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Curso de Segurança em

Instalações Terrestres

Ana Dirce Cornetti Reis


Enfermeira do Trabalho Sênior, E&P/UN-RNCE.
Especialista em Ergonomia, COPPE/UFRJ.
Especialista em Gestão Ambiental, PEP/UFRN.
Formação em Higiene Ocupacional, Instituto MAPFRE do Brasil.

Santa Cruz de La Sierra, 26 a 29 de abril de 2010.


INDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3

2. DEFINIÇÕES .................................................................................................... 6

3. ÁREAS DA ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO .................................. 7

4. ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL EM CONDIÇÕES ERGONÔMICAS. .. 8

5. OS DEGRAUS DA INTERVENÇÃO ERGONÔMICA........................................ 9

6. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO - AET ......................................... 10

7. ERGONOMIA COMO UM MARCO DA EMPRESA MODERNA ..................... 11

8. OS CINCO PRÉ-REQUISITOS PARA QUE UMA SOLUÇÃO SEJA


CONSIDERADA ERGONOMICAMENTE CORRETA................................................. 12

9. COMO INTRODUZIR A ERGONOMIA NA EMPRESA................................... 13

10. A ATIVIDADE HUMANA NO TRABALHO ..................................................... 14

11. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS POSTURAS DE TRABALHO ....... 16

12. EFEITOS DO TRABALHO SENTADO NO CORPO HUMANO ...................... 17

13. ESPECIFICAÇÃO DA CADEIRA DE TRABALHO ......................................... 19

14. CONDIÇÕES ERGONÔMICAS INADEQUADAS E SEUS EFEITOS ............. 22

15. O TRABALHO EM INTERFACE COM COMPUTADORES ............................ 24

16. OS MEMBROS SUPERIORES NO TRABALHO ............................................ 33

17. BIOMECÂNICA OCUPACIONAL ................................................................... 42

18. LEVANTAMENTO MANUAL DE CARGAS .................................................... 46

19. EXERCÍCIOS - APLICAÇÃO DE ESTUDOS ANTROPOMÉTRICOS............. 58

20. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 63

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1. INTRODUÇÃO

Wojciech Jastrzebowski, cientista polonês, em 1857 definiu ergonomia juntando


dois termos gregos ergon= trabalho e nomos= leis naturais, assim sendo entendida
como o estudo da adaptação do trabalho às características dos indivíduos de modo a
lhes proporcionar um máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas
atividades no trabalho. Esta ciência do trabalho, portanto significava a ciência do
esforço, jogo, pensamento e devoção. Uma das idéias básicas de Jastrzebowski é a
proposição chave de que estes atributos humanos deflacionam-se e declinam devido a
seu uso excessivo ou insuficiente.

A definição oficial de Ergonomia é a seguinte: "A ergonomia é o estudo científico


da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaço de trabalho. Seu objetivo
é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas que a compõem,
um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve
resultar numa melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes
de trabalho e de vida." (Congresso Internacional de Ergonomia, 1969).

O termo Ergonomia é utilizado pela primeira vez, como campo do saber específico,
com objeto próprio e objetivo particular, pelo psicólogo inglês K. F. Hywell Murrel, no
dia 8 de julho de 1949, quando pesquisadores resolveram formar uma sociedade para
'o estudo dos seres humanos no seu ambiente de trabalho' - a "Ergonomic Research
Society" (PHEASANT, 1997). Nesta data, em Oxford, criou-se a primeira sociedade de
Ergonomia, que congregava psicólogos, fisiologistas e engenheiros ingleses,
pesquisadores interessados nas questões relacionadas à adaptação do trabalho ao
homem.

Ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação


confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando
adaptar as condições de trabalho às características do ser humano. Como ciência, a
Ergonomia é relativamente recente no mundo do trabalho e na história do trabalho sua
a aplicação é muito recente, podemos dizer que foi iniciada a partir dos anos 50 no
projeto dos ônibus espaciais norte-americanos.

Cronologia dos fatos:


 Idade Média - Na Antigüidade aparecem algumas referências como às alusões às
deformações posturais apontadas por Plaute. Neste mesmo período, cita riscos
ergonômicos como a adoção de posturas inadequadas (Villeneuve).
 Século XVII - Fontes históricas mais consistentes como os estudos de manuseio
inadequado de cargas (Vauban e Bélidor),
 Século XVIII - registros de estudos de biomecânica e antropometria (Leonardo Da
Vinci) e de medicina do trabalho (Ramazzini e Tissot),
 1700 - um médico chamado BERNARDINO RAMAZZINI, escreve um livro
intitulado A DOENÇA DOS TRABALHADORES, este livro mostrava diversas
atividades, e os males sofridos pelos trabalhadores em funções diversas, muito
comuns ainda nos dias de hoje e outras até já extintas. Estes ofícios descritos, tais
como: Doença dos lapidários, Doença das lavadeiras, Doença dos banhistas,
Doença dos salineiros, Doença dos corredores, etc. Entretanto uma doença em
especial nos chama a atenção. A doença dos escribas e notários, qual foi descrita
assim: “Conheci um homem notário de profissão que ainda vive, o qual dedicou
toda a sua vida a escrever, lucrando bastante com isso; primeiro começou a sentir
grande lassidão no braço e não pode melhorar com remédio algum e, finalmente,
contraiu uma completa paralisia do braço direito. A fim de reparar o dano, tentou

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escrever com a mão esquerda; porém ao cabo de algum tempo, esta também
apresentou a mesma doença”.
 1774 - Nesta ocasião três fatos foram marcantes, a máquina de tear, o tear
mecânico, e a máquina de vapor de James Watt que precipitaram uma mudança
impressionante na forma de se organizar o trabalho;
 Século XIX - Século da Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra e depois se
espalhou para os demais países da Europa e quase um século mais tarde para os
Estado Unidos; foi um século de muita tensão social e de más condições de
trabalho, na Inglaterra, em 1848, os adultos trabalhavam 18 horas por dia, e
mulheres e crianças, 14 horas por dia, inclusive em fundos de minas.
 1911 - Época da 2ª Revolução Industrial; em Detroit (USA), Henry Ford instituiu
três princípios que mudaram radicalmente a fisionomia e a forma de trabalhar das
fábricas em todo o mundo: utilizando à risca os princípios básicos do Taylorismo,
Ford instituiu: a) a linha de montagem onde o trabalhador ficava fixo numa
determinada posição, e o componente a ser montado era projetado para vir até ao
trabalhador; b) o ritmo de trabalho era determinado pela máquina, e pelo homem,
evitando-se o desperdício do tempo; c) a produção em série, com a economia de
escala. Esta forma de organizar o trabalho resultou num aumento impressionante
da produtividade, e numa redução espetacular do preço dos bens de consumo,
obrigando as empresas a adotarem a fórmula de Taylor-Gilbreth-Ford como
estratégia de sobrevivência e de competitividade;
 Décadas de 20, 30, e 40 nos Estados Unidos. Desenvolvimento espetacular do
processo industrial e da produtividade a partir dos princípios de tempos e métodos,
cronoanalise e outros valores inerentes ao Taylorismo; a seleção media era muito
rigorosa, privilegiando os fisicamente mais capazes e mais hábeis para
determinadas atividades, com prejuízo nítido para mulheres e para pessoas em
idade superior a 40 anos, quando a habilidade física e manual diminuem; o
principio máximo desta era foi expresso na frase é necessário adaptar o homem ao
trabalho; por este prisma, a prioridade era construir a maquina e o posto de
trabalho: a tarefa seguinte era procurar o homem/ mulher que a ele se adaptasse.
Também é importante lembrar que esta mesma forma de administrar é certamente
uma das grandes responsabilidades pelo tremendo desnível de desenvolvimento
de qualidade e produtividade pelo qual passaram os Estados Unidos da América
em relação aos japoneses principalmente nas décadas de 70 e80. É importante
lembrar ainda que desde esta época, com o aparecimento do especialista, daquela
pessoa que fazia apenas uma tarefa durante toda a jornada, com a movimentação
de um grupo muscular especifico a explosão do numero de casos de
tenossinovites e outras leões por esforços repetitivos e traumas cumulativos nos
membros superiores.
 1948 - Através do projeto da cápsula espacial norte-americana, nasce o conceito
moderno de Ergonomia: naquele instante, foi necessário fazer todo um novo
planejamento de tempo e de meios de se fazer a viagem ao espaço, em
decorrência do desconforto pelo qual passaram os astronautas no primeiro
protótipo da cápsula especial; surgia assim, através da antropometria, o conceito
de que o fundamental não é adaptar o homem ao trabalho, mas ao contrario,
procurar adaptar as condições de trabalho ao ser humano. Nascia assim o
conceito moderno de ergonomia: um conjunto de ciências e tecnologias que
procura fazer um ajuste confortável e produtivo entre o ser humano e seu trabalho,
basicamente procurando adaptar as condições de trabalho às características do
ser humano.

Em Ergonomia, o binômio conforto-produtividade andam juntos. Não é possível


pensar-se somente no conforto, sem pensar na produtividade; também não é possível

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pensar-se só na produtividade se não se pensar no conforto, porque este resultado de
produtividade será transitório.

A ergonomia é capaz de dar sustentação positiva às formas modernas de se


administra a produção, mas também é capaz de se administrar a produção, mas
também é capaz de ajudar as fábricas tayloristas-fordistas a diminuir a incidência dos
problemas, principalmente das lesões por esforços repetitivos/traumas cumulativos.

A Ergonomia está (ou deveria estar) presente nas residências, definindo a altura da
bancada da cozinha, definindo a altura da fechadura do armário de roupas, no
desenho dos sofás e poltronas, no desenho das camas, berços e outros utensílios
próprios para lidar com bebês, na altura do tanque e de outras posições de trabalho,
na definição de distancias e espaços mínimos em quartos, etc. Enfim, onde houver
gente, ali deveria haver uma base sólida de ergonomia, a fim de que a interação do
ser humano com os objetos e ambientes fosse a mais confortável e adequada
possível.

Do ponto de vista da prática da ergonomia, podemos atuar em três áreas distintas:


Ergonomia Física, Cognitiva, e Organizacional.

A Ergonomia Física nos permitirá enfocar os aspectos físicos de uma situação de


trabalho, e suas interfaces com o trabalhador durante a jornada de trabalho. No campo
dos postos de trabalho se verificam problemas diversos com posturas e problemas
antropométricos, principalmente no manuseio de máquinas. No campo ambiental a
Ergonomia tem contribuições relativas à higiene industrial, para que dê melhor
conforto ao trabalhador durante o exercício de suas atividades.

A Ergonomia Cognitiva tratará dos aspectos mentais da atividade de trabalho de


pessoas e indivíduos, homens e mulheres. A atividade humana no processo de
trabalho é estudada como sujeito da operação, apontando as suas características no
desenvolvimento de suas tarefas.

A Ergonomia Organizacional buscará o reconhecimento do contexto organizacional


e o que ele poderá estar interferindo na atividade de trabalho, de uma forma sistêmica,
no âmbito interno e externo da empresa. Como resultado poderá permitir que a
organização elabore novas propostas de mudanças organizacionais para melhorias de
desempenho, conforto e segurança para os trabalhadores.

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2. DEFINIÇÕES

Ergonomia (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica que trata da compreensão


das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a
profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam
aperfeiçoar o bem estar humano e a desempenho global dos sistemas.

Análise Ergonômica do Trabalho (AET)- é um processo construtivo e participativo


para a resolução de um problema complexo que exige o conhecimento das tarefas,
das atividades desenvolvidas para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se
atingir o desempenho e a produtividade exigidos.

Conforto - a noção de conforto (sempre subjetiva) integra as várias influências a que


o corpo está submetido no trabalho (ruído+calor+odores+postura etc.). Conforto
integra as esferas físicas e psíquicas;

Eficiência - a eficiência deve ser entendida num contexto temporal mais longo, onde
um sistema eficiente é aquele em que o trabalhador possa preservar a sua saúde, que
se sinta bem e, como decorrência, permaneça naquele posto por longo tempo, de
modo que sua experiência e aprendizado revertam na eficiência do sistema produtivo;

Comitê de Ergonomia - equipe, designada formalmente na empresa, responsável


pela organização e implantação do Programa de Ergonomia;

Ação de Ergonomia - toda ação que vise a transformação de uma situação de


trabalho a fim de melhorar o conforto, a segurança, a saúde e a produtividade;

Análise Ergonômica do Trabalho - processo construtivo e participativo para a


solução de um problema complexo que exige o conhecimento das tarefas , das
atividades desenvolvidas para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se
atingir o desempenho e a produtividade exigidos;

Demanda Ergonômica - é o ponto de partida de toda a análise ergonômica e pode ter


origem na gerência, trabalhadores, sindicato, área médica ou por instituições
fiscalizadoras, tal como a Delegacia Regional do Trabalho;

Força de Trabalho - pessoas que executam atividades na empresa, incluem os


empregados próprios, estagiários e empregados contratados;

Situação de trabalho - combinação de fatores externos (layout, instalações,


equipamentos, ferramentas e fatores internos ao trabalhador que condicionam a
execução da atividade de trabalho, num dado contexto);

Tarefa - conjunto de práticas ou atividades que visam um objetivo especifico, dentro


de um sistema produtivo.

Projeto - descrição escrita e detalhada de um empreendimento a ser realizado.

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3. ÁREAS DA ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO

A ergonomia apresenta a sua maior contribuição em cinco grandes áreas aplicadas


no trabalho:

 Ergonomia da organização do trabalho pesado. Trata-se de planejar o sistema


de trabalho em atividades fisicamente pesadas, ou seja, atividades de alto
dispêndio energético no sentido de que não seja fatigantes; a fadiga decorrente da
atividade fisicamente pesada é aquela que vem com o acumulo de ácido lático no
sangue, com a possibilidade de acidose metabólica; nesta área da ergonomia
também estudamos o trabalho em ambientes de altas temperaturas, devido à
enorme freqüência com que o trabalho pesado é complicado pelas condições
adversas de temperatura do ambiente.

