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urso de Engenharia Mecânica

Sistemas de Ventilação e Ar Condicionado


Prof.: Thiago Ferreira Gomes
Alunos:

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE VENTILAÇÃO DE


QUARTOS DE HOTEL

Brasília, xxxxx de 2020


SUMÁRIO

1. JUSTICATIVA........................................................................................ 3

2. DESENHO ESQUEMÁTICO DO QUARTO DO TIPO APARTAMENTO ..... 4

3. CARGAS TÉRMICAS .................................................................................. 5

3.1 FECHAMENTOS ....................................................................................................................... 5


3.2 CARGA DE CONDUÇÃO E INSOLAÇÃO – CALOR SENSÍVEL ............................................ 5
3.2.1 FECHAMENTOS OPACOS 5
3.2.2 FECHAMENTOS TRANSPARENTES 7
3.3 CARGA DEVIDO AOS EQUIPAMENTOS E ILUMINAÇÃO – CALOR SENSÍVEL E
LATENTE ............................................................................................................................................. 9

3.4 CARGA DEVIDO A PESSOAS – CALOR SENSÍVEL E LATENTE ......................................10


3.5 CARGA DEVIDA À VENTILAÇÃO – CALOR SENSÍVEL E LATENTE ................................10
3.6 CARGA TÉRMICA TOTAL......................................................................................................11

4. CÁLCULO DO AR INSULFLADO ............................................................. 12

5. DUTOS................................................................................................ 13

5.1 GEOMETRIA DA TUBULAÇÃO ............................................................................................. 13


5.2 CLASSIFICAÇÃO DA TUBULAÇÃO...................................................................................... 14
5.3 FLUXO DE AR ......................................................................................................................... 15
5.4 ISOLANTES ............................................................................................................................. 15

6. GANHO TÉRMICO E FUGA DE AR .......................................................... 18

7. PERDAS DE CARGA E BALANCEAMENTO ........................................... 22

8. CÁLCULO DOS DIFUSORES ................................................................... 23


1. JUSTICATIVA

Ao longo de sua vida útil, uma edificação consome grande quantidade de


energia e recursos naturais, além de ser uma fonte geradora de resíduos e de
emissão de CO2. Sob a ótica internacional, o setor de edificações respondeu em
2010 por 32% do uso final de energia e 8.8 GtCO2 de emissões em todo mundo
(IPCC 2015). Várias ações podem ser tomadas para reduzir ou estabilizar as
emissões, dentre elas tem-se a adoção de técnicas de eficiência para novas
construções e a estratégia de retrofit (reforma) para o estoque já construído.

Dentre o setor de edificações, a área hoteleira é uma das que mais


consomem energia elétrica pois os sistemas de ar condicionado, aquecedores,
equipamentos de cozinha e iluminação são os grandes vilões do consumo. No
entanto, essas variáveis devem ser otimizadas de modo que aumente a
eficiência energética da instalação sem afetar o conforto ambiental dos usuários.

Segundo o RTQ-C (Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de


Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos)
implantando em 2009, há três sistemas individuais que especifica a classificação
do nível de eficiência de edificações: envoltória, sistema de iluminação e sistema
de condicionamento do ar.
A proposta desse estudo é dimensionar o sistema de condicionamento do
ar de um quarto de hotel do tipo apartamento, e assim, analisar de forma
macroscópica se o projeto dos quartos da instalação está de acordo com as
normas de eficiência energética e conforto ambiental.
Para tal avaliação, considera-se os dados:
✓ Área do quarto: 36m2
✓ Capacidade: 2 adultos + 1 criança
✓ Equipamentos internos: uma geladeira, seis lâmpadas LED, um
microondas, uma televisão.
✓ Fechamentos opacos: paredes de concreto e uma mistura de lã de
rocha com gesso, teto de laje, porta de madeira
✓ Fechamentos transparentes: uma janela 3,2x2m
✓ Umidade ideal: 60%
✓ Temperatura ideal para o conforto térmico (CREDER, 2004): 22ºC

3
2. DESENHO ESQUEMÁTICO DO QUARTO DO TIPO
APARTAMENTO

Figura 1 – Quarto tipo apartamento

Fonte: Autor, 2020

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3. CARGAS TÉRMICAS

Carga térmica é a quantidade de calor sensível e latente, expressa


geralmente em BTU/H ou kcal/h, que deve ser retirada ou colocada no ambiente
a fim de proporcionar as condições de conforto desejadas (CREDER, 2004).
Essa carga é introduzida no ambiente a condicionar por condução, insolação,
dutos, pessoas, equipamentos, etc.
Para realizar a melhor escolha do sistema de refrigeração, deve-se levar
em consideração essas cargas térmicas.

