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1) pesquisar o que é cada conceito acima

● Descriminalização: ato deixou de ser crime - não há mais punição no


âmbito penal, mas ainda pode ser considerada como ilícito civil ou
administrativo (por exemplo, se um hospital fornecer o procedimento,
receberá multa)
■ Por exemplo, a Lei n. 12.408/11 alterou a redação do artigo 65 da Lei n.
9.605/98 e acrescentou um novo parágrafo no dispositivo com a
expressa intenção de descriminalizar o ato de grafitar, que era uma
conduta considerada como crime.
- nesse caso, se uma mulher fosse pega fazendo aborto, ela não poderia ser
presa, mas o estado não pode fornecer meios para o aborto em hosptais e
ambientes seguros
● Legalização: ato passou a ser permitido por meio de uma lei, que pode
regulamentar a prática e determinar suas restrições e condições, bem
como prever punições para quem descumprir as regras estabelecidas
pela legislação. (por exemplo, um hospital poderia prover dos recursos
para o procedimento e acompanhamento médico prévio e posterior)
■ Por exemplo, o consumo de álcool e tabaco é legalizado, mas
possui restrições, pois não podem ser vendidos a menores e
possuem regras de produção e venda.
Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
● Aborto: interrupção da gestação com a extração do embrião, ou do feto
de até 500 gramas antes do período perinatal (que data entre 22.ª
semana completa e os 7 dias completos após o nascimento)
Fonte: Organização Mundial da Saúde
● O procedimento deve ocorrer antes que o feto seja viável, isto é, ele não
consegue sobreviver ainda fora do útero, após esse período denomina-se
parto prematuro.
Fonte: Dicionário Médico Luís Rey
2)pesquisar como é a legislação brasileira atual
● aborto induzido é considerado um crime contra a vida (artigos 124 e 128 do
Código Penal desde o ano de 1984)
● Art. 128: é permitida o aborto em dois casos:
○ gravidez resultante de estupro
○ salvar a vida da mulher
■ interrupção terapêutica da gestação quando o feto for
anencefálico (deriva de um entendimento do Supremo
Tribunal Federal)
● a gestante que se adequar em uma dessas três situações é apoiada pelo
governo e pode realizar o aborto legal gratuitamente pelo SUS

3)pesquisar os argumentos
● 34% - legislação sobre o aborto não deve mudar
● 41% - deveria ser totalmente proibido
● 16% - deveria ser permitido em mais situações
Fonte: Pesquisa Nacional do Aborto 2016

a) a favor
● aborto é um problema de saúde pública
○ mulheres recorrem a clínicas clandestinas ou medicamentos
abortivos sem acompanhamento médico → podem comprometer a
saúde (infecção, hemorragia, lesão interna, traumas psicológicos,
deixar a mulher estéril, morte)
■ 55 mi de abortos entre 2010 e 2015, 45% foram inseguros
(OMS)
● proibir a prática não significa que ela deixará de acontecer
■ taxa de aborto nos Estados que permitem a interrupção da
gravidez é 34 a cada 1000 mulheres; onde o procedimento é
proibido o índice é de 37 a cada 1000 (Instituto Guttmacher)
● Obrigar a permanência de uma gestação por meio da lei é violar os
direitos sexuais e reprodutivos da mulher.
○ nem todas as mulheres estão aptas ou desejam lidar com as
responsabilidades de cuidar, proteger e arcar com os custos de um
filho
■ “mas o pai cuida e paga também” - 32% das mulheres que
fizeram aborto no ano de 2016 eram solteiras, separadas ou
viúvas; apenas 14% eram casadas ou estavam em união
estável (Pesquisa Nacional do Aborto)
● a legislação brasileira que pune o aborto é antiga → uma lei deve
corresponder aos costumes da sociedade em que ela vigora
○ diante dos avanços e reconhecimentos dos direitos das mulheres,
criminalizar o aborto é defasar algo que já ocorre com frequência
mesmo sendo proibido
● O acesso a políticas de prevenção à gravidez ainda é muito restrito,
principalmente em países ainda em desenvolvimento como o Brasil
○ a gravidez não desejada se apresenta então principalmente à
população que não tem acesso à educação necessária para fazer
um planejamento contraceptivo eficaz
○ quem fala que deixarão de usar métodos contraceptivos e
passarão a recorrer mais ao aborto → isso não aconteceria, pois o
aborto é um procedimento muito traumático, tanto físico quanto
psicológico, não é algo fácil de decidir.
■ No Uruguai, onde é legalizado: Soledad González, cientista
política e integrante do coletivo feminista Cotidiano Mujer
“não se trata necessariamente de um aumento real no
número de abortos, mas um aumento no número de abortos
legais: as mulheres deixam de fazê-lo de forma clandestina e
passam a fazê-lo de maneira segura.”
■ Em Portugal: A mulher precisa passar por um período de
reflexão de, no mínimo, três dias a partir da primeira consulta,
durante os quais pode acudir a atenção psicológica ou
assistência social.
● entre 94% e 97% das mulheres que fizeram o aborto no
sistema de saúde escolheram um método
anticoncepcional após o procedimento.
● mesmo sendo permitido o aborto em caso de estupro, o acesso à
interrupção legal é muito dificultado
■ 2011-2016: 4.262 adolescentes mantiveram a gravidez
decorrente de abuso por não serem atendidas (Ministério da
Saúde)
● quem contraria a partir da religião → o estado é laico e não deve impor
ideais de uma única religião sobre toda a população