 Biomecânica aplicada ao trabalho - “biomecânica” significa o estudo dos


movimentos humanos sob a luz da mecânica; esta é, sem duvida, a área de maior
aplicação prática da ergonomia em relação ao trabalho; nesta área estudamos a
coluna vertebral humana e a prevenção das lombalgias; estudamos as diversas
posturas no trabalho e prevenção da fadiga e outras complicações; estudamos a
mecânica dos membros superiores e as causas de tenossinovites e outras lesões
por traumas cumulativos nas” ferramentas de trabalho no ser humano; e ainda,
estudamos o que acontece com o ser humano quando trabalha na posição
sentado; naturalmente, deduz-se as principais regras para se organizar o posto de
trabalho sentado.

 Adequação ergonômica geral do posto de trabalho - Através principalmente da


“antropometria”, pode –se medir as dimensões humanas e seus ângulos de
conforto/ desconforto, e com base nisso planejar postos de trabalhos corretos,
tanto para se trabalhar sentado quanto para se trabalhar de pé semi-sentado, tanto
para o trabalho leve quanto para o pesado, etc. Como regra básica, devemos
buscar planejar um posto de trabalho/condição de trabalho que atenda a 90% da
população, e para isso, o conhecimento do padrão antropométrico da população
trabalhadora se constitui em item fundamental.

 Prevenção da fadiga no trabalho - Em geral, a ergonomia trata da prevenção da


fadiga física, e as demais atividades de recursos humanos nas organizações
tratam de prevenir a fadiga psíquica; neste caso, procura-se entender a fundo por
que o trabalhador entra na fadiga, e a ergonomia propõe regras capazes de
diminuir ou compensar os fatores de tal sobrecarga.

 Prevenção de erro humano - Esta é uma área relativamente nova da ergonomia,


que procura fundamentalmente adotar as medidas necessárias para que o
indivíduo acerte no seu trabalho; naturalmente nem toda forma de erro humano é
devida a condições ergonômicas adversas porem elas se constituem em causa
relativamente freqüente de erro humano; e conhecer as regras norteadoras para
aumentar a confiabilidade humana no desenho de painéis e de demais elementos
do posto de trabalho se constitui mandatório, principalmente quando a ocorrência
de erro humano pode originar tragédias, por exemplo, na condução de aeronaves
ou mesmo na supervisão do funcionamento de uma planta química perigosa.

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4. A ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL EM CONDIÇÕES ERGONÔMICAS.

Ergonomia e essencialmente algo para ser praticado por uma equipe


multiprofissional, fundamentalmente porque não existe uma categoria profissional
capaz de dar uma solução ergonômica completa. Assim:
 O médico do trabalho é capaz de avaliar a situação de trabalho sob o ponto de
vista biomecânico, prevendo a fadiga, e inclusive identificando o que é prejudicial,
porém não conseguirá fazer o passo seguinte, que replanejar o posto de trabalho
de forma a evitar o problema;
 O engenheiro industrial, ao contrário, será capaz de refazer o processo mais
necessitará do médico do trabalho ou do fisioterapeuta ou do enfermeiro do
trabalho para auxiliar no reconhecimento dos agravos da saúde;
 O projetista transformará tudo que lhe for passado em projeto específico, em
solução concreta, mais estará muito distante da identificação dos problemas;
 O desenhista industrial tem um papel importantíssimo em ergonomia, uma vez que
dele depende o primeiro estudo da utilização de uma produto; e caberá a ele se
entrosar com os profissionais da saúde da equipe interprofissional para avaliar
profundamente os efeitos de seu projeto;
 O psicólogo organizacional irá identificar o impacto do trabalho sob um outro
prisma, o do impacto psicológico da forma com que aquela atividade está
organizada.
E o engenheiro de tempos e métodos é profissional de importância absoluta, pois
será ele quem solucionará todos os problemas que lhe serão trazidos por todos
aqui citados.

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5. OS DEGRAUS DA INTERVENÇÃO ERGONÔMICA

a. Transformar condições primitivas em postos de trabalho. Este é o trabalho de


80% pelo menos das soluções ergonômicas comumente aplicadas nas empresas;
não temos dúvidas de que grande parte de nossos trabalhadores executam suas
atividade me condições absolutamente primitivas, sem qualquer conforto, sentindo
dores durante o dia e se recuperando parcialmente à noite; e muitas vezes sem
conseguir identificar que as condições de trabalho são tão ruins, porque não
conhecem nada de diferente.

b. Melhorar as condições de conforto relacionadas ao ambiente de trabalho.


Especialmente importante é a questão do conforto térmico para trabalhos
intelectuais, de nível de ruído e de iluminação correta para se realizar a atividade.

c. Melhorar o método de trabalho. Esta é uma das áreas mais sutis da ergonomia;
se é verdade ser relativamente fácil enxergar as condições biomecânicas
desfavoráveis, é muito difícil fazer a imersão no método de trabalho, e daí
reduzirem melhorias de alto significado para o conforto e produtividade para o
trabalhador.

d. Melhorar a organização do sistema de trabalho. Muitas vezes o sistema de


trabalho é organizado segundo uma linha de montagem, com uma série de
situações anti-ergonômicas inerentes as mesmas; atualmente, o sistema é
freqüentemente organizado sob a forma de células d produção, porém mantendo
os mesmo problemas da linhas de montagem; na maioria das vezes, não há
qualquer racionalidade na organização do trabalho, com suas conseqüências
sobre o trabalho.

e. Ergonomia na concepção. Trata-se da etapa mais avançada, na qual, antes de


se encomendar uma máquina, antes de se construir uma fábrica ou um escritório,
procura-se estudar o impacto ergonômico sobre as pessoas, fazendo-se as
devidas adequações.

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6. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO - AET

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) designa o método de investigação da


escola franco-belga de Ergonomia que combina o uso de diferentes instrumentos e
procedimentos de pesquisa para (a) o diagnóstico de situações críticas de trabalho e
(b) a formulação de recomendações que visa transformar os contextos laborais para
proporcionar o bem-estar de trabalhadores e gestores, a satisfação usuários /
consumidores e a efetividade organizacional.

A AET se apóia na compreensão de que a natureza do objeto de investigação


(interação indivíduo-contexto de trabalho) subordina o método, o instrumental e os
procedimentos empregados na AET. Neste sentido, o uso da AET visa servir de
instrumento de diagnóstico da gênese e ocorrência de indicadores críticos no contexto
de trabalho (ex. erros, retrabalho, acidentes). De outro, a AET se apóia na lógica
analítica a partir do ponto de partida um problema posto por interlocutores em um
campo de pesquisa-intervenção (ex. incidência de casos de Doença Osteo-Musculares
Relacionadas ao Trabalho – DORT ou Lesões por Esforços Repetitivos - LER) e busca
construir um quadro explicativo e compreensivo de sua ocorrência.

A obra considerada precursora da AET é intitulada “L’analyse du Travail. Facteur


d’Économie Humaine et de Productivité” de André Ombredane e Jean-Marie Faverge
(1955). Neste livro, os autores colocam em evidência a discrepância entre o trabalho
prescrito (previsto) e o trabalho real (efetivo), enfatizando a necessidade de análise
das atividades dos trabalhadores em situações reais de trabalho como premissa para
se compreender cientificamente a interação entre indivíduo, tarefa e ambiente de
trabalho. Essa perspectiva metodológica se afirma, a partir dos anos 50, com o
surgimento de laboratórios de pesquisa na França, Bélgica e Suíça que buscam
compreender a inter-relação homem-trabalho com foco, sobretudo, em fatores
antropométricos, biomecânicos e psicológicos. Tais iniciativas terminam por forjar uma
vertente de Ergonomia, de filiação francofônica (países de língua francesa), com
destaque para as contribuições de Suzanne Pacaud, Jules Amar, Pierre Cazamian,
Alain Wisner, Etienne Grandjean, Jacques Leplat, Maurice de Montmollin e Antoine
Laville. Esta abordagem se consolida com a fundação em 1963 da Sociedade
Ergonomia de Língua Francesa (SELF) em Paris.

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7. ERGONOMIA COMO UM MARCO DA EMPRESA MODERNA

Empresas contemporâneas de primeira linha têm tido a ergonomia em alta


prioridade, por alguns motivos:

 Pela necessidade de se prevenir os problemas músculo-ligamentares, lombalgias,


tenossinovites, etc., que reduzem muito a produtividade das pessoas, que geram
afastamentos prolongados e deixam a empresa em situação de fragilidade perante
eventuais reclamatórias trabalhistas;

 Pela mentalidade já existente, de que trabalhar com o nível correto de conforto


como conseqüência natural uma melhor produtividade por parte das pessoas;

 Pela mentalidade já existente entre as mesmas da importância de se trabalhar sem


desenvolver fadiga; neste sentido, a ergonomia significa uma evolução enorme em
relação à higiene industrial, pois enquanto as regras de higiene ocupacional se
preocupam em não permitir que o trabalhador fique doente, a ergonomia tem um
propósito muito mais ambicioso: conseguir com que o trabalhador, no final do seu
dia, esteja apenas com o nível de fadiga próprio de ter trabalhado 8 horas, nada
mais;

 Pela assimilação, por parte destas empresas, da importância da ergonomia para


os programas atuais de qualidade.

Além do mais, a ergonomia tem um outro trunfo importantíssimo em recursos


humanos na atualidade: trata-se de uma das únicas iniciativas com a qual concordam
sindicatos e empresários. Quando um dos dois estiver contra uma medida dita de
ergonomia, estará acontecendo um de três motivos: ou a medida está tecnicamente
incorreta, ou o interesse não é a ergonomia, ou uma das partes (ou ambas) está mal
assessorada tecnicamente.

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8. OS CINCO PRÉ-REQUISITOS PARA QUE UMA SOLUÇÃO SEJA
CONSIDERADA ERGONOMICAMENTE CORRETA

Uma solução, para ser ergonomicamente correta, deve atender a 5 requisitos


fundamentais:

1º REQUISITO EPIDEMIOLÓGICO. Ela deve ser capaz de reduzir a incidência de


problemas de coluna, de fadiga, de lesões por traumas cumulativos e outros;

2º REQUISITO BIOMECÂNICO. Estudando-se o trabalhador executando sua tarefa


na nova posição, percebe-se claramente que a mecânica humana está funcionando
melhor;

3º REQUISITO FISIOLÓGICO. Na nova situação, o trabalhador se cansa menos;

4º REQUISITO PSICOFÍSCO. O trabalhador aceita bem a solução.

5º REQUISITO DE PRODUTIVIDADE. Na nova situação não ocorre nenhum prejuízo


de produtividade; ou até mais, a produtividade aumenta.

Muitas vezes, é impossível atingir a todos estes pré-requisitos, e nestes casos


deve-se fazer um balanceamento dos requisitos positivos e dos negativos; não se
deve confiar apenas no requisito psicofísico, porque muitas vezes existem situações
em que o trabalhador tem força, prefere exercer esta força, mas não percebe os riscos
graves para a sua coluna e seus músculos; muitas vezes, há conflito de interesses: em
função de fazer um trabalho mais rapidamente, o trabalhador nem percebe estar
lesando seus músculos ou ligamentos, e assim por diante.

Deve-se refletir muito ao propor à empresas uma solução que, embora vá atender
ao critério epidemiológico, resulte em perda da produtividade; este tipo de solução
somente deve ser adotado em ultimo caso; ainda assim, tentar demonstrar que tal
medida irá reduzir as perdas relacionadas ao afastamento e outras, de modo a haver
critério financeiro que a justifique.

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9. COMO INTRODUZIR A ERGONOMIA NA EMPRESA

Uma das técnicas que se tem usado com muito sucesso é a criação do Comitê de
Ergonomia, constituído de um grupo técnico-operacional da própria empresa, inclusive
com alguns representantes dos trabalhadores, que aprende a fazer e faz um
mapeamento ergonômico da empresa, deduz as medidas necessárias para a melhoria
ergonômica em cada um deles e faz um cronograma das soluções, cronograma este
necessariamente aprovado pela diretoria da empresa.

Uma das etapas mais importantes desta implantação é o treinamento básico de


ergonômica para supervisores e chefias de produção e manutenção, a partir do qual
elas mesmas irão deduzir uma série de medidas capazes de melhorar a condição
ergonômica de forma espetacular. Também é importante o treinamento básico em
ergonomia para os engenheiros e demais profissionais da área técnica da empresa,
pois serão eles que, em ultima analise, irão projetar a empresa, que irão comprar
novos equipamentos, habilitando-os a estar preparados para não só modificar as
condições atuais de trabalho, mas também para já prever novas expansões e
modificações dentro do critério ergonômico.

Também deverá fazer parte do Comitê de Ergonomia uma pessoa da área de


compras, pois muitas vezes solucionam-se muitos problemas e eles continuam
entrando na empresa pela porta da frente, através de compras feitas sem qualquer
consideração ergonômica.

Com o tempo, o Comitê passa a ter a importantíssima função de fazer analise


ergonômica de demandas especificas, utilizando a consultoria para situações mais
complexas.

Uma palavra de alerta quanto às orientações sobre práticas corretas: muitas vezes
a chefia e os encarregados são permissivos quanto às práticas, permitindo que o
trabalhador faça a tarefa da forma que quiser, ficando expostos ao risco de
desenvolver lesões ocasionadas pelas práticas incorretas do trabalho.

