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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 2º JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.

Processo nº. 5415909.20.2018.8.09.0051


Requerente: BÁRBARA PAULA COSTA
Requerida: REDEMOB CONSÓRCIO LTDA.

REDEMOB CONSÓRCIO, pessoa jurídica de direito privado sem


fins lucrativos, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 10.636.142/0001-01, com sede na
Avenida Independência, nº 4.533, Quadra 134, Lote 31, Setor Central, CEP 74.055-
055, na cidade de Goiânia-GO, vem por meio de seus advogados e procuradores
que esta subscrevem, com endereço profissional na Rua 84 esquina com rua 104,
n.º 494, Quadra F-23, Lote 42 - Setor Sul - Goiânia-GO - CEP 74.080-400, onde
recebem as intimações forenses de estilo, à presença de Vossa Excelência
apresentar

CONTESTAÇÃO

pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir delineados:

I – DA SÍNTESE DA INICIAL

Pretende a Autora pleitear reparação de danos materiais


supostamente causados por um acidente de trânsito envolvendo seu veículo e um
ônibus coletivo.

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Do que extrai da inicial é que no dia 12/04/2018 uma pessoa
conduzindo seu veículo trafegava na pista da esquerda Avenida Feira de Santana, e
o suposto veículo deste Requerido trafegava pela faixa da direita na altura da
rotatória.

Alega que o suposto veículo deste Requerido teria fechado o


condutor de seu veículo na rotatória, abalroando seu veículo na lateral direita
jogando-o para fora da pista sobre a rotatória, sendo este Requerido responsável
pelo acidente e danos.

Alega que seu veículo teve avarias, apresentando três orçamentos,


e que não tem condições para arcar com o conserto, requerendo a condenação do
Requerido.

É em suma o resumo dos fatos da inicial.

III - PRELIMINARMENTE

1 – DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO REQUERIDO

De início deve-se ressaltar que este Requerido é parte


manifestamente ilegítima para figurar no polo passivo desta ação, visto que não
há nos presentes autos nenhuma comprovação da ocorrência de qualquer fato ou
procedimento incorreto ou inadequado de sua parte. A conduta narrada pela Autora
e a atividade desenvolvida pelo Requerido não guardam nenhum nexo de
causalidade com o fato e os supostos danos materiais alegados pela Autora.

Se a irresignação da Autora é contra o responsável que provocou


o ilícito, destaca-se que este Consórcio Requerido é parte ilegítima para figurar no
polo passivo da presente ação.

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Deve-se esclarecer que este Requerido não pode ser confundido
com as demais entidades que compõem o sistema de transporte da grande
Goiânia, devendo as atribuições e atividades desempenhadas pelo Requerido
serem devidamente delimitadas e esclarecidas evitando eventuais equívocos.

A RMTC é tudo aquilo que comporta o serviço de transporte público


coletivo, abrangendo a dimensão físico-espacial (vias, terminais, corredores);
logística (linhas, trajetos, horários, meios e forma de integração); de modelo de
operação e de acesso dos passageiros ao serviço (tarifas, forma de pagamento,
forma de controle), assegurando a universalidade, a acessibilidade e a mobilidade
da população. A seguir são enumerados os principais agentes que atuam na RMTC:

1. Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos da Região


Metropolitana de Goiânia (CDTC-RMG), órgão público colegiado que
constitui o Poder Concedente, composta por representantes do Estado
de Goiás, da Capital do Estado e dos municípios que compõem a RMG,
responsável pela formulação das políticas públicas do setor;
2. Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos – CMTC,
empresa pública que ostenta o papel institucional de braço executivo da
CDTC-RMG e que exerce a missão de entidade gestora pública da
RMTC, cabendo-lhe, dentre outras atribuições, o gerenciamento, o
controle e a fiscalização tanto da operação como da infraestrutura do
serviço;
3. Concessionárias: Rápido Araguaia Ltda., HP Transportes
Coletivos Ltda., Viação Reunidas Ltda., Cootego – Cooperativa de
Transportes do Estado de Goiás, e a estatal Metrobus Transporte
Coletivo S.A., responsáveis pela produção e execução dos serviços
ofertados na RMTC;
4. SET: Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de
Passageiros de Goiânia.

5. RedeMob Consórcio (antigo Consórcio da Rede Metropolitana


de Transportes Coletivos), formado em 2009, e atualmente
denominado Redemob Consórcio, tem como missão integrar a gestão

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operacional dos serviços compartilhados de transporte coletivo,
assegurando maior competitividade e mobilidade em toda a Rede.
Constituído como uma empresa privadana forma de consórcio
operacional e sem fins lucrativos, o Redemob Consórcio tem como
objetivo principalmissão “desenvolver soluções e serviços que
promovam o transporte público coletivo competitivo de qualidade para
uma mobilidade sustentável.” melhorar a qualidade do serviço de
transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia .

De acordo com a legislação vigente (LC 27/99), a Região


Metropolitana de Goiânia é constituída por agrupamentos de municípios limítrofes,
com o objetivo de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum, especificamente no caso em tela transporte coletivo
urbano de passageiros.

Criada em 30 de dezembro de 1.999 pela Lei Complementar


Estadual de número 27, a Região Metropolitana de Goiânia é a primeira do Centro
Oeste e do Brasil. Englobando dezoito municípios, a Região Metropolitana de
Goiânia ocupa uma área de 5.787 km². É a região mais expressiva do estado de
Goiás, contendo cerca de 35% (trinta e cinco por cento) de sua população total, um
terço de seus eleitores, cerca de 80% de seus estudantes universitários e
aproximadamente 36,5% de seu Produto Interno Bruto. De acordo com o IBGE, um
pouco mais de dois milhões de pessoas vivem nessa região metropolitana, o que faz
dela a10ª (décima) mais populosa do país.

Frente às sérias dificuldades enfrentadas pelos usuários do


Transporte Coletivo da Grande Goiânia, a CMTC (Companhia Municipal de
Transporte Coletivo), após minucioso estudo lançou Licitação para reestruturar o
sistema de transporte, buscando a melhoria da qualidade de vida da população.

Assim nasceu em 2009 o CRMTC - Consórcio da Rede


Metropolitana de Transporte Coletivo da Grande Goiânia, atualmente

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denominado REDEMOB CONSÓRCIO, tendo como missão integrar a gestão
operacional dos serviços compartilhados de transporte coletivo, assegurando maior
competitividade e mobilidade em toda a Rede Metropolitana (RMTC).

