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≠
Responsabilidade (indenizar) – Dever jurídico sucessivo consequente à violação de um dever
jurídico originário. Decorrente da vontade das partes/contrato ou ex lege/da lei.
Código Civil – art. 389, 927.
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Aspecto subjetivo (sentido estrito): Ato consciente e livre contrário à lei (presume um juízo
de valor em relação à conduta do agente). Art. 927, 186.
Culpa – Dolo ou imprudência, negligencia ou imperícia.
1.3. Princípios da responsabilidade civil
Infringência de uma norma do direito privado Infringência de uma norma penal (ilícito penal).
(ilícito civil).
Foca na vítima, representa uma reação contra o Foca na pessoa do ofensor. As sanções incidem,
dano injusto mediante a sua reparação. principalmente, sobre o bem da liberdade
pessoal.
Possui, como principal finalidade, a reparação Possui funções retributiva (mal com mal),
(ao lado da punição e da precaução). preventiva geral (para coletividade), preventiva
especial (para o réu).
Tem o dano como elemento essencial. Não tem o dano como elemento essencial.
De uma forma geral o ajuizamento das ações cível e penal são independentes, a parte,
entretanto, pode esperar, ou pode haver suspensão da ação cível para não haver decisões conflitantes,
mas isso é uma faculdade. Se a decisão da ação penal contrariar uma decisão na ação civil, cabe
ação rescisória se ainda estiver no lapso temporal e vice-versa.
Art. 64, p. único, CPP. – poderá (faculdade).
Art. 315, CPC. p. 1º e 2º. – máximo de um ano.
Art. 200, CC. – não ocorrerá a prescrição (no final: ação penal ou inquérito policial).
O inquérito policial pode apurar que não houve crime, nesse momento, ele termina e ocasiona o
término da suspensão. Mas o inquérito pode ser concluído e a ação penal aberta, abrindo a suspensão
do processo cível. (pode)
O que poderá acontecer se após o juízo cível julgar improcedente a demanda indenizatória sobrevier
sentença penal condenatória¿
O que poderá acontecer se após o juízo cível condenar o réu ao pagamento de indenização sobrevier
sentença penal absolutória fundada na inocência desse sujeito¿
Cabimento da ação rescisória no prazo de dois anos...
Sentença penal absolutória fundada em prova da inexistência do crime ou da autoria: Impede a ação
civil. Art. 66, CPP. (necessidade trânsito em julgado)
Sentença penal absolutória fundada em ausência de prova (fato, autoria, culpa) ou de culpa: Não
impede a ação civil.
Nem mesmo a sentença penal absolutória por ausência de culpa impede a ação civil, pois existe a
responsabilidade objetiva.
Sentença absolutória por motivo peculiar do Direito Penal: Não impede a ação civil.
De acordo com Sérgio Cavalieri Filho (2015, p. 650):
A decisão criminal só repercute na esfera cível naquilo que é comum às duas instancias, e só até esse
limite. O fato que não foi categoricamente afirmado ou negado no crime não foi julgado, sendo
ampla a discussão cível a seu respeito.
Art. 67, CPP, I, II, III.
Sentença penal absolutória fundada em excludente de ilicitude: Nem sempre impede a ação civil.
Art. 65, CPP.
Art. 188, CC, I, II, Parágrafo único.
Art. 929, 930, parágrafo único.
Ressarcimento fundado na equidade
Sentença absolutória do tribunal do júri: Não impede a ação civil. Isso ocorre porque é uma decisão
não fundamentada, porque é feita pela percepção dos jurados, que muitas vezes não tem fundamento
jurídico.
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O dever jurídico violado decorre do O dever jurídico violado decorre da lei. Não há
contrato/negócio jurídico. Presume relação relação jurídica preexistente entre ofensor e
jurídica preexistente entre ofensor e vítima. vítima.
A gradação da culpa será, em alguns casos, A rigor, a gradação da culpa não impacta a
fator prévio e abstrato da isenção da obrigação obrigação de indenizar, que surgirá diante da
de indenizar. CC, art. 392. existência de um dano. CC, art. 944. P. único.
Diante do inadimplemento caberá ao devedor Como regra, caberá à vítima provar a existência
provar que o fato causador do dano não poderia dos pressupostos de responsabilização.
lhe ser imputado.
Prescrição Prescrição
CC, art. 206, p. 5, I. CC, art. 206, p. 3º, V.