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10. A ATIVIDADE HUMANA NO TRABALHO

A atividade humana, do ponto de vista didático a que se propõe esse curso, pode
ser analisada a partir dos cinco grupos abaixo relacionados, essas áreas de estudo
serão determinadas a partir da observação em campo do tipo de atividade é realizada:

 Trabalho Fisicamente Pesado


 Biomecânica
 Adequação Ergonômica Geral do Posto de Trabalho - layout
 Prevenção da Fadiga
 Ergonomia de Prevenção do Erro Humano

Um referencial muito importante no estudo ergonômico do trabalho e dos


trabalhadores é a compreensão da fisiologia humana, entendendo o homem com
desempenho limitado para o trabalho pesado.

O homem, se comparado ao desempenho de uma máquina, podemos dizer que


tem as seguintes características técnicas para o trabalho pesado:
 Máquina de baixíssima potência,
 Tem baixíssimo rendimento,
 Sua capacidade de trabalho decai ao longo da jornada,
 Tem necessidade de pausa para recuperação,
 Adapta-se bem ao sistema de picos de trabalho intenso, de curta duração, com
pausas equivalente.

Define-se como Carga de Trabalho a medida quantitativa ou qualitativa do nível de


atividade mental, sensitivo-motora, fisiológica, etc. ,no homem, necessária à realização
de um dado trabalho. Não depende apenas da quantidade de trabalho, mas é o
reflexo de vários fatores, sempre influenciadas pelas características individuais de
cada trabalhador.

A carga de trabalho físico pode ser classificada : carga muito leve (usa 25% da
capacidade aeróbica), carga moderadamente pesada (usa 25% a 37,5 %), carga
pesada (37,5 % a 50%), carga pesadíssima (50 a 62,5 %) e extremamente pesada
(uso de 62,5%). O trabalho intelectual é considerado leve. Sob tensão, ansiedade e
medo devemos acrescer 50% de dispêndio energético pelo aumento do tônus
muscular.

Do ponto de vista de metabolimetria (método de calcular o consumo energético de


uma atividade) será considerado abaixo do limite de fadiga física quando for 4,5
kcal/min.

Em repouso, o organismo trabalha em “marcha lenta” produzindo energia suficiente


para que os órgãos funcionem, a isso chamamos de metabolismo basal. Mudando do
estado de repouso para a atividade física, a energia fornecida pelo metabolismo basal
precisa ser aumentada e para isso os músculos quebram moléculas de alimentos
(carboidratos e lipídios) para produzir mais energia.

Na produção desta energia extra, quebrando moléculas de carboidrato e lipídios, o


músculo precisa de oxigênio para "fabricar" energia por via aeróbica e para que isso
aconteça a mudança do estado de repouso para a atividade física deve ser gradativa,
sempre precedida de um aquecimento, o que pode ser obtido com a alongamentos
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suaves. Ao nos alongarmos, "aquecemos" a musculatura e aumentamos o ritmo
respiratório, a captação de oxigênio do ar e os batimentos cardíacos levando o
oxigênio para a célula para produzir a energia extra.

Se a mudança do estado de repouso para a atividade física for abrupta, não


precedida de um aquecimento muscular, exige-se uma produção súbita de energia e
para isso o músculo lança mão da via anaeróbica (produção de energia sem a
presença de oxigênio). A produção de energia por via anaeróbica forma ácido lático no
músculo, causando câimbras, fadiga e diminui o rendimento do trabalhador. Daí
decorre a importância do aquecimento prévio de alguns minutos antes de ser iniciada
a jornada de trabalho, além de prevenir a fadiga muscular, favorece o aumento do
tônus muscular e ligamentar, prevenindo acidentes e dores musculares.

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11. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS POSTURAS DE TRABALHO

11.1. Trabalho em pé

O ponto de maior equilíbrio do ser humano é quando existe uma tendência de


giro zero nas diversas articulações e isto é obtido quando ele está em pé, pés bem
posicionados e com o tronco reto . Do ponto de vista fisiológico o ser humano está
bem aparelhado para ficar em pé desde que haja alguma movimentação, o trabalho
estático é contra-indicado. Algumas considerações :

 O trabalho em pé é uma boa opção de postura de trabalho quando:


- não tem como acomodar os membros inferiores do trabalhador;
- ocorre o manuseio de objetos com peso maior que 3 kg;
- quando o deslocamento para frente e para os lados é necessário;
- havendo trabalho fisicamente diferenciado e com necessidade de movimentação
entre as estação de trabalho;
- precisa fazer esforço para baixo (empacotar).

 O trabalho em pé é um postura ruim de trabalho quando:


- causa fadiga nos músculos da panturrilha;
- propicia aparecimento de varizes quando o trabalhador trabalha em pé e carrega
cargas pesadas e/ou trabalha em ambientes quentes;
- pode agravar lesões pré-existentes nos membros inferiores.

11.2. Trabalho Sentado

Apesar de ser uma postura de maior conforto, é uma postura ruim para a coluna
vertebral. No planejamento da tarefa sentada é importante atentar:
- é postura ideal para trabalhos de montagem fina, precisão, escrita, manuseio
de computador e máquina de datilografia;
- a tarefa não deve exigir que o tronco fique sem apoio ou seja movimentado;
- realizar tarefa dentro de limite de alcance normal das mãos do trabalhador;
- ferramentas, dispositivos devem estar colocados a uma altura máxima de
6 cm do plano horizontal do trabalho;
- a cargas a serem manuseadas não devem exceder o peso 3 kg;

11.3. Trabalho Semi-Sentado (ou sentada com apoio para as nádegas)

Bom para quem trabalha em pé por evitar a fadiga da musculatura da panturrilha. Ideal
quando necessita de agilidade na operação de controles.

11.4. Postura Alternada Sentado e Semi-Sentado

Ideal quando o trabalho exige que se atinja um local 40 cm longe do corpo e/ ou


quando o trabalho exige que tenha movimentação de alguma peça em altura maior
que 15 cm do plano de trabalho.

11.5. Postura de Cócoras

Contra-indicada para situações que exige movimento nesta postura, o que teria como
resultado a possibilidade de ruptura dos ligamentos colaterais do joelho.

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12. EFEITOS DO TRABALHO SENTADO NO CORPO HUMANO

Aparentemente, para a maioria das pessoas, trabalhar na posição sentada significa


uma posição ideal dada a pouca exigência sobre o organismo. Entretanto, em 1971 foi
provado em laboratório, por Nachenson, que o trabalho sentado exerce maior pressão
nos discos intervertebrais do que na posição em pé, daí ser na atualidade uma das
maiores causas de lombalgias entre os trabalhadores da área administrativa.

12.1. Efeitos na Coluna Vertebral na posição sentada

a. A pressão no disco intervertebral do ser humano é 50% maior quando o


mesmo está sentado do que quando está de pé .

 Este aumento de pressão é decorrente de que, ao se sentar, ficar subitamente


eliminado todo o conjunto de amortecimento de pressões representado pelo arco
dos pés e por todos os tecidos moles dos membros inferiores.
 O aumento de pressão também é decorrente da contração muscular estática dos
músculos paravertebrais para manter o tronco na posição ereta,

b. A pressão no disco, na posição sentada, aumenta tanto mais quanto mais


inclinado para frente estiver o indivíduo.

c. Suporte para os braços e apoio para os cotovelos reduzem a pressão nos


discos lombares.

d. Quanto mais inclinado para trás estiver o dorso, menor será a pressão nos
discos lombares.

 O apoio para as costas representa algo extraordinariamente importante para a


redução das pressões intradiscais;
 Assim, um apoio lombar, mesmo estando o indivíduo com o tronco ereto,
contribuirá para reduzir, e muito, a pressão no disco;

12.2. Os músculos do dorso

 O tronco um pouco encurvado para frente é bom para os músculos do dorso, mas
não é bom para o disco intervertebral.

 O tronco ereto é bom para o disco pois causa menor pressão discal e uma
significativa atividade e fadiga muscular, por isso não é bom para os músculos do
dorso.

 A melhor postura para o disco e para os músculos é quanto tronco e coxas estão
formando um ângulo de 100-110°.

 Ângulos maiores que 110 º também são favoráveis, mas são incompatíveis com o
trabalho.

12.3. Os músculos do pescoço

 O ângulo de maior conforto é quanto o ângulo de visão está próximo de 37°.

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 Uma inclinação excessiva da cabeça resulta em esforço estático nos músculos do
pescoço visando a sustentação. Este esforço estático gera fadiga nesta
musculatura.

 A fixação dos olhos em superfícies muito elevadas também resulta em contração


estática do pescoço. Esta posição se torna crítica quando há exigência de alongar
o pescoço para enxergar a superfície de trabalho de forma mais apurada.

12.4. A compressão de diversos tecidos e a circulação sanguínea

 Distribuição ideal do peso corporal quando sentado: 34 % nas coxas, 16 % nos


pés e 50 % nas costas

 Sentado, é mais difícil para o sangue subir das pernas e pés de volta para o
coração.

 Ao se sentar, ocorre no indivíduo uma situação totalmente diferente da posição de


pé, pois a distribuição de pesos e compressões muda totalmente. De máxima
importância é a compressão resultante na superfície posterior das coxas, onde,
idealmente deveria incidir 34 % do peso corpóreo.

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13. ESPECIFICAÇÃO DA CADEIRA DE TRABALHO

 É importante lembrar que a abordagem da posição sentada não pode se limitar à


cadeira de trabalho. É importante considerar a análise da mesa e os demais
acessórios envolvidos na atividade.

 Não existe nenhuma cadeira que possa ser usada de forma contínua ao longo das
8 horas de trabalho, pois a compressão dos tecidos exige mudanças periódicas de
posição. Recomenda-se a quem trabalha sentado levantar-se por 10 minutos após
cada 50 minutos de atividade.

13.1. A cadeira de trabalho deve ser estofada.

 O estofamento (ou espuma) reduz a pressão na região posterior das coxas,


facilitando a circulação, e reduz a pressão nos discos intervertebrais, diminuindo a
incidência de patologia discal;
 Não há regra fixa sobre a densidade da espuma; pessoas obesas toleram melhor
espuma de maior densidade, e mais duras, enquanto pessoas mais magras irão se
adaptar melhor a espumas de menor densidade e mais macias;
 A rigor, os fabricantes de cadeiras deveriam fornecê-las em 3 padrões de
densidade de espuma, visando uma adequação ao usuário;
 Deve-se destacar que cadeiras muito macias podem se tornar desconfortáveis se
usadas por muito tempo, principalmente quando há movimento externo, por
exemplo, nos automóveis.

13.2. A altura deve ser regulável.

 O mecanismo de ajuste deve estar localizado em área acessível quando o usuário


estiver sentado, deve ser fácil de operar, não deve ter quinas vivas, não deve ser
duro ou difícil de ser acionado.
 Os ajustes de altura do assento devem ser independentes, não sincronizados,
 Evitar adquirir cadeiras que tenham muitos tipos de ajustes : inclinação do assento,
inclinação sincronizada do encosto, altura do assento, altura do encosto, etc.
 As cadeiras com inclinação de assento ou ajuste sincronizado do assento com o
encosto, são contra-indicadas para pessoas baixas ou medianas pois ao inclinar o
assento, eleva as pernas, afastando os pés do chão.
 Os ajustes não podem ocorrer de forma sincronizada.

13.3. O apoio para os pés só é necessário para pessoas muito baixas.

 Normalmente, numa boa postura sentada, os pés devem estar bem apoiados no
chão; pessoas altas e de média estatura não terão dificuldades de conseguir este
apoio, porém as pessoas mais baixas que usam mesas de altura padronizada e
sem ajustes de altura, encontrarão dificuldades em apoiar os pés;
 O apoio para os pés, com ângulo inclinado, é indicado para estes casos.

13.4. A dimensão ântero-posterior do assento não pode ser nem muito


comprida nem muito curta.

 O tamanho ideal, ântero-posterior da cadeira, é aquele em que as coxas fiquem


completamente apoiadas, porém sem compressão da região posterior dos joelhos;

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13.5. A borda anterior do assento deve ser arredondada.

 Borda arredonda não compromete a região posterior dos joelhos, denominada


fossa poplítea, que é um ponto de grande vulnerabilidade à compressão, pois ali
passam artérias, veias e nervos.

13.6. O assento deve estar na posição horizontal; sendo desejável que o


assento se incline 5 a 10 para frente.

 Na grande maioria das tarefas feitas na posição sentada há necessidade da


interação do ser humano com outro componente do posto de trabalho (uma
alavanca, uma botoeira, uma máquina de escrever, o teclado de um computador,
ou simplesmente uma superfície horizontal de mesa onde se vai escrever);

 Nesta situação, qualquer inclinação para trás somente irá contribuir para distanciar
os membros superiores do plano de trabalho, dificultando o ajuste postural e
causando lombalgias pelo esforço estático da região dorsal;

 Para escrever seria desejável que a cadeira tivesse uma discreta inclinação para
frente, o que facilitaria o ajuste postural, considerando que as mesas são
horizontais.

 A inclinação para trás somente é necessária quando se deseja obter sua maior
vantagem que é a estabilidade do corpo na posição, tal como é necessário ao se
dirigir um veículo, o que não se aplica aos operadores de guindaste ou
empilhadeira ou munck.

13.7. Toda cadeira de trabalho deve ter apoio para o dorso.

 O apoio do dorso reduz a pressão no disco intervertebral e coloca a musculatura


paravertebral em repouso. Apesar de nem sempre ser usado (por exemplo, no
trabalho de escrita), seu uso é importante em praticamente todos os demais tipos
de tarefa.

 O apoio para o dorso deve ter uma forma que acompanhe as curvaturas da coluna,
sem retificá-la, mas também sem acentuar suas curvaturas.

 O apoio para o dorso pode ser tanto estreito quanto de meio-tamanho; neste caso,
a adaptação pessoal é que determina a decisão.

