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Atividade de FILOSOFIA Data:___/__/2021

Aluno: N° Série/ Ano : 1ªs séries A, B, C, D, E, F e G

Professor: BRISA SOCIO Nota:


Atividade de Leitura, escrita e pesquisa valendo nota (as respostas estão implícitas e explicitas nesta Atividade). Essa atividade vale nota. Enviar as
respostas para socio@prof.educacao.sp.gov.br .ou no WhatsApp no pv: 17 981913440
Relacionar práticas de cidadania e respeito às diferenças; discutir a condição estética existencial dos seres
humanos; refletir sobre a importância do conceito de alteridade para análise de diferentes culturas; A filosofia
e outras formas de conhecimento: mito, cultura, religião, arte e ciência.
“No universo da cultura o centro está em toda parte. Não há uma hierarquia da saberes, nenhum povo deve ser perseguido ou preterido por
nenhum governo. Nossos povos originais têm direito à terra, à dignidade e à sua preservação política, econômica e cultural”

Aprecie a leitura abaixo encontrada no seguinte link: http://www.aescotilha.com.br/colunas/a-margem/alteridade-aos-


indigenas/Alteridade aos indígenas por Guylherme Custódio; 24 de outubro de 2016 em A margem.

As diversas faces da alteridade com os povos indígenas podem ser vistas nas obras de Lévi-Strauss, Mário de Andrade,
Tzvetan Todorov, Rincon Sapiência e o grupo Brô MCs. Foto: Guylherme Custódio.
A alteridade ou outridade pode ser resumida como “a capacidade de se colocar no lugar do outro”. E
colocando-se nessa posição podemos determinar quem somos, construção individual que passa a ser coletiva
se quisermos definir o povo que compõe uma nacionalidade. No caso brasileiro, portanto, é fundamental
pensar a nossa nação a partir da população indígena, os nativos sobre os quais nos ajudam a refletir o trabalho
do etnólogo Claude Lévi-Strauss, o escritor Mário de Andrade, o rapper Rincon Sapiência e o grupo de
rap indígena Brô MCs. Há ainda a se considerar a obra de Tzvetan Todorov em A Conquista da América –
A Questão do Outro como ponto de partida para se definir a alteridade, uma vez que o autor usa a posição de
Cristóvão Colombo perante os povos indígenas para debater o conceito colocado por ele como baseado no
egocentrismo, já que é a partir do contato com o outro que podemos experimentar a identificação ou a
diferença.

