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ITEP – RN

Noções de
Medicina Legal

Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20
Noções de Medicina Legal

Sumário
Fernando Terra

Noções de Medicina Legal. . ............................................................................................................ 3


Introdução......................................................................................................................................... 3
Análise da Banca Instituto AOCP.................................................................................................. 3
Análise do Edital do Concurso para a Instituto Técnico Científico de Perícia do Rio
Grande do Norte............................................................................................................................... 3
Conteúdos Mais Cobrados nas Últimas Provas.. ....................................................................... 4
Questões de Concurso...................................................................................................................21
Gabarito............................................................................................................................................ 30

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Noções de Medicina Legal
Fernando Terra

NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL


Introdução
Olá, caro(a) aluno(a)! Como vai você? Espero que bem.
Nesta Aula 80/20, buscarei incrementar sua preparação no estudo para o concurso da
Instituto Técnico Científico de Perícia do Rio Grande do Norte (ITEP/RN). Para isso, realizarei
a análise do edital e dos itens previstos para a disciplina de Noções de Medicina Legal, orga-
nizando os conteúdos por critérios de relevância, majoritariamente com base no quanto são
cobrados em provas.
Como a organizadora do certame, o Instituto AOCP, não tem larga experiência com provas
relativas à disciplina de Medicina Legal, incluirei na análise questões não só dessa banca exa-
minadora, mas de outras a fim de tornar o seu estudo mais completo e, com isso, prepará-lo(a)
para todo tipo de prova.
Apenas a título de esclarecimento, as Aulas 80/20 se destinam a uma articulação do con-
teúdo apresentado nas aulas de Noções de Medicina Legal (aulas autossuficientes em PDF,
Gran Cursos Online). Aqui, buscarei otimizar sua preparação, pressupondo não só o estudo das
aulas correspondentes, mas com o objetivo de focar nos conteúdos mais cobrados.
Ao trabalho!

Análise da Banca Instituto AOCP


Análise do Edital do Concurso para a Instituto Técnico Científico de
Perícia do Rio Grande do Norte
Segundo o Edital n.º 1, de 9 de abril de 2021, item 9, a Prova Escrita Objetiva será compos-
ta por 80 (oitenta) questões de múltipla escolha, numeradas sequencialmente, com 5 (cinco)
alternativas e apenas uma resposta correta.
Conforme o Anexo II do referido edital, os conteúdos de Medicina Legal são os seguintes
(reajustado):
1. Conceito de morte natural e morte violenta, tipos de morte violenta.
2. Conceitos de armas, instrumentos e munições.
3. Tipos e características de lesões.
4. Asfixia mecânica: definição, tipos e características.
5. Ação termoquímica, elétrica e explosiva: definição, tipo e características.
6. Aborto.
7. Toxicologia: definição de drogas ilícitas, medicamentos e venenos, overdose e
dependência.
8. Sexologia forense: atentado violento ao pudor e estupro, marcas da violência sexual.

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9. Tanatologia.
9.1. Manifestações clínicas.
9.2. Fenômenos microbianos.
9.3. Cronotanatognose: conceito.
10. Regiões anatômicas do corpo humano: nomenclatura.
Todos os conteúdos acima transcritos são contemplados no curso de Medicina Legal (au-
las autossuficientes em PDF, Gran Cursos Online). Como o intuito é otimizar a sua preparação,
serão abordados de forma objetiva e concisa os conteúdos mais relevantes à sua preparação
(no caso, os conteúdos mais cobrados em provas de concursos públicos).
Em seguida, serão feitas análises de provas anteriores, e, depois, apresentarei didatica-
mente os conteúdos teóricos mais importantes. Ao final, incluirei questões essenciais, indican-
do a forma de abordagem dos conteúdos pela banca examinadora do concurso.

Conteúdos Mais Cobrados nas Últimas Provas


Dos conteúdos de prova analisados, não só do Instituto AOCP, verifica-se que os temas
mais recorrentes em Medicina Legal são (e de acordo com o conteúdo programático do edital):
1º. Traumatologia Forense.

 Obs.: Neste, segue-se em ordem de maior recorrência: i) agentes vulnerantes físicos e mecâ-
nicos; ii) perícia; iii) balística; iv) energias vulnerantes físicas e não mecânicas.

2º. Tanatologia Forense.


3º. Antropologia Forense.
4º. Sexologia Forense.
5º. Toxicologia.
6º. Asfixiologia Forense.
7º. Psiquiatria Forense.
8º. Genética Forense.
Embora se saiba que a indicação acima não exponha, totalmente, a realidade da cobran-
ça dos referidos conteúdos, o objetivo deste material é o de justamente apresentar quais as-
pectos de cada tema se revelam os mais indispensáveis dentre os constantes do conteúdo
programático.
Certo é que, daqueles oito conteúdos, Traumatologia e Tanatologia são, de longe, os mais
importantes, seguidos por Antropologia Forense, Sexologia e Toxicologia. Por isso, veremos
os tópicos mais importantes de cada um desses cinco segmentos, com enfoque para os dois
primeiros por se tratar dos temas mais recorrentes em provas de concursos públicos.
Ao final, trarei questões para ajudar na fixação do aprendizado.
Vamos lá!?

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Traumatologia Forense

A Traumatologia Forense, que estuda, basicamente, os traumas, lesões, instrumentos e


ações vulnerantes a fim de esclarecer, o mais próximo possível, como se deu a dinâmica dos
fatos. Em poucas palavras, refere-se ao estudo da morte das consequências a ela inerentes,
formam os principais temas em Medicina Legal no estudo para concursos.

TRAUMATOLOGIA FORENSE
estuda...

Diagnóstico
Lesões Corporais
Energias Causadoras Prognóstico e
(no contexto jurídico)
Consequências Médico-legais
No contexto da Traumatologia, importante diferenciação se trata dos conceitos de trauma
e de lesão:

TRAUMA LESÃO

Energia externa que atua sobre


Alteração estrutural decorrente da
o indivíduo capaz alternando a
agressão ao organismo, macrocospica
normalidade física ou mental, com ou
ou microscopicamente observável.
sem alteração da morfologia corporal.
Nesse contexto, o que causa as lesões ou os danos são as chamadas energias vulneran-
tes, variando conforme sua origem. Conforme classificação de Borri, podem ser: a) mecânicas
– perfurante, cortante, contundente, perfurocontundente, perfurocortante e cortocontundente;
b) física; c) química; d) físico-química; e) bioquímica; f) biodinâmica; ou g) mista.
Sobre esse tema, os assuntos mais cobrados envolvem as lesões decorrentes de energias
mecânicas e física, notadamente no contexto da balística forense. Isso é, as lesões e mortes
por ação contundente, por armas brancas e por projéteis de arma de fogo comuns e de alta
energia, especialmente a nomenclatura das lesões (contusão – escoriação, hematoma, equi-
mose etc. – ou ferida contusa) e nomenclaturas específicas, sinais característicos.
Nesse contexto, podem ser citados assuntos como:

a) a evolução cromática das equimoses;

b) as espécies de equimose
– petéquias, víbices, sugilação etc.;

c) a características das lesões;

d) os sinais identificadores de lesões incisas


– sinal de Romanese e de Lacassagne, Gilvaz e Chavigny;

e) a diferenciação entre esgorjamento e decapitação e suas características;

