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Trabalho de filosofia

Problema filosófico: Será o aborto moralmente correto e aceitável?


Uma das questões que hoje em dia se discute mais, é o facto de o aborto ser ou não permissível, isto
é, se deve ou não ser permitido e aceitável. O aborto é pois a interrupção da gravidez, expulsando do
embrião ou feto do útero da mãe, resultando na sua morte.
O aborto é, para além do mais, uma questão fundamental e objetiva, dado que este implica
inevitavelmente a morte. Estamos pois a falar da morte de um “alguém” em função da vontade ou desejo
de outro “alguém” em determinadas circunstâncias. Por isso mesmo, é importante refletir neste tema algo
delicado que enfrentamos diariamente, a fim de evitarmos contornos graves nesta temática que envolve
vidas.
A meu ver, o aborto devia ser moralmente permitido e aceitável, dado que devemos respeitar a
liberdade das mulheres, e esta só pode ser respeitada se permitirmos a sua tomada de escolha livre. Logo,
eu defendo a proposição que reitera que: “O aborto devia ser moralmente permitido, porque devemos
respeitar a liberdade das mulheres”. Para justificar esta proposição precisamos de ter argumentos que a
sustentem:
1.O argumento da humanidade do feto
            Relativamente a este argumento todos podemos chegar a uma conclusão: um feto não é uma
pessoa. Para ser uma pessoa, segundo John Locke, é preciso possuir certas capacidades mentais racionais,
como o pensamento, a razão e as memórias de um passado. Ora, um feto não possui nenhuma das
características apresentadas em cima, logo, não podemos considerar um feto uma pessoa, que, para além
de não ter todas as capacidades mentais requisitadas, também não possui as físicas. Analisando também
que um feto é um ser que não possui consciência de si, nem exprime a sua vontade, podemos concluir que
“eliminar” um feto não pode ser considerado moralmente errado.
Objeção:
            Este argumento enfrenta uma objeção importante que defende que um feto é um ser humano. E,
um ser humano tem uma identidade genética própria. Ora, um feto pode não possuir todas as capacidades
mentais racionais, mas já possui um código genético próprio que o faz distinguir de todas as outras
espécies. Dado isto podemos defender que “Matar um ser humano com uma identidade genética própria é
errado. Um feto é um ser humano com uma identidade genética própria. Logo, matar um feto é errado”.
Contra objeção:
            Analisando a principal objeção a este argumento e o facto de o feto possuir uma identidade genética
própria, podemos contrapor, referindo que os animais também a possuem. No entanto, poucos acham que
matar animais inocentes é moralmente errado, até porque alguns deles, até fazem parte da nossa
alimentação diária. Ora, pelo simples facto de o feto pertencer à nossa espécie, não quer dizer que tenha
mais direitos que os das outras espécies. A espécie, tal como a raça, é uma característica sem relevância
moral, logo, a objeção ao argumento da humanidade do feto é errada, implausível e indefensável.
2. O argumento dos valores das mulheres
            Neste argumento devemos ter em conta os valores da mulher enquanto pessoa, como sendo, neste
caso, a liberdade e o direito de escolha. Em primeiro lugar temos que ter em conta que o aborto é
realizado por meio dos melhores processos médicos naturais, sem qualquer consequência para a mulher
envolvida. Importa também perceber que este não é um ato obrigatório nem proibido, dependendo única
e exclusivamente da vontade da mulher ou dos pais envolvidos, sendo assim respeitada a sua liberdade de
escolha. Ora, se é desejo da mulher não ter a criança, decerto há motivos evidentes que estão por detrás
dessa tomada de escolha, como sendo por exemplo, por razões económicas (deficitárias), idade precoce e
o facto de não estar preparada para assegurar as melhores condições ao seu filho. Analisando estes casos,
em que as condições económicas são más e/ou o facto de não serem assegurados os melhores meios para
o desenvolvimento estável e equilibrado da criança, há muitas probabilidades da mesma “se perder” e
acabar como “marginal” ou ser abandonada, não contribuindo para o bom funcionamento da sociedade.
As consequências são, portanto, demais evidentes. Assim, e visto que toda a gente gostaria de viver num
mundo equilibrado e em harmonia, os direitos das mulheres, nomeadamente o direito ao aborto, deve ser
respeitado.
Objeções:
- A primeira objeção que se pode fazer é a da perspetiva futurista. Esta perspetiva garante-nos que se
muita gente pensar assim, o futuro das próximas gerações não será garantido.
- A segunda objeção é a da adoção, que defende que nestas circunstâncias em que as crianças são
abandonadas, ou que os pais não têm condições para assegurar o seu desenvolvimento pleno, elas podem
ser enviadas para orfanatos, onde ficam até atingirem a maioridade ou até serem adotadas. O caso da
adoção parece ser o mais plausível, pois as crianças vão viver com casais que, provavelmente, não
conseguem ter filhos e cuja vontade passa por isso mesmo, possuindo, muitas vezes, excelentes condições
para o seu crescimento equilibrado.
Contra objeções:
            Relativamente à perspetiva futurista é um absurdo afirmarmos tal coisa, pois a taxa de aborto
representa e representará sempre uma parcela muito pouco significativa, comparada com a taxa global de
natalidade. Logo, é um absurdo afirmar que o futuro das próximas gerações estará comprometido. Em
relação à segunda objeção, que fala da adoção, podemos defender que uma criança é sem dúvida mais
feliz conhecendo e convivendo com os seus pais biológicos. Ora, como seria, se eu ou qualquer pessoa que
está a ler perante tal assunto, não pudesse viver, nem conviver com a companhia dos seus (“verdadeiros”)
pais? Obviamente que seria muito pior, podendo também de certa forma criar alguns transtornos na sua
cabeça. Logo, apesar das possíveis excelentes condições, uma criança/jovem nunca poderá ser
inteiramente feliz perante esta situação, o que nos leva a crer que este argumento seja implausível.
Concluindo, na minha ótica, o aborto devia ser moralmente permitido, a fim de respeitar a
liberdade e os direitos da mulher, que é um ser já com consciência de si, ao contrário de um feto, que não
tem consciência de si nem capacidades para reclamar o direito à vida. Noutras circunstância também, em
que a mulher ou os pais não desejam nem estão preparados para ter a criança, haveria muitas
consequências más aquando do seu desenvolvimento. Logo, para um mundo mais feliz e equilibrado, o
aborto devia ser moralmente permitido.

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