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Modelo de Ramsey-Cass-Koopmans

Professor: Fernando Holanda Filho


Monitora: Gabriela Fernandes

maio de 2011

Modelo clássico
Problema do consumidor representativo:
Z ∞
max e−ρt u(ct )dt (1)
ct 0
k̇ = f (k) − c − δk (2)
k(0) = k0 dado (3)

onde ρ é a taxa de desconto intertemporal.

Hamiltoniano
H = u(c)e−ρt + λ[f (k) − c − δk] (4)

Condições de otimalidade:

∂H
= 0 ⇒ u0 (c)e−ρt − λ = 0 (5)
∂c
∂H
+ λ̇ = 0 ⇒ λ[f 0 (k) − δ] + λ̇ = 0 (6)
∂k
lim λ(t)k(t) = 0 (7)
t→∞

De (5):

1
λ = u0 (c)e−ρt (8)
00 −ρt 0 −ρt
λ̇ = u (c)ċe − ρu (c)e (9)
λ̇ u00 (c)ċ
− =− 0 +ρ (10)
λ u (c)
(10) e (6):

u00 (c)ċ
− + ρ = f 0 (k) − δ (11)
u0 (c)
u0 (c)
ċ = − 00 [f 0 (k) − δ − ρ] (12)
u (c)

Sistema de equações diferenciais


O sistema que caracteriza o equilı́brio, então, será dado por:
(
k̇ = f (k) − c − δk
0 (13)
ċ = − uu00(c) 0
(c) [f (k) − δ − ρ]

No estado estacionário:

ċ = 0 ⇒ f 0 (k ∗ ) = δ + ρ (14)
Veja o gráfico abaixo. Como o produto marginal do capital é decrescente,
para k < k ∗ , f 0 (k) > ρ + δ. Por (12), ċ ↑ e vice-versa.

2
Pela equação (2), c = f (k) − δk − k̇.

∂c ∂2c
= f 0 (k) − δ = f 00 (k) < 0 (15)
∂k ∂k 2

Se c > f (k) − δk, ↓ k̇ = f (k)− ↑ c − δk e, logo, k̇ ↓ e vice-versa.


Note que o capital da regra de ouro, kgold , é dado quando maximizamos o
c, ie, f 0 (k) = n+δ, enquanto o capital de equilı́brio é dado por f 0 (k) = δ +ρ.
Como ρ > n (por hipótese), k ∗ < kgold .
Juntando os dois gráficos, encontraremos o equilı́brio.

3
Função de utilidade CES
Suponha, agora, que a função utilidade é da forma:

c1−θ − 1
u(c) = (16)
1−θ

u0 (c) = c−θ (17)


00 −θ−1
u (c) = −θc (18)
u0 (c) 1
− = (19)
u00 (c)c θ

De (12):

ċ 1
= [f 0 (k) − δ − ρ] (20)
c θ
Juntando (20) e (2), teremos o sistema que determinará nosso equilı́brio.

Modelo com crescimento tecnológico


A função objetivo do consumidor representativo será


c1−θ − 1
Z
U= e−ρt Lt dt (21)
0 1−θ
Z ∞ 1−θ − 1
 1−θ
−ρt c At
= e Lt dt (22)
0 1−θ At
Z ∞
ĉ1−θ − 1/A1−θ
= e−ρt L0 ent A01−θ e(1−θ)gt dt (23)
0 1−θ
Z ∞
ĉ1−θ − 1
1−θ
= L0 A0 e−(ρ−n−(1−θ)g)t dt (24)
0 1−θ

Defina

β ≡ ρ − n − (1 − θ)g > 0 (25)


Já vimos anteriormente que:

4
K̇ = sY − δK = Y − C − δK (26)
 ˙ 
˙ K K̇(AL) − K(ȦL + AL̇) K̇
k̂ = = 2 2
= − k̂(g + n) (27)
AL A L AL
˙
k̂ = f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂ (28)

Hamiltoniano:

ĉ1−θ − 1 −βt
H= e + λ[f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂] (29)
1−θ

∂H
= 0 ⇒ ĉ−θ e−βt − λ = 0 (30)
∂c
∂H
+ λ̇ = 0 ⇒ λ[f 0 (k̂) − (δ + n + g)] + λ̇ = 0 (31)
∂k
lim λ(t)k̂(t) = 0 (32)
t→∞

De (30):

λ = ĉ−θ e−βt (33)


λ̇ = −θĉ−θ−1 ĉe
˙ −βt − βĉ−θ e−βt (34)
λ̇ ĉ˙
− =β+θ (35)
λ ĉ
(35) e (31):

ĉ˙
β + θ = f 0 (k̂) − (δ + n + g) (36)

ĉ˙
θ = f 0 (k̂) − (δ + n + g) − β (37)

ĉ˙
θ = f 0 (k̂) − (δ + n + g) − ρ − n − (1 − θ)g (38)

ĉ˙
θ = f 0 (k̂) − δ − ρ − θg (39)

ĉ˙ 1
= [f 0 (k̂) − δ − ρ − θg] (40)
ĉ θ

5
Sistema de equações diferenciais
O sistema que caracteriza o equilı́brio, então, será dado por (40) e (28).

No estado estacionário:

ĉ˙ = 0 ⇒ f 0 (k̂) = δ − ρ − θg (41)


Mais uma vez, comparando com o capital da regra de ouro:

f 0 (k̂gold ) = n + g + δ (42)
0 ∗
f (k̂ ) = ρ + θg + δ (43)

Como, por hipótese, ρ > n + (1 − θ)g ⇐⇒ ρ + θg + δ > n + g + δ,


k̂gold > k̂ ∗ .

