Você está na página 1de 70

ANÁLISE MATEMÁTICA III-C

João de Deus Marques

17 de Abril de 2024

AM III-C 17 de Abril de 2024 1 / 70


A Transformada de Laplace

Definição e generalidades
A transformada de Laplace é uma poderosa ferramenta na resolução
de equações diferenciais e correspondentes problemas de valores
iniciais e de fronteira. Possui a notável vantagem de reduzir equações
diferenciais a equações algébricas. Esta transformação de problemas
de cálculo em problemas algébricos, usualmente designada por
cálculo operacional, é particularmente importante na resolução de
problemas de matemática aplicada. O cálculo operacional tem na
transformada de Laplace um dos seus mais importantes métodos,
revelando-se particularmente útil em questões de natureza mecânica e
elétrica nos quais as forças envolvidas apresentam descontinuidades
ou atuam em intervalos de tempo muito curtos.

AM III-C 17 de Abril de 2024 2 / 70


A transformada de Laplace permite também resolver diretamente
problemas de valores iniciais sem que seja necessário calcular primeiro
a solução geral da equação, bem como resolver equações não
homogéneas sem ter que se calcular previamente a solução da
equação homogénea correspondente. Se considerarmos uma função
de
R duas variáveis f (x, y ), primitivável em ordem a x, e calcularmos
f (x, y )dx obtemos uma nova função na variável y . Analogamente,
Rb
dada uma função f (t) ao calcularmos a K (s, t)f (t)dt obtemos uma
nova função na variável s, a que chamaremos uma transformada
integral de f (t). Neste capı́tulo estamos particularmente interessados
numa transformada integral em que o intervalo de integração é o
intervalo ilimitado [0, +∞[. SeR uma função f (t) estiver definida em

[0, +∞[, o integral impróprio 0 K (s, t)f (t)dt define-se pelo limite
Z ∞ Z a
K (s, t)f (t)dt = lim K (s, t)f (t)dt.
0 a−→∞ 0

AM III-C 17 de Abril de 2024 3 / 70


Se este limite existir diremos que o integral existe ou que é
convergente; caso contrário, diremos que não existe ou que é
divergente. Em geral, o limite considerado existirá apenas para
alguns valores da nova variável s. A função K (s, t) é usualmente
designada por núcleo da transformada integral e a escolha de
K (s, t) = e −st conduz a uma transformada integral particularmente
importante: a transformada de Laplace.
Suponhamos que f (t) está definida em [0, +∞[. Para os valores de s
em que o integral Z ∞
e −st f (t)dt,
0
converge fica definida uma função na variável s a que se chama
transformada de Laplace da função f (t), e que se representa por
L{f (t)} ou apenas L{f }.

AM III-C 17 de Abril de 2024 4 / 70


Em geral utilizaremos letras minúsculas para representar a função a
ser transformada e a correspondente maiúscula para representar a sua
transformada de Laplace. Por exemplo, L{f (t)} = F (s),
L{y (t)} = Y (s).
À função original f (t) chama-se transformada de Laplace inversa de
F (s), e escreve-se
f (t) = L−1 {F (s)}.

AM III-C 17 de Abril de 2024 5 / 70


Exemplo
Seja f (t) = 1, t ≥ 0. Tem-se
Z ∞ Z k  k
−st −st 1
L{1} = e · 1 dt = lim e · 1 dt = lim − e −st
0 k→∞ 0 k→∞ s 0
 
1 −sk 1
= lim − e + .
k→∞ s s

1
Este último limite existe e é finito quando s > 0 e toma o valor ,
s
pelo que
1
L{1} = , s > 0. (0.1)
s

AM III-C 17 de Abril de 2024 6 / 70


Exemplo
Seja f (t) = e at , t ≥ 0, em que a é uma constante real.
Z ∞ Z ∞
at −st at
L{e } = e e dt = e (a−s)t dt
0 0
k k
e (a−s)t
Z 
(a−s)t
= lim e
dt = lim
k→∞ 0 k→∞ a−s 0
 (a−s)k 
e 1 1
= lim − = , se s > a
k→∞ a−s a−s s −a

pelo que
1
L{e at } = , s > a. (0.2)
s −a

AM III-C 17 de Abril de 2024 7 / 70


Exemplo
Determine-se L{cos(ωt)}, com ω constante.
Z ∞ Z k
−st
L{cos(ωt} = e cos(ωt) dt = lim e −st cos(ωt) dt
0 k→∞ 0
  k
−st −s cos(ωt) + ω sin(ωt)
= lim e
k→∞ s 2 + ω2
  0 
−sk −s cos(ωk) + ω sin(ωk) −s
= lim e −
k→∞ s 2 + ω2 s 2 + ω2
s
= 2 , se s > 0.
s + ω2
Analogamente se mostra que
ω
L{sin(ωt)} = , s > 0. (0.3)
s2 + ω2
AM III-C 17 de Abril de 2024 8 / 70
A linearidade da transformada de Laplace é uma consequência
imediata da linearidade do integral. Assim, dadas duas funções f (t) e
g (t) que admitem transformadas de Laplace e sendo a e b constantes
reais, tem-se
L{af + bg } = aL{f } + bL{g }.

