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Ensino de Fı́sica Moderna — Relatividade

Procuraremos abordar vários tópicos de Relatividade Restrita segundo uma lógica que
assente em princı́pios básicos. Enfatizamos aspectos conceptuais, muitos deles subtis, que,
por vezes passam despercebidos ou aos quais simplesmente não é dada atenção numa
primeira abordagem da Teoria da Relatividade. Note-se, no entanto, que aos aspectos
matemático-formais também vai ser dada importância equivalente.
No final indica-se uma lista bibliográfica (as presentes notas são meros resumos de
algumas das aulas relativas à Teoria da Relatividade).

1o Grupo

Sumário: Referência à situação da Fı́sica nos finais do século XIX. As ondas electro-
magnéticas e o éter. Propriedades hipotéticas do éter. A experiência de Michelson-Morley.
Descrição dessa experiência e conclusões que dela se puderam retirar. Princı́pio da Rela-
tividade de Galileu e Transformações de Galileu. A não invariância da equação de onda
sob transformações de Galileu e a sua invariância sob transformações de Lorentz.

Resumo

Fez-se referência às equações de Maxwell (1864) que sintetizam as leis empı́ricas que
regem os fenómenos eléctricos e magnéticos. No caso de ausência de meios materiais e de
fontes, podem delas obter-se equações para o campo eléctrico, E, e, separadamente, para
o campo de indução magnética, B. Em ambos os casos tratam-se de equações de onda

1 ∂2φ ∂2φ ∂2φ ∂2φ


− − 2 − 2 =0 (1)
c2 ∂t2 ∂x2 ∂y ∂z
com φ qualquer das componentes cartesianas do campo E ou do campo B. Estas ondas
propagam-se com velocidade c = (²0 µ0 )−1 , sendo ²0 e µ0 a permitividade e a permeabili-
dade do vazio. Introduzindo os valores experimentais de ²0 e de µ0 obtém-se c = 3 × 108
m/s, que é a velocidade da luz, o que levou Maxwell a conjecturar que a luz era afinal uma
onda electromagnética. De resto, o carácter ondulatório da luz há muito que tinha sido
estabelecido. Tratava-se agora de fazer uma afirmação sobre a natureza dessas ondas.
No contexto referido, a necessidade de introdução de um meio onde as ondas se propa-
gassem — o éter — parecia evidente. As ondas então conhecidas propagavam-se, todas
elas, em meios materiais. Não era verosı́mil, na época, admitir que as ondas electroma-
gnéticas pudessem escapar a esta regra. Mas a existência do éter tinha uma consequência
importante e iniludı́vel: a velocidade da luz só seria c em relação ao referencial do éter.
Noutros referenciais de inércia seria, decerto, diferente de c. Como c estava intimamente

1
ligada às constantes ²0 e µ0 , variando a velocidade da luz variavam também estas cons-
tantes fundamentais e, concomitantemente, as leis da electricidade e do magnetismo não
poderiam ser as mesmas em todos os referenciais inerciais!
A experiência de Michelson-Morley, realizada em 1887, pretendeu pôr em evidência a
existência, ou não, do referencial inercial absoluto. Descreveu-se esta experiência com al-
gum pormenor (ver Apndice sobre o deslocamento das franjas de interferência). Explicou-
se sucintamente o funcionamento do interferómetro utilizado por Michelson e Morley e
sublinhou-se o aspecto crucial de a experiência tirar partido do facto de a Terra se deslo-
car no seu movimento de translação à velocidade de 30 km/s. A experiência permitiu
concluir que não há “vento de éter” (o éter não existe) e a transformação de Galileu foi
posta em causa.
Reviu-se o conceito de referencial inercial e o princı́pio da relatividade de Galileu que
se enuncia: as leis da Mecânica são as mesmas em todos os referenciais de inércia.
Referiu-se a importância de um tal princı́pio, segundo o qual as leis da Mecânica devem
ser as mesmas na Terra ou em qualquer outro sı́tio do Universo. A universalidade das leis
fı́sicas, assegurada no caso da Mecânica por aquele princı́pio, foi de facto apontada pela
primeira vez por Galileu. Na realidade, Galileu usou a sua luneta para observar as sombras
das montanhas da Lua e, correlacionando a direcção dessas sombras com a luz do Sol, pôde
concluir que as leis para o aparecimento das sombras são as mesmas na Lua e na Terra.
Esta foi a primeira verificação de um princı́pio de relatividade o qual, como se sabe, está
na base das ciências fı́sicas tal como as conhecemos.

