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Faculdade de Ciências

Departamento de Matemática e Informática


Exame Recorrência de Análise Funcional II. Correcção.

Duração: 2 horas 07.12.2010


Todas as respostas têm de ser justificadas

1. a) (1.5 valores) É verdade que qualquer espaço de Banach é espaço de Hilbert? No caso sim
escreva o produto escalar nos termos da norma do espaço de Banach. Mas no caso não
apresente um exemplo do espaço de Banach que não é espaço de Hilbert.
b) (1.5 valores) É verdade que qualquer espaço de Hilbert é espaço de Banach? No caso sim
escreva a norma nos termos do produto escalar do espaço de Hilbert. Mas no caso não
apresente um exemplo do espaço de Hilbert que não é espaço de Banach.
c) (1 valor) Apresente o exemplo concreto do funcional linear e contínuo sobre espaço C[0, 1].
Resolução: a) Não. No espaço de Banach C[0, 1], constituído das funções contínuas x : [0, 1] →
R e dotado da norma kxk = maxt∈[0,1] |x(t)|, não é espaço de Hilbert.
p
b) Sim. A norma no espaço de Hilbert defina-se pela fórmula kxk = (x, x).
c) f (x) = x(0), (x ∈ C[0, 1]).

2. Seja dado o operador linear A : C[−1, 1] → C[−1, 1] definido por


Z 1
(Ax)(t) = (1 + 9t4 s4 )x(s) ds. (1)
−1

a) (1.5 valores) O elemento u do espaço C[−1, 1], definido por u(t) = t (t ∈ [−1, 1]), pertence
ao subespaço ker A?
b) (1 valor) O operador A é inversível?
c) (1 valor) Ache a base do subespaço Im A.
d) (1.5 valores) Demonstre que operador A é contínuo e calcule kAk.
e) (3 valores) Ache o espectro do operador A.
f) (1.5 valores) Ache autoespaço associado ao autovalor do operador A com o módulo má-
ximo.
g) (1.5 valores) Calcule o raio espectral do operador B, definido por
Z 1 Z 1 Z 1
1 4 4 4 4
(Bx)(t) = (1 + 9t s ) (1 + 9s τ ) (1 + 9τ 4 ξ 4 )x(ξ) dξ dτ ds + x(t), (2)
64 −1 −1 −1

no espaço C[−1, 1].


h) (1 valor) Verifique, se o operador B, definido por (2), é compacto no espaço C[−1, 1].

Resolução: Seja C = C[−1, 1].


R1 R1 R1
a) Sim. (Au)(t) = −1 (1 + 9t4 s4 )s ds = −1 s ds + 9t4 −1 s5 ds = 0, t ∈ [−1, 1]. Segundo
definição, u ∈ ker A.
b) Não, visto que ker A 6= {0}.

1
nR R1 o
1
c) Im A = {Ax : x ∈ C} = −1
x(s) ds + t4 · −1
9s4 x(s) ds = Sp {1, t4 }. Logo, a base de
Im A é {1, t4 }.
d) O operador A tem núcleo contínuo no [−1, 1], logo, pelo Teorema conhecida, A é limitado,
o que é equivalente, é contínuo em C e
Z 1 µZ 1 Z 1 ¶ µ ¶
4 4 4 4 18 4 28
kAk = sup |1 + 9t s | ds = sup ds + 9t s ds = sup 2 + t = .
t∈[−1,1] −1 t∈[−1,1] −1 −1 t∈[−1,1] 5 5

e) Segundo a conclusão na alínea a), ker A 6= {0}. Logo, 0 ∈ σ(A). O operador A é compacto
em C, logo, segundo Teorema sobre o espectro do operador compacto, todos os pontos do
espectro não nulos do A são autovalores. Então, é suficiente achar autovalores não-nulos do A.
Escrevamos a equação (A − λI)x = 0 na forma
Z 1 Z 1
4
C1 + 9t C2 − λx(t) = 0 onde C1 = x(s) ds, C2 = s4 x(s) ds. (3)
−1 −1

