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Capítulo II

Ondas Planas em Meios Ilimitados

Neste capítulo será realizada uma revisão sobre propagação de ondas eletromagnéticas
em meios isotrópicos ilimitados (sem condições de contorno). Será estabelecida uma equação
de onda que descreve o comportamento dessas ondas no espaço livre, a qual é denominada de
equação de onda de Helmholtz. Uma solução na forma de onda plana será proposta através do
método de separação de variáveis. Uma interpretação cuidadosa desta solução será
apresentada, e, conceitos como fase instantânea, comprimento de onda, impedância intrínseca,
velocidades de fase e de grupo serão introduzidos.

2.1 OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES DE ONDA

2.1.1 Equações de Maxwell na forma pontual

Inicia-se esta análise escrevendo-se as equações de Maxwell na forma temporal, dadas


a seguir [1]:

→ → ∂b
∇ × e =− m − (2.1a)
∂t

→ ∂d

∇ × h = j+ (2.1b)
∂t

∇d = ρ (2.1c)

∇b =0 (2.1d)
→  → 
onde e (r , t ) é o vetor campo elétrico [V/m], b (r , t ) é a densidade de campo magnético
→  → 
[Wb/m2=T], d ( r , t ) é o deslocamento elétrico [C/m2], h (r , t ) é o vetor campo magnético
→  → 
[A/m], j (r , t ) é a densidade de corrente elétrica de condução [A/m2], m(r , t ) é a densidade

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 
de corrente magnética [V/m2] e ρ ( r , t ) é a densidade de carga elétrica [C/m3], sendo r o
vetor posição. A representação através de letras minúsculas denota grandezas instantâneas. A
equação (2.1a) corresponde à Lei de Ampére, (2.1b) à Lei de Faraday, (2.1c) à Lei de Gauss
elétrica e (2.1d) à Lei de Gauss magnética.
A seguir, é estabelecida a notação fasorial. Para isto, considere-se um campo
→  →
arbitrário u (r , t ) , ou, simplesmente u (t ) , tal que:

→ →
u (t ) = U 0 cos(ωt + φ ) ( 2.2)

no qual U 0 é o vetor amplitude, ω a frequência angular e φ a fase. Então, usando-se o

operador real, Re{.}, observa-se que:


→ → 
u (t ) = Re { U 0 e j (ω t +φ ) } = Re { U 0 e jφ e jωt } ( 2.3)

Definindo-se
→ →
U = U 0 e jφ ( 2.4)

e substituindo-se (2.4) em ( 2.3), obtém-se o seguinte resultado:


→ →
u (t ) = Re { U e j ω t } ( 2.5)
→ →
A grandeza U fornece todas as informações relevantes relaciondas à u (t ) , ou seja, amplitude

e fase do campo, e é denominada de fasor* de u (t ) .

2.1.2 Propriedades do operador Re {.}

A seguir são listadas algumas propriedades fundamentais do operador real Re{.}:

   
a) Re { U + W } = Re { U } + Re { W } ( 2.6a)
 
b) Re { a U } = a Re { U }, a real ( 2.6b)
   
c) Re { U e jωt } = Re { W e jωt } ⇔ U = W ( 2.6c)

  ∂U 
d)

∂x
{ }
Re U = Re  ( 2.6d)
 ∂x 
_________________________________________________
*Obs: Este corresponde ao fasor estático, tal como usado na teoria de Circuitos Elétricos. Em
→ →
certas partes do curso será usada a notação de fasor girante: U = U 0 e jφ e iϖt .

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e) Caso particular − derivada no tempo:

∂u ∂ →  ∂ →  → ∂  → 
= ReU e j ω t  = Re ( U e j ω t ) = ReU (e j ω t ) = ReU ( jω e j ω t ) =
∂t ∂t    ∂t   ∂t   


 →
 ∂(Ue jωt ) 
= Re jω (U e j ω t )  (2.6c)  = jω (Ue jωt ) ( 2.7)
  ∂t

ou seja ∂ / ∂t ↔ jω (aplicado ao fasor girante).

f) Propriedades do operador ∇

 
∇ × Re{U e jωt } = Re{(∇ × U ) e jωt } (2.8a)
 
∇  Re{U e jωt } = Re{(∇  U ) e jωt } (2.8b)

2.1.3 Relações constitutivas em meios lineares

As relações constitutivas referem-se às propriedades de acoplamento entre grandezas,


oriundas da natureza do meio material. Para um meio linear, isotrópico e homogêneo têm-se
→ →
b = μh ( 2.9)
e
→ →
d =εe (2.10)

onde ε=ε0 εr é a permissividade (F/m) e μ=μ0 μr é a permeabilidade (H/m) absolutas do


meio (εr e μr são seus valores relativos, adimensionais). Quando o meio é o vácuo, tem-se
μ = μ0 = 4π × 10−7 H/m e ε = εο = (1/36π) ×10−9 F/m ≅ 8,8419 × 10−12 F/m, sendo μr =1 e
εr=1, respectivamente.

