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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Electrotécnica
Licenciatura em Engenharia Electrônica

Transformada de Laplace

Análise Matemática III

Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima

Maputo, 2021
1. Definição de transformada de Laplace
Se f = f (t) é uma função real ou complexa, defenida para todo t ≥ 0 e o parametro z é um número
complexo da forma z = s + iv de modo que para s > 0, ocorre a convergência da integral imprópria
"Z #
Z +∞ M
f (z) = f (t)e−zt dt = lim f (t)e−z dt
0 M →∞ 0

Então a função F = F (z) defenida pela integral a cima, recebe o nome de transformada de Laplace
da função f = f (t).
se o parâmetro z é um número real, isto é, a parte imaginária v = 0 usamos z = s > 0 e a defenição
fica simplismente na forma
Z +∞
F (s) = f (t)e−st dt
0
A transformada de Laplace depende de s, é representada por uma letra maiúscula F = F (s),
enquanto que a função original que sofreu a transformação dependente de t é representada por uma
letra minúscula f = f (t). Para representar a transformada de Laplace da função f , é comúm usar
a seguinte notação

L[f (t)] = F (s)

Exemplo: Calcule a transformada de Laplace da função f (t) = t.


Resolução:
Z +∞
L[f (t)] = te−st dt
0

usando o método de integração por partes se tem:


e−st
Z
u = t −→ du = dt e v= e−st dt = −
s

+∞  −st +∞


te−st 1 +∞ −st
 Z
1 e 1
L[f (t)] = − + e dt = − = 2
s 0 s 0 s s 0 s

2. Função de ordem (tipo) exponecial


uma função f = f (t) é de ordem (tipo) exponecial α sobre [0, ∞) se existem constantes M >) e
α ∈ R tal que para todo t > 0 se tem

|f (t)| ≤ M eαt

ou seja
lim |e−αt f (t)| = 0
t→∞

3. Existência da transformada de Laplace


Se f = f (t) é seccionalmente contı́nua para todo intervalo finito de [0, ∞), e além disso f = f (t) é
de tipo exponecial de ordem α quando t → ∞, então a transformada de Laplace F = F (s) defenida
para s > α por
Z +∞
F (s) = f (t)e−st dt
0
esxite e converge absolutamente
1

1 Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima, Eng. electrônica.

1
Dada uma função G = G(s) e g = g(t) tal que G(s) = L[g(t)]
se G(s) existir então ela será a transformada inversa de Laplace e esta inversa será denotada por

L[G(s)] = g(t)

4. Propriedades Lineares das transformadas de Laplace


A transformada de Laplace é uma transformação linear, isto é:

L[f + g] = L[f ] + L[g] e L[kf ] = kL[f ]

A transformada inversa de Laplace também é uma transformação linear

5. Translação na transformada de Laplace

Se a transformada de :aplace de f = f (t) é dada por


Z +∞
L[f (t)] = F (s) = f (t)e−st dt
0

então
L[ebt f (t)] = F (s − b)

Demonstração
Z +∞ Z +∞
bt
e f (t) e−st dt = e−(s−b)t f (t)dt
 bt 
L[e f (t)] =
0 0
ou seja
L[ebt f (t)] = F (s − b)

6. Transformadas de Laplace de derrivadas de funções

Seja u = y 0 (t), calculemos a transformada de laplace de u


Z +∞
0
L[u] = L[y ] = y 0 (t)e−st dt
0

pelo método de integração por partes temos:


Z
−st −st
u=e ; du = −se ; v= y 0 (t)dt = y(t)

+∞
Z +∞
L[y 0 (t)] = y(t)e−st 0 + s y(t)e−st dt

0

L[y 0 (t)] = sY (s) − y(0)

Fazendo o memso processo pra u = y 00 (t) pode se demonstrar que

L[y 00 (t)] = s2 Y (s) − sy(0) − y 0 (0)

e que em geral

L[y (n) (t)] = sn Y (s) − sn−1 y(0) − sn−2 y 0 (0) − sn−3 y 00 (0) − ... − sy n−2 (0) − y n−1 (0)

2 Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima, Eng. electrônica.