Conduta culposa
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Dano
Violar direito E causar dano a outrem gera a obrigação de reparação. O ato ilícito é uma ação
ou omissão voluntária ou culposa (negligencia, imprudência, imperícia). O dolo é quando o sujeito
pratica o ato na intensão de gerar o evento danoso; a negligencia, imprudência e imperícia é quando
o sujeito pratica o ato mas não tem a intensão de gerar o ato, o resultado danoso. A conduta que gera
a responsabilidade civil é sempre voluntária. Se a conduta for involuntária, não gera
responsabilidade civil. Quando se fala em dolo, há a vontade de realizar a conduta com a finalidade
do resultado dano. Já na culpa em sentido estrito, há vontade em praticar o ato mas não se busca o
resultado danoso. A responsabilidade civil objetiva abrange a culpa em sentido amplo (dolo + culpa
em sentido estrito). Na imprudência, negligência e imperícia o dever jurídico violado é o dever
jurídico de cuidado.
2.1 Conduta culpável
2.1.1. Conduta
Segundo Sérgio Cavalieri Filho (2015, p. 41)
Conduta é o comportamento humano voluntário que se exterioriza através de uma ação ou
omissão, produzindo consequências jurídicas.
2.1.2. Imputabilidade
Segundo Sérgio Cavalieri Filho (2015, p. 43)
Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade por alguma coisa. Imputabilidade é, pois, o
conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para poder responder pelas
consequências de uma conduta contrária ao dever; imputável é aquele que podia e devia ter agido de
outro modo.
MATURIDADE + SANIDADE MENTAL
Imputável é o agente mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter de sua
conduta e determinar-se de acordo com esse entendimento.
CC, art. 932, I [exercício do poder familiar], II.
ECA, art. 116.
CC, art. 928, p. único.
2.1.3. Culpa
Em sentido amplo, abrange toda espécie de comportamento contrário ao Direito, seja
intencional (vontade de praticar o ato dirigida à ocorrência do resultado dano), como no caso de dolo,
ou tencional (vontade praticar o ato não dirigida à ocorrência do resultado dano), como na culpa
(sentido estrito).
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Imperícia: falta de habilidade do exercício de atividade técnica. Ex.: Motorista que provoca
acidente por falta de habilidade na direção.
NEXO CAUSAL
CONDUTA DANO
Nexo causal = culpabilidade (diferente)
Segundo Sérgio Cavalieri Filho (2015, p. 66)
“A relação causal, portanto, não se confunde com a culpabilidade. Tem-se no primeiro caso uma
imputação objetiva – se a conduta do agente deu causa ao resultado (dano), independente de
qualquer apreciação do elemento subjetivo da conduta. No segundo caso (culpabilidade) tem-se uma
imputação subjetiva. Apurado que a conduta do agente deu causa ao resultado, verifica-se a seguir
se o agente tinha capacidade de entendimento e se podia agir de forma diferente. ”
2.2.2. Teorias sobre o nexo causal
2.2.2.1. Teoria da equivalência dos antecedentes
Não faz distinção entre causa (aquilo que uma coisa depende quanto à existência) e condição (que
permite à causa produzir seus efeitos negativos ou positivos) ”. Todas as condições são causa.
“Se tal coisa tivesse ocorrido, haveria o dano? ” Se a reposta for sim, não há nexo de causalidade. Se
a resposta for não, há nexo de causalidade.
Engloba, sem distinção, todas as condições que concorreram para o mesmo resultado.
Teoria não adotada majoritariamente em sede de responsabilidade civil ate o seu efeito
generalizador.
2.2.2.2. Teoria da causalidade adequada (majoritária)
Não basta que um fato tenha sido, em concreto, uma condição sine qua non do prejuízo. É
preciso, ainda, que o fato constitua, em abstrato, uma causa adequada do dano [só há uma
relação de causalidade adequada entre o fato e o dano]”.
Causa = condição mais adequada, mais determinante a causar o dano (ação ou omissão
por si mesma capaz de ocasionar o dano)
Também chamada de teoria da causalidade direta e imediata
CC, art. 403 – Ligado a questão contratual.
Teoria adotada pelo STJ:
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Adoção da teoria do risco integral (em que Sem adoção do risco integral (caso fortuito e
caso fortuito e a força maior não eliminam a força maior servem de excludentes de
responsabilidade) responsabilidade)
Dano ambiental (Art. 14, da Lei 9.938/81) Dano ao consumidor (Arts. 12 e 18 do CDC)
Dano nuclear (Art. 21, XXIII, d, da CF/88) Dano causado pela Administração Pública (Art.
