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XVII ENCONTRO CENTRO OESTE DE DEBATES SOBRE O ENSINO DE QUÍMICA

NÚCLEO DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS – INSTITUTO DE QUÍMICA

LINHA TEMÁTICA: RECURSOS E MATERIAIS DIDÁTICOS 03

“SUPER-QUÍMICA”: A UTILIZAÇÃO DE HISTÓRIAS DE SUPER-


HERÓIS NO ENSINO DE QUÍMICA

Marcus Tulio Dias Martins Vieira (IC)1, Alécia Maria Gonçalves (PQ)1, Breno
Washington Tavares De Souza (IC)1, Cristopher Adan Marinho Da Silva (IC)1 e Jeisa
Tainara Schaefer Salgado (FM)2
1 IFG – Câmpus Uruaçu. 2 CEPI – Polivalente Dr Sebastião Gonçalves De Almeida.

1. INTRODUÇÃO

A associação de estratégias metodológicas tradicionais e a complexidade


conceitual de alguns conteúdos de química tem sido os dois principais obstáculos da
aprendizagem. Pois, os alunos podem apresentar dificuldades de associarem o
conteúdo formal com as experiências de sua própria vida. Para isso, o professor
assume um papel importante, pois ele poderá ser a interface para que seu alunado
compreenda a relação entre a química e seu cotidiano. De acordo com Silva (2011,
p.08) “Boa parte dos professores não procuram alternar as aulas tradicionais com
outras metodologias mais atraentes e eficientes que torne a transmissão do conteúdo
de química mais agradável.”

Essa prática tradicional pode deixar o ensino de química cada vez mais
engessado, tornando-o complexo e distante da realidade do aluno. Segundo Pezzini;
Szymanski, (2007) o distanciamento dos conteúdos ministrados e a metodologia, são
cruciais ao interesse dos alunos em relação ao conteúdo apresentado. Nessa
perspectiva, cada vez mais se faz necessário a contextualização e aproximação de
temáticas cotidianas no ensino.

Atualmente acompanhamos a ascensão do tema super-heróis na cultura pop,


este que antes já despertavam um certo fascínio do público, hoje ganhou fama e tem
grande apelo popular. Sendo apreciado entre diversas camadas sociais,
principalmente por jovens e adolescentes. Esta modalidade está cada dia mais
ganhando espaço no mercado do entretenimento, além das tradicionais histórias em
quadrinhos, já estão bastante difundidos nos filmes e séries de TV, principalmente
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pelo desenvolvimento do universo cinematográfico da Marvel Comics e da DC


Comics. Lembrando que na década de 30, os poderes tinham um caráter místico,
seres alienígenas. No entanto, após a segunda guerra mundial, com maior divulgação
científica, a origem dos poderes para os super-heróis tem um caráter mais científico
(CARCINEL, 2006).

Com isso, a temática de super-heróis pode ser uma ferramenta importante no


processo de ensino e aprendizagem de química, principalmente quando se envolve
jogos, pois pode despertar o interesse dos alunos, uma vez que, apresenta caráter
lúdico e motivacional (KISHIMOTO, 1994).

Diante dessas reflexões, o grupo do PIBID (Programa Institucional de Bolsa


de Iniciação à docência) do curso de Licenciatura em Química do IFG – Campus
Uruaçu, elaborou um projeto intitulado “Super-Química”, no qual, teve como objetivo
proporcionar aulas com temáticas e abordagens diferenciadas aos alunos, revisando
conteúdos já estudado. Com isso, podemos contribuir com a popularização e o
interesse pela ciência.

2. DESENVOLVIMENTO

O projeto foi desenvolvido ao longo de três semanas com o terceiro ano do


ensino médio numa escola pública do município de Uruaçu-GO, ocorria um encontro
semanal de aproximadamente duas horas e meia. Foi estruturado em dois momentos,
no primeiro uma aula expositiva onde se ministrava o conteúdo e em um segundo
momento a aplicação de um jogo de estratégia jogado pelos alunos.

2.1. Aulas Desenvolvidas

Na primeira aula foi apresentado o primeiro episódio da animação Fullmatel


Alchemist intitulado de “O Alquimista de aço”. Neste episódio os irmãos Alphonse e
Eduward Elric ajudam no combate de Isaac McDougall, um ex-alquimista federal e
agora criminoso sendo capaz de controlar a água e seus estados físicos.

Após a apresentação do episódio foi dada uma breve introdução sobre a


alquimia, como uma curiosidade relacionada ao episódio, logo após foi ministrada uma
aula sobre os estados da matéria, e suas propriedades além da conservação de
massas. Sendo que ao longo da explicação o conteúdo apresentado era
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correlacionado a acontecimentos apresentados na animação, como um meio de


mostrar acontecimentos físico-químicos presentes até mesmo na ficção.