Introduziram-se depois, formalmente, as transformações de Galileu,

t0 = t (2)
x0 = x − vt (3)
y0 = y (4)
z0 = z , (5)

que relacionam as coordenadas espácio-temporais de um acontecimento no sistema S com


as coordenadas do mesmo acontecimento no sistema S0 com este a mover-se com velocidade
constante ~v = v î relativamente a S, como se mostra na Figura. Sublinhou o carácter linear
das transformações de Galileu. Escreveu-se a matriz da transformação, G, que exprime
o conjunto de equações lineares (2)-(5). Obteve-se a matriz inversa usando os métodos
da álgebra para inverter o conjunto de equações lineares (2)-(5) e usando um método
unicamente baseado na intuição fı́sica: a matriz inversa corresponde à transformação
inversa pelo que basta fazer v → −v nos elementos da matriz G para obter os de G −1 . Este
exercı́cio, que é de grande simplicidade no caso da transformação de Galileu, serviu para
exemplificar como se procede no caso da transformação de Lorentz ou de outra qualquer

2
y y ' S '
S
v
r

x x '
z z'

Figure 1: Referenciais de inércia S e S0 .

transformação linear (que corresponda a uma operação fı́sica) quando se pretenda obter a
transformação inversa.
Demonstrou-se, a seguir, a não invariância da equação de onda (1) perante trans-
formações de Galileu, exercı́cio que aqui se recorda.
Como (1) é uma equação diferencial nas coordenadas espaciais e no tempo, temos de
obter as leis de transformação das derivadas. Assim, para a derivada em ordem a t,

∂ ∂ ∂t0 ∂ ∂x0 ∂ ∂y 0 ∂ ∂z 0
= 0 + 0 + 0 + 0 . (6)
∂t ∂t ∂t ∂x ∂t ∂y ∂t ∂z ∂t

Efectuando as derivadas parciais no membro direito desta equação usando (2)-(5) obtém-se

∂ ∂ ∂
= 0 −v 0 . (7)
∂t ∂t ∂x
De modo análogo se obtém

∂ ∂ ∂t0 ∂ ∂x0 ∂ ∂y 0 ∂ ∂z 0 ∂
= 0 + 0 + 0 + 0 = , (8)
∂x ∂t ∂x ∂x ∂x ∂y ∂x ∂z ∂x ∂x0
e
∂ ∂ ∂ ∂
= 0, = 0. (9)
∂y ∂y ∂z ∂z
A equação de onda é uma equação diferencial de segunda ordem pelo que é necessário
encontrar as leis de transformação para as derivadas de segunda ordem. As segundas
derivadas em ordem a x, a y e a z obtêm-se directamente de (8) e (9):

∂2 ∂2 ∂2 ∂2 ∂2 ∂2
= , = , = . (10)
∂x2 ∂x02 ∂y 2 ∂y 02 ∂z 2 ∂z 02

De (7) determina-se a segunda derivada em ordem a t:


µ ¶µ ¶
∂2 ∂ ∂ ∂ ∂ ∂2 2 ∂
2 ∂2
= −v 0 −v 0 = + v − 2 v . (11)
∂t2 ∂t 0 ∂x ∂t 0 ∂x ∂t02 ∂x02 ∂x0 ∂t0

3
Finalmente, substituindo (10) e (11) em (1) a equação de onda transforma-se do seguinte
modo:
1 ∂2φ ∂2φ ∂2φ ∂2φ
− − 2 − 2 =0 →
c2 ∂t2 ∂x2 ∂y ∂z
1 ∂2φ ∂2φ ∂2φ ∂2φ v2 ∂ 2φ 2 v ∂2φ
→ − − − + − = 0. (12)
c2 ∂t02 ∂x02 ∂y 02 ∂z 02 c2 ∂x02 c2 ∂x0 ∂t0
A equação de onda não fica invariante sob transformações de Galileu devido à presença
dos dois últimos termos.
A transformação que deixa invariante a Eq. (1) é a transformação de Lorentz que se
escreve:

t0 = γ(t − βx/c) (13)


x0 = γ(x − βct) (14)
y0 = y (15)
z 0 = z, (16)

onde

β = v/c (17)
1
γ = p . (18)
1 − β2

Bibliografia recomendada

1. A. Beiser, Perspectives of Modern Physics, Mc. Graw Hill, Inc., New York, 1969.
A. Beiser, Concepts of Modern Physics, 5a ed., Mc. Graw Hill, Inc., New York, 1995.

2. Harris Benson, University Physics, revised edition, John Wiley & Sons, Inc., New
York, 1996.

3. Jorge Dias de Deus, Mário Pimenta, Ana Noronha, Teresa Peña e Pedro Brogueira,
Introdução à Fı́sica, Segunda edição, Mc. Graw-Hill de Portugal, Lisboa, 2000.

4. R. M. Eisberg, Fundamentals of Modern Physics, John Wiley & Sons, Inc., New
York, 1961

5. A. P. French, Special Relativity, Chapman & Hall, London, 1968.

6. David Halliday e Robert Resnick, Fundamentos de Fı́sica, Livros Técnicos e


Cientı́ficos Editora, Lta., Rio de Janeiro, 1991.

7. P. A. Tipler, Elementary Modern Physics, Worth Publishers, New York, 1992.

4
Apêndice: previsão clássica sobre o “deslocamento” das franjas de interferência na
experiência de Michelson-Morley

A figura seguinte representa o dispositivo utilizado por Michelson e Morley com uma
fonte luminosa, dois espelhos, A e B, e um “semi-espelho” colocado em O (parte da luz
é reflectida e parte é transmitida). A observação das figuras de interferência da luz
proveniente de A e de B é feita em C. Vamos fazer um estudo utilizando o referencial
do interferómetro pelo que o vector v representa a velocidade do hipotético éter em
relação a este referencial. Designamos por c a velocidade da luz relativamente ao
hipotético éter.