Constituído como uma pessoa jurídica privada e sem fins


lucrativos, ou seja, sem visar angariar lucros ou colocar serviços disponíveis no
mercado, o Redemob Consórcio, formado por todas pelas empresas
concessionárias do transporte púbico coletivo para prestar serviços às mesmas,
realizando de forma conjunta as seguintes atividades: a) provimento, manutenção e
operação de Central de Controle Operacional – CCO, destinado à unificação e
centralização do controle da operação dos serviços de transporte coletivo; b)
provimento, manutenção e operação de Serviço de Informações e Marketing – SIM;
e c) administração, operação, manutenção, limpeza, segurança e exploração
comercial dos terminais de integração e d) gestão e operação do sistema de
bilhetagem eletrônica. sendo:

ÁREA OPERACIONAL DO ARCO SUL – SUDOESTE: com 9 (nove) terminais: Araguaia, Isidória,
Cruzeiro, Vila Brasília, Veiga Jardim, Parque Oeste Industrial, Maranata, Garavelo e Terminal
Bandeiras

ÁREA OPERACIONAL DO ARCO OESTE - NOROESTE: com 4 (quatro) terminais: Goiânia Viva,
Vera Cruz, Recanto do Bosque e Trindade

ÁREA OPERACIONAL DO ARCO NORTE - LESTE: com 1 (um) terminal: Senador Canedo.

Com efeito, o Consórcio é pessoa jurídica distinta e


independente da RMTC, e foi criado pelas empresas concessionárias do transporte
púbico para prestar serviços às mesmas, realizando de forma conjunta as seguintes
atividades: a) provimento, manutenção e operação de Central de Controle
Operacional – CCO, destinado à unificação e centralização do controle da operação
dos serviços de transporte coletivo; b) provimento, manutenção e operação de
Serviço de Informações e Marketing – SIM; e c) administração, operação,
manutenção, limpeza, segurança e exploração comercial dos terminais de

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integração da RMTC em conformidade com os contratos de concessão firmados
individualmente por cada uma das concessionárias em 25/03/2008.

e suas constituintesEsclarecida a constituição e função deste


Requerido, tem-se que o mesmo ésendo responsável apenas pelo controle e
cumprimento da programação operacional do transporte coletivo, bem como
pela implantação de medidas que importem em melhorias ao sistema. Não
possuindo nenhum veículo coletivo (ônibus) sequer.

Como já adiantado, se a irresignação da Autora é contra os


responsáveis que supostamente provocaram o ilícito contra si, apresenta-se este
Requerido parte totalmente ilegítima para responder pelos fatos/atos narrados pela
Autora.

Recentemente este Requerido teve a seu favor decisão do juízo da


3ª Vara Cível da Comarca de Aparecida Goiânia, acatando a preliminar de
ilegitimidade passiva pelas razões ora expostas. Vejamos parte do julgado:

ACOLHO A PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA


APRESENTADA PELA RE REDEMOB CONSORCIO LTDA
(CONSORCIO DA REDE METROPOLITANA DE TRANSPORTES
COLETIVOS DA GRANDE GOIANIA) TENDO EM VISTA TER
DEMONSTRADO QUE, A DESPEITO DAS ALEGACOES DA PARTE
AUTORA, SE TRATA DE CONSORCIO QUE REALIZA APENAS
ATIVIDADES DE GESTAO E PROMOCAO DE MELHORIAS NA REDE
METROPOLITANA DE TRANSPORTE COLETIVO DA GRANDE
GOIANIA E, NAO SENDO CONCESSIONARIA DO SERVICO PUBLICO
DE TRANSPORTE OU REALIZANDO ATIVIDADES RELACIONADAS
AO FATO DO SERVICO, NAO POSSUI LEGITIMIDADE PARA FIGURAR
NO POLO PASSIVO DA DEMANDA1. FIXO, COM FULCRO NO ART.
3382, PARAGRAFO UNICO, DO CPC/2015, OS HONORARIOS DO
PROCURADOR DO REU EXCLUIDO, DR. JOAO BRAZ BORGES (FL. 71
E 9 4), EM 3% (TRES POR CENTO) DO VALOR DA CAUSA, A SEREM
PAGOS PELA AUTORA QUE, POR SER BENEFICIARIA DA

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GRATUIDADE JUDICIARIA, TEM A EXIGIBILIDADE DE SUAS
OBRIGACOES DECORRENTES DE SUA SUCUMBENCIAS USPENSA
PELO PRAZO DE 5 (CINCO) ANOS, NOS TERMOS DO ART. 98, 33 DO
CPC/2015.
...
(DRA. VIVIANE ATALLAH - JUIZA DE DIREITO – 3ª VARA CÍVEL
APARECIDA DE GOIÂNIA – PROCESSO N. 395871-03.2015.8.09.0011 –
AUTORA: MARIA VILMA ALVES DE SOUZA – REQUERIDAS: HP
TRANSPORTES e REDEMOB - DECISÃO EM 13/07/2017 – PUBLICADA
EM 17/07/2017)
(destaques nossos)

Isto demonstra à luz da Lei que, realmente, a responsabilização é


restrita tão somente às consorciada pelos atos praticados pelas mesmas e/ou seus
prepostos, não transcende à esfera do Consórcio, que em nada contribuiu ou
participou daquela celeuma, não podendo então ser alcançando este e muito menos
as demais empresas consorciadas.

Ainda, temos também magistrados reconhecendo a ilegitimidade do


Requerido não só pela ausência de ato ilícito praticado pela mesma, mas também
frente à sua própria personalidade jurídica (ou ausência desta conforme o caso),
entendendo que trata-se tão somente de uma simples união entre empresas.
Vejamos:

Poder Judiciário do Estado de Goiás


3ª Vara da Fazenda Pública Municipal e Registros Públicos

M-Processo digital: 0080120.89.2016.8.09.0051


Natureza: Procedimento Comum
Autor: MARTA REGINA PEREIRA DE BRITO
Requerido: MUNICIPIO DE GOIANIA
 
DESPACHO

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Primeiramente, acato a emenda a inicial de evento nº 10 para fixar o pedido de dano moral em
R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) e de dano estético em R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais), estabelecendo o valor da causa como sendo de R$ 742.428,74 (setecentos e quarenta
dois mil quatrocentos e vinte e oito reais e setenta e quatro centavos).

Como se sabe, o consórcio decorre de um contrato firmado entre duas ou mais


sociedades com atividades em comum e complementares, que objetivam juntar esforços
para a realização de determinado atividade ou empreendimento e, nos termos do artigo
278 da Lei nº. 6.404/76, o consórcio não possui personalidade jurídica.

