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1- INTRODUÇÃO
Actualmente, não restam dúvidas quanto à relação entre condições de trabalho e produtividade, quer
pelos custos directos e indirectos dos acidentes de trabalho, quer pelo absentismo por doença,
particularmente no que se refere a doenças profissionais. De uma maneira geral, não tem sido dada
grande atenção às condições em que a actividade de trabalho é realizada, embora se saiba que um meio
que exponha os trabalhadores a riscos graves pode ser a causa directa de acidentes de trabalho e de
doença profissionais. Por outro lado, sabe-se que a insatisfação decorrente de condições de trabalho não
adequadas pode afectar a produtividade, em termos qualitativos e quantitativos, e determinar uma
rotação excessiva do pessoal e até um absentismo elevado.
Neste contexto, a Ergonomia assume uma importância particular, não só pelos objectivos que persegue,
como pelas características das acções que preconiza. Os resultados da aplicação de critérios
ergonómicos, quer em concepção de produto, quer em intervenção em sistemas de produção, já são, na
verdade reconhecidos. O adjectivo “ergonómico” tornou-se um factor de marketing, mas é preciso
controlar alguma superficialidade com que possa ser utilizado. Já se pode dizer com segurança que uma
intervenção ergonómica num sistema de produção, desde a fase de projecto, se reflecte em ganhos
significativos a vários níveis, desde a diminuição da duração da fase de arranque ao aumento do grau da
satisfação dos operadores. Quando pudermos quantificar estes efeitos a longo prazo, os resultados serão
ainda mais positivos, particularmente no que se refere aos seus efeitos sobre a segurança e a saúde dos
operadores.
A palavra Ergonomia provém do grego, Ergon que significa trabalho e Nomos que significa estudo das
regras e normas. O termo foi utilizado pela primeira vez em 1857, quando o polaco Wojciceh
Jastrzebowski publicou uma das suas obras, intitulada “Esboço de Ergonomia ou Ciência do Trabalho”,
em que definia a ergonomia como a ciência da utilização das forças e das capacidades humanas.
A Ergonomia tem as suas origens como ciência na segunda guerra mundial (1939 – 1945), quando os
engenheiros desenharam máquinas complexas, inovações que não corresponderam ao que delas se
desejava porque não foram tomadas em consideração as características e as capacidades dos seus
operadores.
A nível militar, no final da guerra, em 1945 os Estados Unidos da América faziam esforços paralelos na
criação dos laboratórios de psicologia pela Força Aérea e pela Marinha. Esta evolução nos Estados
Unidos deu origem à Engenharia Humana, tendo sido criada em 1957, a Human Factors Society.
A atribuição da sua designação deve-se no entanto a K. Murrel, um engenheiro inglês, que no ano de
1949 lhe atribuiu o significado que hoje conhecemos.
A partir do início da década de 50, com a criação da Ergonomics Research Society, em Inglaterra, a
ergonomia começa a sua expansão pelo mundo industrializado, desenvolvendo-se assim o interesse
pelos problemas inerentes ao trabalho humano.
Nos vinte anos que se seguem, entre 1960 e 1980 assiste-se a um rápido crescimento e expansão da
ergonomia para além das fronteiras militares, pois o meio industrial começa a tomar consciência da
importância da sua aplicação na concepção de produtos e de sistemas de trabalho.
Na Europa, alguns anos mais tarde a Ergonomia começou a ser utilizada com o objectivo de optimizar o
trabalho humano. Os primeiros estudos centram-se no aperfeiçoamento das máquinas, uma vez que até
aí eram os trabalhadores que a elas se tinham que adaptar muitas vezes á custa de longos e difíceis
processos de aprendizagem. Com o aumento da complexidade e dos custos das máquinas e
simultaneamente, com a imposição do valor da vida humana, surge a preocupação de conceber
máquinas e equipamentos mais adaptados às características humanas do ponto de vista antropométrico,
biomecânico, fisiológico, psicológico, de formação e competência, etc.
Nesta evolução em 1963 surge uma das maiores sociedades de Ergonomia do mundo – a SELF (Société
d’Ergonomie de Langue Française), com profissionais franceses, belgas, suíços e luxemburgueses.
Em Portugal por esta altura a ergonomia era inexistente, julga-se que as necessidades sociais criadas
com a integração da União Europeia e o cumprimento de normas comunitárias relativamente à
regulamentação do trabalho e das suas condições ambientais levaram à necessidade de
desenvolvimento e aparecimento desta área.
Em 1994, na sequência dos trabalhos do grupo HETPEP (Harmonising European Training Programmes
for the Ergonomics Profession) é criado o CREE (Centro de Registo do Ergonomista Europeu), que
especifica os conhecimentos standards e a prática profissional que definem o Ergonomista Europeu e
regista todos os seus candidatos que reúnam os requisitos.
Em forma de resumo sobre a evolução desta matéria podemos dizer que, numa perspectiva histórica, se
consideram três pontos fundamentais na evolução da Ergonomia:
Uma primeira fase em que o estudo se centrava sobre a máquina e o seu aperfeiçoamento, á
qual o operador se tinha de adaptar; procurava-se seleccionar e formar o operador de acordo
com as exigências e características das máquinas.
Uma segunda fase em que, face aos problemas levantados pelos erros humanos, o estudo
começou a centrar-se no homem, procurando modificar as máquinas tendo em consideração as
características, capacidades e limites do homem.
A terceira e última fase, ou seja, a actual, em que se considera a análise do sistema global
Homem-Sistema, sistema este que inclui não só máquinas e equipamentos, mas também todo o
ambiente de trabalho.
Várias são as definições ou conceitos que são atribuídos á Ergonomia, dependendo das linhas orientarias
dos seus autores, fazendo uma pequena revisão da literatura é fácil encontrar vários exemplos:
A Ergonomia entra assim em todas as áreas de uma organização, como se pode concluir pelos os
conceitos que nos são transmitidos por duas grandes organizações:
“A Ergonomia é uma ciência que visa o máximo rendimento, reduzindo os riscos do erro humano ao
mínimo, ao mesmo tempo que trata de diminuir, dentro do possível os perigos para o trabalhador. Estas
funções são realizadas com a ajuda de métodos científicos e tendo em conta, simultaneamente, as
possibilidades e as limitações humanas devido à anatomia, fisiologia e psicologia.” ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE
“A Ergonomia consiste na aplicação das ciências biológicas do Homem em conjunto com as ciências de
engenharia, para alcançar a adaptação do homem com o seu trabalho medindo-se os eus efeitos em
torno da eficiência e do bem-estar para o Homem.” ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO
Para concluir podemos definir a Ergonomia como uma ciência aplicada, na medida em que o seu objecto
de estudo - a actividade humana, quer seja ela profissional, utilitária ou mesmo recreativa - nunca está
desligada do contexto em que se insere, nem dos objectivos em vista. Estes objectivos são pois, a
eficácia das acções, não perdendo de vista a segurança e o conforto dos actores, podendo afirmar-se
que este triângulo formaliza os objectivos da acção ergonómica.
Assim, se a Ergonomia é uma ciência aplicada que estuda o trabalho humano, também este pode ser
entendido de diferentes formas, consoante a evolução do valor que se foi atribuindo ao mesmo. O
trabalho humano é então uma forma de actividade humana, cujo valor que o homem lhe atribui variou ao
longo dos anos.
Os valores atribuídos nas épocas anteriores parecem todos coexistir. É através da sua natureza, do seu
conteúdo, dos seus modos de organização, das suas condições de realização, mas também através de
posição social que o trabalho confere, que é possível compreender o valor que cada um lhe atribui.