Exemplo
e at + e −at
Considere-se a função f (t) = cosh(at) = ,
2
com a constante real. Tem-se,
 
1 at
 −at  1 1 1
L{cosh(at)} = L {e } + L e = +
2 2 s −a s +a
s
= 2 , s > max{−a, a}.
s − a2
Analogamente se mostra que
a
L{sinh(at)} = , s > max{−a, a}.
s2 − a2
AM III-C 17 de Abril de 2024 9 / 70
Tendo em conta que, a transformada de Laplace inversa também é
linear (a inversa de uma transformação linear, quando existe, ainda é
linear), considere-se o exemplo seguinte;
Exemplo
Determine-se L−1 {F }, sendo
1
F (s) = , a 6= b e s > max{a, b}.
(s − a)(s − b)

Tem-se que
 
1 1 1 1
= − ,
(s − a)(s − b) a−b s −a s −b

pelo que

e at − e bt
    
−1 1 −1 1 −1 1
L {F } = L −L = .
a−b s −a s −b a−b
AM III-C 17 de Abril de 2024 10 / 70
Exemplo
Mostremos, utilizando o método de indução, que para n = 0, 1, 2, ...,
n!
L{t n } = n+1 , s > 0.
s
1
Para n = 0 já foi visto que, L{t 0 } = L{1} = . Admitindo-se, por
s
(n − 1)!
hipótese que, L{t n−1 } = , tem-se que
sn
Z ∞ Z k
L{t n } = t n e −st dt = lim t n e −st dt
0 k→∞ 0
 −st k
n k n−1 −st
 Z
n e
= lim −t + lim t e dt
k→∞ s 0
k→∞ s 0

n n!
= L{t n−1 } = n+1 , como se pretendia.
s s

AM III-C 17 de Abril de 2024 11 / 70


Existência de transformada de Laplace
O integral que define a transformada de Laplace de determinada
função nem sempre converge, pelo que nem todas as funções
admitem transformada de Laplace. Por exemplo as funções
4
f (t) = t −1 e g (t) = e t não possuem transformada de Laplace.
Nesta secção vamos ver que condições impor a uma função de forma
a garantir que esta possua transformada de Laplace. ”Grosso
modo”pode dizer-se que uma função admite transformada de Laplace
se em termos de continuidade for ”relativamente bem comportada”e
o seu módulo for ”controlável”por uma função exponencial. Para
precisar o que acabamos de dizer, comecemos por recordar os
conceitos de função seccionalmente contı́nua e de função de ordem
exponencial.

AM III-C 17 de Abril de 2024 12 / 70


Definição
Uma função f (t), diz-se seccionalmente contı́nua num intervalo
limitado I = [a, b], com a < b, se for contı́nua em todos os pontos de
I excepto quando muito num número finito, nos quais admite limites
laterais finitos.
Isto significa que se x0 ∈] a, b [ e f (x) não for contı́nua (ou não
estiver definida) em x0 , os limites

f (x0+ ) = lim+ f (x0 + h) e f (x0− ) = lim− f (x0 + h),


h→0 h→0

existem e são finitos. Se x0 = a (resp. x0 = b) f (a+ ) (resp. f (b − ))


terá que existir e ser finito.

AM III-C 17 de Abril de 2024 13 / 70


Definição
Uma função f (t) definida em [0, +∞[ diz-se de ordem exponencial
γ ∈ R, se existir uma constante M > 0 tal que

|f (t)| ≤ Me γt , ∀t ∈ [0, +∞[.

Uma função f (t) diz-se de ordem exponencial se for de ordem


exponencial γ para algum γ ∈ R.

As funções f (t) = 2 e g (t) = sin t são de ordem exponencial. Com


efeito, tem-se que

|f (t)| ≤ 2e 0t , |g (t)| ≤ e 0t , t ∈ [0, +∞[.

AM III-C 17 de Abril de 2024 14 / 70


As duas funções consideradas são limitadas em [0, +∞[; de facto
todas as funções limitadas são de ordem exponencial. Com efeito, se
f (t) é limitada em [0, +∞[ existe uma constante M > 0 tal que

|f (t)| ≤ M, ∀t ≥ 0,

e assim,
|f (t)| ≤ Me 0t , ∀t ≥ 0.
É também simples constatar que as funções cosh t, sinh t e t n ,
n = 0, 1, 2, ... são de ordem exponencial em [0, +∞[, uma vez que
e t + e −t e t + e −t et et
|cosh(t)| = = ≤ + = et,
2 2 2 2
−t −t
t
e −e e t
e e t
e −t et et
|sinh(t)| = ≤ + = + ≤ + = et
2 2 2 2 2 2 2
t2 tn t n+1
|t n | = t n ≤ n!(1 + t + + . . . + + + · · · ) = n!e t .
2! n! (n + 1)!
AM III-C 17 de Abril de 2024 15 / 70
Quanto à existência da transformada de Laplace, tem-se o seguinte
resultado:
Teorema (Existência de transformada de Laplace)
Se f (t) é de ordem exponencial γ em [0, +∞[ e seccionalmente
contı́nua em qualquer intervalo limitado I ⊂ [0, +∞[, então f (t)
admite transformada de Laplace em ]γ, +∞[.