2.1.4 Equação da continuidade

A equação da continuidade estabelece que um fluxo de cargas elétricas variável no


tempo dá origem a uma distribuição espacial de corrente elétrica [2]:
→ ∂ρ
∇ j = − ( 2.11)
∂t

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2.1.5 Equações de Maxwell na forma fasorial

Neste estágio da análise é possível escrever as equações de Maxwell na forma fasorial.


Aplicando-se as propriedades (2.6 a-d), (2.7) a (2.8 a-b) às equações de Maxwell instantâneas
(2.1 a-d), obtêm-se:
→ → →
∇ × E = − M − jωμ H ( 2.12a)
→ → →
∇ × H = J + jωε E ( 2.12b)

∇D = ρ ( 2.12c)

∇B = 0 ( 2.12d)

→ →
Da lei de Ohm [1]: J = σ E (sendo σ a condutividade do meio material, medida em S,
siemens), a qual é uma terceira relação constitutiva relacionada às perdas ôhmicas no meio,
pode-se reescrever (2.12b) da seguinte forma:
→ →
∇ × H = (σ + jωε ) E ( 2.12e)

2.1.6 Equação de onda de Helmholtz

Uma vez obtidos os resultados em (2.12 a-e), inicia-se agora ao estudo da propagação
de ondas eletromagnéticas em um meio material com as seguintes características:

 → → → →

 Linear D = ε E , B = μ H
homogêneo ∇ε = ∇μ = 0

 ε , μ escalares
Meio isotrópico
com perdas σ ≠0

ilimitado (sem condições de contorno )
sem fontes de correntes externas
   
sendo E = E ( x, y, z ) e H = H ( x, y, z ) , em coordenadas retangulares.
Aplicando-se o rotacional a ambos os lados de (2.12a), para um meio de propagação

sem correntes magnéticas ( M = 0 ), obtém-se:

→ →
∇ × ∇ × E = − jω μ ∇ × H (2.13)

36
  
Recorrendo-se à conhecida identidade matemática: ∇ × ∇ × U = ∇(∇  U ) − ∇ 2U , ao lado
esquerdo de (2.13), e utilizando-se ( 2.12b), verifica-se que:

 →
 → →
∇ ∇  E  − ∇ 2 E = − jω μ (σ + jωε ) E (2.14)
 

A partir de ( 2.12c), para meio dielétrico linear, tem-se que

 →
∇ ε E  = ρ (2.15)
 

a qual conduz à (regra da cadeia):

→ →
ε ∇  E + E  ∇ε = ρ (2.16)

Como ∇ε = 0 para meios dielétricos homogêneos, obtém-se que

→ ρ
∇E = (2.17)
ε

Portanto, substituindo-se (2.17) em (2.14), obtém-se

ρ → →
∇  − ∇ 2 E = − jωμ (σ + jωε ) E (2.18)
ε 

Como o meio é homogêneo, a permissividade ε e a densidade de cargas ρ não dependem


(das coordenadas) do espaço, e então, ∇( ρ / ε ) = 0 , e (2.18) assume a forma final

→ →
∇ 2 E − jωμ (σ + jωε ) E = 0 ( 2.19)

uma equação de Helmholtz homogênea (para meio com perdas ôhmicas).


De forma similar, a partir da Eq. ( 2.12e), é possível mostrar que:

→ →
∇ × ∇ × H = (σ + jωε )∇ × E (2.20)

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→ → → 
e, portanto, ∇(∇  H ) − ∇ 2 H = − jωμ (σ + jωε ) H . Devido à (2.12d), tem-se que ∇  H = 0 ,
e assim, obtém-se uma equação de onda similar a (2.19):

→ →
∇ 2 H − jωμ (σ + jωε ) H = 0 ( 2.21)

outra equação de Helmholtz homogênea.


Um caso de grande interesse refere-se a meios dielétricos perfeitos (sem perdas), nos
quais σ = 0. Neste caso, (2.19) e (2.21) tornam-se

→ →
∇ 2 E + ω 2 με E = 0 (2.22a)
→ →
∇ 2 H + ω 2 με H = 0 (2.22b)

as quais correspondem às equações de onda de Helmholtz homogêneas para dielétricos ideais.


Estas equações podem ser escritas simplificadamente como:

→ →
∇ 2 E + K2 E = 0 (2.23a)
→ →
∇ 2 H + K2 H = 0 (2.23b)
sendo
K2 = ω 2 με (2.24)

Como (2.23a) e (2.23b) possuem a mesma forma geral (diz-se que são simétricas),
costuma-se resolver somente a primeira delas, uma vez que as soluções de ambas são

similares. Isto não significa que tais soluções sejam iguais, em vista que E é medido em V/m,
 
e H , em A/m. No entanto, possuem a mesma forma geral. Assim, uma vez obtido E na

equação de onda (2.23a), pode-se obter H simplesmente aplicando-se (2.12a), por exemplo,
sem a necessidade de resolver outra equação de onda, (2.23b).

