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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 9ª

VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA/GO

PROCESSO Nº 0011410-75.2018.5.18.0009
RECLAMANTE: JEFFERSON MOTA DE MELO
RECLAMADO: REDEMOB CONSÓRCIO

REDEMOB CONSÓRCIO, consórcio operacional sem fins


lucrativos, inscrito no CNPJ sob o nº 10.636.142/0001-01, com sede na
Avenida Independência, nº 4.533, Centro, Goiânia/GO, por intermédio de seus
procuradores que esta subscrevem vem à presença de Vossa Excelência, com
respeito e acatamento costumeiros, apresentar CONTESTAÇÃO aos pedidos
formulados na inicial, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

Para evitar manifesto prejuízo processual e eventual nulidade


futura, requer sejam as intimações realizadas exclusivamente mediante
publicação no Diário da Justiça e/ou Diário Oficial, em todas as instâncias,
endereçadas exclusivamente à advogada Dra. Margareth Feitas Silva,
inscrita na OAB/GO sob o nº 21.362, nos termos do art. 236, § 1º do CPC,
aplicável ao processo do trabalho.

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UNIDADES: GOIÂNIA – BRASÍLIA – CURITIBA
Rua 84 esq.c/ Rua 104 | nº 494 | Quadra: F-23 |Lote: 42 | Setor Sul | Goiânia | GO
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I – SÍNTESE PROCESSUAL

O Reclamante alega que apesar do pagamento das verbas


rescisórias dentro do prazo legal, não houve a entrega dos documentos
rescisórios ao mesmo, dentro do prazo dos 10 (dez) dias, acarretando assim a
multa do Art. 477, § 6º da CLT.

Sem razão.

II – DO MÉRITO

1 – DA ADMISSÃO, FUNÇÃO, REMUNERAÇÃO E DATA DA DISPENSA

A Reclamante foi admitida em 01 de outubro de 2.016, para a


função de Controlador da Operação.

O último salário percebido foi de R$ 2.104,72 (dois mil, cento


e quatro reais e setenta e dois centavos).

O Reclamante foi dispensado imotivadamente em 10 de


outubro de 2.018, recebendo as verbas rescisórias.

2 – DO PAGAMENTO E DOCUMENTOS

De início ressalte que o pagamento das verbas rescisórias


ocorreu em 18/10/2018. Inobstante, a multa que leciona o § 8º do Art. 477
da CLT só é devida caso o pagamento não seja efetuado dentro do prazo,
e não pela falta de entrega dos documentos como requer o Reclamante. O
que aliás também ocorreu.
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A alteração da CLT não mudou o entendimento do nosso
E. Tribunal Regional, que tem sua jurisprudência pacificada quanto ao
tema. Vejamos:

MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. INOCORRÊNCIA.


Demonstrado o adimplemento temporâneo das verbas
rescisórias, descabida a pretensão relativa ao pagamento
da multa do artigo 477 da CLT, ainda que a homologação
da rescisão pelo sindicato e a entrega das guias de TRCT
tenham ocorrido a destempo. (TRT18, ROPS - 0010315-
5.2016.5.18.0001, Rel. WELINGTON LUIS PEIXOTO, 1ª
TURMA, 22/08/2016)

=====

" MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. PAGAMENTO DAS


VERBAS RESCISÓRIAS DENTRO DO PRAZO LEGAL.
ATRASO NA HOMOLOGAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. A multa
do art. 477, § 8º, da CLT, só é cabível se, por culpa do
empregador, houver efetivo atraso no pagamento das
verbas rescisórias, não atraindo a aplicação da penalidade
o fato de a homologação não ter ocorrido no prazo do § 6º
do art. 477 consolidado " (SÚMULA 20 DO TRT 18ª
REGIÃO). (TRT18, RO - 0011132-10.2014.5.18.0011, Rel.
IARA TEIXEIRA RIOS, 3ª TURMA, 09/02/2015)