B
v

luz
O A

O tempo que decorre desde que a luz passa em O até que volte a chegar a O, depois de
ter sido reflectida no espelho A é
lA l 2l c 2l 1
tA = + A = 2 A 2 = A
c−v c+v c −v c v2
1− 2
c
Para os percursos OB ou BO , o módulo da velocidade da luz no referencial do

interferómetro é1 c 2 − v 2 (ver figura)

1
Estamos sempre a considerar, obviamente, a combinação clássica das velocidades.
pelo que o tempo total nos dois percursos é

2l B 1
tB =
c v
2

1−
c
Devido à diferença dos tempos, tA e tB,

2 lA lB
δ = tA − tB = 2

c v v
2
1− 1−
c c

vai aparecer uma determinada figura de interferência visualizada em C numa certa


posição de um alvo.

Como v << c (de facto v ≈ 30 km/s , a velocidade linear de translação da Terra e


c ≈ 300 000 km/s ) podemos usar na expressão anterior o seguinte desenvolvimento em
série: (1 ± x ) = 1 ± nx + ... Assim,
n

2 2
1 1 v 1 v
≈1+ ; 2
≈1+
v
2 2 c v c
1− 1−
c c

donde

2 l v2 l v2
δ= lA − lB + A 2 − B 2 .
c c 2c

Rodemos agora o interferómetro de 90º, por exemplo, no sentido anti-horário, tal como
fizeram Michelson e Morley. Passamos a ter
2l A 1 2l B 1
t' A = e t' B = 2
c v
2 c v
1− 1−
c c
e, agora,

2 l v2 l v2
δ ' = t' A −t' B = lA − lB + A 2 − B 2
c 2c c

a que corresponde uma figura de interferência semelhante à anterior mas deslocada


horizontalmente relativamente àquela. Esse deslocamento horizontal é determinado pela
diferença
v2
δ − δ ' = (l A + l B )
c3
O deslocamento horizontal esperado das franjas de interferência (em unidades de
comprimento de cada franja − L na figura anterior) é
δ −δ' (l A + l B )v 2
∆N = =
T λc 2
sendo T e λ , respectivamente, o período e o comprimento de onda da luz utilizada.
Para o interferómetro de Michelson-Morley, l A = l B = 11 m e o comprimento de

onda da luz era λ = 5000 Å= 5 × 10 −7 m. Como v = 3 × 10 4 m/s e v = 3 × 10 8 m/s, obtém-se


∆N = 0,44

A instrumentação utilizada por Michelson e Morley permitia discernir deslocamentos da


ordem de 0,005 comprimentos de franja. O valor previsto, no pressuposto de adição
clássica das velocidades, era 88 vezes superior ao mínimo que podia ser detectado. Ora,
não era observado qualquer deslocamento da figura de interferência, tal como o
indicado na figura anterior, quando se rodava o interferómetro e tal facto não se podia
atribuir a falta de sensibilidade do dispositivo experimental.
Ensino de Fı́sica Moderna — Relatividade

2o Grupo

Sumário: Consequência das transformações de Lorentz: a constância da velocidade da


luz em todos os referenciais de inércia. Postulados de Einstein da Relatividade Restrita. O
“acontecimento” como um ponto num diagrama espaço-tempo. Sincronização de relógios.
Consequências dos postulados de Einstein: dedução, com base em “experiências mentais”,
da fórmula da dilatação do tempo e da contracção do espaço. Tempo próprio e compri-
mento próprio. Dedução das fórmulas da dilatação do tempo e da contracção do espaço
a partir das expressões matemáticas que traduzem as transformações de Lorentz. Trans-
formação de Lorentz e transformação de Lorentz inversa. Dedução das transformações
das velocidades em Teoria da Relatividade. Análise dos casos particulares v = 0, v ¿ c e
u0x = c, u0y = u0z = 0.

Resumo

Exploraram-se os aspectos matemáticos das transformações de Lorentz para concluir


que, se num dado referencial de inércia S a lei do movimento é x = ct, obtém-se noutro
referencial de inércia S’ que se desloque em relação ao primeiro com velocidade v ao longo
do eixo comum x − x0 , a lei do movimento x0 = ct0 . Esta conclusão, aqui apresentada
com um carácter matemático, facilita a apresentação do segundo postulado de Einstein:
a velocidade da luz no vazio é a mesma em todos os referenciais de inércia. O primeiro
postulado — as leis da Fı́sica são as mesmas em todos os referenciais de inércia — é uma
generalização do princı́pio de relatividade de Galileu (1o grupo). Muitos autores optam por
apresentar primeiro os postulados de Einstein, para, a partir deles, obter as transformações
de Lorentz. Sublinhamos que a estratégia que seguimos é diferente: apresentámos as
transformações de Lorentz como o conjunto de transformações que deixam invariantes as
leis do electromagnetismo mas não as da mecânica clássica. Assim sendo, era óbvia a
necessidade de se construir uma nova mecânica cujo quadro axiomático seria fornecido
por Einstein1 .
Como consequência da relatividade do tempo é evidente a necessidade de descrever um
“acontecimento” por três coordenadas espaciais mais uma temporal. Insiste-se que são as
transformações de Lorentz que permitem passar da descrição de um acontecimento num
certo referencial de inércia para a sua descrição noutro referencial de inércia.
1
Houve autores que pretenderam retirar a Einstein o mérito de ter sido o principal obreiro da Teoria
da Relatividade. A este propósito são de citar as palavras de E. T. Whittaker (in “History of the Theories
of Aether and Electricity”): “In the autumn of 1905 Einstein published a paper which set forth the
relativity theory of Poincaré and Lorentz with some amplifications, and which attracted much attention”.
Estas palavras são, no mı́nimo, injustas. Desde bem cedo todos reconheceram que o trabalho de Einstein
sobrelevava o dos eminentes cientistas que o antecederam.