2.2 SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE ONDA DE HELMHOLTZ

Uma inspeção preliminar de (2.23) não permite concluir como a onda eletromagnética
se comporta no espaço (meio material). Deste modo, torna-se necessário um estudo mais
detalhado objetivando-se deduzir as soluções gerais para esta equação de onda. Convém
lembrar que o laplaciano de um vetor contém dentro de si três laplacianos escalares:

38
→ ∧ ∧ ∧
∇ 2 E ≡ ∇2 Ex x + ∇2 E y y + ∇ 2 Ez z (2.25 a)
onde,
∂2 ∂2 ∂2
∇2 = + + (2.25 b)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2

Dessa forma, considerando-se apenas as componentes na direção x , obtém-se de
(2.23a):
∂ 2 Ex ∂ 2 Ex ∂ 2 Ex
∇ Ex + K Ex = 0 
2 2
2
+ 2
+ 2
+ K 2 Ex = 0 ( 2.26)
∂x ∂y ∂z
a qual admite solução por separação de variáveis, ou seja, na forma do produto

E x = f ( x ) g ( y ) h( z ) (2.27)

onde f é uma função apenas de x, g apenas de y e h apenas de z. Substituindo-se (2.27) em


(2.26)
∂2 f ∂2 g ∂2h
gh 2
+ f h 2
+ f g 2
+ K2 f g h = 0 (2.28)
∂x ∂y ∂z

A seguir, divide-se (2.28) pelo produto ( f g h), obtendo-se

1 ∂ 2 f ( x) 1 ∂ 2 g ( y) 1 ∂ 2 h( z )
+ + = − K 2 = cte. (2.29)
f ( x) ∂x 2 g ( y ) ∂y 2 h( z ) ∂z 2

A primeira parcela do lado esquerdo de (2.29) é função somente de x, enquanto a


segunda é função somente de y, e a terceira é função somente de z. Para que esta soma resulte
num termo constante para todo (x,y,z), é necessário que cada parcela individual também seja
constante. Assim, definem-se

1 ∂2 f ∂2 f
= − K 2
x  + K x2 f = 0 (2.30 a)
f ∂x 2 ∂x 2

1 ∂2g ∂2g
2
= − K y2  2
+ K y2 g = 0 (2.30b)
g ∂y ∂y

1 ∂ 2h ∂2h
= − K z2  2
+ K z2 h = 0 (2.30c)
h ∂z 2
∂z

39
onde
K 2 = K x2 + K y2 + K z2 (2.31)

é denominada de condição de separação.


As três equações, (2.30 a-c), são lineares, ordinárias, homogêneas e com coeficientes
constantes. Suas soluções são clássicas, do tipo [1, 2, 3]:

f(x) → e  jK x x (2.32a)
 jK y y
g(y) → e (2.32b)
h(z) → e  jK z z (2.32c)

Por conveniência, consideram-se apenas as exponenciais com argumentos negativos (este


sinal será interpretado futuramente), de forma que (2.27) torna-se

(
− j K x x+ K y y+ K z z )
E x = fgh = A e ( 2.33 a)

onde A é constante. Analogamente, para as componentes E y e E z , obtêm-se

(
− j K x x+ K y y+ K z z )
Ey = B e ( 2.33b)
(
− j K x x+ K y y+ K z z )
Ez = C e ( 2.33c)

onde B e C são constantes (independentes de x, y e z).



Seja então, o vetor de onda (ou vetor de propagação) K (rad/m) definido como

→ ∧ ∧ ∧
K = K x x + K y y+ K z z (2.34)

cujo módulo é K, dado por (2.24), e é denominado de constante de fase ou número de onda.
Ainda, definindo-se o vetor constante (independentes de x, y e z),

→ ∧ ∧ ∧
E0 = A x+ B y +C z ( 2.35)

o vetor amplitude (V/m), finalmente chega-se à solução geral da equação de onda (2.23 a):

→ → → →

E= E0 e − j K  r ( 2.36)

40
onde,
→ ∧ ∧ ∧
r = x x+ y y + z z ( 2.37)

é o vetor posição no sistema de coordenas retangulares.



Conforme será discutido adiante, a direção do vetor E 0 corresponde à polarização da
onda eletromagnética.
A expressão (2.36) constitui a solução geral da equação de onda (2.23 a) no domínio
fasorial. No domínio temporal tem-se, através de (2.5):


→  → → →
  → → →
e = Re  E e j ω t  = Re  E0 e j ( ω t − K  r )   e = E0 cos (ω t − K  r ) (2.38)
   
→ →
Deve ser ressaltado que E = E( x , y , z ) é simultaneamente vetor e fasor no domínio da
→ →
frequência, enquanto que e = e ( x , y , z ,t ) é um vetor no domínio do tempo.