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f) as leis aplicáveis aos casos de lesões perfurantes de médio calibre


– leis de Filhos e de Langer;

g) as características das armas de fogo e dos projéteis, tipo de cano;

h) o estudo das lesões dos projéteis de arma de fogo, principalmente as


características dos disparos de longa distância
– orla de escoriação, orla de equimose e orla de enxugo –
e dos disparos de curta distância
– orla de esfumaçamento, de tatuagem e de queimadura – e nos casos de tiros
encostados –
sinal de Hoffman, de Benassi/Benassi-Cueli, Puppe-Werkgaertner, Bonnet, Nerio
Rojas etc.;

j) as lesões e mortes por ações elétricas, e seus sinais


– Lichtemberg e Jellinek; e

k) as leis dos casos de lesões e mortes por baropatias


– Boyle-Mariotte, Henry e Dalton.
Vejamos, portanto, os aspectos mais relevantes de cada um desses itens e que se revelam
costumeiramente cobrados em provas de concursos.

A) Evolução cromática das equimoses:


Também denominado de espectro equimótico de Legrand du Saulle, Tourdes e Devergie,
e, embora tenha valor relativo, consiste na evolução da tonalidade das equimoses ao lon-
go do tempo.

LEGRAND DU
TOURDES DEVERGIE
SAULLE

Cor da
SUBSTÂNCIA Tempo Tempo Tempo
Equimose

Vermelho-
Hemoglobina 1º ao 3º dia Recente 1º – 2º dia
violáceo

Violáceo- 2º ao 3º – 4º
Hemossiderina 3º – 6º dia 3º dia
azulado ao 6º dia

Hematoidina e Azul- 4º a 6º – 7º ao
7º ao 12º dia 5º – 6º dia
biliverdina esverdeado 10º dia

Hematina e
Amarelado 12º dia 12º ao 17º dia 7º dia
bilirrunina

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LEGRAND DU
TOURDES DEVERGIE
SAULLE

OBS.: as equimoses tendem a desaparecer em


torno do 15º ao 20º dia.

B) Espécies de equimose:

TIPO DESCRIÇÃO

Equimoses pequenas do tipo pontilhado hemorrágico. Comum em


mortes rápidas.
1. Petéquias Resulta do aumento da permeabilidade capilar por hipóxia e hipercapnia
(gás carbônico em excesso no sangue) e/ou hipertensão capilar.
Exemplo: petéquias no globo ocular no caso de asfixia mecânica.

Forma de estria, como típicas de estrias de pneus de automóveis


2. Víbices
(estrias pneumáticas de Simonin).

Equimose em forma de pequenos grãos resultantes da confluência


3. Sugilação
destes em área bem delimitada. Ex.: o “chupão”, dos atos libidinosos.

4. Equimona Equimose de grandes proporções.

5. Manchas
Equimoses de ordem físico-química. Pequenas e violáceas, do
equimóticas
tamanho de uma lentilha, patognômicas de asfixias mecânicas do tipo
lenticulares de
sufocação direta.
Tardieu

6. Manchas Equimoses de origem físico-química sugestivas de afogamento ou


supleurais de insuficiência respiratória aguda, mais extensas que as de Tardieu e de
Paltauf contornos irregulares.

7. Cianose
cérvico-facial Ocorre nos casos de compressão do tórax por sufocação indireta,
(ou máscara que mantém os vasos cervicais e faciais cheios de sangue. É intra
equimótica de vitam.
Morestin)

Não se confunde com as causadas por atos libidinosos. Decorrem


8. Equimoses de parasitoses locais e de alterações dermatológicas provenientes
perianais ou da coceira ou prurido nas regiões anal e vaginal. Outros autores, no
vulvovaginais entanto, indicam se tratar de equimoses decorrentes de lesões na
região.

9. Equimoses de Consideram-se equimoses espontâneas (ou manchas emotivas),


etiologia não chamadas de púrpuras e decorrem de entidades mórbidas que
mecânica evoluem deixando marcas roxas (equimoses) pelo corpo.

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TIPO DESCRIÇÃO

10. Equimose
retrofaringeana Indica constrição do pescoço.
de Brouardel

11. Equimoses Indica agressão por enforcamento, esganadura, contusão local ou


resultantes de estrangulamento. Ocorrem nos tecidos moles subjacentes à pele do
enforcamentos pescoço.

São as equimoses que surgem em pontos totalmente diferentes do


12. Equimose a
local da lesão. Podem decorrer de efeitos sistêmicos. Hipóteses: a)
distância
sinal do zorro (ou do guaxinim); b) sinal de Batte; c) sinal de Cullen.

Equimoses que se deslocam do ponto de contusão para regiões mais


13. Mobilidade
afastadas e as equimoses mais profundas, visíveis com quatro a cinco
equimótica
dias.

C) Características das lesões:

LESÕES INCISAS
Características

1. Por causa da ação em arco empregada pelo agressor, o centro da lesão incisa é
mais profundo do que nas extremidades;

2. Ausência de traumatismos ao redor da ferida;

3. Sangram mais do que as feridas contusas;

4. Bordas da ferida são nítidas, lisas e regulares;

5. Regularidade do fundo da lesão, sem a apresentação de pontes de tecido ou


regiões mortificadas;

6. São mais extensas do que profundas;

7. Hemorragia, geralmente abundante; e

8. Secção perfeita dos tecidos moles subcutâneos.

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LESÕES PERFURANTES
Características

1. Raro sangramento;

2. Pouca nocividade na superfície e, por vezes, grande gravidade na profundidade


quando algum órgão é atingido;

3. Abertura estreita (e, quando há ferimento de saída, é geralmente mais irregular e


de menor diâmetro); e

4. Seu diâmetro é menor que o agente vulnerante em razão da elasticidade e


capacidade de retração dos tecidos cutâneos.

D) Sinais identificadores das lesões incisas:

SINAIS

O sinal de Romanese é conhecido como “cauda de


escoriação” e o de Lacassagne como “cauda de rato” ou lesão
1. Sinal de Romanese e
em acordão/sanfona.
de Lacassagne
Ambos representam o ponto de saída ou o último ponto de
contato do instrumento cortante com a pele da vítima.

Por Gilvaz, tem-se expressão representativa de uma cicatriz


2. Sinal de Gilvaz
no rosto da vítima em função da ação cortante.

Dá-se quando a ordem das lesões se cruza, de modo que


a segunda lesão é produzida sobre a primeira, formando
lesões incisas sobrepostas.
3. Sinal de Chavigny
Dada a elasticidade da pele, com a primeira lesão, as bordas
do ferimento já estarão abertas quando da lesão seguinte,
que, portanto, não seguirá um trajeto linear.

E) Diferenciação entre esgorjamento e decapitação e suas características:


O esgorjamento se caracteriza como lesão incisa longitudinal na parte anterior do pescoço
e normalmente envolve longo corte que fere os planos superficiais da pele, músculo e até do
esôfago; por isso, pode ser suicida e homicida.
Já a decapitação (ou degola) se dá na porção posterior do pescoço em decorrência de
ferida incisa ou cortocontusa, e não pode ser suicida, pois inclui o corte da coluna vertebral.