3.1 Fechamentos
Para um dimensionamento ideal dos fechamentos, é necessário se
atentar a alguns dados para garantir o conforto térmico dos ocupantes do
ambiente. A intensidade do fluxo de calor que passará através dos fechamentos
dependerá da condutividade térmica (K) dos materiais empregados.
A fim de se reduzir as trocas de calor e aumentar a eficiência, algumas
medidas podem ser adotadas, como escolha de materiais com baixa
condutividade e emissividade (𝜀) e fechamentos com múltiplas camadas.
As trocas de calor com o meio exterior se darão por convecção e radiação,
que dependem da resistência superficial externa (Rse) e da emissividade (𝜀),
respectivamente. Para avaliar o comportamento dos fechamentos em relação a
transmissão de calor, é preciso de analisar a transmitância térmica, o quociente
da quantidade de calor que atravessa uma superfície durante um intervalo de
tempo.

3.2 Carga de condução e insolação – calor sensível


3.2.1 Fechamentos opacos
A parede externa (fachada) é composta reboco, concreto e argamassa,
revestida de tinta de cor clara, para reduzir a absorvidade do material
(0,5<𝛼<0,2). Quando se usa vários materiais, soma-se as resistências que cada
material se opõe ao fluxo de forma análoga a resistências em serie de um circuito
elétrico.
A resistência é o inverso da condutividade (K) ou condutância (C) do
material, e possuem valores tabelados. Os valores de h (condutância superficial)

5
dependem da cor e rugosidade da superfície e também da velocidade do vento.
Os valores médios de h, em kcal/h*m2*ºC são:
• Ar parado = 7,3 a 7,96
• Ar a 12km/h = 19,5
• Ar a 24km/h = 29,3

A expressão que define o coeficiente global de transferência de calor,


expressa em kcal/h*m2*ºC:
1
𝑈 = (1)
𝑅𝑡

O fluxo térmico é dado pela expressão abaixo, sendo A em m 2 e ∆𝑇 a


diferença de temperatura entre os meios externo e interno:
𝑄 = 𝐴 ∙ 𝑈 ∙ ∆𝑇 (2)

Aplicando as equações acima, tem-se as resistências em h*m2ºC/kcal:


1
- Filme do ar exterior: 1 = = 0,034
ℎ 29,3
1
- Reboco: 1 = = 0,418
𝐶 2,39
1∙0,2
- Concreto: 1 = = 1,612
𝐾 0,62
1∙0,2
- Argamassa térmica: 1 = = 1,1635
𝐾 0,1719
1
- Filme do ar interior: 1 = = 0,125
ℎ 7,96
𝑘𝑐𝑎𝑙
Assim, 𝑅𝑡 = Σ𝑅 = 2,078
ℎ∙𝑚2º𝐶
1 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑈= = 0,481
𝑅𝑡 ℎ ∙ 𝑚2 ∙ º𝐶

Por fim,
𝑄 = 𝐴 ∙ 𝑈 ∙ ∆𝑇 = 6,875 ∙ 0,481 ∙ (34,8 − 22) = 42,328 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ

A transmissão de calor solar em superfícies opacas se dá por:

6
𝑄 = 𝐴 ∙ 𝑈 ∙ [∆𝑇 + ∆𝑡] (3)
Sendo ∆𝑡 o acréscimo de diferencial por temperatura, dado por tabela. Nesse
caso, o valor de ∆𝑡 para uma parede virada ao norte e de cor clara é igual a
2,7ºC.
Assim tem-se a carga de insolação igual a:
𝑄 = 𝐴 ∙ 𝑈 ∙ [∆𝑇 + ∆𝑡] = 6,875 ∙ 0,481 ∙ (12,8 + 2,7) = 51,278 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ

As demais paredes são compostas por camadas de lã de rocha e gesso.