37, p. 6º da CF/88)
ilícito e causa dano a outrem. O dever de reparar pressupõe o dano e sem ele não há
indenização devida. Não basta o risco de dano, a conduta ilícita. Sem uma consequência concreta,
lesiva ao patrimônio econômico ou moral, não se impõe o dever de reparar.
O ato ilícito nunca será aquilo que os penalistas chamam de crime de mera conduta; será
sempre um delito material, com resultado de dano. Sem dano pode haver responsabilidade penal,
mas não há responsabilidade civil. Indenização sem dano importaria em enriquecimento ilícito,
enriquecimento sem causa para quem a recebesse e pena para quem pagasse, porquanto o objetivo da
indenização é reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se encontrava
antes da prática do ato ilícito.
De acordo com Sérgio Cavalieri Filho (2015, p. 103):
“Dano é a [...] lesão a um bem ou interesse juridicamente tutelado, qualquer que seja a
sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer se trate de um bem integrante da
personalidade da vítima, como a sua honra, imagem, liberdade etc. Em suma, dano é lesão de um
bem jurídico, tanto patrimonial quanto moral [...]”.
Dano material ou patrimonial (ressarcimento)
Modalidades de dano
Dano moral ou extrapatrimonial (compensação)
2.3.1. Dano patrimonial
O dano patrimonial – também chamado dano material – atinge os bens integrantes do
patrimônio da vítima, entendendo-se como tal o conjunto de relações jurídicas de uma
pessoa apreciáveis economicamente. Na expressão conjunto de relações jurídicas abrange
coisas corpóreas e coisas incorpóreas. Nem sempre o dano patrimonial resulta de lesão de bens
ou interesses patrimoniais. A violação de bens personalíssimos, como o bom nome, reputação,
saúde, imagem e própria honra, pode refletir no patrimônio da vítima, gerando perda de receitas
ou realização de despesas. O dano patrimonial é suscetível de avaliação pecuniária, podendo
ser reparado diretamente – restauração natural ou reconstituição específica da situação
anterior à lesão – ou indiretamente, por meio de equivalente ou indenização pecuniária.
O dano material pode atingir não somente o patrimônio presente da vítima, mas também o
futuro, pode provocar diminuição, mas também impedir seu crescimento. Por isso, o dano
patrimonial está dividido em dano emergente e lucro cessante.
Atinge os bens integrantes do patrimônio da vítima (coisas corpóreas e incorpóreas).
em situação anterior ao dano, mas nem sempre no caso de danos materiais é possível fazer com que o
sujeito volte ao estado antes do dano. Por isso, hoje ganha bastante relevância o princípio da
precaução/prevenção. Isso é um fruto de um deslocamento do foco da responsabilidade civil do
sujeito ofensor para a figura da vítima, considerando o princípio da solidariedade, dignidade da
pessoa humana.
O dano moral ou extrapatrimonial tem natureza compensatória. Jamais, nessa
modalidade de dano, é possível colocar o sujeito em estado anterior ao dano. O dano material é
caracterizado pelo dano emergente e pelo lucro cessante. O dano emergente é a diminuição imediata
no patrimônio da vítima. O lucro cessante é quando o evento danoso compromete a renda futura da
vítima, o que razoavelmente se deixou de lucrar. É preciso falar em lucro líquido cessante, porque
na sua quantificação é preciso abater as despesas que a vítima teria na normalidade.
Dano emergente, também chamado positivo, importa efetiva e imediata diminuição no
patrimônio da vítima em razão do ato ilícito. O dano emergente é aquilo que a vítima
efetivamente perdeu. A mensuração do dano emergente não enseja maiores dificuldades. Via de
regra, importará no desfalque sofrido pelo patrimônio da vítima, sendo a diferença do valor do
bem jurídico entre aquele que ele tinha antes e depois do ato ilícito. Dano emergente é tudo
aquilo que se perdeu, sendo que, em regra, a indenização será suficiente para a restituição integral.
Lucro cessante ocorre porque o ato pode não produzir apenas efeitos diretos e imediatos no
patrimônio da vítima (dano emergente), mas também mediatos ou futuros, reduzindo ganhos,
impedindo lucros e assim por diante. O lucro cessante é a consequência futura de um fato já
ocorrido. Se o objeto do dano é um bem ou interesse já existente, é o dano emergente. Tratando-se de
bem ou interesse futuro, ainda não pertencente ao lesado, é o lucro cessante. O lucro cessante é a
perda do ganho esperado, na frustração da expectativa de lucro, na diminuição potencial do
patrimônio, podendo decorrer da paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da vítima ou
frustração daquilo que era razoavelmente esperado.