b) contra
● direito à vida → “é assassinato”
● tornar o aborto legal não resolve o sofrimento das mulheres
● questão de ordem filosófica e moral. Quem tem o poder de determinar o
que é – ou não- um ser humano? E como isso pode ser feito?
○ contra argumentar: a filosofia discute há milênios o que é ou o que
não é um ser humano; mas uma questão de saúde pública não
pode se basear nisso, porque enquanto tu te pergunta se aquele
embrião sem sistema nervoso é ou não é uma vida, tem uma
mulher - que definitivamente é uma vida - que tá sofrendo
econômica- e/ou psicologicamente porque vai ter que ter o filho, e
por isso deveria ter o direito de fazer essa decisão
● Muitas religiões condenam a prática por considera-la uma espécie de
assassinato, o que vai contra os princípios da maior parte delas.
○ o Espiritismo, o Hinduísmo e alguns grupos do Cristianismo, opõe-se
ao direito ao aborto, com poucas ou quase nenhuma exceção.
4) como funciona em outros países?

● apenas dois terços dos 195 países analisados pela ONU permitem o aborto
quando a saúde física ou psíquica da mulher está ameaçada // outros
países como El Salvador, Malta, Nicarágua, República Dominicana,
Suriname e Vaticano proíbem totalmente a prática.
● 39 países (maioria no Oriente Médio, América Latina e Caribe) permitem o
aborto para salvar a vida de gestantes. Uma característica comum deles é
que são todos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
● as legislações de outros 14 países permitem o aborto em uma ampla
gama de situações
○ a lei leva em consideração fatores sociais e econômicos que
podem impactar as condições atuais e futuras das gestantes
● o direito ao aborto é legal sob a solicitação da mulher grávida em 56
Estados, situados principalmente em regiões desenvolvidas
○ em sua maioria, como Rússia e Noruega, permitem o procedimento
até as 12 semanas de gravidez
● No Uruguai: legalizou aborto nas 12 primeiras semanas de gestação;
primeiras 14 semanas em casos de estupro e pode ser maior em caso de
risco de morte para a gestante ou anomalias fetais incompatíveis com a
vida
○ “Foi necessário negociar uma lei de menor alcance, o que implicou
a inclusão dos cinco dias de reflexão e a passagem por uma
espécie de tribunal de médicos. O objetivo é colocar barreiras para
que a mulher desista de abortar, mas com essa negociação foi
possível conseguir um voto da oposição, que foi o que aprovou a lei
vigente”, conta à Gênero e Número Soledad González
■ Entre 2013, primeiro ano completo da lei em vigor, e 2014, o
número de abortos por vontade da mulher cresceu 27%; entre
2016 e 2017 o aumento foi de 2%.

● Na Espanha: Em março de 2010, passou a valer na Espanha a lei de Saúde


Sexual e Reprodutiva e da Interrupção Voluntária da Gravidez.
○ Livre decisão da mulher: até a 14ª semana de gestação; casos de
risco de morte para a gestante ou anomalias fetais incompatíveis
com a vida: até a 22ª semana.
■ 70% dos abortos legais praticados no país em 2016
aconteceram até as oito primeiras semanas de gestação
(Ministério da Saúde, Consumo e Bem-estar social)
■ A legalização veio acompanhada também da redução de
abortos em todas as faixas etárias, mas especialmente entre
adolescentes com até 19 anos.
● Em Portugal: Em 2007 o aborto passou a ser legal dentro das 10 primeiras
semanas de gestação por opção da mulher e mantiveram-se os prazos
vigentes para os casos já previstos pela lei anterior.
○ período de reflexão de, no mínimo, três dias a partir da primeira
consulta → pode acudir a atenção psicológica ou assistência social
■ 2012 taxa de aborto começou a diminuir; em 2016, último ano
com dados disponíveis, houve 15.959 procedimentos, uma
queda de 22% em cinco anos (Direção Geral da Saúde)
○ “Quando é atendida, a mulher tem apoio e aconselhamento – não
vou dizer em todos os lugares, mas na maioria – que não a
culpabilizam. Ela recebe informação e é acompanhada. Os números
mostram que a não culpabilização tem resultados positivos”, avalia
a pesquisadora. “E nós sabemos hoje que nunca mais morreu uma
mulher em Portugal por tentar fazer um aborto.”