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F) Leis aplicáveis aos casos de lesões perfurantes de médio calibre:

LEIS
Lesões Perfurantes de Médio Calibre

Primeira lei (ou lei da semelhança): feridas dessa natureza se


assemelham às produzidas por instrumentos de dois gumes.
Segunda lei (ou lei do paralelismo): feridas na mesma região em que
1. Leis de Filhos
as linhas de força tenham apenas um sentido, de modo que seu
maior eixo sempre tem a mês a direção, no caso, o mesmo sentido
das linhas de força das fibras elásticas da pele.

Ou lei da elasticidade. Em regiões de fibras elásticas aglomeradas


(muitas fibras), podem apresentar formas anômalas (bico, estrelar ou
quadrada).
2. Lei de Langer
Isso é, na confluência das regiões das linhas de forças diferentes,
a extremidade da lesão pode ter aspecto de seta, triângulo ou
quadrilátero.

G) Características das armas de fogo e dos projéteis, tipo de cano:


O estudo dos instrumentos perfurocontundentes por armas de fogo constitui ramo especí-
fico da criminalística, o da Balística, que tem por objeto as armas de fogo, munições e os efei-
tos dos tiros por ela causados, definindo, ainda, a relação entre esses aspectos e as infrações
penais deles resultantes.
Diferencia-se em balística Interior ou Interna, relativa aos problemas de deflagração do tiro,
no interior da arma; e balística Exterior ou Externa, compreendendo o estudo dos movimentos
do projetil no espaço, de propulsão, rotação, vibração, como também em relação com a gra-
vidade e a resistência do ar, isso é, até o alvo (Douglas e Greco, 2019). Há, ainda, a balística
terminal, pela qual se estudam os efeitos do projétil e o alvo após o impacto.
Ainda nesse tema, se uma arma possui raiamento, diz-se que o cano possui “alma raiada”,
cujas raias representam sulcos, responsáveis por imprimir ressaltos no projétil de arma de
fogo ressaltos. Se o cano não possui raiamento, diz-se que o armamento apresenta cano de
“alma lisa”. Por sua vez, as cristas (também entendidas como “cheios”) imprimem nos proje-
teis os chamados “cavados”.

H) Estudo das lesões dos projéteis de arma de fogo.


H.1) Disparos de longa distância:
Sobre esse tema, somente o projétil produz efeitos, de modo que a lesão característica
terá: a) diâmetro menor que o do projétil; b) orla de escoriação, enxugo e de equimose; c) bor-
das viradas para o interior (invertidas); d) forma arredondada ou elíptica.

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Revela-se como a lesão de escoriação causada pela passagem


do projétil. Causa o arrancamento da epiderme.
1. Orla de escoriação
Conhecida também como “anel de Fisch”, “orla de contusão”,
“orla desepitelizada”, “orla erosiva” e de “zona inflamatória”.

Deve-se à ação contundente decorrente da entrada do projétil.


Também é indicada pelo nome “aréola equimótica”.
Constitui-se em uma zona superficial e relativamente difusa,
2. Orla de equimose
decorrente da sufusão hemorrágica da ruptura de pequenos
vasos localizados no entorno do ferimento, geralmente de
tonalidade violácea.

Representa as impurezas e detritos que acabam retidos na pele


quando o projétil passa. É concêntrico e decorre do atrito e
contusão do projétil.
3. Orla de enxugo
Possui como sinônimos “orla de Chavigny”, “Orla de Canuto
e Tovo” e “orla de alimpadura”. É concêntrico em tiros
perpendiculares, ou em meia-lua nos oblíquos.

H.2) Disparos de curta distância (queima-roupa):


Nesses tipos de disparo, o alvo se encontra dentro dos limites do alcance do cone de
dispersão ou cone de explosão, isso é, de 10 a 50cm (em revólveres e pistolas). Se for de até
10cm é considerado tiro à queima roupa, e também implicam na ocorrência de zonas de enxu-
go, equimose e escoriação, com os seguintes efeitos secundários:
É área em que a fuligem se deposita e circunscreve a ferida
1. Orla ou zona de de entrada; pode ser removida com a lavagem do local (não
esfumaçamento/tisnado há impregnação tecidual). Também é denominada de “zona
de falsa tatuagem”.

Ocorre uma impregnação na pele por grânulos de pólvora


ou resíduos sólidos da queima e de maior alcance que a
fumaça.
2. Orla ou zona de
Atravessam a epiderme e se incrustam na derme, e na
tatuagem
maioria dos casos só se removem com cirurgia plástica.
É mais ou menos arrendondado nos tiros perpendiculares,
ou em forma crescente nos oblíquos.

Ou zona de chama. Surge nos tiros à queima roupa, além


3. Orla ou zona das demais orlas apresentadas.
de queimadura/ Caracteriza-se pela queimadura da pele ou dos pelos.
chamuscamento A pele se apresenta apergaminhada, tonalidade vermelho-
escura, em geral, ou de acordo com a cor da pólvora.

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H.3) Disparos com tiro encostado/apoiado:


Nos tiros encostados, os efeitos primários e os secundários dos componentes da munição
irão penetrar nos tecidos. Se atingir estruturas ósseas, a lesão correspondente terá forma irre-
gular, denteada ou com entralhes (estrelada). Pode apresentar os sinais a seguir:

SINAIS
Disparo Encostado

“Boca de mina” ou “câmara/cratera de mina”. Localiza-se


entre a pele e o osso, causado pela forte expansão dos gases
Sinal de Hoffman
da queima da pólvora que, por atingir o osso e retornar
bruscamente, causa a ruptura do epitélio.

Em tiros no crânio ou escápulas, pode-se identificar halo


Sinal de Benassi/
fuliginoso na lâmina externa do osso relativo ao orifício de
Benassi-Cueli
entrada.

Sinal de Puppe- Caracteriza-se pelo desenho da boca e da massa da mira do


Werkgaertner cano por ação contundente ou pelo seu aquecimento.

Ocorre nos disparos múltiplos e o diâmetro possui relação


Rosa de tiro de
com a distância do tiro e a entrada dos balins (em grupo mais
Cevidalli
ou menos circular).

Caracteriza-se pelo esfumaçamento das paredes do conduto


Sinal de Schusskanol causado pelo projetil entre as lâmina internas e externas de
um osso chato.

Sinal de Richter Presença de fragmentos próximos ao orifício de passagem.

Sinal de Tovo e Lattes Presença de pele no interior do corpo.

Impressão do relevo ou desenho das vestes nos disparos à


Sinal de calcado (funil) queima roupa (tiros encostados/apoiados. Identifica-se, ainda,
de Bonnet pela incidência do projétil, apresentando a formatação de um
cone.

Sinal do rasgão crucial As roupas se rasgam nos tiros a curta distância em formato de
de Nerio Rojas cruz.

No local onde houve o tiro à queima roupa, produz-se dois


Sinal de escarapela anéis concêntricos de esfumaçamento intercalados por um
halo claro.

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J) Lesões e mortes por ação elétrica.


