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Projeto de Risers Flexíveis

Fadiga
Carlos Alberto D. de Lemos (Beto)
Petrobras/Cenpes/Tec. Submarina
caolemos@petrobras.com.br

USP – Setembro 2008


Tubos Flexíveis

Bonded

Cabos
Unbonded
Umbilicais
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Tubos Flexíveis

Carcaça Intertravada
Barreira de Pressão ou
Camada de Estanqueidade
Camada de Pressão (zeta)

Camadas de Tração
Capa externa

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Fadiga associada ao desgaste nas
armaduras de tração

Camada de Pressão
(zeta)

Camadas de Tração

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Fadiga pura nas armaduras de tração

Camadas de Tração

Camada Anti-atrito

Camada de Pressão
(zeta)

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Fadiga associada ao desgaste da
camada de pressão (camada zeta)

Camada de Pressão
(zeta)

Principais pontos de desgaste e


concentração de tensões

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Fadiga associada à corrosão
(em serviço ácido ou não)

Camada de Pressão (zeta)

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Fadiga associada à corrosão
Camadas de Tração

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Modos de Falha de Fadiga
• Fadiga associada ao desgaste nas armaduras
de tração;
• Fadiga pura nas armaduras de tração;
• Fadiga associada ao desgaste da camada de
pressão (camada zeta);
• Fadiga associada à corrosão (em serviço
ácido ou não);
• Fadiga das camadas poliméricas; e
• Fadiga nas terminações.
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FADIGA
• Fenômeno da ruptura progressiva (ou de
acumulação de dano) de materiais sujeitos a
ciclos repetidos de tensão ou deformação.
• Carregamento não é suficientemente grande
para causar a falha imediata. Ao invés disto, a
falha ocorre após a ocorrência de um certo
número de flutuações do carregamento, isto é,
após o dano acumulado ter atingido um valor
crítico.
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FADIGA
• falhas localizadas, progressivas e cumulativas
• problema local, que depende dos detalhes da geometria,
do material e do carregamento do ponto mais solicitado
da peça
• a geração e a propagação da trinca não provocam
mudanças evidentes no comportamento da estrutura
• em geral não há avisos prévios de falha iminente
• o dano é geralmente restrito à região crítica da peça
• o processo é lento, gradual e aditivo
• a gerência estrutural requer inspeções periódicas
• a detecção da falha é trabalhosa: deve-se localizar o
PONTO onde o trincamento está ocorrendo

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USP – Setembro 2008
USP – Setembro 2008
USP – Setembro 2008
Falha em tubos
flexíveis

USP – Setembro 2008


Histórico
• 1829 – Testes em correntes
• Meados do século XIX – falhas em eixos de trens
• Entre 1852 e 1870 - August Wöhler
– Gráficos de amplitude de tensão x número de ciclos
(Diagrama de Wöhler ou Curva S-N)
• Entre 1950 e 1960 –
– Manson-Coffin - Método de Análise de
Deformações Locais (ou curva ε-N)
– Mecânica da Fratura Linear Elástica, MFLE, (Regra
de Paris)

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Fenomenologia Típica
• o trincamento por fadiga é provocado pela repetição
das cargas alternadas, e depende da amplitude de
variação de tensões
• a iniciação típica das trincas em peças metálicas é
causada pela variação de tensões, que gera a
movimentação cíclica de discordâncias que se agrupam
em células e formam bandas de deslizamento
persistente, as quais levam à geração de intrusões e
extrusões na sua superfície
• pode-se pensar nestes micromecanismos como um
problema de plasticidade cíclica localizada

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Esquema da Fase Inicial do
Trincamento por Fadiga
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Formação de Intrusões e Extrusões (~ 0.1mm)
na superfície de uma peça de Ni Puro. Note
as Bandas de Deslizamento Persistentes

intrusões e extrusões

Bandas de
deslizamento
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Crescimento Paulatino de uma Trinca de Fadiga

(ciclos)
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• as ondulações superficiais concêntricas (marcas de
praia) e radiais (marcas de rio) são a característica
macroscópica mais comum das trincas de fadiga
• a forma destas marcas, que são visíveis a olho nu, é
relacionável ao carregamento indutor da falha
• a principal característica microscópica das trincas de
fadiga é a presença de estrias, só visíveis num MEV
• estas são causadas pelo crescimento da trinca a cada
ciclo do carregamento, através de um mecanismo de
cegamento e afiamento sucessivo da sua ponta

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marcas de rio
(radiais, apontam para o início da trinca)

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marcas de praia (esta com ~4mm)
(concêntricas, partindo do início da trinca)
• estrias de fadiga
vistas num MEV
• o espaçamento
entre as estrias
quantifica o
crescimento da
trinca em cada
ciclo de carga
• a trinca estava se
propagando numa
taxa de ~
1µm/ciclo
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• O processo é muito influenciado pelos
detalhes:
• das propriedades mecânicas do material
• do acabamento superficial
• do gradiente das tensões atuantes
• do estado de tensões residuais presente junto à
• da superfície da raiz do entalhe (nucleador)

