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No final do século XI, a sociedade feudal começava a apresentar sinais de

mudanças. A igreja, principal instituição da Europa ocidental, enfrentava


problemas com a corrupção de muitos de seus bispos e abades, que levavam
uma vida luxuosa e abandonavam suas obrigações religiosas. Nos feudos, uma
população cada vez mais numerosa não encontrava meios de produzir
alimentos suficientes para todos.
  
Nesse contexto, surgiram as Cruzadas, uma espécie de guerra santa
empreendida pelos católicos contra os muçulmanos que dominavam Jerusalém
e outras regiões consideradas sagradas pelos cristãos do Oriente Médio.

As cruzadas foram “guerras santas” legitimadas pela igreja e que para tanto
valeria muito a pena morrer por Deus, ou por assim dizer “pela igreja”. Essa foi
a principal ideia tendo em vista que os infiéis tomaram aquilo que na ótica da
igreja pertenciam a eles.

Em relação ao documento que consta no texto um, de Hilário Franco, a igreja


estava passando por problemas internos relacionados aos cruzados que
estavam guerreando entre si gerando muitos prejuízos para a igreja. É nesse
contexto que o Papa Urbano II convoca o concílio de Clermont e envia os
“brigões” para lutarem em favor da igreja contra os infiéis islâmicos para
recuperarem a terra santa e bem como o perdão eterno e também
recompensas maiores que lhes seriam concedidos.

No texto dois o documento de São Bernardo de Claraval destaca uma forma


parecida de pensamento descrita no primeiro texto no sentido de que morrer
por matar um infiel traria uma glória eterna, não sendo pecado o ato de matar
em nome do Senhor.

Ao compararmos os textos podemos perceber de forma clara que o poder


estava diretamente concentrado no papa, que usava a religião cristã para
basear suas ideias de que combatendo o infiel tudo era possível, sem qualquer
condenação ou ideia de pecado, e que suas contribuições nas cruzadas lhes
dariam direitos grandiosos.
A igreja usava o sentimento religioso de seus nobres e cavaleiros como arma
de incentivo bem como de controle e poderio também, fazendo-os entender
que a terra santa era um lugar rico e que ao retornarem iriam expandir tanto os
territórios da igreja como os seus próprios territórios.

Quando o texto diz “A terra que habitam é estreita e miserável, mas no território
sagrado do oriente há extensões de onde jorram leite e mel (...)” (FRANCO JR,
1999, p. 27), mostra claramente essa intenção de ampliação territorial para
igreja e toda a Europa e foi esse fator que determinou a ida desses homens
para as cruzadas.

Podemos notar claramente que havia um controle porque não dizer, “mental”
da igreja para com os indivíduos principalmente da camada mais nobre onde
eles deturpavam a doutrina bíblica em prol de suas vontades e chamavam isso
de bem maior.

Trazendo para a atualidade no que tange a tomada de território sob a bandeira


de uma religiosidade, assistimos pelos meios de comunicação em nossa
história recente sobre a intolerância religiosa onde no estado do Rio de Janeiro
o famigerado grupo intitulado como “bonde de Jesus” pertencente a uma
facção local destruía os terreiros de umbanda e se apropriava do terreno sobre
a bandeira da religião cristã em nome da denominação em que eles
supostamente pertenciam, para que o território voltasse para a mão dos
evangélicos, fato esse que mostra a devoção e ao mesmo tempo a deturpação
da doutrina bíblica para o seu próprio desejo o que não deixa de ser um bem
comum para uma bandeira religiosa.

Em contra partida vemos também a união na esfera política e religiosa na


corrida para a fabricação das vacinas de combate a Covid-19 não importando a
crença religiosa mais sim a imunização global para a contenção e prevenção
da doença.

Podemos então concluir que as cruzadas tiveram um lado muito ruim, porém,
devemos admitir que se não estivessem acontecido não haveria a expansão
territorial da Europa Ocidental. Os documentos históricos como os descritos
para a construção desta atividade são de suma importância para nos ajudar a
compreender porque determinados fatos aconteceram e para qual fim foram
estabelecidos.

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