2.1.1 - As Raízes
A Revolução industrial (1830-séc. XIX) modificou profundamente as concepções sobre o trabalho ao
enfatizar a existência de uma relação salarial que põe em confronto dois grupos e trabalhadores dentro
da empresa: os que gerem e os que executam as tarefas produtivas, sendo estes últimos que recebem
dos primeiros um salário em troca da sua força de trabalho.
No final do Século XIX, início do século XX, a sociedade industrial, com crises económicas cíclicas, lutas
e reivindicações sociais dos trabalhadores, o aparecimento de partidos políticos e sindicatos, confronta-se
com a tendência para a queda de lucros. Para contrariar esta tendência foram procuradas soluções fora
Aproveitando o facto de àquela data as máquinas estarem já mais aperfeiçoadas, o que permitia não só
diminuir os trabalhos de ajustamento mais delicados, como ainda a sua utilização por operadores não
qualificados Taylor elaborou um conjunto de princípios de organização do Trabalho designados por
Organização Científica do Trabalho (OCT) que se caracterizava principalmente pela separação entre
tarefas de concepção e tarefas de execução, pela fragmentação/racionalização destas últimas e
consequentemente estandartização dos instrumentos de trabalho.
Segundo Taylor o Homem não é mais do que gestos e movimentos, não tendo actividade mental. Uma
vez efectuada a aprendizagem, o homem funciona como uma máquina. O homem não é mais do que
uma peça na engrenagem, cujo comportamento foi programado se modifica, nem com a experiência, nem
com a idade, ou em função de constrangimentos exteriores.
Neste contexto organizacional, as tarefas caracterizavam-se por uma forte componente sensório-motora
colocando problemas ao nível da aquisição de habilidades e aparição de fadiga.
As mudanças que se impunham neste novo modelo de sociedade fez surgir na década de 30 o
Movimento das Relações Humanas, desenvolvido por Elton Mayo, este movimento procurou actuar no
seio da empresa com o objectivo de transformar o “clima empresarial e vencer as resistências à
mudança”, que corriam devido ás características inerentes ao trabalho industrial – trabalho repetitivo que
pode originar fadiga. Este movimento tinha como objectivo compreender as relações no interior dos
grupos de trabalho e de grupo em grupo de trabalho sem, no entanto, por em causa o taylorismo no que
se refere à organização do trabalho propriamente dita, mas antes acrescentar-lhe um certo número de
vantagens e de condições que lhe permitiam a plena eficácia.
A partir dos trabalhos de Elton Mayo e da sua equipa aparece a Escola das Relações Humanas, na qual o
homem é caracterizado pela sua necessidade de pertencer a um grupo. A escola das Relações Humanas
contesta a tese do Taylorismo por um conjunto de experiência que se consideram científicas, prova-se
que o homem, tem acima de tudo necessidade de ser considerado, respeitado e de se reconhecer
pertencente a um grupo.
A moral do grupo tem uma influência sobre o nível de produção e não independentemente das condições
materiais de trabalho, nem da qualidade das relações hierárquicas.
Á semelhança do que já ocorreu na 1ª Guerra Mundial a mobilização dos Homens para o combate,
obrigou as empresas a colocarem mão-de-obra substituta para garantir o funcionamento das fábricas. De
igual modo, no final da guerra colocou-se o problema da readaptação ao trabalho de homens e mulheres
mutilados e traumatizados. (Billard, 1996). È neste contexto que em Inglaterra, mas principalmente nos
Estados Unidos, se vê surgir o desenvolvimento da engenharia Humana.
A perspectiva da engenharia Humana era de procurar integrar na concepção das ferramentas, máquinas
e dispositivos técnicos, os conhecimentos desenvolvidos sobre o homem pela fisiologia e psicologia
experimental, com o objectivo de alcançar a adaptação da máquina ao homem. Formam-se então
equipas multidisciplinares (antropólogos, médicos, engenheiros,...) que abordavam temas como a
percepção, memória, vigilância, posturas, fadiga, comunicação,...).
A análise é centrada nas condições de trabalho procurando corrigir ou eliminar os incómodos e limitações
que se opõe à capacidade humana, tal como uma cadeira demasiado alta, iluminação inadequada, etc.
Está por isso centrado numa perspectiva física dos fenómenos tendo em conta as características
psicofisiológicas dos indivíduos.
Enquanto nos Estados Unidos se desenvolvia a Engenharia humana, na Europa Ombredane e Faverge
publicam em 1955 o seu livro “L’analise du Travail” – (A Análise do Trabalho) cujos princípios vão dar
origem ao desenvolvimento de uma tradição de estudos em ergonomia apelidada “Ergonomia da
Actividade Humana”. A abordagem seguida pelos autores não só propõe uma distinção entre o trabalho
prescrito e o trabalho real, como ainda fomenta o abandono do laboratório e preconiza a análise do
trabalho no terreno (in situ), ou seja, no próprio contexto de trabalho, único local onde é verdadeiramente
possível conhecê-lo. O trabalhador passa a ser encarado como actor do sistema e não um mero
elemento, e por este motivo a investigação debruça-se sobre as características e especificidades de cada
trabalhador na realização do seu trabalho, nas estratégias que desenvolvem, nos comportamentos de
regulação postos em acção, nos modos operatórios que utilizam e nas consequências da sua actividade
em termos de saúde e eficácia.
Wisner faz um percurso análogo mas na área da fisiologia, pois ele defende que é preciso sair-se do
laboratório para compreender que por exemplo, os picos apresentados num electrocardiograma
representam na actividade um esforço acrescido das capacidades do trabalhador. A característica
essencial da análise do trabalho numa perspectiva ergonómica, segundo este autor é que representa um
método destinado a examinar aquilo que se passa na complexidade da realidade de trabalho sem ter um
modelo predefinido à priori. Esta orientação é oposta à das ciências aplicadas que ensaia no terreno os
modelos elaborados em laboratório através de métodos experimentais.
A Ergonomia preconiza pois, uma intervenção que partindo da análise da actividade de trabalho e das
condições da sua realização, propõem medidas que são estudadas nos seus efeitos múltiplos e
recíprocos de forma a dar coerência à intervenção e resposta aos objectivos do sistema produtivo.
A análise é centrada no sistema de trabalho é definida como apoios e ajudas que favorecem a eficácia e
a competência humana, como por exemplo a organização de trabalho, a formação profissional, etc.
Centra-se na actividade, fazendo registos da dimensão física e química do sistema, da tarefa, das
condições, da dimensão histórica, etc.
Pelo que se o modo de analisar o trabalho difere, consequentemente o modo de intervir também difere
em função da abordagem em que é feita essa intervenção.
A análise ergonómica reside numa análise realista do trabalho, que se centra na análise da tarefa e da
actividade, efectuada no terreno, para se conhecer e compreender essa mesma realidade e para sobre
ela se poder intervir.
Motmollin
A Análise do Trabalho fixa-se na análise dos dois componentes que são a Tarefa e a Actividade
Tarefa
Actividade
Tersac
Procura compreender a tarefa (o dever fazer) e o modo de realização, ou seja, a actividade ( o modo de
fazer) em relação com quem faz.
“dever fazer”
“modo de fazer”
quem?
Assim, na análise do Trabalho, seja qual for o modelo a análise é feita a partir do pressuposto que Tarefa
e Actividade são distintas, isto e aquilo que se deve fazer e aquilo que efectivamente se faz não é a
mesma coisa.