Tal preceito se baseia ainda no entendimento do C. TST


que, uma vez demonstrado o adimplemento temporâneo das verbas
rescisórias, descabida a pretensão relativa ao pagamento da multa do

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artigo 477 da CLT, ainda que a homologação da rescisão pelo sindicato
e/ou a entrega das guias e TRCT tenham ocorrido a destempo.   Vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. ATRASO NA
HOMOLOGAÇÃO DA RESCISÃO CONTRATUAL. Efetuado
o pagamento dentro do prazo estabelecido na lei, não há
falar em pagamento da multa do § 8º do referido artigo,
ainda que a homologação se dê posteriormente ou que as
guias do FGTS sejam entregues fora do aludido prazo.
Logo, tem-se que o fato gerador da multa do art. 477, § 8º,
da CLT é o atraso na quitação das verbas rescisórias e não
a homologação da rescisão. Precedentes da SBDI-1 nesse
sentido. [...] Agravo de instrumento a que se nega
provimento. (AIRR 1688009220065020262, Relator(a): Valdir
Florindo, Órgão Julgador: 2ª Turma, DEJT 04/10/2013)  

Apesar de não carecer mais a homologação pelo Sindicato,


ainda carece de “homologação” aceitação pelo trabalhador, o qual deve
assinar o TRCT. Com efeito, o preceito ainda continua o mesmo. Uma vez
efetuado o pagamento dentro do prazo, não há que falar em multa por
entrega das guias fora do prazo de 10 (dez) dias.

Recentemente o TST convalidou o referido entendimento,


mesmo com as alterações trazidas pela Lei 13.467/2017. Vejamos a
decisão neste sentido:

VINCULAÇÃO AO EFETIVO PAGAMENTO.


HOMOLOGAÇÃO TARDIA DA RESCISÃO CONTRATUAL.
A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais deste
Tribunal Superior, ao interpretar o art. 477 e parágrafos da
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CLT, firmou entendimento de que o fato gerador da multa
prevista no § 8º do citado dispositivo está vinculado,
exclusivamente, ao descumprimento dos prazos
estipulados em seu § 6º, e não ao atraso da homologação
da rescisão contratual. Assim, efetuado o pagamento das
verbas rescisórias no prazo previsto no art. 477, § 6º, da
CLT, tem-se por cumprida a obrigação legal por parte do
empregador, sendo indevida a multa fixada no § 8º, ao
fundamento de que a homologação da rescisão contratual
ocorreu fora daquele prazo.
Recurso de revista parcialmente conhecido e provido.
(TST-RR-1326-52.2011.5.03.0114 – Relator: WALMIR
OLIVEIRA DA COSTA – Julgado em 28/02/2018 – Publicado
em: 02/03/2018)

Com efeito, tal entendimento ainda não foi alterado, pois o


princípio é o mesmo, ainda que diante da reforma da CLT.

Registre que nosso E. Tribunal Regional tem súmula


editada para o caso. Vejamos:

Súmula nº 20 do TRT18:

MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. PAGAMENTO DAS


VERBAS RESCISÓRIAS DENTRO DO PRAZO LEGAL.
ATRASO NA HOMOLOGAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA.
A multa do art. 477, § 8º, da CLT, só é cabível se, por culpa
do empregador, houver efetivo atraso no pagamento das
verbas rescisórias, não atraindo a aplicação da penalidade
o fato de a homologação não ter ocorrido no prazo do § 6º
do art. 477 consolidado. (RA nº 77/2011, DJE - 26.08.2011 -
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Alterada pela RA nº 90/2012, DJE - 17.10.2012, 18.10.2012 e
19.10.2012)

Assim, a multa é devida somente em caso de não haver o


pagamento das verbas, e, mesmo segundo a nova sistemática, somente
quando houve a comprovação de prejuízo ao empregado, o que não
ocorre no presente caso.