As condições impostas no teorema anterior são condições suficientes


mas não necessárias, isto é, existem funções que não estando nas
condições do Teorema 0.1 admitem transformada de Laplace. Por
1
exemplo, a função t − 2 não é seccionalmente contı́nua em [0, +∞[,
no entanto tem transformada de Laplace. É possı́vel mostrar que
r
− 21 π
L{t } = .
s

AM III-C 17 de Abril de 2024 16 / 70


A transformada de Laplace de uma função, quando existe, é única.
Reciprocamente, pode provar-se que duas funções, definidas em
[0, +∞[, que tenham a mesma transformada de Laplace terão de ser
iguais excepto, eventualmente, num conjunto de pontos isolados.
Como este facto não é importante para as aplicações diz-se que a
inversa da transformada de Laplace é, essencialmente, única. Em
particular duas funções contı́nuas que possuam a mesma
transformada de Laplace são iguais.

AM III-C 17 de Abril de 2024 17 / 70


Transformada de Laplace da derivada
Uma das propriedades notáveis da transformada de Laplace permite
exprimir a transformada de Laplace da derivada de ordem n de uma
função a partir da transformada de Laplace da função considerada e
das suas derivadas no ponto zero.
Comece-se por estabelecer o resultado para a primeira derivada.

Teorema (Transformada de Laplace da derivada)


Suponhamos que f (t) é contı́nua e de ordem exponencial γ em
[0, +∞[ e que f 0 (t) é seccionalmente contı́nua em qualquer intervalo
limitado contido em [0, +∞[. Então f 0 (t) tem transformada de
Laplace definida para s > γ, e tem-se que

L{f 0 } = sL{f } − f (0). (0.4)

AM III-C 17 de Abril de 2024 18 / 70


O teorema seguinte generaliza o último teorema para a transformada
de Laplace da derivada de ordem n de f .

Teorema (Transformada de Laplace da derivada de ordem


n)
Suponhamos que f (t), f 0 (t), . . . , f (n−1) (t), são contı́nuas e de ordem
exponencial γ em [0, +∞[ e que f (n) (t) é seccionalmente contı́nua
em qualquer intervalo limitado I ⊂ [0, +∞[. Então existe
transformada de Laplace de f (n) (t), definida para s > γ, e tem-se

L(f (n) ) = s n L(f ) − s n−1 f (0) − s n−2 f 0 (0) − . . . − sf (n−2) (0) − f (n−1) (0).
(0.5)

A determinação da transformada de Laplace de uma função utilizando


a definição não é, em geral, prático e envolve cálculos morosos.
Vejamos, com alguns exemplos, como o último teorema permite
simplificar em muitos casos o cálculo da transformada de Laplace.
AM III-C 17 de Abril de 2024 19 / 70
Exemplo
Já calculada anteriormente a transformada de Laplace da função
f (t) = t n , vejamos no entanto como calcular esta mesma
transformada de Laplace, de uma forma bastante mais rápida,
utilizando o último teorema. Como f (n+1) (t) = 0, vem que

0 = L{f (n+1) } = s n+1 L{f } − s n f (0) − ... − sf (n−1) (0) − f (n) (0).

Tendo em conta que

f (0) = f 0 (0) = ... = f (n−1) (0) = 0 e f (n) (0) = n!

obtém-se
n!
L{f } = .
s n+1

AM III-C 17 de Abril de 2024 20 / 70


Exemplo
Já foi calculada a transformada de Laplace da função L{cos(ωt)}
utilizando a definição e foi referido que L{sin(ωt)} podia ser
calculada de forma análoga.
Calculemos, utilizando 0.5, a transformada de Laplace de
f (t) = sin(ωt). Tem-se que
f 0 (t) = ω cos(ωt), f 00 (t) = −ω 2 sin(ωt) = −ω 2 f (t)

e f (0) = 0, f 0 (0) = ω.
Como L{f 00 } = s 2 L{f } − sf (0) − f 0 (0)
vem que −ω 2 L{f } = s 2 L{f } − ω
donde
ω
L{f } = .
ω2 + s 2
AM III-C 17 de Abril de 2024 21 / 70
Exemplo
Determine-se
L{sin2 t}.
Considerando f (t) = sin2 t tem-se que f (0) = 0 e
f 0 (t) = 2 sin t cos t = sin 2t. Utilizando 0.4 vem que

L{sin 2t} = sL{sin2 t}.

Do exemplo anterior sabe-se que


2
L{sin 2t} = ,
s2 +4
e portanto
2
L{sin2 t} = . (0.6)
s(s 2 + 4)

AM III-C 17 de Abril de 2024 22 / 70


Estabelecido o teorema da transformada de Laplace para derivadas é
agora possı́vel recorrer a este resultado para resolver, de forma
bastante eficiente, alguns tipos de equações diferenciais com
condições iniciais. Nomeadamente (como veremos nos exemplos que
se seguem) o uso da transformada de Laplace permite reduzir a
resolução de uma equação linear de ordem n de coeficientes
constantes, na incógnita y , à resolução de uma equação algébrica na
incógnita L{y }.

AM III-C 17 de Abril de 2024 23 / 70


Exemplo
Considere-se o PVI

y 00 + 4y 0 + 3y = 0, y (0) = 3, y 0 (0) = 1.

Seja L{y } = Y . Aplicando o teorema da transformada de Laplace


para a derivada de ordem n, vem

s 2 Y − sy (0) − y 0 (0) + 4sY − 4y (0) + 3Y = 0.

