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CANÇÃO DA MENTIRA Veio o pai abrir-lhe a porta No dia dos anos onde as igrejas dançavam

quando ele bateu - truz, truz. teve dois presentes: equilibradas no sino.
Foi numa serra nevada Estava a mãe a nascer um pente com velas
em Vila Franca de Xira do ovo duma avestruz. e um bolo com dentes. Quando voltou ao castelo
que um lagarto me ensinou no meio do olival
esta canção da mentira. Como um disco voador viu carapaus a voarem
colhia flores no jardim, e nuvens a chover sal.
Ia um rei a cavalgar embarcaram todos três
na sua pulga preferida, e a história chegou ao fim. CANÇÃO DA MENTIRA Veio o pai abrir-lhe a porta
em cada salto saltava quando ele bateu - truz, truz.
uma légua bem medida. Foi numa serra nevada Estava a mãe a nascer
TUDO AO CONTRÁRIO em Vila Franca de Xira do ovo duma avestruz.
Encontrou uma princesa que um lagarto me ensinou
que chiava de aflição O menino do contra esta canção da mentira. Como um disco voador
ao ver um gato com garfo queria tudo ao contrário: colhia flores no jardim,
e faca a comer um cão. deitava os fatos na cama Ia um rei a cavalgar embarcaram todos três
e dormia no armário. na sua pulga preferida, e a história chegou ao fim.
Como era um rei corajoso em cada salto saltava
puxou da espada de pau Das cascas dos ovos uma légua bem medida.
para fugir a sete pés fazia uma omelete; TUDO AO CONTRÁRIO
mas tropeçou num lacrau. para tomar banho Encontrou uma princesa
usava a retrete. que chiava de aflição O menino do contra
Passou por baixo da ponte ao ver um gato com garfo queria tudo ao contrário:
quando chegou junto ao rio. Andava, corria e faca a comer um cão. deitava os fatos na cama
Tanto apertava o calor de pernas para o ar; e dormia no armário.
que ele tremia de frio. se estava contente, Como era um rei corajoso
punha-se a chorar. puxou da espada de pau Das cascas dos ovos
Visitou uma cidade para fugir a sete pés fazia uma omelete;
que andava a fazer o pino, Molhava-se ao sol, mas tropeçou num lacrau. para tomar banho
onde as igrejas dançavam secava na chuva usava a retrete.
equilibradas no sino. e em cada pé Passou por baixo da ponte
usava uma luva. quando chegou junto ao rio. Andava, corria
Quando voltou ao castelo Tanto apertava o calor de pernas para o ar;
no meio do olival Escrevia no lápis que ele tremia de frio. se estava contente,
viu carapaus a voarem com um papel; punha-se a chorar.
e nuvens a chover sal. achava salgado Visitou uma cidade
o sabor do mel. que andava a fazer o pino,