A abordagem behaviorista: o operador isolado visto como sistema sinal-resposta (década de 50). O
argumento da abordagem behaviorista é que a actividade humana é baseada na relação estímulo-
resposta, sem qualquer referência a processos psicológicos que ocorrem entre ambos.
Enquadrado neste paradigma o modelo mais simples de posto de trabalho comporta um homem e uma
máquina emitindo esta última informações para o homem e este efectuando comandos de resposta ás
informações recebidas da máquina. Este modelo simplista constitui a base do conceito de sistema
Homem-máquina que prevaleceu até ao desenvolvimento das teorias comitivas modernas.
Mas não podemos limitar o trabalho humano a tal visão: um conjunto de ligações elementares entre o
homem e o seu envolvimento técnico. Entre outras razões salienta-se (Sperandio , 1996):
O posto de trabalho comporta não um mas vários operadores que interagem entre si.
O comportamento dos operadores não é determinado unicamente pelos sinais explícitos que
emite a máquina, mas também por regras e instruções exteriores à própria máquina, pelas suas
características individuais, como a sua experiência, conhecimentos, envolvimento social de
trabalho e ainda pelos objectivos do próprio operador.
Pelo facto da máquina emitir sinais não significa que sejam percebidos pelo homem
O tratamento de sinais, quer provoquem ou não uma resposta, não se pode exprimir como uma
simples associação condicionada entre um sinal perfeitamente interpretado e uma resposta
quase reflexa. O processo de tratamento pode ser muito longo e não constante.
É necessário ainda considerar que o comportamento da máquina não é unicamente determinado
pelos comandos do homem.
Não obstante as limitações referidas, esta abordagem, com grande apogeu no período da
segunda guerra mundial, foi relevante para a ergonomia, como disse Sperandio : “ ... a noção de
sinal, como a de informação permanece importante na análise do trabalho. De um ponto de vista
ergonómico os sinais são todos os índices (estímulos) aos quais o operador reage ou é
susceptível a reagir”.
A abordagem do tratamento de informação.
Esta abordagem tem as suas raízes na teoria da informação desenvolvida por Shannon em
1948. Embora fosse uma teoria matemática, concebida para a quantificação das
telecomunicações a psicologia experimental viu nela uma base teórica e metodológica de grande
utlidade para uma variedade de experiência sobre a percepção, a memória e a carga mental.
Muitos conceitos dessa teoria foram importados e acabaram por ter também a sua aplicação no
domínio da análise e transformação das condições de trabalho.
A abordagem aos processos cognitivos no decurso do trabalho.
A psicologia cognitiva nasceu da impossibilidade de se desenvolver a análise comportamental
para além de certos limites de complexidade das condutas. Não é possível explicar o
comportamento humano sem criar variáveis intermédias ou construções hipotéticas que possam
sozinhas permitir passar de um plano de descrição objectiva a um plano de interpretação teórica.
As representações centrais são tão importantes quanto as variações do envolvimento. Assim o
indivíduo passa a ser visto como um sistema de tratamento de informação que transforma as
informações de natureza física em informações de natureza mental.
A ergonomia viu aqui a oportunidade de juntar aos desenvolvimentos teóricos uma dimensão
essencial que a caracteriza, a abordagem de terreno, ou seja com operadores em situação real
de trabalho.
De facto, se por um lado os estudos permitiram a construção de modelos de funcionamento
cognitivo do homem, por outro é necessário considerar que todo um conjunto de factores
presentes na realidade de trabalho historie esses mesmos modelos e que por isso justifica a
realização de estudos ecológicos.
Estas preocupações levaram a que na década de 70 começassem a ser efectuados estudos
segundo uma abordagem mais ecológica. É também nesta mesma altura que Ochaie (1981)
apresenta a sua tese obre a imagem metal e o conceito de operatividade que acabaram por ser
centrais na evolução da ergonomia. Estas teorias permitiram um novo enfoque em temas como a
fiabilidade e o erro humano.
“ O homem é também agente de fiabilidade e, nesse sentido devem ser feitos esforços para tirar
proveito das suas capacidades”. O erro não pode nunca deixar d ser visto como resultado de
uma interpretação do operador com a sua tarefa e, como tal, implicando outro nível de análise
que não puramente cognitiva. A sua análise e interpretação deve pois ser enquadrada com a
característica contextuais, circunstanciais da situação de trabalho.
Isto emite-nos para uma outra abordagem do erro, deixando de considerá-lo simplesmente como
um desempenho degradado, inadequado de um operador e como tal susceptível de
condenação, para olhá-lo sob o ponto de vista positivo, ou seja, como revelador de um
disfuncionamentos nessa interacção e que por isso merece ser objecto de uma análise
específica, de modo a permitir uma concepção de uma intervenção posterior susceptível de
melhorar as condições em que se trabalha. (Lacomblez, 1997).
Posicionamento Epistemológico
“As certezas experimentais têm limites” (Wisner, 1990)
Em meados do presente século, os problemas colocados pela inadequação das situações de
trabalho ao homem levou à formulação da ergonomia. Ela construiu-se sob o paradigma da
aplicação de conhecimentos científicos sobre o funcionamento do homem à concepção de meios
de trabalho. De facto, a ergonomia não começou por ser considerada uma disciplina científica,
mas como um campo multidisciplinar, que usufruía de conhecimentos desenvolvidos por outras
ciências, essencialmente a psicologia e a fisiologia, obtidos pela via da experimentação
laboratorial.
A prática da análise ergonómica do trabalho e a confrontação que desde sempre tem vindo a
fazer com outras disciplinas, conduziam a um conjunto de constatações entre as quais Daniellou
(1996) refere:
A diferença entre o trabalho prescrito e o trabalho real;
Colocar em evidência a actividade cognitiva e as competências dos operadores;
3 - PRINCIPAIS CORRENTES
Da Abordagem Ergonómica de Sistemas Homem – Máquina.
Com a evolução do significado atribuído ao trabalho, também a evolução do conceito da ergonomia como
ciência foi evoluindo. De acordo com o tipo de valor atribuído ao trabalho e de acordo com a importância
e do papel do homem no trabalho derivaram duas principais correntes no entendimento da Ergonomia
como ciência.
A primeira corrente a anglo-saxónica (hoje mais Americana), considera a Ergonomia como a utilização de
algumas ciências para melhorar as condições do trabalho humano. É uma corrente que orienta a
Ergonomia para a concepção de dispositivos técnicos (écrans, utensílios, postos de trabalho, máquinas,
programas, etc.)
A segunda corrente, mais recente, portanto a corrente Europeia, considera a Ergonomia como o estudo
específico do trabalho humano com vista a melhorá-lo. Nesta perspectiva a Ergonomia preocupar-se-á
menos com o écran ou com o assento isoladamente do que com todo o conjunto da situação de trabalho
em questão: nesta perspectiva a fadiga, os erros cometidos pelo trabalhador só podem ser realmente
explicados e minorados se a sua tarefa particular e a forma como é realizada (a sua actividade) forem
analisadas nos seus locais específicos.
A corrente Americana centra-se portanto sobre o factor humano, considerando o homem como um
componente do sistema de trabalho. Tem em conta as suas características antropométricas para o
desenvolvimento de produtos.
A corrente Europeia centra-se sobre a actividade humana, considerando o homem como actor do sistema
de trabalho. Tem em conta todas as características físicas e psicológicas para a adaptação do sistema de
trabalho, quer seja em termos de layout ou de organização do trabalho.
Assim, como resumo podemos dizer que a corrente americana se centra na análise das condições do
trabalho e a corrente europeia se centra na análise do sistema de trabalho.