2.3 INTERPRETAÇÃO DA SOLUÇÃO GERAL

Com a solução geral da equação de onda obtida na seção anterior, parte-se agora para
interpretar suas propriedades de propagação no espaço. Define-se a fase total instantânea
(rad) como sendo:
→ →
φi = φ i ( x , y , z ) = ω t − K  r ( 2.39)

Calculando-se o gradiente de (2.39) obtém-se

 
∇φ i = ∇ ω t − K  r  = − ∇( K  r ) = − ∇ (x K x + y K y + z K z ) (2.40)
→ → → →

 
Contudo, sabe-se do cálculo diferencial que o gradiente de um produto de funções vale:

∇( f g ) ≡ f ∇g + g ∇f (2.41)
e, como
∇K x = ∇K y = ∇K z = 0 (2.41 a )
∧ ∧ ∧
e ∇x, y , z = x, y , z (2.41 b)

conclui-se que (2.40) conduz a

41
 ∧ ∧ ∧

∇φ i = −  K x x + K y y + K z z (2.42)
 
a qual revela que,

K = − ∇φ i ( 2.43)

Como o gradiente de uma função escalar representa um vetor normal à superfície no qual a

função é constante, conclui-se que K é normal à superfície de fase instantânea constante (ou
equifásica) [2]. Esta superfície é denominada de frente de onda, e constitui uma superfície
cujos pontos apresentam a mesma fase φi (x, y, z) = constante em cada instante de tempo t. Na
Fig. 3.1 ilustra-se esquematicamente tal frente de onda.

Figura 2.1- Representação de uma frente de onda.



A relação (2.39) informa que a onda se propaga na direção positiva de r . De fato,
→ →
fixando-se em um valor de φi = ω t − K  r constante, nota-se que à medida que o tempo

cresce é necessário que r aumente a fim de manter o mesmo valor de φ i .
→ →
Na superfície equifásica tem-se K  r = rγ = constante para t = 0 (sem perda de

generalidade) a qual representa a equação de um plano (desde que E 0 seja constante),
conforme se pode verificar com o auxílio da Fig. 2.2. O mesmo se aplica para outros valores
de t ≠ 0.

Figura 2.2- Frente de onda plana num dado instante de tempo - Superfície equifásica.

42
Portanto, a solução da equação de onda implica em uma frente de onda plana que se

desloca na direção do vetor K .
 
Como (2.19) e (2.21) são similares, a solução para H deve ser similar a de E , e
assim, escrevendo-se
→ → → →

E = E0 e − j K  r ( 2.44 a)
→ → → →

H = H 0 e− j Kr ( 2.44 b)

 
para E 0 dado em V/m, e H 0 , em A/m. Substituindo (2.44 a) na equação ( 2.12a ), deduz-se
que

→ → →
 →
∇ × E = ∇ ×  E 0 e − j K  r  = − jω μ H (2.45)
 

Usando-se a identidade matemática

 →  → →
∇ ×  f A  ≡ ∇f × A + f ∇× A (2.46)
 

verifica-se o seguinte resultado,

 →→ → → → → → → → →
∇ ×  e − j K  r E 0  = ∇ e − j K  r × E 0 + e − j K  r ∇ × E 0 = − jω μ H ( 2.47)
 

Para onda plana uniforme, E 0 é constante com relação à (x, y, z) e, portanto,


∇ × E 0 = 0. (2.48)

Verifica-se também que,

→ →
− j [ xK x + yK y + zK z ]  ∧ ∧ ∧
 → → → → →

∇ e − j K  r = ∇e = − j K x x + K y y + K z z  e − j K  r = − j K e − j K  r (2.49)
 

Portanto, substituindo-se (2.48) e (2.49) em (2.47), obtém-se que

→ → → → →
− j K e − j K  r × E0 = − j ω μ H (2.50)
ou então,

43

→ → →
 →
K ×  E 0 e − j K  r  = ωμ H (2.51)
 

Finalmente, a partir de (2.44 a) e (2.51), conclui-se que

→ → →
ωμ H = + K × E ( 2.52)

→ → →
a qual revela que H é normal ao plano estabelecido por K e E .
De forma similar, a partir de (2.12b) e (2.44b), mostra-se que:


→ → →
 →
∇×H = ∇ ×  H 0 e − j K  r  = + jωε E
 
e assim
→ → →
ωε E = − K × H ( 2.53)

→ → →
indicando que E é normal ao plano H e K .
→ →
A conclusão a que se chega é que os campos E e H são perpendiculares entre si e à

direção de propagação K , conforme ilustrado na Fig. 2.3.

