Você está na página 1de 3

BRASIL I – HIS 124

Ariana Oliveira Gonçalves – 19.1.3985


ariana.goncalves@aluno.ufop.edu.br

QUESTÃO 1:
Antigo Regime, segundo Novaes, tem como características o absolutismo,
sociedade estamental, capitalismo comercial, política mercantilista, expansão marítima
e colonial. Por sua vez, o Antigo Regime Colonial, entendido como modelo
interpretativo do autor, faz parte desse Antigo Regime.
Segundo Fernando Novaes, o Sistema Colonial implementado na Era Moderna
ocorria, a princípio, com fortes interesses Mercantilistas, ou seja, com objetivos de
enriquecer a Metrópole com a busca de metais preciosos que seriam encontrados em
outros territórios que seriam denominados de Colônia. Se fosse constatado que não
havia abundância de metais na terra encontrada, os colonizadores buscariam novas
formas de usufruir e explorar como mostra a passagem a seguir. “Constando que a
Angola não tinha minas de prata, como se supusera até então, e que o tráfico
transatlântico de escravos emergia como a principal atividade da área, a Coroa retoma a
colônia em mãos” (ALENCASTRO, p. 14). Enquanto os colonos das Américas
produziam açúcar, fumo, e algodão para que a metrópole vendesse ao mundo, em
Angola o mercado girava em torno da captura de escravos para trabalhar em território
Americano. “Noutros termos, e em linguagem moderna, as colônias de deviam
constituir em fator essencial do desenvolvimento econômico da metrópole” (NOVAES,
P.59), portanto, para o autor as colônias existiam em função da metrópole, em teoria, o
que ele denomina de “sentido da colônia”.
O Sistema Colonial caracterizado pelas relações entre Metrópole e Colônia, onde
a colônia seria a responsável por abastecer a metrópole, e ser consumidor dos produtos
que viessem a ser comercializados pela metrópole, e a metrópole, por sua vez, seria
como uma grande mediadora comercial entre a colônia e o mundo. Ou seja, o que se
tinha nesse momento era uma relação direta e exclusiva entre a Metrópole e suas
colônias. Segundo Novaes, era a metrópole que controlava a estrutura econômica de
ambos os territórios, uma vez que era a própria metrópole que realizava o tráfico de
negreiro, e a colonização não seria possível sem a presença e o trabalho de escravizados.
Ainda segundo o autor, para que o controle e a dependência da colônia pela
metrópole fosse ainda maior, Portugal vai aos poucos eliminando a escravidão indígena,
causando uma necessidade cada vez maior de mão de obra africana, fortalecendo ainda
mais o comércio de escravizados.

REFERÊNCIAS

ALENCASTRO, Luiz Felipe. “O aprendizado da colonização”. In: O Trato dos


Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000, pp.11-41.
NOVAIS, Fernando. “Estrutura e dinâmica do Sistema Colonial”. In: Portugal e Brasil
na Crise do antigo sistema colonial. 1777-1808. 2º ed. São Paulo: Hucitec, 1981. pp.57-
92. Na biblioteca nºde controle: 94(469) N935p 1981.

QUESTÃO 2:
Gilroy em seu texto buscava desassociar a imagem do negro enquanto um
sujeito que apenas sofreu a ação da escravização, mas tenta mostrar que o escravizado,
mesmo vivendo em condições extremas era um agente histórico, participativo dos
processos, diferente da visão da autora Silvia Lara, que entende o escravizado como
sujeito historicamente passivo.
Gilroy explica que o africano não é um ser inocente, que necessita ser “educado”
aos moldes europeus, civilizado, ou mesmo de ter um tutor, como se prega em visões
que transformam o africano em um ser puro culturalmente, por não ter tido acesso a
outras culturas, até a chegada dos europeus em seu território, uma vez que ele traz
exemplos de atividade de africanos em diferentes partes do mundo. Não é uma tentativa,
porém, de dizer que a escravidão não foi algo terrível que marcou de forma profunda a
história da humanidade, mas trazer à tona o africano como ser social, cultural, que
também transformou a sociedade e que dentro desse sistema repressor, lutou por
igualdade, como mostra o trecho a seguir.

“No espírito do que pode ser chamado história


“heterológica”, gostaria que considerássemos o caráter
cultural e as dimensões políticas de uma narrativa
emergente sobre a diáspora que possa relacionar, senão
combinar e unificar, as experiências modernas das
comunidades e interesses negros em várias partes do
mundo” (GILROY, p.11)

O autor ainda segue dizendo que, “à parte o comércio global, a resistência à escravidão
também teve significativas dimensões translocais que os historiadores nem sempre se
sentiram à vontade para descrever” (GILROY, p.11)

REFERÊNCIAS
LARA, Sílvia Hunold.Campos da Violência: escravos e senhores na Capitania do Rio
de Janeiro,1750-1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
GILROY, Paul. “O Atlântico negro como contracultura da modernidade”. In. O
Atlântico negro. Tradução de Cid Knipel Moreira. 2. Ed. São Paulo: Editora 34; Rio de
Janeiro: Universidade Cândido Mendes, centro de estudo Afro-Asiáticos, 2012.

Você também pode gostar