Assim, intime-se a parte autora para, no prazo de 10 (dez) dias, emendar a inicial, uma vez
que o Consórcio da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos não tem personalidade
jurídica para estar em juízo, devendo fazer a correta indicação da pessoa jurídica a responder
pela ação.

Por fim, tendo em vista a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil ? Lei nº
13.105/2015, intime-se a parte autora para, no mesmo prazo, adaptar seu pedido de
antecipação de tutela aos moldes e procedimento das tutelas provisórias estabelecidas pelo
novo regramento.
Intime-se.
Goiânia, 29 de novembro de 2016.
JUSSARA CRISTINA OLIVEIRA LOUZA
Juíza de Direito

Com efeito, ainda que se levasse em conta o local do fato e que


a responsabilidade seria de terceiros. Este Requerido não pode responder por
atos de terceiros, vez que sua função está claramente delimitada, ou seja,
desenvolve papel predominantemente gerencial e fiscalizatório do sistema de
Transporte da Grande Goiânia, e, ainda, frente à sua própria personalidade jurídica:
Consórcio.

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Com efeito, a conduta do motorista do ônibus seria de total
responsabilidade da EMPRESA empregadora do mesmo. Ora, este Requerido
não pode responder por atos de terceiros, vez que como demonstrado com o
contrato de concessão e consolidação desta pessoa jurídica sua função está
claramente delimitada, desenvolvendo papel predominantemente gerencial e
fiscalizatório do sistema de Transporte da Grande Goiânia. Tal fato legitima sua
exclusão do processo sem julgamento do mérito, conforme delineia o artigo
485, VI do NCPC c/c artigo 51, II da Lei 9.099/95.

Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:


...
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:


...
II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou
seu prosseguimento, após a conciliação;

O 6º Juizado Especial Cível (“vizinho deste magistrado”) também já


decidiu quanto à ilegitimidade do Requerido para casos similares. Vejamos:

“...
MARIA DE LOURDES GOMES DA SILVA, devidamente qualificada,
propôs a presente ação nominada como indenização por danos físicos,
inicialmente em face de RMTC – CONSÓRCIO DA REDE
METROPOLITANA DE TRANSPORTE COLETIVO DA GRANDE
GOIÂNIA, igualmente qualificada.

Atribui à causa o valor de R$ 2.880,00.

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Posteriormente incluída no polo passivo a RÁPIDO ARAGUAIA LTDA.
em decorrência do esclarecido no termo da sessão conciliatória
constante da movimentação de nº. 08.

Narra a promovente que em agosto de 2012 veio a sofrer um acidente


no interior de um ônibus por negligência do motorista, o qual lhe causou
sequelas no joelho direito. Afirma que em 21/11/2013 novamente foi
vítima de negligência do motorista de um ônibus, o qual fechou a porta
de saída no momento que descia, tendo ficado presa, e após esta ser
aberta foi arremessada ao chão, sem que lhe fosse prestado qualquer
socorro.

Diz que em consequência deste último acidente terá que ter


acompanhamento fisioterápico por 24 meses, além da necessidade de
frequentar uma academia.

Pretende ser indenizada pelos custos de seu tratamento, o que


equivale a R$ 2.880,00, e, ainda, reparação pelos danos morais
decorrentes da situação vivenciada.

RMTC - CONSÓRCIO DA REDE METROPOLITANA DE


TRANSPORTE COLETIVO DA GRANDE GOIÂNIA ao contestar a
pretensão indenizatória apresenta consideração quanto às suas
atividades, esclarecendo “que conforme o serviço de transporte público
coletivo é responsável pela dimensão físico-espacial, vias, terminais,
corredores, logística, tarifas, forma de pagamento, forma de controle,
assegurando a universalidade e a acessibilidade e mobilidade da
população”.

Considerando o exposto, alega em preliminar ser parte ilegítima para


figurar no polo passivo da presente relação processual, pois não é
responsável pelos veículos das empresas que causaram os possíveis
acidentes que vitimaram a promovente.

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Enumera os cinco agentes que atuam na RMTC da Grande Goiânia,
entre eles as Concessionárias, representadas pelas empresas de
ônibus, responsáveis pela produção e execução dos serviços ofertados
pela ora contestante.
...
Ao analisar o processo, diante das preliminares de ilegitimidades
passivas deduzidas por ambas as promovidas, tendo por fundamento
os esclarecimentos prestados pela primeira concernente à sua
responsabilidade no sistema de transporte desta Capital e adjacências,
e o afirmado no depoimento da testemunha da parte promovente -
“(...) que estava no ônibus juntamente com a promovente quando
ocorreu o fato narrado na inicial. Que quem faz a linha 259 é a HP.
(...)”, o qual não identifica a segunda promovida como a empresa
responsável pelo veículo em que a promovente se encontrava,
indiscutível a falta de legitimidade de ambas para a ação proposta.

A pertinência da ação àquele que a propõe e em confronto com a


outra parte, à míngua de titularidade leva a extinção do processo
com base no art. 267, inc. VI, do Código de Processo Civil.

A titularidade se apura em vista da relação jurídica de direito material


em que surge o conflito de interesses.

Não pode a promovente propor ação de indenização relativamente


a acidente que a vitimou em desfavor das partes que não
concorreram para o mesmo, sendo identificada por sua própria
testemunha a empresa proprietária do ônibus em que ocorreu o
fato.

O ato comissivo ou omissivo atribuído a alguém devidamente


individualizado, de que resulta o advento de consequências que
prejudicam outrem, enseja aqui a reparação do dano pelo regime da
responsabilidade objetiva, contudo, são requisitos necessários a prova
do ato, do dano e do nexo de causalidade entre o ato e o dano.

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Ante o exposto, tenho MARIA DE LOURDES GOMES DA SILVA
carecedora do direito de ação em face das promovidas RMTC -
CONSÓRCIO DA REDE METROPOLITANA DE TRANSPORTE
COLETIVO DA GRANDE GOIÂNIA e RÁPIDO ARAGUAIA LTDA. e, em
consequência, julgo extinto o processo sem resolução do mérito.

Sem condenação em custas processuais e honorários advocatícios.

Intimem-se.

Goiânia, 27 de outubro de 2014.


