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Modelo Fracionário da equação logı́stica de

Verhulst
Fernanda de Andrade Flor & Rafael Antônio Ros-
sato
Universidade Federal de Uberlândia
fernandaflor@ufu.br

Resumo Cálculo Fracionário Portanto a equação do número de in-


divı́duos em função do tempo é
Neste trabalho estudamos uma abor- Neste trabalho consideramos o caso
real destas definições, porém tais con- 1
dagem fracionária do modelo logı́stico N (t) = 1
 1
 .
de Verhulst. Como resultado observa- ceitos podem ser estendidos a ordem r
+ v(0) − r Eα(−ktα)
mos que a redução na ordem da deri- complexas (ver [2]).
Temos que a solução de ordem inteira
vada implica em soluções de compor- Denotando por I o operador in-
é um caso particular da solução do mo-
tamento semelhante ao do problema de tegral, é possı́vel demonstrar que
n
R t (t−τ )n−1 delo fracionário. De fato, observe que
ordem inteira igual a um, porém com I f (t) = 0 (n−1)! f (τ )dτ, utili-
zando indução sobre n, o que nos su- 1
uma taxa de crescimento menor, ape- lim N (t) = ,
1 1
 
sar de convergirem para a mesma ca- gere uma forma de definir a integral α→1
r
+ v(0) − r e−kt
pacidade suporte. fracionária.
uma vez que a função de Mittag-
Definição 5. Seja f (t) uma função in-
Leffler é uma generalização da função
tegrável. A integral fracionária de
Introdução exponencial.
Riemann-Liouville de ordem ν > 0
Na Figura 1, esboçamos alguns
de f (t) denotada por I ν f (t) é defi-
Nessa seção apresentamos proprieda- gráficos de N (t) para diferentes valo-
nida como sendo:
des relevantes, cujas demonstrações Z t ν−1 res da ordem α.
ν (t − τ )
estão disponı́veis em [1] e [2]. I f (t) = f (τ )dτ.
0 Γ(ν)
Definição 1. Seja f (t) uma função de-
Definimos que I 0f (t) = f (t).
finida em 0 ≤ t < ∞. Definimos a
transformada de Laplace de f (t), de- Definição 6. Sejam β > 0 e n ∈ N,
notada por L [f (t)] ou F (s), por tal que, n − 1 < β ≤ n. A derivada
R ∞ −st de ordem β de f (x), com x > 0, de-
F (s) = 0 e f (t)dt, s > 0.
notada por D β f (x), é definida como
Teorema 1. Seja f uma função tal que β n−β n Figura 1: Gráficos da solução do modelo fra-
D f (x) = I [D f (x)]
f e f ′ são contı́nuas e de ordem expo- cionário para difentes valores da ordem α
nencial. Então, L [f ′(t)] existe para Se β = n, então D β [f (x)] = Fonte: Elaboração própria.

s > a e é dada por I n−β [D nf (x)] = D nf (x).



Teorema 3. Sejam β > 0 e n ∈ N, Resultados
L [f (t)] = sL [f (t)] − f (0). tal que, n − 1 < β ≤ n. Então
β β−n n
L [D f (t)] = s L [D f (t)]. Como limt→∞ Eα(−ktα) = 0 para
Definição 2. Sejam f (t) e g(t) duas
funções de ordem exponencial defini- todos os valores de 0 < α ≤ 1, temos
das no intervalo 0 ≤ t < ∞. Defini- Modelo logı́stico de Verhulst que
mos o produto de convolução de f (t) lim N (t) = r,
O modelo logı́stico foi proposto por t→∞
e g(t) como
Rt Verhulst em 1838 e possui a equação ou seja, para qualquer valor de 0 <
(f ∗ g)(t) = 0 f (t − τ )g(τ )dτ.   α ≤ 1, todas as soluções convergem
d 1
Proposição 1. Sejam f (t) e g(t) duas v(t) = k − v(t) , para o valor suporte r.
dt r
funções de ordem exponencial. Temos
onde k é a taxa de crescimento, r é a
L [(f ∗ g)(t)] = L [f (t)] · L [g(t)]. capacidade suporte, N (t) = v −1(t) Conclusão
representa o número de indivı́duos.
Definição 3. Dado x ∈ R \ Consideremos sua versão fracionária No modelo fracionário nas condições
{0, −1, −2, . . .} definimos a função dada pela equação descritas acima, obtemos soluções que
Gamma pela seguinte integral, 
1

decrescem mais lentamente que no
α
R ∞ −t x−1
Γ(x) = 0 e t dt. D v(t) = k − v(t) , (2) modelo clássico, sugerindo um decres-
r
Teorema 2. Para n ∈ N, temos com α ∈ (0, 1]. Aplicando a trans- cimento na taxa de variação. Além
Γ(n) = (n − 1)!. formada de Laplace, usando a sua li- disso, como no modelo clássico, to-
nearidade, os Teoremas 3 e 1, das as soluções fracionárias com 0 <
Logo temos que a função Gamma
k α ≤ 1 convergem para o valor suporte
é uma generalização do fatorial para α
L [D v(t)] = L [1] − kL [v(t)] r. Tais resultados contribuem para o es-
números reais. r 
1
 tudo do cálculo fracionário, uma vez
Definição 4. Dados α > 0 e t > 0, sα−1
[sF (s)−v(0)] = k − F (s) , que não há na literatura significados
definimos a Função de Mittag-Leffler rs
fı́sicos ou geométricos acerca da deri-
de um parâmetro pela seguinte série denotando L [v(t)] = F (s). Logo
" # " # vada fracionária.

tk 1 ks−1 sα−1
Eα(t) =
X
. F (s) = +v(0)
Γ(αk + 1) r sα + k sα + k
k=0 Referências
s−1 1 sα−1
Uma vez que k sα+k = − α
s s +k
, temos
A função acima é uma generalização [1] William E. Boyce, Richard C.
  " α−1 #
fracionária da função exponencial, 1 1 s DiPrima, and Valéria M. Iório.
F (s) = + v(0) − .
uma vez que E1(t) = et. A seguinte rs r sα + k Equações Diferenciais Elementares
equação, demonstrada em [2], nos dá a Logo, segue da Equação (1) que a e Problemas de Valores de Con-
transformada de Laplace da função de solução da equação diferencial fra- torno. LTC, Rio de Janeiro, 2010.
Mittag-Leffler utilizada no modelo. cionária (2), é [2] Najla Varalta. Das transforma-
sα−1
 
1 1 das integrais ao cálculo fracionário
L [Eα(−kt
α
)] = . (1) v(t) = + v(0) − Eα(−ktα).
sα + k r r aplicado à equação logı́stica, 2014.

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