Usando as condições iniciais e simplificando obtém-se


3s + 13
Y = .
s2 + 4s + 3

AM III-C 17 de Abril de 2024 24 / 70


Exemplo (continuação)
Tem-se que
3s + 13 3s + 13 A B
= = + ,
s2 + 4s + 3 (s + 1)(s + 3) s +1 s +3

com A e B constantes a determinar. O cálculo destas constantes


conduz a A = 5 e B = −2, e portanto
3s + 13 5 2
Y = = − .
s2 + 4s + 3 s +1 s +3
Por aplicação da transformada de Laplace inversa vem,
   
−1 −1 1 −1 1
y = L {Y } = 5L − 2L ,
s +1 s +3

ou seja, y (t) = 5e −t − 2e −3t .


AM III-C 17 de Abril de 2024 25 / 70
Exemplo (continuação)
Acabou de se provar que se a função incógnita y (t) do PVI possuir
transformada de Laplace, a equação tem solução e é dada por
y (t) = 5e −t − 2e −3t . Para concluir a resolução, deve ainda ser
demonstrado que a função y (t) = 5e −t − 2e −3t admite, de facto,
transformada de Laplace em algum intervalo da forma ]a, +∞[.
Para tal note-se que a função y (t) é obviamente contı́nua em [0, ∞[
e que, como as funções y1 (t) = 5e −t e y2 (t) = −2e −3t são de ordem
exponencial −1 e −3, respetivamente, y (t) é de ordem exponencial
γ = −1. Assim sendo o teorema de existência de transformada de
Laplace garante que Y (s) existe e está definida para s > −1, pelo
que y (t) = 5e −t − 2e −3t é de facto a solução do PVI.

AM III-C 17 de Abril de 2024 26 / 70


Exemplo
π
Considere-se o problema com condições iniciais no ponto
4
π  π π  √
y 00 + y = 2t, y = , y0 = 2 − 2.
4 2 4
Aplicando a transformada de Laplace a ambos os membros da
equação y 00 + y = 2t e designando L{y } por Y vem que,
2
s 2 Y − sy (0) − y 0 (0) + Y = ,
s2
s 1 2
ou seja, Y = y (0) 2
+ y 0 (0) 2
+ 2 .
1+s 1+s s (1 + s 2 )
2 2 2
Como = 2− , tem-se que
s 2 (1 2
+s ) s 1 + s2

AM III-C 17 de Abril de 2024 27 / 70


Exemplo (continuação)
s 1 2 2
Y = y (0) 2
+ y 0 (0) 2
+ 2− .
1+s 1+s s 1 + s2
Por aplicação da transformada de Laplace inversa resulta
y (t) = y (0) cos t + y 0 (0) sin t + 2t − 2 sin t.

As condições iniciais conduzem ao sistema


 π 0 π π π π
y (0) cos 4 + y (0) sin 4 + 2 4 − 2 sin 4 = 2



−y (0) sin π + y 0 (0) cos π + 2 − 2 cos π = 2 − 2


4 4 4
que tem como solução y (0) = 1 e y 0 (0) = 1. A solução do PVI é
assim
y (t) = cos t − sin t + 2t. (0.7)
AM III-C 17 de Abril de 2024 28 / 70
Transformada de Laplace de um integral

Teorema (Transformada de Laplace de um integral)


Se f (t) é uma função de ordem exponencial γ em [0, +∞[ e
seccionalmente contı́nua em qualquer intervalo limitado I ⊂ [0, +∞[
então a função Z t
g (t) = f (x)dx, t > 0,
0

admite transformada de Laplace em ]γ, +∞[, dada por


Z t 
1
L f (x)dx = L{f (t)}, (0.8)
0 s

por aplicação da transformada de Laplace inversa, têm-se que


  Z t
−1 1
L L{f (t)} = f (x)dx, com t > 0. (0.9)
s 0
AM III-C 17 de Abril de 2024 29 / 70
Exemplo
Determine-se a transformada de Laplace inversa de
1
F (s) = .
s(s 2 + ω2)

Pretende determinar-se uma função f (t) tal que


 
1 1
L{f } = 2 2
, ou seja f (t) = L−1 .
s(s + ω ) s(s 2 + ω 2 )

Sabe-se que
 
sin(ωt) 1 1
L = L{sin(ωt)} = 2 , s > 0. (0.10)
ω ω s + ω2

AM III-C 17 de Abril de 2024 30 / 70


Exemplo (continuação)
Assim,
    
−1 1 1 −1 1 sin(ωt)
f (t) = L · 2 =L L ,
s s + ω2 s ω

resultando de (0.9) que


   Z t
−1 1 sin(ωt) sin(ωx)
f (t) = L L = dx
s ω 0 ω
1 1 − cos(ωt)
= 2 [− cos(ωx)]t0 = .
ω ω2

AM III-C 17 de Abril de 2024 31 / 70


Teorema da Translação na variável s
Afigura-se bastante útil, em diversas aplicações, saber determinar de
forma expedita a transformada de Laplace de uma função da forma
e at f (t), assumindo que já é conhecida a transformada de Laplace de
f (t). O teorema seguinte responde de forma eficaz à questão
colocada.
Teorema (Translação na variável s)
Seja a uma constante real e suponhamos que

L{f (t)} = F (s), s ∈]γ, ∞[.