(4)Meio
(2) Constituída por um certo número de situações elementares construídas conforme as directrizes
e normas;
(3) Compreende equipamentos, produtos, etc.;
(4) Reúne o meio físico, químico, social, etc.
Segundo a corrente americana, entre estes elementos estabelece-se um certo número de relações
recíprocas, gerando deste modo inputs e outputs.
Mas se o modo de analisar a situação de trabalho diverge nas duas correntes, consequentemente o
modo de intervenção também será diferente.
A intervenção vai então ser diferente consoante a corrente em que nos situamos, sendo que na
perspectiva Americana a intervenção é vista como uma aplicação de conhecimentos com vista à melhoria
das condições de trabalho, servindo-se do conhecimento para intervir directamente na situação. Visa
essencialmente objectos e estruturas.
Temos vindo a usar na descrição da análise da história da análise do trabalho palavras-chave como a
tarefa e a actividade, tornando-se assim imperativo a definição destas palavras do ponto de vista dos
ergonomistas.
Nalgumas publicações de Ergonomia, as noções de Trabalho prescrito são definidas como o trabalho que
é dado ao trabalhador para ele executar, este trabalho tem limites de actuação definidos pela
empresa/empregador, bem como as medidas a por em prática para a sua execução. Mas muitas vezes
por imperativos técnicos, pessoais ou outros aquilo que é descrito ao trabalhador para ele realizar numa
determinada forma, não é possível de pôr em prática pelo mesmo, assim o trabalhador, altera o “modus
operando” de acordo com as suas características pessoais, experiência, idade, etc. e de acordo com
imperativos técnicos como a avaria de algum equipamento, a falta de um colega, etc.
Desta forma as noções de Trabalho prescrito e Trabalho real dão progressivamente lugar ás noções de
tarefa e actividade.
Os objectivos interiorizados, os que o operador estabelece para si próprio, não são necessariamente
idênticos aos objectivos prescritos.
Os resultados obtidos, a performance realizada, não são sempre o reflexo dos objectivos
interiorizados, pois não basta crer;
O modo operatório, ou seja, a maneira como o operador realiza o seu trabalho, é a expressão do
ajustamento constante que efectua para responder ás variações da situação e do seu próprio estado
interno, afectivo, fisiológico, que variam em função da carga de trabalho, das equipas, etc.
O envolvimento físico tem uma incidência sobre a actividade dos operadores, sabe-se que o trabalho
realizado sob condições térmicas adversas como calor ou frio, ou ambiente húmido impõe
constrangimentos particulares e diferentes do trabalho em ambiente de conforto térmico.
Acontece ainda que os meios técnicos fornecidos, não são utilizados ou não desempenham todas as
funções que é suposto desempenharem, muitas vezes por estarem a ser subaproveitados (os ficheiros de
papel continuam a ser utilizados em massa apesar da informatização dos serviços que já devia tê-lo
substituído). Além disso, meios não previstos pela organização podem ser utilizados pelos operadores: o
controlador de um sistema de produção automatizada, que é suposto dispor de toda a informação
necessária na sala de controlo, vai no entanto procurar informações sobre o produto.
4 - PRÁTICA ERGONÓMICA
A análise do trabalho deve centrar-se quer nos aspectos qualitativos, quer nos aspectos quantitativos,
com o objectivo de melhorar os equipamentos; formalização de consignes; cálculo da carga de trabalho;
determinação das condições de conforto e segurança; organização colectiva do trabalho, estabelecimento
de programas de formação; etc.
A análise Ergonómica dos postos de trabalho consiste portanto na análise da actividade, decompondo-a
nos seus vários elementos e descrevendo-os, bem como na contabilização e quantificação dos factores
de risco inerentes a esses elementos, identificando as condições que contribuem para esses factores de
risco e determinando assim o factor de risco associado a cada tarefa, sendo cada factor avaliado em
termos de magnitude, número de vezes que ocorre e quanto tempo existe em cada vez que ocorre.
Parte-se assim, do conhecimento da actividade do homem e dos processos a ela subjacentes, por uma
lado, e do conhecimento dos sistemas, por outro, para a realização da análise ergonómica que permitirá
Os principais métodos utilizados para a análise da situação de trabalho segundo uma perspectiva
ergonómica são: a observação, a experimentação, a simulação e a verbalização.
A observação na prática ergonómica constitui o ponto de partida para a construção das etapas
seguintes, nomeadamente da formulação de hipóteses para a elaboração de um diagnóstico da situação
de trabalho. As observações realizam-se em duas fases, sendo a primeira fase uma abordagem à
situação de trabalho através de observações livres (que constitui assim os primeiros contactos) e uma
segunda fase onde se realizam observações sistemáticas. (visando recolher dados precisos que
traduzam a actividade desenvolvida e se possível respondam a hipóteses levantadas durante as
observações livres).
A simulação é praticada como uma forma de previsão, como instrumento de investigação e concepção,
particularmente utilizada para produzir elementos de observação de situações de baixa probabilidade de
ocorrência ou de grande complexidade e/ou que envolvam riscos elevados.
A monitorização de todas as actividades para identificar factores de risco já fornece alguns elementos
significativos, mas existem outros procedimentos:
Observação dos trabalhadores realizando as suas actividades em ordem a fornecer uma análise
tempo-actividade e/ou ciclo da actividade. Filmar os operadores é tipicamente utilizado nestas
situações;
Avaliação e quantificação das posturas dos trabalhadores por intermédio de um software único
desenvolvido pela Faculdade de Motricidade Humana na pessoa do Prof. Dr. Francisco Rebelo –
PASEA – Posture Analisys System for Ergonomics Aplication; quantificação do stress postural na
coluna vertebral através do programa informático “Spinal Dynamics” desenvolvido pelo
Laboratório de Biomecânica do instituto Gulbenkian / Ciências e Laboratório de Ergonomia da
F.M.H.-U.T.L;
Estudo dos Layouts dos postos de trabalho, das workstations, ferramentas, etc.
Medidas dos locais de trabalho (Antropometria e Design Ergonómico);
Medidas das pegas das ferramentas, medidas do peso das ferramentas e respectivo balanço e
medidas das vibrações caso existam;
Cálculos biomecânicos (ex: força exercida para empurrar, levantar, etc);
Medidas fisiológicas (consumo de oxigénio, ritmo cardíaco, electromiografias, etc.;
Uso de questionários, entrevistas e avaliar a responsabilidade de outros factores como sejam de
ordem psicofisiológicas e averiguar a sua influência na performance do trabalho.
A Sistemática é, por definição, a área do conhecimento que, preconiza a organização das ideias,
dos conceitos, dos objectos em sistemas, definindo critérios de agrupamento e as categorias existentes
em cada grupo. A sistemática envolve assim um processo que compreende a classificação e a
nomenclatura.
CONCEITOS
Homem
Existem ainda mais duas variáveis importantes a considerar numa análise ergonómica ao interface
Homem/sistema de trabalho
A Postura
As posturas consistem na organização dos segmentos corporais no espaço, desencadeados por
aspectos/exigências da situação de trabalho, salientando-se as seguintes: visuais, a precisão gestual, a
força, espaciais (dimensões e disposição dos planos de trabalho) e temporais (ritmos de trabalho, turnos
e trabalho nocturno).