→ → →
Figura 2.3- Disposição do vetor H com relação ao plano formado por K × E .

Este tipo de onda é conhecida como TEM (transversal electromagnetic mode), ou,
onda eletromagneticamente transversal. Podem-se observar mais detalhes a respeito da
  
propagação dessas ondas através da Fig. 2.4 [2], para K paralelo a ẑ , e, H (ou B ) paralelo a
ŷ . Na figura percebe-se uma frente de onda plana, infinita e uniforme, no sentido matemático
 
(abstrato) estrito. Não se deve confundir o perfil senoidal, para o campo de e (ou de h ),
como sendo a onda propriamente dita; este tipo de diagrama especifica tão somente a maneira

44
que a magnitude e direção do vetor variam ao longo do espaço. A onda em si corresponde ao
 
plano infinito transladando-se no espaço, de acordo com (2.38), para K  r = K z .

Figura 2.4- Representação esquemática de uma onda eletromagnética plana e uniforme que
se propaga ao longo do eixo z.

Estudam-se, a seguir, algumas informações relevantes às ondas eletromagnéticas


(ondas planas) estudadas acima como, por exemplo, o comprimento de onda, impedância
intrínseca, e, as velocidades de fase, de grupo e de energia.

2.3.1 Comprimento de onda (λ)


→ →
Tomando-se, novamente, a fase total instantânea (2.39), φi = ω t − K  r , diferiam-se
ambos os seu membros em relação à r, obtendo-se

→ → →

dφi  d r d K →
= −  K + r (2.54)
dr  dr dr 
 

 
Como dK / dr = 0 (pois K independe de r) obtém-se, de (2.54):

 
Δφ i ≅ K  Δr (2.55)

→K
Na direção de propagação, tem-se que Δ r = Δr . Quando a diferença de fase é
K
igual a Δφ = 2π rad, a distância ao longo da direção de propagação é denominada de
comprimento de onda ( Δr = λ ). Com isso, (2.55) conduz a

45

→ K
K  λ = 2π (2.56)
K
ou

λ = (2.57)
K

onde K pode ser obtido a partir de (2.24), ou seja, K = ω με . Na Fig.2.5 ilustram-se

imagens que auxiliam na visualização (interpretação) de λ.

(a)

(b)
Figura 2.5 – Esboços de campo elétrico. a) Fluxo. b) Frentes de onda plana.

A relação K=2π/λ, medido em rad/m, é o correspondente espacial de ω=2π/ T, em


rad/s, no tempo. Assim, o comprimento de onda λ equivale ao período espacial da onda, em
correspondência ao período temporal, T.

46
2.3.2 Impedância Intrínseca (η) no meio dielétrico sem perdas

A relação (2.52) pode ser reescrita na forma:

   ∧ → →
K × E = ωεH  K ( K × E ) = ωμ H (2.58)

∧ →
onde K = K / K é o versor (vetor unitário) na direção de propagação. A partir daí obtém-se

 ωμ  Δ  ωμ
Kˆ × E = H = ηH  η= (2.59)
K K

 
A grandeza η tem dimensões de Ω (basta verificar: Kˆ × E = η H ), e depende apenas das
propriedades do meio numa dada frequência. Ela é denominada de impedância intrínseca
deste meio. Como K = ω με , então, (2.59) conduz a

μ
η= (2.60)
ε

um número puramente real (sistema sem perdas). No vácuo, tem-se:

μ0
η= = 120π ≅ 377 Ω (2.61)
ε0

 
Observando-se (2.59) conclui-se que, dado um campo E , pode-se calcular H a partir
do valor de η do meio.
  
Além disso, a partir de (2.59), tem-se também que Kˆ × E = E = η H , e assim


E E
η=  = (2.62)
H H

 
A impedância intrínseca do meio expressa a relação entre as magnitudes de E e H , e
assim, um valor puramente real não está relacionada à dissipação de potência (como no caso
de uma resistência elétrica ou ôhmica, na teoria de Circuitos Elétricos), uma vez que o meio
não tem perdas. Na realidade, se houvessem perdas no meio, os valores de η seriam
complexos [1].