Então
L{e at f (t)} = F (s − a), s ∈]a + γ, ∞[,
por aplicação da transformada de Laplace inversa resulta que

L−1 {F (s − a)} = e at f (t). (0.11)


AM III-C 17 de Abril de 2024 32 / 70
Exemplo
Já foi visto anteriormente que
n! s
L{t n } = e L{cos(ωt)} = .
s n+1 s2 + ω2
Como consequência do teorema 0.5 tem-se que,
n! s −a
L {e at t n } = e L{e at
cos(ωt)} = .
(s − a)n+1 (s − a)2 + ω 2

AM III-C 17 de Abril de 2024 33 / 70


Exemplo
Considere-se o problema de valores iniciais

y 00 + 2y 0 + 5y = 0, com y (0) = 2, y 0 (0) = −4.

Designando L(y ) por Y e utilizando 0.5, obtém-se

(s 2 + 2s + 5)Y = sy (0) + y 0 (0) + 2y (0),

ou ainda, atendendo às condições iniciais,


2s
Y = .
s2 + 2s + 5

AM III-C 17 de Abril de 2024 34 / 70


Exemplo (continuação)
Tendo em conta que

s 2 + 2s + 5 = (s + 1)2 + 4 e 2s = 2(s + 1) − 2,

Y pode ser escrita na forma

2(s + 1) − 2 2(s + 1) 2
Y = = − .
(s + 1)2 + 4 (s + 1)2 + 4 (s + 1)2 + 4

Por aplicação da transformada de Laplace inversa vem


   
−1 s +1 −1 2
y (t) = 2L −L .
(s + 1)2 + 4 (s + 1)2 + 4

Atendendo a (0.11), obtém-se a solução para o PVI considerado

y (t) = 2e −t cos 2t − e −t sin 2t.


AM III-C 17 de Abril de 2024 35 / 70
Teorema da Translação na variável t. A função de
Heaviside

Definição
Sendo a uma constante positiva, define-se a função
(
0, 0 < t < a
u(t − a) =
1, t > a

a que se chama função de Heaviside (ou função-salto no ponto a).


Dada uma função f (t) define-se a função e
f (t) como sendo

f (t) = f (t − a)u(t − a).


e

AM III-C 17 de Abril de 2024 36 / 70


Teorema (Translação na variável t)
Seja a uma constante positiva e suponhamos que

L{f (t)} = F (s), s ∈]γ, ∞[

então
L {f (t − a)u(t − a)} = e −as F (s), s ∈]γ, ∞[,
por aplicação da transformada de Laplace inversa tem-se que

L−1 {e −as F (s)} = f (t − a)u(t − a). (0.12)

AM III-C 17 de Abril de 2024 37 / 70


Exemplo
Se a = 3 e f (t) = e 2t vem
(
0, t<3
f (t) =
e
e 2t−6 , t > 3.

Exemplo
Seja a uma constante positiva. Fazendo f (t) = 1 no teorema anterior
vem que
e −as
L{u(t − a)} = e −as L{1} = .
s

AM III-C 17 de Abril de 2024 38 / 70


Exemplo
Determine-se a transformada de Laplace inversa de

e −3s
F (s) = .
s3
2
Atendendo a que L{t 2 } = ,
s3
vem que

e −3s
 
−1 1
= L−1 e −3s L t 2
 
L
s3 2
1
= (t − 3)2 u(t − 3)
2
0, 0<t<3
= (t − 3)2
 , t > 3.
2
AM III-C 17 de Abril de 2024 39 / 70
Exemplo
Determine-se a transformada de Laplace da função f (t)

1,
 0<t<π
f (t) = 0, π < t < 2π

sin t, t > 2π.

Tem-se que

f (t) = 1 − u(t − π) + u(t − 2π) sin t,

donde

L{f } =L {1 − u(t − π) + u(t − 2π) sin t}


= L{1} − L{u(t − π)} + L{u(t − 2π) sin(t − 2π)}
1 e −πs e −2πs
= − + 2 .
s s s +1
AM III-C 17 de Abril de 2024 40 / 70
Exemplo
Considere-se o problema de valores iniciais

y 00 + 3y 0 + 2y = r (t), y (0) = 0, y 0 (0) = 0,

com (
1, 0 < t < 1
r (t) =
0, t > 1.
Tem-se que
r (t) = 1 − u(t − 1).
Aplicando a transformada de Laplace a ambos os membros da
equação e fazendo Y = L{y }, vem que

s 2 Y − sy (0) − y 0 (0) + 3sY − 3y (0) + 2Y = L{1} − L{u(t − 1)},

isto é,
AM III-C 17 de Abril de 2024 41 / 70
Exemplo (continuação)
1 e −s
(s 2 + 3s + 2)Y − (s + 3)y (0) − y 0 (0) = − ,
s s
ou ainda,
1 − e −s
Y = .
s(s + 1)(s + 2)
Tendo em conta a decomposição
1 1
1 1
= 2 − + 2 ,
s (s + 1) (s + 2) s s +1 s +2
tem-se que

e −s 2e −s e −s
   
1 1 2 1 1
Y = − + − − + .
2 s s +1 s +2 2 s s +1 s +2

A solução do PVI é então dada por


AM III-C 17 de Abril de 2024 42 / 70
Exemplo (continuação)
   
1 1 2 1 1 2 1
y (t) = L−1 − + −e −s
− +
2 s s +1 s +2 s s +1 s +2

ou seja,
1  1
1 − 2e −t + e −2t − u(t − 1) 1 − 2e −(t−1) + e −2(t−1)

y (t) =
2 2
1
1 − 2e −t + e −2t − u(t − 1) 1 − 2e 1−t + e 2−2t

=
2
−t −2t

 1 − 2e + e ,

0<t<1
= −2t
2 2
 e (1 − e ) + (e − 1)e −t , t > 1.