Multiplicando (3) por 1 e t4 e tomando integral pelo intervalo [−1, 1], obtemos o sistema das
equações lineares algébricas em relação às C1 , C2 :
( R ½
1 4
(C 1 + 9C 2 t − λx(t)) dt = 0 2C1 + 18 C − λC1 = 0
5 2
R−1
1 ⇔ 2 (4)
−1
4 8 4
(C1 t + 9C2 t − λt x(t)) dt = 0 C
5 1
+ 2C 2 − λC2 = 0

É claro que sistema algébrico (4) tem solução (C1 , C2 ) não nula sse o determinante ∆ deste
sistema é igual a zero, i.e.
¯ ¯
¯ 2−λ 18 ¯
∆ = ¯¯ 2 5 ¯ = (2 − λ)2 − 36 = 0 ⇔ λ − 2 = ± 6 ⇔ λ = 2 ± 6
5
2−λ ¯ 25 5 5
© ª
Então, os autovalores diferentes de 0 são 45 e 16
5
. Concluímos que σ(A) = 0, 45 , 16
5
.
f) O autovalor do A com o módulo máximo é λ = 16 5
. Achemos o autoespaço associado
16
X = ker(A − λI). O sistema (4) para λ = 5 tem a forma
½ 6
− 5 C1 + 18 C =0
5 2
2 6
C − 5 C2 = 0
5 1

e a sua solução é C2 ∈ C, C1 = 3C2 . Da equação (3) obtemos


1 5 15
x(t) = (C1 + 9t4 C2 ) = (3C2 + 9t4 C2 ) = C2 (1 + 3t4 ).
λ 16 16
Então, X = Sp {1 + 3t4 }.
1 1 3
g) B = 64 A3 + I. Logo, B = f (A),
¡©onde f ª¢
(λ) = 64 λ + 1. Segundo o Teorema de aplicação
4 16
dos espectros σ(B) = f (σ(A)) = f 0, 5 , 5 . Então,
µ ¶ µ ¶3
16 1 42 64 189
r(B) = max |λ| = f = 3 +1= +1= .
λ∈σ(B) 5 4 5 125 125
1
h) Não. O operador A é compacto em C, logo, o operador D = 64 A3 também é compacto.
Suponhamos, agora, que B é compacto em C. Então, o operador I = B − D também é
compacto em C. Mas isto não é verdade visto que I transforma a bola unitária B1 para si
mesma e B1 não é conjunto relativamente compacto em C.

2
3. Consideremos o mesmo operador A, definido por (1), mas agora no espaço de Hilbert L2 [−1, 1].

a) (1 valor) Seja v(t) ≡ 1. Calcule (Av, v) − kvk.


b) (1 valor) Verifique, se operador B, definido por (2) é autoadjunto.
c) (1 valor) Demonstre que (A2 x, x) = kAxk2 qualquer que seja x ∈ L2 [−1, 1].
d) (1 valor) O que é possível dizer sobre a equação x(t)−2(Ax)(t) = sen t no espaço L2 [−1, 1]
(é incompatível, ou tem única solução, ou tem infinidade das soluções)?
R1
Resolução: a) (Av)(t) = −1 (1 + 9t4 s4 ) ds = 2 + 18
5
t4 . Logo,

Zµ ¶ sZ
1
18 4 1
36 √ 136 √
(Av, v) − kvk = 2 + t · 1 ds − 12 ds = 4 + − 2= − 2.
−1 5 −1 25 25

b) Sim. Primeiro, notemos que o operador A é autoadjunto, visto que k ∗ (t, s) = k(s, t) =
1 + 9t4 s4 = k(t, s). Depois, usando propriedades conhecidas, obtemos,
µ ¶∗
1 3 1 1

B = A +I = (A∗ )3 + I ∗ = A3 + I = B,
64 64 64

logo, B é autoadjunto.
c) Segundo a definição do operador autoadjunto, obtemos em designação y = Ax que

(A2 x, x) = (Ay, x) = (y, Ax) = (Ax, Ax) = kAxk2 , x ∈ L2 [−1, 1].

d) µ = 2 não é valor característico da equação x − µAx = f , visto que 12 6∈ σ(A). Então,


qualquer que seja f ∈ L2 [−1, 1], em particular, f (t) = sen t a equação tem única solução.

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