A lã de rocha nesse caso age como um isolante acústico, além de possuir uma
baixa condutividade térmica e ser resistente ao fogo, em caso de incêndios.
As portas do quarto e banheiro são feitas de madeira, que possui baixa
condutividade térmica.

3.2.2 Fechamentos transparentes


No quarto, possui uma porta de vidro para o acesso a varanda, de
dimensão 3,2mx2m e espessura de 6mm, revestida de uma película reflexiva
para maior privacidade e proteção solar. Internamente, possui uma cortina
blackout como proteção interna, que possui as mesmas funcionalidades que a
película externa.
A energia vinda do Sol que incide em uma superfície transparente é
dividida em três partes: uma parte é refletida, outra é absorvida pelo vidro e a
outra atravessa o vidro (q), e é essa última que é importante para os cálculos.
A transmissão de calor solar através de superfícies transparentes se dá
por:
𝑞 = 𝐴∙ 𝑈 (4)
O valor de U é encontrado nas tabelas em função dos dias do ano, direção
da face do prédio e hora local. Nesse caso, foram definidos os dias entre 20 de
fevereiro e 23 de outubro, no horário de maior incidência solar, que é as 12h.

7
Tabela 1 – Coeficientes de transferência de calor solar através de vidros

Fonte: Creder, 2004

De acordo com a Tabela 1, o valor do coeficiente de transmissão de calor


através de vidros (U) é igual a 114kcal/h*m2. Assim, tem-se:
𝑞 = 𝐴 ∙ 𝑈 = 6,4 ∙ 114 = 729,6 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ
A porta está protegida externamente por um todo e uma película reflexiva.
Por dentro, a proteção se dá por uma cortina opaca. Sendo assim, os fatores
solares dessas proteções devem ser multiplicados para se obter a quantidade
de calor que atravessa o conjunto. Os dados dos fatores solares (Fs) são
tabelados:
• Fs toldo = 0,20
• Fs película reflexiva = 0,25
• Fs cortina opaca = 0,35

𝐹𝑠 = 0,2 ∙ 0,25 ∙ 0,35 = 0,0175


𝑄 = 𝑞 ∙ 𝐹𝑠 = 729,6 ∙ 0,0175 = 12,768 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ

8
3.3 Carga devido aos equipamentos e iluminação – calor
sensível e latente
Os motores elétricos também adicionam carga térmica ao sistema, que
deve ser retirada pelo equipamento de refrigeração. É preciso considerar o uso
do motor, se é contínuo ou esporádico. A iluminação também fornece uma
quantidade de calor ao sistema, mas com o uso de lâmpadas LED esse valor é
insignificante.
A equação que define a carga de calor devido aos motores elétricos que
permanecem no sistema refrigerado é, em W/cv:
𝑃
𝑞 = ( − 𝑃) ∙ 733 (5)
𝜂

Segundo dados de fabricante e tabela de rendimento aproximado, para


os equipamentos presentes no quarto, tem-se:

Tabela 2 – Potencia e rendimento dos equipamentos


Equipamento Potência (W) Rendimento (%)
Geladeira Simples 250 70
Microondas 2000 80
TV LCD 32’’ 50 60
Notebook 30 60
Celular 3 60
Fonte: Autor, 2020
A seguir, está explicito o cálculo de cada equipamento, considerando a
pior hipótese em que cada hospede leve um notebook e ao total sejam 4
celulares presentes no quarto.

• Geladeira simples:
0,3399
𝑞1 = ( − 0,3399) ∙ 733 = 106,798 𝑊
0,7
• Microondas:
2,719
𝑞2 = ( − 2,719) ∙ 733 = 498,256 𝑊
0,8

9
• TV LCD 32”:
0,06798
𝑞3 = ( − 0,06798) ∙ 733 = 33,219 𝑊
0,6
• Notebook
0,04079
𝑞4 = 3 ( − 0,04079) ∙ 733 = 59,798 𝑊
0,6
• Celular:
0,00407
𝑞5 = 4 ( − 0,00407) ∙ 733 = 7,955 𝑊
0,6

Assim, a carga total é igual a 706,026 W, ou, 607,085kcal/h.