5) dados
Mundo:
● 830 mulheres são vítimas de complicações durante e após o período
gestacional por dia, sendo o aborto um dos principais catalisadores das
mortes maternas em todo o mundo
● somente na América Latina e no Caribe acontecem 4 milhões de aborto
por ano
● entre 2015 e 2019 mais da metade das gestações não planejadas (61%),
terminaram em aborto (The Lancet Global Health)
● entre 2010 e 2015 foram realizados 55 milhões de abortos em todo o
mundo, 45% foram inseguros e cerca de 97% ocorreram nas regiões da
América Latina, Ásia e África, onde há legislações punitivas quanto ao
procedimento (OMS)

Técnica:
● forma cirúrgica – aspiração a vácuo, sucção ou dilatação e evacuação-
entre as 6 e 16 semanas de gestação
pílulas abortivas (medicamentos que bloqueiam os hormônios da
gravidez e o próprio organismo da mulher faz o esvaziamento do útero) -
até as 12 semanas de gravidez (OMS)
● abortos inseguros ou clandestinos: introdução de objetos ou substâncias
no útero (agulhas de tricô, cabides de ferro e até misturas caseiras),
ingestão de medicamentos ou líquidos nocivos e uso de força externa, o
que pode causar rompimento do útero, hemorragias e até a morte da
mulher.
História:
● aborto já existia em diversas culturas, não é algo recente
○ sociedade greco-romana: meio para controlar e manter o
crescimento da população estável
○ Código de Hamurabi no século V a.C e o Código Hitita do século XII
a.C: punições severas para quem praticasse ou incentivasse o
aborto
○ América do Sul, comunidades indígenas: para algumas tribos,
abortava-se por considerar o feto endemoniado, pela escassez de
alimentos ou em função da maternidade, isto é, todas as gestantes
abortam do seu primeiro filho para facilitar o parto do segundo.
● A introdução da Igreja
○ 1869 - Igreja Católica - teoria da animação: momento em que se dá
início a vida, a alma faz parte do embrião e por isso o aborto e outro
métodos contraceptivos foram condenados como pecado.
● Início da legalização
○ 1920 - União Soviética criou políticas sociais para garantir a saúde
da mulher trabalhadora e legalizou a prática
○ outros países, como Polônia, Islândia, Suécia, Reino Unido, Canadá e
mais recentemente a Irlanda, cada qual do seu modo, legalizaram o
procedimento

Brasil
● aproximadamente 20% das mulheres de até 40 anos já abortou
● principal relevância na faixa etária dos 20 a 29 anos.
● as adolescentes são as maiores vítimas do abortamento, pois são as que
mais morrem devido ao procedimento.
● mulheres negras, pardas e indígenas- 13% a 25%- são as que mais
efetuam o aborto em relação a brancas, mais ou menos 9%
● estado civil: separadas ou viúvas realizam o aborto mais do aquelas em
união estável
● regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste: taxa superior (15% a 18%)
● menor escolaridade: taxa superior (estudaram até a quarta série: 26%;
quem concluiu o ensino médio e/ou superior: 11%)
● religião: 56% - fé católica, 25% - evangélicas.
● aproximadamente 4 mulheres morrem por dia no Brasil em consequência
de um aborto que deu errado
● 3 em cada 10 grávidas abortam no nosso país (OMS)
● a distribuição dos pontos de atendimento às gestantes em tal situação é
irregular em todo o país, cerca de 7 estados não apresentavam sequer um
serviço ativo (Pesquisa sobre os Serviços de Aborto Legal no Brasil de 2016)
○ em 95% dos hospitais não havia equipe específica para o suporte, e
muitos profissionais se recusavam a realizar o aborto por razões
morais e religiosas, utilizando-se do direito à escusa de consciência

https://www.generonumero.media/portugal-espanha-e-uruguai-o-que-ac
onteceu-apos-legalizacao-do-aborto/

https://www.politize.com.br/aborto-entenda-essa-questao/

https://diplomatique.org.br/quem-sao-elas-o-perfil-das-mulheres-que-ab
ortam-no-brasil/

https://www.brasildefato.com.br/2020/08/28/aborto-legal-direito-negado
-um-mapa-da-america-latina

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5610619/mod_resource/content
/1/pesquisa%20nacional%20do%20aborto.pdf

https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/dir
eito-facil/edicao-semanal/descriminalizacao-x-legalizacao

https://maps.reproductiverights.org/worldabortionlaws

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