A Carga de Trabalho
Que se entende pelo conjunto de exigências do trabalho relativo a um posto e ao próprio trabalhador, em
condições determinadas. Consoante o esforço determinado pelo trabalho, seja físico (muscular, estático
ou dinâmico) e /ou mental (cognitivo/intelectual), assim determina carga física e/ou carga mental. Os
efeitos destes dois tipos de cargas sobre o indivíduo são ainda condicionados positiva ou negativamente
por questões psicológicas – segurança/insegurança, satisfação/insatisfação, motivação/frustração,
monotonia/variabilidade.
6 - ANTROPOMETRIA
A antropometria é a ciência que faz a medição do corpo humano (Pheasant, 1988) e baseia-se
na diversidade humana.
A interacção do Homem com o espaço de trabalho que o rodeia pressupõe o estudo dos elementos que
possam afectar a posição, a postura e o alcance da faixa esperada de utilizadores e, consequentemente,
o seu conforto e eficiência.
Como exemplos desses elementos temos o tamanho e a posição das cadeiras, máquinas, secretárias,
consolas, corredores etc.
O equipamento deve acomodar não só o utilizador médio, mas também (através de ajustamento, se
necessário) 90% (ou mais, se possível) da população esperada de utilizadores.
Na antropometria para se realizar uma adaptação dos postos ou equipamentos, é feita uma descrição
estatística, tendo em conta as diferenças étnicas e entre o sexo da população, tendo por isso implicações
na transformação do trabalho. A antropometria através da criação de bases de dados que incluem as
dimensões lineares e variáveis dinâmicas, assim como a sua aplicação no contexto do design
ergonómico.
6.2 - As origens
A origem da antropometria reporta-se á Antiguidade Clássica em que Vitruvius (sec. 15 A.C.) argumentou
que “uma vez que as várias partes do corpo representavam beleza, poderiam ser usadas no design da
construção” – “O homem é a unidade de medida de todas as coisas”
No Renascimento esta teoria foi levada em conta por Leonardo DaVinci (1452 – 1519) e por Albertch
Durer (1471 – 1528).
O rápido implemento dos estudos antropométricos no sec. XX levaram à realização das convenções da
Antropologia física mantendo estas duas áreas em estreita relação.
Actualmente a classificação proposta por Pheasant coloca a antropometria como a ciência humana que
contribui para a Ergonomia, com todo o seu conhecimento acerca das dimensões do corpo humano. Esta
por sua vez possui dados, conceitos, princípios e metodologias que são necessárias para os processos
de design.
Antropometria
Ergonomia
Design
Existe portanto uma partilha de informação por parte destas ciências e do design, sendo de prever que o
fluxo de informação deve ser em ambas as direcções.
O problema que se coloca ao Ergonomista consiste em organizar uma estrutura dimensional que
conjugue uma adaptação óptima do indivíduo com o trabalho a realizar, nas condições fisiológicas
conveniente por um lado, e na boa execução da actividade e conforto do operador do outro.
Para que esta optimização seja a melhor possível o estudo posturográfico, movimentos profissionais,
espaços de trabalho, concepção de ferramentas ou de órgãos de comando, necessitam de conhecimento
prévio das medidas antropométricas. Estas medidas variam no entanto de indivíduo para indivíduo e
existem ainda diversos factores que vão influenciar as características antropométricas, como o sexo, a
idade, etc.
Então se:
Por um lado temos a diversidade humana e por outro o envolvimento e as exigências da tarefa a
exercerem influência sobre o indivíduo, que adaptação podemos fazer?
A Adequação só pode ser sujeita ao nível do envolvimento e das exigências da tarefa com base nas
características antropométricas.
B – Ajustabilidade – leva em conta os percentis para garantir que os equipamentos permitam acomodar a
maior quantidade possível de utilizadores.
C – Situação de compromisso
Adequação negociada
Ajustabilidade
Técnicas de optimização
A figura 1 ilustra a distribuição das estaturas da população laboral portuguesa. Os resultados obtidos a
partir de uma amostra de 817 trabalhadores do sexo masculino de uma empresa industrial do norte do
país traduzem a ampla variação de estaturas.
Admitindo que as estaturas de uma dada população em estudo seguem uma distribuição normal, a
expressão daqueles percentis é a seguinte:
P5 = x – 1,65 s
P95 = x +1,65 s
Sendo:
X a média aritmética da estatura da amostra
S o desvio padrão correspondente
P = a Pa + bPb
Estatura
Frequência
em encontrar
individuo
Percentil 5 50 95
Para além da estatura devemos considerar, no desenho dos postos de trabalho outras medidas
antropométricas, considerando também a posição de pé ou sentado, consoante de exerça ou desenvolva
a actividade de trabalho.
A – Estatura
B – Altura de ombros
C – Altura das ancas
D – Largura dos ombros
E – Largura das ancas
F – distância do cotovelo à extremidade da mão (comprimento máximo do antebraço)
G – distância do ombro ao cotovelo (comprimento do braço)
H – Distância da Parte inferior da coxa à planta do pé (altura de assento)
I – Altura do joelho
J – distância da barriga da perna à nádega (profundidade do assento).
No desenho dos postos de trabalho devemos ainda considerar as constrições existentes são elas o
alcance, o espaço livre, a postura e a força. Também estas constrições devem ser consideradas de
acordo com um critério de adequação aos percentis.
√ Espaço Livre – Mínimo espaço disponível necessário para dar acesso ou passagem
Espaço Livre
Força Alcance
Postura
A interacção do Homem com o seu espaço de trabalho requer o estudo dos elementos que podem afectar
a sua posição, nomeadamente da postura e do alcance da faixa esperada de utilizadores, e
consequentemente do seu conforto e eficiência.
São exemplos desses elementos a altura e a posição das cadeiras, secretárias, corredores de circulação
etc.
O equipamento deve acomodar não só o utilizador médio, mas também (através de ajustamentos do
equipamento) 90% (ou mais, se possível) da população esperada de utilizadores. Não é por isso
suficiente desenhar ou projectar um posto de trabalho adequado ao indivíduo médio (Percentil 50). Na
maioria das situações é necessário ter em consideração as pessoas mais altas (Percentil 95) , como por
exemplo no espaço livre por baixo das mesas para a colocação das pernas, ou ter em consideração as
pessoas mais baixas (Percentil 5), como por exemplo no desenho do um plano de trabalho tendo em
consideração o alcance máximo desse percentil.
Como não é possível desenhar postos de trabalho de forma a satisfazer o indivíduo mais alto ou o mais
baixo, teremos de desenhá-los obtendo as especificações para a maioria. Os percentis 5 e 95% traduzem
a variabilidade pretendida de uma determinada população.
Alguns dados a ter em consideração no dimensionamento dos postos de trabalho são ilustrados pelas
figuras 3, 4, 5 e 6., que representam algumas medidas antropométricas estáticas.
Figura 4 – Alcances Normal e Máximos dos braços e antebraços no plano horizontal Segundo Grandjean, 1969)
Figura 5 – espaços mínimos (em cm) para a movimentação (segundo a norma americana )
A – De cócoras
B – de cócoras curvado
C – de joelhos
D – gatinhando
E – Deitado
F – deitado de costas
A descrição do trabalho muscular permite evidenciar as relações existentes entre o ser humano e o seu
posto de trabalho. Para a Ergonomia não será tanto de interesse os aspectos histológicos da fisiologia
muscular, mas sim a estrutura/mecanismo de funcionamento do músculo, para nos ajudar a compreender
as consequências dos trabalhos musculares realizados nas actividades por nós analisadas, uma vez que
toda a actividade profissional necessita de um trabalho muscular, mais ou menos importante, segundo as
tarefas a serem realizadas.