1
Estabelecida a necessidade de o tempo ter sempre de figurar na “localização” de um
acontecimento, impõe-se que todos os pontos num certo referencial estejam “equipados”
com um relógio. Descreveu-se a maneira de sincronizar os relógios ligados ao mesmo
referencial de inércia. A sincronização de relógios permite uma clara percepção de que
olhar para mais longe é olhar para mais cedo!
Recorremos depois às habituais “experiências mentais” para, a partir da constância
da velocidade da luz no vazio em todos os referenciais de inércia, deduzir a expressão da
dilatação do tempo e a da contracção do espaço. Introduziu-se o conceito de intervalo de
tempo próprio como o intervalo de tempo que decorre entre dois acontecimentos que têm
lugar no mesmo ponto de um certo referencial de inércia, sendo por isso medido com o
mesmo relógio. Para obter a fórmula da contracção de Lorentz-Fitzgerald recorreu-se ao
exemplo clássico de uma régua em repouso ao longo do eixo x0 no referencial S’, sendo
L0 o seu comprimento próprio, que depois é medida no referencial S com comprimento
p
L = L0 1 − β 2 .
No contexto da dilatação do tempo muitos autores fazem referência ao chamado “para-
doxo dos gémeos”. Julgamos, contudo, que a apresentação desse exemplo com uma
situação que só é convenientemente descrita usando referenciais acelerados, só confunde e
nada esclarece.
Fez-se uma nova dedução da fórmula da contracção do espaço considerando agora a
régua parada em S (onde o seu comprimento é L0 ) a qual é depois medida no referencial
p
S’ com comprimento L = L0 1 − β 2 . Serve esta nova “experiência mental” para pôr em
evidência a reciprocidade do efeito da contracção do espaço (o mesmo acontece relativa-
mente à dilatação do tempo) e para destacar o facto de o comprimento próprio não ser
um atributo de um referencial mas antes uma caracterı́stica intrı́nseca de um objecto.
Obtiveram-se as expressões para a transformação de Lorentz inversa usando apenas a
intuição fı́sica, ou seja, fazendo a mudança x → x0 , x0 → x (onde x e x0 designam aqui
quaisquer das coordenadas espácio-temporais) e v → −v.
Tendo explorado os postulados de Einstein para deduzir as expressões cinemáticas
da “dilatação do tempo” e da “contracção do espaço”, mostrou-se, por fim, como essas
fórmulas estão contidas nas transformações de Lorentz (ver Apêndice)
A partir das tranformações de Lorentz, agora para diferenças infinitesimais de coor-
denadas, obtiveram-se as transformações relativistas para as componentes da velocidade.
Obtiveram-se as transformações que permitem passar das componentes da velocidade de
uma partı́cula em S’, (u0x , u0y , u0z ), para as componentes da velocidade da partı́cula em
S, (ux , uy , uz ), e também as transformações inversas destas. Viram-se os limites não-
relativista ou clássico (v ¿ c) e ultra-relativista (ux ∼ c) dessas transformações. Estes
exercı́cios ajudam a compreender as transformações das velocidades pois permitem, por um
lado, mostrar que elas contêm a tranformação de Galileu e, por outro lado, ao mostrarem
que estão de acordo com o segundo postulado de Einstein, põem em evidência a coerência
da teoria.

2
Apêndice: a dilatação do tempo, a contracção do espaço e as transformações de
Lorentz

Se um intervalo de tempo ∆t 0 é próprio no referencial S', em S o correspondente


intervalo de tempo é
∆t 0
∆t = (1)
2
v
1−
c

y y' S'
S
v

x x'

Como ∆t > ∆t 0 a expressão (1) traduz o que se designa habitualmente por "dilatação do
tempo".
Se em S um objecto que está em repouso mede L0 segundo a direcção do eixo
dos xx' (L0 é um comprimento próprio), o seu comprimento medido em S é
2
v
L = L0 1 − (2)
c