Aplicada à atividade médica, a teoria ficou conhecida como teoria da perda de uma chance de
cura ou de sobrevivência, em que o elemento que determina a indenização é a perda de uma chance
de resultado favorável no tratamento. O que se perde é a chance de cura e não da continuidade da
vida. A falta reside em não se dar ao paciente todas as chances de cura ou de sobrevivência. O
problema gira em torno do nexo causal entre a atividade médica (ação ou omissão) e o resultado
danoso consiste na perda da chance de sobrevivência ou cura. A atividade médica, normalmente
omissiva, não causa a doença ou morte do paciente, mas faz com que o doente perca a possibilidade
de que a doença possa vir a ser curada. A omissão médica, embora culposa, não é, a rigor, a causa
do dano; apenas faz com que o paciente perca uma possibilidade. Se há erro médico, então não é
perda de uma chance, mas sim dano direito causado pelo médico.
CONDUTA MÉDICA OMISSIVA = PERDA DE UMA CHANCE
ERRO MÉDICO = DANO DIRETO
2.3.2. Dano Moral
O homem é titular de relações jurídicas que, embora despidas de expressão pecuniária
intrínseca, representam para o seu titular um valor maior, por serem atinentes à própria
natureza humana. São os direitos da personalidade, que ocupam posição supraestatal, dos quais
são titulares todos os seres humanos a partir do nascimento com vida. São direitos inatos,
reconhecidos pela ordem jurídica e não outorgados, atributos inerentes à personalidade, tais
como o direito à vida, à liberdade, à saúde, à honra, ao nome, à imagem, à intimidade, à privacidade,
enfim, à própria dignidade da pessoa humana. A dignidade humana é um dos fundamentos do nosso
Estado Democrático de Direito. Em sentido estrito dano moral é violação no direito à dignidade.
Em sentido amplo. O dano moral envolve diversos graus de violação dos direitos da
personalidade, abrange todas as ofensas às pessoas, considerada esta em suas dimensões
individual e social, ainda que a dignidade não seja arranhada.
O dano moral não mais se restringe à dor, tristeza e sofrimento, estendendo a sua tutela a
todos os bens personalíssimos, razão pelo qual, de forma abrangente, é uma agressão a um bem ou
atributo da personalidade. O dano moral é insuscetível de avaliação pecuniária, podendo apenas
ser compensado com a obrigação pecuniária imposta ao causador do dano, sendo esta mais uma
satisfação do que uma indenização.
De acordo com Sérgio Cavalieri Filho (2015, p. 110)
O dano moral consiste “[...] consiste em uma agressão a um bem ou atributo da
personalidade”.
Engloba os direitos à integridade física (à saúde, à vida, ao corpo etc.); e à integridade
moral (à vida privada, à honra, à intimidade, à imagem).
Sentido amplo: Violação de algum direito ou atributo da personalidade
Sentido estrito: Violação do direito à dignidade
“[...] o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode
haver ofensa à dignidade da pessoa humana sem dor, vexame, sofrimento, assim como pode
haver dor, vexame e sofrimento sem violação da dignidade. Dor, vexame, sofrimento de
humilhação podem ser consequências e não causas. Assim como a febre é o efeito de uma
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agressão orgânica, a reação psíquica da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver
por causa uma agressão à sua dignidade”. (CAVALIERI FILHO, 2015, P. 117-119)
Ressarcimento ≠ Compensação
(Dano material) (Dano moral)
se coaduna com o posicionamento adotado por esta Casa. […] (STJ - AgRg no AREsp 362.136/SP,
Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 03/03/2016, DJe 14/03/2016)
Inexistência de dano moral por fato constitutivo de direito
CÓDIGO CIVIL - Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DECISÃO MANTIDA.