O conhecimento da fisiologia muscular é uma base dos estudos ergonómicos, do homem como sistema
de transformação de energia, onde uma adequação do posto de trabalho pode diminuir os gasto
energéticos e a fadiga física produzida pela realização de uma tarefa com forte solicitação muscular.
De um modo geral salientamos assim, a existência de dois grupos musculares: os músculos sinergéticos,
ligados às actividades dinâmicas, e os músculos de controlo, ligados às contracções prolongadas.
actina
miosina
O tecido muscular é portanto adaptado à contracção, sendo esta a excitação da fibras musculares pelo
comandadas pelos centros sensório-motores, com uma frequência e impulsos determinados, e que leva a
uma resposta do músculo em tétanos perfeitos (40/s). Distinguem-se dois tipos de contracção muscular
possíveis:
- Contracção estática ou isométrica
- Contracção dinâmica ou anisométrica.
Mas para além da contracção muscular para existir movimento, é também necessário o trabalho dos
tendões, cuja tensão desenvolvida a este nível depende dos seguintes factores:
- Número de fibras musculares excitadas;
- Ângulo de articulação;
- Estado do musculo;
- Tipo de organização espacial das fibras;
- Cor do músculo (branca ou vermelha).
Mas movimentos musculares, só se tornam possíveis, pelo facto de termos uma base de sustentação dos
mesmos, ou seja, a Coluna Vertebral.
Das 33 vértebras que constituem a coluna vertebral, apenas 24 são flexíveis e, destas as que têm mais
mobilidade são as cervicais e as lombares. As vértebras dorsais estão unidas a 12 pares de costelas,
formando a caixa torácica, que limitam os movimentos.
Entre as vértebras existe um disco intervertebral cartilaginoso, e existem ainda ligamentos que unem as
vértebras.
Os movimentos da coluna só são possíveis pela compressão e deformação dos discos intervertebrais e
pelo deslizamento dos ligamentos.
Podemos ter dois tipos de trabalho muscular, o trabalho estático, ou o trabalho dinâmico. O trabalho
estático é um trabalho sem deslocamento aparente, corresponde a contracções musculares isométricas.
Este trabalho estático permite a manutenção dos segmentos ósseos numa determinada postura.
O trabalho dinâmico é um trabalho que permite contracções anisométricas sucessivas com alternância de
relaxamentos dos músculos, como tarefas de martelar, serrar, virar um volante ou caminhar.
A contracção muscular necessita de aporte nutritivo, e é acompanhada por uma vasodilatação e aumento
do fluxo sanguíneo nos músculos, de uma aceleração cardíaca e consequentemente o aumento do fluxo
e trabalho cardíaco, aumento da capacidade respiratória e consequentemente o aumento do fluxo de
oxigénio.
10 - BIOMECÂNICA OCUPACIONAL
Por trabalho estático compreende-se a actividade que é desenvolvida ou realizada numa postura sem
grandes alterações ou movimentações dos grandes grupos musculares e que pode ser realizada de pé ou
sentada.
Este tipo de trabalho cria algumas situações desagradáveis para o trabalhador que têm consequências,
muitas vezes graves, na sua saúde.
Uma das consequências do trabalho estático é que ele acaba normalmente por se tornar um trabalho
monótono. Ora existem trabalhadores que não são resistentes à monotonia e acabam assim por
desenvolver patologias psicológicas graves como as depressões.
A resistência à monotonia verifica-se em pessoas com baixo nível de instrução, com baixas expectativas
ou com elevado nível de motivação para ganhar dinheiro para satisfação de necessidades básicas.
O seu principal objectivo era puramente económico, utilizar uma mão-de-obra não qualificada para o
maquinismo industrial que então florescia.
Embora se tenha verificado, com o evoluir dos tempos, uma Humanização do Trabalho; em que a
expansão económica não é um fim em si mesma, ou seja, deve prioritariamente permitir atenuar a
disparidade das condições de vida e traduzir-se numa melhoria da qualidade do nível de vida; ainda
assim, nos dias de hoje, são aplicados aqueles princípios de organização de trabalho em larga escala.
Trabalho repetitivo, é aquele, que pela sua especificidade, requerem os mesmos movimentos dos braços
ou das mãos, durante mais de duas horas por dia, ou de uma hora sem interrupção.
Os movimentos definem-se como repetitivos, desde que pela sua semelhança ou igualdade, solicitam do
mesmo modo, o trabalho dos mesmos músculos e seus plexos.
Existem outros exemplos, como o trabalho de uma empregada da caixa registadora de um supermercado
que executa a mesma sequência de movimentos durante horas , “ estende a mão para o produto, segura-
o, levanta-o, fá-lo deslizar diante do leitor óptico e larga-o “.
São situações de trabalho demasiado uniformes, com necessidade de recorrer ao mesmo movimento,
com pouca variedade de estímulos, que solicitam quase os mesmos músculos e plexos, do mesmo modo,
tornando-se repetitivos e por conseguinte monótonos.
As posturas incorrectas (postura estática /contraída) podem provocar perturbações no aparelho motor
(cabeça, nuca, braços, tronco e coluna vertebral). Estas perturbações manifestam-se sob a forma de
contracções musculares dolorosas e irritações ao nível dos pontos de inserção dos tendões e das
articulações.
Uma postura incorrecta ou mantida por longos períodos, a falta de exercício ou ainda excesso de peso
podem contribuir para o aparecimento de dor / desconforto nas costas. Uma postura incorrecta
sobrecarrega a coluna cervical e lombar tornando-a mais vulnerável a lesões.
A falta de exercício associado a situações como a fadiga, stress ou factores de ordem psicológica, tem
como resultado a fraqueza muscular e um aumento das curvaturas da coluna.
Por exemplo, músculos abdominais fracos e flácidos não fornecem o suporte necessário à coluna lombar.
Também o excesso de peso agrava a sobrecarga nas suas vértebras e discos.
tipos de suporte, e sobretudo, a forma habitual de um indivíduo se sentar, o tipo de actividades que
realiza nessa posição e também a interacção assento/plano de trabalho. De uma forma geral na posição
de sentado a pressão sobre o disco intervertebral é superior à da posição de pé. A pressão exercida nas
vértebras e discos, associada ao relaxamento dos músculos que estabilizam o tronco pode conduzir a
lesões no disco (hérnia discal), agravando a dor.
Assim, as queixas do foro postural estão relacionadas com os problemas posturais quer em termos
musculares quer em termos articulares, uma vez que a postura adoptada no posto de trabalho está
relacionada com as exigências da tarefa e com o conforto individual.
No trabalho com écrans de visualização a postura adoptada é normalmente a postura de sentado, que é
uma postura estática. Ora se por um lado a postura de sentado tem vantagens o facto de ser estática traz
também desvantagens, são elas:
. Retroversão da bacia;
. Inversão da lordose lombar.
As alterações da curvatura da coluna vão provocar uma deterioração do disco, a compressão nervosa e
por consequência produzem processos patológicos dolorosos. A postura estática tem desvantagens ao
nível da contracção muscular permanente dos grupos musculares implicados, havendo assim uma
restrição do fluxo de sangue aos músculos e um desequilíbrio na balança química do músculo, o que
provoca fadiga muscular.
É pois importante para a saúde dos trabalhadores que o seu posto de trabalho seja ordenado de acordo
com os princípios ergonómicos.
10.5 - Trabalho de pé
Em alguns locais de trabalho, principalmente os que se caracterizam pela existência de trabalho em
cadeia é realizado na postura de pé, a qual tem consequência na saúde do trabalhador.
