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MATERIAL PRÉ-AULA
2) Plano de Estudos:
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Ao adolescente acusado da prática de ato infracional também são assegurados inúmeros
direitos individuais, relacionados nos arts. 106 a 109 do ECA, em reprodução a disposições
similares contidas no art. 5º, da CF .
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A competência para seu processo e julgamento será invariavelmente do Juiz da Infância e
Juventude do local da ação ou omissão (local da conduta infracional), observadas as regras
de conexão, continência e prevenção previstas no CPP ex vi do disposto no art. 147, §1º
c/c art. 148, incisos I e II e 152, do ECA.
Vale lembrar que, a teor do disposto no art. 114 c/c art. 189, incisos II e IV, do ECA, para
imposição de medidas socioeducativas , é imprescindível a devida comprovação da autoria
e da materialidade da infração, para o que não basta a mera "confissão" do adolescente,
sendo necessária a instrução do feito e a produção de provas idôneas e suficientes, a
exemplo do que ocorreria em se tratando de um processo crime instaurado em relação a
um imputável.
A respeito da matéria, foi recentemente editada Súmula nº 342, do STJ, segundo a qual:
1 - O adolescente apreendido em flagrante deverá ser cientificado de seus direitos (art. 106,
par. único do ECA) e encaminhado à autoridade policial competente (art. 172 do ECA), com
comunicação ao Juiz da Infância e da Juventude e sua família ou pessoa por ele indicada
(art. 107 do ECA). Caso haja DP especializada para adolescentes, deverá o adolescente
ser a esta encaminhado, mesmo quando o ato for praticado em companhia de imputável.
Obs:
A falta da imediata comunicação da apreensão de criança ou adolescente à autoridade
judiciária competente, à família ou pessoa indicada pelo adolescente importa, em tese, na
prática do crime do art. 231 do ECA, assim como se constitui crime proceder à apreensão
de criança ou adolescente sem que haja flagrante ou ordem escrita e fundamentada de
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autoridade judiciária competente ou sem a observância das formalidades legais (art. 230,
caput e par. único do ECA).
2 - Caso o ato infracional seja praticado mediante violência ou grave ameaça à pessoa,
deverá ser lavrado auto de apreensão, com a oitiva de testemunhas, do adolescente,
apreensão do produto e instrumentos da infração e requisição de exames ou perícias
necessárias à comprovação da materialidade do ato (art. 173 do ECA). Se o ato infracional
for de natureza leve, basta a lavratura de boletim de ocorrência circunstanciado (art. 173,
par. único do ECA). Necessário jamais perder de vista que na forma do disposto no art. 114
do ECA, a imposição de medidas socioeducativas tem como pressuposto a comprovação
da autoria e materialidade da infração.
Obs:
A regra será a liberação imediata do adolescente, seja qual for o ato infracional praticado,
independentemente do recolhimento de fiança (ou seja, a apreensão em flagrante, por si
só, não autoriza a manutenção da privação de liberdade do adolescente), ressalvada a
"imperiosa necessidade" do decreto de sua internação provisória (conforme arts. 107 par.
único e 108, par. único, do ECA).
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4.1 - Se não é possível a apresentação imediata, encaminha-se o adolescente à entidade
apropriada (de internação provisória) e, em 24 (vinte e quatro) horas, apresenta-se o
adolescente ao MP (art. 175 e §1º do ECA).
Obs:
Onde não houver entidade apropriada, o adolescente deverá aguardar a apresentação ao
MP em dependência da DP separada da destinada a imputáveis (art. 175, §2º do ECA),
onde em qualquer hipótese não poderá permanecer por mais de 05 (CINCO) DIAS, sob
pena de responsabilidade (arts. 5º e 185, §2º c/c art. 235, do ECA).
Obs:
Não há proibição expressa ao uso de algemas, porém, em especial com o advento da
Súmula Vinculante nº 11, do STF, estas somente devem ser empregadas quando houver
real justificativa para tanto, de modo a evitar que o adolescente seja submetido a um
constrangimento maior que o estritamente necessário (vide art. 232, do ECA).