2

AM III-C 17 de Abril de 2024 43 / 70


A função delta de Dirac
Em mecânica é frequente encontrar situações em que uma força de
grande intensidade actua sobre um corpo durante um perı́odo de
tempo muito curto. Situações deste tipo ocorrem, por exemplo,
quando se bate numa bola de ténis, quando um avião faz uma
aterragem forçada, quando um barco é atingido por uma única onda
muito forte, etc.

Em mecânica o impulso de uma força f (t) durante o intervalo de


tempo a ≤ t ≤ a + k é definido como sendo o integral de f (t) entre
os instantes a e a + k; no caso de um circuito eléctrico é o integral da
força electromotriz aplicada ao circuito integrado entre os instantes a
e a + k. Na prática, têm particular interesse, situações em que o
intervalo de tempo é tão curto que se pode considerar instantâneo
(isto é, k → 0). Neste sentido considerem-se as seguintes funções:

AM III-C 17 de Abril de 2024 44 / 70



 1 , se a ≤ t ≤ a + k
fk (t) = k , k > 0.
0, caso contrário

O impulso Ik é unitário uma vez que


Z a+k
1 1
Ik = dt = · (a + k − a) = 1. (0.13)
a k k

Ao limite de fk (t) quando k → 0 chama-se “função” Delta de Dirac,


e representa-se por δ(t − a). Tem-se então que
(
∞, se t = a
δ(t − a) = , . (0.14)
0, se t 6= a

AM III-C 17 de Abril de 2024 45 / 70


É importante referir que δ(t − a) não é uma função no sentido usual
do conceito, uma vez que para t = a toma o valor ∞. Além disso, o
integral de uma função que se anula em todo o domı́nio (excepto
num número finito de pontos), é zero, o que não acontece com esta
“função”. Efectivamente,
Z ∞ Z ∞
δ(t − a)dt = lim fk (t) dt
0 k→0 0
Z a Z a+k Z ∞ 
= lim fk (t) dt + fk (t) dt + fk (t) dt
k→0 0 a a+k
Z a+k
= lim fk (t) dt
k→0 a
= 1.

A “função” delta de Dirac faz parte de um tipo de “funções”


habitualmente designadas por funções generalizadas ou distribuições.

AM III-C 17 de Abril de 2024 46 / 70


Vejamos como determinar a transformada de Laplace de δ(t − a).
Tem-se que
1
fk (t) = (u(t − a) − u(t − (a + k)) ,
k
onde u designa a função de Heaviside. Assim,
 
1
L{fk (t)} = L (u(t − a) − u(t − (a + k))
k
1 1
= L{u(t − a)} − L {u(t − (a + k))}
k k
−as −(a+k)s
1 e 1 e
= · − ·
k s k s
e −as
= (1 − e −ks ).
ks

AM III-C 17 de Abril de 2024 47 / 70


Assumindo formalmente a continuidade da transformada de Laplace
obtém-se
 −as
1 − e −ks

e
L{δ(t − a)} = lim L{fk (t)} = lim ( ) = e −as .
k→0 k→0 s k

Teorema
Sendo a uma constante real positiva tem-se que

L{δ(t − a)} = e −as , s > 0. (0.15)

AM III-C 17 de Abril de 2024 48 / 70


Exemplo
Considere-se o problema de valores iniciais

y 00 + 3y 0 + 2y = δ(t − a), y (0) = 0, y 0 (0) = 0.

Fazendo Y = L{y }, e calculando a transformada de Laplace em


ambos os membros da equação obtém-se

s 2 Y − sy (0) − y 0 (0) + 3sY + 3y (0) + 2Y = e −as ,


ou seja
e −as
Y = .
s 2 + 3s + 2

AM III-C 17 de Abril de 2024 49 / 70


Exemplo (continuação)
Então
e −as
 
−1
y (t) = L
s 2 + 3s + 2
e −as
 
−1
=L
(s + 1)(s + 2)
 −as   −as 
−1 e −1 e
=L −L
s +1 s +2
−(t−a) −2(t−a)

= u(t − a) e −e
(
0, t<a
= −(t−a) −2(t−a)
e −e , t > a.