O trabalho dinâmico está essencialmente ligado a actividades com actividade física constante,
normalmente relacionada com trabalhos que requerem movimentação manual de cargas.
Para conhecer os riscos inerentes a esta actividade, é importante avaliar a carga física necessária ao
desenvolvimento do trabalho e a capacidade de trabalho do trabalhador.
11.1 - Psicológicos
11.1.1 - Stress
O conceito de stress foi introduzido por Selye (in Scherrer, 1981), que o definiu como “ a resposta não
específica do organismo a toda a solicitação que lhe é feita”.
Como já foi referido uma das consequências da introdução das novas tecnologias informatizadas foram
as mudanças ao nível de toda a organização e do conteúdo do trabalho, das classificações profissionais,
das características do emprego, tendo tudo isto repercussões sobre a saúde do trabalhador.
Assim com a introdução da informática no mundo laboral modificaram-se as solicitações de nível físico,
reduzindo-se os deslocamentos dos trabalhadores, o que requer um menor esforço dinâmico,
aumentando sobretudo a carga estática de determinados grupos musculares. Ao mesmo tempo
introduziu-se um aumento da carga mental e psíquica. Assiste-se a mudanças ao nível da autonomia, da
responsabilidade e do controlo sobre o próprio trabalho. Modificam-se igualmente o volume, a intensidade
e o ritmo de trabalho, as habilidades requeridas, a comunicação e o apoio social.
Na função de Atendimento ao Público este factor (stress) vê-se ainda aumentado com a pressão exercida
pelo contacto com os clientes, pelos elevados ritmos de trabalho, pela falta de pausas.
O stress aparece devido ás solicitações excessivas do envolvimento (físico, organizacional, social, etc) as
quais dificultam a capacidade do sujeito responder e adaptar-se de uma forma conveniente.
Outro dos factores que poderá estar na origem de manifestações de stress são as necessidades do
indivíduo em matérias de aspiração profissional e satisfação e o conteúdo das tarefas que lhe são
oferecidas. Ou seja, uma carga mental demasiado “forte” ou demasiado “fraca” pode ser então uma
tensão resultante do facto do trabalho (conteúdo das tarefas) não estar adaptado às faculdades mentais e
ao nível da formação do trabalhador. A incapacidade de adaptação deve-se portanto a uma relação
insuficiente entre as necessidades do trabalhador.
Concluindo, pode-se dizer que é possível explicar o carácter do stress psicossocial da carga psíquica pela
identificação da inadequação existente entre, as necessidades (aspirações, motivações) e capacidades
do indivíduo e as características do envolvimento.
3 ) – Angústia, são vários os factores angustiantes que contribuem ou são mesmo causadores de stress.
Algumas das causas são :
o medo do que é novo;
Receio de ser ultrapassado pelos acontecimentos;
Medo de desqualificação;
Medo de perder o emprego;
Medo das lesões provocadas pelas radiações;
Medo por menor acuidade visual
Para prevenir a angústia (desprovida de fundamento) é muito importante dar formação aos trabalhadores
sobre os aspectos fundamentais a ter em conta no TEV, nos seus efeitos e medidas de prevenção a
adoptar.
5 ) - Satisfação no Trabalho, a experiência prova – ainda que com algumas reservas – que os
trabalhadores que sentem satisfação no trabalho têm maior rendimento, faltam menos e têm mais
resistência do que aqueles que estão insatisfeitos. A satisfação no trabalho depende, entre outras, das
seguintes variáveis:
o conteúdo do trabalho;
o salário;
a segurança no emprego;
as relações sociais com os colegas e superiores;
as possibilidades de promoção;
a organização do trabalho.
6 ) – Organização no trabalho, não é possível dar orientações válidas para a orientação racional dos
postos de trabalho devido à sua diversidade. Os pontos essenciais para uma organização ergonómica do
trabalho, diferenciando as actividades actualmente mais comuns no trabalho com écrans de visualização,
são as seguintes:
Duração diária total do trabalho com écran;
Tipo e peso das tarefas de leitura;
Frequência das entradas de dados;
Duração dos intervalos de espera provocados pelo sistema;
Em relação ao ritmo de trabalho, possibilidade de alteração pelo trabalhador;
Controlo do ritmo de trabalho pelos superiores;
Alternância do trabalho com écrans de visualização com outras actividades;
Possibilidade do utilizador de écrans de visualização decidir quanto à repartição e organização do seu
trabalho.
11.2 - Psico-Físicos
11.2.1– Fadiga
A fadiga é um estado momentâneo que pode ser transitório ou tornar-se em fadiga crónica e
consequentemente derivar em doenças profissionais, mentais ou físicas.
A Carga física esta fundamentalmente determinada pelo movimento manual de cargas com efeitos
negativos sobre a saúde dos trabalhadores, sob a forma de lesões osteomusculares.
Apesar de forte mecanização dos processos de trabalho, o movimento manual de cargas é muito
frequente nos hábitos laborais.
12.1.1 -. ORIGEM
Um pedido pode ter várias origens e o seu entendimento não é o mesmo por parte de todos os elementos
dentro da empresa ou organização.
12.1.2 -. CONTEÚDO
O conteúdo pode ser em função do tipo de intervenção, isto é, pode partir de um projecto de concepção
ou do quadro de evolução permanente das condições de trabalho. Estes últimos são, normalmente, os
mais frequentes, partindo de um conjunto de questões que se foram evidenciando no interior da empresa
ou de questões mais pontuais e que necessitam de ser corrigidas ou alteradas.
- Tarefas existentes;
- Actividades desenvolvidas – procurando centrar a observação nas posturas adoptadas para a sua
realização;
- Equipamento existente (electrónico, mecânico);
- Material existente (matéria prima, material e utensílios de trabalho, etc.);
12.6 – DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é então o estabelecimento de relações entre as condições existentes e os problemas
observado, é um julgamento sobre o estado dum sistema tendo em conta um conjunto de fenómenos
observados, o que nos dá a possibilidade de intervir sobre a natureza dos disfuncionamentos que não
estava imediatamente à vista.
A apresentação de propostas não deve limitar-se a uma proposta de intervenção por cada problema, mas
sim deve existir mais do que uma possibilidade de intervenção devidamente fundamentada e com a
análise de valor da mesma.
A intervenção ergonómica deve ser sempre acompanhada pelo ergonomista a fim de verificar se as
medidas implementadas não vêem acrescentar outras problemáticas no sistema.
Esta intervenção também não é estática no tempo e deve ser enquadrada num ciclo de melhor
O RULA foi inicialmente desenvolvido na industria de vestuário, onde a respectiva avaliação foi executada
em trabalhadores que realizavam essencialmente tarefas de corte (postura ortostática) em máquinas de
costura (postura sentada), tarefas de clivagem e ainda em operações de inspecção e empacotamento.
A principal finalidade de aplicação do método reside na identificação de esforço muscular, que está
associado à postura de trabalho assumida e às forças aplicadas na realização de actividades estáticas ou
repetitivas, que possam contribuir para o desenvolvimento de fadiga muscular localizada.
O método utiliza diagramas posturais de três tabelas de pontuação para aceder à exposição aos factores
de risco externos:
Número de movimentos;
Trabalho muscular estático;
Força;
Posturas de trabalho condicionadas pelos equipamentos e mobiliário;
Duração, sem pausas, do período de trabalho.