47
2.3.3 Velocidade de Fase ( vp )

Tomando-se por referência uma frente de onda qualquer, à medida que o tempo cresce,
a projeção rγ , conforme representado na Fig. 2.2, tem de crescer, para se obter uma superfície

equifásica. Usando-se (2.39), novamente,

→ →
φ i = ω t − K  r = cte.  ω t − K rγ = cte. (2.63)


A frente de onda se desloca na direção de K com velocidade igual à taxa de variação de rγ

no tempo. Assim, derivando-se (2.63) em t:

drγ drγ ω
ω−K =0  vp = = (2.64)
dt dt K

A velocidade vp é denominada velocidade de fase, e corresponde a velocidade na qual


um observador (movendo-se com a onda) deve sentir a fase constante em todos os instantes,
como no esquema mostrado na Fig. 2.6 [3]. No exemplo da figura, considera-se que o
observador percebe φi = −5π / 2 rad, constante. Então, o ponto P, em t=0, corresponde a

φi = ω 0 − βx = −5π / 2 rad, constante, ou seja, encontra-se em βx = 5π / 2 rad. Em t = T/4,


2π T
tem-se que φi = − β x = −5π / 2  β x = 6π / 2 = 3π rad. Em t=T/2, tem-se
T 4
2π T
φi = − β x = −5π / 2  βx = 7π / 2 rad. E assim por diante.
T 2

Figura 2.6 – Velocidade de fase.

48
No vácuo tem-se que: K = ω μ0ε 0 , e portanto:

ω ω 1
vp = =  vp = =c (2.65)
K ω μ 0ε 0 μ0ε 0

1
Substituindo-se os valores de μ0 e ε0 se obtém c = = 3 × 10 8 m/s, a
−7
1
4π × 10 × 10 −9
36π
velocidade da luz no vácuo.
Retornando a (2.57) e usando-se (2.64) obtém-se

2π 2π f ω vp vp
λ= = = = λ = (2.66)
K K f K f f f

No vácuo, tem-se vp=c, e então:

c
λ = (2.67)
f

2.3.4 Velocidade do Grupo (vg)

Normalmente, um sinal de informação é composto por uma banda de frequência, cujo


"pacote" completo se propaga no meio com velocidade de grupo. Na Fig.2.7a) ilustra-se um
pacote composto pela superposição de duas ondas planas com frequências levemente
diferentes. A velocidade de grupo representa a rapidez de deslocamento da envoltória da onda
eletromagnética resultante deste pacote, conforme esquematizado na Fig.2.7 b).
A velocidade de grupo é um parâmetro essencial no caso de linhas de comunicação
onde as ondas são guiadas como, por exemplo, em comunicação digital por fibras ópticas.
Nesse caso, ela informa sobre a velocidade com que o sinal de informação se propaga. Com
um pouco de esforço, é possível mostrar que a velocidade de grupo para um sinal em banda
estreita vale [4]:
−1
dω  dK 
vg = =  (2.68)
dK ω =ω0  dω ω =ω0 

para uma mensagem cuja banda de frequência esta centrada em ω = ω 0 .

49
Figura 2.7 – Velocidade de grupo (envoltória) versus velocidade de fase (de pico).

No caso de onda plana não guiada propagando-se em meio isotrópico, ocorre


K = ω με , e assim, dK / dω = με . Daí, aplicando-se (2.68), resulta que

v g = 1 /(dK / dω ) = 1 / με = v p , ou seja, vp e vg são iguais. Isto acontece no caso de

propagação de ondas TEM, mas não em casos de guias de ondas como a fibra óptica.

2.3.5 Velocidade da Energia (ve)

A velocidade da energia (ve) corresponde à velocidade com que a energia se desloca


no meio à medida que a onda se propaga. Mesmo no caso monocromático (única frequência),
existem meios onde ve é diferente de vp como, por exemplo, em meios que exibem anisotropia
dielétrica. Esta situação encontra-se ilustrada na Fig.2.7, onde um feixe óptico TEM desloca-

se diagonalmente em relação à direção de propagação ( K ).
Embora este assunto não seja tratado com profundidade neste curso, é possível mostrar
que [5]

50
J
S AV W /m 2
s m2 m
ve = , = = (2.69)
W AV J / m3 J s
2
m

onde S AV é o valor médio do vetor de Poynting e W AV é valor médio da densidade de energia


da onda.

Figura 2.7- Diferença entre a Velocidade de Energia e Velocidade de fase.

O vetor de Poynting médio é definido por

→ → *  1 1 E2
S AV
1 * 1
{
= Re  E × H  = Re E H = Re{E
2
E*
η
}=
2 η
} (2.70)
  2 2

   
na qual foram usados E ⊥ H , o que conduz a E × H * = E H * sen(90 0 ) = E H * , e também,

E
H= , (2.71)
η

no caso de meio isotrópico e sem perdas.


Além disso, sabe-se, do eletromagnetismo [2, 3], que o valor médio da densidade de
energia vale
1 1
WAV = (WE)AV + (WH)AV = ε E2 + μ H 2 (2.72)
4 4

51
No caso de meio dielétrico, sem perdas e isotrópico, a equação (2.69), em conjunto
com (2.70) a (2.72), conduzem a:
1 E2
2 η 1 E2 1 E2 4η 2
ve = = = 
1 2 1 E
2
2 η η 2 εE 2 + μE 2 2η (η 2 ε + μ ) E 2
εE + μ  
4 4 η  4η 2

μ μ
2 2
2η ε = ε = 1
ve = = = vp (2.73)
μ +η ε
2
μ 2μ με
μ + .ε
ε
Ou seja, no caso de onda TEM propagando-se em meio isotrópico, as três velocidades (de
fase, de grupo e da energia) são iguais entre si.