1
Molhava-se ao sol, Tenho cem contos de fadas, esperto. Acendi as brasas -
secava na chuva que grande fortuna a minha. O é o Olegário, caiu dentro do aquário. que grande braseiro!
e em cada pé P é a Paula, tira bananas da jaula.
usava uma luva. Com medo que algum ladrão Q é o Quim, meteu a mão no pudim. Soltei quatro berros -
um dia me vá roubar, R é a Raquel, que se besunta com mel. armei um berreiro.
Escrevia no lápis mandei pôr na minha porta S é a Sara, com dez borbulhas na cara.
com um papel; três grossas correntes de ar. T é o Tiago, a pescar botas no lago. Juntando formigas
achava salgado U é o Urbino, que sofre do intestino. fiz um formigueiro.
o sabor do mel. Encomendei um cachorro V é a Verónica, tem a preguicite crónica.
naquela pastelaria; X é o Xavier, usa roupa de mulher. Será que com carnes
No dia dos anos quem havia de dizer Z é a Zulmira, que na aula dança o vira. se faz um carneiro?
teve dois presentes: que o maroto me mordia?!
um pente com velas MESA TROCAS
e um bolo com dentes. Apanhei uma raposa
no exame e estou feliz: A mãe, se me vê Se me deres
vejam que lindo casaco comer com a mão, a lapiseira
com a sua pele eu fiz. prega-me logo dou-te um gomo de maçã.
uma lição.
PEGUEI NA SERRA DA ESTRELA Entrei numa carruagem Se me deres
para voltar à minha terra, Então tentei um livrinho
Peguei na Serra da Estrela enganei-me na estação comer com o pé: dou-te as asas de uma rã.
para serrar uma cadeira e desci na Primavera!
e apanhei um nevão Tirei sapato, Se me deres
numa serra de madeira. ABECEDÁRIO SEM JUÍZO tirei a meia... uma boneca
Ia levando uma tareia. dou-te a flor que dá a lã.
Com as linhas dos comboios A é o André, a beber a água pé.
bordei um lindo bordado, B é o Bruno, vai a fugir dum gatuno. Mas amanhã E se eu
quando o comboio passou C é a Camila, com corpinho de gorila. não ralham comigo não te der nada?
o pano ficou rasgado. D é o Daniel, come lenços de papel. pois vou comer Largo aqui uma galinha
E é a Ester, que nunca usa talher. pelo umbigo. para te dar uma dentada.
Nas ondas do teu cabelo F é o Frederico, está sentado no penico.
já pesquei duas pescadas. G é o Gonçalo, já hoje levou um estalo. A FORÇA DAS PALAVRAS A MINHA CASINHA
Olha para as ondas do mar, H é a Helga, picada por uma melga.
como estão despenteadas. I é a Inês, a dar beijos num chinês. Juntei várias letras - Fiz uma casinha
J é o João, põe ratos dentro do pão. escrevi um letreiro. de chocolate,
Guardo o dinheiro no banco, L é a Luísa, vai para a rua sem camisa. tapei-a por cima
guardo o banco na cozinha. M é a Maria, que só dorme todo o dia. com um tomate.
N é o Norberto, que gosta de armar em
2
Pus-lhe uma janela com muita espadeirada, à noite, o meu pai mas chega um bombeiro
de rebuçado galopando a cavalo. pôs-me de castigo. e ficam só nove.
e mais uma porta
de pão torrado. Entrou na catedral Deitei o peixinho São nove meninas
ao bater do badalo no meio do ninho comendo biscoito
Pus-lhe um chupa-chupa quando se quis casar para descansar. mas chega um padeiro
na chaminé; montado no cavalo. e ficam só oito.
a fazer de neve, Em vez de ficar
açúcar pilé. Mas a Dona Marçala, contente comigo, São oito meninas
mulher de D. Gonçalo, à noite, o meu pai fazendo uma omelete
A minha casinha não queria ser rainha pôs-me de castigo. mas chega um guloso
bem saborosa... vivendo num cavalo. e ficam só sete.
comi-a ao almoço. Enterrei dinheiro
Sou tão gulosa! Quando ele a quis beijar dentro do canteiro São sete meninas
ela lhe deu um estalo - para o semear. pintando papéis
caiu el-rei Gonçalo mas chega um pintor
abaixo do cavalo. Em vez de ficar e ficam só seis.
D. GONÇALO A CAVALO contente comigo,
De tanto cavalgar à noite, o meu pai São seis as meninas
Era uma vez um rei no rabo tinha um calo pôs-me de castigo. à volta de um brinco
chamado D. Gonçalo - e as pernas eram tortas mas chega um ourives
passava toda a vida com forma de cavalo. Eu dei ao bebé e ficam só cinco.
montado num cavalo. só um pontapé
Já não sabia andar. para ele voar. São cinco meninas
Com crinas se tapava, Pegou nele um vassalo. que vão ao teatro
dormia, que regalo, Que havia de fazer? Em vez de ficar mas chega um actor
até nascer o dia, Montou-o no cavalo. contente comigo, e ficam só quatro.
deitado no cavalo. à noite, o meu pai
pôs-me de castigo. São quatro meninas
Comia no selim, O QUE UMA CRIANÇA SOFRE falando francês
bebia do gargalo, mas chega um estrangeiro
nem para fazer chichi Larguei o canário ROMANCE DAS DEZ MENINAS e ficam só três.
descia do cavalo. no meu aquário CASADOIRAS
para ele nadar. São três as meninas
País que ele pisasse, São dez as meninas guardando peruas
era para conquistá-lo Em vez de ficar e sobre elas chove, mas chega um pastor
contente comigo, e ficam só duas.

