Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SALVADOR
2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
SALVADOR
2020
Para abordar a temática do amor na modernidade é importante relatar do quanto que a
sociedade e a família se modificou nos últimos anos e foi influenciada por diversos fatores,
como por exemplo, mudanças como a entrada da mulher no mercado de trabalho, as uniões
homoafeitvas; o uso da pílula anticoncepcional; o recasamento, adoção, crianças sendo
criadas por avós, pai/mães solteiros. Essas e outras transformações em que a sociedade
vivenciou/ vivencia modifica o contexto familiar. O amor permeia todas as relações, pois pode
se falar de amor à nação, ao trabalho, amigos, família, o amor ao próximo e a Deus e ele é
primordial para tornar a relação mais humanizada.
Na medida em que a sociedade foi evoluindo, relações familiares também se modificaram,
pois não se fala abertamente sobre o amor no âmbito familiar, e percebe-se o quanto que as
pessoas estão ocupadas e menos presentes na relação com o outro; e é a partir dessa falta
de comunicação que surgem os conflitos.
Segundo Anton (2020), identificar, reconhecer, aceitar e legitimar, expressar sentimentos
e emoções é uma arte e facilita tudo. Na relação entre os membros da família é fundamental
expressar os sentimentos e exercer a comunicação de forma assertiva e dialógica.
Para Boturi (2009) a força do amor, vivida como forma singular de existência está, de fato,
na íntima convicção de que tem em si mesmo sua razão enquanto modo excelente de livre
vontade. Ele aborda o fato da transição do amor, e que este não fique a mercê da
espontaneidade e o grau de reflexividade, pois o sentimento é diferente da emoção.
Os autores afirmam o quanto é importante utilizar a clareza diante das relações devido a
erros de comunicação existentes no espaço relacional. Na contemporaneidade não existe
mais espaço para expressar os sentimentos, pois muitos confundem, por exemplo, a tristeza
como sinônimo de fraqueza, e a raiva como algo proibido na sociedade; por isso observa-se o
quanto que as pessoas sentem-se “perdidas” ao expressar o amor. Observa-se também na
sociedade uma certa dificuldade em comprometer-se com o outro devido a liquidez das
relações como afirma Baumam. Observa-se nas relações uma efemeridade.
A condição do homem contemporâneo, de fato, favorece a de composição dos
elementos constitutivos da experiência humana, na qual tem grande peso a
decomposição da razão e dos afetos. O prevalecer social da racionalidade
analítica e calculadora técnico-científica tende a assimilar cada forma de
racionalidade e a estranhar o afetivo na esfera relaciona; a afetividade, por sua
vez, sendo sempre menos em comunicação com critérios racionais ontológicos e
axiológicos, se desenvolve em termos sempre mais subjetivos e anônimos
(BOTTURI, 2013, p. 137 apud FORNASIER 2016)
O amor deve ser vivido da forma mais plena possível e isso proporciona no ser
humano liberdade para amar. Muitas pessoas na atualidade não conseguem exercer o
amor de forma genuína, onde as pessoas são tratadas como objetos nas relações. Dessa
forma, é importante levar em consideração que o homem é um ser relacional que precisa
do outro para confirmar a sua existência e da família, por ser esta um espaço social de
relação tão importante para o mesmo. Assim, é necessário que exista a doação, a entrega
e o exercício do perdão diante das relações. Assim sendo, é importante considerar que o
amor deve fazer parte de todas as relações, desde que o afeto e o vínculo não fiquem a
mercê da sua espontaneidade.
Os meios de comunicação, ao mesmo tempo que auxiliam no dia a dia das
pessoas, também as distancia; e isso acontece quando os coloca como figura em sua
rotina e o ser humano esquece de olhar a “beleza” que há por trás do não visto e nem
falado nas relações. Dessa forma é fundamental exercer diariamente uma conexão no
âmbito das relações familiares e proporcionar que a comunicação ocorra de forma
assertiva e empática, e principalmente baseada no respeito para com o próximo.
O amor, na medida que vai se tornando autêntico, puro e genuíno na relação e no
querer bem do outro, vai ser tornando uma experiência de contato mais profunda e
verdadeira possível para o ser humano. A modernidade tem feito que esse sentimento de
querer bem se torne mais difícil diante das relações imediatistas e diante do egocentrismo
do homem. Por isso surge a importância de refletir como se está exercendo o amor diante
das relações, e isso é fundamental ao se relacionar com o outro. O amor que deve ser
também baseado no perdão e na aliança com o outro, principalmente quando se trata da
relação conjugal. O ato de perdoar o outro é uma dádiva, mas é importante que esse
perdão ocorra de forma genuína e verdadeira, algo que tornou-se fragilizado com a
modernidade.
A modernidade, ao mesmo tempo que aproxima as pessoas, também as distancia;
o que torna diferente é a forma de como o ser humano está exercendo o amor nas suas
relações.
REFERÊNCIAS