3.4 Carga devido a pessoas – calor sensível e latente


Todo ser humano emite calor sensível e latente, e a quantidade liberada
depende se o indivíduo está em repouso ou em atividade. Considerando que a
temperatura média de uma pessoa é 37ºC, verifica-se que quanto maior é a
temperatura externa, maior é a quantidade de calor latente emitida.
Contrariamente, quanto menor é essa temperatura, maior é o calor sensível.
A NBR 6401 expressa os valores do calor liberado pelas pessoas em
função da temperatura e da atividade. Considerando esses valores, tem-se que
uma pessoa em movimento lento ou sentada, em uma temperatura externa de
22ºC libera aproximadamente 100kcal/h, sendo:
• Calor sensível: 72,1 kcal/h
• Calor latente: 28kcal/h
Assim, com um total de 3 pessoas, tem-se um total de carga térmica igual
a 300,3 kcal/h, sendo 216,3 kcal/h de calor sensível e 84kcal/h de calor latente.

3.5 Carga devida à ventilação – calor sensível e latente


O ar que penetra ao recinto por meio das frestas de portas, janelas ou
outras aberturas, adiciona uma carga térmica sensível ou latente. Essa carga
não pode ser precisamente calculada, no entanto, há métodos que permitem
uma aproximação.

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De acordo com a NBR 6401:1980, o ar preferível em quartos de hotel é
de 25m3/h. Assim, em SI, a expressão que define o calor sensível, sendo Q a
vazão de ar em m3/h, é igual a:
𝑞𝑠 = 𝑄 ∙ 0,29 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖) = 3(25) ∙ 0,29 (34,8 − 22) = 630,297 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ (6)

Já a equação que expressa a carga de calor latente é:

𝑞𝑙 = 583 ∙ 𝛾 ∙ 𝑄(𝑈𝐸𝑒 − 𝑈𝐸𝑖) (7)

Sendo,
𝛾: peso específico do ar (1,2 kg/m3)
UEe: umidade específica do ar no interior
UEi: - umidade específica do ar na entrada

Os valores de umidade específica são obtidos por meio da análise da


carta psicométrica, nesse caso sendo UEe=0,024 e UEi=0,011. Assim, o calor
latente é igual a:

𝑞𝑙 = 583 ∙ 𝛾 ∙ 𝑄(𝑈𝐸𝑒 − 𝑈𝐸𝑖) = 583 ∙ 1,2 ∙ 75(0,024 − 0,011) = 682,11 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ

A carga total devido a ventilação é igual a 1312,407 kcal/h ou 0,433


toneladas de refrigeração.

3.6 Carga térmica total


O valor da carga térmica total de um ambiente é escrito como a soma de
calor sensível e calor latente que deve ser retirado do ambiente para obter as
condições de contorno desejadas. Como medida de segurança, pode se
adicionar 10% ao valor total, para atender as eventuais inserções de calor ao
ambiente.
Total de calor sensível (qs):
• Devido aos equipamentos: 607,085 kcal/h
• Devido as pessoas: 216,3 kcal/h
• Devido a infiltração: 630,297 kcal/h

11
Totalizando: 1453,683 kcal/h
Total de calor latente (ql):
• Devido as pessoas: 84 kcal/h
• Devido a ventilação: 682,11 kcal/h
• Devido a condução e insolação: 106,374 kcal/h
Totalizando: 872,484 kcal/h
𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 1453,683 + 872,484 = 2326,167 + 10% = 2558,783 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ

4. CÁLCULO DO AR INSULFLADO

A Razão de Calor Sensível (RCS) pode ser definida entre a relação entre
o calor sensível e total. Com isso, através da carta psicométrica é possível
conhecer as condições do ar que entra no recinto. Deve-se escolher as
condições do ar de insuflamento em um ponto da reta RCS.