6.1 - Caso, após liberado, o adolescente não compareça na data designada para o ato, o
MP notificará os pais ou responsável para apresentação daquele e, caso persista a
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ausência, expedirá ordem de condução coercitiva, podendo para tanto requisitar o concurso
das polícias civil e militar (art. 179, par. único, do ECA);
6.2 - A audiência perante o MP será realizada com as peças autuadas no cartório e com
certidão de antecedentes. Quando da oitiva informal deve-se colher, tanto junto ao
adolescente, quanto a seus pais ou responsável, informes acerca da conduta pessoal,
familiar e social daquele (se estuda, trabalha, é obediente, respeitador etc.), elementos que
irão influenciar tanto na tomada de decisão acerca de que providência deverá o MP adotar
no caso (ato que deverá ser fundamentado - art. 205, do ECA), quanto, ao final do
procedimento (se oferecida a representação), na indicação da(s) medida(s) a ser(em)
aplicada(s).
Obs:
A princípio, não é necessária a presença de advogado quando da realização da oitiva
informal (a obrigatoriedade se dá apenas após a audiência de apresentação - art. 186, §§2º
e 3º c/c art. 207 e §1º do ECA), mas se o adolescente tiver defensor constituído, a
assistência deste deve ser garantida.
7 - Após a oitiva informal, o MP poderá tomar uma das seguintes providências (art. 180 do
ECA):
Obs:
Toda ação socioeducativa é pública incondicionada, e o MP é o seu titular exclusivo, não
havendo que se falar em "ação socioeducativa privada" ainda que em caráter "subsidiário"
(ou seja, não se aplicam as disposições do art. 29 do CPP e art. 5º, inciso LIX, da CF).
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A propósito, não foi fixado qualquer prazo para o oferecimento da representação (embora,
se for o caso, este deva ocorrer da forma mais célere possível, havendo inclusive a previsão
de sua dedução oral, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária - art. 182, §1º,
2º parte do ECA), sendo que, neste aspecto, a atuação do MP não está sujeita ao princípio
da obrigatoriedade, mas sim ao princípio da oportunidade, sendo sempre preferível a
concessão da remissão como forma de exclusão do processo (inteligência do art. 182,
caput do ECA).
Obs:
Vale destacar que, embora seja desejável, e deva ocorrer, sempre que possível, a oitiva
informal do adolescente não é conditio sine qua non ao oferecimento da representação
socioeducativa, sendo possível que este ocorra sem aquela, como na hipótese em que o
adolescente encontra-se foragido.
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III - REMISSÃO: Quando concedida pelo MP, constitui-se numa forma de exclusão do
processo. Pode ser concedida em sua modalidade de perdão puro e simples (caso em que
independe do consentimento do adolescente) ou vir acompanhada de MSE não privativa
de liberdade (devendo ser esta ajustada pelo representante do MP e adolescente - arts.
126, caput e 127, ambos do ECA - maiores detalhes adiante).
Obs:
Mesmo tendo sido o adolescente apreendido em flagrante, após concedida a remissão ou
promovido o arquivamento, ou mesmo quando, oferecida a representação, não estiverem
presentes os elementos que autorizam o decreto da internação provisória, ou apontam no
sentido na "necessidade imperiosa" da medida (cf. art. 108, do ECA), o Ministério Público
poderá entregar o adolescente diretamente aos pais, mediante termo, independentemente
de ordem judicial (valendo lembrar que a regra será sempre a liberação imediata do
adolescente - cf. art. 108, par. único, do ECA).
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homologar a remissão sem a inclusão da medida eventualmente ajustada entre o MP e o
adolescente/responsável, sendo-lhe vedado modificá-la de ofício (vide art. 128 do ECA).
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além), podendo ser solicitada a ouvida de profissionais habilitados (se disponível, a própria
equipe técnica interprofissional a serviço do Juizado da Infância - cf. art. 151, do ECA, ou
os técnicos da unidade onde o adolescente estiver internado).
9.3 - Neste momento, o Juiz, ouvido o MP, pode conceder a remissão judicial, como forma
de extinção ou suspensão do processo (arts. 186, §1° e 126, par. único, ambos do ECA).
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13 - Estando o adolescente em internação provisória, o prazo máximo e improrrogável para
conclusão de todo o procedimento é de 45 (quarenta e cinco) dias, computados da data da
apreensão (inclusive) - arts. 108, caput e 183, do ECA.
Obs:
Tecnicamente não há que se falar em "condenação" ou "absolvição" do adolescente
acusado da prática de ato infracional, devendo a sentença acolher ou não a pretensão
socioeducativa.