Claude Lévi-Strauss Mario de Andrade Todorov


“Colombo descobriu a América, mas não os americanos”, afirma Todorov (2010, p. 69) ao dizer que Colombo
via os índios ora como seus iguais ora como diferentes. Entretanto, a visão empregada por ele era de que, ao
enxergar o nativo como seu semelhante, Colombo imprimia no indígena os seus próprios valores. Logo,
acreditava que eles tinham o nobre direito de ser evangelizados. Por outro lado, quando não projetava a sua
própria identidade sobre os demais, negando que eles também pudessem ter a própria, Colombo via o índio
por meio da diferença, o colocando como alguém ou superior ou inferior. E, claro, nesse caso o índio jamais
seria visto por Colombo como alguém superior. É o que fez com que fossem vistos como “bons selvagens”
ou como alguém que serviria para ser escravizado ou, ainda, levado para a Espanha como amostra. É isso que
nos apresenta Todorov por meio dos diários do descobridor que relata em 12/11/1492 que “Eles me trouxeram
sete cabeças de mulheres, jovens e adultas, e três crianças”. Por isso, Todorov revela que para Colombo “Ser
índio, e ainda por cima mulher, significa ser posto, automaticamente, no mesmo nível que o gado” (2010, p.
66). Mas se a visão perante o outro trazida por Colombo é baseada na oposição, a de Lévi-Strauss é a da
semelhança. É o que se mostra por meio da sua vinda ao Brasil que resultou na obra Tristes Trópicos, que
entre diversos aspectos oriundos do contato com os povos indígenas resultou também em um episódio peculiar
no qual a alteridade pode ser vista de maneira prática. Considerado como um dos fundadores da antropologia
estruturalista e um dos maiores intelectuais do século XX, o belga Claude Lévi-Strauss veio ao Brasil em 1935
para fazer parte do corpo docente da USP, que acabara de ser fundada. O jovem de 27 anos, entretanto,
aproveitou sua estadia para realizar viagens etnográficas junto aos índios caingangue, cadiueu e bororo.O
resultado dessas pesquisas foi apresentado em Paris e lhe rendeu uma bolsa do governo parisiense para retornar
ao Brasil em 1938 e finalizar seu estudo junto aos nambiquara e tupi-cavaíba, o que pode ser conhecido pelo
público somente em 1955, quando Tristes Trópicos foi lançado na França. É no Paraná onde o contato de
Lévi-Strauss e os índios caingangue nos revela um exemplo de alteridade. Isso ocorre porque os habitantes
que ocupavam as duas margens do rio Tibagi, embora tivessem bastante contato com o homem branco por
conta da intervenção governamental, ainda mantinham o hábito de comer as larvas que saiam dos troncos das
árvores. Os corós eram motivo de vergonha para os índios, zombados pelos brancos, mas para Lévi-Strauss
era uma chance de experimentar a sua particularidade e se colocar-se em posição de cumplicidade perante
eles: “Uma machadada revela milhares de canais furados bem no fundo da madeira. Em cada um deles, um
bicho grande, de cor creme, bastante parecido com o bicho-da-seda. Agora, precisamos nos decidir. Diante do
olhar impassível do índio, decapito minha caça; do corpo escapa uma gordura esbranquiçada, que eu provo,
não sem vacilar: tem a consistência e a delicadeza da manteiga, e o sabor do leite de coco” (LÉVI-STRAUSS,
1996, p. 170). Alteridade semelhante à do belga no Brasil pode ser vista na atitude de um brasileiro no Peru.
É o que se revela em O Turista Aprendiz, obra que reúne as crônicas de Mário de Andrade sobre a sua viagem
realizada em 1927 “pelo Amazonas até o Peru, pelo Madeira até a Bolívia, por Marajó até dizer chega” e em
1928 por Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Nos relatos referentes à primeira parte da
obra, e que estão mais próximos de uma viagem de turismo do que de estudo, como é a segunda parte, Mário
de Andrade faz uso de uma linguagem bastante irônica e humorística. E entre um desses episódios está
presente aquele no qual o escritor tenta, sem sucesso, adquirir coca em um povoado peruano. Novamente se
vê a tentativa de experimentar aquilo que faz do outro o outro, sanar as diferenças e colocar-se no lugar de
outrem. Entretanto, apesar da tentativa, o indígena se recusa a dar coca ao autor. E se podem haver dúvidas se
o relato tenha de fato acontecido, e há diversos motivos para isso por conta do tom cômico e tendendo à
ficcionalização, o que realmente importa é a alteridade proporcionada por meio da literatura. É por meio dela
que o escritor irá usar a figura do índio para proporcionar uma reflexão e colocar a si mesmo como um inferior
diante dele, diferentemente de Colombo, disposto a aprender os seus ensinamentos, mostrando, por exemplo,
que o dinheiro não é capaz de comprar tudo. Mas se a reflexão sobre a população indígena pode ser encontrada
em Lévi-Strauss e Mário de Andrade durante as décadas de 1920 e 1930, ela pode também ser vista no rap do
século XXI por meio das vozes de Rincon Sapiência e do grupo Brô MCs. Presente na mixtape Coligações
Expressivas vol. 3 (2015), do DJ Caíque, a música “Donos da Mata”, de Rincon Sapiência, se dedica à questão
indígena e olha para uma população que sofre durante anos, se dedicando ao próximo enquanto o rap parece
olhar cada vez mais para o próprio ego. E é justamente se dedicando ao massacre do povo indígena que
Rincon Sapiência imprime o estilo crítico do rap em uma reflexão que passa por diversas tribos brasileiras,
mas, assim como Mário de Andrade e Todorov, também a coloca dentro do contexto de toda a América. Além
disso, se a visão de cumplicidade está presente em Rincon Sapiência, ouvir dos próprios indígenas o que eles
têm a dizer também é um grande exercício de alteridade, possibilitado pela música do grupo Brô MCs, o
primeiro grupo de rap indígena do Brasil. Cantando suas letras em português e guarani, o grupo formado por
dois pares de irmãos Guarani Kaiowá que habitam a reserva indígena Jaquapiru, em Dourados (MS), relatam
nas letras a sua própria realidade e preservam as tradições usando a linguagem moderna do rap como forma
de expressão. Uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais o grupo é por meio do programa Hip-
Hop Cozinha, apresentado por Zinho Trindade, no qual eles contam e cantam a sua história e nos fazem
perceber o outro que há em nós.
Pense e responda:
1. Comente sobre o que você entendeu sobre a idéia de “bons selvagens” de Colombo e
sobre o que defendem Levi-Strauss, Mario de Andrade, Todorov e Rincon Sapiência como
contraponto:
2. Em que situações exercitamos a alteridade?
3. Deve haver limites para a alteridade? Sim ou não? Explique: em que situações devemos
abrir mão dela?
4. POR QUE TENDEMOS A FORÇAR O OUTRO A VER O MUNDO A PARTIR DO NOSSO
OLHAR?
5. Comente sobre sua interpretação deste excerto:
“Bandeiras européias na terra finca/ Era uma vez Astecas, Mais, Inca /As América sofreu um trauma
/Os padres diziam que os índios não tinham alma/ Dizimados, perseguidos, torturados
Com certeza eram muito mais evoluídos / Astrologia, magia, medicina/ Se perderam numa católica
chacina/Perseguidos os que restaram/ Fazendeiros querem terras, história nunca respeitaram E os
conflitos são comuns. O vermelho na pele nem sempre é urucum” Rincon Sapiência – Donos da
Mata
6. Comente a seguinte frase "o diferente é o outro":
7. A partir das suas referências de vida, responda: eu (cada um de nós) sou sempre o
mesmo ou o que eu sou hoje é outro em relação ao que eu fui na década passada?
8. O que o outro faz (em termos religiosos, políticos, artísticos etc.) que me incomoda? Por
quê? Como conviver com o outro?
9. Pesquise o significado de etnocentrismo, eurocentrismo, xenofobia. Anote e dê exempos.
10. Se a cultura define um modo de se ver o mundo, então cada um vê mundo através de sua
cultura. Dessa forma, comportamentos, ideias e ações são avaliadas como boas ou ruins,
corretas e erradas, bonitas ou feias, úteis ou inúteis, agradáveis ou desagradáveis, morais
ou imorais de acordo com a cultura de cada um. Comente:

11. Tendemos a considerar o modo de vida expresso pela nossa cultura como o mais
"correto". Mas o que acontece quando, seguindo este encadeamento de ideias, uma
cultura se depara com outra? Explique e cite exemplos.
12. Comente a seguinte frase de Miguel Reale, reitor da Usp “Na cultura o centro está em
toda parte”:
13. American way of life ou "estilo de vida americano" foi um modelo de comportamento
surgido nos Estados Unidos após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. Este
modo de viver é marcado pelo consumismo, pela padronização social e pela crença nos
valores democráticos liberais. Explique como este estilo de vida reflete em nossas vidas.

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