Edmée Aguiar de Farias Pereira
Juíza de Direito”
(6º JEC - Processo nº. 5421877.98 – Autora: Maria de Lourdes Gomes
da Silva – Rés: RMTC (Atual Redemob) e Rápido Araguaia)
(destaques no original e nosso)

Veja que no caso acima aquela Autora até intentou ação contra
outra empresa consorciada, mas que não realizava a linha em que os fatos,
daqueles autos, ocorreram. Sendo que este juízo reconheceu a ilegitimidade das
rés, no Processo nº. 5421877.98.

Conforme arguido em linhas pretéritas, ressalta-se que pela Lei do


Consórcio n. 6.404/76, em seu Art. 278, dispõe que a responsabilidade de cada
consorciaria não transcende ao Consórcio, e também não transcende entre as
mesmas, ou seja, cada consorciada deve arcar com as responsabilidades de seus
próprios agentes e prepostos.

Portanto, falta à inicial elemento importantíssimo para a


concretização da ação, a legitimidade de parte, haja vista que esta Requerida não
é responsável pela suposta reparação dos danos causados a Autora.

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E nem diga a Autora que não sabia ou não teria como identificar qual
a empresa Consorciada seria a proprietária do ônibus, sendo que no próprio
boletim de ocorrências trazido pela mesma HOUVE A DEVIDA INDETIFICAÇÃO
da empresa. Vejamos:

Com efeito, a Autora, deliberadamente, propôs a ação contra a


pessoa, data vênia, errada, sabendo/conhecendo quem é a real proprietária do
veículo.

Desta forma deve ser declarada a ilegitimidade deste Requerido e


definitivamente ser excluída do polo passivo da lide, devendo ser julgado extinto o
processo sem julgamento do mérito, nos termos do artigo 485, VI do NCPC pátrio.

2 - DA NECESSIDADE DE PROVA PERICIAL – INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO

A demonstração dos fatos informa que o direito invocado pela Autora


deverá ser obtido por meio de prova pericial, não compatível com o âmbito do rito
expedido dos Juizados Especiais.

A veracidade das alegações da Autora não pode ser atestada


visualmente ou pelos simplesmente pelos documentos juntados em sua inicial. A
análise para se apurar as reais circunstâncias do acidente, bem como da extensão

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dos danos no veículo da mesma e como as avarias poderiam ser reparadas
depende de realização de prova pericial complexa.

Isto porque a dinâmica do acidente no local deve ser apurada, pois


os elementos trazidos pela Autora não são suficientes para elucidar como realmente
ocorreu o acidente. Ainda, ao que demonstram as fotos, o condutor do veículo da
Autora estava atrás do ônibus, ainda que em outra faixa, mas atrás, o que presume
que a culpa foi do mesmo, pois há presunção de culpa para quem bate na traseira
ou está à traseira de um veículo sobrevindo à frente uma colisão.

Por fim, as fotos juntadas pela Autora de seu veículo trazem uma
precária noção de como o acidente teria ocorrido e avariado seu veículo, o que
assenta ainda mais à necessidade de perícia técnica no local para apurar o fato em
si e a real extensão do acidente.

O artigo 51, II, da Lei dos Juizados Especiais prevê a extinção do


processo “quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu
prosseguimento, após a conciliação”.

Vejamos entendimentos neste sentido:

RECURSO INOMINADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO.


CONTROVÉRSIA ACERCA DA RESPONSABILIDADE PELO
SINISTRO. COMPLEXIDADE DA MATÉRIA DEBATIDA, EM
VIRTUDE DE EVENTUAL NECESSIDADE DE PERÍCIA PARA
AFERIR OS DANOS ESTÉTICOS REQUERIDOS PELA AUTORA.
INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. EXTINÇÃO
DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. RECURSO
PREJUDICADO. (Recurso Cível Nº 71004966628, Quarta Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Léo Romi Pilau Júnior,
Julgado em 14/11/2014).

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(TJ-RS - Recurso Cível: 71004966628 RS, Relator: Léo Romi Pilau
Júnior, Data de Julgamento: 14/11/2014, Quarta Turma Recursal
Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 19/11/2014)

===

RECURSO CÍVEL. SEGURO DPVAT. COBRANÇA.


PRELIMINARES DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR E DE
INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. NECESSIDADE DE PROVA
PERICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO.
...
II. A SITUAçãO DE INVALIDEZ PERMANENTE OCASIONADA POR
ACIDENTE COM VEíCULO AUTOMOTOR EM VIA TERRESTRE,
ENSEJADORA DO DIREITO AO SEGURO OBRIGATóRIO, NOS
TERMOS EM QUE PREVISTO NO ART. 3º, INCISO IV, ALíNEA 'B'
DA LEI 6.194/74, NãO DISPENSA A SATISFATóRIA
COMPROVAçãO ATRAVéS DE EXAMES PERICIAIS.
III. O PARECER MéDICO, NãO OFICIAL E UNILATERAL,
ACOSTADO A FLS. 16 é INCONCLUSIVO; EVIDENCIA, TãO
SOMENTE, QUE O RECORRIDO, EM RAZãO DAS LESõES
SOFRIDAS NO ACIDENTE, FICARá COM SEQüELAS,
DEFORMIDADE, PERMANENTES, CONSISTENTES EM PERDA
DE FORçA; FRAGILIDADE NA TRAçãO ANTE-GRAVITACIONAL
QUE PREJUDICA O DESEMPENHO; DEFORMIDADE NO
MOMENTO DA FLEXãO DO COTOVELO, SITUAçãO QUE
DEMANDA MAIOR INVESTIGAçãO DA REALIDADE FáTICA QUE
SERVE DE FUNDAMENTO DA PRETENSãO, MAS NãO
EVIDENCIA QUE ESSA SITUAçãO LESIVA RESULTOU, OU
RESULTARá, EM INVALIDEZ PERMANENTE, REALIDADE CUJA
COMPROVAçãO, PARA O FIM DE RECEPçãO DO SEGURO,
DESAFIA A REALIZAçãO DE PERíCIA MéDICA ESPECIALIZADA,
SOBRETUDO PORQUE O DOCUMENTO DE FLS. 148, EM TOTAL
DESCONFORMIDADE COM A FOTOCóPIA DO BOLETIM DE