Obs:
Mesmo improcedente a representação, em havendo necessidade, a autoridade judiciária
pode aplicar ao adolescente medidas unicamente protetivas (sem carga coercitiva,
portanto), nos moldes do art. 101 estatutário, ou encaminhar o caso para atendimento pelo
Conselho Tutelar.
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Obs:
Intimação da sentença que reconhece a prática infracional e aplica MSE:
Mesmo que o adolescente diga que não deseja recorrer, o defensor não está impedido de
fazê-lo, porém se a manifestação do adolescente for afirmativa, desde logo se considera
interposto o recurso, devendo o defensor ser intimado a oferecer as razões respectivas.
Aqui vale abrir um parêntese para destacar o fato de tal permissivo se constituir numa
peculiaridade em relação à sistemática estabelecida para o processamento dos recursos
interpostos contra decisões proferidas pela Justiça da Infância e Juventude.
Com efeito, por força do disposto no art. 198, do ECA, em todos os procedimentos afetos
à Justiça da Infância e Juventude (inclusive é claro os procedimentos para apuração de ato
infracional praticado por adolescente), adota-se o sistema recursal do Código de Processo
Civil, com algumas "adaptações" .
Como sabemos, por força do disposto nos arts. 506, par. único c/c 514, ambos do CPC, a
petição na qual a apelação é interposta já deve vir acompanhada das respectivas razões,
não sendo o caso de abrir novo prazo (ou um prazo específico, como ocorre na Lei
Processual Penal), para apresentação destas.
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Uma vez que o sistema recursal adotado pela Lei nº 8.069/90 é o previsto no Código de
Processo Civil, a princípio não seria admissível interpor o recurso para, somente após,
promover a juntada de suas razões.
Ocorre que o disposto no citado art. 190, §2º, do ECA se constitui em mais uma "adaptação"
ao sistema recursal do Código de Processo Civil introduzida pelo legislador estatutário, que
em última análise visa submeter à análise de uma instância superior toda e qualquer
decisão impositiva de medida privativa de liberdade a um adolescente acusado da prática
de ato infracional, pois via de regra, ao ser indagado se deseja recorrer de tal decisão, a
resposta em tais casos será afirmativa.
Por fim, resta mencionar que caso a medida socioeducativa aplicada for de natureza
diversa das privativas de liberdade (advertência, obrigação de reparar o dano, prestação
de serviços à comunidade, liberdade assistida ou medidas de proteção), a intimação pode
ser feita apenas na pessoa do defensor (art. 190 do ECA).
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Código Penal
Lei 13.964/2019
Estatuto da Criança e do Adolescente
Código de Processo Penal
4) Julgados/Informativos:
APELAÇÃO CÍVEL. ATO INFRACIONAL. ECA. HOMICÍDIO (ART. 121, § 2º, IV ¿ que
dificultou a defesa do ofendido), COMETIDO POR GRUPO DO QUAL PARTICIPAVAM OS
APELANTES, MEDIANTE SOCOS, PONTAPÉS E ARREMESSO DE PEDRA. AUTORIA E
MATERIALIDADE AMPLAMENTE DEMONSTRADAS NOS AUTOS. MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO SEM ATIVIDADES EXTERNAS MUITO BEM
DOSADA, EM VISTA DA EXTREMA GRAVIDADE DO ATO INFRACIONAL, ALIADA ÀS
PERSONALIDADES DOS RECORRENTES. RECURSOS DESPROVIDOS. (Apelação
Cível Nº 70010284289, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alfredo
Guilherme Englert, Julgado em 30/12/2004)
(TJ-RS - AC: 70010284289 RS, Relator: Alfredo Guilherme Englert, Data de Julgamento:
30/12/2004, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia)
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de serviços à comunidade se mostra adequada.NEGARAM PROVIMENTO.
UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº 70083081414, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em: 30-01-2020)
(TJ-RS - AC: 70083081414 RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Data de Julgamento:
30/01/2020, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: 04/02/2020)
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5) Bibliografia Sugerida:
Nucci, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal– 13. ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016.
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Vol. 2 - Parte Especial - Arts. 121 a
212 do Código Penal: Volume 2. Edição 4ª. Editora Forense, 2020.
6) Leitura Complementar:
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