𝑞𝑠 1453,6831
𝑅𝐶𝑆 = = = 0,568 = 56,81% (8)
𝑞𝑡 2558,783

A temperatura de bulbo seco (TBS) é arbitrariamente fixada em 21ºC,


18ºC e 16ºC. Aplica-se a expressão:
𝑞𝑠
𝑄= (9)
0,24(𝑡𝑖−𝑡𝑒)

Assim, para 21ºC, tem-se Q em kg/h:


1453,683 𝑚3
𝑄= = 6057,012 = 7228,824 𝑘𝑔/ℎ
0,24(22 − 21) ℎ
Para 18ºC:
1453,683 𝑚3
𝑄= = 1514,253 = 1822,206 𝑘𝑔/ℎ
0,24(22 − 18) ℎ
Para 16ºC:
1453,683 𝑚3
𝑄= = 1009,502 = 1234,412 𝑘𝑔/ℎ
0,24(22 − 16) ℎ

Com a umidade específica do ar igual a 11g/kg, segundo a carta


psicométrica, é necessário calcular a massa de ar condensado:

12
𝑞𝑙 872,484
𝑚= = = 1,496 𝑘𝑔 (10)
583 583

Para definir a razão entre a umidade específica do ar ambiente e o ar


insuflado, aplica-se a seguinte equação para cada valor de Q calculado
anteriormente:
𝑚
∆𝑊 = (11)
𝑄

Para 21ºC:
1,496
∆𝑊 = = 0,252 𝑔/𝑘𝑔
7288,824

Para 18ºC:
1,496
∆𝑊 = = 0,821 𝑔/𝑘𝑔
1822,206
Para 16ºC:
1,496
∆𝑊 = = 1,212 𝑔/𝑘𝑔
1234,412

5. DUTOS

Dutos são condutores de ar que permitem sua circulação até os pontos


de insuflamento, bem como o retorno. O normal é a existência de recirculação
do ar, isto é, uma vez circulando no ambiente, o ar retorna à máquina a fim de
economizar na instalação (CREDER, 2004).
Os dutos representam em custo médio cerca de 25% de toda instalação,
e para seu dimensionamento é necessário levar em consideração fatores como:
• volume de ar circulado
• velocidade de ar através dos dutos
• resistência a ser vencida no duto

5.1 Geometria da tubulação


Para melhor aproveitamento de espaço, a tubulação será instalada no teto
dos quartos, e foi decidido por um valor tabelado igual a 150x250mm.

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Na NBR 6120 é encontrada as medidas mínimas para cada tipo de laje,
sendo esses valores variando entre 70 e 150 mm. Considerando que o hotel em
questão tenha uma laje de 120mm, isso impossibilita a instalação da tubulação
no interior da laje. Por questão de estética, foi decidido a colocação de um teto
falso, feito de gesso, abaixo da laje.

Em relação a sua geometria, foi observado que para uma melhor


otimização de espaço, é preferível utilizar uma tubulação com secção transversal
retangular. Essa diferença pode ser vista na imagem abaixo.

Figura 2 – Relação entre as geometrias

Fonte: Autor, 2020

5.2 Classificação da tubulação


Os dutos podem ser classificados segundo sua pressão, sendo:

• baixa (classe 1): até 90 mmH2O


• média (classe 2): 91 – 180 mmH2O
• alta (classe 3): 181-300 mmH2O

De acordo com a tabela abaixo, os dutos de insuflamento com 150mm por


250mm são classificados como classe 1.

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Tabela 3 – Classificação dos dutos

Fonte: Desconhecida

5.3 Fluxo de ar
Consultando tabelas para o fluxo de ar, encontra-se um fluxo
recomendado de 2m/s para filtros de ar e difusores, e um fluxo máximo de 5m/s.
Neste cenário, a velocidade é de 7m/s enquanto o fluxo de retorno é de 3m/s.

5.4 Isolantes
A eficiência é um tópico importante em qualquer projeto, portanto é
necessário evitar o máximo de perdas possível, para isto, é adotado um isolante
térmico de lã de vidro, que também serve como isolante acústico para o conforto
dos hóspedes.