2.4 POLARIZAÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

A polarização de ondas eletromagnéticas fornece informações sobre a orientação dos


vetores de campo à medida que se propagam no meio. Geralmente, toma-se como referência a

orientação do campo elétrico E . A orientação do campo magnético é deduzida a partir desta.

Assim, o vetor E0 dado em (2.36) fornece informação sobre a polarização da onda (sendo um
caso particular de polarização linear).
Para classificação dos tipos de polarização, considera-se um plano normal à direção de
propagação, sobre o qual é projetada a extremidade do vetor campo elétrico em todos os
instantes [5]. Desta forma têm-se as polarizações elíptica, circular e linear.

2.4.1 Polarização Elíptica

Nesta situação, a projeção do vetor campo elétrico sobre o plano normal à direção de
propagação descreve uma elipse, conforme mostra a Fig. 2.8. Para analisar este caso,
decompõe-se a onda resultante em termos de duas ondas planas uniformes de mesma
frequência, porém, com fases, amplitudes e direções dos campos diferentes, mas não
arbitrárias. Para um campo elétrico se propagando na direção +z, tem-se:


 ∧ ∧

E =  E x x + E y e jφ y  e − j K . z (2.74)
 

52
Figura 2.8- Polarização Elíptica da Onda Eletromagnética.

Conforme discutido na seção 2.1.1, a forma instantânea do campo elétrico pode ser
obtida a partir da fasorial através de


{ }

e = Re{ E e jω t } = Re [ E x xˆ + E y e jφ yˆ ]e − j Kz e j ω t (2.75)

Em um plano normal à direção de propagação como, por exemplo, o plano z = 0, as


componentes de campo no domínio temporal, e x e e y , ficam como

e x = E x cos(ωt ) (2.76 a)

e y = E y cos(ωt + φ ) (2.76 b)

correspondentes às equações paramétricas da elipse.


A fim de demonstrar a afirmação acima de forma mais clara, considere-se a seguinte
relação, obtida a partir de (2.76 a):

ex
= cos ωt (2.77)
Ex

a partir da qual se pode calcular

2
e 
senωt = ± 1 −  x  (2.78)
 Ex 

Por outro lado, a partir de (2.76b), obtém-se

53
ey
= cos(ωt ) cos φ − sen (ωt ) senφ (2.79)
Ey

e assim, subtraindo-se (2.79) de (2.77), e, usando-se os valores de cos ωt e senωt de (2.77) e


(2.78), vem:

 ex   ey 
   −   = cos ωt − cos ωt cos φ + senωt senφ
 
 Ex   Ey 

  e x  
2
ex 
= (1 − cos φ ) + ± 1 −    senφ (2.80)
Ex   E x  

Reagrupando-se os termos de (2.80), obtém-se

 e y    e x  
2
 ex 
   cos φ −   = ± 1 −    senφ (2.81)
E   E 
 Ex   y    x  

Elevando cada membro de (2.81) ao quadrado, vem


2
 ex 
2
e   e    
2

  cos 2 φ +  y  − 2 e x   y  cos φ = 1 −  e x   sen 2φ 
E  E E  
 Ex   y   x y    E x  

2 2
e  e  ee
  x  +  y  − 2 x y cos φ = sen 2φ (2.82)
E 
 Ex   y Ex E y

a qual corresponde a uma elipse centrada na origem. Contudo, a presença da parcela


contendo o produto (ex, ey) indica que os eixos principais dessa elipse encontram-se
inclinados em relação ao sistema de coordenadas geométricas, conforme ilustrado na Fig. 2.9.
Sejam (x’, y’) eixos coordenados alinhados com os eixos principais da elipse. Nos
próximos parágrafos, determina-se o ângulo de rotação θ do sistema (x’,y’) em relação ao
sistema (x,y). Com o auxílio da Fig. 2.9, podem-se derivar as seguintes relações

e x = e x' cos θ − e 'y senθ (2.83 a)

e y = e x' senθ − e 'y cos θ (2.83 b)


onde e’x e e’y são as coordenadas do vetor e no sistema (x’,y’).