Modelo com impostos


Sejam ty um imposto sobre o produto, tL um imposto sobre a renda do
trabalho e T r transferências do Governo a fim de se alcançar o orçamento
balanceado.

K̇ = sY − δK = Y − C − δK − G (44)
˙
k̂ = f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂ − Ĝ (45)
Ĝ + T r = ty f (k̂) + tL (46)

(46) em (45):

˙
k̂ = f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂ − [ty f (k̂) + tL − T r] (47)
= (1 − ty )f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂ − tL + T r (48)

Hamiltoniano:

ĉ1−θ − 1 −βt
H= e + λ[(1 − ty )f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂] (49)
1−θ

6
∂H
= 0 ⇒ ĉ−θ e−βt − λ = 0 (50)
∂c
∂H
+ λ̇ = 0 ⇒ λ[(1 − ty )f 0 (k̂) − (δ + n + g)] + λ̇ = 0 (51)
∂k
lim λ(t)k̂(t) = 0 (52)
t→∞

De (50):

λ̇ ĉ˙
− =β+θ (53)
λ ĉ
(51) e (53):

ĉ˙ 1
= [(1 − ty )f 0 (k̂) − δ − ρ − θg] (54)
ĉ θ

Sistema de equações diferenciais


O sistema que caracteriza o equilı́brio, então, será dado por (54) e (48).

No estado estacionário:

ĉ˙ = 0 ⇒ (1 − ty )f 0 (k̂) = δ − ρ − θg (55)


Portanto, o único tipo de imposto que afeta o equilı́brio é o imposto
sobre a renda.

Modelo descentralizado
Consumidores
Sejam B ativos que o consumidor pode possuir.

Ḃ = wL + rB − C (56)
 ˙ 
˙ B Ḃ(AL) − B(ȦL + AL̇) Ḃ
b̂ = = 2 2
= − b̂(g + n) (57)
AL A L AL
˙ w
b̂ = + (r − (n + g))b̂ − ĉ (58)
A

7
Hamiltoniano:

ĉ1−θ − 1 −βt w
H= e + λ[ + (r − (n + g))b̂ − ĉ] (59)
1−θ A

∂H
= 0 ⇒ ĉ−θ e−βt − λ = 0 (60)
∂c
∂H
+ λ̇ = 0 ⇒ λ[r − (n + g)] + λ̇ = 0 (61)
∂b
lim λ(t)b̂(t) = 0 (62)
t→∞

De (60) e (61):

ĉ˙ 1
= [r − (n + g) − β] (63)
ĉ θ
1
= [r − ρ − θg] (64)
θ

Firmas

maxF (K, AL) − (r + δ)K − wL (65)


w
AL[f (k̂) − (r + δ)k̂ − ] (66)
A

Derivando em relação a k̂:

f 0 (k̂) = r + δ (67)
Da condição de lucro zero:
w
= f (k̂) − (r + δ)k̂ = f (k̂) − f 0 (k̂)k̂ (68)
A

Equilı́brio
(64) e (67):

ĉ˙ 1
= [f 0 (k̂) − δ − ρ − θg] (69)
ĉ θ

8
Em equilı́brio:
b̂ = k̂ (70)
De (58), (70), (67) e (68):

˙
k̂ = f (k̂) − f 0 (k̂)k̂ + (f 0 (k̂) − δ − (n + g))k̂ − ĉ (71)
˙
k̂ = f (k̂) − (δ + n + g)k̂ − ĉ (72)

De (64) e (67):

ĉ˙ 1
= [f 0 (k̂) − δ − ρ − θg] (73)
ĉ θ
Portanto, chegamos pelo modelo descentralizado ao mesmo equilı́brio do
modelo centralizado.

Modelo descentralizado com impostos


Sejam tL um imposto sobre a renda do consumidor e ty um imposto ad
valorem sobre o produto.

˙ w
b̂ = + (r − (n + g))b̂ − ĉ − tL (74)
A
As condições do Hamiltoniano permanecerão as mesmas.
Firmas:
w
maxAL[(1 − ty )f (k̂) − (r + δ)k̂ − ] (75)
A

Derivando em relação a k̂:

(1 − ty )f 0 (k̂) = r + δ (76)
Da condição de lucro zero:
w
= (1 − ty )f (k̂) − (1 − ty )f 0 (k̂)k̂ (77)
A
Em equilı́brio, b̂ = k̂. De (76), (77), (74):

9
˙
k̂ = (1 − ty )f (k̂) − (1 − ty )f 0 (k̂)k̂ + ((1 − ty )f 0 (k̂) − δ − (n + g))k̂ − ĉ − tL
(78)
˙
k̂ = (1 − ty )f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂ − tL (79)
˙
k̂ = f (k̂) − ĉ − (n + g + δ)k̂ − [ty f (k̂) + tL ] (80)

Chamando ty f (k̂) + tL de Ĝ, temos a mesma solução do problema cen-


tralizado com impostos. O único imposto distorcivo continua sendo ty .

10

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