As lesões e mortes por ação elétrica, quando atingem lentamente o ser humano, denomi-
na-se fulminação (eletrofulminação). Se provoca lesões corporais, chama-se fulguração (ou
eletrofulguração).
Há, ainda, o sinal de Lichtemberg que, especificamente causado pela eletricidade, apresen-
ta aspecto arboriforme ou de samambaia na pele, precisamente nos vasos sanguíneos.
As decorrentes de eletricidade industrial (ou eletroplessão) normalmente envolvem aciden-
tes, cuja intensidade das lesões dependerá da voltagem, do tempo de exposição e da proximi-
dade dos órgãos nobres, como o cérebro, coração, fígado, pulmão e rins. Denomina-se sinal de
Jellinek a lesão de entrada produzida por alguns tipos de correntes elétricas.

K) Lesões e mortes por baropatias (leis).


Envolve, basicamente, a ação pela diferença de pressão atmosférica, seja por diminuição
ou por aumento. Há as leis:

BAROPATIAS
Leis

Sob temperatura constante, o volume ocupado por uma


1. Lei de Boyle-Mariotte massa de gás é inversamente proporcional à pressão
suportada.

A concentração de um gás dissolvido em uma massa


2. Lei de Henry líquida é diretamente proporcional à pressão exercida
pela fase gasosa da mistura líquido-gás.

A pressão exercida por uma mistura gasosa é igual à soma


3. Lei de Dalton
das pressões parciais de cada componente da mistura.

Tanatologia Forense

É o estudo da morte propriamente dita, dos fenômenos relacionados ao diagnóstico da


morte e dos exames de locais de morte violenta ou suspeita (perinescroscopia).
O diagnóstico da morte é feito pela tanatognose, que avalia os chamados sinais de morte.
Atualmente, utiliza-se como conceitos mais apropriados – até pela sua precisão – os de: a)
morte circulatória: dá-se com a parada circulatória irreversível, principalmente pela ausência de
batimentos cardíacos. É o método tradicional; e b) morte cerebral: é a morte encefálica geral e
não só do córtex, ainda que o coração esteja em funcionamento. Ocorre com a morte do tronco
encefálico (Ponte de Varólio e Bulbo Raquidiano).

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Por outro viés, o estudo da cronotanatognose (ou cronotanatodiagnose/tanatocronodiag-


nose) permite a definição da hora aproximada da morte, sua causa jurídica, o nexo causal em
relação com o evento ocorrido e, finalmente, a verificação da comoriência.
Auxiliam, ainda, no diagnóstico do tempo de morte:

1. Fauna e flora cadavérica (respectivamente, biotanatologia e entomologia forense);

1.1. Observação: a entomologia forense diz respeito ao quão importante é para


os fins da cronotanatodiagnose, pois diversos fatores influenciam na sequência
de aparecimento dos insetos, notadamente de espécies de moscas e suas larvas,
chamadas legiões de Mégnin;

2. Existência de gases nos vasos sanguíneos e tecidos do corpo;

3. Presença de cristais no sangue (surgem do terceiro dia após a morte e podem durar
até cerca de 35 dias), também denominados cristais de Westenhöffer-Rocha-Valverde;

4. Conteúdo estomacal e visceral (fator que varia conforme a velocidade de digestão,


o metabolismo do indivíduo);

5. Mancha verde abdominal;

6. Perda de peso; e

7. Crescimento de pelos do corpo.

Outro tema comumente cobrado em concursos públicos diz respeito ao chamado calendá-
rio tanatológico, com os seguintes elementos:

1. Corpo quente,
Menos de duas horas.
flácido e sem livores

Decréscimo de 0,5ºC nas três primeiras horas; a seguir, o


2. Resfriamento do decréscimo
cadáver E de 1ºC por hora até o nivelamento com o equilíbrio
térmico com o meio ambiente.

Pode ser tardia ou precoce. Começa pela nuca e mandíbula


(1 a 2 horas); músculos tóraco-abdominais (2 a 4 horas);
membros superiores (4 a 6 horas); membros inferiores (6 a 8
3. Rigidez cadavérica
horas) post mortem. Desaparece a rigidez progressivamente
na mesma ordem cedendo lugar à flacidez muscular entre
36 a 48 horas do óbito.

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Como regra, de 2 a 3 horas após a morte, fixando-se


4. Livores e hipóstase definitivamente de 8 a 12 horas após a morte. Podem surgir
30 minutos após a morte em casos excepcionais.

Entre 18 a 24 horas, estendendo-se progressivamente


por todo corpo do 3º ao 5º dia após a morte. Pode ser
5. Macha verde influenciada pela temperatura ambiente. Indicativo de
abdominal putrefação.
A extensão da macha verde abdominal dura cerca de 3 a 5
dias.

6. Flacidez Inicia-se em cerca de 36 horas até pouco mais de 48 horas.

O gás sulfídrico surge entre 9 a 12 horas após o óbito.


7. Gases de putrefação
Indicativo de putrefação.

De valor relativo. Em recém-nascidos e crianças, em geral, é


8. Decréscimo de peso
de 8g/kg de peso nas primeiras 24 horas após o falecimento.

Da primeira à última legião (oitava) seguem-se de 8 a 15 dias


9. Fauna cadavérica
até mais de 36 meses.

10. Esqueletização Mais de 36 meses.

Com relação à classificação de morte natural, violenta, súbita, agônica e suspeita, o desta-
que em concursos vai para formas de análise das mortes violentas:

Docimásia Hepática Química Docimásia Suprarrenal


(Lacassagne e Martin) (Leoucini e Cevidalli)

Avalia o nível de adrenalina nas glândulas


Analisa o nível de glicogênio e glicose no
suprarrenais. Terá havido morte agônica
fígado. Caso esteja baixo, indica positivo
se os níveis estiverem baixos (depleção);
para morte agônica; se regular a reserva
se regulares (repleção), a morte terá sido
de glicogênio, a morte foi rápida.
rápida.

Outro assunto recorrente em provas se trata dos sinais tardios ou consecutivos:

1. Rigidez cadavérica (rigor mortis). Cuida-se do endurecimento muscular pela


acidificação dos músculos e falta de oxigenação. A rigidez ocorre das massas
musculares menos volumosas para as mais volumosas, e da cabeça aos pés (lei de
Nysten Sommer-Larcher); desaparecem na mesma ordem de origem.

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1.1. Inicia-se com duas horas, generaliza-se entre cinco a outo horas até 24 horas após
a morte, com o início do processo de putrefação.

2. Livores cadavéricos (livor mortis): ou livores hipostáticos ou hipóstases viscerais.


Trata-se de formação decorrente da ação da gravidade no interior dos vasos
sanguíneos, consistentes em placas encontradas na parte de declive dos cadáveres,
em geral pela cor azul-púrpura. Consideram-se sinal de certeza de morte e
permanecem até o surgimento dos processos de putrefação.

2.1. O diagnóstico dos livores cadavéricos podem ser feitos com a técnica de Bonnet
(pequenos cortes na pele do cadáver, ocorrendo o gotejamento do sangue).

2.2. Cronologia dos livores: em geral, começam entre 10 a 30 minutos após a morte.
As manchas esparsas se formam com 3 horas, generalizando ou se difundindo entre 6
e 8 horas. Fixam-se entre 6 a 12 horas, mantendo-se visíveis até a putrefação.