3
São duas meninas RIO DOURO O Sumo Pontífice é feito OS NÚMEROS DO MENINO GULOSO
nadando na espuma de que sumo?
mas chega um barqueiro Rio Douro Dá-me bolinhos
e fica só uma. De ouro o anel Em que guerra foi usado mas não só um.
Anel de Saturno o peixe espada? Desde o almoço
É uma menina Saturno planeta faço jejum.
a apanhar caruma Planeta solar
mas chega um leão, Solar do Marquês DA MINHA JANELA À TUA Dá-me bolinhos
não fica nenhuma. Marquês de Pombal mas não só dois.
Pombal das pombas Da minha janela à tua Como um agora
A SEMENTEIRA Pombas da paz vai o salto duma rã. outro depois.
Paz e amor Dá-me bolinhos de mel
Semeei na minha quinta Amor ao próximo ao acordar, de manhã. Dá-me bolinhos
os cacos duma caneca: Próximo comboio mas não só três,
nasceu um velho sem dentes Comboio a vapor Da minha janela à tua que os vou papar
a pentear a careca. Vapor de água vai o salto dum cabrito. duma só vez.
Água com peixes Empresta-me a tua bola,
Semeei na minha quinta Peixes do rio senão ainda me irrito. Dá-me bolinhos
três postinhas de pescada: Rio Douro. mas não só quatro,
nasceram três gatos-tigres Da minha janela à tua para os provar
com a cauda arrebitada. vai o salto dum coelho. logo no quarto.
PERGUNTAS Faz-me os trabalhos de casa
Semeei na minha quinta Pois és dois dias mais velho. Dá-me bolinhos
um lápis bem afiado: Os ladrões vivem mas não só cinco.
nasceu uma professora, nas águas furtadas? Da minha janela à tua Com tanta fome
mandou-me fazer ditado. vai o salto dum burrico. eu bem os trinco.
O peito do pé usa soutien? Eu estou a pedir-te um beijo,
Semeei na minha quinta Tu atiras-me um penico! Dá-me bolinhos
seis carros do meu irmão: Em que carpintaria funciona mas não só seis,
antes que algo nascesse, a Serra da Estrela? todos maiores
ele deu-me um bofetão. que bolos reis.
Quando se come um prego, fica-se com
ferrugem na barriga?

Em que mês aparecem


andorinhas no céu da boca?

4
TUDO DE PERNAS PARA O AR As costas desta cadeira Na Avenida e no Rossio quem vê as flores que lá estão
estão cheias de comichão. passam massas populares, não pensa no jardineiro.
Numa noite escura, escura, Ó cadeira, não te coces, as canções que as massas cantam
o sol brilhava no céu. que me atiras ao chão. vão voando pelos ares.
Subi pela rua abaixo, QUANTO CUSTA
vestido de corpo ao léu. Ó ladrão, senhor ladrão,
responda, mas não se zangue, Ó senhor crescido,
Fui cair dentro de um poço a mania de roubar quanto custa a lua?
mais alto que a chaminé, está-lhe na massa do sangue?
vi peixes a beber pão, VAMOS TROCAR Não custa dinheiro,
rãs a comerem café. Perdi todo o meu dinheiro, se quiseres é tua.
- Vou comprar uma mãe nova fui pedir massa emprestada,
Construi a minha casa e um pai do meu agrado. mas a massa que me deram, Ó senhor crescido,
com o telhado no chão Devem-se escolher os pais vejam - foi massa folhada! e o sol é caro?
e a porta bem no cimo que temos ao nosso lado.
para lá entrar de avião. Uma mãe que deite notas Uma massa, outra massa... Não custa dinheiro
pela boca, pelo nariz, Com tanta massa amassada, este sol tão claro.
Na escola daquela terra um pai que deteste a escola digam lá se este poema
ensinavam trinta burros. e me leve para Paris. não é mesmo uma maçada! Ó senhor crescido,
O professor aprendia mas a Terra então?
a dar coices e dar zurros. - Boa ideia, trocar filhos - Meu pai diz que a terra
disse o pai e mais a mãe. custa um dinheirão
  - Venha um filho muito amigo, O JARDINEIRO e eu vi no jornal
que é o melhor que se tem. que um metro de terra
SE A PANELA TEM ASAS Na cidade custa um conto e tal!
Fiquei meio embaraçado. há um jardim
Se a panela tem asas Que havia de decidir? e no jardim um canteiro
decerto pode voar. Dei-lhes logo um grande abraço e no meio do canteiro NOITE
Ai, minha rica sopinha e desatámos a rir. está cavando o jardineiro.
onde irá ela parar? Filho,
A terra suja-lhe os pés, meu filho,
Hei-de comprar uns sapatos POEMA ÀS MASSAS rasgam-lhe rosas as mãos, vem-te deitar.
para os pés da minha cama. as dálias roçam-lhe a cara Já sobre o mar
Por andar sempre descalça Amassa a massa o padeiro, quando se dobra para o chão. o sol se deitou.
toda a noite ela reclama. vende massa o merceeiro,
usa massa o vidraceiro Há um jardim na cidade Mãe,
e também o cozinheiro. e no jardim um canteiro; e a lua

