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Complexo Educacional Faculdades Metropolitanas Unidas

Victor Menezes Alves Martins

Resenha
O CAPITAL - LIVRO PRIMEIRO
CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS DA
PRODUÇÃO MECANIZADA SOBRE O
TRABALHADOR

Ciências Sociais – 2º Semestre

São Paulo - SP
2021

Victor Menezes Alves Martins


Resenha
O CAPITAL - LIVRO PRIMEIRO
CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS DA
PRODUÇÃO MECANIZADA SOBRE O
TRABALHADOR

Trabalho do componente Fundamentos


da Sociologia: Trabalho e Sociedade
apresentado à FMU e ao Professor Fábio
Costa Julião como parte das exigências
para a obtenção do título de Licenciado
em Ciências Sociais.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Resenha - O CAPITAL - LIVRO PRIMEIRO CONSEQUÊNCIAS
IMEDIATAS DA PRODUÇÃO MECANIZADA SOBRE O
TRABALHADOR

INTRODUÇÃO

Nascido em 1816, Karl Heinrich Marx foi um importante filósofo, socialista


alemão e que revolucionou a forma na qual enxergávamos o modo de se viver e de
produção. Marx nasceu em Trèveris, na Renânia, onde passou alguns muitos anos
de sua vida, mas logo viajou mundo afora. Foi um dos responsáveis pela criação do
comunismo, onde crítica severamente o sistema capitalista em suas extensas obras.
Em 1835, Karl adentra ao curso de Direito da Universidade de Bonn, aonde já se
envolveu em movimentos estudantis políticos, porém, em 1836 ele transfere-se para
a Universidade de Berlim, onde dá inicio aos seus estudos em filosofia. Durante
esse período, as ideias Hegelianas do filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1710-
1831) já se espalhavam pelo ciclo de Marx. Em 1843 Marx conhece Friedrich
Engels, no qual criou um vínculo bastante profundo, mesmo que no começo a
relação de ambos fosse um tanto conturbada. Engels ajudou Marx financeiramente,
principalmente em seus estudos, e esteve presente na elaboração de suas teses e
publicações, como o próprio Manifesto Comunista. Após perder seus três filhos, sua
filha e também sua companheira, Marx já passava por um momento difícil, porém no
dia 14 de março de 1883, falece em Londres, na Inglaterra. Sem mais nos
alongarmos em relação a extensa trajetória de Karl Marx, falemos sobre uma de
suas grandes obras, “O Capital”, sendo que essa resenha visa analisar
principalmente o capítulo 9 de sua obra, de título “CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS
DA PRODUÇÃO MECANIZADA SOBRE O TRABALHADOR”.

DESENVOLVIMENTO

O capital é uma das obras mais extensas de Karl Marx, dividida em três
partes, é um objeto de estudo valorosíssimo até os dias atuais. No capítulo 9 de seu
livro, Karl Marx fala sobre o processo de mecanização do trabalho e nos efeitos
causados pelo capitalismo na nossa sociedade após essa etapa da industrialização.
A exploração já ocorria de qualquer maneira antes do séc XVIII, principalmente entre
homens, porém, os grandes capitalistas perceberam que poderiam investir em mão
de obra mais barata para gerar mais lucro e gastar menos, ou seja, recorreram para
a exploração de mulheres e crianças.

“Antes da proibição de mulheres e de meninos com menos de 10


anos trabalharem nas minas, o capital achava a utilização nelas de mulheres
e moças despidas, muitas vezes em conjunto com homens, perfeitamente de
acordo com seu código moral, principalmente com seu livro-caixa, de modo
que só após a proibição legal passou a lançar mão da maquinaria.”
MARX, Karl (O Capital – Livro Primeiro, Pg 448)

Pouco se importava com os abusos realizados contra as mulheres, ou com as


mortes de milhares de crianças naquelas maquinarias duvidosas, mas o que de fato
sempre foi de suma importância era o lucro. Marx traz alguns pontos que nos
mostram as consequências da produção mecanizada, sendo o primeiro item a
“apropriação pelo capital das forças de trabalho suplementares, o trabalho das
mulheres e das crianças”. Vejamos bem, tenhamos em mente que estava se vivendo
um período de bastante crise, logo, era muito comum que uma família inteira
trabalhasse em uma fábrica e recebesse uma micharia, inclusive as crianças.