2.2.1. Após as 12 horas, ocorrendo a fixação definitiva dos livores, é possível mudar o
cadáver de posição sem que se afete as manchas.

3. Resfriamento cadavérico (algor mortis). Normalmente, consiste na adaptação da


temperatura do cadáver com a do ambiente. No entanto, alguns fatores podem
afetar esse processo, como a idade, composição corporal e causa da morte (fatores
intrínsecos) ou o ar, a umidade e ventilação (fatores extrínsecos). A temperatura é
medida com um necrômetro (de Bouchut).

3.1. O estudo da temperatura e do resfriamento cadavérico é importante para a


determinação da hora da morte.

4. Evaporação tegumentar ou desidratação dos tecidos: com a morte, ocorre a


parada do controle hídrico. Em bebês e fetos, os efeitos dessa interrupção são mais
acentuados.

4.1. Nos olhos, podem surgir os chamados sinais de Stenon-Louis, consistentes na


evaporação do transnudato, implicando na perda da transparência da córnea e
presença de tela abulminosa. Podem surgir, ainda, sinais como a Mancha negra de
Sommer/Larcher, Sinal de Ripault e Sinal de Bouchut.

Antropologia Forense

O estudo da identidade, identificação e reconhecimento no contexto pericial é parte da An-


tropologia Forense. O tema difere da identidade subjetiva, ligada à personalidade, representati-
vo do que cada ser humano tem a título de percepção de si mesmo, o que não é objeto de identi-
ficação (pode, no entanto, ser atributo analisado sob a perspectiva psicológica ou psiquiátrica).
A identificação consiste no meio de determinação da identidade; é o conjunto de métodos,
sistemas e técnicas existentes para a determinação da identidade de uma pessoa ou de uma

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coisa, constituindo-se em um processo, a maneira pela qual é determinada a sua individualida-


de e definidos os caracteres ou conjunto de qualidades que os tornam únicos.
Há diferença, ainda, entre identificação e reconhecimento, que significa apenas o ato de
certificar, conhecer novamente, admitir algo como certo ou que se afirma conhecer. Essa dife-
rença é tema que, eventualmente, as bancas examinadoras cobram em concursos públicos.
Para os fins de identificação de raças, adota-se a classificação de Ottolenghi,que apresenta
os seguintes tipos étnicos fundamentais e suas características recorrentes:

RAÇA

TIPO DESCRIÇÃO

Pele branca, cabelo liso ou crespo, louros ou castanhos, íris (olhos)


1. Caucásico azuis ou castanhas; contorno crânio facial anterior ovoide-poligonal;
perfil facial ortognata e ligeiramente prognata.

Pele amarela, cabelos lisos, face achatada de diante para trás; fronte
larga e baixa; espaço entre os olhos (interorbital) largo; nariz curto
2. Mongólico
e largo; fenda palpebral pouco ampla, em amêndoa; maxilares
pequenos e salientes.

Pele negra, cabelos crespos, em tufos; crânio pequeno, perfil facial


prognata, fronte alta e saliente; íris castanhas, nariz pequeno, largo e
3. Negroide
achatado; perfil côncavo e curto; narinas espessas e afastadas, visíveis
de frente e circulares.

Não se caracteriza como tipo racial definido; de estatura alta, pele


amarelo-trigueira, tendente ao avermelhados; cabelos pretos, lisos,
espessos e luzidios; íris castanhas, crânio mesocéfalo; supercílios
4. Indiano
espessos, orelhas pequenas; narizes salientes, estreitos e longos;
barba escassa ou ausente, fronte vertical; zigomas salientes e largos;
mandíbula desenvolvida.

Alta estatura, pele trigueira (referência ao trigo maduro, ou seja,


moreno); nariz curto e largo; arcadas zigomáticas largas e volumosas;
5. Australoide
prognatismo maxilar e alveolar; cintura escapular larga e pélvica
estreita; dentes fortes; arcada superciliares salientes.

Com relação aos métodos datiloscópicos, atualmente existem diversos sistemas de ava-
liação, mas os mais conhecidos são os decadactilares (de Vucetich e Galton-Henry) e o mono-
dactilar (de Roberto Thut).
No Brasil, o sistema adotado (já desde o início do século XX) foi o sistema de Juan Vu-
cetich (decadactilar), e que consiste na análise do que se chama “desenho digital”, isso é, os

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desenhos formados na face das mãos e na planta dos pés pelo conjunto de cristas e sulcos
existentes nas polpas dos dedos, apresentado variedades únicas em cada indivíduo.
Um ponto no tema da datiloscopia são as qualidades conferidas às impressões digitais
para os fins da identificação: a) perenidade; b) imutabilidade; e c) variedade dos desenhos.
Portanto, são sinais que não desaparecem permanentemente, não se modificam, nem pelo
desgaste natural da pele, por doença ou mesmo pela idade avançada. Nem mesmo gêmeos
univitelinos possuem a mesma impressão digital, garantido a sua variedade.
Os quatro tipos fundamentais do sistema de Vucetich (figura abaixo) são: a) arco, marca-
do pela ausência de deltas e apenas os sistema de linhas basilares e marginais, sem núcleo;
b) presilha interna, em que há a presença de um delta à direita do observador e de um núcleo
voltado à esquerda; c) presilha externa, com a presença de um delta à esquerda do observador
e de um núcleo voltado em sentido contrário ao delta; e d) verticilo, marcado pela presença de
dois deltas e um núcleo central.

Presilha interna Presilha Externa Verticilo Arco

Fonte: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/aula-pratica-sobre-papiloscopia.htm

Asfixiologia Forense

Entende-se por asfixia a supressão da respiração, decorrente de energia físico-química, e


inviabilização da passagem do ar para as vias respiratórias, alterando a composição bioquími-
ca do sangue.
É muito comum ser cobrado em provas a abordagem da chamada tríade asfíxica, que são
os sinais comuns às modalidades de asfixia, além de outros elementos: i) sangue fluido escuro:
dá-se pelo aumento do CO2, salvo no afogamento (em que o sangue é claro). Implica a redu-
ção da viscosidade do sangue; ii) congestão polivisceral; iii) equimose de Tardieu ou Macha de
Tardieu, que surgem na região subpleural, subepicardia e subconjutival.
Outros sinais:

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SINAIS GERAIS

Externos

Variam conforme a tonalidade por causa


1. Manchas de hipóstase/livores de de monóxido de carbono, podendo ser
hipóstase precoces, abundantes e escuras. São
comuns de estarem presentes.

Frequente no estrangulamento e na
esganadura, e menos presente nos
2. Cianose facial
casos de enforcamento e de asfixia por
gases.

Ocorrem nas asfixias mecânicas.