 É desejável que sua altura seja regulável.

 Deve haver espaço para o encaixe das nádegas. A ausência de espaço para
encaixe das nádegas (que pode ser espaço real ou virtual) acarreta que o encosto
da cadeira, neste ponto, fique empurrando as nádegas para frente, gerando
desconforto.

13.8. Quando o posto de trabalho for semicircular ou perpendicular, a


cadeira deve ser giratória e ter rodízios.

 Quando não há necessidade de rodízio, mas o posto de trabalho apresenta


disposição semicircular, é indicado pelo menos que a cadeira gire sobre seu
próprio eixo.

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 Os rodízios devem ser fabricados de forma a permitir um deslocamento ótimo;

 Os rodízios não devem gerar grande facilidade de deslize (o que iria ocasionar
instabilidade mecânica) e, nem devem proporcionar grande dificuldade de
deslocamento da cadeira (o que iria eliminar a vantagem do rodízio);

13.9. A regulação entre assento e apoio dorsal

 O ângulo entre o assento e o apoio dorsal deveria ser regulável; caso não o seja,
deve estar posicionado num ângulo de 100°.

 Nesta angulação, tronco e coxa têm o melhor ajuste, de modo a conciliar o que é
bom para os discos intervertebrais e o que é bom para os músculos paravertebrais.

13.10. Deve haver espaço suficiente para as pernas debaixo da mesa ou


posto de trabalho.

 Esta é a recomendação mais importante, e por mais óbvia que possa parecer, é
importante ser citada, devido à enorme freqüência com que os fabricantes de
móveis colocam gavetas no lugar de encaixe das pernas.

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14. CONDIÇÕES ERGONÔMICAS INADEQUADAS E SEUS EFEITOS

A. TRABALHAR SENTADO EM BALCÕES OU BANCADO PROJETADAS PARA O


TRABALHO EM PÉ
fadiga muscular generalizada.
B. MÁQUINA OU EQUIPAMENTO QUE NÃO SE PROJETAM ATÉ AO
TRABALHADOR:
Fadiga no dorso causada pela tentativa de acessar ao equipamento ou ao teclado
da máquina ou computador, ou mesmo para um documento para leitura, o indivíduo
projeta seu corpo para frente, deixando de usar o apoio dorsal.

C. FALTA DE ESPAÇO PARA AS PERNAS:


Causa torção do tronco
As pernas têm que ser fletidas debaixo da cadeira, no sentido de possibilitar um
bom equilíbrio do corpo nesta posição.
Esta flexão das pernas debaixo da cadeira e este cruzamento dos pés contribui
para o inchaço das pernas.
A situação mais comum é quando a mesa de trabalho possui gavetas exatamente
onde o trabalhador deveria ter espaço para movimentar as pernas com liberdade.
Outra situação muito comum nas indústrias é quando, numa situação planejada
para o trabalhador desenvolver sua atividade de pé;
Entretanto com o cansaço e o passar do tempo o trabalhador passa a usar e
improvisar cadeiras;
Como, na maioria das vezes,estas bancadas não foram planejadas para se
trabalhar sentado, não há espaço suficiente para as pernas e o trabalhador acaba
trabalhando em posição lateral extremamente incômoda

D. ARRANJOS LONGE DO ALCANCE DO CORPO:


Causa fadiga dos músculos das costas.
Uma regra simples em ergonomia é:
Equipamento a ser operado frequentemente pelas mãos deve estar ao alcance das
mãos: telefones, ferramentas, caneta, grampeador;
 Equipamento a ser operado ocasionalmente pelas mãos devem ser posicionados
em distância suficiente para ser apanhado com a extensão dos braços, sem exigir
torção do tronco ou deslocamento do posto de trabalho, principalmente se a cadeira
não tiver rodízios e não for giratória.

E. À PROCURA DA CADEIRA IDEAL

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Esta tem sido uma dos grandes desafios da ergonomia, um dos maiores
pesquisadores sobre o assunto, Prof. Ettienne Grandjean, do Instituto Tecnológico e
de Ergonomia de Zürich, Suíça, sugere os principais pontos:
 Assento levemente inclinado para trás
 Inclinação de 100 graus entre o assento e o encosto
 Forma do encosto acompanhando as curvaturas naturais da coluna vertebral
 Encosto alto, até a ponta da escápula

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15. O TRABALHO EM INTERFACE COM COMPUTADORES

a. Postura correta para o trabalho no microcomputador ou escrita ou leitura

 O usuário deve sentar-se sempre alinhado com o eixo da cadeira.

 Evite sentar-se torto. O corpo do trabalhador, o teclado e o monitor de vídeo


devem estar alinhados.

 O monitor de vídeo deve estar bem na frente dos olhos, um pouco para baixo da
projeção horizontal da linha dos olhos; se for alto, coloque um suporte de madeira
debaixo do monitor de vídeo.

 Somente no caso de trabalho constante de entrada de dados é que o monitor pode


ficar um pouco de lado, se, nesse caso, à frente de seus olhos, for colocado o
documento-fonte.

 A distância correta do monitor de vídeo aos olhos é aproximadamente a distância


de seu braço esticado.

 Braços soltos, ao lado do corpo; teclado colocado numa posição equivalente à dos
cotovelos.

 Coluna reta em relação à mesa e ao monitor de vídeo.

 Ângulo entre o tronco e as coxas de aproximadamente 100 graus.

 Ângulo entre coxas e pernas de aproximadamente 100 graus.

 Pés apoiados no chão , se necessário em um apoio portátil.

 Não deve haver concessões em relação à postura, ou seja, não adote posturas
erradas, nem em trabalhos de pequena duração.

 Não usar talas de imobilização do punho, o trabalho com punho imobilizado


é TOTALMENTE CONTRA-INDICADO.

b. Correção Visual

 O trabalhador que necessita de alguma correção visual, deve garantir que seus
óculos ou lentes de contato estejam adequados e revisados.

 Um fator que muito interfere no trabalho com computador é o uso de lentes


multifocais, pois eles costumam dificultar a leitura, por isso é recomendável que as
lentes tenham tratamento anti-reflexo.

c. Os monitores emitem radiação?

 Os monitores emitem muito pouca ou nenhuma radiação.

 Testes conduzidos pelo Instituto Nacional de Saúde Ocupacional e Segurança


(NIOSH) e Administração de Alimentos e Drogas (FDA), entidades do governo
americano, mostraram que a radiação oriunda dos monitores, em condições

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normais de operação, se encontra bem abaixo dos limites estabelecidos pelos
padrões governamentais americanos.

 Os testes da NIOSH e do FDA foram conduzidos a uma distância de 5 cm da tela;


uma distância consideravelmente menor à da distância preconizada para o
posicionamento do monitor, que é de 45 cm.

d. Quais são os elementos que contribuem para o conforto no posto de trabalho


com microcomputadores ?

 A organização do posto de trabalho é importante. Um posto de trabalho bem


projetado e convenientemente ajustado, permite melhores condições de trabalho,
causando menor fadiga que outro não apropriado ao porte físico ou para as
condições de mobilidade necessárias;

 Os itens de ajuste, a seguir, são importantes e determinantes do conforto no


trabalho com microcomputadores. Estes itens são a mesa de trabalho, a cadeira,
o nível de iluminação no ambiente, layout, mouse, teclado, monitor, etc.

e. Mesa de trabalho

 A mesa, ou apoio, do teclado deve ter altura equivalente a dos cotovelos do


operador, quando sentado, ou aproximadamente 60 a 70 cm;

 A altura da mesa, sendo possível adequar à cada usuário, é aquela em que este
,quando sentado, ao posicionar os braços sobre a mesa , forma-se uma ângulo de
aproximadamente 90 graus, ou maior, nunca menor, entre o braço e antebraço do
operador;

 Sempre que se falar da existência de um suporte mais baixo na mesa para apoiar
o teclado, deve se pensar que este suporte tem que ser largo o suficiente para
apoiar também o “mouse”, hoje um componente básico de qualquer micro-
computador.

 A borda da mesa deve ser arredondada - visa evitar compressão dos tecidos do
antebraço e da região do nervo ulnar, no cotovelo;

 Procure liberar espaço junto de sua mesa de trabalho; se necessário, afaste a CPU
e coloque o monitor de vídeo sobre um suporte vazado.

 Garanta a existência de algum espaço para movimentar o teclado um pouco para


frente e um pouco para trás e, inclusive, procure um arranjo em que seja possível
afastar o teclado, possibilitando assim, usar a superfície da mesa para a escrita.

 Caso o trabalho envolva leitura freqüente de texto ou consulta a documentos,


arranje um suporte para documento e coloque o texto inclinado, o mais próximo
possível do monitor de vídeo, ou entre este e o teclado, de forma que o seu
deslocamento de pescoço seja pequeno.

 Todos os objetos de uso constante (calculadora, telefone e outros) devem estar os


mais próximos possíveis do corpo do usuário, (LIMITE MÍNIMO DE ALCANCE
FISIOLÓGICO), sem ter que se virar (posto em "L" ou mesa complementar),
garanta que na outra posição exista uma extensão telefônica, de forma a evitar
torção do tronco ao ter que atendê-lo.
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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 Evite colocar objetos/documentos pesados em gavetas que estejam próximas do
piso; de preferência, não coloque nada pesado nestas gavetas.

f. Posicionamento do Teclado

 O teclado deve ser acomodado à mais ou menos 10 cm da borda da mesa (no


mínimo) permitindo que as mãos trabalhem apoiadas e os punhos em posição
neutra;

g. Posição da Tela do Monitor de Vídeo

 A tela do monitor de vídeo deve estar perpendicular á janela. Tela de frente para a
janela tem reflexos importantes criando necessidade de se colocar cortinas ou
persianas, complicando a iluminação geral do ambiente de trabalho;

 A distância adequada entre os olhos do usuário á tela é entre 45 e 70 cm; esta


grande variação é devida ás diferenças de acuidade visual entre os usuários;

 Deve ser possível a movimentação da tela para frente e para trás e estar
posicionada, no máximo, na horizontal dos olhos;

 A parte superior da tela, ou melhor dizendo, a primeira linha superior, deve estar
ao nível dos olhos do operador

 O monitor posicionado muito alto favorece a existência de fadiga e dor nos


músculos trapézios;

 O monitor posicionado no mesmo nível que o teclado não traz problemas, pois é
possível aos olhos promoverem uma adaptação postural alterando o ângulo da
visão para baixo, sem esforço estático de qualquer musculatura;

 No caso de uso de óculos com lentes multifocais, o melhor posicionamento do


monitor de vídeo é um pouco mais baixo que a horizontal dos olhos (sobre a mesa
ou um pouco acima); monitores no nível da horizontal dos olhos trazem
desconforto, pois o usuário terá que inclinar a cabeça para trás a fim de obter foco
na parte de baixo das lentes multifocais.

 Regule a luminosidade e o contraste da tela, para evitar esforços visuais.

h. Ângulo recomendável da face da tela

 A face da tela deve ser inclinada para trás de 10 a 20 graus para uma visualização
mais fácil, desde que não aumente o ofuscamento sobre a tela;

 Caso a tela não seja ajustável e, esta estiver demasiadamente na vertical, pode-se
colocar um pequeno calço debaixo da parte frontal do monitor de modo a incliná-lo
para trás;

i. Legibilidade

 A tela deve possuir bom padrão de legibilidade;

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 A tela deve ter características ideais de funcionamento especialmente importante é
a não existência de tremores nas letras, o tamanho dos caracteres, a separação
mínima entre as letras e o próprio formato das letras, quanto á legibilidade.

j. Distância de Visualização

 Para uma visualização confortável a tela deve estar a uma distância de


aproximadamente 45 cm de seus olhos.

k. Reflexos

 O material da mesa não deve ser reflexivo. Constitui contra indicação as mesas
construídas com fórmica branca polida, pois complicam muito a questão dos
reflexos;

 O uso de vidro sobre o tampo da mesa é absolutamente contra-indicado,


justamente por formar uma área altamente reflexiva;

 Não devem existir reflexos na tela - deve-se trabalhar, fundamentalmente, no


layout da sala onde se trabalha com computadores;

 A existência de filtros, ou tela protetoras, só poderá ser utilizada desde que não
haja prejuízo na legibilidade dos documentos e, desde que ele acessório não gere
mais reflexos;

l. Para controlar o ofuscamento

 Em certas ocasiões o ofuscamento e a iluminação deficientes dificultam a leitura


na tela do Monitor ou na documento de trabalho ;

 Ajuste o de brilho e contraste para compensar os reflexos e ajuste o ângulo de sua


tela para minimizar o ofuscamento;

 Feche as persianas ou puxe as cortinas para bloquear a luz do dia que venha de
uma janela detrás do seu terminal;

 Elimine ou ajuste qualquer fontes luminosa que brilhe intensamente na direção de


seus olhos;

 Precisando aumentar a iluminação, use uma luminária posicionada de tal forma


que não produza ofuscamento ou reflexo sobre a tela.

m. Cadeira adequada e seu ajuste

 Use uma cadeira ergonomicamente correta : apoio lombar, bordas arredondadas,


acolchoada, braço regulável, apoio no chão com 5 patas, rodízios duplos, ajuste de
inclinação do encosto INDEPENDENTE do assento, ajuste de altura do assento a
gás.

 Evite cadeiras de madeira, cadeiras com ângulo reto entre coxas e tronco, de
palhinha e mesmo cadeiras de concha dupla que tenham “base relax total” (jogam
o corpo todo para trás)

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 Atenção para com os braços da cadeira. Caso eles impeçam o seu acesso
confortável ao posto de trabalho, prefira cadeira sem braços.