Cabe demonstrar ainda que o Reclamante não sofreu qualquer


prejuízo pelo fato da homologação e entrega dos documentos ter ocorrido no
11º dia após o desligamento.

As verbas rescisórias devidas foram pagas no dia 18/10/2018,


com antecedência em relação ao prazo legal estipulado pela CLT (doc. junto).

Observa-se ainda pelo extrato do FGTS em anexo, que o


Reclamante no dia 19/10/2018 se dirigiu a uma das agências da Caixa
Econômica Federal, mesmo antes de receber o TRCT e a chave de
movimentação do FGTS, com seu cartão do trabalhador efetuou o saque do
saldo FGTS (mais de R$ 2.600,00), com exceção da multa, já que esta, só
seria liberada no dia 24/10/2018. Levando-se em conta ainda que no dia
anterior, 18/10/2018, o Reclamante havia recebido o acerto rescisório (mais de
R$ 9.000,00), não sofreu este nenhuma descontinuidade financeira ensejadora
de descrédito e/ou abalo.

Por fim, não há que falar em expedição de ofícios a


qualquer órgão, uma vez que o Reclamado está sustentado pelos
entendimentos sedimentados em nossos Tribunais e no Tribunal
superior, e, ainda, por não ter sido comprovado prejuízo algum ao
empregado, o qual recebeu suas verbas e documentos para o seguro

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desemprego e levantamento fundiário, o qual, aliás, já foi levantado pelo
Reclamante.

Com efeito, não há que falar em pagamento de multa pela


Reclamada.

3 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O Reclamante pleiteia o pagamento de honorários de


sucumbência.

Em que pese os argumentos do Reclamante, crê-se que a


presente Reclamação será julgada totalmente improcedente, devendo ser
na verdade condenado o Reclamante ao pagamento de honorários
sucumbenciais aos patronos do Reclamado.

Mesmo que fossem julgados procedentes os pedidos do


Reclamante, o que não se espera, o Reclamante não faria jus ao
percentual de sucumbência requerido, pois, segundo o Art. 791-A o
percentual de honorários deve observar não só êxito nos pedidos, mas
também a proporcionalidade e razoabilidade, frente à matéria discutida,
sua complexidade e zelo dispendido pelo patrono.

Ainda, o Reclamado pode decair em parte mínima dos


pedidos, e com isto o Reclamante não faria jus a qualquer percentual ao
seu patrono, mas sim, pagaria os honorários aos patronos do Reclamado
por esta decair minimamente nos pedidos.

Assim, improcede o pedido de honorários advocatícios


para a patrona do Reclamante. Caso ocorra condenação neste sentido, o

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que não se espera, mas argumenta-se, deve ser observada a gradação
mínima para a presente lide, observado ainda o limite legal.

III – DOS PEDIDOS

Ex positis, REQUER o acolhimento das matérias de defesa,


para ao final:

a) seja julgado TOTALMENTE IMPROCEDENTE o pedido


de pagamento de multa do Art. 477, § 8º da CLT;

b) Seja julgado IMPROCEDENTE o pedido de


pagamento de honorários sucumbenciais, devendo o
Reclamante arcar com o ônus sucumbenciais, ainda
que o Reclamado decaia em parte mínima do pedido
inicial;

c) Caso haja condenação do Reclamado, que os


horários sejam arbitrados dentro do limite legal, de
acordo com a proporcionalidade e razoabilidade que
o caso espera;

d) Que todas as intimações sejam realizadas em nome


da Dra. Margareth Feitas Silva, inscrita na OAB/GO
sob o nº 21.362, sob pena de nulidade absoluta.

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Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos,
sem exceção de nenhum, em especial pelo depoimento pessoal da
Reclamante, sob pena de confesso (Enunciado 74 do TST) e a oitiva de
testemunhas, juntada de documentos, dentre outros que se fizerem
necessários.

Goiânia/GO, 26 de novembro de 2.018

Margareth Freitas Silva


OAB/GO 21.362

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