Como L < L0 a expressão (2) traduz o que se designa habitualmente por "contracção do
espaço" (ou contracção de Lorentz ou contracção de Lorentz-Fitzgerald).
Tanto (1) como (2) estão, naturalmente, contidas nas transformações de Lorentz
(o segundo grupo corresponde à transformação inversa):
x' = γ ( x − vt ) (3a ) x = γ (x'+vt ') (4a )
y' = y (3b ) y = y' (4b )
z' = z (3c ) z = z' (4c)
x x'
t' = γ t − β (3d ) t = γ t '+ β (4d )
c c
Consideremos dois acontecimentos, 1 e 2, e o intervalo de tempo entre eles dado por
(4d):
γβ
t 2 − t1 = γ (t ' 2 −t '1 ) + (x' 2 − x'1 )
c
Se em S' t' 2 −t'1 for um intervalo de tempo próprio, i.e. se t' 2 −t'1 = ∆t 0 , então x' 2 − x'1 = 0
pois um tempo próprio é medido com um só relógio. Designando t 2 − t1 = ∆t , obtém-se
∆t = γ∆t 0 que é a expressão (1). A dilatação do tempo está, portanto, contida nas
transformações de Lorentz.
Considere-se agora (3a) aplicada a dois acontecimentos. Podemos escrever
x' 2 − x'1 = γ (x 2 − x1 ) − γv(t 2 − t1 )

Se x' 2 − x'1 for um comprimento próprio em S', podemos designá-lo por L0 = x' 2 − x'1 . O
corresponde comprimento em S, o qual tem de ser medido num mesmo instante ( t1 = t 2 )
é L = x 2 − x1 e, portanto L = L0 / γ , que é a expressão (2). A contracção do espaço está,
portanto, contida nas transformações de Lorentz.
Ensino de Fı́sica Moderna — Relatividade

3o Grupo

Sumário: O tetravector que localiza um acontecimento no espaço-tempo. Norma desse


tetravector e sua invariância sob transformações de Lorentz. Métrica de um espaço. O
espaço de Minkowski e sua métrica não definida. Referência à possibilidade de utilização
de uma métrica positiva definida com componente temporal imaginária pura. Tetravector
do tipo espaço, do tipo tempo e do tipo luz. Cone de luz. Critério para aferir relações
de causalidade entre dois acontecimentos. Momento linear relativista. Massa relativista.
Variação da massa com a velocidade: m = γ m0 . Verificação que força e aceleração não
são proporcionais. Obtenção da fórmula relativista para a energia, E = m c2 . Energia de
repouso. Energia cinética da partı́cula relativista. Relação entre energia e momento linear.
A massa em repouso como um invariante de Lorentz e leis de tranformação da energia e
do momento linear. O tetra-momento linear. Vectores contravariantes e covariantes no
espaço de Minkowski.

Resumo

Introduziu-se o tetravector xµ que localiza um acontecimento no espaço quadridimen-


sional do espaço-tempo. A partir das transformações de Lorentz obteve-se algebricamente
a igualdade (ct0 )2 − x0 2 − y 0 2 − z 0 2 = (ct)2 − x2 − y 2 − z 2 que permitiu introduzir o conceito
de “invariante de Lorentz” como uma quantidade que é deixada invariante sob trans-
formações de Lorentz. A norma de um tetravector no espaço de Minkowski, cuja métrica
não é definida, é um exemplo de um invariante de Lorentz. Fez-se um paralelo com o
caso da rotação num espaço euclideano tridimensional, operação que deixa invariante a
norma de um vector desse espaço. Mostrou-se que, em Relatividade, se pode manter uma
métrica do tipo euclideano mas à custa, por exemplo, da introdução de uma componente
temporal imaginária pura. Fez-se referência ao carácter contravariante e covariante de
tetravectores. No caso do tetravector que localiza um acontecimento, as componentes do
tetravector contravariante são xµ = (ct, −r) onde r é o vector posição no espaço tridimen-
sional. O tetravector covariante é dado por xµ = (ct, −r). Mostrou-se como o produto
escalar de dois vectores no espaço de Minkowski se podia ainda exprimir como uma soma
de produtos de componentes homónimas (sendo agora uma covariante e a outra con-
travariante). Apresentou-se seguidamente o chamado cone de luz em diagramas (x, ct)
e, com base nesse diagrama, o critério para averiguar relações de causalidade entre dois
acontecimentos.
Introduziu-se o conceito de momento linear relativista que, tal como na Mecânica
Clássica, é o produto de uma massa (ou melhor, de uma quantidade com dimensão de