 Aprenda a fazer as regulagens da cadeira às suas dimensões, de modo a obter


bom conforto. A altura certa de sua cadeira de trabalho é aquela em que seus
cotovelos estejam na altura do tampo da mesa.

 Caso seus pés fiquem suspensos, coloque um apoio para os mesmos.

 Ajuste a altura do apoio lombar da cadeira, de forma a lhe proporcionar bom apoio,
sem forçar qualquer ponto da coluna.

 Quando estiver digitando, usando o mouse ou lendo, ajuste a cadeira de tal forma
que seu tronco e suas coxas formem um ângulo de aproximadamente 100-110
graus.

 Quando estiver escrevendo, sente-se mais para a extremidade anterior da cadeira.

A cadeira deve permitir que na posição sentada algumas regras sejam


obedecidas:

 o plano de trabalho deve fazer um ângulo aproximado de 90º com a coluna do


trabalhador;

 o assento deve estar adaptado à função e à estatura do trabalhador, através de


um apoio de costas regulável e da possibilidade de regulação da altura e da
profundidade do assento;

 as cadeiras, se tiverem rodízios, devem ser de cinco apoios;

 o assento deve ser almofadado mas não em excesso e ter o rebordo frontal
arredondado para baixo;

 a altura do assento não deve ser colocada com posição superior ao comprimento
inferior das pernas do utilizador;

 se possível os pés devem apoiar no chão; caso contrário em descanso apropriado


e estável;

 a superfície do assento deve ser horizontal ou inclinada para trás até 5º.

 ATENÇÃO: Cadeira alta, em que os pés ficam suspensos, sem apoiar no chão,
gera pressão nas pernas, a partir da borda do assento, por trás dos joelhos. Esta
condição compromete o retorno venoso, podendo provocar o adormecimento das
pernas, edema e complicações vasculares futuras.

 Quando sentado, as coxas deve estar 2/3 apoiadas.

n. Posição do Apoio do Dorso


 As costas devem encaixar-se confortavelmente no apoio da cadeira, para conferir
um suporte conveniente.

o. Posicionamento dos braços

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 Os braços devem trabalhar na vertical;

 A vertical é a posição de menor tendência de giro do membro superior humano,


sem contração estática;

p. Posicionamento dos antebraços

 Os antebraços devem estar na horizontal, ou para baixo;

 Extremamente crítica é a situação de teclados colocados em mesas altas, gerando


a necessidade de flexão dos antebraços sobre os braços, formando um ângulo
menor que 90 graus. Como resultado ocorre o comprometimento crônico da
musculatura dos membros superiores;

q. Punhos

 Os punhos devem estar em posição neutra, alinhados

Certo !

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 Durante o trabalho os punhos não devem estar desalinhados, como demonstrado

Errado !

na figura abaixo:

r. Operação do mouse

 O mouse deve ter formato tradicional, mas que seja adequado ao tamanho da mão
do usuário; existem mouses dos mais diversos tamanhos.

 Trabalhar com os braços junto do corpo.

 Evite ao máximo esticar ou abrir o braço para operar o mouse.

 O mouse deve ser OBRIGATORIAMENTE manuseado PROXIMO ao corpo do


usuário, NUNCA longe. SEMPRE COM OS PUNHOS APOIADOS NA MESA,
preferencialmente com os antebraços também apoiados.

 Com o passar do tempo, é natural que mouse se torne duro. Não hesite em trocá-
lo. Movimentos do indicador contra resistência costumam ser causa de distúrbios
dolorosos.

s. Orientação especial para usuários de computadores portáteis:

Na hora de escolher o modelo de laptop:

1. Considerar muito o peso do equipamento. Escolher modelos bem leves (há alguns
que pesam menos de 1 kg com a fonte).

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
2. Atentar-se para as dimensões do teclado. Teclados muito pequenos são anti-
ergonômicos. Dar preferência aos teclados em que a dimensão da tecla seja aquela
dos teclados comuns.

3. É fundamental que o teclado tenha 4 teclas em separado: Home, PgUp, PgDn e


End. Compre somente equipamentos que tenham essas teclas em separado. Aqueles
que, para fazerem essas funções é necessário usar a tecla de Função (Fn) são
inadequados.

4. Prefira aparelhos de telas maiores.

5. Ao usar por período maior do que 60 minutos, instale um mouse e um teclado


externo, isso vai proporcionar maiôs conforto para o trabalho.

6. Certifique-se que o nível do teclado esteja na altura de seus cotovelos. Teclados


muito altos ou muito baixos acarretam distúrbios importantes nos músculos de todo o
membro superior.

7. Sempre bom lembrar que, a cada 2 horas, é importante fazer uma pausa de
aproximadamente 10 minutos e, durante a mesma, levantar-se, caminhar e fazer
alguma ginástica de distensionamento.

t. O ambiente de trabalho é realmente importante?

 O ambiente de trabalho é muito importante para o conforto e eficiência. Vários


fatores podem contribuir para uma condição de cansaço e tensão :

 Ruído em excesso próximo ao posto de trabalho ;

 Movimentação próxima à área de trabalho ou alguém executando uma outra


operação próximo ao posto de trabalho dos colegas podem ser fatores
perturbadores para tirar atenção do trabalhador, dificultando a concentração e
conseqüente fadiga;

u. A organização no trabalho e as pausas são importantes?

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 Manter a mesa de trabalho organizada é fundamental para a boa
produtividade, trabalho eficaz e redução da fadiga;

Por mais confortável que seja o posto de trabalho, ficar sentado durante longos
períodos de tempo pode ser cansativo e estressante;

 Dar espreguiçadas ocasionais e se afastar do monitor é importante. Se possível,


levante-se e faça outras tarefas;

 Se possível, alterne tarefas diferentes ao longo do seu dia de trabalho para variar o
seu ritmo de atividades. Gaste parte do tempo em outras atividades ou fornecendo
trabalhos concluídos. Com isto você impedirá o acúmulo de tensões e fadiga;

 Em qualquer situação, a cada duas horas (no máximo) interrompa o trabalho por
10 minutos, levante-se, ande um pouco e faça exercícios de distensionamento e de
alongamento.

 Em atividades de digitação de dados, a pausa prescrita pela legislação brasileira é


de 10 minutos a cada 50 trabalhados.

 É importante lembrar que essa flexibilidade é ainda mais necessária quando o


trabalho exige muita concentração mental ou quando se está muito tenso, pois
nesses casos, a tendência normal do organismo é ficar ainda mais estático.

 Durante esse período, evite ler, uma vez que durante o esforço com computador
seus músculos ciliares (músculos internos dos olhos) também ficam muito
exigidos.

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16. OS MEMBROS SUPERIORES NO TRABALHO

 A mão representa o ponto distal de um sistema de extrema complexidade, no qual


estão envolvidos centenas de músculos, de tendões e de ramificações nervosas, cujo
resultado final é a conjugação perfeita e harmônica de movimentos que vão desde a
grande intensidade de força existente numa preensão forte de um alicate, até a
mínima força exercida ao se montar um sistema eletrônico delicado ou se fazer uma
micro-cirurgia; desde o fechamento total até a abertura da mão em qualquer grau;
desde os movimentos de pronação e supinação, até toda e qualquer forma que dela
se exija.

Este complexo, delicado e harmônico arranjo anatômico e funcional, de peças


nobres, é mal utilizado na rotina de trabalho, com pancadas, com ferramentas
grosseiras e com movimentos forçados, ocasionando as L.E.R’s. dos membros
superiores.

As LERs são a 2 ª maior causa de despensas médico-ocupacionais nos E.U.A. e,


ocorrem geralmente pela somatória de esforços e traumas repetitivos, em grande
intensidade, ou sem que tenha havido tempo suficiente para uma recuperação dos
tecidos da região.

Características Funcionais, Pontos Críticos e L.E.R. no Membros Superiores

Um arranjo complexo e  Na evolução da espécie humana os membros superiores


delicado de estruturas deixaram de ser elementos de sustentação do corpo e
passaram a elementos de realização de atividade útil,
principalmente através da utilização das mãos.

 Em nível de atividade laborativa, é extremamente difícil


imaginar qualquer uma delas que não exija as mãos para
atuar como elementos de prensão, de pinçamento ou de
pressão.

 A função de prensão: dá às mãos maior capacidade de


força.

 A função de pinça: não envolve força, mas dá precisão


do movimento.

 A função de pressão, temos principalmente, a decorrente


do comprimir teclados de máquinas de escrever ou de
computadores e, pressão da palma da mão contra um
objeto, principalmente em linhas de montagem.

 Encontra-se nos membros superiores dezenas de osso,

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
centenas de músculos, 3 nervos principais e suas
respectivas ramificações e centenas de articulações, o que
o capacita a fazer movimentos tão variados quanto:
• abertura e fechamento da mão
• abertura e fechamento lateral dos dedos
• oposição do polegar
• prensão de objetos
• pinçamento de objetos
• flexão, extensão, desvio radial e desvio ulnar do punho (ou
carpo)
• pronação e supinação (girar a palma da mão para baixo e
para cima)
• flexão e extensão do antebraço
• flexão e extensão do braço
• flexão e rotação do ombro

Os ombros e punhos  Para a realização de todo este potencial, uma estrutura


representam uma supercomplexa de nervos, tendões, ossos e articulações
interage numa área pequena, passando os tendões por
incongruência funcional (na
roldanas naturais, numa relação de tal proximidade e tal
cabeça do rádio e na cavidade complexidade que, se por um lado permite todo o potencial
glenóide) e área de citado, por outro lado confere ao membro superior do ser
vulnerabilidade. humano uma grande vulnerabilidade às lesões.

Os músculos dos membros  Anatomicamente, o ombro é uma das articulações que melhor
superiores foram ilustram a potencialidade dos membros superiores. Sua
organizados para principal articulação (escápulo-umeral) mostra a cabeça do
movimentos de grande úmero como uma esfera, articulada sobre uma cavidade
velocidade, extremamente rasa (cavidade glenóide da escápula), o que
por si só, predispõe à queda do ombro e lesão de cápsulas
ligamentares (após os 30 anos), e ainda à luxações
(deslocamentos) quando ocorrem esforços anormais.

 Assim, como no restante do corpo, os músculos, ossos e


Ler’s nos ombros: articulações do membro superior se organizam
• Tendinite do supra- principalmente sob a forma de alavancas interpotentes.
espinhoso; Nestas alavancas, a distância da força ao ponto de apoio, é
• Bursite; sempre menor que a distância da resistência ao ponto de
• Síndrome do apoio. Isto resulta numa condição mecânica desfavorável
para se fazer força. Assim, sendo o braço de resistência
desfiladeiro
sempre maior que o braço de potência, para se vencer a
Movimento crítico: braços
resistência, se faz necessário que o músculo faça um esforço
acima do nível dos ombros bem maior para vencer a resistência.

 O ombro é uma articulação de extraordinária mobilidade, e


seu ponto de maior vulnerabilidade é o tendão do músculo
Pontos de fraqueza no supra-espinhoso. Este músculo responde pelo movimento de
ombro é o tendão do músc. abdução do braço a partir de 90 º. Por uma característica de
supra-espinhoso organização anatômica desta região, ao realizar seu
movimento típico, os tendões são tracionados e se deslizam
por dentro de um túnel muscular apertado. Num processo
inflamatório,desta área, estes tendões podem ser pinçados.
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 Nesta complexa organização anatômica chamada ombro, as
bolsas sinoviais representam o segundo ponto de fraqueza:
seu papel é funcionar como uma superfície de deslizamento
Bolsas Sinoviais-bursa: para a cabeça do úmero, nas situações em que o braço é
Pontos de Vulnerabilidade elevado acima do nível dos ombros.
nos ombros
 Tanto a sobrecarga estática como as sobrecargas dinâmicas
contribuem para a existência das LTC nos ombros:

Sobrecarga dinâmica: tendinite do supra-espinhoso:


 Movimentos vigorosos e repetidos dos membros superiores,
com os braços acima do nível dos ombros (e ainda mais
crítico, acima do nível de cabeça), acarretam o pinçamento
do tendão do músculo supra-espinhoso entre a cabeça do
úmero e o ligamento córaco-acromial, resultando em
isquemia, inflação e dor; a repetitividade leva à calcificação,
que perpetua a inflamação.

Sobregarca estática: bursite e síndrome do desfiladeiro:


 Manter os braço acima do nível dos ombros, independente de
movimentos vigorosos, gera principalmente bursite, pois nesta
posição as bolsas sinoviais estão muito comprometidas devido
à instabilidade da cavidade glenóide. A inflamação inicial,
repetitiva, pode resultar em calcificação, que perpetua a
inflamação.

 Outro aspecto funcional de grande importância é que, com o


tempo e devido à instabilidade natural desta articulação, o
ombro tende a cair, com tendência natural de compressão do
plexo braquial (conjunto de vasos e nervos do membro
superior) que se assenta nesta região. Esta tendência é
acentuada pela elevação excessiva dos membros superiores
ou por movimentos que acentuem a queda dos ombros.

 Finalmente, deve-se destacar que carregar cargas pesadas


dependuradas nas mãos funciona como um peso crônico
tracionando o osso úmero para fora da cavidade glenóide,
com tendência a lesões crônicas de ligamentos articulares.

 O músculo extensor radial do carpo se origina no cotovelo, na


região denominada epicôndilo lateral, e se insere na base do
Ponto de vulnerabilidade:
polegar. Sua ação mais característica é a extensão da mão. O
o músculo extensor radial grosso conjunto muscular contrasta com o pequeno ponto de
do corpo inserção (na sua origem) no epicôndilo lateral, tornando-o
extremamente sujeito a lesão.

 Tarefas que levem a flexão e extensão deste grupamento


Epicondilite ocorre pela muscular, repetitiva ou contra grande resistência, resultam em
sobrecarga funcional do lesão importante e altamente incapacidade, denominada
músculo extensor radial do epicondilite, em que o tendão se rasga ou se solta de seu
carpo ponto de origem.