3. Projeção ou protusão da língua e
Entende-se por exftalmia a projeção do
exoftalmia
globo ocular para fora (proptose).

Comum em afogados, cobrem a boca e


4. Cogumelo de espuma as narinas e continua pelas vias aéreas
inferiores.

Dá-se nas mucosas, como na conjutiva


5. Equimoses da pele e mucosas
palpebral e ocular, nos lábios e
(petéquias)
raramente no nariz.

Internos

Ou manchas de Tardieu, com formato


6. Equimoses viscerais arredondado e tamanho variável (cabeça
de alfinete ou lentilha).

Cor geralmente escura, salvo se a morte


7. Sangue fluído for por monóxido de carbono (quando
terá cor de cereja).

Identificado pelo sinal de Étienne-


Martin, que se refere ao pouco sangue
no baço pelo processo de contração
8. Congestão polivisceral
durante o processo asfíxico. Pode se
dar, principalmente, no fígado e no
mesentério.

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Sexologia Forense

Por fim, o último tópico de Medicina Legal dentre os cinco mais relevantes é o estudo re-
lativo à Sexologia Forense, que, no edital do concurso, refere-se exclusivamente ao tema do
aborto, infanticídio e abandono de recém-nascido.
No caso, a Sexologia Forense é o ramo da medicina legal que estuda os aspectos relativos
ao sexo, dividindo-se em: a) himeneologia: estudo do casamento, divórcio, eugenia, esterili-
zação de tarados etc.; b) obstetrícia forense: relativo à procriação, à fecundação e ao parto, a
gravidez, simulada, dissimulada e ignorada; o estado mental das puérperas, o aborto, a anti-
concepção, determinação e exclusão da paternidade; e c) erotologia: sobre o amor, os estados
intersexuais, perversões, crimes sexuais e da prostituição.
Nesse contexto, entende-se por abortamento o conjunto de meios e manobras emprega-
dos com o fito de interromper a gravidez. Aborto é o produto da concepção, morto ou inviável,
resultante. Isso é, cuida-se da morte do concepto (nascituro) com ou sem expulsão do ventre
materno, a qualquer tempo da gravidez.
Por fim, o aborto constitui, ainda, espécie de crime contra a vida, previsto em variadas for-
mas (conforme a pessoa ativa) nos arts. 124 a 127, Código Penal, podendo ser classificado
em: aborto terapêutico, aborto sentimental, aborto eugênico, aborto social, aborto por moti-
vo de honra.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/CEBRASPE/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO SERGI-
PE/2018) A respeito de identificação médico-legal, de aspectos médico-legais das toxicoma-
nias e lesões por ação elétrica, de modificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal,
julgue o item que se segue.
O procedimento de identificação de uma pessoa baseia-se na comparação entre a experiência
da sensação proporcionada no passado com a mesma experiência renovada no presente pela
pessoa a ser identificada.

A banca examinadora cobra aspectos conceituais da Medicina Legal, no caso, sobre a subje-
tividade humana ao falar em “experiências” e “sensações”, o que, como visto, guarda relação
com a identidade subjetiva, um atributo da personalidade. Não é, propriamente, elemento para
a verificação da personalidade, que demanda rigor técnico-científico. Por isso, a assertiva pro-
posta é errada.
Errado.

002. (CESPE/CEBRASPE/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO SERGI-


PE/2020) Julgue o próximo item, acerca da aplicação pericial. Caso uma câmera de segurança
flagre a face de uma pessoa cometendo um delito, a identificação pela comparação facial será
exitosa se for apresentada para exame uma fotografia recente, com boa qualidade técnica,
dessa pessoa.

Aqui, o objetivo da questão se refere ao conhecimento sobre a identificação fotográfica. Assim,


a resposta está errada, uma vez que a apresentação de fotografia, qualquer que sejam as suas
condições, não permite a identificação. O erro está em criar confusão entre os conceitos de
“identificação” e “reconhecimento”, o qual pressupõe o conhecimento prévio, por quem está
analisando, acerca da identidade da pessoa ou do objeto a ser verificado.
Errado.

003. (INSTITUTO AOCP/PC-ES/MÉDICO LEGISTA/2019) Identidade é a soma de caracteres


que individualizam uma pessoa, distinguindo-a das demais. Os métodos de identificação por
meio dos dentes e das impressões digitais são considerados, respectivamente:
a) identificação técnica e biológica.
b) identificação médico-legal e biológica.
c) identificação técnica e médico-legal.
d) identificação policial e biológica.
e) identificação médico-legal e judiciária.

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Um dos conteúdos cobrados pela banca avaliadora refere-se à nomenclatura usual para dife-
renciação das formas de identificação. No caso, como se verá, a identificação por meio dos
dentes pressupõe conhecimentos científicos e técnicos, correspondendo à identificação médi-
co-legal. Já a verificação das impressões digitais e refere ao processo de identificação datilos-
cópico, atribuível ao método de identificação judiciária. A resposta correta é a letra E.
Letra e.

004. (CESPE/CEBRASPE/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2017) De acordo


com Ottolenghi, um indivíduo de pele branca ou trigueira, com íris azuis ou castanhas, cabelos
lisos ou crespos, louros ou castanhos, com perfil de face ortognata ou ligeiramente prognata e
contorno anterior da cabeça ovoide é classificado como
a) Indiano.
b) Australoide.
c) Caucásico.
d) Negroide.
e) Mongólico.

O enunciado da questão cobra o conhecimento acerca da classificação do Ottolenghi. Por isso,


a resposta é a letra C.
Letra c.

005. (NUCEPE/PC-PI/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/2018) Em relação à identificação poli-


cial ou judiciária podem ser destacados vários métodos de identificação, entre eles, o sistema
dactiloscópico de Vucetich, que se baseia na disposição das cristas papilares que se encon-
tram na polpa dos dedos. A presença de um, ou dois, ou nenhum delta numa impressão digital
estabelece os quatro tipos fundamentais do Sistema dactiloscópico de Vucetich, assim qual a
alternativa CORRETA em relação a esse sistema?
a) Presilha externa: presença de um delta à direita do observador e de núcleo voltado à esquerda.
b) Verticilo: presença de dois deltas e um núcleo central.
c) Presilha interna: presença de um delta à esquerda do observador e de núcleo voltado em
sentido contrário ao delta.
d) Arco: presença de dois deltas e um núcleo central.
e) Presilha externa: ausência de deltas e apenas com sistema de linhas basilares e marginais.
Não tem núcleo.

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A banca examinadora costuma cobrar sobre os quatro tipos fundamentais do sistema de Vu-
cetich. Por isso, a questão correta é a letra B, que descreve exatamente para o verticilo.
Letra b.

006. (FAPEMS/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-MS/2017) Leia o seguinte excerto: a traumatolo-


gia forense estuda aspectos médico-jurídicos das lesões, dentre as quais a lesão ou espectro
equimótico. Segundo CROCE (2012), “a equimose é definida como a infiltração e coagulação
do sangue extravasado nas malhas dos tecidos, sem efração deles. O sangue hemorrágico
infiltra-se nos interstícios íntegros, sem alinhamento, originando a equimose” CROCE, Delton.
CROCE JR. Manual de medicina Legal. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 306.
A respeito dessas lesões, assinale a alternativa correta.
a) As formas de equimose são variadas, por isso as chamadas víbices são aquelas ocorrentes
em ampla área de efusão sanguínea.
b) Sugilação é o termo que define um aglomerado de petéquias.
c) O estudo das equimoses não é considerado para análise das contusões.
d) Em medicina legal, pode-se afirmar que hematoma é sinônimo de equimose.
e) Com base no espectro equimótico de Legrand du Saulle, uma lesão ocorrida há 8 dias apre-
senta coloração vermelha.