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Métodos de Dimensionamento
à Fadiga
• As metodologias tradicionais de projeto à fadiga
podem ser divididas em três grupos:
• Método S-N ou de Wöhler
• Método de Mason Coffin (ε-N)
• Mecânica da Fratura
• Linear elástica
• Elastoplástica

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• como regra geral, o método SN só deve ser aplicado
quando as máximas tensões atuantes nos pontos críticos
da peça forem menores que a resistência ao escoamento
cíclico do material, já que a análise de tensões usada
neste método é linear elástica!
• ao contrário do εN, o SN não considera de forma
explícita os efeitos plásticos cíclicos eventualmente
presentes nas raízes dos entalhes e, como aquele, não
reconhece a presença de trincas
• logo, o método SN só é apropriado às previsões das
vidas longas (de iniciação de trincas de fadiga)
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• entretanto, o método S-N é simples e possui uma série
de vantagens, que o tornam confiável na maioria dos
casos práticos de dimensionamento mecânico à fadiga:
• conta com um vastíssimo banco de dados
• há uma grande experiência acumulada com seu uso
• preserva o princípio da superposição
• é computacionalmente muito mais simples e rápido que o ε-N
• pode ser sintetizado numa única equação de projeto, que
engloba todas as informações necessárias

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Idéias Básicas
• foram propostas por Wöhler há quase 150 anos
• os (complexos) detalhes da fenomenologia e da
micromecânica da iniciação e da propagação das
trincas por fadiga não são estudados (o método SN
não reconhece a presença das trincas)
• para se quantificar os efeitos globais do processo,
comparam-se as tensões atuantes no ponto crítico com
a resistência à fadiga do material da peça
• a resistência à fadiga é medida através de testes de
pequenos corpos de prova não trincados
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Rotina de Dimensionamento

• Avaliar a resistência à fadiga


– a resistência à fadiga depende das propriedades do
material e dos detalhes do ponto crítico da peça.
O ideal é testar a peça sob cargas reais de trabalho
mas, como isto raramente é possível, em geral é
necessário estimar-se a sua resistência à fadiga:

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• a resistência à fadiga Sf não é uma constante do
material mas sim uma função não-linear de N, o
número de ciclos de vida à fadiga:
S = S ( N)
f f
• a vida à fadiga decresce muito com o aumento da
solicitação, seguindo freqüentemente uma função
parabólica: NS = c b
• aços e alguns outros materiais podem apresentar um
limite de fadiga (Se) tal que solicitações menores que
este limite não causam dano à peça (pode-se projetar
para vida infinita)
• O limite de fadigados aços em geral está entre 106 e
107 ciclos
• outros materiais podem não apresentar este limite bem
definido
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Curva SN Típica, com Limite de Fadiga Se ≈ Su/2

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Caracterização dos Materiais

Log ∆σ

No ar N(∆σ)6=Const.

Em meio corrosivo

Log N
5 6 7

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Influência da Tensão Média
Diagrama de Haigh

N = Constante para
todos os pontos

Compressão média Tração média

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Influência da Tensão Média
Diagrama de Haigh

103
Tensão Alternada

Linhas de
104
vida
105 constante
106

Tensão média

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Influência da Tensão Média

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Carregamentos Multiaxiais

• Aplicação de conceitos de tensão


equivalente (von Mises ou Tresca)
• Aplicação de critério proposto por Sines
σ eq a = (σ )
1a
2
( )
− σ 1 aσ 2 a + σ 2 a
2

σ eq m = σ 1 m + σ 2 m + σ 3 m

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Dano Acumulado
• Dano = perda parcial da funcionalidade
– d = 0 ⇒ peça virgem,
– 0 ≤ dano ≤ 1,
– d = 1 ⇒ falha

– dano em fadiga é cumulativo e irreversível (a menos que


se remova mecanicamente o material afetado)
– em geral, os carregamentos reais são complexos, isto é,
podem variar aleatoriamente no tempo
– cada evento σaiσmi de um carregamento complexo causa
um dano di , que gasta parte da vida da peça

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Dano Acumulado Linear de Miner

n n1 n2 k
ni
D= + =1 D=∑
N N1 N 2 i =1 N i

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Procedimento de Projeto de
Fadiga em Risers Flexíveis
• Normas aplicáveis
• Características do fluido interno
(serviço ácido)
– Definição de família de materiais
• Curva S-N
• Características Ambientais e da
Unidade de Produção
– Análises Dinâmicas
• Cálculo de Tensões e Desgaste
• Cálculo de Fadiga
• Testes
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Caracterização dos Materiais

