivíduos correlacionados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AZEREDO, C.A.C. Métodos para avaliar a função muscular respiratória. In: _____.
Fisioterapia respiratória no hospital geral. São Paulo: Manole, 2000. cap. 39, p. 398-410.
BURNS, D.A. Aspectos respiratórios na síndrome de down. Brasília/DF. Disponível em: <
http://agest.ecof.org.br/projetos/down/eventos/congre08.htm > Acesso em: 14 jun. 2001.
17
PUESCHEL, S.M. Características físicas da criança. In: _____. Síndrome de Down: guia
para pais e educadores. São Paulo: Papirus, 1993. cap. 7, p. 77-84.
RATLIFFE, K.T. Distúrbios genéticos. In: _____. Fisioterapia: clínica pediátrica – guia para
uma equipe de fisioterapeutas. São Paulo: Santos, 2000. cap. 8, p. 219-274.