5
se levantou.   os poetas SONHO
Se tenho mãos pedem a paz.
é para mexer, Montei um cavalo
nunca mais quero POEMA EM G Os prédios que vi no terraço,
adormecer. as praias voei para o circo
Graça não gosta da guerra. os pastos e fiz-me palhaço.
Filho, Guilherme não gosta da guerra. as pontes
meu filho, Guida não gosta da guerra. as piscinas Toquei concertina,
vem-te deitar. A guerra matou-lhes o pai. pedem a paz. dancei ao compasso,
Já sobre o mar A guerra queimou-lhes a casa. dei saltos mortais
o sol se deitou. A guerra espantou-lhes o gado. O planeta através do espaço.
Graça, Guilherme, Guida gritam. pede a paz.
Mãe, As granadas estoiram. Com um macaquinho
e a lua Agora o sangue irriga as ruas. Políticos, pousado no braço,
se levantou. Graça, Guilherme, Guida não ponham na panela a cada menino
Se tenho pés querem gritar a pomba da paz. eu dei um abraço.
é para correr, à gente grande SE...
nunca mais quero que se fica sempre a perder, Desci os degraus
adormecer. mesmo que os generais - Se eu tivesse um carro do sonho do meu quarto,
ganhem as guerras. havia de conhecer caí sobre as coisas
Filho, toda a terra. de que já estou farto.
meu filho, POEMA EM P
vem-te deitar. Se eu tivesse um barco Em tudo o que sou,
Já sobre o mar A Paula havia de conhecer em tudo o que faço,
o sol se deitou. pede a paz. todo o mar. já não resta nada
daquele palhaço.
Mãe, Os pardais Se eu tivesse um avião
e a lua os peixes havia de conhecer
se levantou. os pandas todo o céu. O TEMPO
Se tenho olhos as plantas
é para ver, as pedras - Tens duas pernas Perdi o tempo
nunca mais quero pedem a paz. e ainda não conheces na rua
adormecer. a gente da tua rua. perdi o tempo
Os palhaços a brincar.
Pôs-se a contar os polícias Ando agora atrás do tempo
estrelas no céu; os pintores não o consigo encontrar.
chegou a vinte, os padeiros
adormeceu.
6
Mas prometo vinte escudos Ó mar, Baloiçando o baloiço A mãe
a quem mo tornar a dar. Ó mar... do velho cortinado tem olhos altos como estrelas.
voei enfim Os seus cabelos brilham
Peguei num búzio das águas, pelo meu jardim como o sol.
O CARROCEL pousado ali na areia. inventado.
Ele guardava a canção A mãe
Rodando no carrocel secreta duma sereia. faz coisas mágicas:
subo e desço uma montanha. NO BAIRRO DE LATA transforma farinha e ovos
No meu cavalo de pau, Ó mar, em bolos,
A galope, quem me apanha? Ó mar... Na rua linhas em camisolas,
que não é rua trabalho em dinheiro.
À volta, à volta, entre o vento, É só um búzio das ondas,
o riso, a luz, as canções, todos o julgam vazio. na casa A mãe
corro entre duas girafas, Mas eu viajo lá dentro que não é casa tem mais força que o vento:
seguido por três leões. num sonho feito navio. carrega sacos e sacos
uma bola do supermercado
Ó mar, que não é bola. e ainda me carrega a mim.
PAI Ó mar...
Mas se o menino A mãe
Pai, a rebola quando canta
vens com os olhos cansados, tem um pássaro na garganta.
os dedos gretados, a bola finge de bola
os pés doridos, ENTRE 4 PAREDES a casa finge de casa A mãe
os sonhos moídos. a rua finge de rua. conhece o bem e o mal.
Onde colheste o sorriso Pintei os sapatos de verde Diz que é bem partir pinhões
que me dás para pisar um relvado. E o menino e partir copos é mal.
como uma flor? Pus um vestido de rosas finge ou acredita Eu acho tudo igual.