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Tendões: os cordões dos Exemplo:
músculos correm revestidos  Os músculos exercem seu tracionamento sobre os ossos
por uma lâmina de através dos tendões. Estruturalmente, estes cordões
lubrificante esbranquiçados são formados por fibras de natureza visco-
elástica. Eles são revestidos externamente por uma estrutura
cilíndrica, denominada membrana sinovial, que produz um
líquido lubrificante, facilitando assim a ação do tendão.

Tenossinovites é o resultado  Apesar de uma pessoa bem treinada poder desenvolver uma
d movimentação alta capacidade de velocidade dos movimentos, o limite desta
excessiva capacidade é definida pelas características visco elásticas
dos tendões, que, como elementos não puramente
elásticos, demoram um pouco mais de tempo para se
relaxar.

 Neste sentido, podemos falar de uma discrepância entre uma


alta capacidade motora de realizar movimentos
automatizados com os dedos (cerca de 1800 toques por
minuto) e a capacidade dos tendões de suportar uma carga
de movimentação intensa sem lesão, que deve ser menor do
que os 1800 toques/min.

 A movimentação excessiva dos dedos, tão comum em


datilografia e digitação, ocasiona edema na bainha fibrosa
que recobre os tendões. Manifesta-se principalmente sob a
forma de dor surda na região acometida, sendo mais
freqüente nas imediações da superfície ventral do punho. A
dor é agravada por movimentos voluntários e associados a
ela, manifestam-se também edema, crepitação na região e
incapacidade funcional.

 Estes tendões, nos dedos continuam a seguir seu trajeto


visando inserirem-se na extremidades dos dedos, e ao longo
dos dedos situam-se num túnel extremamente delicado,
ósseo no seu leito e fibroso no seu teto.

 Como todo tecido orgânico, a fáscia que recobre os tendões


tem certa capacidade de amortecimento de pressões, mas
quando as pressões se tornam excessivas pode haver edema
(inchação) principalmente na fáscia palmar e nos sulcos
ósseos dos dedos por onde correm os tendões.

 O uso de alicates e de outras ferramentas manuais cujas


Os tendões nos dedos: quinas sejam duras ou vivas precipitam estas lesões. O
correndo por sulcos ósseos resultado mais comum é um tipo de tendinite da fáscia
estreitos e delicados palmar, denominada tenossinovite estenosante, em que há
uma constrição da bainha tendinosa e “calos” nos tendões,
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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
comprometendo o deslizamento macio e normal do tendão
Dedo em gatilho: a dentro da bainha. A manifestação clínica mais evidente é o
limitação funcional dos chamado “dedo em gatilho, com dificuldade dolorosa de
tendões flexores realizar a extensão dos mesmo; e, ultrapassando o ponto de
bloqueio, a extensão é concluída normalmente.

Outros tendões  Na região lateral da mão, do lado do polegar, os tendões do


críticos: abdutor longo e extensor curto do polegar e do abdutor longo do polegar
adutor curto do polegar ficam bem próximos e passam juntos através de um sulco na
cabeça do osso rádio. Esta proximidade os torna vulneráveis
devido à alta freqüência que se roçam e se atritam em
determinados movimentos.

 Esta fricção excessiva e repetitiva dos dois tendões contribui


para o estreitamento de suas bainhas e a conseqüente
constrição dos mesmos. Esta constrição leva a inflamação e
dor, que se manifesta principalmente ao se tentar fazer o
movimento de desvio ulnar do punho.

 Os principais movimentos e situações que ocasionam este


Doença de DeQuervaim: tipo de tenossinovite são:
consequência de inflamação • torcer a mão mantendo-a presa com força, tal como ocorre
nos dois tendões entre mecânicos apertando uma chave de fenda ou entre
lavadeiras ao torcer a roupa;
• desvio ulnar repetitivo ou prolongado ao se fazer força, tal
como ocorre:
• ao se fazer uso freqüente de alicate de ponta
• ao se usar furadeiras com cabo em gatilho sobre superfície
horizontal
• ao se usar prensas de punção, que geralmente são
horizontais
• no processamento de textos e digitação de dados em
teclados que obrigam ao desvio ulnar, principalmente da mão
direita.

 Outra manifestação freqüente de super exigência sobre os


tendões é o cisto gangliônico.
Cisto gangliônico:
consequência de sobrecarga
funcional

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 Os membros superiores, e particularmente as mãos e pontas
dos dedos, se constituem em uma das áreas mais inervadas
do nosso corpo.

Pontos de Passagem dos


Nervos

 Esta inervação é tanto motora quanto sensitiva, como


também é capaz de fazer o controle da vascularização e das
glândulas sudoríparas da palma das mãos, que ajudam a
manter um grau adequado de atrito entre a mão e a superfície
tocada.

 Esta inervação é dada por um conjunto de três nervos, com


funções distintas: o nervo mediano, o nervo radial e o
nervo ulnar.

 No seu trajeto ao longo do membro superior, os 3 nervos,


radial, mediano e ulnar, apresentam alguns pontos críticos,
muito sujeitos a compressão: são eles:
• a passagem do nervo mediano no túnel do carpo, passando
do antebraço para a mão as ramificações periféricas dos 3
nervos junto dos dedos, em suas superfícies laterais;
• a saída do nervo mediano na base da mão .

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Compressão do nervo ulnar  A compressão ulnar no cotovelo, ocorre em pessoa que
no nível do cotovelo trabalha com o cotovelo apoiado em superfície dura. É
também conhecido como “doença das telefonistas”, pela alta
incidência nesta categoria.

 A compressão ulnar gera formigamentos e comichões, mas


se o comprometimento for freqüente e prolongado poderá
acarretar neurite importante, manifestando neste caso
diminuição da sensibilidade na região por ele enervada. A
prevenção é obtida colocando-se almofadas de apoio para o
cotovelo.
Compressão das
ramificações nervosas dos  Pode acarretar lesões crônicas dos nervos, que irão se
dedos por cabos de manifestar sob a forma de uma dificuldade de realização das
instrumentos tarefas por “anulação” das extremidades comprometidas,
colocação de muito mais força ao pegar um objeto
(resultando em fadiga) e ausência de sudorese, prejudicando
o atrito. As causas mais comuns são as tesouras e os objetos
ocasionadores de vibração.

 As causas mais comuns são:


Compressão do nervo • ferramentas inadequadas (geralmente curtas), como chaves
mediano na base da mão de fenda, cuja base se apóia sobre a base da mão;
por ferramentas e por • concentração de força na base da mão, como por exemplo,
vibração ao se realizar determinadas tarefas que exigem do
trabalhador pressionar com a base da mão ou usá-la como se
fosse um martelo;
• uso freqüente de alta intensidade de força, como por
exemplo, ao usar uma chave de fenda inadequada ou ao se
torcer uma porca usando força excessiva;
• vibração.
Compressão do nervo
mediano no túnel do carpo  Os sintomas são os de acometimento do nervo mediano,
principalmente alterações da sensibilidade e alterações da
função motora, limitados à área do nervo mediano.

 O túnel do carpo é um canal existente na face ventral do


punho, por onde, passam diversos tendões, ao lado do nervo
mediano. Sob circunstâncias normais, o nervo está livre, sem
compressões, mas sob certas circunstâncias o espaço pode
se tornar estreito. As causas mais comuns são:
• Exigência de flexão do punho - neste caso, as furadeiras e
outras ferramentas manuais mal usadas se apresentam como
as principais causas;
• Extensão do punho - de grande freqüência são os postos de
trabalho que exigem um posicionamento dos antebraços
semifletidos;
Síndrome do túnel do carpo
• Tenossinovite no nível dos tendões dos flexores, neste
caso, os tendões inflamados levam a uma compressão
crônica do nervo mediano.

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 As lesões por esforços repetitivos nos membros superiores são decorrentes da

interação inadequada de 4 fatores principais:

1. Força - quanto mais força a tarefa exigir do trabalhador, tanto mais propenso estará
o mesmo a desenvolver as LER.

2. Repetitividade - quanto maior o número de movimentos desenvolvidos pelo


trabalhador em sua atividade, tanto mais freqüentemente o mesmo virá a ter DORT.

3. Posturas inadequadas dos membros superiores.

4. Compressão mecânica - especialmente importantes são as formas de compressão


mecânica da base das mãos, no local onde passa o nervo mediano.

 A relação entre estes 4 fatores na origem das LER pode ser descrita segundo
gráfico abaixo.
Número de fatores

Intensidade do Fator
 Podemos ver que a medida que se aumenta a intensidade de um dos fatores, a
partir de determinado ponto crítico passará a ocorrer um aumento gradativo na
incidência das lesões por traumas cumulativos; se houver um segundo fator
presente, diante de um valor menor do primeiro fator já poderão aparecer a LER; se
houver um terceiro fator, mais fácil será a ocorrência, e assim por diante.

 Desta forma, é claro compreender porque algumas profissões, como o operador de


martelete pneumático, tem LER com grande facilidade, aí estão presentes: força,
repetitividade, postura viciosa do carpo, compressão mecânica, vibração e alguns
casos o frio.

 Desta forma, também compreendemos a menor incidência entre digitadores


envolvidos na entrada de dados em computador, onde geralmente estão presentes
apenas a repetitividade e a postura viciosa do carpo; assim, um digitador que
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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
normalmente não tem uma repetitividade excessiva em sua função, poderá vir a ter
LER em épocas de pico de produção (em que se faz muitas horas extras), caso seu
posto de trabalho for inadequado, como por exemplo, local muito alto para colocar o
teclado do computador; ou se estiver trabalhando com um computador de teclado
excessivamente duro.

 Também fica fácil compreender porque muitos trabalhadores (e especialmente


trabalhadoras), afastadas de suas atividades profissionais por tenossinovites, não
têm uma melhora do quadro. Isto ocorre como resultado das muitas outras
atividades por elas desenvolvidas, inclusive em casa, com participação de um ou
mais dos 4 fatores contributivos (lavar roupa, limpar móveis, encerar o chão, Tc.).

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17. BIOMECÂNICA OCUPACIONAL

A biomecânica usa as leis da física e os conceitos da engenharia para descrever os


movimentos realizados pelos vários segmentos corporais e as forças que atuam
nestes segmentos durante as atividades da vida diária.

Biomecânica Ocupacional estuda dois tipos de eventos:

a. Evento de esforço súbito: o trauma ocorre de impacto causando fraturas,


contusão, amputação;

b. Evento volacional: é aquele que ocorre com o tempo, onde um trabalhador faz
esforço excessivo e surgem tendinites, tenossinovite, dor lombar, etc.

17.1. Teoria das Alavancas

O corpo humano é constituído por um sistema de alavancas formadas pelos ossos,


músculos e articulações.

Os modelos biomecânicos de alavancas existentes são as interpotentes, as


interresistentes e interfixas. Neste sistema a resistência é representada pelo peso do
corpo, pelo peso do material a ser carregado. A força é representada pela força da
musculatura.

Quanto mais distante, quanto maior amplitude de movimento, quanto mais distante
estiver o peso das articulações, pior para o músculo que realiza o movimento.

Qualquer ambiente do trabalho que exija do indivíduo amplos movimentos, pior para o
trabalhador.

O grande desafio da biomecânica é projetar ambientes que exijam menos do


trabalhador do ponto de vista biomecânico, ou seja, que o braço de potência sempre
sejam maiores que o braço de resistência.
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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Não existe uma postura ideal, depende do ambiente, da medida antropométrica, da
educação do trabalhador.

O trabalho estático e dinâmico, também chamado de trabalho positivo que é aquele


que encurta a parte muscular (LEVANTAMENTO DE PESO) e trabalho negativo é
aquele movimento que estende a musculatura, também chamado de trabalho
excêntrico (ABAIXAMENTO DE PESO).

17.2. Instrumentos para analisar a postura do ponto de vista biomecânico:

1. Sistema OWAS (Ovako Working Postura Analysis System - Kartnu, Knasl e


Kuorings, 1977)

2. Registro de desconforto postural (Corleti e Marsenics, 1980).

3. HUMOSIN – Human Motion Simulation, do Laboratório de Simulação de Movimento


Humano da Universidade de Michigan – EUA

17.3. Grupos de fatores que devem observados durante a análise


biomecânica da tarefa:

a. Característica do trabalho: física, sensorial, motora, psicomotora, personalidade,


treinamento, experiência, atividade recreacional, etc.

b. Característica da carga/material: peso, dimensão, distribuição da carga, trajeto,


estabilidade da carga, tipo de pega, mecanismos da ajuda para transporte.

c. Característica do local de trabalho: geometria, duração e ritmo do trabalho,


complexidade, fatores ambientais (umidade, ruído, luminosidade, etc.).

17.4. Consideração sobre a Elevação de Carga

a. Peso do objeto: diminuir ao máximo o peso;

b. Distância horizontal do objeto ao corpo do trabalhador: quanto mais


próximo melhor;

c. Distância vertical de elevação do objeto: não deve exigir muito movimento e


força. NUNCA acima dos ombros;

d. Velocidade de elevação;

e. Trabalho de elevação;

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
f. Evitar elevar cargas assimétricas, para não aumentar a força compressiva
na coluna;

g. Velocidade de Elevação: Aumento linear da carga compressiva entre as


vértebras L5/S1. Avaliar influência das técnicas de elevação de carga (estilo
livre e estilo de pernas e costas).

h. Empurrar e puxar carga: quando a carga é puxada ou empurrada é


importantíssimo o tipo de atrito que o solo oferece, podendo inclusive afetar a
capacidade de produzir força estática: Ex: força de 200 N e coeficiente de atrito
de 0,3.

i. Altura da empilhadeira;

j. Distância dos pés ao objeto;

k. Posicionamento dos pés não paralelo.