AM III-C 17 de Abril de 2024 50 / 70


Derivação e integração da transformada de Laplace

Teorema (Derivação e integração da transformada de


Laplace)
Suponhamos que f (t) está nas condições do teorema de existência de
transformada de Laplace e que L{f } = F (s), s ∈]γ, ∞[. Então:
1.
dn
L{t n f (t)} = (−1)n n F (s), n = 1, 2, ... .
ds
2. Se existe e é finito,

f (t)
lim+
t→0 t
então   Z ∞
f (t)
L = F (u) du, s ∈]γ, +∞[.
t s

AM III-C 17 de Abril de 2024 51 / 70


Exemplo
Sabendo que
a 1
L{sin(at)} = e L{e at } = , a ∈ R,
s2 +a 2 s −a
determine-se
L{t sin(at)} e L{t 2 e at }.
As funções f (t) = sin(at) e g (t) = e at estão nas condições do último
teorema, pelo que
 
d a 2as
L{t sin(at)} = − 2 2
= 2 , s>0
ds s + a (s + a2 )2
e
d2
 
2 at 2 1 2
L{t e } = (−1) 2 = , s > a.
ds s −a (s − a)3

AM III-C 17 de Abril de 2024 52 / 70


Exemplo
Pretende-se determinar a transformada de Laplace inversa da função

ω2
 
F (s) = log 1 + 2
s

supondo que existe uma função f (t) nas condições do último


teorema tal que
L{f (t)} = F (s).
Sabe-se que
L{tf (t)} = −F 0 (s);
por outro lado

−2ω 2 2ω 2
3 3 2ω 2
−F 0 (s) = − s 2 = 2 s 2 = ,
ω s +ω s(s 2 + ω 2 )
1+ 2
s s2
AM III-C 17 de Abril de 2024 53 / 70
Exemplo (continuação)
pelo que
2ω 2
L{tf (t)} = .
s(s 2 + ω 2 )
O segundo membro da última expressão pode ser escrito na forma

2ω 2 2 2s
2 2
= − 2 ,
s(s + ω ) s s + ω2

pelo que
 
−1 2 2s
L − 2
s s + ω2 2 − 2 cos (ωt)
f (t) = = .
t t
A função f (t) obtida está nas condições do último teorema, sendo
portanto a função pretendida.
AM III-C 17 de Abril de 2024 54 / 70
Convolução
Sendo f (t) e g (t) duas funções definidas e integráveis em [0, +∞[,
represente-se por f ∗ g a função
Z t
(f ∗ g )(t) = f (τ )g (t − τ )dτ, t ≥ 0.
0

À função f ∗ g chama-se convolução de f (t) com g (t).


É um exercı́cio de rotina mostrar que
Z t Z t
f (τ )g (t − τ )dτ = g (τ )f (t − τ )dτ,
0 0

isto é, f ∗ g = g ∗ f , pelo que a convolução é comutativa. Para além


da comutatividade a convolução possui também, por exemplo, as
propriedades:
1 f ∗ (g1 + g2 ) = f ∗ g1 + f ∗ g2 (distributividade);
2 (f ∗ g ) ∗ h = g ∗ (f ∗ h) (associatividade);
3 f ∗ 0 = 0 ∗ f = 0 (elemento absorvente).
AM III-C 17 de Abril de 2024 55 / 70
Observe-se no entanto que 1 ∗ g não é em geral igual a g (t) (como é
usual estamos a cometer o abuso de linguagem ao representar por 1 a
função definida em [0, ∞[ identicamente igual a um).

Exemplo
Calcule-se cos t ∗ 1. Tem-se
Z t
cos t ∗ 1 = cos(τ ) dτ = [sin(τ )]t0 = sin t.
0

AM III-C 17 de Abril de 2024 56 / 70


Exemplo
Determine-se e at ∗ e bt com a e b constantes reais distintas. Tem-se
que
Z t Z t
at bt aτ b(t−τ ) bt
e ∗e = e e dτ = e e (a−b)τ dτ
0 0
 (a−b)τ t bt
e e
= e bt e (a−b)t − 1

=
a−b 0 a−b
e − e bt
at
= .
a−b

AM III-C 17 de Abril de 2024 57 / 70


Exemplo
O cálculo de cos t ∗ u(t − π) fica facilitado se utilizarmos a
comutatividade da convolução [verifique].
Se t < π
Z t
u(t − π) ∗ cos t = 0 · cos(t − τ )dτ = 0;
0

se t > π
Z t
u(t − π) ∗ cos t = cos(t − τ )dτ = sin(t − π),
π

tendo-se assim que

u(t − π) ∗ cos t = − sin t · u(t − π). (0.16)

AM III-C 17 de Abril de 2024 58 / 70


Com o objectivo de motivar o teorema seguinte, considere-se a
convolução das funções

f (t) = e t e g (t) = sin t.

A função f ∗ g pode ser obtida, por exemplo, primitivando a função


integranda por partes duas vezes, vindo que
Z t
1
(f ∗ g )(t) = e τ sin(t − τ )dτ = (− sin t − cos t + e t ).
0 2
Por outro lado, sabe-se que
1 1
L{f (t)} = (s > 1) e L{g (t)} = (s > 0).
s −1 s2 +1

AM III-C 17 de Abril de 2024 59 / 70


Efetuando o produto L{f (t)} · L{g (t)}, obtém-se
1
L{f (t)} · L{g (t)} = , (s > 1). (0.17)
(s − 1)(s 2 + 1)

Calculemos agora a transformada de Laplace f ∗ g . Tem-se que


1
L{f ∗ g } = (−L{sin t} − L{cos t} + L{e t )}
2 
1 1 s 1
= − 2 − +
2 s + 1 s2 + 1 s − 1
1
= , (s > 1). (0.18)
(s − 1)(s 2 + 1)

Comparando (0.17) e (0.18) verifica-se que

L(f ∗ g ) = L{f (t)}L{g (t)}.