Três meninas com 13 anos de idade e salário de 6 a 8 xelins por


semana substituem um homem adulto com salário de 18 a 45 xelins" (Th. de
Quincey, "The Logic of Politic. Econ.", Londres, 1844, nota da p. 147).
MARX, Karl (O Capital – Livro Primeiro, Pg 451)

Com pouquíssimas leis que asseguravam os direitos das mulheres e das


crianças (quase nulos), uma lei em específico garantia que crianças com menos de
13 anos só poderiam trabalhar no máximo 6h por dia, o que continuava sendo um
grande absurdo. As exaustivas jornadas de trabalho que envolviam as famílias
inteiras, somando com o pouquíssimo que recebiam, ocasionava em uma falta de
estrutura muito grande, principalmente para as crianças, onde se observava que
muitas vezes os país não lhes davam a devida atenção, ou seja, elas passavam
fome, se viam abandonadas e a taxa de mortalidade era altíssima.
“Já aludimos à ruína física das crianças, dos jovens, das mulheres,
submetidos diretamente pela máquina à exploração do capital nas fábricas
mecanizadas e, depois, indiretamente em todos os demais ramos de
atividade. Por isso, só nos deteremos agora num ponto, a imensa mortalidade
dos filhos dos trabalhadores, nos primeiros anos de vida. Em 16 distritos de
registro da Inglaterra, há anualmente em média 9.085 óbitos (num distrito, Só
7.047) em cada grupo de 100.000 crianças com menos de 1 ano de vida; em
24 distritos, 10 a 11.000 óbitos; em 39, 11 a 12.000; em 48, 12 a 13.000; em
22, mais de 20.000; em 25, mais de 21.000; em 17, mais de 22.000; em 11,
mais de 23.000; em Hoo, Wolverhampton, Ashton-under-Lyne e Preston, mais
de 24.000; em Nottingham, Stockport e Bradford, mais de •25.000; em
Wisbeach, 26.001, e em Manchester, 26.125.127 Conforme demonstrou uma
investigação médica oficial em 1861, pondo-se de lado circunstâncias locais,
as altas taxas de mortalidade decorrem principalmente de trabalharem as
mães fora de casa.”
MARX, Karl (O Capital – Livro Primeiro, Pg 453)

É importante frisar que não podemos julgar as mães das crianças da mesma
medida em que devemos culpabilizar os capitalistas e suas ambições, pois para que
uns sejam ricos, outros vivem na miséria e devido a essa miséria, situações e
tragédias como essas são causadas.
Com o processo de mecanização dos meios de produção, observamos mais
uma característica, o aumento na jornada de trabalho do proletário, ocasionando em
mais riscos, menos tempo com suas famílias e também a alienação através de um
mesmo ato que se repete durante seu tempo de trabalho

“Se a maquinaria é o meio mais poderoso para aumentar a


produtividade do trabalho, isto é, para diminuir o tempo de trabalho
necessário à produção de uma mercadoria, em mãos do capital torna-se ela,
de início nos ramos industriais de que diretamente se apodera, o meio mais
potente para prolongar a jornada de trabalho além de todos os limites
estabelecidos pela natureza humana.”
MARX, Karl (O Capital – Livro Primeiro, Pg 459)
CONCLUSÃO

Em suma, percebemos que com o processo de mecanização do trabalho, o


que já poderia ser considerado precário se agravou mais ainda, tendo em vista o
aumento das jornadas de trabalho, e o esquecimento total de quem produz a
mercadoria. Presenciamos no capitalismo o processo de “coisificação” do homem e
da humanização da mercadoria, onde ela passa a ter mais valor do que o próprio
indivíduo que a produziu. Apesar dos avanços tecnológicos devido o processo de
industrialização, e da constante reinvenção do capitalismo, é importante que nós
façamos uma reflexão: Tal desenvolvimento valeu a pena tendo em vista a miséria,
a desigualdade e o sangue deixados pelo sistema econômico vigente?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARX, Karl (1816). O Capital – Livro Primeiro (1867)


Frazão, Dilva. Biografia de Karl Marx (2021). Disponível em
https://www.ebiografia.com/karl_marx/

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