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OCORRêNCIA A PRESENTADA, DEMONSTRA NãO TER O
RECORRIDO DADO ENTRADA E RECEBIDO O DECANTADO
SOCORRO MéDICO NO HOSPITAL DE URGêNCIA DE GOIâNIA.
IV. NO âMBITO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL NãO COMPORTA
DILAçãO PROBATóRIA CONSISTENTE EM REALIZAçõES DE
PERíCIAS COMPLEXAS, FACE à SIMPLICIDADE DE SUA
RITUALíSTICA, A IMPOR A CONCENTRAçãO INSTRUTóRIA EM
AUDIêNCIA, PARA ATENDER AO OBJETIVO DE RáPIDA SOLUçãO
JUDICIAL DAS CAUSAS DE MENOR COMPLEXIDADE.
INTELIGêNCIA DO ART. ARTIGO 51, INCISO II, C/C ARTIGOS 3º,
CAPUT, E 33 DA LEI 9.099/95.
V - A DEMAIS, O DOCUMENTO DE FLS. 149 EXPRESSA
POSSíVEL FALSIDADE DOCUMENTAL MATERIALIZADA NA
FOTOCóPIA DO BOLETIM DE OCORRêNCIA, VEZ QUE, COMO
NELE INFORMADO PELA DELEGACIA ESPECIALIZADA EM
INVESTIGAçõES DE CRIMES DE TRâNSITO, REFERE-SE A
ACIDENTE ENVOLVENDO PESSOA DIVERSA.
VI. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, PARA REFORMAR A
SENTENçA ATACADA, PONDO FIM AO PROCESSO SEM
ANALISAR-LHE O MéRITO E DETERMINAR O
ENCAMINHAMENTO DE CóPIA DOS AUTOS AO ÓRGãO DO
MINISTéRIO PúBLICO PARA ANáLISE DE POSSíVEL
OCORRêNCIA DE CONDUTA CRIMINOSA. SEM CUSTAS.
(TJGO, RECURSO CIVEL 2008005791990000, Rel. DR(A).
ANTONIO FERNANDES DE OLIVEIRA, TURMA JULGADORA
RECURSAL CIVEL DOS JUIZADOS ESPECIAIS, julgado em
13/03/2009, DJe 301 de 24/03/2009)
(destaques nossos)

Portanto, o presente litígio envolve questão de fato que implica na


realização de intrincada prova pericial complexa, razão pela qual requer seja extinto
o presente processo nos termos do artigo supracitado.

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3 – DA COMPLEXIDADE DA CAUSA – INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO

Pelo que regulado pelo Art. 10 da lei 9.099/95, e pela real


necessidade de denunciação à lide, atrelada à complexidade da causa (prova
pericial), surge novamente a incompetência deste juízo para conhecer e julgar a
presente lide, data vênia os entendimentos em contrário.

No presente caso deve ser então denunciada à lide, ou chamada ao


processo (para algumas correntes) a empresa proprietária do ônibus, o que é
vedado pela Lei 9.099/95.

No entanto, data vênia, tal legislação não pode sobrepor ao direito


Constitucional do Requerido, em exercer seu direito de defesa e de ter o devido
processo legal, abarcando todas as possibilidade jurídicas para defesa de seus
interesses e para se aplicar a justiça aos fatos e responsabilidades avocadas.

Ainda, o Art. 373 do NCPC leciona que cabe à parte ré provar a


existência de fato impeditivo, modificativo e extintivo do direito do autor. Com efeito,
este Requerido apresenta fato impeditivo do direito da Autora de receber qualquer
indenização por parte desta, frente ao dever de um terceiro que tem a incumbência
legal de pagar a indenização, caso esta seja reconhecida.

É consectário lógico da interpretação jurídica do artigo, pois a Lei


processual não especifica qual fato serviria para figurar como fator impeditivo,
podendo este ser qualquer fato possível e plausível de se provar e aplicar no caso
concreto.

Com efeito, se há impedimento da Autora de ser indenizada por este


Requerido frente à existência de terceiro legalmente obrigado a arcar com a possível
indenização, cabe a este Requerido lançar mão desta prerrogativa legal e eximir-se
de sua obrigação – caso esta seja declarada – para com seu algoz demandante.

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Por isso, transcendendo a mera interpretação superficial da Lei
9.099/95 em detrimento da Lei Processual Civil, a nossa Carta Magna leciona sobre
a necessidade de fornecer às partes no processo legal toda a matéria (leis, fatos,
documentos, meios de provas, etc.) necessária, existente e possível para que seja
exercitada e aplicada a ampla defesa da parte. Vejamos:

Art. 5º ...
...
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;

Veja que a referida norma assenta o uso da ampla defesa com


todos os meios e recursos necessários, inerentes à lide e, em especial, ao modo
da defesa.

Assim, inegável que, diante do presente caso em concreto, e de toda


a hermenêutica jurídica tanto pela Carta Magna, tanto pela lei processual civil – que
pode ser aplicada subsidiariamente – e tanto pela inconstitucionalidade que o Art. 10
da lei 9.099/95 apresenta, deve ser reconhecida a incompetência deste juízo para
que o Requerido tenha a liberdade de exercer todo o direito de defesa possível, em
especial denunciar ou chamar à lide aquele quem deve arcar com o ônus da
possível indenização (obrigação).

Diante do exposto, data vênia, deve ser declarado incompetente o


presente juízo, para conhecer e julgar a presente demanda.

IV - NO MÉRITO

Na eventualidade de não serem acolhidas as preliminares ora


esboçadas, o mérito não poderá ser resolvido a favor da Autora, ante a ausência de

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lastro jurídico de suas alegações, bem como a perfeita arguição verdadeira dos fatos
neste tópico ora exposto.

1 – INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO – AUSÊNCIA DE


RESPONSABILIDADE OBJETIVA

De início, no presente caso, ressalta-se que a Autora está fora do


conceito de consumidor esculpido no Art. 2 do Código de Defesa do Consumidor,
vejamos:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou


utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Com efeito, não há que falar em relação de consumo envolvendo as


partes, uma vez que a Autora não estava utilizando nenhum serviço prestado pelo
Requerido.

Nesta senda não há que falar em responsabilidade objetiva, com o


quer fazer crer a Autora.

2 - DA PROVA DO FATO PELA AUTORA

Longe deste Requerido tripudiar dos supostos danos sofridos pela


Autora, mas os fatos narrados pela mesma carecem de prova robusta.

Como visto, do que se que extrai da inicial é que no dia 12/04/2018


uma pessoa conduzindo seu veículo trafegava na pista da esquerda Avenida Feira
de Santana, e o suposto veículo deste Requerido trafegava pela faixa da direita na
altura da rotatória.

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Alega que o suposto veículo deste Requerido teria fechado o
condutor de seu veículo na rotatória, abalroando seu veículo na lateral direita
jogando-o para fora da pista sobre a rotatória, sendo este Requerido responsável
pelo acidente e danos.