DANO MORAL. COMPROVAÇÃO. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. ENUNCIADO 7 DA
SÚMULA DO STJ. NOTITIA CRIMINIS. APURAÇÃO. REPARAÇÃO CIVIL. NÃO
CABIMENTO. ENTENDIMENTO ADOTADO NESTA CORTE. VERBETE 83 DA SÚMULA
DO STJ. APRECIAÇÃO PELA ALÍNEA "C". INVIABILIDADE. NÃO PROVIMENTO. […] 2. A
notitia criminis, desde que não caracterizada má-fé, enquadra-se no exercício regular de
direito, não ensejando qualquer reparação civil. 3. O Tribunal de origem julgou nos moldes da
jurisprudência pacífica desta Corte. Incidente, portanto, o enunciado 83 da Súmula do STJ. […]. 5.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(ATJ - AgRg no AREsp 80.952/ES, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 03/10/2013, DJe 18/10/2013)
A prova do dano moral
Ofensa grave = presunção de dano (provado o fato, o dano se configura “in re ipsa”)
PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. TELEFONIA. COBRANÇA INDEVIDA. REPETIÇÃO EM DOBRO.
ENGANO JUSTIFICÁVEL. SÚMULA 7/STJ. DANO MORAL. COMPROVAÇÃO. SÚMULA
7/STJ. 1. A jurisprudência desta Corte, interpretando o art. 42 do CDC, estabelece que o engano
é considerado justificável quando não decorre de dolo ou culpa na conduta do prestador de
serviço. Na hipótese, não é possível aferir a existência dos mencionados aspectos subjetivos
sem novo exame dos fatos e das provas constantes do autos. Incidência da Súmula 7/STJ. 2. A
inscrição indevida do nome do usuário de serviço público em cadastro de inadimplentes
gera o direito à indenização independentemente da comprovação do dano moral, que, na
hipótese, é in re ipsa. Essa solução, porém, não é a mesma aplicável à situação em que inexiste
qualquer ato restritivo de crédito, mas apenas falha na prestação ou cobrança do serviço.
Nesse caso, conforme a regra geral, o dano moral deve ser demonstrado, não presumido. […].
(AgRg no AREsp 672.481/RS, Rel. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA
CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 04/08/2016, DJe 12/08/2016)
Legitimação para pleitear o dano moral
CÓDIGO CIVIL - Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem
excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da
família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em
conta a duração provável da vida da vítima.
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Intransmissibilidade
Teorias Transmissibilidade condicionada
Transmissibilidade incondicionada
CC – Art. 943
– Transmissão do direito à indenização por dano moral, e não do próprio dano moral.
Arbitramento do dano moral
Razoabilidade e proporcionalidade
Reprovabilidade da conduta ilícita, intensidade e duração do sofrimento experimentado pela
vítima, capacidade econômica do causador do dano, condições sociais do ofendido etc.
O dano não pode ser fonte de lucro. A razoabilidade, proporcionalidade, é média, do homem médio,
homem ponderado.
Dano moral punitivo
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. HOMICÍDIO E
TENTATIVA DE HOMICÍDIO. ATOS DOLOSOS. CARÁTER PUNITIVO-PEDAGÓGICO E
COMPENSATÓRIO DA REPARAÇÃO. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE NA
FIXAÇÃO. […] 1. Na fixação do valor da reparação do dano moral por ato doloso, atentando-se
para o princípio da razoabilidade e para os critérios da proporcionalidade, deve-se levar em
consideração o bem jurídico lesado e as condições econômico-financeiras do ofensor e do ofendido,
sem se perder de vista o grau de reprovabilidade da conduta e a gravidade do ato ilícito e do dano
causado. 2. Sendo a conduta dolosa do agente dirigida ao fim ilícito de ceifar as vidas das vítimas, o
arbitramento da reparação por dano moral deve alicerçar-se também no caráter punitivo e
pedagógico da compensação. 3. Nesse contexto, mostra-se adequada a fixação pelas instâncias
ordinárias da reparação em 950 salários mínimos, a serem rateados entre os autores, não sendo
necessária a intervenção deste Tribunal Superior para a revisão do valor arbitrado a título de danos
morais, salvo quanto à indexação. […]. (STJ - REsp 1300187/MS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 28/05/2012)
2.3.2.3. Dano moral contra pessoa jurídica
Honra subjetiva (repercussão social da honra: reputação)
Honra subjetiva (autoestima, o que cada um pensa a respeito de si)
CÓDIGO CIVIL - Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade.