2
7. Derivadas de transformadas de Laplace
Se tomarmos a transformada de Laplace
Z +∞
F (s) = f (t)e−st dt
0

e derivarmos ambos os membros da igualdade em relação à variável s, teremos:


Z +∞
dF
= (−t)f (t)e−st dt
ds 0

que também pode ser escrito como


dF
= L[(−t)f (t)]
ds
tomando as derivadas sucessivas de F + F (s), teremos a regra geral
dn F (s)
L[tn f (t)] = (−1)n
dsn

8. Resolução de EDO linear com transformada de Laplace

Exemplo 1: para obter a solução do PVI y 0 + y = et , y(0) = 5 aplicamos a transformada


de laplace em ambos membros da iguldade

L[y 0 + y] = L[e−t ]
Z +∞ Z +∞  −(s+1)t +∞
e 1
L[e−t ] = e−t e−st dt = e−(1+s)t dt = − =
0 0 s+1 0 s+1

L[y 0 + y] = L[y 0 ] + L[y] = sL[y] + L[y] − y(0) = (s + 1)L[y] − 5

1 1 5
(s + 1)L[y] − 5 = → L[y] = 2
+
s+1 (s + 1) s+1
Aplicando a transformada inversa de laplace temos
1 1
= L[te−t ] e = L[e−t ]
(s + 1)2 s+1
logo
y(t) = te−t + 5e−t = (t + 5)e−t

Exemplo 2: Obter a solução do PVI seguinte:

y 00 − 2y 0 − 3y = 6et ; y(0) = 1; y 0 (0) = 3

L[y 00 − 2y 0 − 3y] = L[6et ] ↔ L[y 00 ] − 2L[y 0 ] − 3L[y] = 6L[et ]


6
s2 Y (s) − sy(0) − y 0 (0) − 2[sY (s) − y(0)] − 3Y (s) =
s−1
6
s2 Y (s) − s − 3 − 2sY (s) + 2 − 3Y (s) =
s−1
6
Y (s)(s2 − 2s − 3) − (s + 1) =
s−1
6 s+1 6 1
Y (s) = 2
+ 2 = +
(s − 1)(s − 2s − 3) s − 2s − 3 (s − 1)(s − 3)(s + 1) s − 3
3

3 Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima, Eng. electrônica.

3
A B C 1
Y (s) = + + +
s−1 s−3 s+1 s−3

6 3
Para a singularidade s = 1 temos: A = lim (s − 1) =−
s→1 (s − 1)(s − 3)(s + 1) 2
6 3
Para a singularidade s = 3 temos: B = lim (s − 3) =
s→3 (s − 1)(s − 3)(s + 1) 4
6 3
Para a singularidade s = −1 temos: C = lim (s + 1) =
s→−1 (s − 1)(s − 3)(s + 1) 4

logo
3 1 7 1 3 1
Y (s) = − + +
2s−1 4s−3 4s+1

Agora aplicando a transformada inversa de laplace teremos:


1 3t
y(t) = (7e − 6et + 3e−t )
4
Resolução de Exercı́cios
1. Encontre a Transformada de Laplace das funções dadas

(c) f (t) = tsin(bt) √ √


1 −t/2 3 5 −t/2 3
(d) f (t) = e cos( t) − √ e sin( t)
2 2 2 3 2

Resolução
Z +∞
c) L[tsin(bt)] = tsin(bt)e−st dt = I
0
Aplicando o método de integração por partes teremos
e−st
u = tsin(bt); du = sin(bt) + btcos(bt)dt; v=−
s

+∞
tsin(bt)e−st 1 +∞ b +∞
Z Z
−st
I=− + sin(bt)e dt + tcos(bt)e−st dt
s
0 s 0 s 0
+∞
tsin(bt)e−st tsin(bt)e−st
− = lim − uma vez que −1 ≤ sin(bt) ≤ 1 podemos tomar o maior
s
0
t→+∞ s
valor de sin(bt) que é 1, logo
tsin(bt)e−st te−st t
lim − = lim − = lim − st = 0
t→+∞ s t→+∞ s t→+∞ se

Z +∞
b
sin(bt)e−st dt = L[sin(bt)] =
0 b2 + s2
Z +∞
tcos(bt)e−st dt nesta integral vamos usar o método de integração por partes
0

e−st
u = tcos(bt); du = cos(bt) − btsin(bt)dt; v=−
s

+∞ +∞
tcos(bt)e−st 1 +∞ b +∞
Z Z Z
−st −st
tcos(bt)e dt = − + cos(bt)e dt − tsin(bt)e−st dt
0 s
0 s 0 s 0

4 Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima, Eng. electrônica.