Sem razão a Autora.

De início, novamente, volta-se aqui à alegação de que haveria de ter


perícia no local do acidente, para apurar as condições e modo em que o mesmo
ocorreu. No entanto, na esfera dos juizados não há que falar em realização de
perícia complexa, a qual o presente feito requer.

No mais, a versão do fato apresentada pela Autora é frágil e ainda


conflita com os próprios documentos por ela trazidos.

Isto porque a própria Autora alega que o condutor de seu veículo


estava trafegando na pista esquerda na “Avenida Feira de Santana”, e o ônibus
estava “na rotatória”, na pista ao lado (lado direito).

Ora, quem inicia ou chega primeiro a uma rotatória, para a


“fazer/contornar” tem preferência. E, certamente, contornando o ônibus a rotatória, a
fazendo para o lado esquerdo, além de observar a preferência, deve o outro
condutor, à sua traseira ou ao seu próprio lado, guardar distância segura (de
seguimento) e preservar ainda pela curva que o ônibus - por ser grande – fará.

É de conhecimento comezinho que ônibus, caminhões, carretas, etc.


veículos grandes em geral precisam muitas vezes mais que uma pista para
conversões de direção (esquinas, cruzamentos, etc) e contornos de rotatórias, pela
própria dinâmica da via, do espaço que deve ser observado e tamanho do veículo.

Com efeito, tudo indica que o condutor do veículo da Autora


não observou tais premissas no trânsito e no momento do acidente.

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Para assentar a falta de atenção – ou até mesmo noção – para o
momento, pelas fotos trazidas pela Autora percebe-se que o ônibus estava com a
seta ligada, indicando que estava – ou iria – fazer conversão à esquerda,
contornando a rotatória. Vejamos:

LADO ESQUERDO

LADO ESQUERDO

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Por tais fotos prova-se que o motorista deu a seta avisando que
convergiria/contornaria a rotatória.

Veja outra foto tirada pelo ângulo traseiro do ônibus, a qual


comprova realmente a seta ligada/dada. E pela leitura da cena, vê-se que o local
trata-se de via estreita, não tendo como o ônibus fazer uma conversão aberta
ao ponto de suportar o carro da Autora ao seu lado:

Veja que para o contorno da rotatória pelo ônibus, ou por qualquer


outro veículo de grande porte, não há como fazer o contorno com carros à sua
esquerda ou direita, tanto é que o carro na lateral direita do ônibus esta à sua
traseira, aguardando o contorno do mesmo.

Com efeito, tais observações e fotos provam que o condutor do


veículo da Autora não guardou a distância segura e quis fazer o contorno da

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rotatória junto com o ônibus, que deu seta de sua convergência à esquerda, a qual
foi ignorada pelo condutor do veículo da Autora.

Noutro ponto, veja que a versão apresentada pela Autora e a ora


apresenta pelo Requerido são totalmente conflitantes, cabendo no caso a produção
de prova robusta para que a Autora comprove o fato como narra. O que não se
desincumbe até o momento.

Isto acentua ainda mais a necessidade de perícia, não só do veículo


da Autora para apurar as reais avarias, mas acima de tudo do local, para verificar
corretamente as circunstâncias do acidente.

O entendimento dominante é de que devem ser provadas as


alegações da Autora e o nexo causal entre o fato e dano pela suposta conduta do
agente, pois o ônus é da Autora. Vejamos:

RESPOSABILIDADE CIVIL. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO


PÚBLICO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA NA MODALIDADE DO
RISCO ADMINISTRATIVO. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA.
SE DA PROVA ORAL COLHIDA RESULTA QUE A RECORRENTE
FOI A ÚNICA CULPADA PELA ECLOSÃO DO EVENTO,
INVIÁVEL CONDENAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO
PRIVADO CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO.
(Acórdão n.113949, ACJ72999, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS
SANTOS, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito
Federal, Data de Julgamento: 27/04/1999, Publicado no DJU
SEÇÃO 3: 26/05/1999. Pág.: 95)

===

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE


DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
MATERIAIS. ATROPELAMENTO. PEDESTRE. CORREDOR DE

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ÔNIBUS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA ELIDIDA. CULPA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA CONFIGURADA. PRECEDENTES.
Embora em relação às empresas de transporte coletivo a
modalidade de responsabilidade incidente seja a objetiva, não
restou demonstrado o nexo de causalidade entre a conduta do
agente e o resultado ocorrido. Ratificado o reconhecimento da
culpa exclusiva da vítima que, ao tentar transpor o corredor de
ônibus, em local indevido, efetuando a travessia por trás do
ônibus, fora da faixa de segurança, agiu de forma imprudente.
Prova oral e documental que corrobora o desate no sentido da
improcedência da pretensão. APELAÇÃO IMPROVIDA.. (Apelação
Cível Nº 70061221503, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em 16/04/2015).
(TJ-RS - AC: 70061221503 RS, Relator: Guinther Spode, Data de
Julgamento: 16/04/2015, Décima Segunda Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 17/04/2015)

====

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO E INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
PRERROGATIVA DO JULGADOR.
...
AUSÊNCIA DE PROVA DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO.
2-Afastada a norma consumerista, a regra a ser empregada no
julgamento é a geral do artigo 333 do Código de Processo Civil,
competindo a Autora o ônus de comprovar os fatos
constitutivos de seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
REFORMA DA SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE.
3-Não se desincumbindo a Autora de seu encargo, não há falar
em reparação por dano moral, em declaração de inexistência do
débito ou em restituição de valores pagos APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.

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(TJGO, APELACAO CIVEL 14223-85.2014.8.09.0051, Rel. DR(A).
MARCUS DA COSTA FERREIRA, 4A CAMARA CIVEL, julgado em
26/03/2015, DJe 1763 de 10/04/2015)

===

“(...) 1.De acordo com o disposto no art. 333, inciso I, do Código


de Processo Civil, o ônus da prova incumbe aa Autora, quanto
ao fato constitutivo do seu direito, e não ao réu, o qual, na
hipótese dos autos, não tem como comprovar o não recebimento da
quantia devida.
...
(TJGO, APELACAO CIVEL EM PROCEDIMENTO SUMARIO
232127- 75.2011.8.09.0137, Rel. DES. LEOBINO VALENTE
CHAVES, 2A CAMARA CIVEL, julgado em 18/06/2013, DJe 1340 de
10/07/2013)
(destaques nossos)

Frise que, além da versão trazida pelo Requerido, a versão da


Autora pode ser ilida com as próprias provas já produzidas nos autos em sua inicial,
cabendo aqui maior apuração do fato com provas robustas, dentre elas a pericial, a
qual já fora questionada, não servindo as simples alegações da Autora como prova
irrefutável para seu pedido.