17.5. Limites de Ação - NIOSH

- compressão entre vértebras L5/S1 - 3.400 N;


- metabolismo energético - 3,5 kcal/min;

17.6. Limite Máximo Permitido - NIOSH

- compressão entre vértebras L5/S1 - 6.400 N;


- metabolismo energético - 5,0 kcal/ min;

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18. LEVANTAMENTO MANUAL DE CARGAS

 Uma das dúvidas mais freqüentes sobre o manuseamento de cargas é:


“O trabalhador, ao levantar determinada carga, está fazendo uma tarefa dentro
dos limites normais de tolerância? Ou, está se sobrecarregando, com chances
de vir a apresentar uma lesão músculo-ligamentar, ou mesmo uma hérnia de
disco?”

 Os critérios brasileiros preconizam como permitido o manuseio de uma carga de até


40 kg, entretanto, não esclarece a jornada de trabalho. Aí nos ocorre perguntar : “O
trabalhador pode carregar até 40 kg por quanto tempo : 8, 10, 12, 4 horas ?”

 Um coisa é certa, 40 kg não pode ser padronizado para quem levanta peso durante
todo o dia. Por outro lado, é importante considerar que, independente do peso
máximo a ser manuseado manualmente, um trabalhador pode desenvolver hérnia
de disco, de graves conseqüências, ao simplesmente levantar uma carga de 10 a
15 kg,.

O NIOSH define os seguintes critérios ou limites de tolerância, que sendo respeitados


os trabalhadores estarão protegidos do risco de lesões na coluna vertebral e do
desenvolvimento de hérnias de disco, por exemplo, esses limites são:

 Limites de Ação – NIOSH (50% do limite de tolerância) - compressão entre


vértebras L5/S1 - 3.400 N e metabolismo energético - 3,5 kcal/min;

 Limite Máximo Permitido – NIOSH - compressão entre vértebras L5/S1 - 6.400 N


e metabolismo energético - 5,0 kcal/ min;

18.1. CRITÉRIOS NIOSH PARA O MANUSEIO DE CARGAS

 Em 1980, o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), através
do estudo detalhado de bibliografia de todo o mundo , concluiu que , para formular
um critério consistente sobre levantamento manual de cargas, este critério deveria
levar em conta 4 aspectos:

Aspectos epidemiológicos
 È muito claro para quem trabalha em empresa que manusear freqüentemente
pesos acima de 50-60 kg, bem como o manuseio em determinadas posições,
particularmente tendo que pegar a carga no chão, aumenta substancialmente a
incidência de lombalgias.

Aspectos psicofísicos
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 Não se pode desconsiderar que a obrigação de realizar uma determinada tarefa
depende de aspectos psicológicos importantes; por exemplo, com o intuito básico
de prevenir lombalgias, querer que um conjunto de 1000 caixas de 1 kg cada uma
seja removida carregando-se uma por vez, é não só inviável economicamente,
como psicologicamente será muito mal aceita pelo trabalhador.

Aspectos biomecânicos
 Os estudos no Centro de Ergonomia de Michigan demonstraram com clareza que
o disco intervertebral do ser humano em idade laborativa é relativamente resistente
a pressões de até 3400 Newtons, e ao contrário, é bastante sensível a pressões
maiores que 6600 Newtons. Estes estudos também demonstram que um dos
fatores que mais aumenta a pressão no disco intervertebral humano é pegar uma
carga longe do corpo.

Aspectos fisiológicos
 Um dos grandes fracassos da denominada “técnica correta” de levantar cargas é
que ela se torna impossível de ser praticada ao longo do dia de trabalho para
quem tem esta atividade como constante. Isto porque, agachar e levantar consome
muito mais energia do que simplesmente curvar o tronco.

 O interessante na consideração deste critérios é que eles muitas vezes são


conflitantes. Por exemplo, sob o ponto de vista biomecânico, o melhor para fazer a
remoção das 1000 caixas acima citadas seria pegando uma de cada vez; porém
esta não seria a melhor forma, sob o ponto de vista fisiológico e psicofísico; sob o
ponto de vista fisiológico e psicofísico, a melhor forma seria empacotando as 1000
caixas de 25 caixas de 40 quilos cada uma, e fazendo o esforço apenas 25 vezes
ou o contrário; porém, neste caso, os critérios epidemiológicos e biomecânicos
seriam contrariados.

 O critérios de NIOSH, está na sua 6ª. Revisão, e desde 1991 refez as


recomendações, definindo o LIMITE DE PESO RECOMENDADO É O INDÍCE DE
LEVANTAMENTO (LPR) e INDICE DE LEVANTAMENTO (IL) .

 Ao contrário de outros critérios, este foi estabelecido de forma a não se basear em


determinada carga, acima da qual seria problemático e abaixo da qual haveria
segurança; nem foi estabelecido uma freqüência máxima; nem uma técnica.

 O critério do NIOSH nos Estados Unidos é considerado um guia (guideline) e não é


obrigatório (requirement).

 O critério do NIOSH pode ser usado quando a pessoa dá até dois passos
carregando a carga, pois nesse caso não haverá interferência desse fator com a

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freqüência de levantamento. O trabalhador deve utilizar as duas mãos para
carregar a carga.

 Ao contrário, o grupo estabeleceu que para uma situação qualquer de trabalho de


levantamento manual de cargas, existe um LIMITE DE PESO RECOMENDADO,
cuja fórmula de cálculo é dada a seguir. E que, uma vez calculado o LPR,
comparar-se o valor da carga real com o LPR, obtendo-se então o IL (ou índice de
levantamento), que é a relação entre o peso real e o LPR.

 Assim, pode-se dizer que se o valor do IL for menor que 1,0, a chance de lesão é
mínima e o trabalhador estará em situação segura; se a relação for de 1,0 a 2,0,
aumenta-se o risco; se a situação de trabalho for tal que o IL seja maior do que
2,0, fica bastante aumentado o risco de lesões da coluna e do sistema músculo-
ligamentar, tão mais aumentada é a chance quanto maior for o valor do IL.

Assim,

18.1.1. O Limite de Peso Recomendado (LPR)

 Representa um valor seguro para aquela situação de trabalho, onde o peso da


carga manuseada representa uma situação segura para mais de 90% dos homens
e mais de 75% das mulheres que conseguem levantar sem lesão. Atualmente
estudos demonstram as mulheres estão protegidas na faixa de 90%;
 Neste nível, a taxa metabólica é da ordem de 3,5 kcal/min, o que é compatível com
uma jornada contínua;
 A incidência de comprometimento do sistema osteomuscular é pequena em
valores abaixo do mesmo;
 Ocasiona força de compressão no disco L5-S1 da coluna vertebral da ordem de
3400 Newtons, o que pode ser normalmente tolerado pela maioria dos
trabalhadores.

O LPR representa um valor seguro para se proteger 90% dos homens e 75% das
mulheres, mas os estudos científicos recentes, tanto os epidemiológicos quando os
psicofísicos (em que a pessoa define a sua capacidade) têm mostrado que, quando o
critério do NIOSH apresenta um Índice de Levantamento (IL) abaixo de 1, mais de
90% das mulheres e praticamente todos os homens saudáveis conseguem fazer a
atividade.

 Se o levantamento de carga ocorrer com uma das mãos (ao lado do corpo),
recomenda-se calcular, e realizar uma ponderação quanto à consideração de risco,
ou seja, se o cálculo do Índice de Levantamento tiver mostrado um determinado
valor (sem risco, risco ou alto risco), caso o levantamento de peso esteja sendo
feito com uma das mãos, considerar um nível acima.

 Além desse fator de transportar a carga com uma das mãos, existem outros fatores
que devem ser considerados para mudar de faixa na interpretação do critério
NIOSH: Ambientes muito úmidos, esforços feitos com arrancos nos movimentos,
horas extras e a necessidade posterior de carregar a carga por distâncias maiores
que dois passos.

Fórmula para Cálculo do Limite de peso Recomendado (LPR)

 LPR= 23 x FDH x FAV x FDVP x FFL x FRLT x FQPC, onde :

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 FDH - fator distância horizontal do indivíduo à carga
 FAV - fator altura vertical da carga no origem do esforço
 FDVP - fator distância vertical percorrida desde a origem até o destino
 FFL - fator freqüência de levantamento
 FRLT - fator rotação lateral do tronco
 FQPC - fator qualidade da pega da carga

LPR= 23 x (25/H) x (1-0,0075(VC/2,5 - 30) x (0,82+4,5/Dc) x (Tabl) x (1-0,0032 A) x (Tab 2)

onde:

 H - Distância Horizontal - (da linha do tornozelo até o ponto em que as mãos


seguram o objeto - geralmente no centro da carga) - (em cm) ou até onde deposita
.
 Vc - Altura vertical da carga na origem - do chão ao ponto em que as mãos
seguram o objeto (em cm)
 Dc - Distância vertical percorrida - corresponde à diferença de altura da carga
entre a origem e o destino (em cm)
 A - Ângulo de rotação lateral do tronco - em graus

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 É importante lembrar que essas ferramentas permitem também a análise de
atividades de exigência diferente, tais como puxar e empurrar, sempre lembrando
a necessidade de se ter um dinamômetro para a avaliação da força realizada na
tarefa.

 Quando a atividade envolver exigência constante de levantamento de cargas, em


condições padronizadas, usar a equação do NIOSH.

 Quando a atividade envolver movimentação intensa de pacotes e cargas, como


acontece nos depósitos e armazéns de distribuição, o melhor é usar a
metabolimetria e a medida da freqüência cardíaca, para definição de tempo de
trabalho e tempo de repouso.

18.1.2. Índice de Levantamento - IL

 O IL abaixo de 0,9 representa uma atividade sem riscos para os trabalhadores, é


seguro.

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 O IL de 0,9 a 1,2 também considerar seguro, a menos que a força de trabalho seja
predominantemente de pessoas do sexo feminino e de baixa capacidade de força
física;
 O IL de 1,2 a 2,0 tomar cuidado quanto às condições de trabalho;
 O IL acima de 2,0, direcionar forte atenção para com essas condições de trabalho.

 Quando o trabalhador estiver sentado, deve fazer a mesma ponderação quando


ocorre nas situações limítrofes, ou seja, se a aplicação do critério tiver mostrado
um IL de 0,6 ou abaixo, é claro que o mesmo será válido; mas se o critério tiver
mostrado Índice de Levantamento entre 0,8 a 0,9, ao invés de considerar esta
situação como segura, considere como de risco, se a pessoa estiver trabalhando
sentada.

Como calcular o fator freqüência de levantamento

FREQUÊNCIA Até 8 h Até 8 h Até2Hs Até 2 h Até 1 h Até 8 h


DE
LEVANTAMENTO Vc< Vc= > Vc < Vc= > Vc < Vc > =
(vezes / minuto) 75 cm 75 cm 75 cm 75 cm 75 cm 75
cm
0,2 0,85 0,85 0,95 0,95 1,0 1,0
0,5 0,81 0,81 0,92 0,92 0,97 0,97
1 0,75 0,75 0,88 0,88 0,94 0,94
2 0,65 0,65 0,84 0,84 0,91 0,91
3 0,55 0,55 0,79 0,79 0,88 0,88
4 0,45 0,45 0,72 0,72 0,84 0,84
5 0,35 0,35 0,60 0,60 0,80 0,80
6 0,27 0,27 0,50 0,50 0,75 0,75
7 0,22 0,22 0,42 0,42 0,70 0,70
8 0,18 0,18 0,35 0,35 0,60 0,60
9 0,00 0,15 0,30 0,30 0,52 0,52
10 0,00 0,13 0,26 0,26 0,45 0,45
11 0,00 0,00 0,00 0,23 0,41 0,41
12 0,00 0,00 0,00 0,21 0,37 0,37
13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,34
14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,31
15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,28
16 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Obs.:
 Vc (alt. vert. da carga X origem)=do chão ao ponto em que as mãos seguram
objeto (cm)
 Freqüência < que 1 levantamento a cada 5 minutos, considerar o multiplicador
igual a 1,0

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
18.1.3. Critério para a Decisão quanto à Pega da Carga (segundo Herrin)

O OBJETO É UM CONTAINER OU CAIXA?

NÃO
SIM

E UM CONTAINER DE BOA QUALIDADE? (VER a seguir)

SIM

Possui uma alça ótima


ou pega ótima (ver a seguir)

SIM A PEGA É BOA


NÃO

Os dedos conseguem ficar a


90° graus

SIM A PEGA É RAZOÁVEL

NÃO A PEGA É POBRE

NÃO A PEGA É POBRE

SE PEGA COM PRENSÃO DA MÃO

SIM A PEGA É BOA

NÃO Os dedos conseguem ficar a


90 graus
SIM A PEGA É
RAZOÁVEL NÃO
A PEGA É POBRE

18.1.4. Container ou caixa de boa qualidade

 Comprimento < ou = a 40 cm;


 altura < ou = 30 cm e uma superfície de alguma compressibilidade, não
derrapante.

18.1.5. Características de uma alça ótima ou pega ótimo

Uma alça ótima tem :


 um formato cilíndrico;
 superfície com algum grau de compressibilidade;
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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 não derrapante;
 diâmetro de 1,8 a 3,7 cm, comprimento > ou igual a 11 cm;
 forma semioval;
 espaço para caber as mãos de no mínimo 5 cm;

Um corte para pega numa caixa deve ter :


 forma semioval;
 uma altura de no mínimo 7,5 cm;
 comprimento de > ou igual a 11 cm;
 largura do corte de no mínimo 1,0 cm;
 condições que permita, a pessoa que vai pegar, dobrar os dedos próximo de 90
graus debaixo da caixa;
 ter espaço para os dedos de no mínimo 5 cm;
 superfície com algum grau de compressibilidade.