com seu perfume encarnado. que a Terra também é sua?
A mãe
O BÚZIO Colei pratas nas janelas sabe para onde vão
como estrelas amarelas. A MÃE todos os autocarros,
Pus um búzio da praia descobre as histórias que contam
na concha do meu ouvido. Fiz de uma vassoura A mãe as letras dos livros.
Logo ouvi o mar chamar de pernas para o ar é uma árvore
muito longe, num gemido. uma palmeira e eu uma flor. A mãe
ao vento a cantar. tem na barriga um ninho.
É lá que guarda
o meu irmãozinho.
7
A mãe A menina azul Se fechares teus olhos Eu sou branco, ela é preta,
podia ser só minha. tem sangue azul e chegares pertinho, ando em pé, ela deitada.
Mas tenho de a emprestar como tinta de escrever. ela cheira a rosas Mas nunca nos separamos
a tanta gente... e a rosmaninho. até ser noite fechada.
A menina azul
A mãe é uma princesa de tule Se lhe deres a mão, REI, CAPITÃO, SOLDADO, LADRÃO...
à noite descasca batatas. que dança os tons vês que é de veludo
Eu desenho caras nelas do azul, azul, azul... e tens uma amiga Rei, capitão,
e a cara mais linda pronta para tudo. soldado, ladrão,
é da minha mãe. menina bonita
do meu coração.
A MENINA AZUL
A MENINA FEIA Não quero ter coroa,
A menina azul nem arma na mão,
é fresca como um azulejo A menina feia A SOMBRA nem fazer assaltos
e tem lagos nos olhos. tem dentes de rato com um facalhão.
e pêlos nas pernas Eu tenho uma amiga, a sombra,
A menina azul à moda de um cacto. que anda comigo e não fala. Quero ser criança,
é a fada Por mais que eu puxe conversa, quero ser feliz,
que pintou o céu. A menina feia sempre a marota se cala. não quero nas lutas
tem olhos em bico partir o nariz.
A menina azul e o seu nariz Logo que corro para o sol,
é a água-marinha pica como um pico. estende-se a sombra no chão. Quero ter amigos
dum anel. Pisam-na todos os pés jogar futebol,
A menina feia, e senta-se nela o cão. descobrir o mundo
A menina azul sardenta, gorducha debaixo do sol.
quando se zanga não parece gente, Salta para trás e para a frente,
fica azul escura só lembra uma bruxa. pula para cima, para o lado, Rei, capitão,
e quando ri mas parece que está presa soldado, ladrão,
tão clara *** à sola do meu calçado. não.
como um regato. Mas quero a menina
Se fechares teus olhos, Faz tudo aquilo que eu faço: do meu coração.
A menina azul a ouvires cantar, macaca de imitação!
tem sonhos azuis é uma sereia, Até se lhe dou um estalo A UNIÃO FAZ A FORÇA
como peixes ondulantes. princesa do mar. me quer dar um safanão.
Se todas as terras
se fossem juntar

8
mas que grande monte Livro
iriam formar. um amigo
para falar comigo
Se todas as águas um navio
se fossem juntar para viajar
mas que grande mar um jardim
iriam formar. para brincar
uma escola
Se os homens de paz para levar
se fossem juntar debaixo do braço.
mas que grande exército
iriam formar. Livro
um abraço
E por sobre a terra para além do tempo
e por sobre o mar e do espaço.
então é que as guerras
iam acabar.

EU QUERIA SER PAI NATAL

Eu queria ser Pai Natal


e ter um carro com renas
para pousar nos telhados
mesmo ao pé das antenas.

Descia com o meu saco


ao longo da chaminé,
carregado de brinquedos
e roupas, pé ante pé.

Em cada casa trocava


um sonho por um presente.
Que profissão mais bonita
fazer a gente contente!

LIVRO

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