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Análises Dinâmicas
• Análise no domínio do tempo
– Não linearidades
• Carregamento Hidrodinâmico
• Contato com fundo
• Análise no domínio da freqüência
– Linearização do carregamento hidrodinâmico
– Possibilidade de se obter uma função de transferência
• Determinação do limite de aplicabilidade
• Mar regular ou análise determinística (onda de
projeto)
• Mar irregular ou análise estocástica (tempestade
de projeto)
– Tempestade de projeto (maior carregamento – maior resposta)
– Estatística de longo prazo
• Análise de desprendimento de vórtices (VIV)
• Análise acoplada ou individual
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Normas de Análise de Fadiga
• Normas falhas sobre critérios de projeto e
procedimentos de análise
• Fatores de segurança
– ISO (13628-2) e API (17J)– vida à fadiga 10
vezes a vida útil
– Petrobras – depende do risco
• Óleo e gás – 10 vezes
• Água e umbilicais – 3 vezes

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Condições ambientais
• Dados medidos em campo (Diagrama de
Dispersão de Onda - Espectro de onda)

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Condições ambientais

• Procedimento
dos Fabricantes
Onda individual

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Resposta da embarcação

1.6

1.4

Aproamento
1.2

1 15°
30°
Pitch (m/m)

45°
0.8
60°
75°
0.6
90°

0.4

0.2

0
0 5 10 15 20 25 30
Período (s)

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Resposta da embarcação –
condições conjuntas
1o Pico de Onda em Relação ao Navio (graus)
Calado (m)
180 0° 45° 90° 135° 180° 225º 270° 315°
18 0,86 7,01 17,35 25,09 38,91 9,51 0,05 1,23
50% 15 1,48 6,59 15,99 27,50 38,20 9,61 0,05 0,59
12 1,48 5,11 17,80 28,15 37,20 9,62 0,05 0,59
9 1,95 3,22 19,00 30,29 35,60 9,84 0,05 0,06
40% Média
225 135 Ponderada
1,45 5,60 17,33 27,78 37,55 9,64 0,05 0,61

30%

20%

10%

270 0% 90

1o Pico de Onda em Relação ao Navio (graus) - RAO


0° 45° 90° 135° 180° 225º 270° 315°
N 1,87% 6,66%
NE 26,64% 1,23%

Direção da
onda
E 11,35% 5,31% 0,02%
SE 0,03% 2,96% 9,93% 0,14%
S 0,02% 6,46% 12,68% 1,46% 1,67% 1,06%
SW 0,84% 0,51% 1,71% 2,34% 3,29% 0,55% 0,05% 1,23%
315 45

0
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Análise de Tensões
• Fadiga devido à variação de tração e flexão
• Definição da teoria para análise de flexão
– Geodésica (movimento sem atrito)
– Loxodrômica (movimento com atrito)
• Elementos finitos ou cálculo racional por
fórmulas de resistência dos materiais

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Cálculo do Desgaste
• Definição de coeficientes de atrito e desgaste
• Cálculo do deslocamento relativo
Geodésica interna
Hélice interna
Deslocamento transversal (mm)

Geodésica externa

Hélice externa

Deslocamento axial (mm)

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Cálculo de Fadiga
Diagrama de Haigh

103
Tensão Alternada

Linhas de
104
vida
105 constante
106

Tensão média

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Testes de Fadiga
Testes de fadiga por flexão na
região de topo - horizontal

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Testes de Fadiga
Testes de fadiga por flexão na região de topo - vertical

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Testes de Fadiga
Teste de fadiga por flexão na região da corcova

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Testes de Fadiga
Teste de fadiga rotacional

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Testes de Fadiga
Teste Tração-Tração
(fadiga interna no end fitting)

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Testes de Fadiga
Teste de Fadiga na Roda de lançamento

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Testes de Fadiga
Teste de Fadiga com VIV

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Testes de Fadiga
Teste de Fadiga com VIV

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Teste de Vida à Fadiga
NEO - COPPE

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Teste de Fadiga da COPPE - NEO
• Estrutura metálica
– 4,0 x 5,0 m (base) por 20,4 m
• Atuadores hidráulicos:
– Capacidade de tração de até 250
ton. Curso máximo de 1,0m.
– Flexão: dois cilindros de 100 ton.
Curso máximo de 750mm.
• Unidade de pressurização da
amostra:
20 m

– Pressão interna da amostra de até

Amostra 12 m
10.000 psi.
• Mesa de rotação:
– Variação angular de –15 até + 35
graus.
• Sistemas de Instrumentação,
controle, segurança e aquisição
de dados
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• Necessidade de trabalhar junto aos
fornecedores para melhor definição de
procedimentos e crtérios de projeto
• Melhor definicão em normas internacionais
• Necessidade continuar a execução de testes
de fadiga com objetivo de definição de
vida à fadiga (não somente vida útil)
• Modos de falha ainda não completamente
conhecidos
• Apesar das limitações e desconhecimentos
o procedimento de cálculo à fadiga ainda é
conservativo

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Análise de Fadiga

Obrigado
Carlos Alberto D. de Lemos
Petrobras/Cenpes/Tec. Submarina
caolemos@petrobras.com.br

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