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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE __.

Processo nº __

Felipe, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, perante Vossa


Excelência, por meio de seu advogado, apresentar, com fulcro no art. 403, § 3º,
do CPP, ALEGAÇÕES FINAIS ESCRITAS/MEMORIAIS, pelas razões de fato e
direito a seguir expostas:

I - Dos fatos

Deve-se expor todos os fatos importantes do processo.

Felipe foi denunciado pelo Ministério Público do Estado por ter supostamente praticado
o crime de roubo majorado, previsto no artigo 157, § 2º, inciso VII, do CP, pois subtraiu
coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, causada pelo emprego de uma faca. Segundo se apurou, o acusado abordou a
vítima Francine, portando um objeto embaixo da blusa e dizendo a vítima que se ele não
lhe entregasse a bolsa ele a “furaria. Após a vítima lhe entregar a bolsa, o autor teria
fugido do local.

A denúncia foi oferecida apresentando três nomes para serem ouvidos, a própria vítima
e os dois policiais que atenderam a ocorrência. A defesa de Felipe foi apresentada,
contudo o MM.º Juiz da 5ª Vara Criminal da Comarca negou o pedido de absolvição
sumária. Em sede de instrução, a vítima narrou que não viu a arma, pois estava debaixo
da blusa, mas que se assustou e garantiu que o réu estava armado com uma faca.
Afirmou ainda que embora não possa precisar ser Felipe o autor do crime, todas as
características batem com as dele. As duas testemunhas de acusação, que foram ouvidas
após as testemunhas de defesa, mesmo com protestos do advogado de defesa, narraram
que não foi possível apreender a arma, pois, provavelmente, o acusado já havia se
desfeito dela, o que impediu atestar a existência da arma. Também argumentaram que
não viram Felipe, pois o praticante do delito desapareceu depois do crime. As
testemunhas da defesa, que foram ouvidas após das testemunhas de acusação, disseram
que Felipe sempre foi uma pessoa gentil, de família, que estava passando por sérias
dificuldades financeiras, mas que nunca tinha cometido algum delito e que não sabem se
ele andava com alguma arma. Em sede de interrogatório, Felipe, negou o fato, pois
afirma que estava viajando no dia, inclusive apresentou um bilhete de rodoviária junto a
sua defesa do mesmo dia e horário dos fatos, emitido inclusive em seu nome.

É o breve relato.

II - Preliminarmente

É o ensinamento de DAMÁSIO EVANGELISTA DE JESUS, que ao comentar o novo


texto do artigo 400, do Código de Processo Penal, sustenta que a ordem de ouvida entre
testemunhas de acusação e defesa, bem como para o interrogatório judicial, não pode
ser invertida, caso seja expedida Carta Precatória: “A audiência a que alude o “caput”
concentra, de regra, a colheita de toda a prova oral. Assim, deve se dar, nesta ordem, a
inquirição do ofendido (sempre que possível), a oitiva das testemunhas de acusação (até
o limite de oito), seguida das de defesa (observando-se o mesmo limite) e do
interrogatório do réu. Somente se admite a inobservância desta ordem na hipótese do
art. 222, isto é, oitiva de testemunha por carta precatória. Entendemos, contudo, que
mesmo neste caso deve se preservar a ordem de colheita da prova, de modo que antes de
serem ouvidas as testemunhas de defesa, todas as de acusação já devem ter sido
inquiridas. De ver que esta ordem na produção da prova não é decorrência, pura e
simplesmente, de comando legal, mas deriva diretamente dos princípios constitucionais
do contraditório e da ampla defesa.” ,

Mesmo sob os protestos do advogado do réu, houve inversão da ordem as provas, tendo
sido ouvidas as testemunhas da defesa primeiro e somente após as da acusação.
Desse modo, em consonância ao art. 564, IV do CPP, requer seja reconhecida a
nulidade do feito, anulando-se os atos praticados, retornando-se o processo ao início
para oferta do benefício em tela, direito subjetivo do acusado.

III - Do mérito

O réu não praticou o fato a ele imputado.

Conforme se observa dos autos, a vítima não reconheceu o acusado como o autor da
infração penal.

Além disso, as testemunhas não recordam da ocorrência em tela, tendo o acusado


negado a autoria. Há prova de que o acusado estava viajando na data dos fatos, como se
comprova no bilhete de rodoviária juntado pela defesa onde se atesta a emissão do
mesmo dia e horário dos fatos.

Como se sabe, para haver condenação, a prova deve ser robusta, não tendo a acusação
logrado provar, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, o fato denunciado.

Desse modo, requer a absolvição do réu, com fundamento no art. 386, IV ou VII,


do CPP.

IV- Do afastamento da majorante

A acusação imputa ao acusado o crime de roubo majorado pelo uso de arma branca,
tipificado no artigo 157, § 2º, inciso VII, do CP, pois teria se utilizado de uma arma para
cometer o crime. Sendo irreal tal versão dos fatos, pois não há nenhuma prova de que o
delito teria sido praticado realmente com uso de tal arma.

V- Da pena

O réu, na eventualidade de ser condenado, deverá ter a pena fixada no mínimo legal,
com há se observar a regra do artigo 68 que diz: A pena-base será fixada atendendo-se
ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Nos autos não há prova que qualquer das circunstâncias do artigo 59 do CP
desfavoráveis ao réu, portanto a pena base fixada na primeira fase do sistema trifásico
deve a mínima para o crime, ou seja, 04 anos, conforme artigo 157 do CP.
Não há nenhuma agravante nem atenuantes conforme analisados nos artigos: 61, 62, 65
e 66 todos do CP, portanto, a pena intermediária será mantida na pena base.
Não existem qualquer circunstância de aumento e de diminuição que possa interferir na
pena, logo, a pena final será igual a pena intermediária, que por sua vez, será igual a
pena base fixada no mínimo legal, ou seja, 04 anos para o crime de roubo simples.
Então a pena final para eventual condenação deverá ser de 04 anos.

VI - Dos pedidos

Isso posto, requer:

a) Que a audiência de instrução seja declarada nula de pleno direito na forma do artigo
564, inciso IV, do CPP, por ofensa a fórmula prevista no caput do artigo 400 do CPP.

b) Absolver, o acusado, nos termos do artigo 386, inciso IV, do CPP, por existir prova
de que o réu não participou da conduta delituosa;

C) Absolver o acusado, nos termos do artigo 386, inciso VII, do CPP, frente a ausência
de provas suficientes para indicarem ser ele o agente do delito;

D) Na eventual hipótese de condenação do réu, o que se admite apenas por amor ao


debate, requer afastamento da majorante do inciso VII, § 2º, do artigo 157 do CP,
condenando-o apenas por roubo simples, tipificado no artigo 157, caput, do CP,
arbitrando pena no mínimo legal e fixando regime aberto, nos termos do artigo 33, § 2º,
alínea c do CP.

Nesses termos, pede deferimento.

Local, 29 de março de 2021


Advogado

OAB

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