1
massa) por uma velocidade. Através do conceito de momento linear chegou-se ao de
massa em repouso e ao de “massa relativista”1 .
Para obter a expressão m = γm0 considerou-se uma situação fı́sica concreta e que aqui
se expõe sucintamente2 (ver Apêndice). Considera-se em S’ um projéctil a ser disparado
na direcção y 0 , indo chocar contra um bloco de madeira, penetrando nesse bloco uma
distância L0 (comprimento próprio em S’). O momento linear da partı́cula é p0y = m0 u0y .
Em S, a distância que o projéctil penetrou tem exactamente o mesmo valor pois o segmento
de comprimento L0 é perpendicular à velocidade de S’ em relação a S. Como a penetração
foi a mesma num e noutro referencial, conclui-se que o momento linear em S e em S’ é o
mesmo. Como em S o momento linear é py = m uy , de py = p0y e de uy 6= u0y conclui-se
de imediato que m 6= m0 . A partı́cula tem então uma “massa efectiva” que depende do
referencial. Introduziu-se o conceito de massa em repouso, m0 , que é uma caracterı́stica
intrı́nseca de uma partı́cula. A quantidade m = γ m0 relaciona a “massa efectiva” com
a massa em repouso, e cresce indefinidamente quando v → c. Chama-se a atenção para
o facto de, apesar de a Teoria da Relatividade afirmar a existência de uma velocidade
máxima, certas quantidades que dela dependem, como o momento linear e a energia, não
terem limite superior.
A força é a variação temporal do momento linear: F = dp/dt. Sendo p = mu, e
sendo m dependente da velocidade, conclui-se que m não é o factor de proporcionalidade
entre força e aceleração. Por este motivo, alguns autores preferem não chamar massa
a m — ver nota de rodapé 1 — ao contrário de m0 que é, de facto, um parâmetro
de inércia. Como se verá na sequência da aula, não há necessidade estrita de utilizar
a grandeza m pois ela é proporcional à energia. A nossa dedução da famosa relação
E = m c2 baseia-se no teorema da energia cinética (ver Apêndice). Utiliza-se a definição
de momento linear e de força para se concluir que a energia de uma partı́cula é E = m c2
(que mostra a proporcionalidade entre energia e a grandeza m), que a energia cinética de
uma partı́cula livre é T = (m−m0 ) c2 e, finalmente, que a relação entre energia e momento
linear é E 2 = m20 c4 + c2 p2 . A partı́cula com massa possui pois uma energia “intrı́nseca”
(E0 = m0 c2 ).
Sublinhou-se depois a diferença entre energia cinética e energia total de uma partı́cula
livre.
Partiu-se da relação entre energia e momento linear, escrita na forma E 2 /c2 − p2 =
m20 c2 para se concluir que o lado direito desta expressão, sendo uma caracterı́stica
intrı́nseca de uma partı́cula, deve ser independente do referencial. A semelhança formal
1
É preferı́vel evitar esta designação e falar simplesmente em massa em repouso e em energia.
2
Reconhece-se que a estratégia mais expedita para introduzir o momento linear e a energia em Rela-
tividade seria utilizar o formalismo lagrangiano, tal como fazem Dias de Deus et al. em “Introdução à
Fı́sica”. Contudo esse formalismo não é conhecido de todos e também não cabe dá-lo nestas aulas sobre
Teoria da Relatividade.

2
entre o membro esquerdo da expressão anterior e expressão para o quadrado do tetravec-
tor que localiza um acontecimento no espaço-tempo sugere que (E/c, px , py , pz ) sejam as
componentes de um tetravector. Assim, a energia de uma partı́cula e as componentes do
seu momento linear no referencial S e no referencial S’ devem estar relacionados da mesma
forma que o estão as componentes espácio-temporais do tetravector que localiza um acon-
tecimento. Escreveram-se as equações de transformação da energia e das componentes do
momento linear.
Enunciaram-se os princı́pios da conservação da energia e do momento linear (alertando
para o facto de se tratarem de princı́pios gerais da Fı́sica e não propriamente de princı́pios
especı́ficos da Mecânica).

3
m0
Apêndice: Dedução de m = e de E = mc 2
2
v
1−
c

Recordemos as expressões relativas às transformações da velocidade:


2 y y' S'
v S
u' y 1 −
c u ' x +v v
uy = , ux = (1)
u' v u' v
1 + x2 1 + x2
c c O x O' x'

Considere-se a seguinte situação. Um observador em O’ dispara um projéctil com


velocidade u' y que embate num bloco, penetrando nele um certo comprimento l. Para o

observador em O a distância que o projéctil penetra no bloco é a mesma pois trata-se de


um comprimento de um segmento perpendicular a v . Os observadores em O e em O’
atribuem ao projéctil o mesmo momento linear:
p y = mu y = m' u ' y = p ' y

Como u ' x = 0 ,
2
v
u y = u' y 1− (2)
c

e portanto
m'
m= (3)
2
v
1−
c
Esta expressão mostra que a quantidade m (“massa” da partícula, que não deve ser
confundida com a massa em repouso ou simplesmente massa que é, essa sim, uma
característica da partícula) varia com a velocidade e sugere que, se for V a velocidade da
partícula num certo referencial de inércia, a relação entre a “massa” e a massa m0 seja
da forma
m0
m= (4)
2
V
1−
c
Esta expressão não está justificada. Para a justificar, vamos aplicá-la à situação descrita
do ponto de vista do referencial S’, do ponto de vista do referencial S e daí mostrar que
se obtém a expressão (3). Só então a expressão (4), que por enquanto é uma hipótese,
fica justificada.
Partindo então da hipótese (4) e aplicando-a ao referencial S’, temos
m0
m' = (5)
2
u' y
1−
c

designando por m0 a massa em repouso da partícula no referencial S’. Para o referencial


S,
m0
m= (6)
u x2 + u y2
1−
c2
pois em S a massa em repouso da partícula também é m0 (a massa em repouso é a
mesma em qualquer referencial − é uma característica intrínseca da partícula). Da
expressão (1) conclui-se que u x = v . Usando este resultado bem como (2) na expressão
(6) obtemos
m0 m0
m= = (7)
2 2 2 2
v u' y v u' y v
2
1− − 1− 1− 1−
c c c c c

Dividindo (5) por 7) membro a membro, obtemos


2
m' v
= 1−
m c
que é a expressão (3). Desta forma fica justificada a expressão (4).

