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Apelação Cível - Turma Espec.

II - Tributário
Nº CNJ : 0113018-39.2014.4.02.5101 (2014.51.01.113018-8)
RELATOR : Desembargadora Federal CLAUDIA NEIVA
APELANTE : UNIAO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : Procurador da Fazenda Nacional
APELADO : EX-DIV- ADMINISTRACAO DE CARTEIRAS DE VALORES MOBILIARI
ADVOGADO : MARIA CHRISTINA KREITLON
05ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro
ORIGEM :
(01130183920144025101)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ERRO NO PREENCHIMENTO DO DARF. QUITAÇÃO


DO DÉBITO. PRAZO LEGAL. EXTINÇÃO. MULTA DE MORA. ART. 61, §§ 1º E 2º, DA LEI Nº
9.430/96. DESCABIMENTO.
1. A execução fiscal foi extinta, após apresentação de exceção pré-executividade, em virtude de
quitação do débito que deu origem à CDA, por ter sido o mesmo recolhido com erro no código
da receita.
2. A executada comprovou o pagamento da exata quantia do principal, na data do vencimento
do tributo, e apresentou REDARF, com a correção do código da receita, em que o Fisco
reconhece o recolhimento por ela realizado, com o código retificado.
3. Descabe a aplicação da multa de mora no percentual de 20% (vinte por cento), prevista no
art. 61, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.430/96, na medida em que o tributo foi recolhido na data do
vencimento.
4. Diante da comprovação do pagamento do débito, deve ser mantida a sentença.
5. Apelação conhecida e desprovida.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas:


Decidem os Membros da 3ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª
Região, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO à apelação, na forma do voto da Relatora.
Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2016.

CLÁUDIA MARIA PEREIRA BASTOS NEIVA


Desembargadora Federal
Relatora

1
Apelação Cível - Turma Espec. II - Tributário
Nº CNJ : 0113018-39.2014.4.02.5101 (2014.51.01.113018-8)
RELATOR : Desembargadora Federal CLAUDIA NEIVA
APELANTE : UNIAO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : Procurador da Fazenda Nacional
APELADO : EX-DIV- ADMINISTRACAO DE CARTEIRAS DE VALORES MOBILIARI
ADVOGADO : MARIA CHRISTINA KREITLON
05ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro
ORIGEM :
(01130183920144025101)

RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta pela UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL, visando à


reforma da sentença, que acolheu a exceção de pré-executividade oposta por EX-DIV -
ADMINISTRAÇÃO DE CARTEIRAS DE VALORES MOBILIÁRIOS e, em consequência,
extinguiu a execução fiscal, nos termos do art. 794, I, do CPC/73, em virtude da quitação do
débito, deixando de condenar a exequente em honorários advocatícios, uma vez que o
ajuizamento da execução decorreu de erro da excipiente.
Em suas razões recursais, a União Federal sustenta, em síntese, que foi proferida
sentença de extinção da execução, por quitação, com base em documentos apresentados pela
executada, sem que se aguardasse o pronunciamento da exequente sobre os mesmos, na
medida em que, em cumprimento ao despacho exarado pelo juízo, “expediu ofício ao setor
competente para análise da situação em tela, desrespeitando, assim, o princípio do contraditório
assegurado pelo artigo 5º, LV, da Constituição Federal de 1988”; e que, conforme se depreende
das consultas anexas, as inscrições permanecem intactas, bem como o processo permanece
em análise do setor competente, ainda sem manifestação sobre a suposta quitação.
Contrarrazões às fls. 71/75.
É o relatório. Peço dia para julgamento.

CLÁUDIA MARIA PEREIRA BASTOS NEIVA


Desembargadora Federal
Relatora

1
Apelação Cível - Turma Espec. II - Tributário
Nº CNJ : 0113018-39.2014.4.02.5101 (2014.51.01.113018-8)
RELATOR : Desembargadora Federal CLAUDIA NEIVA
APELANTE : UNIAO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : Procurador da Fazenda Nacional
APELADO : EX-DIV- ADMINISTRACAO DE CARTEIRAS DE VALORES MOBILIARI
ADVOGADO : MARIA CHRISTINA KREITLON
05ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro
ORIGEM :
(01130183920144025101)

VOTO

Conheço da apelação, eis que presentes os requisitos de admissibilidade.


A execução fiscal foi extinta, após apresentação de exceção de pré-executividade, em
virtude de quitação do débito que deu origem à CDA de nº 70.2.1300.6389-58, por ter sido o
mesmo recolhido com erro no código da receita.
A questão foi bem analisada pela juíza de 1º grau, cujos fundamentos incorporo como
razões de decidir, nos seguintes termos:

“O excipiente juntou às fls 48/51 documentação que comprova que realizou, dentro
da data prevista para o vencimento do tributo (29.04.2011), o recolhimento da exata
quantia devida, qual seja R$ 13.225,58 (Treze Mil duzentos e vinte e cinzo reais e
cinquenta e oito centavos) sob o código de receita “2372”.
Junta ainda comprovante emitido pela RFB (fls. 49) de que a receita já reconhece o
recolhimento realizado em 29.04.2011 como ratificado no Código de Receita nº
“2089”.
Verifica-se, assim, haver clara correspondência entre o montante cobrado nos autos
e o valor pago pelo contribuinte de modo que não há de se falar na penalização da
excipiente por mero erro formal no recolhimento do imposto devido.
Há, portanto, prova documental inequívoca do pagamento do débito em cobrança por
meio da CDA de nº 70 2 1300 6389-58, não sendo viável que o contribuinte seja
mantido na condição de inadimplente e executado, atento ao fato de que o ente
fazendário sequer refutou, de forma especificada, a alegação, devidamente
comprovada, de pagamento, limitando-se a sugerir que o contribuinte deveria ter
realizado sua defesa pelas instancias administrativas pertinentes, mesmo após
reiterados requerimentos deste juízo.
Desse modo, diante de prova documental inequívoca, há que se reconhecer o
pagamento do crédito consubstanciado na CDA de nº 70 2 1300 6389-58.”

Consta na CDA o valor principal de R$ 13.225,58, relativo ao Imposto de Renda Pessoa


Jurídica- IRPJ com vencimento em 29/04/11, o qual foi acrescido da multa de mora de R$
2.645,12, aplicada no percentual de 20%, totalizando a dívida o montante de R$ 15.870,70 (fls.
3/4).
A executada comprovou o pagamento da exata quantia do principal, qual seja, de R$

1
13.225,58, em 29/04/11, na data do vencimento do tributo, sob o código da receita 2372, como
demonstra o DARF de fls. 48. Posteriormente, apresentou REDARF, objetivando a correção do
código da receita, tendo acostado comprovante, emitido pela Receita Federal do Brasil (fls. 49),
em que o Fisco reconhece o recolhimento por ela realizado, em 29/04/11, com o código da
receita 2089.
Descabe a aplicação da multa de mora no percentual de 20% (vinte por cento), prevista no
art. 61, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.430/96, na medida em que o tributo foi recolhido na data do
vencimento.
Não houve violação do contraditório, como alegado pela apelante, uma vez que a
exequente foi intimada, por duas vezes (fls. 25 e 31), a se manifestar sobre o alegado pelo
executado.
Diante da comprovação do pagamento do débito cobrado por meio da CDA nº
70.2.1300.6389-58, deve ser mantida a sentença.
A respeito do tema, cito, mutatis mutandis, os seguintes precedentes:

“DIREITO CONSTITUCIONAL PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO


QUITADO. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO FISCAL. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
JURÍDICA. FATO CONSUMADO. AGRAVO LEGAL DESPROVIDO.
1. "O princípio da segurança jurídica impõe interpretar-se o ordenamento tributário de
modo a impedir que o devedor de tributos fique eternamente sujeito à ação da
Fazenda Pública ou de seus órgãos administrativos" (REsp 1.102.554/MG, rel. Min.
Castro Meira, Primeira Seção, julgamento sob a sistemática do art. 543-C, Dje
08.06.2009).
2. No presente caso, o processo não pode tramitar indefinidamente aguardando
infinitamente a baixa nos sistemas eletrônicos da Fazenda após a quitação integral
da dívida, reconhecida já pelo Fisco, ao efeito de tornar imprescritível a dívida
tributária, ferindo os princípios da razoabilidade e da segurança jurídica.
3. Considerando que a Fazenda requereu 90 (noventa) dias ao juízo a quo para
regularizar seu sistema eletrônico e que esse prazo já restou ultrapassado há muito
tempo sem que houvesse qualquer manifestação contrária da Fazenda, não há
sentido em se manter a execução fiscal em andamento.
4. Agravo Legal desprovido.”
(TRF – 3ª Região, 3ª Turma, AC 00461444720074036182, Rel. Des. Fed. ANTONIO
CEDENHO, e-DJF3 Judicial 1 de 13/05/2016)

“TRIBUTÁRIO. AÇÃO CAUTELAR INOMINADA COM PEDIDO DE LIMINAR.


QUITAÇÃO DA DÍVIDA. OCORRÊNCIA. ERRO NO PREENCHIMENTO DA GUIA DE
RECOLHIMENTO. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO FISCAL EM QUE SE COBRAVA O
CRÉDITO.
1. Apelo em que, em medida cautelar inominada, discute-se a existência ou não do
pagamento integral da dívida.
2. O erro no preenchimento da guia de recolhimento não pode dar ensejo à cobrança
de débito que, conforme demonstrado de forma inequívoca nos autos, fora quitado à
vista e integralmente. Portanto, correta a sentença que determinou a expedição de
Certidão Positiva com Efeitos Negativos em nome da requerente e desconstituiu a

2
constrição realizada sobre o veículo.
3. Apelação da Fazenda Nacional e remessa oficial não providas.”
(TRF – 5ª Região, 2ª Turma, APELREEX 00004506420124058400, Rel. Des. Fed.
PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, DJE de 21/11/2013, p. 129)

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO à apelação.


É como voto.

CLÁUDIA MARIA PEREIRA BASTOS NEIVA


Desembargadora Federal
Relatora

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