Durante a aula não só o conteúdo foi explicado aos alunos como também foi
instigada a participação dos mesmos nas explicações, estes por sua parte tentaram
por vezes explicar com suas palavras o funcionamento dos poderes de alguns heróis
ou complementar com heróis com habilidades de mesma base cientifica.

Na segunda aula ao invés de uma animação a aula se baseou em heróis de


conhecimento mútuo entre os participantes do PIBID e os alunos, sendo focados
nesse dia heróis como Static Shock e Magneto, para uma breve introdução sobre o
eletro magnetismo, também foram citados heróis como Tocha Humana e Homem de
Gelo, sendo estes uma espécie de complementação da primeira aula, e uma retomada
rápido dos conteúdos passados.

O terceiro encontro não possuiu aula, mas foi focado para a conclusão do jogo
desenvolvido pós aula no terceiro dia.

2.2. Do jogo

Como um meio de verificação foi aplicado um jogo de estratégia (desenvolvidos


pelos alunos bolsistas do PIBID) , onde os alunos da escola pública foram separados
em três equipes e tinham como objetivo tomar a maior parte do território possível
seguindo as regras e com a pontuação obtida pelos questionários aplicados (com
perguntas de química e relacionados aos super-heróis).

Imagem: Mapa do Jogo


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Para os movimentos no jogo a equipe contava com peças chamadas de


“batalhões” equivalentes ao número de pontos disponíveis para a equipe, sendo os
batalhões saiam inicialmente da base, as áreas em contato com esta, e ao termos
seis batalhões em uma área ela passava a pertencer a equipe e poderia então liberar
um batalhão por turno.

2.3. Desenvolvimento do jogo

Foi colocado um banner com a impressão do mapa sobre a mesa e as equipes


receberam peças respectivas a seus batalhões e áreas tomadas, sendo estas também
organizadas em torno do mapa.

Imagem: Representantes das equipes sentados próximos ao mapa.

As equipes iniciaram seus movimentos no sentido horário, no o primeiro dia as


equipes fizeram seus movimentos baseados em um valor fixo mais uma quantia de
pontos ganhados na parte de perguntas e respostas. No segundo dia de partida foram
mantidas as áreas tomadas e batalhões sobre o mapa das equipes. Neste não ouve
uma sessão de perguntas e respostas para priorizar um maior tempo de jogo, contudo
devido a boa participação da turma no momento da aula foram dados pontos extras
em mesma quantia para todas as equipes.

No segundo dia e terceiro dia houve ênfase no jogo as equipes passaram a


tomar posições mais estratégicas diante de suas jogadas, observando os movimentos
umas das outras e tentando formar alianças com equipes próximas, sendo que
algumas passaram a economizar seus movimentos para poderem analisar outras
equipes e se moverem mais ao final.

3. CONSIDERAÇÕES
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Ao finalizar o projeto foi aplicado um questionário com o intuito de verificar a


aceitação do projeto. De acordo com os alunos, as aulas foram interessantes e
atrativas, além de terem um ótimo caráter revisório de conteúdos que já foram
estudados. Estes gostaram da forma como a relação entre o episódio ou herói e
conteúdo foram apresentadas, as aulas não apenas tinham exposição do conteúdo
mas também uma certa dinamicidade, pois os alunos constantemente faziam
comentários durante as aulas ou se dispunham a responder perguntas, devido ao
conteúdo apresentado ser relacionado diretamente a um interesse pessoal do aluno.

Em relação ao jogo desenvolvido, os alunos comentaram que era divertido e


instigante, de acordo com alguns, a ideia do jogo era interessante pois após o primeiro
dia eles ficaram mais focados nas aulas, visando absorver mais do conteúdo para que
então pudessem se sair bem em qualquer avaliação que pudesse ocorrer e conseguir
mais pontos para sua equipe.

Com o projeto concluído notamos que a exposição do tema heróis tornou as


aulas mais atrativas aos alunos no geral, deixando-os livres e mais dispostos a
fazerem comentários, no entanto tal tema deve ser supervisionado com cuidado pois
a perca de foco no conteúdo por parte dos alunos pode acontecer com muita
facilidade. Também foi notado que a ideia de um jogo como forma de verificação do
aprendizado foi bem aceita pelos alunos, tomando o aprendizado como uma
ferramenta para a diversão em jogo.

4. REFERENCIAS

CARCINEL, A. Quadrinhos: os super-heróis invadem a sala de aula. Resgate: Revista


Interdisciplinar De Cultura, 14(1), 95-104, 2006.
KISHIMOTO, T. M. O Jogo e a educação infantil. 3ª ed. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning. 1994.
PEZZINI, C. C. e SZYMANSKI, M. L. S. O Novo desafio dos educadores – como
enfrentar a falta de desejo de aprender. In Anais do Simpósio de Educação: XIX
Semana de Educação. Cascavel: Edunioeste, 2007.
SILVA, A. M. Proposta para tornar o ensino de química mais atraente. Revista de
Química Industrial, N. 711, 2011.

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