Para deduzir a famosa relação E = mc 2 , recordemos a definição de força como a


variação do momento linear por unidade de tempo,

dp
F= ,
dt
e que a variação infinitesimal de energia cinética de uma partícula é igual ao trabalho
elementar realizado pela resultante das forças que sobre ela actuam quando o ponto de
aplicação se desloca de dr :
dp
dT = F ⋅ dr = ⋅ dr
dt
A variação da energia cinética por unidade de tempo (potência) é dada por
dT dp dr
= ⋅u u=
dt dt dt
1
Como u = p ainda podemos escrever:
m
2
dT 1 dp 1 d
= ⋅ p= ( p ⋅ p ) = 1 dp (8)
dt m dt 2 m dt 2 m dt
m0
Por outro lado, da expressão m' = podemos concluir que
2
u
1−
c
2

m 1−
2 u
c
( )
= m02 ⇔ m 2 c 2 − p 2 = m02 ⇔ p 2 = m 2 − m02 c 2 . (9)

Inserindo na expressão (8), obtém-se


dT
=
1 d
dt 2 m dt
m 2c 2 ( )
pois m0 é uma constante. Efectuando a derivada do lado direito da expressão anterior
obtém-se
dT d
=
dt dt
(
m c2 . )
Esta equação permite concluir que a variação da energia cinética é igual à variação da
quantidade m c 2 o que permite escrever

T = m c 2 + C te .
A determinação da constante de integração é imediata: quando T = 0 (partícula em
repouso) m c 2 tem de ser igual a m 0 c 2 . Portanto,

T = m c2 − m 0 c2

e interpreta-se m c 2 como a energia total de uma partícula livre:

E = m c2 = T + m 0 c2
(esta é a energia da partícula livre, ou seja para a qual a energia potencial é nula). A
expressão anterior mostra que há duas contribuições para a energia: uma é a energia
cinética (repetimos que não há energia potencial); a outra é uma energia intrínseca que
existe por a partícula ter massa m 0 .
A última expressão (9) permite escrever a energia em função do momento linear.
E 2 = c 2 p 2 + m02 c 4 .
A energia em função da velocidade escreve-se
m0 c 2
E= .
2
v
1−
c
Ensino de Fı́sica Moderna — Relatividade

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Postulados de Einstein da Teoria da Relatividade. Dilatação do tempo e


contracção do espaço. Transformações de Lorentz.

1. Uma fonte luminosa, localizada a 30 km de um local A, emite um “flash” que é


detectado exactamente ao meio dia. Que horas eram em A quando o “flash” foi
emitido?

2. Calcule a contracção de Lorentz do diâmetro da Terra (no plano da eclı́ptica) medido


por um observador estacionário em relação ao Sol. O raio da Terra é de cerca de
6370 km e a velocidade da Terra no seu movimento de translacção é de 30 km/s.

3. Uma barra com 1 m de comprimento faz um ângulo de 30o com o eixo O0 x0 . Qual
deverá ser a velocidade de S’ em relação a S (segundo x − x0 ) para que a barra faça
um ângulo de 45o relativamente ao eixo Ox, no referencial S?

4. Um cubo tem um volume próprio de 1 dm3 . Qual é o volume desse cubo medido por
um observador O0 que se move em relação ao cubo com velocidade 0, 8c ao longo de
uma direcção paralela a uma aresta.

5. Dois observadores, O e O0 , aproximam-se um do outro com velocidade 0, 6c. Se


O determina inicialmente que a sua distância a O0 é igual a 20 m, quanto tempo
decorrerá até que os dois observadores se encontrem?

6. O tempo de vida médio de um muão é de 2 × 10−6 s. Esta partı́cula pode ser


detectada na Terra, ao nı́vel do mar, e provém de decaimentos de outras partı́culas
que atingem a alta atmosfera (raios cósmicos). A velocidade tı́pica destas partı́culas
é 0, 998c. Qual é a distância percorrida pelos muões?

7. Numa base espacial encontra-se estacionada uma nave com 20 m de comprimento.


A nave parte para uma viagem e, quando atinge a velocidade de cruzeiro, é medida
a partir da base com um comprimento de 10 m. Qual é a velocidade da nave
relativamente à base? Qual é o comprimento da nave para os tripulantes que nela
se encontram?

1
8. As partı́culas de alta energia podem ser observadas no laboratório pela impressão
que deixam nas chapas fotográficas dos detectores. Uma partı́cula movendo-se à
velocidade de 0,995c produz um rasto de 1,25 mm. Qual é o tempo de vida da
partı́cula no seu referencial próprio?

9. A luz proveniente dos pontos da nossa galáxia que mais distam de nós demora cerca
de 105 anos a chegar. A que velovidade constante teria um ser humano de viajar
para lá chegar em 50 anos da sua vida?