AM III-C 17 de Abril de 2024 60 / 70


A igualdade obtida não foi uma coincidência nem é exclusiva das
funções f e g consideradas. Com efeito, tem-se o resultado:

Teorema (Teorema da convolução)


Suponhamos que as funções f (t) e g (t) se encontram nas condições
do teorema de existência de transformada de Laplace e sejam
L{f } = F (s), L{g } = G (s), s ∈] γ, +∞[. Então

L{f ∗ g } = L{f }L{g } = F (s)G (s), s ∈] γ, +∞[, (0.19)

ou equivalentemente

L−1 {F (s)G (s)} = L−1 {L{f }L{g }} = f ∗ g , s ∈] γ, +∞[. (0.20)

AM III-C 17 de Abril de 2024 61 / 70


Exemplo
Sendo a uma constante real diferente de zero, determine-se
 
−1 1
L .
s 2 (s − a)

É conhecido que
1 1
L{t} = 2
(s > 0) e L{e at } = (s > a).
s s −a
Pelo teorema (0.9) vem
 
−1 1
L = L−1 {L{t}L{e at }} = L−1 {L{t ∗ e at }} = t ∗ e at .
s 2 (s − a)

AM III-C 17 de Abril de 2024 62 / 70


Exemplo (continuação)
Como,
Z t Z t
at
(t ∗ e )(t) = τe a(t−τ )
dτ = e τ e −aτ dτ
at
0
 −aτ  0t
e 1 e at
=e at − = 2 −e −at (at + 1) + 1

τ+
a a 0 a
tem-se que
e at − at − 1
 
−1 1
L 2
= .
s (s − a) a2

AM III-C 17 de Abril de 2024 63 / 70


Exemplo
Determine-se,
e −s
 
−1
L .
s(s 2 + 25)
1
Sabe-se que L{1} = (s > 0). Utilizando o teorema (0.6), vem que
s
 −s 
−1 e 1
L 2
= sin(5(t − 1)) · u(t − 1)
s + 25 5

ou equivalentemente

e −s
 
1
L sin(5(t − 1)) · u(t − 1) = 2 , (s > 0).
5 s + 25

AM III-C 17 de Abril de 2024 64 / 70


Exemplo (continuação)
Assim,
e −s
    
−1 1 −1 1
L · =L L{1} · L sin(5(t − 1)) · u(t − 1)
s s 2 + 25 5
  
−1 1
=L L 1 ∗ sin(5(t − 1)) · u(t − 1)
5
 
1
=1 ∗ sin(5(t − 1)) · u(t − 1)
5
 
1
= sin(5(t − 1) · u(t − 1) ∗ 1
5
Z t
1
= sin(5(τ − 1)) · u(τ − 1)dτ.
0 5

AM III-C 17 de Abril de 2024 65 / 70


Exemplo (continuação)
Se t < 1 o valor do integral anterior é zero. Se t > 1,
Z t
1 t
Z
1
sin(5(τ − 1)) · u(τ − 1)dτ = sin(5(τ − 1))dτ
0 5 5 1
 t
1 − cos(5(τ − 1))
=
5 5 1
 
1 cos(5(t − 1))
= − .
25 25

Tem-se então que

e −s
   
−1 1 cos(5(t − 1))
L = − u(t − 1).
s(s 2 + 25) 25 25

AM III-C 17 de Abril de 2024 66 / 70


Exemplo
Considere-se o problema de valores iniciais

y 00 + 2y = r (t), y 0 (0) = 0, y (0) = 0,

e (
1, 0 ≤ t < 1
r (t) = .
0, t > 1
Aplicando a transformada de Laplace a ambos os membros da
equação e designando L{y } por Y , obtém-se

s 2 Y + 2Y = L{r (t)}

ou ainda
L{r (t)}
Y = .
s2 + 2

AM III-C 17 de Abril de 2024 67 / 70


Exemplo (continuação)
Utilizando o teorema (0.9)
√ e a igualdade
 
1 sin( 2t)
L−1 2
= √ (s > 0), vem que
s +2 2
L{r (t)} 1 √
Y = 2
= √ L{r (t)}L{sin( 2t)}
s +2 2
1 √
= √ L{r (t) ∗ sin( 2t)}
2
1 √
= √ L{(1 − u(t − 1)) ∗ sin( 2t)}
2
1 √ √
= √ L{1 ∗ sin( 2t) − u(t − 1) ∗ sin( 2t)}
2
e

AM III-C 17 de Abril de 2024 68 / 70


Exemplo (continuação)
1 √ √
y (t) = √ (1 ∗ sin( 2t) − u(t − 1) ∗ sin( 2t)).
2
Tem-se que
√ 1 √
1 ∗ sin2t = √ (1 − cos 2t), [verifique].
2

Relativamente a u(t − 1) ∗ sin( 2t) tem-se

√ 0, 0≤t<1
u(t − 1) ∗ sin( 2t) =
Z t √
 sin 2(t − τ )dτ, t > 1
1

0, 0≤t<1
= 1 √
 √ (1 − cos 2(t − 1)), t > 1.
2
AM III-C 17 de Abril de 2024 69 / 70
Exemplo (continuação)
obtendo-se a solução do problema considerado
 √
1 − cos 2t
0≤t<1


 ,

 2
y (t) =
 √ √

 cos 2(t − 1) − cos 2t
, t > 1.


2

AM III-C 17 de Abril de 2024 70 / 70

Você também pode gostar