54
Figura 2.9- Projeções do vetor campo elétrico de acordo com a elipse centrada na origem.

No sistema (x’,y’) a elipse encontra-se alinhada com os eixos geométricos e, portanto,


não devem aparecer termos contendo produtos e’x e’y. Desta forma, o ângulo θ pode ser
calculado substituindo-se (2.83 a) e (2.83 b) em (2.82), e impondo-se que o termo contendo
produto cruzado seja identicamente nulo. Executando estas operações, obtém-se finalmente

2 E x E y cos φ
tg 2θ = (2.84)
E x2 − E y2

2.4.2 Polarização Circular

Na polarização circular, a projeção do campo elétrico descreve um circulo sobre um


plano normal à direção de propagação. Trata-se de um caso particular de polarização elíptica,
onde as componentes têm a mesma amplitude, são perpendiculares entre si e defasadas de
±π/2 rad. Ou seja

E x = E y = E0 , φ = ±π 2 (2.85)


Desta forma, tem-se e ± j φ = e ± j π 2 = ± j , e, (2.74) conduz a E = [ E x xˆ + E y e ± jφ yˆ ]e − jKz =

[ E0 xˆ ± jEo yˆ ] e − jKz , e daí, e x = E x cos(ωt ) = E 0 cos(ωt ) e e y = E y cos(ωt ± π / 2) =

 E0 sen(ω t ) . Assim:

55
→ ∧ ∧
 E = E0 ( x ± j y ) e − j K . z
 2 2 (2.86)
2
ex + e y = Eo

correspondente à equação de um círculo, conforme ilustra a Fig.2.10.

Figura 2.10 - Campo Elétrico polarizado de forma circular.

A forma instantânea do campo elétrico (2.86) é dada por:


e = Re{E 0 ( xˆ ± jyˆ ) e − jKz e jωt } = E 0 cos(ωt − Kz ) xˆ  E 0 sen (ωt − Kz ) yˆ (2.87)

Desta forma, o ângulo instantâneo θ, conforme mostrado na Fig.2.10 (não confundir


com o ângulo, entre eixos, mostrado na Fig. 2.9) é obtido a partir de

ey E 0 sen (ωt − Kz )
tgθ = = =  tg (ωt − Kz ) (2.88)
ex E 0 cos(ωt − Kz )


Extraindo-se o argumento de (2.88), determina-se o ângulo que o vetor e faz com o
eixo x. Observe-se que, no plano z = 0, tem-se que θ = ω .t
Os sinais (±) em (2.88) indicam que existem duas possibilidades de rotação do vetor
campo elétrico, nos sentidos horário ou anti-horário. Segundo a convenção do IEEE (Institute
of Electric and Electronic Engineering), o sentido de rotação deve ser estabelecido por um
observador que percebe a onda afastando-se de si. A rotação horária é denominada de
polarização circular a direita, e, uma rotação anti-horária e denominada de polarização
circular a esquerda.

56
_____________________________________________________________
Exemplo 2.1. Considere-se a seguinte onda polarizada circularmente

→ ∧ ∧
e = E 0 cos(ωt − Kz ) x − E 0 sen (ωt − Kz ) y

Determinar se ela está polarizada à esquerda ou à direita.

Solução: No plano z = 0 têm-se

→ ∧
ωt = 0  e = E 0 x
π → →
ωt =  e = E0 (− y )
2
Assim, a onda é circularmente polarizada à esquerda.
_____________________________________________________________

Portanto, para polarização circular no sistema de eixos desenhados acima, tem-se a


expressão geral:

→ ∧ ∧
e = E 0 cos(ωt ) x  E 0 sen (ωt ) y (2.89)

onde o sinal (−) está associado à polarização à esquerda e (+) com polarização à direita.

2.4.3 Polarização Linear

Na polarização linear, a direção do campo elétrico não se modifica à medida que a


onda propaga-se no espaço. Trata-se de mais um caso particular de onda elíptica, onde as
componentes têm amplitudes arbitrárias e estão defasadas entre si de (mπ). Assim, (2.74)
torna-se
→ ∧ ∧
E = ( E x x ± E y y ) e − j K .Z (2.90)

correspondente à forma instantânea (2.82), fazendo cos φ = cos(mπ ) e senφ = sen(mπ ) = 0 :

57
2 2 2
 ex   e y  ee e e 
  +   ± 2 x y = 0   x ± y  = 0
  E 
 Ex   E y  Ex E y  x Ey 
Ey
 ey = ± ex (2.91)
Ex

a equação de uma reta no plano ( e x , e y )

2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Collin, R.E., Foundations for Microwave Engineering, 2nd. Edition, McGraw-Hill, 1992,
924p.
[2] Johnk, C.T.A., Engineering Electromagnetic Fields and Waves, 2nd. Edition, John Wiley
& Sons, 1988, 637p.
[3] Krauss. J.D. & Fleisch, D. A., Electromagnetics with Applications, 5th. edition,
McGraw-Hill, 1999.
[4] Einarsson, G., Principles of Lightwave Communications, John Wiley & Sons, 1996.
[5] Yariv, A. & Yeh, P., Optical Waves in Crystals, New York, John Wiley & Sons, 1984.

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