A banca examinadora geralmente apresenta questionamentos sobre as espécies de lesões,


sendo correta a alternativa B, em que a sugilação consiste em uma equimose que se apresenta
na forma de pequenos grãos, ex.: chupão; na verdade é um aglomerado de petéquias.
Letra b.

007. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2018) Com relação à traumatologia médico-


-legal, a diferença conceitual entre degola (decapitação) e esgorjamento reside
a) na separação total da cabeça do restante do corpo na degola, sendo a lesão sempre profunda.
b) no instrumento utilizado, sendo cortante na degola e cortante e contundente no esgorjamento.
c) no instrumento utilizado. Cortante na decapitação e contundente no esgorjamento.
d) na localização da lesão, sendo a degola posterior ao pescoço e o esgorjamento anterior
ou lateral.
e) na localização da lesão, sendo a degola lateral e o esgorjamento anterior.

A questão aborda vários conhecimentos, especialmente os relativos aos instrumentos e carac-


terísticas de decapitação e esgorjamento. Por isso, a letra D é a correta, pois o degolamento é

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uma ferida incisa ou cortoconsusa na porção posterior do pescoço. Não pode ser suicida, pois
necessita de corte na coluna vertebral. O esgorjamento é caracterizado por uma ferida congitu-
dinal na porção anterior do pescoço e geralmente é representada por um longo corte, que pode
lesar, além dos planos superficiais da pele, músculos e até mesmo esôfago.
Letra d.

008. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/2016) As leis de Edouard Filhos e Karl


Ritter Von Langer, são estudadas no campo das lesões produzidas por instrumentos:
a) perfurantes de médio calibre.
b) cortocontundentes.
c) perfurocontundentes.
d) perfurantes de pequeno calibre.
e) contundentes.

A questão se refere ao estudo das lesões perfurantes. No caso, especificamente o tema das
Leis de Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer. Por isso, a alternativa correta é a letra A.
Letra a.

009. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida


por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o
peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
O estudo da trajetória do projétil especificado na situação em tela, desde o momento em que
saiu do cano da arma até o repouso final, bem como a determinação de parâmetros como ve-
locidade, alcance útil e velocidade inicial, são atribuições da balística terminal.

O tema proposto aqui pela banca do concurso é a balística, consistente na ciência que estuda
o movimento dos projéteis e os fenômenos conexos. Divide-se em: a) balística interna: estuda
os fenômenos físicos e químicos e os elementos que caracterizam o movimento do projétil
desde a iniciação da carga de lançamento até a saída do cano da arma; b) balística externa:
estuda a trajetória do projétil fora do cano da arma até o alvo; e c) balística terminal: estuda os
efeitos sobre o projétil e sobre o alvo após o impacto.
Assim, a assertiva está incorreta, uma vez que o correto seria a balística externa, a qual analisa
a trajetória do projétil desde o momento que saiu do cano da arma até atingir o alvo.
Errado.

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010. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida


por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o
peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
Se o raiamento, que é uma sequência de sulcos em formato helicoidal localizado no interior do
cano de algumas armas de fogo, imprimir ao projétil uma rotação em sentido horário, do ponto
de vista do atirador, seu giro será dextrogiro, ou seja, para a direita.

Uma vez mais, cobra-se aspectos relativos à balística. Especificamente as características dos
projéteis, em que os sulcos paralelos e helicoidais imprimem no projétil um movimento girató-
rio em torno do seu eixo, estabilizando a sua trajetória. O passo é a distância necessária para
que o projétil realize uma volta completa em torno de seu eixo, dividindo-se em passo simples
(a distância de todos os passos são iguais) e passo misto (há variação na distância de um
passo qualquer). Quanto à orientação, esta pode ser destrogira (sentido para direita) ou sinis-
trogira (sentido para a esquerda). O número de raias pode ser par ou ímpar. Por isso, correta a
assertiva.
Certo.

011. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida


por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o
peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
As lesões de entrada produzidas por arma de fogo geralmente têm dimensões maiores que
as do projétil e apresentam as seguintes características gerais: bordas invertidas, ausência de
orla de enxugo e orla equimótica.

Igualmente, no contexto da balística forense e das características das lesões de entrada pro-
duzidas pelos projéteis de arma de fogo. São as seguintes: diâmetro menor que o do projétil;
apresenta orla de enxugo, equimótica e de escoriação; e bordas invertidas (viradas para den-
tro). Vale ressaltar, todavia, que, a depender da distância dos disparos, as características das
lesões podem variar. Errada, pois, a alternativa.
Errado.

012. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) Um homem de cinquenta


anos de idade assassinou a tiros a esposa de trinta e oito anos de idade, na manhã de uma
quarta-feira. De acordo com a polícia, o homem chegou à casa do casal em uma motocicleta,
chamou a mulher ao portão e, quando ela saiu de casa, atirou nela com uma arma de fogo,

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matando-a imediatamente. Em seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da


arma encostada na própria têmpora.
Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados,
julgue o item a seguir.
Ao realizar a necropsia no cadáver masculino, espera-se que sejam verificados sinal de Benas-
si, sinal do funil de Bonnet e câmara de mina de Hoffmann.

No conteúdo desta questão, a banca examinadora cobra conhecimentos sobre os sinais de


lesão de disparo com tiro encostado. Nesse contexto, o “sinal de Benassi (Benassi-Cueli)” ge-
ralmente é caracterizado por um halo fuliginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício
de entrada. O sinal de Bonnet ocorre também nos tiros encostados/apoiados, nos ossos díploe
(normalmente encontrado no crânio – trata-se de uma camada esponjosa) em que a incidên-
cia do projétil apresenta uma formatação de um cone. Por fim, o sinal de câmara ou boca de
mina de Hoffman em tiros encostados/apoiados localiza-se entre a pele e o osso e decorre da
expansão dos gases oriundos da queima da pólvora, gerando ruptura do tecido, sendo normal-
mente de forma estrelada. Correta, então, a alternativa.
Certo.

013. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) A respeito de identificação


médico-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por ação elétrica, de mo-
dificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal, julgue o item que se segue.
O termo eletroplessão é utilizado para se referir a lesões produzidas por eletricidade industrial,
enquanto o termo fulguração é empregado para se referir a lesões produzidas por eletricida-
de natural.

Com relação às lesões e morte por ação elétrica, há a eletricidade natural (cósmica) e a ele-
tricidade industrial (eletroplessão). A eletricidade industrial ou eletroplessão se destaca pela
apresentação da marca elétrica de Jellinek, sinal específico de uma lesão provocada por eletri-
cidade industrial. Trata-se de uma marca elétrica, no caso, uma forma especial de queimadura,
de aspecto circular, elíptica ou em roseta, que pode ou não existir. Assim, correta a assertiva.
Certo.

014. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2018) As asfixias mecânicas se enquadram na


categoria dos traumas de natureza fisicoquímica. Nos casos das constrições cervicais – en-
forcamento, estrangulamento e esganadura – as asfixias demonstram sinais característicos
que as diferenciam entre si. Nesse sentido, verifica-se o seguinte:

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a) num enforcamento, diferentemente de um estrangulamento, é possível reconhecer o mate-


rial empregado no laço, a partir da marca deixada na pele.
b) a esganadura só ocorre na forma dolosa, uma vez que as formas acidental e culposa são
afastadas pelo mecanismo de ação empregado.
c) nos estrangulamentos, os sinais são constituídos de equimose facial associada a marcas
ungueais, os quais permitem a identificação do agressor.
d) uma suspensão incompleta, num caso de enforcamento, aponta, direta e inquestionavel-
mente, para um homicídio por execução da vítima.
e) dentre as asfixias por constrição cervical, a mais rápida delas em termos de ocorrência da
morte é representada pelo estrangulamento.

O conteúdo cobrado inclui-se no tema da asfixiologia forense, notadamente o tema da esga-


nadura, entendida como sendo um tipo de asfixia mecânica que se verifica pela constrição do
pescoço pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar atmosférico pelas vias respiratórias até os
pulmões. É sempre homicida, sendo impossível a forma suicida ou acidental. Correta a letra B.
Letra b.

015. (FUNDATEC/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-RS/2018) Em relação à “estimativa do tempo


de morte”, também conhecida como cronotanatognose, analise as afirmações abaixo, assina-
lando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.

 (  ) Existem vários parâmetros (fenômenos cadavéricos) utilizados para a estimativa do


tempo de morte.
 (  ) A estimativa do tempo de morte, considerando os avanços da Medicina-Legal, é bas-
tante precisa, não apresentando margem de erro (para mais ou para menos) maior do
que uma hora.
(  ) A estimativa do tempo de morte depende, além de outros fatores, de fatores externos
ao cadáver.
(  ) A estimativa do tempo de morte, apesar dos avanços da Medicina-Legal, não é precisa.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:


a) V – F – V – V.
b) V – V – V – F.
c) V – V – F – F.
d) F – F – F – V.
e) F – V – F – V.

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O questionamento aborda diversos conhecimentos relativos à tanatologia forense. No caso, o


item I é verdadeiro, pois a estimativa do tempo de morte (cronotanatognose) é realizada a par-
tir da análise dos fenômenos cadavéricos, que podem ser de diversos tipos. O item II é falso,
em que a maior parte dos parâmetros utilizados a realização da cronotanatognose está sujeita
a modificações em função de fatores ambientais, fatores individuais e do tipo de morte. Além
disso, quanto maior for o tempo decorrido, mais complexa será a estimativa. Os itens III e IV
também são verdadeiros em função do que se aplica ao item II. Correta, portanto, a letra A.
Letra a.

016. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) Um homem de quarenta e


cinco anos de idade morreu após se engasgar com um pedaço do sanduíche que comia em
uma lanchonete. Ele estava na companhia do seu cunhado, que não conseguiu ajudá-lo a re-
tomar o fôlego. Os empregados da lanchonete acionaram o socorro médico, mas não houve
êxito na tentativa de evitar a morte do homem.
Considerando essa situação hipotética e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o
item a seguir.
O evento morte descrito será classificado, quanto à causa jurídica, como morte natural.

O conhecimento abordado na questão pela banca se refere à situação de morte violenta, na


modalidade morte acidental. Morte natural é aquela que sobrevém motivada amiúde por cau-
sas patológicas ou por grave malformação, incompatível com a vida extrauterina prolongada.
Por sua vez, morte violenta é aquela que resulta de uma ação exógena e lesiva (suicídio, homi-
cídio, acidente), mesmo tardiamente, sobre o corpo humano. Por isso, é incorreta.
Errado.

017. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) Um homem de quarenta e


cinco anos de idade morreu após se engasgar com um pedaço do sanduíche que comia em
uma lanchonete. Ele estava na companhia do seu cunhado, que não conseguiu ajudá-lo a re-
tomar o fôlego. Os empregados da lanchonete acionaram o socorro médico, mas não houve
êxito na tentativa de evitar a morte do homem.
Considerando essa situação hipotética e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o
item a seguir.
Se o socorro médico tivesse chegado uma hora após o óbito do homem, seria possível consta-
tar a rigidez completa do cadáver e a presença de livores de hipóstases fixados.

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O tema abordado pela banca examinadora refere-se à cronotanatognose. Nesse contexto, a


rigidez cadavérica completa ou a presença de livores de hipóstases fixados não se verifica em
apenas 1 hora após a morte. A rigidez cadavérica possui grande variação, iniciando-se após
uma hora da morte. De 1 a 2 horas de morte: rigidez nos pequenos músculos da nuca e face.
De 2 a 4 horas de morte: rigidez nos membros superiores. De 4 a 6 horas: rigidez nos músculos
do tórax e abdome. De 6 a 8 horas: atinge membros inferiores. A rigidez generalizada se verifi-
ca após aproximadamente 8 horas de morte. Os livores cadavéricos ou hipóstase se iniciam
com cerca de 2 a 3 horas de morte, se generalizam com cerca de 6 horas após a morte e se
fixam com mais ou menos 12 horas de morte. Assim, errada a assertiva.
Errado.

018. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2014) Mulher de 23 anos de idade, sexual-


mente ativa, procura serviço médico devido a fortes e lancinantes dores abdomino-pélvicas
há 1 hora. O exame clínico, associado a exames laboratoriais e de imagem, revela gestação
ectópica com embrião fixado e viável em tuba uterina esquerda. A paciente evade-se do local
e 3 meses após retorna, agora com franco quadro de hemorragia interna, evoluindo com cho-
que hemodinâmico e parada cardiorrespiratória. Os médicos revertem a parada e, analisando
o histórico, determinam que a causa do sangramento provém da ruptura da tuba uterina, que
é imediatamente retirada cirurgicamente. Essa condição configura, do ponto de vista médico-
-legal, um aborto
a) social.
b) eugênico.
c) terapêutico.
d) econômico.
e) piedoso.

Aqui o tema cobrado se refere às espécies de aborto. No caso, a alternativa correta é a letra C,
denominado terapêutico, também chamado de legal ou necessário, que é realizado pelo mé-
dico para salvar a vida da gestante, advindo de um estado de necessidade, nos termos do art.
128, inciso I, do CP.
Letra c.

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GABARITO
1. E
2. E
3. e
4. c
5. b
6. b
7. d
8. a
9. E
10. C
11. E
12. C
13. C
14. b
15. a
16. E
17. E
18. c

Fernando Terra
Promotor de Justiça no Estado do Acre, aprovado em 4º lugar no último concurso realizado (2013).
Aprovado em 2º lugar para o cargo de Analista Ministerial também do Ministério Público do Estado do Acre
(2013). Aprovado na 2º colocação para o cargo de Analista Ministerial do Ministério Público do Estado de
Rondônia (2012). Aprovado para o cargo de Analista Processual do Tribunal de Justiça de Rondônia (2012).
Aprovado para o cargo de Oficial de Justiça do Tribunal do Estado do Acre (2011), além de aprovação em
outros concursos. Pós-graduado em Direito Constitucional e Processo Civil. Professor de Direito Penal e
Processo Penal.

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