Através da pontuação obtida com a aplicação do método, é possível criar uma tabela com níveis de risco
de “LER” e classificar o posto de trabalho como:
Aceitável;
Posto de trabalho a investigar;
O PASEA consiste numa metodologia que possibilita a realização de uma análise de posturas adoptadas
em situações reais de trabalho. Constitui um método para análise do perfil postural o qual se baseia num
software informático desenvolvido em ambiente Windows.
O PASEA tem como objectivos gerais a definição do perfil postural dos operadores durante a actividade
de trabalho, diagnosticar as exigências posturais da situação real de trabalho e identificar as tarefas que
determinam um maior risco de alteração músculo-esquelética, com base no perfil postural dos
trabalhadores.
A problemática da organização dos hospitais deriva de diversos factores como a complexidade das
organizações do tipo hospitalar, da heterogeneidade dos seus recursos humanos, das dificuldades em
planear, organizar, gerir e controlar as organizações do tipo hospitalar.
Mas a Ergonomia ligada aos sistemas informáticos centra-se naquilo que se denomina como Usabilidade
de sistemas. Antes sequer de se falar em usabilidade, já os ergonomistas falavam em design centrado no
utilizador. Com a evolução dos sistemas de informação foi começando a haver uma maior preocupação
ao nível do conforto dos utilizadores. No princípio apenas havia a preocupação com o conforto físico, no
entanto, com a globalização dos computadores em virtualmente qualquer posto de trabalho, tornou-se
importante estudar a melhor forma de apresentar a informação aos utilizadores de modo a evitar erros
humanos.
Muitas vezes dizemos que a causa de um acidente foi devido a erro humano. Pois bem, mas os
ergonomistas questionam de outra forma: “O que causou esse erro?”
Na maior parte das vezes o erro humano é causado por uma deficiente concepção do posto de
trabalho, ou por um deficiente sistema de informação. Se as informações não forem fornecidas
eficientemente ao utilizador, corremos o risco de ele cometer um erro.
Há até quem diga que os equipamentos que trazem manual de instruções não foram bem
concebidos, porque se fossem concebidos de forma ergonómica, seriam tão fáceis de usar que não seria
necessário sequer ter um manual de instruções… Eu pessoalmente acho que isso é impossível porque
não depende apenas do sistema, mas também da pessoa que o vai usar e da sua cultura. Às vezes um
equipamento é bem aceite numa região do mundo e é completamente abandonado em outra região. Isto
acontece devido às diferentes culturas e à sua forma de compreender o mundo.
Desta forma, como ergonomista especializado em sistemas de informação, tem como função
tornar a interacção homem-computador o mais simples possível para que, até uma pessoa que nunca
tenha usado um computador, possa compreender como funciona o sistema e possa usá-lo sem quaisquer
limitações.
A Ergonomia tem vindo a aumentar o seu ramo de actuação ao longo dos anos. Com o enorme
desenvolvimento dos Sistemas de Informação, começa também a haver uma enorme necessidade de
tornar esses sistemas mais acessíveis e usáveis.
Com o crescimento substancial de informação disponível na Web, torna-se mais difícil distinguir
a qualidade da informação que se retém. A informação que conta é aquela que satisfaz a necessidade de
quem a pretende. Mas nem sempre o resultado que se obtém é qualitativamente, fiável, ainda que o
utilizador julgue que o seja.
A Internet é cada vez mais utilizada para transacções comerciais, quer no Business-to-Consumer
quer no Business-to-Business. Lojas e centros comerciais on-line, portais, home bankings, correctoras on-
line, sites institucionais, todos estes, para ser bem sucedidos, têm de ser concebidos e estar organizados
de forma a não fazer perder tempo ao utilizador: dar-lhe o que ele quer, e fazê-lo da forma mais simples e
intuitiva possível. A simplicidade pode não bastar para o tornar bem sucedido, mas é sem dúvida
necessária. Porque caso contrário, com mais de mil milhões de páginas na Internet, e mais de 2 milhões
só em Portugal, alguém vai fazer back no browser - e sem intenções de voltar.
A usabilidade aplicada aos sistemas de informação visa criar um sistema que seja intuitivo e fácil
de utilizar. O objectivo é criar um sistema tão simples e inteligível, que seja “impossível” haver erros por
parte dos utilizadores.
Os principais pontos a considerara são o trabalho nocturno e o trabalho por turnos, uma vez que cada
uma destas formas de organização laboral entram em conflito com a estrutura temporal das capacidades
humanas.
A Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de vida e de trabalho realizou um estudo das
condições de trabalho em 1996, a 15.800 trabalhadores representativos da população activa da EU, o
qual demonstrou que:
- mais de 50% dos trabalhadores estão sujeitos a ritmos de trabalho intenso e a prazos curtos de
entrega.
Duração do trabalho
- que 23% demora mais de uma hora no trajecto casa - trabalho, e 9% gasta mais de hora e
meia neste trajecto.
- 13% da população trabalha menos de 30h em tempo parcial;
- 49% trabalha mais de 40 horas e 23% trabalha mais de 45 horas
Irregularidade
- 33% tem horários irregulares
-13% trabalho por turnos
- 52% trabalha um sábado por mês
- 29% trabalha um domingo por mês
-21% trabalha de noite
Autonomia
- 42%não escolhe o horário da pausa que realiza
- 47% Não escolhe o dia de folga ou férias que goza
Segundo um Estudo de Avaliação das Condições de Trabalho na Europa realizado em 1996 pela
Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, sobre uma amostra de mil
trabalhadores em cada estado membro, os resultados apontam que:
Estes resultados estão de acordo com dados apresentados pela OMS em 1994, relativamente à
população mundial, em que 30% a 50% dos trabalhadores referem estar expostos a factores de risco
físicos, químicos e biológicos com efeitos negativos para a saúde e para a capacidade de trabalho, assim
como à sujeição de sobrecarga física; entre 30% a 40% referem, também sobrecarga psicológica. Estas
situações conduzem a sofrimento humano e custos económicos elevados.
O carácter dinâmico dos sistemas de trabalho relaciona-se com a modificação das suas características ao
longo do tempo (por exemplo, a evolução tecnológica, as modificações estruturais e organizacionais, etc.)
e determina a necessidade de adequação das acções dos indivíduos para alcançar os fins definidos.
De acordo com Wisner (1996), a Ergonomia pela sua análise conduz à identificação das variáveis e do
funcionamento dos sistema de trabalho, da variabilidade intra e inter-individual dos operadores, dos
resultados alcançados e dos efeitos sobre os indivíduos, nomeadamente ao nível da produtividade e da
saúde.
Para alcançar os objectivos de Saúde e Bem-estar no Trabalho, a Ergonomia integra-se nas intervenções
da saúde Ocupacional em interdisciplinaridade com as várias áreas que constituem a equipa
multiprofissional (Medicina do Trabalho, Psicologia, Segurança, Higiene e Toxicologia, Enfermagem do
Trabalho...)
17 - BIBLIOGRAFIA
- Apontamentos das aulas da Discipina de “Psicologia Ergonómica- Texto de Apoio à Unidade I”,
do 3º ano da Licenciatura em Ergonomia, FMH/UTL
Cabral, Fernando A; Roxo, Manuel M., Segurança e Saúde no Trabalho (2003) – Legislação
Anotada, Livraria Almedina.
- Meister, David (1986) – “ Human Factors Testing and Evaluation”; Elsevier, New York.
Weerdmeester, Bernard et Dul, Jan (2004); Ergonomia Prática – 2ª Edição., Editora Edgard
Blucher.
Veiga, Rui et all (2002)– Higiene, Segurança, Saúde e Prevenção de Acidentes de Trabalho;
Verlag Dashofer.