18.1.6. Fator Qualidade da Pega da Carga

PEGA Vc < 75 cm Vc > 75 cm


 Boa 1,00 1,00
 Razoável 0,95 1,00
 Pobre 0,90 0,90

18.1.7. O efeito do fator DISTÂNCIA HORIZONTAL DO INDIVÍDUO Á


CARGA

Distância Horizontal do Indivíduo à Carga

18.1.8. Efeito do fator ALTURA VERTICAL DA CARGA NA ORIGEM DO


ESFORÇO

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
18.1.9. Efeito do fator DISTÂNCIA VERTICAL PERCORRIDA DESDE A
ORIGEM ATÉ O DESTINO

Distância Vertical Percorrida

18.1.10. Efeito do fator ÂNGULO DE ASSIMETRIA

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Ângulo de Assimetria

18.1.11. Efeito do fator FREQUÊNCIA DE LEVANTAMENTO SOBRE O


LPR

 Levantamento com a Carga Elevada (Vc> ou igual a 75 cm )

Freqüência (Levantamentos por Minuto)

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
 Levantamento com a Carga Baixa ( Vc < 75 cm)

Freqüência (Levantamentos por Minuto)

18.2. MODELO BIOMECÂNICO TRIDIMENSIONAL DE PREDIÇÃO DE


ESFORÇO ESTÁTICO (3DSSPP)

 Quando a atividade envolver alta exigência, porém em baixa freqüência, as


melhores ferramentas são os modelos biomecânicos, e um dos modelos mais
atuais é o 3DSSPP-Tridimentional Static Strenght Prediction Program-
desenvolvido pela Universidade de Michigan.

 A movimentação manual de materiais representa um


desafio em ergonomia e costuma estar associada a
muitos transtornos musculoesqueléticos, como
distensões, torções e lombalgias. O Modelo Biomecânico
Tridimensional de Predição de Esforço Estático
(3DSSPP) é uma ferramenta ergonômica para análise do
trabalho desenvolvida pelo Centro de Ergonomia da
Universidade de Michigan para quantificar as solicitações
biomecânicas durante a movimentação manual de
materiais.

18.3. LMM - LUMBAR MOTIN MONITOR

 O modelo de William Marras, denominado LMM (Lumbar Motin Monitor), prevê a


instalação de um equipamento sofisticado, composto de 3 goniômetros capazes de
medir a inclinação, a lateralização e a torção da coluna vertebral durante o esforço,
bem como a velocidade dos movimentos.

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Com base em informações básicas da atividade passadas pelo pesquisador para o
software (peso, distância horizontal, distância vertical no destino), o sistema analisa a
exigência na tarefa e classifica o esforço em porcentagem de risco de lombalgias. A
limitação ao seu uso é o custo (mais de 33 mil dólares).

18.4. HAL – HAND ACTIVITY LEVEL

ACGIH propõe limites de tolerância para levantamento de cargas e mantém critério do


HAL para limite de tolerância em atividades de membros superiores. Em julho de
2003, durante a Conferência da ACGIH estabeleceu Limite de Tolerância IThreshold
Limit Value) para mão, pulso e antebraço, denominada de Nível de Atividades das
Mãos (HAL – Hand Activity Level). O HAL é comparado do NPF (Pico de Força
Ajustado) e é considerado pelo Centero for Ergonomics como ferramenta de grande
valor na avaliação e definição objetiva do risco em atividades denominadas monotask
(ou seja, em que o tipo de atividade é o mesmo, não havendo diversificação).

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
19. EXERCÍCIOS - APLICAÇÃO DE ESTUDOS ANTROPOMÉTRICOS

TABELAS ANTROPOMÉTRICA PARA CONSULTA

Tabela A - Resultados de Levantamento Antropométrico de População Trabalhadora


Operacional – Sexo Masculino – Região do ABC – São Paulo-amostra de 400
trabalhadores (segundo Moleirro, T.R.S. e Couto, H.,1995) – em cm.

ESTUDO ANTROPOMÉTRICO – TABELA A

Segmentos Média Desvio Padrão 5% 20% 50% 80% 95%

Altura 171,56 6,79 160 166 171,5 177 183,5


altura dos olhos 160 6,61 149 154,5 159,5 165,5 172
altura dos ouvidos 157,17 6,53 146,5 152 157 162,5 169,5
altura do mento 150,38 6,35 140,5 145 150 156 161,5
altura dos ombros 143,22 6,46 133 138 143 148 154,5
altura da linha mamilar 126,98 5,98 117 122 127 132 137,5
altura da apêndice xifóide 120,19 5,93 110,5 116 120 125,5 130
altura dos cotovelos 109,14 5,31 100,5 104,5 109 113,5 118
altura do umbigo 102,95 7,08 94,5 98,5 102,5 107 111
altura do púbis 90,69 5,32 82 87 90,5 95 99
altura dos punhos 84,36 4,93 77 80,5 84,5 88,5 92
altura das mãos 66,07 4,31 59,5 62,5 66 69,5 73
tamanho dos joelhos 51,38 3,20 46 49 51 54 56,5
Sentado – altura olhos 126,64 5,26 118 122,5 127 131 135
Sentado – altura l. mamilar 92,38 4,23 85 89 92,5 96 99,5
Sent. Alt. Ap. xifóide 85,33 4,75 78,5 81,5 85,5 88,5 92,5
Sent – alt. cotovelos 73,24 3,49 67,5 70 73,5 76 78,5
Sent. – alt. fossa poplítea 48,77 2,75 44 46,5 48,5 51 53
Tamanho do braço 36,59 2,54 32 35 37 39 49,5
Tamanho do antebraço 28,53 1,86 25,6 27 28,5 30 31,5
Tamanho da mão 18,19 1,17 16 17 18 19 20
Dist. Fossa poplítea-nádega 46,89 2,67 42,5 44,5 47 49,5 51
Largura do tronco 42,85 4,70 36 40 43 46 49
Largura do quadril 35,46 3,63 29 32 36 38 42

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Tabela B – Resultados de Levantamento Antropométrico de População Trabalhadora
de Escritório - Feminino – Região do ABC – São Paulo – dados obtidos a partir do
estudo de 100 trabalhadores de uma fábrica (segundo Moleiro, T.R.S. e Couto, H.,
1995) – em cm.

ESTUDO ANTROPOMÉTRICO – TABELA B

Segmentos Média Desvio Padrão 5% 20% 50% 80% 95%

Altura 158,83 6,13 149 154 159 164 169


Altura dos olhos 147,66 5,98 138,5 142,5 147,5 152 157,5
Altura dos ouvidos 144,99 5,63 136 140 144,5 149,5 154,5
Altura do mento 139,61 5,28 13105 134,5 139,5 144,5 148,5
Altura dos ombros 130,98 5,45 122 126 131 135 139,5
Altura da linha mamilar 113,78 5,57 106 108,5 113,5 118 124,5
Altura da apêndice xifóide 107,97 5,50 99,5 103 108 112 117,5
Altura dos cotovelos 99,51 4,29 92,5 95,5 99,5 103 107
Altura do umbigo 94,40 4,75 86 90,5 94,5 98 101
Altura do púbis 82,33 4,47 75 78,5 82 86 90
Altura dos punhos 78,28 3,86 72 74 78 81,5 84
Altura das mãos 61,86 3,31 56,5 59 61,5 65 67
Tamanho dos joelhos 45,04 2,53 40,5 43 45 47 48,5
Sentado – altura olhos 115,28 4,84 108 111,5 115 119 123,5
Sentado – altura l. mamilar 78,65 5,15 73 75,5 78 82 86
Sent. Alt. Ap. xifóide 75,36 3,83 69 72,5 75 78 82,5
Sent – alt. cotovelos 64,16 3,10 58,5 62 64 66,5 69
Sent. – alt. Fossa poplítea 40,88 2,56 36,5 39 40,5 43 45,5
Tamanho do braço 34,58 1,88 31,5 33 34,5 36 38
Tamanho do antebraço 25,96 1,35 23,5 25 26 27 28
Tamanho da mão 16,64 1,06 15 16 16,5 17,5 18
Dist. Fossa poplítea- 45,30 2,62 41,5 43 45,5 47 49
nádegas
Largura do tronco 38,90 3,27 34 36 38 41 44
Largura do quadril 39,06 4,03 33 36 39 42 45

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
EXERCÍCIOS

No cotidiano da atuação em ergonomia frequentemente temos que responder a


uma série de perguntas que envolvem o raciocínio com os dados
antropométricos e a consulta a tabelas. Apresentaremos a seguir uma série de
exercícios práticos, tendo como base as tabelas antropométricas para homens
(Tabela A) e mulheres (Tabela B), responda as questões a seguir:

Exemplo 1: Estabeleça a altura de bancada (3 padrões) que permitirá adaptar


a pessoas baixas, medianas e altas. Na área praticamente só há trabalhadores
do sexo masculino. Quê alturas você vai sugerir? Preencha a tabela abaixo:
Homens:
ATIVIDADE Indivíduos Baixos Indivíduos Medianos Indivíduos Altos
Trabalho Leve
Trabalhos Moderados
Trabalhos Pesados

Exemplo 2: Um representante de uma empresa que fabrica cadeiras de


escritório lhe entrega uma cadeira de altura regulável, para avaliação. Qual
deverá ser a amplitude de variação da altura da cadeira de modo a atender 90
% da população masculina e feminina?

Exemplo 3: Na mesma avaliação de quantos centímetros deverá ser à


distância ântero-posterior do assento?

Exemplo 4: Nesta mesma avaliação, qual deverá ser a largura do assento de


forma a acomodar bem 90% das pessoas?

Exemplo 5: Uma empresa está construindo uma linha de montagem para as


pessoas trabalharem sentadas. Qual deverá ser a distância da esteira que
transporta as peças até a borda anterior da bancada, a fim de evitar que a
pessoa faça extensão excessiva dos braços para buscar a peça na esteira?

Exemplo 6: Numa bancada de trabalho, quais deverão ser os limites do


semicírculo (área de alcance normal) para que o trabalhador consiga pegar
objetos dentro do campo fisiológico de ação das mãos? Observe que neste
caso deve-se Ter apenas uma medida (percentil 95 ou 5?).

Exemplo 7: A área industrial lhe solicita definir a altura adequada para ser
instalado um esmeril de coluna (geralmente seu uso envolve esforço físico).
Que altura você recomendaria?

Exemplo 8: O trabalho envolve furar com furadeira com cabo do tipo pistola.
Indique a altura que deverão Ter os pontos de furo sabendo-se que o trabalho
será feito com o trabalhador na posição de pé.

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Exemplo 9: A atividade na empresa é a montagem de fios elétricos em um
painel que contém 15 a 20 posições; o painel é circular, e é de altura fixa. Qual
deverá ser a altura inferior do painel e qual deverá ser sua altura superior a fim
de trazer poucos problemas de adequação antropométrica? Além de altura do
painel, que outros cuidados você deverá adotar a fim de acertar a posição de
trabalho das pessoas?

Exemplo 10: Na construção de um prédio de apartamentos, qual deverá ser a


altura a ser colocada a bancada da cozinha?

Exemplo 11: Na construção de um banheiro masculino, qual deverá ser a


altura máxima da borda inferior do mictório?

Exemplo 12: Na construção daquele restaurante industrial, foi instalada uma


esteira transportadora de bandejões vazios, ali colocados pelos usuários após
terem tomado a refeição; qual deverá ser a altura da abertura na parede a fim
de que não haja possibilidade de alguém bater a cabeça nem tenham as
pessoas que se encurvar ao colocar as bandejas na esteira?

Exemplo 13: Na direção de um automóvel, todos os objetos e comandos a


serem manuseados (alavanca de setas, alavanca de marchas, limpador de
pára-brisas, comandos básicos do rádio, etc.) devem estar dentro da área de
alcance máximo. Que distância é esta? Aproveite e faça uma comparação com
o resultado obtido em seu próprio automóvel.

Exemplo 14: No banco do automóvel, existem dois ressaltos no assento e no


encosto que visam fundamentalmente firmar o corpo do motorista contribuindo
para a estabilidade, mas que certamente não podem prender o corpo do
motorista. Qual deverá ser a distância mínima entre os ressaltos, tanto no
assento quanto no encosto? Aproveite e faça uma comparação com o
resultado obtido em seu próprio automóvel.

RESULTADOS DOS EXERCÍCOS DE ANTROPOMETRIA

Exemplo 1: Homens

ATIVIDADE Indivíduos Baixos Indivíduos Medianos Indivíduos Altos


Trabalho Leve 122 127 137,5

Trabalhos Moderados 104,5 109 118

Trabalhos Pesados 87 90,5 99

Exemplo 2: de 36,5 a 53 cm

Exemplo 3: 43 cm

Exemplo 4: 44 cm

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
Exemplo 5: 62,5 cm (31,5+23,5+7,5). 7,5 referente à metade do tamanho da mão –
neste caso, utiliza-se percentil 5% das mulheres.

Exemplo 6: 38,5 cm (no percentil 5% - mulher + tamanho de antebraço + tamanho da


mão)

Exemplo 7: 95 cm

Exemplo 8: 113,5 cm

Exemplo 9: de 95 cm a 133 cm para homens ou de 90 a 122 cm para mulheres, além


disso, adequação antropométrica.

Exemplo 10: 99,5 cm

Exemplo 11: 82 cm

Exemplo 12: > 183,5 cm

Exemplo 13: 62,5 cm

Exemplo 14: 39 cm

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Reis, A.D.C. – Ergonomia, Curso de Segurança em Instalações Terrestres, ANI/UN-BOL, 2010
20. BIBLIOGRAFIA

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