Assim para casos tais, se há versões conflitantes que não podem


ser de plano esclarecidas, e sem a prova robusta para comprovar as alegações do
Autor, a jurisprudência é pacífica no sentido de que a ação ser resolvida com a
procedência dos pedidos do Autor. Vejamos entendimentos neste sentido:

ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÕES PROPOSTAS EM JUIZADOS


DISTINTOS. CONEXÃO. PREVENÇÃO. COLISÃO EM

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CRUZAMENTO SINALIZADO POR SEMÁFORO. VERSÕES
CONFLITANTES QUE SE NEUTRALIZAM.
...
2 - EM TEMA DE ACIDENTE DE TRâNSITO A CONTROVéRSIA
INSTALADA Há DE SER DIRIMIDA POR PROVA CAPAZ DE
REPRESENTAR A REALIDADE FáTICA OCORRIDA, NãO SE
PRESTANDO PARA TANTO VERSõES FRANCAMENTE
ANTAGôNICAS, QUE NãO POSSIBILITA CONCLUSãO SEGURA
ACERCA DA VERDADE REAL PERSEGUIDA.
3 - HAVENDO CONFLITO DE VERSõES E AUSêNCIA DE PROVA
CABAL PARA SE ESTABELECER QUAL DOS VEíCULOS
ENVOLVIDOS NO ACIDENTE TERIA DESRESPEITADO O SINAL
VERMELHO, OUTRA NãO PODERIA SER A DECISãO SENãO
DAR PELA IMPROCEDêNCIA DOS PEDIDOS, RECONHECENDO
QUE AS PARTES NãO SE DESINCUMBIRAM DO ôNUS DA
PROVA.
4 - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO PARA,
ADIMITINDO A COMPETêNCIA DO 2º JUIZADO ESPECIAL,
JULGAR IMPROCEDENTES OS PEDIDOS INDENIZATóRIO E
CONTRAPOSTO.
(TJGO, RECURSO CIVEL 2009010819600000, Rel. DR(A).
RODRIGO DE SILVEIRA, TURMA JULGADORA RECURSAL CIVEL
DOS JUIZADOS ESPECIAIS, julgado em 29/05/2009, DJe 355 de
15/06/2009)

===

"REPARACAO DE DANOS. ACIDENTE DE TRANSITO. VERSAO


DAS PARTES. CULPA CONTEXTO PROBATORIO.
I - EM MATERIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL IMPERIOSO
COMPROVAR-SE A CULPA. ESTA NAO SE PRESUME E UMA
VEZ COMPROVADA, A INDENIZACAO SE IMPOE.

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II - IRRETOCAVEL A DECISAO QUE DESACOLHE O PLEITO
ANTE A FRAGILIDADE DAS PROVAS, MAXIME QUANDO AS
PARTES DITAM SUAS VERSOES SOBRE O EVENTO,
MOSTRANDO-SE AMBIGUAS E CONFLITANTES.
III - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO."
(TJGO, RECURSO CIVEL 200400624537, Rel. DR(A). MASSACO
WATANABE, TURMA JULGADORA RECURSAL CIVEL DOS
JUIZADOS ESPECIAIS, julgado em 21/05/2004, DJe 14289 de
14/06/2004)

=====

"RECURSO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE


TRÂNSITO. VERSÃO DAS PARTES. CULPA NÃO COMPROVADA.
I. É princípio cediço em matéria de responsabilidade civil
imperioso comprovar-se a culpa, pois esta não se presume, e
uma vez comprovada, a indenização se impõe como conseqüência
legal.
II. Há de prevalecer o decisum que desacolhe o pleito indenizatório
ante a fragilidade das provas, máxime quando as partes ditam
suas versões sobre o evento, mostrando-se ambíguas e
conflitantes.
III. Recurso conhecido e improvido".
(TJGO, Recurso Inominado 172/99, Rel. Dr Agnaldo Denizart
Soares, Turma Julgadora Recursal Cível dos Juizados Especiais,
julgado em 22/12/1999, DJe 13229 de 02/02/2000)
(destaques e grifos nossos)

Diante de ausência de prova robusta capaz de comprovar


cabalmente as alegações da Autora, e frente às colocações do Requerido para o
fato ocorrido, improcedem a narrativas da Autora para o fato e seus pedido.

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3 – DA INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO e REPONSABILIDADE DA RÉ

Noutro norte, alega a Autora que a responsabilidade do Requerido


está esculpida nos Art’s. 932, 186 e 927 do Codex Civil.

Ora, sem a comprovação do fato danoso por preposto do Requerido,


como alega a Autora, há a ausência de um dos tripés da responsabilidade civil, pois
a responsabilidade civil para ser apurada e, se for o caso, reparada, necessário
ocorrer: o fato/conduta ilícita do agente (aqui questionado), o dano e a culpa e o
nexo causal entre os mesmos.

E como dito em linhas acima, não havendo prova do fato não há que
falar em reparação de danos.

Inobstante a comprovação ou não do fato como narrado pela Autora,


ainda resta a comprovação de outro tripé para a reparação civil, qual seja: a culpa
por parte deste Requerido. Isto porque a responsabilidade do ofensor deve ser
devidamente comprovada, não podendo ser presumida.

Com efeito, há ausência nítida de ilicitude, dolo ou culpa por parte


deste Requerido, elementos cruciais para ter-se o início de qualquer reparação
requerida pela pessoa. Sem culpa ou dolo não há nexo causal entre o fato e o
suposto dano.

Deve ainda ser questionada a imputação de ato ilícito por parte


deste Requeridao, não merecendo respaldo as alegações da Autora, devendo ser
julgados improcedentes os pedidos contra este Requerido, caso venha ser superada
a preliminar de ilegitimidade.

Com efeito, o Requerido não praticou nenhum ato ilícito, logo,


não há que se falar em Responsabilidade Civil do mesmo em indenizar pelo alegado
dano.