15
5.5 Desenho esquemático das tubulações

Figura 3 – Esboço das tubulações

Fonte: Autor, 2020

Figura 4 – Tubulações

Fonte: Autor, 2020

16
Figura 5 – Esquema das tubulações

Fonte: Autor, 2020

Figura 6 – Esquema das tubulações (vista superior)

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6. GANHO TÉRMICO E FUGA DE AR

Quando o ar que passa no interior dos dutos está a uma temperatura


diferente do exterior, haverá um fluxo de calor. E o cálculo da carga térmica
auxilia na quantificação dessa perda ou ganho.
Até então, todos os cálculos foram feitos considerando apenas um quarto,
mas parar avaliar o desempenho energético do hotel é preciso analisar o prédio
como um todo. Serão considerados dois andares, com três quartos em cada e
uma instalação central que seja suficiente para ar condicionar todos os
ambientes, incluindo o corredor. É possível fazer a análise segundo o esquema
abaixo:
Figura 7 – Desenho Esquemático da Distribuição de Ar

Fonte: Autor, 2020


As linhas vermelhas indicam as tubulações, os pontos representam as
saídas de vazão. Qq expressa a vazão de cada quarto, Qc corresponde a vazão
do corredor (escolhido pelo projetista). A somas das vazões está expressada por
Qt.
Para o devido cálculos das vazões corrigidas, se faz necessário a
definição de algumas condições de contorno:
• Vazão de ar em cada quarto (Qq): 1514,253m³/h
• Vazão de ar no corredor (Qc): 800m³/h
• Velocidade do ar: 7m/s

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• Ganho térmico: 5%
• Fugas de ar: 4,8%
• Temperatura do ambiente condicionado (Tac): 22º C
• Coeficiente global do isolamento (U): 0,481 kcal/h*m²*ºC
• Temperatura do ar insuflado: 18º C

A expressão que define o valor da vazão total corrigida (Qt,ins) é:


𝑄𝑡
𝑄𝑡, 𝑖𝑛𝑠 = (12)
%𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠

onde, %perdas representa a soma das perdas.

É preciso também determinar o ganho de calor nos trechos, que é definido


por:
𝑑
𝐸𝑙𝑒𝑣. 𝑇𝑒𝑚𝑝 = ∙ 𝐸𝑙𝑒𝑣. 𝑝𝑎𝑟𝑎10𝑚 ∙ 𝑈𝑐 ∙ (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖𝑛𝑠) (13)
10𝑚

onde Elev.para10m é obtido através da tabela que relaciona a relação de forma


e velocidade com uma correção apropriada e Tins é a temperatura do ar
insuflado.
Com esse valor, é possível obter a temperatura real do ar insuflado com:
𝑇𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 = 𝑇𝑖𝑛𝑠 + 𝐸𝑙𝑒𝑣. 𝑇𝑒𝑚𝑝 (14)
logo após, obtêm-se as vazões corrigidas por trecho:
𝑇𝑎𝑐−𝑇𝑖𝑛𝑠
𝑄𝑐𝑜𝑟𝑟𝑛 = (𝑇𝑎𝑐−𝑇𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 ) 𝑄𝑡, 𝑖𝑛𝑠 (15)

Os valores obtidos consideram apenas que o ar ganha calor, mas em um


ambiente condicionado em algum momento o ar também perde calor. Portanto,
a expressão a seguir leva em consideração esse processo e define a vazão de
resfriamento por trecho (Qtrecho,resf):
𝐸𝑙𝑒𝑣.𝑇𝑒𝑚𝑝
𝑄𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜, 𝑟𝑒𝑠𝑓 = 𝑄𝑐𝑜𝑟𝑟2 − (𝑄𝑐𝑜𝑟𝑟1 ∙ 𝑇𝑎𝑐−𝑇𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 ) (16)
𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜

Essa metodologia deve ser reaplicada em cada trecho, considerando o


decaimento de velocidade que há entre eles.
Para otimizar a realização dos cálculos, uma planilha no Excel foi
desenvolvida e obtidos valores para cada andar. Foram inseridas as condições
de contorno, considerando as distâncias e secção transversal variável. As
medidas são: A-C com 150mm X 450 mm, trecho C-R com 150mm X 250mm,
CD com 150mm X 400mm, por fim, o trecho D-E com 150mm X 250mm.