4
Z +∞
s
tcos(bt)e−st dt = (pela tabela)
0 b2 + s2

Z +∞
1 s b
logo tcos(bt)e−st dt = − .I voltando à integral prencipal teremos:
0 s (b2 + s2 ) s

 
1 b b 1 b
I= + − .I
s (b2 + s2 ) s (b2 + s2 ) s

Z +∞
2sb
I = L[tsin(bt)] = tsin(bt)e−st dt =
0 (b2 + s2 )2

√ √
1 −t/2 3 5 −t/2 3
(d) f (t) = e cos( t) − √ e sin( t)
2 2 2 3 2
L[f (t)] = J

 √ √  Z +∞  √ √ 
1 −t/2 3 5 −t/2 3 1 −t/2 3 5 −t/2 3
L e cos( t) − √ e sin( t) = e cos( t) − √ e sin( t) e−st dt
2 2 2 3 2 0 2 2 2 3 2

Z +∞
√ Z +∞

1 3 −st 5 3 −t/2
J= e−t/2 cos( t)e dt − √ e−t/2 sin( t)e dt
2 0 2 2 3 0 2

Z +∞
√ Z +∞

1 3 −(s+)t/2 5 3 −(s+2)t/2
J= cos( t)e dt − √ sin( t)e dt
2 0 2 2 3 0 2

fazendo a substituição y = t/2; dt = 2dy teremos:


Z +∞ √ −(s+2)y 5
Z +∞ √
J= cos( 3y)e dy − √ sin( 3y)e−(s+2)y dy
0 3 0

Usando o método de integração por partes temos:


√ √ √ e−(s+2)y
u = cos( 3y); du = − 3sin( 3y)dy; v=−
s+2
√ +∞ √ Z +∞
−cos( 3y)e−(s+2)y 3 √ −(s+2)y 5
Z +∞ √
J= − sin( 3y)e dy − √ sin( 3y)e−(s+2)y dy
s+2
0 s+2 0 3 0
 √

Z +∞
1 3 5
J= − +√ sin( 3y)e−(s+2)y dy
s+2 s+2 3 0
Usando o método de integração por partes temos:
√ √ √ e−(s+2)y
u = sin( 3y); du = 3cos( 3y)dy; v=−
s+2

√ +∞ √ Z +∞
Z +∞ √ −(s+2)y −sin( 3y)e−(s+2)y 3 √
I= sin( 3y)e dy = + cos( 3y)e−(s+2)y dy
0 s+2
0 s+2 0
5

5 Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima, Eng. electrônica.

5
√ √ +∞ √ Z +∞
3 −cos( 3y)e−(s+2)y √
 
3 −(s+2)y
I= − sin( 3y)e dy
s+2 s+2
0 s+2 0

√ √ 
3 1 3
I= − I
s+2 s+2 s+2


3
I=
s+5
√  √ 
1 3 3 5
logo J= − +√ ou seja
s+2 s+5 s+2 3

 √ √ 
1 −t/2 3 5 −t/2 3 1 3 5
L e cos( t) − √ e sin( t) = − −
2 2 2 3 2 s + 2 (s + 2)(s + 5) s + 5

2. Determine a original sabendo que a imagem é:

p+3
(a) F (p) =
p(p − 1)(p + 2)
p+3
(b) F (p) =
p2 − 3p + 2

Resolução

(a) usamos o método das fracções parciais para reduzir à um caso menos complexo e aı́ usamos
a tabela das transformadas inversas
p+3 A B C
F (p) = = + +
p(p − 1)(p + 2) p p−1 p+2

p+3 3
Para a singularidade p = 0 temos A = lim p =−
p→0 p(p − 1)(p + 2) 2
p+3 4
Para a singularidade p = 1 temos B = lim (p − 1) =
p→1 p(p − 1)(p + 2) 3
p+3 1
Para a singularidade p = −2 temos C = lim p =
p→−2 p(p − 1)(p + 2) 6
−3/2 4/3 1/6
logo temos que F (p) = + +
p p−1 p+2

Aplicando a transformada inversa de Laplace teremos

3 4 1
f (t) = − + et + e−2t
2 3 6

p+3 A B
(b) F (p) = = +
p2 − 3p + 2 p−1 p−2
p+3
Para a singularidade p = 1 temos A = lim (p − 1) = −4
p→1 (p − 1)(p − 2)
p+3
Para a singularidade p = 2 temos A = lim (p − 2) =5
p→1 (p − 1)(p − 2)
6

6 Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima, Eng. electrônica.

6
−4 5
logo F (p) = +
p−1 p−2

Aplicando a transformada inversa de Laplace teremos

f (t) = 5e2t − 4et

3. Aplicando a trensformada de Laplace resolva as seguintes equações diferenciais ordenárias

(a) y 0 + 3y = e2t , y(0) = 1

Resolução

Aplicando a transformada de laplace em ambos membros da igualidade e resolver teremos:

1 1
L[y 0 + 3y] = L[e2t ] ↔ L[y 0 ] + 3L[y] = ↔ L[y] − y(0) + 3L[y] =
s+2 s+2
1 1 1 −1 1 1
L[y] = + = + + =
(s + 2)(s + 3) s + 3 s+2 s+3 s+3 s+2

Aplicando a transformada inversa de Laplace teremos

f (t) = e−2t

7 Jaime, Dénio Rezı́lia Fátima, Eng. electrônica.

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