10. A estrela Vega (α Lyr), está localizada a 26,4 anos-luz do Sistema Solar. Prepara-se
uma expedição a essa estrela utilizando veı́culos que se podem deslocar à velocidade
de 0, 7c mas pretende-se que durante a viagem os astronautas não envelheçam mais
de 20 anos.

a) Nestas condições a expedição será viável?


b) Do ponto de vista dos astronautas que se deslocam no veı́culo qual é a distância
Sol - Vega?

11. Um “flash” é emitido no ponto x = 100 km, y = 10 km, z = 1 km e t = 5 × 10−4 s.


Quais são as coordenadas x0 , y 0 , z 0 e t0 do acontecimento determinadas por O0 , que
se move relativamente a O com velocidade −0, 8c ao longo do eixo xx0 .

12. Suponha que um observador O determina para dois acontecimentos uma separação
espacial de 3, 6 × 108 m e uma separação temporal de 2 s. Qual é o intervalo de
tempo próprio entre os dois acontecimentos?

13. Considere uma partı́cula que se move relativamente a O0 com velocidade constante
c/2 no plano x0 y 0 , fazendo a sua trajectória um ângulo de 60o com o eixo x0 . Se a
velocidade de O0 relativamente a O é de 0, 6c na direcção x−x0 , encontre as equações
do movimento da partı́cula no referencial S.

Transformação das velocidades. Variação da energia com a velocidade.


Dinâmica relativista.

1. Um mesão K◦ em repouso decai em dois piões π + e π − , cada um com uma velocidade


igual a 0, 827c. Qual é a velocidade máxima de um pião proveniente do decaimento
de um kaão neutro que se desloca à velocidade 0, 6c?

2. Um núcleo radioactivo, que se desloca em relação ao laboratório com velocidade


constante 0, 5c, decai, emitindo um electrão com velocidade 0, 9c relativamente ao
núcleo. Calcular a velocidade desse electrão no laboratório nas seguintes situações:

2
a) A velocidade do electrão é segundo a direcção e sentido do movimento do núcleo.
b) A velocidade do electrão é perpendicular à direcção do movimento do núcleo
(no referencial deste).

3. Um corpo viaja da esquerda para a direita com velocidade 0, 7c relativamente ao


laboratório e um outro corpo viaja, ainda em relação ao laboratório, da direita para
a esquerda com velocidade 0.6c. Qual é a velocidade do segundo corpo medida a
partir do referencial em que o primeiro está em repouso?

4. O núcleo de átomo de hélio é constituı́do por dois protões e por dois neutrões, sendo
as massas do protão e do neutrão mp ' mn = 1, 67×10−27 kg e a massa do núcleo do
átomo de hélio mHe = 6, 64×10−27 kg. Verifique que não há conservação de massa
no processo de formação do hélio, e determine a energia libertada se se juntassem
dois protões e dois neutrões originando-se um núcleo de hélio em repouso.

5. A energia de uma partı́cula é exactamente o dobro da sua energia em repouso.


Calcular a sua velocidade.

6. Calcular as razões das massas de repouso de um electrão e de um protão que, partindo


do repouso, atravessam uma diferença de potencial de 107 V. Calcular as respectivas
velocidades.

7. Uma partı́cula tem energia cinética 65 MeV e momento linear 335 MeV/c. Calcular
a sua massa em repouso e a sua velocidade.

8. Uma partı́cula observada de um dado sistema de referência tem energia igual a 5


GeV e momento linear 3 GeV/c. Qual é a sua energia num sistema relativamente ao
qual o seu momento linear seja 4 GeV/c. Qual é a massa em repouso da partı́cula e
a velocidade relativa dos dois sistemas de referência.

9. Considere a colisão elástica de dois electrões estando um inicialmente em repouso


e tendo o outro energia cinética T . Depois do choque os electrões são emitidos
simetricamente. Verificar que (E0 é a energia do electrão em repouso)

cos 2θ = T +T4 E
0

10. Um electrão animado com velocidade v = cβ choca com um segundo electrão inicial-
mente em repouso. Sabendo que o primeiro electrão passou a ter velocidade v 0 = cβ 0
mostrar que o seu desvio angular, θ, é dado por
µ q ¶µ q ¶
0 −1
cos θ = (ββ ) 1+ 1− β2 1− 1− β02 .

3
11. Considerar a colisão de dois protões para produzir um protão e um anti-protão
segundo a reacção:
p+ + p+ → p+ + p+ + p+ + p− .

Se um dos protões está inicialmente em repouso qual é a energia cinética mı́nima


do protão incidente para que se realize a reacção? (Nota: esta energia mı́nima
corresponde à situação em que os produtos de reacção ficam em repouso no sistema
do centro de massa.)

12. Um electrão cuja velocidade é 0, 8c aniquila-se com um positrão inicialmente em


repouso, produzindo-se dois fotões. Um dos fotões emergentes viaja na direcção do
electrão inicial. Calcular a energia de cada fotão.

13. Mostrar que o comprimento de onda de De Broglie de uma partı́cula ultra-relativista


é aproximadamente igual ao de um fotão com a mesma energia.

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