19
Figura 8 – Dados inseridos na planilha

Fonte: Autor, 2020

Para o primeiro andar, com altura h=3m, os valores foram:

Figura 9 – Resultados 1º Andar

Fonte: Autor, 2020

20
No segundo andar, a altura a ser considerada é h=6,12m, incluindo a
espessura do piso/laje. Os resultados foram:

Figura 10 – Resultados 2º Andar

Fonte: Autor, 2020

21
7. PERDAS DE CARGA E BALANCEAMENTO

Um sistema balanceado é quando a vazão dos ramais se iguala a vazão


de projeto, e para isso deve ser considerado o comportamento das pressões no
interior dos dutos. Pode ser realizado por meio de registros ou de cálculos. Nesse
último método, deve-se ir corrigindo as vazões conforme perdas de carga. Por
se tratar de um processo cíclico, os valores citados acima já estão balanceados.
Para obter os valores de perda de carga (hp), utiliza-se a expressão:
𝐿 𝑉²
ℎ𝑝 = 𝑓 𝑑 2𝑔 (17)

onde L é o comprimento da tubulação (m), d representa o diâmetro (m), g o valor


da gravidade (9,8m/s) e f é o fator de atrito.
Por sua vez, o fator de atrito da tubulação é definido por:
0,25
𝑓= 𝜀 5,74 2 (18)
[log (0,27𝐷+ 𝑅𝑒0,9 )]

em que ε é a rugosidade do material (nesse caso, alumínio) e número de


Reynolds (Re) é calculado por:

𝑑𝑉𝜌
𝑅𝑒 = (19)
𝜇

Nota-se que para obter o valor de Re utiliza-se o diâmetro e para isso


foram consultados em tabelas qual diâmetro equivale as medidas das seções
transversais das tubulações, que podem ser vistos na Figura 8:
Figura 11 – Diâmetros equivalentes

Fonte: Autor, 2020

22
Inseridos esses dados na planilha desenvolvida, os resultados obtidos
de perda de carga, em m, foram:
Figura 12 – Perdas de carga

Fonte: Autor, 2020

8. CÁLCULO DOS DIFUSORES

Os difusores ou aerofuses permitem distribuição melhor do ar nos


ambientes, pois possibilitam o espargimento em todas as direções. A instalação
dos dutos é equipada com difusores - nas saídas dos quartos e corredores -
acompanhados de filtros de ar do tipo F8.

Na primeira estimativa de quantidade de difusores, pode-se considerar


que é necessário um difusor a cada 16m². Nesse caso, cada quarto tem uma
área de 36m² o que totalizaria no mínimo dois difusores por ambiente.

Para cálculo da vazão dos difusores (Qd) que atendem áreas iguais, usa-
se a expressão abaixo, em que n é a quantidade de difusores e Qt é a vazão
total do sistema.

𝑄𝑑 = 𝑄𝑡/𝑛 (20)

Conforme balanceamento mostrado anteriormente, as vazões se alteram


em cada ambiente, fazendo necessário reaplicar a equação em cada recinto. Os
valores obtidos foram:

• Quarto 1: Qd=0,205m³/s por difusor


• Quarto 2:Qd=0,205m³/s por difusor
• Quarto 3:Qd=0,23 m³/s por difusor
• Corredor: Qd= 0,1m²/s

23
Como os valores foram próximos, e para facilitar a escolha de um modelo
de difusor, considera-se o valor de 0,23m²/s em cada difusor presente nos
quartos. O diâmetro equivalente (Df) a área do difusor é definido por:

4𝑄𝑑
𝐷𝑓 = √ (21)
𝜋𝜇 𝑓

em que 𝜇𝑓 é a velocidade de face. Para ambientes com instalação de conforto


com baixo nível de ruído, recomenda-se que 𝜇𝑓=1,5m/s.

O diâmetro obtido foi igual a 441mm nos quartos e 291mm no corredor.


Baseado nos dados tabelados, pode-se obter os parâmetros dos difusores iguais
a:

Figura 13 – Diâmetro equivalente comercial

Fonte: Desconhecida

• Difusores dos quartos (LxH)=450x375mm


• Difusor do corredor (LxH)=525x150mm

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