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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CIVEL DA

COMARCA DE TRÊS CORAÇÕES/MG

Processo nº. xxx

JEAN CARLO DA SILVA SANTOS, brasileiro, convivente, profissão ...., portador da


Cédula de Identidade RG MG 17.387.594 e inscrito no CPF sob n°. 124.556.986-45, residente
e domiciliado na cidade de Três Corações/MG, na Rua Espirito Santo, nº. 36, Bairro Vila
Melo, CEP ..., endereço eletrônico ...., por seu advogado que esta subscreve (procuração
anexa), com endereço profissional ...., vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, nos
autos da presente ação, que lhe move MARINA BUZETTI OLIVEIRA, já devidamente
qualificada, apresentar CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO, com fundamento nos
artigos 335 e 343 do CPC, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – Dos fatos:

Alega a autora que manteve união estável com o réu por quase 03 (três) anos, a qual foi
formalizada no dia 20 de abril de 2017. Da união nasceu uma filha, Eduarda Buzetti Santos,
que possui 03 (três) anos de idade. Ainda na constância da união, o casal adquiriu um veículo
marca Wolksvagem, modelo Gol, ano 1099/2000, Placa GXY2128, avalizado em R$ 8.307,00
(oito mil trezentos e sete reais).

Segundo a autora, o casal se encontra separado de fato e sem possibilidade de


reconciliação desde o dia 21 de janeiro de 2020 e, desde então, a mesma exerce a guarda
unilateral de fato da filha do casal.

A requerente havia ajuizado anteriormente Ação Homologatória de Acordo


Extrajudicial, contudo, não obteve êxito.

A autora pleiteia a extinção da União Estável, a partilha do bem adquirido na constância


da união, bem como a fixação dos alimentos e a regulamentação de guarda e visitas.

II – Do direito:

O autor concorda com os pedidos formulados pela requerente no que tange a extinção da
União Estável, a fixação dos alimentos e a regulamentação da guarda e visitação à filha do
casal, requerendo sejam julgados procedentes, nos termos da Petição Inicial.
Não obstante, o réu se opõe ao pedido de partilha de bens formulado pela autora, uma vez que
esta não mencionou todos os bens adquiridos na constância da união.

III – Da reconvenção:

De acordo com o artigo 1.725 do Código Civil, regime patrimonial que rege o
relacionamento havido como união estável é o da comunhão parcial de bens, devendo ser
objeto de partilha todos os bens adquiridos pelo casal na constância da união, exceto os bens
particulares.
Neste sentido:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA.
AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE
UNIÃO ESTÁVEL. REGIME DE BENS. COMUNHÃO
PARCIAL. PARTILHA DO VALOR RELATIVO À VENDA
DO VEÍCULO ADQUIRIDO NA CONSTÂNCIA DO
RELACIONAMENTO. DISCUSSÃO DE EVENTUAL SUB-
ROGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. PRESUNÇÃO DE
ESFORÇO COMUM. PARTILHA DE DIREITOS SOBRE
ACESSÃO SUPOSTAMENTE EDIFICADA EM TERRENO
DE TERCEIROS. ARTS. 1.253 E 1.255 DO CÓDIGO CIVIL.
CONSTRUÇÃO QUE SE INCORPORA AO PATRIMÔNIO
ALHEIO. IMPRESCINDIBILIDADE DE PARTICIPAÇÃO
DOS TERCEIROS NO FEITO. DISCUSSÃO A SER
DEDUZIDA NAS VIAS ORDINÁRIAS. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. Nos termos do art. 1.725 do Código Civil, à míngua de disposição em contrário, o regime
patrimonial que rege o relacionamento havido como união estável é o da comunhão parcial de
bens e, conforme estabelecem as normas insertas nos artigos 1.658 e 1.659, desse mesmo
diploma legal, comunicam-se os bens adquiridos pelo casal na constância do relacionamento -
salvo os comprovadamente particulares, os que lhe sobrevierem por doação ou sucessão, e os
sub-rogados em seu lugar -, devendo, por ocasião da extinção do vínculo, haver a partilha em
valores igualitários.

2. A ausência de prova de que a aquisição do veículo na constância do relacionamento tenha


se dado mediante sub-rogação conduz à partilha do valor obtido com sua venda, na proporção
de 50% (cinquenta por cento) para cada consorte, tendo em vista a presunção iuris tantum de
esforço comum do casal, cuja contribuição pode se revelar tanto de ordem direta como
indireta.

3. De acordo com o art. 1.253 do Código Civil, toda construção existente em um terreno
presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário, e, nos termos do
art. 1.255, caput, do mesmo diploma legal, aquele que edifica em terreno alheio perde, em
proveito do proprietário, as construções, mas, se procedeu de boa-fé, terá direito à
indenização.

4. Embora seja admissível, e m tese, a partilha de direitos concernentes a acessões construídas


pelos cônjuges em terreno de terceiro, mostra-se imprescindível a participação deste na
relação processual, sob pena de ofensa à regra de congruência subjetiva, pela qual a decisão
judicial deve circunscrever-se aos sujeitos que integraram o processo, não podendo, em regra,
atingir quem dele não tenha participado.

5. Nesse contexto, àquele que se sentir prejudicado, caberá, em ação própria, pleitear
indenização em face do proprietário do terreno pela acessão ali edificada e incorporada, desde
que tenha procedido de boa-fé, evitando-se o enriquecimento sem causa do titular do domínio,
. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.20.547552-8/001, Relator(a): Des.(a) Bitencourt
Marcondes , 19ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 01/07/2021, publicação da súmula em
06/07/2021) (Destaquei).
No presente caso, a autora esqueceu de mencionar em sua Petição Inicial os bens móveis que
adquiriram para residência onde moravam.
À vista disso, requer sejam acrescentados na relação de bens os seguintes imóveis: XXX.
Noutro giro, considerando que o veículo possui valor igual ao dos bens imóveis da residência,
o autor pugna que o veículo marca Wolksvagem, modelo Gol, ano 1099/2000, Placa
GXY2128, seja de sua propriedade, já os imóveis de propriedade da autora.

Dá-se à causa o valor de XXX.

IV – Dos pedidos:

Diante todo o exposto,requer a Vossa Excelência:


A) A procedência dos pedidos de extinção da União Estável, da fixação dos alimentos e a
regulamentação da guarda e visitação à filha do casal e a improcedência do pedido de partilha
de bens;

B) A procedência do pedido reconvencional, realizando-se a partilha conforme requerido pelo


réu;

C) A condenação da autora ao pagamento de custas e honorários advocatícios, a serem


arbitrados por Vossa Excelência, nos termos do art. 85 do Código de Processo Civil;

D) A juntada de Guia de Custas.

E) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial...

Dá-se à causa o valor de XXX.

Termos em que, pede deferimento.

Três Corações/MG, 08 de novembro de 2021.

Daniele Cristine Flauzino


OAB/MG 196.906VI

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