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Nenhuma atitude partiu ou foi realizada por este Réu ou preposto
seu, não podendo o mesmo ser enquadrada nos termos dos Art’s. 186, 927 e 932 do
Código Civil, vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e
em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem
nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais
e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em
razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos
seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do
crime, até a concorrente quantia.
(destaques nossos)

O Superior Tribunal de Justiça já sedimentou entendimento de que


fatos isolados sem o devido nexo e a conduta ilícita da parte não são capazes de
gerar dano moral, vejamos:

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“ATO ILÍCITO – CONDUTA VOLUNTÁRIA – DANO- NEXO
CAUSAL Nas ações de indenização por atos ilícitos, com
fundamento no art. 159 do Código Civil, não basta à presença
de certos fatos isolados, sendo necessário que entre o efeito
danoso de que se queixa a Autora exista um nexo de
causalidade, provocado pela voluntariedade da ação ou
omissão do réu.”
(STJ, in Revistas dos Tribunais, vol.158, pag.153).
(destaques e grifos nosso)

Ainda, caso não imputada a culpa exclusiva à Autora, no mínimo


deve cogitar a culpa concorrente do condutor do veículo da mesma, pois teria
desdenhado o aviso da seta ligada pelo ônibus na conversão a ser realizada,
adentrando a rotatória junto com o mesmo.

Neste ponto, até mesmo a Lei civil ampara a distribuição de


responsabilidade, servindo no mínimo para mitigar os efeitos do dano, e, ainda,
dividir a responsabilidade entre os envolvidos, podendo aplicar ainda o Art. 945 do
Código Civil, que leciona:

Art. 945.
Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a da Autora do dano.
(destaque nosso)

Neste diapasão, deve ser levado em conta o fato de a Autora ter


contribuído também para o evento danoso e seu resultado, devendo, para o caso,
ser dividida a responsabilidade.

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Assim, há excludente de responsabilidade e ilicitude por parte deste
Requerido, devendo os pedidos serem julgados improcedentes contra a mesma.

4 – DOS DANOS MATERIAIS

Ainda que este juízo venha acatar os pedidos da Autora contra este
Requerido, o que não espera, mas argumenta-se, o valor dos danos materiais estão
fora da realidade, não são comprovados e não podem prosperar.

Não pode a Autora apresentar orçamento de empresas autorizadas


pela marca do fabricante de seu veículo sinistrado, como se tão somente estes
valessem ou devam prevalecer.

Deveria então de se ter perícia no veículo para levantar as reais


avarias oriundas do sinistro, para que não seja realizado nenhum serviço
desnecessário.

No entanto, apresentados orçamentos deve-se buscar aquele que


tem menor valor, pois o serviço em todos é garantido, devendo o de menor valor
então prevalecer.

Ainda, como visto em linhas acima, caso procedente o pedido, o que


não espera, deve ser levada em consideração a culpa do condutor da Autora, e
então dividir a razão para arcarem as partes com o dano, cada uma respondendo
por um montante.

Nossas jurisprudências é neste sentido. Vejamos:

APELACAO. COBRANCA DE SEGURO. ACIDENTE DE


TRANSITO. AUSENCIA DE PAGAMENTO DO PREMIO DEVIDO.
FALTA DE NOTIFICACAO PREVIA. CANCELAMENTO
AUTOMATICO DO CONTRATO. IMPOSSIBILIDADE. MENOR

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ORCAMENTO. DEDUCAO DA FRANQUIA E DO PREMIO NAO
QUITADO. HONORARIOS SUCUMBENCIAIS.
....
2 - INDEMONSTRADA A MA-FE DO SEGURADO NO
PREENCHIMENTO DO QUESTIONARIO DE AVALIACAO DE
RISCO NO CONTRATO DE SEGURO POR PERFIL DO
SEGURADO SEM CAUSA E EFEITO EM RELACAO SINISTRO, DE
SER-LHE CONFERIDO O DIREITO A INDENIZACAO
SECURITARIA.
3- DESTA FEITA, DEVE A EMPRESA DE SEGUROS PAGAR A
COBERTURA ESTIPULADA NA APOLICE, DESCONTANDO DA
IMPORTANCIA DEVIDA O VALOR DO PREMIO EM ATRASO E A
FRANQUIA ESTIPULADA NA AVENCA.
4- A CONDENACAO PELOS PREJUIZOS MATERIAIS DEVE
LIMITAR-SE AO ORCAMENTO DE MENOR VALOR.
...
APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJGO, APELACAO CIVEL 150918-4/188, Rel. DR(A). LUSVALDO
DE PAULA E SILVA, 3A CAMARA CIVEL, julgado em 20/04/2010,
DJe 576 de 12/05/2010)
(destaques nossos)

Assim, deve ser julgado improcedente o pedido de indenização por


danos materiais a título de concerto do veículo, uma vez que não comprova a Autora
a culpa deste Requerido através de seu preposto, ou ainda frente à culpa
concorrente da mesma para o fato danoso.

Caso ainda entenda esta juízo pela existência do dano e culpa deste
Requerido, o que apenas argumenta-se, deve então ser rechaçado o pedido de
pagamento dos danos materiais a título de concerto do veículo, no valor pleiteado
pela Autora, acatado o menor orçamento e ainda dividindo a responsabilidade entre
as partes.

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V - DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer à Vossa Excelência: 

PRELIMINARMENTE

a) Seja acatada a preliminar de ILEGITIMIDADE PASSIVA


extinguindo o processo sem resolução de mérito em face do
Requerido;

b) Ainda que superado o pedido retro, seja acatada a preliminar de


INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO, tendo em vista a necessidade de
prova pericial robusta ou pela existência de lide complexa;

NO MÉRITO

a) Seja julgado IMPROCEDENTE o pedido de indenização por


danos materiais, devido à inexistência de fato danoso como
narrado pela Autora e/ou por não ser praticado qualquer
ato/fato pelo Requerido, ou ainda qualquer inexistir culpa ou
dolo de sua parte, bem como pela existência de culpa
exclusiva do condutor do veículo da Autora;

b) Caso reconhecido o dano material para concerto do veículo seja


conhecido o menor orçamento como suficiente para reparar o
dano, reconhecendo ainda a culpa concorrente da Autora para
divisão das responsabilidades;

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c) Que todas as intimações sejam expedidas em nome da Dra.
Margareth de Freitas Silva, OAB/GO 21362, sobe pena de
nulidade absoluta.

Protesta pela produção ampla de provas, por todos os meios em


direito admitidos, especialmente juntada posterior de novos documentos, oitiva de
testemunhas e o depoimento pessoal da Autora, sob pena de confissão, que desde
já requer.

Goiânia, 22 de novembro de 2.0187

João Braz Borges Margareth de Freitas Silva


OAB/GO 6.595 OAB/GO 21.362

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