STJ – SÚMULA N.º 227. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
se as manifestações da recorrida na rede social Facebook têm o condão de configurar dano moral
indenizável à pessoa jurídica recorrente. 2. Ao disponibilizarem informações, opiniões e comentários
nas redes sociais na internet, os usuários se tornam os responsáveis principais e imediatos pelas
consequências da livre manifestação de seu pensamento, a qual, por não ser ilimitada, sujeita-lhes à
possibilidade de serem condenados pelos abusos que venham a praticar em relação aos direitos de
terceiros, abrangidos ou não pela rede social. 3. Os danos morais podem referir-se à aflição dos
aspectos mais íntimos da personalidade ou à valoração social do indivíduo no meio em que vive e
atua. A primeira lesão reporta-se à honra subjetiva, a segunda à honra objetiva. 4. A pessoa jurídica,
por não ser uma pessoa natural, não possui honra subjetiva, estando, portanto, imune às violências a
esse aspecto de sua personalidade, não podendo ser ofendida com atos que atinjam a sua dignidade,
respeito próprio e autoestima. 5. Existe uma relação unívoca entre a honra vulnerada e a modalidade
de ofensa: enquanto a honra subjetiva é atingida pela atribuição de qualificações, atributos, que
ofendam a dignidade e o decoro, a honra objetiva é vulnerada pela atribuição da autoria de fatos
certos que sejam ofensivos ao bom nome do ofendido, sua fama e sua reputação no meio social em
que atua. Aplicação analógica das definições do Direito Penal. 6. Na hipótese em exame, não tendo
sido evidenciada a atribuição de fatos ofensivos à reputação da pessoa jurídica, não se verifica
nenhum vilipêndio a sua honra objetiva e, assim, nenhum dano moral passível de indenização. 7.
Recurso especial conhecido e não provido. (STJ - REsp 1650725/MG, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/05/2017, DJe 26/05/2017)
Direitos Coletivos
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Aspecto subjetivo: Indeterminação dos titulares; inexistência de relação jurídica base entre os
titulares.
Aspecto objetivo: Indivisibilidade do bem jurídico (uma única ofensa é suficiente para a
lesão de todos os consumidores, e igualmente a satisfação de um deles, por exemplo,
mediante a retirada de produtos demasiadamente nocivo do mercado, beneficia ao mesmo
tempo todos eles. (Kazuo, Watanabe, 2005, p. 802)
Exemplos:
Publicidade enganosa ou abusiva (CDC, art. 37)
Produtos com alto risco de periculosidade à saúde ou segurança do consumidor (CDC, art.
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Direitos coletivos em sentido estrito
CDC - Art. 81. Omissis.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
[...].
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe
de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
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Aspecto subjetivo: determinabilidade dos titulares, seja por meio da relação jurídica base
que os une, seja por meio do vínculo jurídico que os liga à parte contrária (elemento de
distinção em relação aos direitos difusos).
De acordo com Kazuo Watanabe (2005, p. 803):
Essa relação jurídica base é a preexistente à lesão ou ameaça de lesão do interesse ou direito
do grupo, categoria ou classe de pessoas. Não a relação jurídica nascida da própria lesão ou da
ameaça de lesão (p. 803).
• Aspecto objetivo: indivisibilidade do bem jurídico.
Exemplos:
Boa qualidade do fornecimento dos serviços públicos essenciais, como água,
energia elétrica, gás etc.
Não reajuste abusivo da mensalidade escolar.
Anulação de cláusula contratual abusiva.
Direitos individuais homogêneos
CDC - Art. 81. Omissis.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
[...].
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes
de origem comum.
Art. 5º Omissis.
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
[…].
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
CÓDIGO CIVIL - Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração
da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815 - biografias)
STJ – SÚMULA N.º 403. Independe de prova do prejuízo a indenização pela
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais.
CF – Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
[…]
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
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[…]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
[…]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
Direito ao esquecimento
2.3.3. Liquidação do dano – Critérios para quantificação
Indenização pela morte de filho menor – dano material presumido (pais de baixa
renda)
Indenização por redução da capacidade laborativa de aposentados e pensionistas
Critério da equidade
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CC - Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não
terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
CC - Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
CC - Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da
coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a
título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente
ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa,
estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se
avantaje àquele.
CC - Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na
reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz
fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias
do caso.
CC - Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no
pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder
provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I - o cárcere privado;
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III - a prisão ilegal.
Morte da vítima
CC - Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras
reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da
família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em
conta a duração provável da vida da vítima.
CC - Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer
o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização,
além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença,
incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
da depreciação que ele sofreu.
Juros de mora
STJ – Súmula n.º 54 Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso
de responsabilidade extracontratual.
Revisão do pensionamento
Prescrição
CC - Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Art. 206. Prescreve:
§ 3o Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil;