Você está na página 1de 88

FÍSICA

CIÊNCIAS DA NATUREZA
E SUAS TECNOLOGIAS
Antonio Sérgio Martins de Castro

es
ag
Im
tty
/Ge
o to
h
ckp
i S to

FÍSICA MODERNA
Capítulo 1 Teoria da relatividade restrita 2
Capítulo 2 Física quântica 22
Capítulo 3 Física nuclear 43
Capítulo 4 Partículas elementares e Cosmologia 62

Compreender e interpretar novos modelos e teorias associadas à Física moderna, evidenciando suas diferenças e implicações
em nosso cotidiano.
1
ko
ya
9
79
/Sh
utt
ers
toc
k
TEORIA DA
RELATIVIDADE RESTRITA
OBJETIVOS
DO CAPÍTULO
No fim do século XIX, os cientistas consideravam que já haviam descoberto tudo a res-
► Reconhecer a importância
peito da Física. O conhecimento desenvolvido até esse período denomina-se Física clássi-
das teorias de Einstein na
ca, que é a Física básica, estudada em unidades anteriores.
interpretação e relativização
Grey82/Shutterstock

sobre as noções de espaço e


tempo.
► Identificar e interpretar
os princípios em que se
fundamenta a teoria da
relatividade especial.
► Analisar situações que
envolvem a dilatação
temporal e suas implicações.
► Analisar situações que
envolvem a contração
espacial e suas implicações.
► Compreender e interpretar
as propostas de Einstein
referentes à variação de
massa com a velocidade.
► Compreender a relação
entre massa e energia.

Principais conceitos
que você vai aprender:
Réplica em cera de Albert Einstein (1879-1955), do museu Madame Tussauds. ► Relatividade restrita
► Dilatação temporal
No fim do século XIX e início do século XX, houve uma revolução nesses estudos, de-
corrente principalmente dos trabalhos de Albert Einstein, em especial a teoria da relativi- ► Contração espacial
dade restrita, proposta por ele em 1905. Esses conhecimentos são considerados ponto de ► Velocidade relativística
partida para o surgimento da Física moderna. ► Transformação de Lorentz
As descobertas de Einstein, jamais refutadas experimentalmente, mostram que gran- ► Nas páginas 12 e 13
de parte dos estudos de Física clássica são casos particulares da Física moderna. organizamos um infográfico
Por exemplo, um corpo que se move em altíssima velocidade (comparável à da luz): a des- sobre a Relatividade especial.
crição de seu movimento pode ser feita precisamente pelas equações de Einstein, mas
falha quando se aplica a tradicional Mecânica newtoniana. Já para um corpo em baixa
velocidade, tanto a Física clássica quanto a moderna nos levam a resultados precisos
(com diferenças realmente desprezíveis entre si).
• Observam-se vários desdobramentos quando consideramos velocidades próximas
da velocidade da luz (velocidades relativísticas). O que ocorre com um corpo físico ao
atingir uma velocidade relativística? Na história, algum corpo já conseguiu ultrapas-
sar a velocidade da luz?
Estudaremos neste capítulo o que chamamos de Física moderna, e analisaremos
as teorias e propostas que ampliaram o poder humano de compreender e transformar
a realidade.

2
A teoria da relatividade restrita
Após unificar eletricidade e magnetismo, James C. Maxwell (1831-1879) mostrou que a
luz é uma onda eletromagnética e que sua velocidade é dada por:

1
c=
µ 0 – ε0

em que µ0 = 4π ⋅ 10–7 T ⋅ m/A e ε0 = 8,85 ⋅ 10–12 F/m são constantes denominadas de per-
meabilidade magnética e permissividade elétrica do vácuo, respectivamente. Como toda
resposta, porém, pode gerar várias outras perguntas, essa descoberta acabou por tirar
o sono de muitos físicos da época. Acontece que a velocidade obtida por Maxwell para
as ondas eletromagnéticas é constante, independentemente do referencial no qual ela é
medida. Essa invariância para a velocidade da luz não estava de acordo com os conceitos
absolutos de tempo e espaço da Física clássica.
A grande revolução proposta por Albert Einstein (1879-1955), com a publicação da
teoria da relatividade restrita, em 1905, foi aceitar a constância da velocidade da luz
como um princípio fundamental, mas ao custo de relativizar as noções de espaço e
tempo. Segundo Einstein, o tempo e o espaço deixam de ser conceitos absolutos, como
previa a Física newtoniana, e passam a depender do referencial no qual são medidos.
Como consequência, Einstein vai ainda mais longe e propõe que a massa de um objeto
também não é constante, mas varia de acordo com sua velocidade.
OHishiapply/Shutterstock, Analen der Physik

Artigo de Albert Einstein, Zur


Elektrodynamic Bewgter Körper
(Sobre a eletrodinâmica dos
corpos em movimento), publicado
em 1905.

A invari‰ncia da velocidade da luz


Inicialmente denominada pelo próprio Einstein de princípio da invariância, a teoria
da relatividade especial fundamenta-se em dois princípios:
• As leis da Física são equivalentes em todos os referenciais que se movem uniforme-
mente entre si.
• A velocidade da luz no vácuo é constante (c = 3 ⋅ 108 m/s) e invariante para todos
os referenciais.
Para compreendermos o significado e as consequências desses princípios, retomemos
o conceito de velocidade relativa da Mecânica clássica.
Considere uma pessoa parada e um carro que se aproxima dela com velocidade de
20 km/h, medida em relação à Terra, como mostra a figura A. Nesse caso, a velocidade
do carro, medida pela pessoa parada, também será de 20 km/h. Por outro lado, se a
pessoa começa a correr, indo em direção ao carro com velocidade de 8 km/h, também
medida em relação à Terra, como mostra a figura B, a velocidade do carro medida pela
pessoa passará a ser de 28 km/h (20 km/h + 8 km/h).

A v1 = 0 B
v2 = 20 km/h v1 = 8 km/h v2 = 20 km/h
FÍSICA

3
O fato curioso é que, segundo o Eletromagnetismo de Maxwell, essa regra não vale
para a luz. Se uma pessoa está parada e mede a velocidade de um raio de luz que se apro-
xima dela, ela vai medir 3 ⋅ 108 m/s, como mostra a figura A a seguir. Por sua vez, se essa
pessoa, hipoteticamente, correr com velocidade de 2 ⋅ 105 m/s indo de encontro ao raio de
luz, como mostra a figura B, ela medirá a mesma velocidade de 3 ⋅ 108 m/s para o raio de luz.
Ou seja, a velocidade da luz é invariante em relação a uma alteração de referencial.

v=0 A v = 2 · 108 m/s B

Luz Luz

c = 3 · 108 m/s c = 3 · 108 m/s

Dilatação temporal
A invariância da velocidade da luz obrigou Einstein a derrubar os conceitos de espaço
e tempo absolutos. Segundo ele, para que a velocidade de um raio de luz seja igual em dois
referenciais quaisquer, que se movem uniformemente em relação ao outro, o intervalo de
tempo entre dois eventos não pode ter a mesma duração nos dois referenciais. Além dis-
so, os comprimentos de um mesmo objeto medidos nesses dois referenciais apresentarão
valores diferentes.
Para ilustrar a relatividade temporal, considere um referencial S0 fixo no vagão de um
trem que se move com velocidade v em relação a um referencial S fixo na Terra.

S S0
Espelho

∆t0

Um raio de luz parte de uma lâmpada localizada no piso do vagão, move-se em direção
ao espelho colocado no teto do vagão, reflete-se e retorna para o piso do vagão, percor-
rendo uma distância 2h em relação ao referencial S0. Com isso, podemos dizer que o inter-
valo de tempo ∆t0 entre a emissão do raio de luz pela lâmpada e sua chegada novamente
no piso do vagão, medido por uma pessoa que está no referencial S0, é dado por:
∆s 2h 2h Curiosidade
v= sc= s ∆t0 = (I)
∆t ∆t0 c 1 Para distâncias maiores,

Vamos agora considerar uma pessoa fixa na Terra (referencial S). Para essa pessoa, a como de uma estrela para
luz percorre uma distância maior, dada por 2L, como mostra a figura. 1 outra, os astrônomos usam
uma medida de comprimento
S S0 S0 em escala interestelar que se
chama ano-luz.
L L (1 ano-luz corresponde a
v v
9 460 730 472 580,8 km).
Essa unidade também é usada
I II para mensurar o tempo de
∆t
chegada da luz do corpo celeste
até o observador. Por exemplo:
Com isso, o intervalo de tempo ∆t medido por essa pessoa entre a emissão e o retorno se uma estrela está a 6 anos-
da luz no piso do vagão é dado por: luz, significa que a sua luz viaja
∆s 2L 2L durante 6 anos para chegar ao
v= sc= s ∆t = (II)
∆t ∆t c observador.

4 CAPÍTULO 1
Pela figura, é evidente que L . h. Portanto, pelas equa- Curiosidade
ções I e II, ∆t . ∆t0. Isso significa que, para a pessoa que 1 O fator de conversão entre o
está no referencial S0, o intervalo de tempo entre dois intervalo de tempo relativístico
eventos quaisquer é menor do que aquele medido pela e o tempo do referencial fixo,
pessoa que está no referencial S. Em outras palavras, po- 1
γ= , é conhecido
2
demos dizer que o tempo passa mais lentamente para a v
1–  
pessoa que está no referencial S0 do que para a pessoa  c
que está no referencial S. A relação matemática entre os como transformação de
Lorentz, em homenagem
intervalos de tempo ∆t e ∆t0, em função da velocidade v,
ao físico neerlandês Hendrik
é dada por:
Lorentz (1853-1928).

∆t0
∆t =
2
 v
1– 
 c

Pode-se notar que, sendo v , c, o denominador da Antes da viagem.


equação é sempre um número entre 0 (zero) e 1 (um).
Com isso, temos ∆t . ∆t0, confirmando que o intervalo
de tempo medido pelo observador fixo no referencial
fixo (referencial S) é maior do que aquele medido no re-
ferencial em movimento (referencial S0). 1
Para ilustrar a dilatação temporal, é usado o parado-
xo dos g•meos (ao lado). Considere dois gêmeos idênti-
cos: um deles fica aqui na Terra e o outro faz uma viagem
espacial em uma nave (fictícia), que viaja com velocidade
próxima à da luz. Passado algum tempo, o gêmeo que es-
tava na nave retorna à Terra e encontra o irmão. O que
aconteceu? Aquele que fez a viagem está mais jovem do
que o irmão que permaneceu na Terra. Isso ocorreu porque
o tempo transcorreu mais lentamente para o que estava
na nave. Então, alguns anos para o gêmeo que viajou na
nave fictícia podem ter representado alguns anos a mais
para o gêmeo que ficou aqui na Terra. Após a viagem.

E se fosse possível? Tema integrador Trabalho, ciência e tecnologia.

De acordo com os postulados de Eisntein, a velocidade da luz é a mesma para qualquer tipo de referencial. A teoria da relatividade
nos dá margem para imaginar que, se a matéria – quer seja um objeto material ou uma informação – conseguir se deslocar com
velocidade maior que a da luz, ela seria capaz de viajar no tempo.

E se fosse possível viajar no tempo?


Com tal capacidade, poderíamos mudar o passado e consequentemente o futuro, como já assistimos inúmeras vezes em
filmes. Teorias não faltam para justificar essa possibilidade, inclusive aquelas que afirmam que os “buracos de minhoca” seriam
as pontes que ligariam passado, presente e futuro. Mas, ao voltarmos para a teoria da relatividade, cuja “barreira da infinidade”
parece ser intransponível, conclui-se que é bem pouco provável que viagens no tempo sejam possíveis, e claro que essa infor-
mação é tratada pelos cientistas como improvável.
Andrey_l/Shutterstock

Pesquise quais são os argumentos, no ramo da Física, usados pelos cientistas para declarar que os avanços nas pesqui-
sas acerca da viagem no tempo são muito improváveis.
FÍSICA

5
Atividades
1. (UPF-RS) Em relação à teoria da Relatividade Restrita, formulada por Einstein, é correto afirmar:
a) Estuda os fenômenos relativos a referenciais inerciais.
b) As leis da Física são diferentes quando mudamos de um referencial inercial para outro.
c) Em um sistema de referência inercial, a velocidade da luz, medida no vácuo, depende da velocidade com a qual se move
o observador.
d) O tempo é uma grandeza absoluta.
e) Os referenciais inerciais são referenciais que se movem, uns em relação aos outros, com velocidade variável.

2. Considerando um trem hipotético que se move a 1 ⋅ 108 m/s em relação a um observador parado em uma estação e sendo
de 3 ⋅ 108 m/s a velocidade da luz no vácuo, aponte o que diz a relatividade da Física clássica e da Física moderna para a
luz que o observador recebe do trem, nas situações a seguir:
a) o trem aproxima-se do observador;

b) o trem afasta-se do observador.

3. (UEG-GO) Observe a seguinte sequência de figuras:


Reprodução / UEG-GO, 2010.

Na sequência indicada, estão representadas várias imagens do logo do Núcleo de Seleção da Universidade Estadual de Goiás,
cada uma viajando com uma fração da velocidade da luz (c). O fenômeno físico exposto nessa sequência de figuras é explicado:
a) pela ilusão de ótica com lentes. c) pelo efeito Compton da translação.
b) pela lei de proporções múltiplas. d) pela teoria da relatividade especial.

4. Um astronauta partiu para uma missão no espaço 40 dias antes de seu aniversário. A tripulação quer fazer uma festa surpresa
exatamente nesse dia aqui na Terra. Para a tripulação na nave, que viaja com 80% da velocidade da luz, quantos dias após
a partida deve ser realizada a festa?

6 CAPÍTULO 1
5. (UPE) 7. (Udesc) De acordo com o paradoxo dos gêmeos, talvez
A sonda caçadora de exoplanetas Kepler encontrou o mais famoso paradoxo da relatividade restrita, pode-se
aquele que talvez seja o corpo celeste mais parecido com supor a seguinte situação: um amigo da sua idade viaja a
a Terra. A Nasa anunciou, nesta quinta-feira (23), a des- uma velocidade de 0,999c para um planeta de uma estrela
coberta de Kepler-452b, um exoplaneta encontrado den- situado a 20 anos-luz de distância. Ele passa 5 anos neste
tro de uma zona habitável de seu sistema solar, ou seja, planeta e retorna para casa a 0,999c. Considerando que
uma região onde é possível que exista água no estado lí-
γ = 22,4, assinale a alternativa que representa corretamen-
quido. A semelhança com nosso planeta é tão grande que
te quanto tempo seu amigo passou fora de casa do seu
os pesquisadores chamaram o Kepler-452b de Terra 2.0.
ponto de vista e do ponto de vista dele, respectivamente.
O Kepler-452b é cerca de 60% maior que a Terra e precisa
de 385 dias para completar uma órbita ao redor de sua a) 20,00 anos e 1,12 ano
estrela, a Kepler 452. E essa estrela hospedeira é muito b) 45,04 anos e 1,79 ano
parecida com nosso Sol: tem quase o mesmo tamanho, c) 25,00 anos e 5,00 anos
temperatura e emite apenas 20% mais luz. Localizado na d) 45,04 anos e 6,79 anos
constelação Cygnus, o sistema solar da Terra 2.0 está a
e) 40,04 anos e 5,00 anos
1 400 anos-luz distante do nosso.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/
terra-2-0-nasa-anuncia-descoberta-historica-de-planeta
-quase-identico-ao-nosso> Acesso em: 14 jul. 2016.

Supondo-se que, a fim de investigar mais de perto o


Kepler-452b, uma sonda tenha sido enviada da Terra por
1
c
uma equipe da Nasa, com uma velocidade igual a (3) 2 .
2
Quando o relógio instalado na sonda marcar 28 anos de via-
gem, quanto tempo terá se passado para a equipe na Terra?
a) 7 anos d) 42 anos
b) 14 anos e) 56 anos
c) 21 anos

8. +Enem [H17] Sendo a velocidade da luz no vácuo


c = 3 ⋅ 108 m/s e o comprimento aproximado da circun-
ferência do Equador 40 000 km, se você conseguisse
uma nave capaz de atingir a velocidade da luz, você
daria 7,5 voltas ao redor da Terra em apenas 1 s. Vamos
supor uma nave que consiga dar “apenas” 6 voltas ao
redor da Terra em 1 s. Sendo você o piloto, quanto
6. Alguns alunos de um curso de Física foram levados para
tempo, segundo o seu referencial, seria necessário para
uma excursão a bordo de uma nave espacial para o espaço.
completar 600 voltas?
Eles foram informados de que o passeio teria duração de
a) 20 s b) 30 s c) 40 s d) 50 s e) 60 s
4 horas. Pedro estava preocupado, pois, caso houvesse
qualquer tipo de atraso, ele não chegaria a tempo para
sua consulta ao dentista.
Considere as seguintes informações:
• Após o pouso, Pedro tinha disponível o tempo exato
para chegar ao consultório.
• Exceto no períodos de aceleração e desaceleração, a
viagem foi feita com velocidade de 2 ⋅ 108 m/s.
• Pedro ficou atento ao seu relógio de pulso durante
toda viagem, a qual, segundo seu relógio, durou exa-
tamente 4 horas.
Levando-se em consideração as informações anteriores e
sendo a velocidade da luz no vácuo c = 3 ⋅ 108 m/s, Pedro
conseguiu chegar a tempo para sua consulta?
FÍSICA

7
Tarefa proposta 1 a 14
Complementares
9. (UEG-GO) 11. (UFPE) Um astronauta é colocado a bordo de uma espa-
Antes mesmo de ter uma ideia mais correta do que é a çonave e enviado para uma estação espacial a uma velo-
luz, o homem percebeu que ela era capaz de percorrer muito cidade constante v = 0,8c, onde c é a velocidade da luz no
depressa enormes distâncias. Tão depressa que levou Aris- vácuo. No referencial da espaçonave, o tempo transcorrido
tóteles – famoso pensador grego que viveu no século IV a.C.
entre o lançamento e a chegada na estação espacial foi de
e cujas obras influenciaram todo o mundo ocidental até a
12 meses. Qual é o tempo transcorrido no referencial da
Renascença – a admitir que a velocidade da luz seria infinita.
GUIMARÃES, L. A.; BOA, M. F. Termologia e —ptica.
Terra, em meses?
São Paulo: Harbra, 1997. p. 177. 12. (UFRN) André está parado em relação a um referencial
Hoje sabe-se que a luz tem velocidade de aproximada- inercial, e Regina está parada em relação a outro referen-
mente 300 000 km/s, que é uma velocidade muito gran- cial inercial, que se move com velocidade (vetorial) cons-
de, porém finita. A teoria moderna que admite a veloci- tante em relação ao primeiro. O módulo dessa velocidade
dade da luz constante em qualquer referencial e, portan- é v. André e Regina vão medir o intervalo de tempo entre
to, torna elásticas as dimensões do espaço e do tempo é: dois eventos que ocorrem no local onde esta se encontra
a) A teoria da relatividade (por exemplo, o intervalo de tempo transcorrido entre
b) A teoria da dualidade onda – partícula o instante em que um pulso de luz é emitido por uma
c) A teoria atômica de Bohr lanterna, após ser refletido por um espelho). A teoria da
d) O princípio de Heisenberg relatividade restrita nos diz que, nesse caso, o intervalo
e) A lei da entropia de tempo medido por André (∆tAndré) está relacionado ao
intervalo de tempo medido por Regina (∆tRegina) por meio
10. (Vunesp) Instituído pela Organização das Nações Unidas,
da expressão: ∆tAndré = γ ⋅ ∆tRegina. Nessa relação, a letra
2005 é o Ano Mundial da Física, em que se comemora o
gama (γ) denota o fator de Lorentz. O gráfico a seguir
centenário dos trabalhos revolucionários publicados por
v
Albert Einstein, o mais importante cientista do século XX representa a relação entre γ e , na qual c é a velocidade
c
(segundo a revista estadunidense Time). Na teoria da rela- da luz no vácuo. Considere que o fator de Lorentz é dado
tividade especial de Einstein, objetos que se movem com
1
velocidade v em relação a um referencial inercial têm o por: γ = .
2
tempo dilatado por um fator γ, para um observador em  v
1–  
repouso nesse referencial. A tabela mostra valores de γ  c
para diversos módulos da velocidade v, representados em
γ 8
múltiplos da velocidade da luz, c = 3 ⋅ 108 m/s.
V γ 7

0,000c 1,000 6
0,100c 1,005
5
0,200c 1,021
4
0,400c 1,091
0,600c 1,250 3

0,800c 1,667
2
0,900c 2,294
1
0,998c 15,82
0,999c 22,37 0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
c ∞ v
c
Segundo esse modelo, pede-se:
Imagine que, realizadas as medições e comparados os
a) Qual é a velocidade, em m/s, que deve ser atingida
resultados, fosse constatado que ∆t André = 2 ⋅ ∆tRegina.
pelo objeto para que a dilatação do tempo seja de
Usando-se essas informações, é possível estimar que,
apenas 0,5%? Comente como esse resultado explica
para se obter esse resultado, a velocidade v teria de
por que as pessoas não percebem os efeitos da dilata-
ser aproximadamente:
ção do tempo no seu dia a dia.
a) 50% da velocidade da luz no vácuo.
b) Se para o objeto passaram-se 10 minutos, quantos mi-
nutos se passaram para um observador no referencial b) 87% da velocidade da luz no vácuo.
inercial que vê o objeto se movimentando à velocidade c) 105% da velocidade da luz no vácuo.
de 0,600c? d) 20% da velocidade da luz no vácuo.

8 CAPÍTULO 1
Contração espacial
Einstein foi obrigado a quebrar o caráter absoluto do espaço e do tempo, pilares da
Física clássica, para aceitar a invariância da velocidade da luz. Assim, aprendemos que o
tempo passa mais lentamente em um referencial com velocidades muito altas, quando
comparado com outro referencial em repouso.
Além da dilatação temporal, a velocidade relativa entre dois referenciais pode tam-
bém produzir uma contração espacial. Para ilustrar, vamos imaginar um trem (referen-
cial S0) que se move com velocidade v em relação à estação (referencial S). Considere uma
barra de comprimento L colocada dentro do vagão, disposta paralelamente à direção da
velocidade do trem. Uma pessoa no referencial S0, fixo no vagão, mede um comprimento L0
para essa barra, como mostra a figura.
S

S0

L0

A mesma barra, medida por uma pessoa no referencial S, fixo na Terra, terá um compri-
mento L , L0 dado por:

L0  v
2
L= s L = L0 ⋅ 1– 
γ  c

Variação da massa com a velocidade


No mesmo trabalho publicado em 1905, no qual Einstein revoluciona os concei-
tos de espaço e tempo, ele ainda quebra mais um dos pilares da Física clássica, mos-
trando que a massa de um objeto não era constante, como se supunha, mas variava
a altas velocidades.
Na Mecânica newtoniana, a massa é uma característica própria de um corpo, que
mede sua inércia, ou seja, o quanto esse corpo resiste a sofrer alterações na veloci-
dade. De fato, pela segunda lei de Newton, a massa de um corpo pode ser definida
r
como a razão entre a intensidade da força F aplicada sobre o corpo e a aceleração
por ele adquirida:

F
m=
a

Einstein, no entanto, propõe que a inércia de um corpo depende de sua velocidade.


Segundo ele, quanto maior a velocidade do corpo, mais difícil é acelerá-lo, ou
seja, mais força é necessária para que ele tenha determinado ganho, ou redução,
de velocidade. Em outras palavras, a massa do corpo aumenta à medida que sua
velocidade aumenta.
Naturalmente que, para velocidades pequenas, muito menores do que a veloci-
dade da luz, esse efeito é praticamente desprezível. No entanto, quando um objeto
adquire velocidade próxima da velocidade da luz, sua massa aumenta drasticamente.
FÍSICA

9
Matematicamente, a massa m de um corpo que se move com velocidade v é dada em que m0 é
sua massa em repouso e c é a velocidade da luz no vácuo.

m0
m=
v2
1–
c2

Pode-se constatar pela equação que, de fato, a massa do objeto aumenta quando sua
velocidade aumenta. Além disso, ela tende a se tornar infinita quando a velocidade do
corpo tende para a velocidade da luz, como mostra o gráfico a seguir.
m

m0

0 c v
Esse resultado confirma uma das hipóteses de Einstein, de que nenhum objeto mate-
rial pode atingir a velocidade da luz e que, portanto, a velocidade da luz é a maior veloci-
dade possível no Universo.

Rela•‹o entre massa e energia


Uma das consequências de maior impacto da teoria da relatividade especial é a rela-
ção entre massa e energia, ou seja, massa pode se transformar em energia, e vice-versa.
Essa descoberta possibilitou a construção das usinas de fissão nuclear e, infelizmente,
também serviu de base para o desenvolvimento das bombas nucleares.
Na mecânica clássica, aprendemos que a energia Ec de um corpo de massa m que
se move com velocidade v é obtida do trabalho realizado pelas forças que atuam nesse
corpo, desde a situação de repouso até ele atingir a velocidade v.
1
Ec = ⋅ m ⋅ v2
2
Entretanto, Einstein mostrou que a massa de um corpo não é constante, mas depende da
velocidade. Levando isso em conta, considere um corpo que, inicialmente em repouso, tem
massa m0 e que é acelerado por uma força até atingir uma velocidade v. Pode-se mostrar que o
trabalho realizado e, portanto, a energia cinética adquirida pelo corpo são dados por:
m0 ⋅ c2
Ec = – m0 ⋅ c2
2
 v
1– 
 c
Nessa expressão, observamos duas parcelas: a primeira, que depende da velocidade v,
e a segunda, m0 ⋅ c2, que não depende da velocidade, denominada de energia de repouso.
Com isso, define-se energia relativística total ET de um corpo como a soma da energia ciné-
tica com a energia de repouso:
ET = Ec + m0 ⋅ c2
Com base nessa expressão, podemos concluir que um objeto, mesmo em repouso, tem
uma energia, simplesmente pelo fato de ele ter massa. Portanto, segundo a teoria da rela-
tividade restrita, a massa de um corpo nada mais é do que “energia concentrada”, ou seja,
massa é energia e energia tem massa. Daí, surge a famosa equação de Einstein, segundo a
qual a energia E contida em uma massa m de matéria é dada pela expressão a seguir, em
que c = 3 ⋅ 108 m/s é a velocidade da luz.

E = m ⋅ c2

10 CAPÍTULO 1
Conexões
De acordo com um artigo publicado em 2010 na revista Science, cientistas do laboratório Nist (National Institute of Stan-
dards and Technology), nos Estados Unidos, conseguiram pela primeira vez medir os efeitos da teoria em escala humana.
Os cientistas observaram o fenômeno da dilatação do tempo usando dois dos mais precisos relógios atômicos já
construídos. Os dois relógios são quase idênticos e dão seus “tiques” acompanhando as vibrações de um único íon
de alumínio – um átomo de alumínio eletricamente carregado. O íon vibra entre dois estados de energia mais de um
quatrilhão de vezes por segundo. Experimentos focaram dois cenários previstos pela teoria da relatividade de Einstein.
No primeiro experimento, os cientistas colocaram um dos relógios cerca de 30 centímetros mais alto do que o outro.
As medições mostraram que o relógio mais baixo atrasava, comparado com o colocado mais alto, exatamente como
previsto pelas equações da relatividade.

rg

Serenethos/Shutterstock,
cobalt88/Shutterstock
No segundo cenário, quando um observador está se movendo, o tique de um relógio estacionário parecerá durar mais do
ponto de vista daquele observador, o que fará com que ele marque o tempo mais lentamente. Como um relógio atômico é
grande e sensível demais para ser colocado no porta-malas de um carro, para o segundo experimento, os cientistas fizeram
com que o íon de alumínio — que fica praticamente parado no interior do relógio atômico — se movimentasse para a frente e
para trás, resultando em velocidades equivalentes a um movimento de alguns metros por segundo. De novo, o resultado foi
exatamente o previsto pela relatividade. O relógio no qual o íon executava movimentos oscilatórios marcou uma passagem de
tempo menor, comparado com o outro.
Serenethos/Shutterstock,
cobalt88/Shutterstock

Disponível em: <www.inovaçãotecnologica.com.br/>. Acesso em: 22 jul. 2015.

1. Em relação às noções de espaço e tempo, quais são as diferenças fundamentais entre a teoria da relatividade de Einstein
e a mecânica de Newton?
2. Pesquise em quais outras situações do dia a dia devemos considerar a teoria da relatividade restrita.
FÍSICA

11
INFO ENEM +
Relatividade especial
A
té o início do século XX, os físicos entendiam o funcionamento do mundo conforme
as leis propostas por Isaac Newton. Entretanto, tais leis não conseguiam explicar
alguns fenômenos que se produziam no campo experimental e que não estavam de
acordo com os postulados do genial cientista britânico. Então, apareceu em cena um
jovem físico alemão de apenas 25 anos chamado Albert Einstein que, com sua visão nova e
irreverente do universo, abalou profundamente as bases da Física.

Antecedentes Um fracasso que abre as portas para novas ideias


Os cientistas do princípio Em 1887, os físicos Albert Michelson e Edgard W.
do século XX acreditavam
que qualquer fenômeno
físico poderia ser
Morley realizaram um experimento para determinar
o “movimento absoluto” da Terra. Pretendiam
comparar o movimento do planeta com o éter em
299 792
explicado mediante a “repouso absoluto”, já que acreditavam que existia km/seg
Mecânica newtoniana, um método para detectar esta substância. É o valor da velocidade
assim como os da luz no vácuo, de
eletromagnéticos com as acordo com as
medições mais precisas.
equações de Maxwell. Emite-se um raio de luz
Não consideravam a
necessidade de uma nova 1 em duas direções: um no
sentido em que o planeta
Terra viaja e outro Emissor de luz
visão integral. perpendicular a ele.
De acordo com esta visão:
O tempo
Era uma grandeza absoluta;
ou seja, um segundo tinha o O éter teria que influenciar de
mesmo valor em qualquer
parte do universo. 2 diferente forma em cada raio,
devido à sua direção, e,
portanto, estes deveriam Entretanto, o
O espaço
Também era uma
regressar ao receptor com uma
pequena defasagem de tempo. 3 experimento fracassou,
já que os raios emitidos
em diferentes direções
grandeza absoluta. sempre retornaram ao
receptor ao mesmo
A luz tempo.
Propagava-se em forma
de ondas por um meio
chamado “éter
luminoso”, que ninguém
tinha conseguido
detectar até então, Espelho
apesar dos esforços.

O éter
Acreditava-se que era um
prisma
parâmetro uniforme e
em repouso de um receptor
universo em movimento.

A contração de Lorenz
Para explicar o resultado negativo do experimento Michelson-Morley, o O físico holandês Hendrik A.
físico George F. FitzGerald postulou que os objetos em movimento sofrem Lorenz propôs então que uma
uma compressão. Assim, o raio de luz que apontava para a direção em carga que se contrai aumenta
que se movimenta a Terra percorria um caminho mais curto do que o sua massa, calculando da
perpendicular, compensando assim o efeito do éter. Ele realizou o seguinte forma:
seguinte cálculo:
Espelho
Velocidade O objeto se contrai Velocidade Aumento da massa

11,2 km/seg (velocidade de um foguete) 2 partes por 1 bilhão 149 000 km/seg 15%
262 000 km/seg 50% 262 000 km/seg 100% (a massa é duplicada)
300 000 km/seg (velocidade da luz) 100% (extensão do objeto=0) 300 000 km/seg (velocidade da luz) Massa infinita

12 CAPÍTULO 1
Acesse a questão Info + Enem e mais conteúdos do exame
utilizando seu celular. Saiba mais em <www.plurall.net>.

A revolução de Einstein
Albert Einstein

©Sol 90 Images
Albert Einstein propôs uma solução para estes problemas
com sua teoria da relatividade especial, publicada em 1905 Foi o cientista ícone do
século XX e seus postulados
e que basicamente é constituída por dois postulados. mudaram a visão do Universo.
Nasceu na Alemanha, em
Um ser humano é grande 1879, e se naturalizou
Primeiro postulado ou pequeno? Se norte-americano em 1940.
Não existe nenhum sistema de referência em repouso no universo (nada está comparado a um cachorro, Com apenas 25 anos, sendo
parado) nem medidas absolutas. As dimensões dependem do observador e são é grande, mas é pequeno empregado de um escritório
diferentes, de acordo com o estado em que se encontra tal observador. ao lado de um elefante. de patentes na Suíça,
Isso quer dizer que sua publicou a teoria da
Einstein afirmou, além disso, que todas as leis da Física são iguais para medida sempre é relativa
diferentes observadores que se movimentam a velocidades constantes entre relatividade especial que foi
ao observador ou ao
eles. Mais tarde, na sua teoria da relatividade geral, ampliou as aplicações a sistema de referência. complementada pela teoria
qualquer sistema de referência, independentemente de seu movimento. da relatividade geral dez
anos mais tarde. Em 1921,
recebeu o prêmio Nobel de
Física, mas não pela
Segundo postulado relatividade, e sim por sua
O único parâmetro constante no universo é a velocidade da luz no vácuo, explicação do efeito
não importando se sua fonte está em repouso ou em movimento. Se um objeto for lançado da locomotiva em fotoelétrico. A perseguição
movimento, a velocidade final do objeto sofrida pelo regime
será a velocidade “de lançamento” mais a
nacional-socialista o obrigou
velocidade da locomotiva.
a emigrar para os Estados
De acordo com a Física
newtoniana, a Unidos, país no qual morreu
velocidade da luz que a em 1955 quando estava
locomotiva em trabalhando com as equações
movimento emite para unir as quatro forças
deveria ser igual à fundamentais do Universo.
velocidade da luz
somada à velocidade
da locomotiva.

Einstein diz que,

E = m · c2
independentemente do
movimento ou repouso da
fonte, a velocidade da luz
é sempre constante. Como
a velocidade equivale ao A equação mais famosa do
quociente da distância mundo, postulada por Einstein,
sobre o tempo, isso quer
relaciona a energia com a massa,
dizer que tanto o espaço
quanto o tempo não são já que trata de conceitos
medidas absolutas e equivalentes. A equação permitiu
podem variar. o desenvolvimento da energia
nuclear, por exemplo.

Relógios que atrasam


Uma das consequências mais impressionantes dos postulados de Einstein é
que o tempo corre em diferentes velocidades. Isso depende de o objeto
estar em repouso ou em movimento, já que se trata de uma dimensão
relativa e não absoluta.

Uma hora mais tarde, a nave Em 1971,


Mas o astronauta em repouso 4 em movimento se detém. comprovou-se
3 observa que, dentro da nave em Recupera seu tamanho e experimentalmente
movimento, o tempo transcorre a massa, mas seu relógio indica esse postulado.
metade da velocidade que em seu um atraso de meia hora em Foram
relógio. E a nave que se aproxima relação ao que estava em sincronizados
tem duas vezes a massa da sua, repouso. relógios atômicos
apesar de ter a metade do de grande
tamanho. precisão.
Alguns deles
Relógio da subiram em um
Uma nave espacial nave em avião e voaram
1 hipotética se movimento durante 40 horas.
aproxima de outra
nave similar em Ao regressar à
repouso a Terra, os relógios
262 000 km/seg. já não estavam
sincronizados, tal
como havia
previsto Einstein.
O astronauta em
2 movimento não Relógio da
nota nenhuma nave em
mudança em seu repouso
relógio de bordo
nem em sua nave.

13
Decifrando o enunciado Lendo o enunciado
O fato de o movimento da
(UPE)
régua ter uma velocidade que
Uma régua cujo comprimento é de 50 cm está se movendo paralelamente à sua maior di- corresponde a uma fração da
mensão com velocidade 0,6c em relação a certo observador. Sobre isso, é correto afirmar velocidade da luz indica que
que o comprimento da régua, em centímetros, para esse observador vale: seu comprimento pode sofrer
a) 35 d) 50 variação. Essa possibilidade
b) 40 e) 100 é descrita pela teoria da
relatividade.
c) 62,5
Observe que o comprimento da
Resolução régua fornecido na questão está
Resposta: B em unidades do SI, porém, nesse
Utilizando a equação para a contração do comprimento, temos: caso, pode ser utilizado, pois
2 2 pretende-se encontrar um novo
v  0, 6c 
L = L0 1–   w L = 50 1 –  s L = 50 1 – 0, 36 = 50 ⋅ 0,8 = 40 cm
 c 
comprimento derivado do inicial.
 c

Atividades
13. (UEM-PR) Em 1905, Albert Einstein propôs mudanças no 14. Uma barra, em repouso, tem 2,0 m de comprimento.
estudo do movimento relativo entre corpos. A proposta Se, em relação a um observador, essa barra entrar em
de Einstein ficou conhecida como a Teoria da Relatividade movimento com velocidade v na direção de seu compri-
Especial. Sobre a Teoria da Relatividade Especial de Einstein mento, o que acontecerá com a medida do comprimento
é correto afirmar que: da barra feita pelo observador:
(01) As leis da Física mudam quando se muda o referen- a) se a velocidade da barra for desprezível em relação à
cial inercial. velocidade da luz?
(02) A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor
em todos os referenciais inerciais. Não depende do
movimento da fonte de luz e tem igual valor em
todas as direções.
(04) A massa de um corpo é constante, independente-
mente da velocidade desse corpo.
(08) A energia total (E, em Joules) de um corpo de massa
(m, em quilogramas) é o produto de sua massa pelo
b) se a velocidade da barra for comparável à velocidade
quadrado da velocidade da luz no vácuo (c, em me-
da luz?
tros por segundo), ou seja, E = m ⋅ c2.
(16) Na natureza não podem ocorrer interações com ve-
locidade menor do que a velocidade da luz.
Dê a soma dos números dos itens corretos.

15. Uma pessoa viajando em uma nave espacial em alta veloci-


dade usa uma régua de 30 cm (comprimento de repouso).
Para essa pessoa, o comprimento da régua parecerá con-
traído ou dilatado?

14 CAPÍTULO 1
16. (UFRGS-RS) De acordo com a Teoria da Relatividade, ( ) A velocidade da luz no vácuo é a mesma em todas
quando objetos se movem através do espaço-tempo com as direções e em todos os referenciais inerciais e não
velocidades da ordem da velocidade da luz, as medidas depende do movimento da fonte ou do observador.
de espaço e tempo sofrem alterações. A expressão da ( ) As leis da Física dependem do referencial inercial
1
 escolhido.
v2  2
contração espacial é dada por L = L0 1 – 2  onde v é a ( ) Dois observadores em movimento relativo não con-
 c 
cordam, em geral, quanto à simultaneidade entre
velocidade relativa entre o objeto observado e o observa-
dois eventos.
dor, c é a velocidade de propagação da luz no vácuo, L é
o comprimento medido para o objeto em movimento, e L0 ( ) O tempo próprio é o intervalo de tempo entre dois
é o comprimento medido para o objeto em repouso. eventos que ocorrem no mesmo ponto em um deter-
A distância Sol-Terra para um observador fixo na Terra minado referencial inercial, medido nesse referencial.
é L 0 = 1,5 ⋅ 10 11 m. Para um nêutron com velocidade ( ) O comprimento próprio de um objeto é aquele medi-
v = 0,6 c, essa distância é de: do em um referencial no qual ele está em repouso.
a) 1,2 ⋅ 1010 m d) 1,2 ⋅ 1011 m
b) 7,5 ⋅ 1010 m e) 1,5 ⋅ 1011 m
c) 1,0 ⋅ 10 m
11

19. (AFA-SP) Uma garota de nome Julieta se encontra em uma


nave espacial brincando em um balanço que oscila com
período constante igual a T0 medido no interior da nave,
17. (UEMS) Considere as afirmações a seguir e assinale a al- como mostra a figura abaixo.
ternativa correta:
Reprodução / AFA-SP, 2014.

I. A teoria da relatividade restrita mostra que a massa de


um corpo aumenta, quando medida por um observa-
dor em movimento com relação a ele. Em outras pa-
lavras, quando caminhamos, temos uma massa maior
quando medida por uma pessoa que nos observa,
sentada em uma cadeira.
A nave de Julieta passa paralelamente com velocidade
II. A teoria da relatividade prova, matematicamente, que
0,5c em que c é a velocidade da luz, por uma plataforma
somente corpos com velocidades próximas à da luz
espacial, em relação à qual o astronauta Romeu se encon-
têm suas dimensões contraídas.
tra parado. Durante essa passagem, Romeu mede o pe-
III. A teoria da relatividade trata de uma visão filosófi- ríodo de oscilação do balanço como sendo T e o compri-
ca construída pela mente do gênio Albert Einstein, mento da nave, na direção do movimento, como sendo L.
não sendo, portanto, teoria que pode ser provada Nessas condições, o período T, medido por Romeu, e o com-
experimentalmente. primento da nave, medido por Julieta, são respectivamente:
Está(ão) correta(s): 2 2 T 3 2
a) T0 3 e L 3 c) 0 e L 3
a) apenas I. d) I, II e III. 3 3 2 3
b) apenas II. e) apenas II e III. 2 L 3 T0 3 L 3
b) T 3 e d) e
c) apenas III. 3 0 2 2 2

18. (UFPB) A Relatividade Especial é uma teoria muito bem


consolidada experimentalmente, inclusive tendo aplica-
ções dela no cotidiano. Um exemplo bastante expressivo
é o aparelho de navegação GPS, o qual está baseado na
Relatividade Especial, e é construído com a finalidade de
proporcionar orientação espacial com precisão.
Com base nos conceitos da Relatividade Especial, identifi-
que as afirmativas corretas:
FÍSICA

15
20. (UFG-GO) Em 1964, o físico britânico Peter Higgs propôs a existência de um campo, o qual, ao interagir com uma partícula,
conferia a ela a sua massa. A unidade básica desse campo foi chamada de bóson de Higgs. Em julho de 2012, os cientistas
do CERN (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares) anunciaram terem identificado o bóson de Higgs, com uma massa de
125 GeV (giga elétron volt). O valor dessa massa, em kg, é de:
Dados: 1 eV = 1,6 ⋅ 10–19 J; c = 3,0 ⋅ 108 m/s.
a) 4,50 ⋅ 10–24 d) 6,66 ⋅ 10–27
b) 6,66 ⋅ 10–18 e) 2,22 ⋅ 10–34
c) 2,22 ⋅ 10 –25

Tarefa proposta 15 a 32
Complementares
21. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) correta(s): 23. (UEL-PR) Em 2005 comemoramos o centenário da publi-
(01) A teoria da relatividade não limita a velocidade que cação, por Albert Einstein, de três trabalhos que mudaram
uma partícula pode adquirir. a visão do homem sobre o mundo. Um desses trabalhos
(02) A mecânica clássica não impõe limitação para o valor discute os fundamentos do eletromagnetismo e introduz
da velocidade que uma partícula pode adquirir, pois, en- o que é hoje conhecido como teoria da relatividade.
quanto atuar uma força sobre ela, haverá uma acelera- Noutro, a interação de um elétron com a radiação ele-
ção, e sua velocidade poderá crescer indefinidamente. tromagnética (efeito fotoelétrico) é discutida, fornecendo
(04) A teoria da relatividade afirma que a velocidade da nova base experimental à mecânica quântica. Num tercei-
luz não depende do sistema de referência. ro, as consequências observáveis das bases microscópicas
da termodinâmica e mecânica estatística são previstas,
(08) Tanto a mecânica clássica como a teoria da relativi-
fundamentando o que até então era conhecido como
dade asseguram que a massa de uma partícula não
efeito browniano.
varia com a velocidade.
Um dos resultados notáveis da teoria da relatividade foi a
(16) Pela teoria da relatividade, podemos afirmar que
união dos conceitos de massa (m) e energia (E).
a luz se propaga no vácuo com velocidade cons-
E = m ⋅ c2
tante c = 300 000 km/s, independentemente da
A famosa equação em que c é a velocidade da luz no vá-
velocidade da fonte luminosa ou da velocidade do
cuo, c = 3 ⋅ 108 m/s, fornece uma relação entre os conteú-
observador; então é possível concluir que a luz se
dos de massa e energia de um corpo e prediz, por exem-
propaga em todos os meios com velocidade cons-
plo, que, ao aquecermos uma panela com água, estamos,
tante e igual a c.
também, aumentando sua massa. Assim, se uma caloria,
(32) A teoria da relatividade permite concluir que, quan- 4,18 joules, é a quantidade de energia necessária para ele-
to maior for a velocidade de uma partícula, mais var a temperatura de 1 g de água de 14,5 °C para 15,5 °C,
fácil será aumentá-la, ou seja, quanto maior for a assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que melhor
velocidade, menor será a força necessária para pro- expressa o correspondente incremento de massa.
duzir uma mesma aceleração.
a) 5 ⋅ 10–3 kg
Dê a soma dos números dos itens corretos.
b) 5 ⋅ 10–9 kg
22. (UFG-GO) A teoria da relatividade elaborada por Albert Eins-
c) 5 ⋅ 10–17 kg
tein (1879-1950), no início do século XX, abalou profun-
d) 5 ⋅ 10–25 kg
damente os alicerces da Física Clássica, que já estava bem
estabelecida e testada. Por questionar os conceitos canônicos e) 5 ⋅ 10–34 kg
da ciência e do senso comum até então, ela tornou-se uma 24. (FGV-SP) Não está longe a época em que aviões poderão
das teorias científicas mais populares de todos os tempos. voar a velocidades da ordem de grandeza da velocidade
Que situação física, prevista pela relatividade restrita de Eins- da luz (c) no vácuo. Se um desses aviões, voando a uma
tein, também está em conformidade com a Física Clássica? velocidade de 0,6 c passar rente à pista de um aeroporto
a) A invariância do tempo em referenciais inerciais. de 2,5 km, percorrendo-a em sua extensão, para o piloto
b) A contração do espaço. desse avião a pista terá uma extensão, em km, de:
c) A invariância da velocidade da luz. a) 1,6 d) 2,8
d) A diferença entre massa inercial e gravitacional. b) 2,0 e) 3,2
e) A conservação da quantidade de movimento. c) 2,3

16 CAPÍTULO 1
Tarefa proposta
1. (UFMG) Considere que, no ano de 2222, um trem ex-
presso passa por uma estação à velocidade de 0,2c, em

Reprodução / FGV-SP, 2017.


que c é a velocidade da luz. Henrique está dentro desse
trem, em um vagão que mede 30 m de comprimento.
Quando o trem está passando pela estação, Henrique liga
um laser situado no fundo do vagão. Esse laser emite um
pulso de luz, que é refletido por um espelho posicionado
na frente do vagão, retorna e atinge um detector situado
Fonte: <http://goo.gl/oeSWn>.
junto ao laser.
a) No referencial de Henrique, calcule o intervalo de tem- Considere uma nave que possa voar a uma velocidade
po entre o pulso sair do laser e atingir o detector. igual a 80% da velocidade da luz e cuja viagem dure
b) Enquanto isso, Alberto, parado na estação, vê o trem 9 anos para nós, observadores localizados na Terra.
passar. Considerando essa informação, responda: qual Para um astronauta no interior dessa nave, tal viagem du-
é a velocidade do pulso de luz do laser medida no re- raria cerca de:
ferencial de Alberto? Justifique sua resposta. a) 4,1 anos
2. (IFMG) Uma nave move-se com velocidade muito grande b) 5,4 anos
em relação à Terra. Em determinado instante, ela emite c) 6,5 anos
um pulso luminoso, de velocidade vP, na mesma direção d) 15 anos
e sentido de seu movimento. Um tripulante dessa nave e) 20,5 anos
mede, para esse pulso, uma velocidade vN e um observador
na Terra mede, para o mesmo pulso, uma velocidade dada Texto para a próxima questão.
por vT. Nessas condições, vP, vN e vT estão corretamente
Leia o texto a seguir e responda à questão.
relacionadas em:
O tempo nada mais é que a forma da nossa intuição in-
a) vP . vN = vT d) vP = vN = vT
terna. Se a condição particular da nossa sensibilidade lhe
b) vP . vN . vT e) vP .vN , vT for suprimida, desaparece também o conceito de tempo,
c) vP , vN = vT que não adere aos próprios objetos, mas apenas ao sujeito
3. (UFSJ-MG) Um jato militar “relativístico” voa com uma que os intui.
velocidade constante de 0,8 ⋅ c, em que c é a velocida- KANT, I. Cr’tica da raz‹o pura. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur
Moosburguer. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 47.
de da luz no vácuo. Esse avião dispara um feixe de laser. Coleção Os Pensadores.
Considerando que o jato está a uma altitude em que se
possa considerar a velocidade da luz como c, assinale a 6. (UEL-PR) A questão do tempo sempre foi abordada por
alternativa que apresenta, respectivamente, o valor da filósofos, como Kant. Na Física, os resultados obtidos por
velocidade do feixe de laser percebida pelo piloto e por Einstein sobre a ideia da “dilatação do tempo” explicam
um observador em um referencial estacionário. situações cotidianas, como, por exemplo, o uso de GPS.
a) c; 1,8 ⋅ c Com base nos conhecimentos sobre a Teoria da Relativi-
dade de Einstein, assinale a alternativa correta.
b) 0,2 ⋅ c; c
c) c; 2 ⋅ c a) O intervalo de tempo medido em um referencial em
que se empregam dois cronômetros e dois observa-
d) c; c
dores é menor do que o intervalo de tempo próprio
4. (UFRGS-RS) Dilatação temporal e contração espacial são no referencial em que a medida é feita por um único
conceitos que decorrem da: observador com um único cronômetro.
a) Teoria Especial da Relatividade b) Considerando uma nave que se movimenta próximo à
b) Termodinâmica velocidade da luz, o tripulante verifica que, chegando
c) Mecânica Newtoniana ao seu destino, o seu relógio está adiantado em rela-
d) Teoria Atômica de Bohr ção ao relógio da estação espacial da qual ele partiu.
e) Mecânica Quântica c) As leis da Física são diferentes para dois observadores
5. (FGV-SP) A nave “New Horizons”, cuja foto é apresentada posicionados em sistemas de referência inerciais, que
a seguir, partiu do Cabo Canaveral em janeiro de 2006 e se deslocam com velocidade média constante.
chegou bem perto de Plutão em julho de 2015. Foram d) A dilatação do tempo é uma consequência direta do
mais de 9 anos no espaço, voando a 21 km/s. É uma velo- princípio da constância da velocidade da luz e da cine-
cidade muito alta para nossos padrões aqui na Terra, mas mática elementar.
muito baixa se comparada aos 300 000 km/s da velocidade e) A velocidade da luz no vácuo tem valores diferentes
da luz no vácuo. para observadores em referenciais privilegiados.
FÍSICA

17
7. Um astronauta faz uma viagem hipotética da Terra até a (16) Comprova que a velocidade da luz é diferente para
estrela Alfa, da constelação de Centauro. Sabendo que a quaisquer observadores em referenciais inerciais.
distância dessa estrela até nós é de 4,3 anos-luz, que a ve- (32) Demonstra que a massa de um corpo independe de
locidade da luz no vácuo é de 3 ⋅ 108 m/s e supondo que a sua velocidade.
nave espacial faça essa viagem com velocidade de 2 ⋅ 108 m/s, Dê a soma dos números dos itens corretos.
calcule o intervalo de tempo de duração da viagem de ida 13. (IFMG) Um observador A está em uma espaçonave que
para um observador na Terra. passa perto da Terra afastando-se da mesma com uma
8. Com relação ao exercício anterior, qual é a duração, em velocidade relativa de 0,995c. A espaçonave segue viagem
anos, da viagem de ida, para o astronauta? até que o observador A constata que a mesma já dura
9. Ainda com relação à questão 7, se for aumentada a velo- 2,50 anos. Nesse instante, a espaçonave inverte o sentido
cidade da nave, para o astronauta, a duração da viagem da sua trajetória e inicia o retorno à Terra, que dura igual-
diminui ou aumenta? E para o observador na Terra? mente 2,50 anos, de acordo com o relógio de bordo. Um
10. Um foguete será enviado para uma missão espacial e per- observador B, na superfície da Terra, envelhece, aproxima-
manecerá durante 25 dias em órbita, de acordo com o damente, entre a partida e o retorno da espaçonave:
referencial na Terra, a uma velocidade de 0,6c, em que c a) 50 anos
é a velocidade da luz no vácuo. O foguete consome, de b) 25 anos
acordo com seu referencial, 10 litros de combustível por c) 5,0 anos
dia e deve levar mais 20% do consumo esperado como d) 2,5 anos
reserva. Quantos litros devem ser colocados no foguete e) 0,50 ano
para a missão?
14. (UFRGS-RS) Os múons cósmicos são partículas de altas
11. (UFRN) Nos dias atuais, há um sistema de navegação de energias, criadas na alta atmosfera terrestre. A velocidade
alta precisão que depende de satélites artificiais em órbita de alguns desses múons (v) é próxima da velocidade da
em torno da Terra. Para que não haja erros significativos luz (c), tal que v2 = 0,998c2, e seu tempo de vida em um
nas posições fornecidas por esses satélites, é necessário referencial em repouso é aproximadamente t0 = 2 ⋅ 10–6 s.
corrigir relativisticamente o intervalo de tempo medido Pelas leis da mecânica clássica, com esse tempo de vida
pelo relógio, a bordo de cada um desses satélites. A teoria tão curto, nenhum múon poderia chegar ao solo, no en-
da relatividade especial prevê que, se não for feito esse tipo tanto eles são detectados na Terra. Pelos postulados da
de correção, um relógio a bordo não marcará o mesmo in- relatividade restrita, o tempo de vida do múon em um
tervalo de tempo que outro relógio em repouso na super- referencial terrestre (t) e o tempo t0 são relacionados pelo
fície da Terra, mesmo sabendo-se que ambos os relógios 1
fator relativístico γ = .
estão sempre em perfeitas condições de funcionamento v2
e foram sincronizados antes de o satélite ser lançado. 1– 2
c
Se não for feita a correção relativística para o tempo
Para um observador terrestre a distância que o múon pode
medido pelo relógio de bordo:
percorrer antes de se desintegrar é, aproximadamente:
a) ele se adiantará em relação ao relógio em terra en-
a) 6,0 ⋅ 102 m
quanto ele for acelerado em relação à Terra.
b) 6,0 ⋅ 103 m
b) ele ficará cada vez mais adiantado em relação ao reló-
c) 13,5 ⋅ 103 m
gio em terra.
d) 17,5 ⋅ 103 m
c) ele se atrasará em relação ao relógio em terra durante
metade de sua órbita e se adiantará durante a outra e) 27,0 ⋅ 103 m
metade da órbita. 15. (UFJF-MG) A velocidade é uma grandeza relativa, ou seja, a
d) ele ficará cada vez mais atrasado em relação ao relógio sua determinação depende do referencial a partir do qual
em terra. está sendo medida. A Teoria da Relatividade Especial, ela-
borada em 1905 pelo físico alemão Albert Einstein, afirma
12. (UFSC) A Física Moderna é o estudo da Física desenvolvido
que o comprimento e a massa de um objeto são grandezas
no final do século XIX e início do século XX. Em particular,
que também dependem da velocidade e, consequente-
é o estudo da Mecânica Quântica e da teoria da Relativi-
mente, são relativas.
dade Restrita.
Sobre a Teoria da Relatividade Especial, julgue os itens
Assinale a(s) proposição(ões) correta(s) em relação às con-
abaixo e marque a alternativa correta.
tribuições da Física moderna.
(01) Demonstra limitações da Física Newtoniana na esca- I. A massa de um objeto é independente da velocidade
la microscópica. do mesmo, medida por qualquer referencial inercial.
(02) Nega totalmente as aplicações das leis de Newton. II. A velocidade da luz é um limite superior para a veloci-
(04) Explica o efeito fotoelétrico e o laser. dade de qualquer objeto.
(08) Afirma que as leis da Física são as mesmas em todos III. Intervalos de tempo e de espaço são grandezas abso-
os referenciais inerciais. lutas e independentes dos referenciais.

18 CAPÍTULO 1
IV. As leis da Física são as mesmas em todos os sistemas 20. (UFG-GO) No microscópio eletrônico de transmissão, os
de referência inercial. elétrons são acelerados por uma diferença de potencial,
V. Massa e energia são quantidades que não possuem atravessam uma fina camada da amostra a ser analisada
nenhuma relação. e, finalmente, atingem o detector. Como as energias dos
a) Somente II e III estão corretas. elétrons são elevadas, correções relativísticas são necessá-
rias. A energia cinética relativística dos elétrons é dada por:
b) Somente I e II estão corretas.
 1 
c) Somente I e V estão corretas. E= – 1 ⋅ E0
 
 1– v
2
d) Somente I e III estão corretas. 
 c 2

e) Somente II e IV estão corretas.
16. (ITA-SP) Enquanto em repouso relativo a uma estrela, sendo E0 = m ⋅ c2 = 0,5 MeV. Diante do exposto, calcule:
um astronauta vê a luz dela como predominantemente a) a diferença de potencial aplicada aos elétrons para
vermelha, de comprimento de onda próximo a 600 nm. E
E = 0 , lembrando que 1,0 eV = 1,6 ⋅ 10–19 J;
Acelerando sua nave na direção da estrela, a luz será vista 10
v
como predominantemente violeta, de comprimento de b) a razão entre as velocidades dos elétrons e a veloci-
onda próximo a 400 nm, ocasião em que a razão da velo- c
E
cidade da nave em relação à da luz será de: dade da luz para E = 0 .
1 2 4 5 5 12
a) b) c) d) e)
3 3 9 9 13
21. (UFPI) Leia o texto a seguir.
17. +Enem [H17] Uma barra de 2,0 m move-se na direção O Sol terá liberado, ao final de sua vida, 1044 jou-
do próprio comprimento com uma velocidade constante les de energia em 10 bilhões de anos, correspondendo
de 2,4 ⋅ 108 m/s em relação a determinado observador. a uma conversão de massa em energia, em um pro-
Determine o comprimento da régua medido por esse cesso governado pela equação E = m ⋅ c 2 (em que E
observador. é a energia, m é a massa e c2, a velocidade da luz ao
(Dado: velocidade da luz no vácuo: c = 3,0 ⋅ 108 m/s) quadrado), deduzida pelo físico alemão Albert Einstein
(1879-1955), em sua teoria da relatividade, publicada
a) 1,0 m d) 1,6 m
em 1905.
b) 1,2 m e) 1,8 m Ci•ncia Hoje
c) 1,4 m
A massa perdida pelo Sol durante esses 10 bilhões de
18. (UFPA) Suponha que pudéssemos construir uma nave anos será, aproximadamente, em quilogramas:
espacial capaz de deslocar-se sempre com velocidade (Dado: c = 3 ⋅ 108 m/s)
de 0,6 ⋅ c (em que c é a velocidade da luz no vácuo) a) 1021
em uma viagem de ida e volta a uma região do Uni-
b) 1023
verso distante 15 anos-luz da Terra. Tendo em vista a
c) 1025
teoria da relatividade restrita e os dados apresenta-
dos, responda: d) 1027
a) Quais os dois postulados nos quais se baseia essa teoria? e) 1029
b) Qual a duração, em anos, dessa viagem, para um ob- 22. (UFPI) Uma galáxia de massa M se afasta da Terra com velo-
servador na Terra? 3
cidade v = ⋅ c, em que c é a velocidade da luz no vácuo.
c) Para um observador situado na nave, qual seria, em 2
Quando um objeto se move com velocidade v compará-
anos, a duração da viagem?
d) Ainda para um observador na nave, qual a distância, vel à velocidade da luz no vácuo (c = 3,0 ⋅ 108 m/s), em
em anos-luz, que ele mediria, do ponto de retorno da um referencial em que sua massa é M, então a energia
nave até a Terra? cinética desse objeto é dada pela expressão relativística
 1 
19. +Enem [H17] Um elétron, quando em repouso, tem uma –1
K = M ⋅ c2 ⋅  v 2  , de acordo com a teoria da
massa de 9 ⋅ 10–31 kg. Sendo assim, pelas leis de Newton,  1– 
isso significa que, para que esse elétron, estando inicial-  c2 
mente em repouso, adquira uma aceleração de 1 m/s2, ele relatividade de Einstein. Assim, a energia cinética rela-
deve ficar submetido a uma força resultante de 9 ⋅ 10–31 N. tivística K dessa galáxia, medida na Terra, é:
Considere que esse elétron seja acelerado no interior de a) K = M ⋅ c2
um acelerador de partículas até atingir 80% da velocidade b) K = 2 ⋅ M ⋅ c2
da luz. Nessa velocidade, a massa do elétron passa a ser c) K = 3 ⋅ M ⋅ c2
de aproximadamente: 1
d) K = ⋅ M ⋅ c2
a) 7,2 ⋅ 10–31 kg d) 8,1 ⋅ 10–30 kg 2
b) 5,4 ⋅ 10 kg
–31
e) 1,5 ⋅ 10–30 kg 1
e) K = ⋅ M ⋅ c2
c) 1,8 ⋅ 10 kg
–31
3
FÍSICA

19
23. (UFC-CE) Uma fábrica de produtos metalúrgicos do 27. (Unisc-RS) Em uma explosão de uma mina de carvão fo-
distrito industrial de Fortaleza consome, por mês, cerca ram utilizadas 1 000 toneladas de explosivo trinitrotolue-
de 2,0 ⋅ 106 kWh de energia elétrica (1 kWh = 3,6 ⋅ 106 no (TNT), o que equivale a 1,0 ⋅ 1012 calorias. Qual foi,
J). Suponha que essa fábrica possui uma usina capaz aproximadamente, a quantidade de massa convertida em
de converter diretamente massa em energia elétrica, energia equivalente a essa explosão? (1 caloria = 4,18 J e
de acordo com a relação de Einstein, E = m0 ⋅ c2. Nesse c = 3,0 ⋅ 108 m/s)
caso, a massa necessária para suprir a energia requerida a) 4,6 ⋅ 10–5 kg
pela fábrica, durante um mês, é, em gramas: b) 4,6 ⋅ 10–8 kg
a) 0,08 d) 80 c) 1,1 ⋅ 10–5 kg
b) 0,8 e) 800
d) 1,1 ⋅ 10–8 kg
c) 8
e) 1,1 ⋅ 10–13 kg
24. Uma espaçonave tem, em repouso na Terra, comprimento
28. (Unicamp-SP) O prêmio Nobel de Física de 2011 foi con-
L0. Qual deve ser sua velocidade para que, segundo um
cedido a três astrônomos que verificaram a expansão ace-
referencial na Terra, ela tenha comprimento L = 0,6 ⋅ L0?
lerada do universo a partir da observação de supernovas
25. (Udesc) A proposição e a consolidação da Teoria da Rela- distantes. A velocidade da luz é c = 3 ⋅ 108 m/s.
tividade e da Mecânica Quântica, componentes teóricos a) Observações anteriores sobre a expansão do universo
do que se caracteriza atualmente como Física Moderna, mostraram uma relação direta entre a velocidade v
romperam com vários paradigmas da Física Clássica. de afastamento de uma galáxia e a distância r em
Baseando-se especificamente em uma das teorias da Física que ela se encontra da Terra, dada por v = H · r,
Moderna, a Relatividade Restrita, analise as proposições. em que H = 2,3 ⋅ 10–18 s–1 é a constante de Hubble.
I. A massa de um corpo varia com a velocidade e tende- Em muitos casos, a velocidade v da galáxia pode
rá ao infinito quando a sua velocidade se aproximar da c ⋅ ∆λ
ser obtida pela expressão v = , em que λ0 é o
velocidade da luz no vácuo. λ0
II. A Teoria da Relatividade Restrita é complexa e abran- comprimento de onda da luz emitida e ∆λ é o des-
gente, pois descreve tanto movimentos retilíneos e locamento Doppler da luz. Considerando ambas as
uniformes quanto movimentos acelerados. expressões acima, calcule a que distância da Terra se
III. A Teoria da Relatividade Restrita superou a visão clás- encontra uma galáxia, se ∆λ = 0,092 λ0.
sica da ocupação espacial dos corpos, ao provar que b) Uma supernova, ao explodir, libera para o espaço
dois corpos, com massa pequena e velocidade igual à massa em forma de energia, de acordo com a expres-
velocidade da luz no vácuo, podem ocupar o mesmo são E = m ⋅ c2. Numa explosão de supernova foram
espaço ao mesmo tempo. liberados 3,24 ⋅ 1048 J, de forma que sua massa foi
Assinale a alternativa correta. reduzida para mfinal = 4,0 ⋅ 1030 kg. Qual era a massa
a) Somente a afirmativa I é verdadeira. da estrela antes da explosão?
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. 29. (UEG-GO) Sejam (m0; L0) e (m; L) as massas e os compri-
c) Somente a afirmativa II é verdadeira. mentos de um corpo em repouso e a uma velocidade v,
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. respectivamente. A teoria da relatividade estabelece que
elas se relacionem por:
e) Todas afirmativas são verdadeiras. 1
m0  v 2
2
26. (Fuvest-SP) O elétron e sua antipartícula, o pósitron, pos- m= e L = L0 1 –   
suem massas iguais e cargas opostas. Em uma reação em
1
  c 
  v  2
2 
que o elétron e o pósitron, em repouso, se aniquilam, dois 1 –   
  c 
fótons de mesma energia são emitidos em sentidos opostos. 
A energia de cada fóton produzido é, em MeV, apro- em que c é a velocidade da luz. Um paralelepípedo de
ximadamente: comprimento a0, largura b0 e altura c0 viaja a uma velo-
Note e adote: cidade próxima à da luz. Mostre que a densidade desse
Relação de Einstein entre energia (E) e massa (m): E = m ⋅ c2 objeto, nessa velocidade, do ponto de vista de um obser-
Massa do elétron = 9 ⋅ 10–31 kg vador na Terra, é:
Velocidade da luz c = 3,0 ⋅ 108 m/s d0
d=
1 eV = 1,6 ⋅ 10–19 J  2 2
 v 
1 MeV = 106 eV  1 –   
 c 
No processo de aniquilação, toda a massa das partículas é
transformada em energia dos fótons.
30. Um adulto tem massa média de 75 kg. Qual seria a energia
a) 0,3 d) 1,6
total liberada se fosse possível aplicar a equação E = m0 ⋅ c2
b) 0,5 e) 3,2 para a transformação de 100% dessa massa em energia?
c) 0,8 (Dado: c = 3 ⋅ 108 m/s)

20 CAPÍTULO 1
31. Você está parado numa estação, quando um trem passa em alta velocidade. Dentro do trem, algumas pessoas estão em
pé, algumas sentadas e outras deitadas. Se a velocidade do trem tem a mesma ordem de grandeza da velocidade da luz,
comente o efeito causado na forma do corpo das pessoas em cada posição.
32. (ITA-SP) Considere as seguintes relações fundamentais da dinâmica relativística de uma partícula: a massa relativística

m = m0 ⋅ γ, o momentum relativístico p = m0 ⋅ γ ⋅ v e a energia relativística E = m0 ⋅ γ ⋅ c2, em que m0 é a massa de repouso


1
da partícula e γ = é o fator de Lorentz. Demonstre que E2 – p2 ⋅ c2 = (m0 ⋅ c2)2 e, com base nessa relação, discuta
 v2 
1–  2 
c 
a afirmação: “Toda partícula com massa de repouso nula viaja com a velocidade da luz c”.

Vá em frente
Leia
WOLFSON, R. Simplesmente Einstein. São Paulo: Globo, 2005.
Nesse livro, o autor trata da relatividade, tanto a especial quanto a geral, de uma forma intuitiva e bem acessível.

Autoavalia•‹o:
V‡ atŽ a p‡gina 87 e avalie seu desempenho neste cap’tulo.
FÍSICA

21
2
Ge
tty
Im
ag
es
/iS
to
ckp
ho t
FÍSICA QUÂNTICA
o

OBJETIVOS
DO CAPÍTULO
Além de elaborar e desenvolver as leis do movimento, Isaac Newton foi um dos grandes
► Analisar e interpretar
pesquisadores preocupados em descrever o comportamento da luz. Seus estudos resulta-
as emissões de radiação
ram no chamado modelo corpuscular da luz, que nos permite analisar os fenômenos ópticos
eletromagnética por
mais comuns como a reflexão e a refração da luz. Em seu modelo, Newton considerava a luz
um corpo em altas
como partícula que emergia de fontes luminosas e atingia os objetos a serem visualizados. temperaturas.
Anos mais tarde, as explicações sobre a luz considerando-a como partículas deixariam ► Interpretar os conceitos de
de explicar outros fenômenos. energia discreta e contínua.

Oleksiy Mark/Shutterstock

Analisar e interpretar o
efeito fotoelétrico.
► Compreender o significado
de fótons por meio de
frações ou “pacotes de
energia”.
► Identificar os diversos
modelos atômicos e suas
contribuições para se chegar
ao chamado “modelo
padrão”.
Anunciada por Louis de Broglie, pela primeira vez em 1924, o comportamento estudado ► Analisar e interpretar o
dos elétrons forneceu uma nova visão para a luz. Em seus estudos, os elétrons apresentavam caráter dual da luz.
um comportamento ondulatório e corpuscular, dependendo do experimento que se realizava.
Principais conceitos
Com base no efeito fotoelétrico, com o qual Albert Einstein concluiu que os fótons que você vai aprender:
eram partículas com energia definidas, De Broglie, em raciocínio inverso, concluiu que ► Fótons
toda partícula se comportava como uma onda.
► Corpo negro
Thomas Young, com seu experimento da dupla fenda, obteve resultados que deixariam ► Efeito fotoelétrico
bem mais claro e sensível o caráter dual para a luz, ou seja, ela se comportava tanto como
► Quantização da energia
onda como partícula. Em seu experimento, com duas fendas, esperava-se, de acordo com a
► Modelos atômicos
teoria corpuscular da luz, que a região de incidência da luz, após passar pela fenda, formaria
dois traços com os mesmos alinhamentos das fendas, referentes à sua passagem.
Porém, o que se observava era diferente. Em vez de dois traços correspondentes às
duas fendas, surgiam vários traços alinhados, aqueles na região mais central eram mais
intensos e essa intensidade diminuía à medida que os traços se afastavam da região cen-
tral. A esse padrão obtido, deu-se o nome de padrão de interferência. Com ele, tudo pare-
cia caminhar para uma única definição, a de que a luz se comportava como onda.
• Com base no texto é possível afirmar que a luz sempre se comporta como uma onda?
• Como diferenciar situações em que essa condição seja evidente?
No entanto, retornando ao efeito fotoelétrico de Einstein, a dúvida permanecia. Com
os avanços da Mecânica quântica, chegou-se à conclusão definitiva de que a luz é uma
onda eletromagnética. Porém, em algumas situações, a interpretação da luz como partí-
cula seria suficiente para obter os esclarecimentos necessários.
Neste capítulo, estudaremos esse caráter dual da luz e, também, como a Física quânti-
ca proporcionou novos caminhos e descobertas.

22
sima/Shutterstock A quantização de Planck para a energia

A intensidade da radiação
emitida por um corpo aquecido
depende de sua temperatura T
e do comprimento de onda λ da
radiação.
Desde o início do século XIX já se sabia que um corpo aquecido a altas temperaturas
emite radiação eletromagnética (infravermelha, luz visível, etc.). Um exemplo é o carvão em
brasa em uma churrasqueira. Além disso, medidas experimentais da época mostravam
que a intensidade da radiação emitida pelo corpo variava para cada faixa de comprimento
de onda eletromagnética emitida e dependia da temperatura do corpo.
Segundo a Mecânica newtoniana e o Eletromagnetismo de Maxwell, pilares da Física
na época, a radiação emitida ocorria pela vibração das cargas elétricas (elétrons) que com-
punham a superfície do corpo aquecido. No entanto, as previsões teóricas falhavam ao
descrever como a intensidade da radiação variava com o comprimento de onda. Segundo
elas, a intensidade da radiação tenderia para valores extremamente grandes, à medida
que o comprimento de onda emitido diminuísse, como mostra o gráfico a seguir.

Curva Curva
experimental teórica
3,0
Intensidade

2,0

1,0

0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0


Comprimento de onda

Para tentar resolver o problema, o físico alemão Max Planck (1858-1947) apresentou,

LANDE COLLECTION/AMERICAN INSTITUTE OF PHYSICS/


SCIENCE PHOTO LIBRARY/Latinstock
em 1900, uma proposta desesperada, como ele mesmo classificou posteriormente.
Segundo Planck, a energia absorvida ou emitida pelos elétrons da superfície do cor-
po não deveria ser contínua, como acreditava a Física clássica, mas discreta. Em outras
palavras, os elétrons somente poderiam absorver ou emitir determinadas quantidades
de energia como se fossem pequenos “pacotes”, que Planck denominou de quantum de
energia (no plural se diz quanta). Além disso, ele mostrou que a energia E contida nesses
“pacotes” era diretamente proporcional à frequência f da radiação:

E=h⋅f

em que h = 6,63 ⋅ 10–34 J ⋅ s é uma constante, denominada de constante de Planck. 1


Para a explicação da “aberração” da energia discreta a fim de descrever como a intensida- Max Planck é considerado o pai da
de da radiação variava com o comprimento de onda, Planck associou osciladores harmônicos Física quântica.
(sistemas que oscilam com frequências bem definidas) na superfície do corpo às cargas elé-
Observação
tricas dentro das moléculas, visto que ocorrem oscilações dos portadores de carga elétrica e
1 Denomina-se de Física clássica
emissão de ondas eletromagnéticas na agitação molecular. Com isso, a emissão ou a absorção
aquela desenvolvida até o fim
de energia por um oscilador só podem ser em valores múltiplos de h ⋅ f, sendo dadas por:
do século XIX, que é baseada
E=n⋅h⋅f na Mecânica de Newton e no
em que n é um número inteiro (1, 2, 3, …), chamado de nœmero qu‰ntico. Eletromagnetismo de Maxwell.
FÍSICA

23
Quando o oscilador sofre uma transição de um estado quântico para outro, há emissão
ou absorção de energia, dada pela diferença entre as energias dos estados inicial e final.
Por exemplo, se o oscilador sofrer uma transição do estado quântico n = 3 para o estado
quântico n = 2, a diferença de energia entre esses dois estados será emitida como um úni-
co quantum de radiação. Se o oscilador permanecer em um estado quântico, não haverá
emissão ou absorção de energia.
Na figura, temos a representação dos níveis de energia para um oscilador com fre-
quência f. As setas indicam as transições entre os estados quânticos.
Para n = ∞
Energia

E n

4·h·f 4

3·h·f 3

2·h·f 2

h·f 1
Níveis de energia
para um oscilador
0 0 com frequência f.

Se o oscilador passa para um estado quântico mais baixo, há emissão de energia; se


ele passa para um estado quântico mais alto, há absorção de energia.
Para ilustrar a diferença entre os conceitos de energia contínua e discreta, considere
duas bolas, uma que sobe uma rampa e outra que sobe uma escada, como mostra a figura.
m m
A B

h h
(A) A energia
potencial da
bola varia
Ep Ep continuamente
com a altura;
Ep = m · g · h (B) a energia
potencial da
bola varia
discretamente
h h com a altura.

No caso da figura A, a bola pode apresentar qualquer valor de energia potencial, visto
que sua altura em relação ao solo pode assumir qualquer valor. Já na figura B, a bola só
pode estar a determinadas alturas do solo e, portanto, apresentar alguns valores discre-
tos de energia.
A ideia de quantização da energia era tão estranha na época que o próprio Planck du-
vidou de sua proposta, referindo-se a ela como “uma suposição puramente formal [...]”, e
complementou: “[...] na verdade eu não penso muito sobre isso”. Max Born (1882-1970), um
dos mais importantes colaboradores no desenvolvimento da Mecânica quântica, descre-
ve Planck com precisão:
“Ele era, por natureza, uma mente conservadora; ele não tinha nada de revolucionário
e foi completamente cético sobre especulações. No entanto, sua crença na força propul-
sora do raciocínio lógico dos fatos era tão forte que ele não vacilou em anunciar a ideia
mais revolucionária que já abalou a Física.”
No entanto, apesar de sua personalidade conservadora, Planck viu com empolgação
suas ideias serem alavancadas por um jovem e revolucionário cientista, em 1905, que apli-
cou a quantização da energia para descrever o efeito fotoelétrico.

24 CAPÍTULO 2
Efeito fotoelétrico
Em 1887, o físico alemão Heinrich R. Hertz (1857-1894) descobriu que a radiação eletromag-
nética era capaz de arrancar elétrons de superfície metálica. Tal fenômeno ficou conhecido
como efeito fotoelétrico, e os elétrons arrancados do metal são chamados fotoelétrons.

Aqui os elétrons
Luz são ejetados Os elétrons são atraídos
pela luz. e coletados aqui.
Elétrons – +

Vácuo

Placa metálica –
+

Medidor que indica


Bateria o fluxo de elétrons.

No entanto, os dados experimentais mostravam que a energia cinética dos elétrons arran-
cados não dependia da intensidade da luz incidente, mas apenas de sua frequência. Além disso,
verificava-se que luz com frequências abaixo de certo valor crítico não gerava efeito fotoelétrico,
independentemente da intensidade incidente. Esses resultados não coincidiam com as previ-
sões teóricas baseadas no Eletromagnetismo de Maxwell e na Mecânica newtoniana.
Em um dos artigos publicados em 1905, Albert Einstein adotou a quantização da ener-
gia, proposta por Planck em 1900 para descrever o efeito fotoelétrico. Segundo Einstein,
a energia transportada pela luz também é quantizada, ou seja, a luz é formada por pe-
quenos pacotes de energia, que ele nomeou de fótons. A energia E de cada fóton de luz
depende da frequência f da luz, de acordo com a equação:

E=h⋅f

em que h = 6,63 ⋅ 19–34 J ⋅ s é a constante de Planck.


Quando a luz incide sobre o metal, a energia de cada fóton de luz é absorvida instantanea-
mente por um único elétron. Sendo assim, se uma dada radiação luminosa com determinada
frequência não consegue arrancar elétrons do metal, de nada adianta aumentar a sua inten-
Curiosidade
sidade, ou seja, o número de fótons incidentes, porque a energia de cada fóton continuará a
1 Apesar de ser mundialmente
mesma, não arrancando elétrons da superfície. Nesse caso, para conseguir arrancar elétrons,
conhecido pela teoria da
deve-se aumentar a energia do fóton e, para isso, deve-se aumentar a frequência da radiação.
relatividade, Einstein recebeu
Ao serem arrancados elétrons, a luz comporta-se como se fosse constituída por o prêmio Nobel de Física, de
partículas: os fótons são absorvidos pelos elétrons do metal, um de cada vez, não existindo 1921, pelo seu trabalho sobre
frações de fótons. Para Einstein, a energia Efóton que um fóton fornece a um elétron, no efeito o efeito fotoelétrico. Há uma
fotoelétrico, tem uma parte utilizada para arrancar o elétron, denominada de função tra- lenda justificando que o prêmio
balho W ou ϕ, e outra convertida em energia cinética Ec do elétron. não foi dado a Einstein pela
relatividade porque ninguém
Efóton = W + Ec s h ⋅ f = W + Ec s Ec = h ⋅ f – W ainda havia compreendido
completamente tal teoria.
EC A verdade é que um dos critérios
adotados pelo comitê julgador
do Nobel é que o trabalho a ser
tg θ = h premiado deve ter contribuições
θ práticas para a humanidade.
f0 f
Olhando por esse prisma, a
W Frequência de corte descrição do efeito fotoelétrico
impulsionou de forma decisiva
O gráfico representa a variação da energia cinética Ec dos fotoelétrons em função da o desenvolvimento da Física
frequência f da luz incidente. Deve-se notar que somente luz com frequência acima da quântica, cujas aplicações
frequência de corte f0 consegue arrancar elétrons do metal. Tanto a função trabalho W incluem a microeletrônica,
quanto a frequência de corte f0 dependem do metal sobre o qual a luz vai incidir. 1 computação, lasers, entre outras.
FÍSICA

25
A tabela ilustra alguns exemplos de metais com os valores correspondentes da Observação
função trabalho. 1 Elétron-volt (eV): uma
unidade de energia definida
Metal W (eV)
como a energia cinética
Sódio 2,3 adquirida por um elétron
Alumínio 4,1 que, partindo do repouso, é
Ferro 4,5 acelerado por uma diferença de
potencial de 1 V.
Ouro 5,1
1 eV = 1,6 ⋅ 10–19 J
Platina 6,3 1

Atividades
1. Quando aumentamos a frequência de uma onda eletromag- 3. +Enem [H17] Um laser emite um pulso de luz monocromá-
nética, o que acontece com o quantum de energia? Justifique. tica com duração de 6,0 ns, com frequência de 4,0 ⋅ 1014 Hz
e potência de 110 mW. O número de fótons contidos nesse
pulso é:
(Dados: constante de Planck: h = 6,6 ⋅ 10–34 J ⋅ s;
1,0 ns = 1,0 ⋅ 10–9 s)
a) 2,5 ⋅ 109 d) 2,5 ⋅ 1014
b) 2,5 ⋅ 1012 e) 4,2 ⋅ 1017
2. (Enem) A terapia fotodinâmica é um tratamento que utiliza c) 6,9 ⋅ 1013

luz para cura de câncer através da excitação de moléculas


medicamentosas, que promovem a desestruturação das
células tumorais. Para a eficácia do tratamento, é necessá-
ria a iluminação na região do tecido a ser tratado. Em ge-
ral, as moléculas medicamentosas absorvem as frequências
mais altas. Por isso, as intervenções cutâneas são limitadas
pela penetração da luz visível, conforme a figura:
400 nm 500-550 nm 630-650 nm
4. (UFSM-RS) À medida que a tecnologia invadiu os meios de
Profundidade de penetração da luz (nm)

produção, a obra de arte deixou de ser o resultado exclusivo


0,5 do trabalho das mãos do artista, por exemplo, a fotografia.
1,0
Uma vez obtido o negativo, muitas cópias da mesma foto
podem ser impressas. O elemento essencial de uma fotoco-
1,5 piadora é um cilindro eletrizado que perde eletrização, por
2,0 efeito fotoelétrico, nas regiões em que incide luz.
I. O efeito fotoelétrico só pode ser entendido em termos de
2,5
um modelo corpuscular para a radiação eletromagnética.
Epiderme
3,0 II. O número de elétrons arrancados de uma placa metálica
Derme papilar
3,5 Derme reticular pelo efeito fotoelétrico cresce com o aumento da inten-
sidade da radiação eletromagnética que atinge a placa.
A profundidade de até 2 mm em que o tratamento cutâ- III. A energia máxima dos elétrons arrancados de uma
neo é eficiente se justifica porque a luz de: placa metálica pelo efeito fotoelétrico cresce com o
a) curto comprimento de onda é mais refletida pela pele. aumento da intensidade da radiação eletromagnéti-
b) maior energia é mais absorvida pelo tecido orgânico. ca que atinge a placa.
Está(ão) correta(s):
c) menor energia é absorvida nas regiões mais profundas.
a) apenas I. d) apenas I e II.
d) todos os comprimentos de onda terão alta intensidade.
b) apenas II. e) I, II e III.
e) cada comprimento de onda percebe um índice de re- c) apenas III.
fração diferente.

26 CAPÍTULO 2
Enunciado para as questões 5, 6 e 7. 8. (ITA-SP) Num experimento que usa o efeito fotoelétrico,
Uma lâmpada – L1 – emite luz monocromática de com- ilumina-se a superfície de um metal com luz proveniente
primento de onda igual a 3,3 ⋅ 10–7 m, com potência de de um gás de hidrogênio cujos átomos sofrem transições
2,0 ⋅ 102 W. Quando a lâmpada L1 é usada para iluminar do estado n para o estado fundamental. Sabe-se que a
uma placa metálica, constata-se, experimentalmente, função trabalho ϕ do metal é igual à metade da energia de
que elétrons são ejetados dessa placa. No entanto, se ionização do átomo de hidrogênio cuja energia do estado
E
essa mesma placa for iluminada por uma outra lâmpa- n é dada por 2 ⋅ En = 12 .
da – L2, que emite luz monocromática com a mesma po- n
Considere as seguintes afirmações:
tência, 2,0 ⋅ 102 W, mas de comprimento de onda igual
a 6,6 ⋅ 10–7m, nenhum elétron é arrancado da placa. I. A energia cinética máxima do elétron emitido pelo
E E
5. (UFMG) Com base nessas informações, calcule o número metal é Ec = 12 – 1 .
n 2
E
de fótons emitidos a cada segundo pela lâmpada L1. II. A função trabalho do metal é φ = – 1 .
2
III. A energia cinética máxima dos elétrons emitidos au-
menta com o aumento da frequência da luz incidente
no metal a partir da frequência mínima de emissão.
Assinale a alternativa verdadeira.
a) Apenas a I e a III são corretas.
b) Apenas a II e a III são corretas.
c) Apenas a I e a II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
e) Todas são corretas.

6. (UFMG) Explique por que somente a lâmpada L1 é capaz


de arrancar elétrons da placa metálica.

7. (UFMG) É possível arrancar elétrons da placa, iluminando-a


com uma lâmpada que emite luz com o mesmo compri-
mento de onda de L2, porém com maior potência? Justifi-
que sua resposta.
FÍSICA

27
Tarefa proposta
Complementares
1 a 23

9. (UFJF-MG) Um feixe de luz laser, de comprimento de b) quaisquer que sejam a frequência e a intensidade da luz,
onda λ = 400 nm = 400 ⋅ 10 –9 m, tem intensidade os elétrons são emitidos com a mesma energia cinética.
luminosa I = 100 W/m2. De acordo com o modelo cor- c) quanto maior a intensidade da luz de uma determina-
puscular da radiação, proposto por Einstein, em 1905, da frequência incidindo sobre o metal, maiores são as
para explicar fenômenos da interação da radiação com energias com que os elétrons abandonam o metal.
a matéria, a luz é formada por quanta de energias d) quanto maior a frequência da luz de uma determinada
denominados fótons. Usando como base esse modelo intensidade incidindo sobre o metal, maiores são as
quântico da luz, calcule: energias com que os elétrons abandonam o metal.
a) a energia de cada fóton do feixe de luz laser; e) quanto maior a frequência da luz de uma determina-
b) a energia que incide sobre uma área de 1 cm2 per- da intensidade incidindo sobre o metal, mais elétrons
pendicular ao feixe durante um intervalo de tempo abandonam o metal.
de 1,0 s; 12. (UFG-GO) Com o atual estado da arte da nanoeletrônica,
c) o número n de fótons que atingem essa área durante é possível construir potenciais de confinamento eletrônicos
esse intervalo de tempo. com diversas formas geométricas. Na escala nanométrica, os
Use quando necessário: efeitos quânticos tornam-se relevantes e faz-se necessário o
• aceleração da gravidade: g = 10 m/s2 uso da teoria quântica para se descrever o comportamento
• velocidade da luz no vácuo: c = 3,0 ⋅ 108 m/s dos elétrons. Dentre esses potenciais, o parabólico, que des-
• constante de Planck: creve um oscilador harmônico, caracteriza-se por apresentar
h = 6,63 ⋅ 10–34 J ⋅ s = 4,14 ⋅ 10–15 eV ⋅ s; níveis de energia igualmente espaçados dados por:
• constante π = 3,14  1
En =  n +  ⋅ h ⋅ f0, com n = 0, 1, 2, 3, …
10. Leia a frase e escreva, justificando, os pontos que, se-  2
gundo o seu conhecimento, não estão de acordo com o em que f0 é a frequência natural do oscilador harmôni-
efeito fotoelétrico. co, n o seu nível de energia e h a constante de Planck.
Um feixe de luz violeta arranca elétrons ao atingir uma lâ- Ao fazer uma transição de um nível n para o estado fun-
mina metálica, enquanto um feixe de mesma intensidade, damental (n = 0), fótons são emitidos nas cores verme-
porém de luz amarela, não consegue arrancar elétrons. lho, laranja e verde, como ilustrado na tabela a seguir.
Se for aumentada a intensidade da luz amarela, ela po- Transição Cor Frequência (THz)
derá também arrancar elétrons.
n1 w 0 Vermelho 420
11. (PUC-RS) Um feixe de luz incide em uma lâmina de metal,
n2 w 0 Laranja 480
provocando a emissão de alguns elétrons. A respeito des-
n3 w 0 Verde 600
se fenômeno, denominado efeito fotoelétrico, é correto
afirmar que: Considerando essas informações, calcule os menores va-
a) qualquer que seja a frequência da luz incidente, é pos- lores inteiros possíveis de n1, n2 e n3 para cada uma das
sível que sejam arrancados elétrons do metal. transições e o valor da frequência natural f0.

Modelos at™micos Georgios Kollidas/Shutterstock

Modelo de Dalton
A teoria dos quanta foi fundamental para a descrição do modelo
atômico moderno.
A ideia de que a matéria é constituída de pequenas partes in-
divisíveis tem suas origens na Grécia antiga com os filósofos pré-
-socráticos Leucipo e Demócrito. É nessa época que surge o termo
“átomo”, que tem origem grega e significa não divisível (átomos).
Foi, porém, somente no início do século XIX que essa ideia ganhou
força nas mãos do cientista inglês John Dalton (1766-1844), que apli-
cou o atomismo para explicar sua lei dos pesos atômicos com um
modelo de bola de bilhar.

O cientista inglês John Dalton


aplicou as ideias atomísticas para
descrever a lei dos pesos atômicos.

28 CAPÍTULO 2
Modelo de Thomson
Já no fim do século XIX, o físico inglês J. J. Thomson (1856-1940) descobriu uma partícula
com carga elétrica negativa e com massa de aproximadamente 2 mil vezes menor do que o
mais leve dos átomos, a qual recebeu o nome de elétron. Com a descoberta, Thomson foi um
dos primeiros a elaborar um modelo para o átomo, que ficou conhecido como “pudim de pas-
sas”, visto que era constituído por uma massa contendo carga positiva na qual ficava incrus-
tado e distribuído uniformemente um conjunto de elétrons estáticos com cargas negativas.

Modelo de Rutherford
Um dos alunos de Thomson, o físico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), reali-
zou uma famosa experiência, na qual mostrou que o átomo era dividido em duas regiões,
um núcleo central, com carga elétrica positiva e que continha praticamente toda a massa
do átomo, e uma região praticamente vazia, na qual circulavam os elétrons. Com isso, nas-
ce o “modelo atômico planetário”, segundo o qual os elétrons orbitam o núcleo analoga-
mente aos planetas orbitando o Sol.

Órbita do elétron

Elétron
Modelo atômico de
Rutherford para o
átomo de hidrogênio,
Núcleo que faz analogia com o
sistema solar.

Para Rutherford, os elétrons têm carga elétrica negativa e o núcleo do átomo, carga
elétrica positiva. Como os átomos têm o mesmo número de prótons e elétrons, sua
carga elétrica total é nula.

Modelo de Bohr
O modelo de Rutherford não era compatível com as leis do Eletromagnetismo, já que
o elétron girando deve emitir energia na forma de radiação e acabar espiralando em di-
reção ao núcleo. De fato, o próprio Rutherford tinha consciência desse problema e então
desafiou seu aluno, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), a resolvê-lo.
Somado à incompatibilidade do modelo de Rutherford, outro fenômeno desafiava a
Física clássica no fim do século XIX: descrever as linhas espectrais discretas emitidas por
gases excitados por descargas elétricas. A figura mostra um esquema dos experimentos
que eram exaustivamente realizados para determinar esses espectros. Todavia, de acordo
com o Eletromagnetismo de Maxwell, esses espectros deveriam ser contínuos, como o
degradê das cores do arco-íris, e não discretos como o resultado experimental.

Luz
O espectro da luz emitida
U Linhas pelo gás hidrogênio não é
espectrais contínuo, como prevê a Física
clássica, e sim formado por
Gás hidrogênio
linhas discretas.
Analisando as medidas experimentais e por meio de tentativa e erro, os físicos J. R. Rydberg
(1854-1919) e W. Ritz (1878-1909) obtiveram uma expressão que descreve os comprimentos de
onda λ das linhas espectrais. Para o gás hidrogênio, a fórmula de Rydberg-Ritz é escrita como:

1  1 1
= R ⋅  2 – 2  , com n1 . n2
λ  n1 n2 

em que n1 e n2 são números inteiros e R H 1,1 ⋅ 107 m–1 é a constante de Rydberg.


No entanto, apesar de conseguirem bons ajustes com os dados experimentais, Rydbert e
Ritz não compreendiam os princípios físicos por trás de sua fórmula.
FÍSICA

29
US NATIONAL ARCHIVES/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Latinstock
Bohr resolveu o problema da instabilidade do átomo de Rutherford e as linhas espectrais
discretas dos gases construindo um modelo atômico, no qual adotou a quantização da
energia de Planck. Segundo Bohr, a órbita do elétron em um átomo de hidrogênio somente
poderia ter níveis discretos para o momento angular múltiplo da constante de Planck.

Com isso, a energia desse átomo é dada por: En = – 13,6


n2
em que a energia En é calculada em elétron-volt (eV) e n é denominado de número
quântico principal, podendo assumir valores inteiros (n = 1, 2, 3, …). Para o estado funda-
mental (n = 1), obtemos a energia E1 = –13,6 eV.
Para ilustrar a quantização da energia do átomo de hidrogênio, a figura a seguir
apresenta os valores da energia para o estado fundamental (n = 1) e para os demais
estados (n = 2, 3, 4, ..., ∞).
E (eV) Niels Bohr físico dinamarquês
0,00 considerado um dos mentores da

...
Mecânica quântica.
– 0,54 n=5
– 0,85 n=4

–1,51 n=3

–3,40 n=2

–13,60 n=1

Observe que, quando n tende para o infinito, o átomo de hidrogênio está ionizado, o
que significa dizer que a energia de ligação do elétron com o núcleo é zero, ou seja, E∞ = 0.
Quando o elétron muda de um nível de energia inicial ni para outro nível de energia
final nf, ele absorve ou emite um fóton. A variação da energia do elétron devida a essa
transição é dada por:

1 1
∆E = –13,6 ⋅  2 – 2 
 nf ni 

Com isso, temos duas possibilidades:


Fóton
Ei Ei
1 Emiss‹o de um f—ton: o elétron
passa de um nível mais energético
para um nível menos energético:
Ef
Irradia
Ef

energia

n f < n i s E f < E i s ∆E < 0

2 Absor•‹o de um f—ton: Ef Ef
Ei Ei
o elétron passa de um nível
menos energético para um Fóton Recebe
nível mais energético: energia

n f > n i s E f > E i s ∆E > 0

Nos dois casos, a frequência f e o comprimento de onda λ do fóton emitido/absorvi-


| ∆E | h⋅ c
do são dados por f = eλ= em que h = 6,63 ⋅ 10–34 J ⋅ s é a constante de Planck e
h | ∆E |
c = 3 ⋅ 108 m/s é a velocidade da luz no vácuo.

30 CAPÍTULO 2
Dualidade onda-partícula
A natureza da luz sempre intrigou os filósofos e cientistas, desde a Grécia antiga.
No começo do século XVIII, Isaac Newton (1642-1727) publicou seu livro Opticks, no qual defen-
dia a teoria corpuscular da luz. Segundo Newton, a luz seria composta de um enorme número
de pequenas partículas movendo-se no espaço em altas velocidades. Algumas décadas antes,
o físico holandês Christian Huygens (1629-1695) havia proposto que a luz se propagava como
ondas, ideia conhecida como teoria ondulat—ria da luz. Essa proposta ganhou força com as
experiências realizadas por Thomas Young, em 1801, nas quais ele mostrou que a luz podia
sofrer difração e interferência, fenômenos característicos de movimentos ondulatórios.
O veredito final sobre a natureza da luz parecia ter sido dado por Maxwell, quando ele
mostrou que a luz é uma onda eletromagnética. No entanto, vimos que Einstein reacende
novamente a polêmica quando considera a quantização da luz para descrever o efeito
fotoelétrico. Com isso, surge outra questão: se a luz às vezes tem comportamento ondu-
latório e às vezes corpuscular, o que podemos dizer sobre os elétrons ou qualquer outra
partícula? Será que elas também têm esse comportamento dual?
Bildagentur Zoonar GmbH/Shutterstock

Dabarti CGI/Shutterstock
Curiosidade
1 A interpretação ondulatória
dos níveis de energia do átomo
de Bohr é feita associando-se
cada nível energético com os
modos harmônicos de oscilação
das ondas estacionárias.

n=5

A descrição do comportamento ondulatório do elétron foi fundamental para o desenvolvimento dos n=4
microscópios eletrônicos de alta resolução.

Em 1924, o príncipe Louis de Broglie (1892-1987), em sua tese de doutorado, empregou


n=3
a ideia de simetria para introduzir a hipótese revolucionária de ondas associada às par-
tículas. Louis de Broglie partiu da ideia de que, se a luz se comporta como uma partícula,
por que uma partícula não pode se comportar como uma onda? n=2

Sabemos que as ondas são caracterizadas por uma frequência f e um comprimento de


onda λ. Considerando a hipótese de que uma partícula se comporta como uma onda, De n=1
Broglie associou às partículas um comprimento de onda dado por:

h h Como vimos na ondulatória,


λ= = a frequência fn de vibração do
Q m⋅v
modo harmônico n de uma corda
em que h é a constante de Planck e Q é a quantidade de movimento linear, ou seja, o de comprimento L, presa em seus
produto da massa (m) pela velocidade (v) da partícula. dois extremos, é dada por:
v
A relação proposta por Louis de Broglie mostrou-se consistente e foi verificada em fn = n ⋅
2L
1927 por Clinton J. Davisson (1881-1958) e Lester H. Germer (1896-1971), nos Estados Uni- Com isso, a corda só consegue
dos, e por George P. Thomson (1892-1975), na Escócia, ao produzirem a difração de elé- vibrar em estado estacionário
trons. O trabalho de Louis de Broglie teve uma importância muito grande no desenvolvi- para valores discretos de
mento da Física, em especial na concepção da Mecânica quântica ondulatória proposta frequência, análogo à
por Erwin Schrödinger (1887-1961). Pelo seu trabalho, Louis de Broglie recebeu o prêmio quantização dos níveis de
Nobel de Física de 1929. 1 energia do átomo de Bohr.
FÍSICA

31
Princípio da incerteza
A Mecânica quântica balançou a precisão rigorosa e o determinismo que caracterizam a Física clássica. De acordo com a
Mecânica newtoniana, se você conhecer as forças que agem numa partícula e as condições iniciais às quais ela está subme-
tida, poderá prever, com certeza absoluta, as condições em que ela se encontrará em qualquer instante posterior. Todavia, o
desenvolvimento da Física quântica, nas primeiras décadas do século XX, derrubou por terra esse determinismo.
De acordo com a Mecânica quântica, a incerteza é algo inerente às próprias condições iniciais. Se quisermos medir a
localização e a velocidade de uma partícula, devemos nos contentar com probabilidades. Em 1927, o físico alemão Werner
Heisenberg (1901-1976) postulou o princípio da incerteza, afirmando ser impossível medir com precisão absoluta, no mesmo
instante, a posição e a quantidade de movimento de uma partícula.
Suponha que um físico deseje medir a posição e a velocidade de um elétron em movimento. Se ele projetar um expe-
rimento para medir, com grande precisão, a posição do elétron, verificará que não poderá medir com a mesma precisão,
simultaneamente, a velocidade do elétron. Se ele projetar outro experimento para medir com precisão a velocidade do elé-
tron, não conseguirá medir, com a mesma precisão, simultaneamente, a posição do elétron. Para certa posição x, podemos
representar a incerteza na posição (∆x) e no momento (quantidade de movimento) de uma partícula (∆px), de acordo com
Heisenberg, pela expressão:

h
∆px ⋅ ∆x >

em que h é a constante de Planck. A Física e a Química trabalham com esse princípio e, em determinadas análises, sim-
plesmente abandonam a ideia de elétron como corpo e usam a noção probabilística para determinar uma região em que
seria possível encontrar o elétron.

Decifrando o enunciado Lendo o enunciado


Verifique se as medidas com as
(UFC-CE)
quais desenvolverá a resolução
Na figura ao lado, as flechas numeradas de 1 até 9 fazem parte do mesmo sistema
representam transições possíveis de ocorrer entre de unidades.
alguns níveis de energia do átomo de hidrogênio,
Importante inicialmente
de acordo com o modelo de Bohr. identificar as diferenças
Para ocorrer uma transição, o átomo emite (ou de energia, relativas aos
h⋅c comprimentos de onda λX e λY.
absorve) um fóton cuja energia E = é igual
λ Fique atento e busque aquelas
a |∆E| (em que h é a constante de Planck, c é a que correspondem às diferenças
velocidade da luz no vácuo, λ é o comprimento de energia encontradas para os
de onda do fóton e ∆E é a diferença de ener- comprimentos de onda λX e λY.
gia entre os dois níveis envolvidos na transição).
Suponha que o átomo emite os fótons X e Y,
cujos comprimentos de onda são, respectivamen-
te, λX = 1,03 ⋅ 10–7 m e λY = 4,85 ⋅ 10–7 m.
Reprodução / UFC-CE, 2003.

As transições corretamente associadas às emis-


sões desses dois fótons são:
(Dados: h = 4,13 ⋅ 10–15 eV ⋅ s; c = 3,0 ⋅ 108 m/s)
a) 4 e 8 d) 5 e 7
b) 2 e 6 e) 1 e 7
c) 3 e 9
Resolu•‹o
Resposta: B
Calculando os valores de ∆E relativos aos comprimentos de onda λX e λY, temos:
h⋅c 4,13 ⋅ 10–5 ⋅ 3, 0 ⋅ 108
• = ∆EX s eV = ∆EX s ∆EX = 12,03 eV
λ 1, 03 ⋅ 10–7

h⋅c 4,13 ⋅ 10–15 ⋅ 3, 0 ⋅ 108


• = ∆EY s eV = ∆EY s ∆EY = 2,55 eV
λ 4, 85 ⋅ 10–7
De acordo com a figura, ∆EX corresponde à transição 2, e ∆EY corresponde à transição 6.

32 CAPÍTULO 2
Conexões
O nanomundo em evidência
Nos últimos anos, o termo “nano” tem aparecido com frequência na mídia, associado às palavras nanociência e nanotecno-
logia. Nem sempre o que é divulgado tem base científica. […]
Realisticamente, temos hoje dispositivos eletrônicos ou eletromecânicos de dimensões nanométricas, também conhecidos
como sistemas nanométricos eletromecânicos obtidos por nanofabricação.
O nanômetro é uma unidade de comprimento equivalente à bilionésima parte de um metro, ou seja: 1 nm = 10–9 m
O lado atualmente mais visível da nanotecnologia está ligado ao desenvolvimento de novos materiais avançados, à síntese
controlada de moléculas gigantes (macromoléculas) com propriedades inéditas, ao desenvolvimento de medicamentos (fár-
macos) mais eficientes e seguros e a uma grande variedade de outros avanços extraordinários com base na manipulação da
matéria em escala atômica.

Andrea Danti/Shutterstock
Ilustração gráfica de nanorrobôs – nanotecnologia.

Estamos no limiar de uma verdadeira revolução tecnológica, cuja evolução deverá abranger décadas, com um impacto que
provavelmente deverá superar o de todas as revoluções técnicas do passado. Dela resultarão materiais inéditos, grandes avanços
na Medicina e na Farmacologia, métodos muito mais eficientes para a indústria química e petroquímica, computadores com um
grau de sofisticação e complexidade sem precedentes – provavelmente baseados em outros princípios físicos –, maior eficiência
no uso de energia, grandes inovações na área do meio ambiente e vários outros avanços que podemos apenas vislumbrar.
A nanociência e a nanotecnologia têm um caráter interdisciplinar, envolvendo principalmente a Física, a Química, a ciência
dos materiais, a Biologia e a Engenharia elétrica. […]
No nanomundo, os fenômenos de natureza quântica se manifestam com frequência de forma surpreendente. Graças aos
avanços da nanociência e da nanotecnologia, pela primeira vez é possível estudar as propriedades dos componentes básicos
dos seres vivos e, assim, abordar em condições talvez mais favoráveis aquele que é o maior de todos os desafios científicos: a
compreensão da vida. […]
A nanociência e a nanotecnologia tornaram-se possíveis graças a dois avanços decisivos. O primeiro deles está associado à in-
venção de instrumentos de visualização e manipulação da matéria, chamados microscópios de varredura por sonda. O outro fator
decisivo foi o desenvolvimento de equipamentos capazes de produzir filmes sólidos com controle de espessura em escala atômica.
Os microscópios de varredura por sonda são variações do microscópio eletrônico de tunelamento inventado em 1981 por
Gerd Binnig e Heinrich Rohrer. Por essa invenção, Binnig e Rohrer compartilharam o prêmio Nobel de Física de 1986 com
Ernst Ruska, o inventor do microscópio eletrônico.

VALADARES, Eduardo de Campos et al. Aplicações da física quântica: do transistor à nanotecnologia. São Paulo: Livraria da Física, 2005.

1. Qual é o significado de nanociência e de nanotecnologia?


2. Quais são as implicações futuras da nanociência e da nanotecnologia em nossa vida?
FÍSICA

33
Atividades
13. (UFC-CE) No início do século XX, novas teorias provoca- 15. (AFA-SP) O elétron do átomo de hidrogênio, ao passar do
ram uma surpreendente revolução conceitual na física. primeiro estado estacionário excitado, n = 2, para o estado
Um exemplo interessante dessas novas ideias está associa- fundamental, n = 1, emite um fóton. Tendo em vista o
do às teorias sobre a estrutura da matéria, mais especifi- diagrama da figura a seguir, que apresenta de maneira
camente àquelas que descrevem a estrutura dos átomos. aproximada, os comprimentos de onda das diversas radia-
Dois modelos atômicos propostos nos primeiros anos do ções, componentes do espectro eletromagnético, pode-se
século XX foram o de Thomson e o de Rutherford. Sobre concluir que o comprimento de onda desse fóton emitido
esses modelos, assinale a alternativa correta. corresponde a uma radiação a região do(s):
a) No modelo de Thomson, os elétrons estão localiza- Dado: h = 4,13 ⋅ 10–15 eV ⋅ s
dos em uma pequena região central do átomo, de-
nominada núcleo, e estão cercados por uma carga

Tipo de radiação
Ondas de rádio

Infraermelho
Micro-ondas

Raios gama
Ultravioleta
Luz visível
positiva, de igual intensidade, que está distribuída

Raios X
em torno do núcleo.
b) No modelo de Rutherford, os elétrons estão localiza-
dos em uma pequena região central do átomo e estão λ(m)
107 105 103 101 10–1 10–3 10–5 10–7 10–9 10–11 10–13 10–15 10–17
cercados por uma carga positiva, de igual intensidade,
que está distribuída em torno do núcleo. a) raios gama c) ultravioleta
c) No modelo de Thomson, a carga positiva do átomo b) raios X d) infravermelho
encontra-se uniformemente distribuída em um volu-
me esférico, ao passo que os elétrons estão localizados
na superfície da esfera de carga positiva.
d) No modelo de Rutherford, os elétrons movem-se em
torno da carga positiva, que está localizada em uma
região central do átomo, denominada núcleo.
e) O modelo de Thomson e o modelo de Rutherford con-
sideram a quantização de energia.

14. (PUC-MG) Leia o texto abaixo e escolha entre as opções


seguintes a sequência que corretamente completa o texto.
“A experiência de espalhamento de partículas alfa reali-
zada por Rutherford e seus pesquisadores permitiu que se
formulasse uma hipótese sobre a constituição dos átomos.
Levando em conta os dados experimentais, Rutherford
conjeturou que as cargas _________ficariam_________
na região _________ do átomo e que as cargas _________
ficariam na região ___________ .”
a) negativas – espalhadas – central – positivas – espalha- 16. (UFRGS-RS) O físico francês Louis de BrogIie (1892-1987),
das – central em analogia ao comportamento dual onda-partícula da
b) negativas – concentradas – central – positivas – espa- luz, atribuiu propriedades ondulatórias à matéria.
lhadas – periférica Sendo a constante de Planck h = 6,6 ⋅ 10–34 J ⋅ s, o
comprimento de onda de Broglie para um elétron
c) positivas – concentradas – central – negativas – con-
(massa m = 9 ⋅ 10 –31 kg) com velocidade de módulo
centradas – periférica
v = 2,2 ⋅ 10 6 m/s aproximadamente:
d) positivas – concentradas – central – negativas – espa-
a) 3,3 ⋅ 10–10 m d) 3,3 ⋅ 109 m
lhadas – periférica
b) 3,3 ⋅ 10 m
–9
e) 3,3 ⋅ 1010 m
e) positivas – concentradas – central – negativas – con-
centradas – central c) 3,3 ⋅ 103 m

34 CAPÍTULO 2
17. (PUC-RS) O dualismo onda-partícula refere-se a caracte- 19. +Enem [H17] Leia o texto a seguir.
rísticas corpusculares presentes nas ondas luminosas e as […] Podemos ser levados a supor que obteríamos uma
características ondulatórias presentes no comportamento precisão mais elevada usando detectores mais sofistica-
de partículas, tais como elétrons. A natureza nos mostra dos de posição e momento linear. Verificou-se que isso é
que características corpusculares e ondulatórias não são impossível. Para detectar uma partícula, um elétron, por
antagônicas, mas, sim, complementares. Dentre os fenô- exemplo, o detector teria de interagir com ela, e essa inte-
ração produziria inevitáveis perturbações no movimento
menos listados, o único que não está relacionado com o
da partícula, introduzindo uma incerteza em seu estado
dualismo onda-partícula é:
inicial. Por exemplo, fazendo incidir sobre a partícula fó-
a) o efeito fotoelétrico. tons com comprimentos de onda muito curtos para lo-
b) a ionização de átomos pela incidência de luz. calizá-la melhor, o momento linear mais elevado faria a
c) a difração de elétrons. partícula sofrer um recuo maior, produzindo maior incer-
d) o rompimento de ligações entre átomos pela incidên- teza em seu momento linear. Uma análise mais detalhada
cia de luz. dessas experiências hipotéticas mostra que as incertezas
que descrevemos são fundamentais e intrínsecas. Elas não
e) a propagação, no vácuo, de ondas de rádio de fre-
podem ser evitadas mesmo em princípio com o aperfei-
quência média. çoamento da técnica experimental, por mais sofisticada
que ela seja.
YOUNG, Hugh D; FREEDMAN, Roger A.
îptica e f’sica moderna. São Paulo: Addison Wesley, 2009.

De acordo com o texto:


a) não é possível observar uma partícula usando-se fó-
tons com comprimento de onda muito curto.
b) o ato de observar algo tão minúsculo quanto um elé-
18. Considere que a posição de um objeto seja conhecida, de tron, por exemplo, produz uma considerável incerteza
tal maneira que a incerteza na sua posição seja somente ou em sua posição ou em sua quantidade de movi-
∆x = 1,5 ⋅ 10–11 m. mento linear.
Dados: melétron = 9,1 ⋅ 10–31 kg e mbolinha = 2,2 ⋅ 10–3 kg c) quando a radiação luminosa usada na observação
Determine: de um elétron apresenta um grande comprimento de
onda, obtém-se grande precisão tanto na posição
a) a mínima incerteza no momento do objeto;
quanto no momento linear da partícula.
d) trata-se do princípio da incerteza de Heisenberg que
destaca que não podemos afirmar, com certeza, que o
elétron existe.
e) é possível medir com precisão o momento linear e a
posição de um elétron.

b) a mínima incerteza na velocidade do objeto quando


este for um elétron;

c) a mínima incerteza na velocidade do objeto quando


este for uma bolinha de ping-pong.
FÍSICA

35
20. (UEL-PR) A obra Molhe Espiral (figura 1) faz lembrar o mo- Com base no enunciado, nas figuras 2 e 3 e nos conhe-
delo atômico “planetário”, proposto por Ernest Rutherford cimentos sobre mecânica e eletromagnetismo, considere
(figura 2). Esse modelo satisfaz as observações experimen- as afirmativas a seguir.
tais de desvio de partículas alfa ao bombardear em folhas de I. A variação do vetor velocidade do elétron evidencia
ouro. Entretanto, ele falha quando se leva em conta a teoria que seu movimento é acelerado.
do eletromagnetismo, segundo a qual cargas aceleradas
II. Se o módulo da velocidade linear do elétron é cons-
emitem radiação eletromagnética. Assim, o elétron perde
tante em toda a trajetória da figura 3, a sua velocida-
energia executando uma trajetória em espiral e colapsando
de angular aumentará até o colapso com o núcleo.
no núcleo (figura 3).
III. O átomo de Rutherford poderia ser estável se o elé-
Interbits

Figura 1
tron possuísse carga positiva.
IV. Na figura 3, o elétron está desacelerando, uma vez
que a força de repulsão eletrostática diminui com o
decréscimo do raio da órbita.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
Robert Smithson. Molhe Espiral, 1970. Rocha negra, cristais
de sal, terra, água vermelha (algas). 457,2 m de comprimento
e aproximadamente 4,57 m de largura. Grande Lago Salgado,
Utah (EUA).
Figura 2 Figura 3
v v
e– e–

e– = elétron
n = núcleo
n v = vetor velocidade n
r
r = raio da órbita

Modelo atômico “planetário” Colápso do elétron no núcleo

Tarefa proposta 24 a 32
Complementares
21. (PUC-MG) No estabelecimento da teoria atômica, foram 22. (PUC-SP) Um átomo de hidrogênio gasoso, no seu estado
propostos três modelos atômicos que se sucederam, por- fundamental, tem energia de –13,6 eV. Determine a ener-
que não conseguiram explicar adequadamente alguns gia necessária, em eV (elétron-volt), que ele deve absorver
fatos experimentais. Os modelos são conhecidos pelos para que sofra uma transição para o próximo estado de
nomes de seus autores: Thomson, Rutherford e Bohr. excitação permitido pelo modelo atômico de Bohr.
Três fatos experimentais ajudaram a decidir qual deles
poderia descrever o átomo de forma mais adequada.
São eles: neutralidade elétrica, espalhamento de partí-
culas alfa e estabilidade da energia orbital dos elétrons.
Para cada propriedade citada em I, II e III, associe um
Reprodução / PUC-SP.

dos critérios a seguir:


I. Neutralidade elétrica.
II. Espalhamento de partículas alfa.
III. Estabilidade da energia orbital dos elétrons.
a) Somente o modelo Thomson explicaria.
b) Os modelos de Thomson e Bohr explicariam.
c) Somente o modelo de Bohr explicaria.
d) Os modelos de Rutherford e Bohr explicariam. a) –3,4 c) 17,0
e) Todos os modelos explicariam. b) –17,0 d) 10,2

36 CAPÍTULO 2
23. (UFRGS-RS) Segundo o modelo atômico de Bohr, no qual foi 24. (AFA-SP) Raios X são produzidos em tubos de vácuo nos
incorporada a ideia de quantização, o raio da órbita e a energia quais elétrons são acelerados por uma ddp de 4,0 ⋅ 104 V
correspondentes ao estado fundamental do átomo de hidrogê- e, em seguida, submetidos a uma intensa desaceleração ao
nio são, respectivamente, R1 = 0,53 ⋅ 10–10 m e E1 = – 13,6 eV. colidirem com um alvo metálico. Assim, um valor possível
Para outras órbitas do átomo de hidrogênio, os raios Rn e para o comprimento de onda, em angstrons (10–10 m),
as energias En, em que n = 2, 3, 4, ... são tais que: desses raios X é:
E
a) Rn = n2R1 e En = 12 d) Rn = nR1 e En = nE1 a) 0,15
n
E b) 0,20
b) Rn = n2R1 e En = n2E1 e) Rn = nR1 e En = 12
E n c) 0,25
c) Rn = n2R1 e En = 1
n d) 0,35

Tarefa proposta
1. (Vunesp) Conforme a teoria dos quanta, a luz é emitida e (02) O espectro de emissão luminosa das lâmpadas de
absorvida descontinuamente, em pequenos pacotes cha- hidrogênio é contínuo.
mados fótons, cuja quantidade de energia é proporcional (04) A análise de espectros luminosos permite iden-
à frequência da luz. Explique por que o olho humano não tificar elementos químicos presentes na fonte
é sensibilizado por luz infravermelha intensa, embora um emissora.
pequeno número de fótons o sensibilize na cor amarelo. (08) A energia de um fóton relacionado a uma onda
2. (UEMS) Um fóton de luz vermelha possui comprimento de luminosa é diretamente proporcional à frequência
onda de 6 000 angstrons. Qual a energia correspondente da onda.
a esse fóton? (16) As linhas espectrais de uma fonte luminosa em mo-
(Dados: constante de Planck: h = 6,62 ⋅ 10–34 J ⋅ s; veloci- vimento encontram-se deslocadas em relação às
dade da luz no vácuo: c = 3 ⋅ 108 m/s) mesmas linhas do espectro emitido por uma fonte
a) 6,33 ⋅ 10–15 J d) 4,01 ⋅ 10–34 J em repouso.
b) 2,33 ⋅ 10 J
–15
e) 2,32 ⋅ 10–34 J Dê a soma dos números dos itens corretos.
c) 3,31 ⋅ 10–19 J 6. (AFA-SP) A Figura 1 abaixo representa um arranjo expe-
3. (UFPI) Uma luz de comprimento de onda λ = 5,46 ⋅ 10 m –7 rimental para a obtenção do espectro de emissão da luz
penetra em uma fotocélula de cátodo de césio, cuja função emitida por uma lâmpada de gás de hidrogênio.
trabalho é de 2 eV. Podemos afirmar, corretamente, que
a frequência de corte para o césio e a energia cinética
Reprodução / AFA-SP, 2017.

máxima valem, respectivamente:


(Dados: 1 eV = 1,6 ⋅ 10–19 J; h = 6,63 ⋅ 10–34 J ⋅ s; c = 3 ⋅ 108 m/s)
a) 2,4 ⋅ 1014 s–1 e 4,4 ⋅ 10–20 J
b) 4,8 ⋅ 1014 s–1 e 6,8 ⋅ 10–20 J
c) 4,8 ⋅ 1014 s–1 e 4,4 ⋅ 10–20 J
d) 4,3 ⋅ 10–20 s–1 e 2,4 ⋅ 1014 J
e) 6,8 ⋅ 1014 s–1 e 4,8 ⋅ 10–20 J
4. (UEG-GO) Em 1900, Max Planck propôs uma explicação
Ao passar pelo prisma, a luz divide-se em quatro feixes de
sobre a radiação de corpo negro. Sua equação ficou co-
cores distintas: violeta, anil, azul e vermelho. Projetando-
nhecida em todo o mundo porque relacionava pela primei-
-se esses feixes em um anteparo, eles ficam espalhados,
ra vez a energia emitida por um corpo negro com a sua
como ilustrado na Figura 1.
frequência de emissão em pacotes discretos, chamados de
Considere agora a Figura 2, que ilustra esquematica-
fótons. A constante de proporcionalidade ficou conhecida
mente alguns níveis de energia do átomo de hidrogênio,
como constante de Planck.
onde as setas I, II, III e IV mostram transições possíveis
A unidade de medida dessa constante é dada por:
para esse átomo.
a) kg ⋅ m2/s2 d) cal/g ⋅ °C
b) Hz e) J/kg
Reprodução / AFA-SP, 2017.

c) J ⋅ s
5. (UEM-PR) Em relação a espectros luminosos, assinale o que
for correto.
(01) Cada tipo de gás tem um espectro de emissão
característico.
FÍSICA

37
Relacionando as informações contidas na Figura 2 com as Einstein para o efeito fotoelétrico tem origem na quanti-
cores da luz emitida pela lâmpada de gás de hidrogênio zação da energia proposta por Planck, em 1900, o qual
mostrada na Figura 1, é correto afirmar que a cor anil considerou a energia eletromagnética irradiada por um
corresponde à transição: corpo negro de forma descontínua, em porções que
a) I b) II c) III d) IV foram chamadas quanta de energia ou fótons. Einstein
7. (UFSC) Em um experimento semelhante aos realizados por deu o passo seguinte admitindo que a energia eletro-
Hertz, esquematizado na figura a seguir, um estudante magnética também se propaga de forma descontínua e
de física obteve o seguinte gráfico da energia cinética (E) usou essa hipótese para descrever o efeito fotoelétrico.
máxima dos elétrons ejetados de uma amostra de potássio Em relação ao efeito fotoelétrico em uma lâmina metáli-
em função da frequência (f) da luz incidente. ca, julgue (V ou F) as afirmações a seguir.

Luz incidente
I. A energia dos elétrons removidos da lâmina metálica
pelos fótons não depende do tempo de exposição à
luz incidente.
Tubo de vácuo II. A energia dos elétrons removidos aumenta com o au-
A
mento do comprimento de onda da luz incidente.
III. Os fótons incidentes na lâmina metálica, para que re-
movam elétrons dela, devem ter uma energia mínima.
1,66
1,33
IV. A energia de cada elétron removido da lâmina metáli-
1,00 ca é igual à energia do fóton que o removeu.
0,67
9. (UFRN) Quando a luz incide sobre a superfície de uma
0,33
0,00 f (1014 Hz) placa metálica, é possível que elétrons sejam arrancados
1 2 3 4 5 6 7 8 9
– 0,33 dessa placa, processo conhecido como efeito fotoelétrico.
E (eV)

– 0,66 Para que um elétron escape da superfície do metal, por


– 0,99
causa desse efeito, a energia do fóton incidente deve
– 1,32
– 1,65 ser, pelo menos, igual a uma energia mínima, chamada
– 1,98 função trabalho (W0), uma grandeza característica de
– 2,31 cada material. A energia de cada fóton da luz incidente
– 2,64
é igual ao produto h ⋅ f, em que h é a constante de
Com base nas características do fenômeno observado e Planck e f é a frequência da luz incidente. Quando a
no gráfico, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). energia do fóton incidente é maior que W0, a energia
(01) O valor da constante de Planck obtida a partir do restante é transformada em energia cinética do elétron.
gráfico é de aproximadamente 4,43 ⋅ 10–15eV ⋅ s. Dessa forma, a energia cinética máxima (Em) do elétron
(02) A função trabalho do potássio é maior que 2,17 eV. arrancado é dada por:
(04) Para frequências menores que 5,0 ⋅ 1014 Hz, os elé- Em = h ⋅ f – W0
trons não são ejetados do potássio. Considere o experimento no qual um feixe de luz que
contém fótons com energias associadas a um grande in-
(08) O potencial de corte para uma luz incidente de
tervalo de frequências incide sobre duas placas, P1 e P2,
6,0 ⋅ 1014 Hz é de aproximadamente 0,44 eV.
constituídas de metais diferentes. Para esse experimento
(16) Materiais que possuam curvas de E (em eV) em fun-
pode-se afirmar que o gráfico representando a energia
ção de f (em Hz) paralelas e à direita da apresentada
cinética máxima dos elétrons emitidos, em função das
no gráfico possuem função trabalho maior que a do
frequências que compõem a luz incidente, é:
potássio.
a) Em c) Em
(32) A energia cinética máxima dos elétrons emitidos na
P1 P2 P2 P1
frequência de 6,5 ⋅ 1014 Hz pode ser aumentada,
aumentando-se a intensidade da luz incidente.
Dê a soma dos números dos itens corretos.
8. (PUC-RS) Considere o texto e as afirmações a seguir.
Após várias sugestões e debates, o ano 2005 foi decla- 0 0
f f
rado pela ONU o Ano Mundial da Física. Um dos obje-
tivos dessa designação foi comemorar o centenário da b) Em d) Em

publicação dos trabalhos de Albert Einstein, que o pro- P1 P1 P2

jetaram como físico no cenário internacional da época P2

e, posteriormente, trouxeram-lhe fama e reconhecimento.


Um dos artigos de Einstein, publicado em 1905, era so-
bre o efeito fotoelétrico, que foi o principal motivo da
0 0
sua conquista do Prêmio Nobel em 1921. A descrição de f f

38 CAPÍTULO 2
10. (UFRGS-RS) Selecione a alternativa que apresenta as pala- Note e adote:
vras que completam corretamente as lacunas, pela ordem, • E=h⋅f
no seguinte texto relacionado com o efeito fotoelétrico. • E é a energia do fóton.
O efeito fotoelétrico, isto é, a emissão de ____ por metais • f é a frequência da luz.
sob a ação da luz, é um experimento dentro de um contex-
• Constante de Planck, h = 6 ⋅ 10–34 J ⋅ s
to físico extremamente rico, incluindo a oportunidade de
a) 1 ⋅ 1015 Hz d) 4 ⋅ 1015 Hz
pensar sobre o funcionamento do equipamento que leva
à evidência experimental relacionada com a emissão e a b) 2 ⋅ 10 Hz
15
e) 5 ⋅ 1015 Hz
energia dessas partículas, bem como a oportunidade de c) 3 ⋅ 1015 Hz
entender a inadequação da visão clássica do fenômeno. 13. (Udesc) No contexto histórico da virada do século XIX
Em 1905, ao analisar esse efeito, Einstein fez a suposição para o século XX, Lord Kelvin proferiu uma palestra e
revolucionária de que a luz, até então considerada como afirmou que não havia mais muitos pontos obscuros
um fenômeno ondulatório, poderia também ser concebi- para serem resolvidos pela Física. Destacou que existiam
da como constituída por conteúdos energéticos que obe- apenas dois problemas: o primeiro referente a não de-
decem a uma distribuição ____, os quanta de luz, mais tecção do vento de éter (resultado nulo do experimento
tarde denominados ____. de Michelson-Morley), e o segundo, relacionado à par-
a) fótons – contínua – fótons tição de energia (emissão e absorção da radiação de
b) fótons – contínua – elétrons corpo negro).
c) elétrons – contínua – fótons Em relação ao avanço na construção de conhecimento
em Física, decorrente dos dois problemas apontados por
d) elétrons – discreta – elétrons
Lord Kelvin, assinale a alternativa correta.
e) elétrons – discreta – fótons
a) Os pontos obscuros apontados por Lord Kelvin não se
11. (UFRGS-RS) Quando a luz incide sobre uma fotocélula, ocorre configuraram em problemas científicos, e foram igno-
o evento conhecido como efeito fotoelétrico. Nesse evento: rados pela Ciência.
a) é necessária uma energia mínima dos fótons da luz b) Os problemas sinalizados por Lord Kelvin foram solu-
incidente para arrancar os elétrons do metal. cionados pela mecânica newtoniana, sendo necessário
b) os elétrons arrancados do metal saem todos com a apenas um refinamento experimental.
mesma energia cinética. c) A Ciência, em particular a Física, não avançou median-
c) a quantidade de elétrons emitidos por unidade de tem- te a resolução de problemas e aos pontos obscuros
po depende do quantum de energia da luz incidente. apontados por Lord Kelvin, que retratavam apenas dú-
d) a quantidade de elétrons emitidos por unidade de vidas pessoais dele próprio.
tempo depende da frequência da luz incidente. d) Max Planck foi o único a solucionar os dois problemas
e) o quantum de energia de um fóton da luz incidente é apontados por Lord Kelvin e, por isso, Planck é consi-
diretamente proporcional a sua intensidade. derado por muitos o “Pai da Mecânica Quântica”.
12. (Fuvest-SP) Na estratosfera, há um ciclo constante de criação e) Os pontos obscuros destacados por Lord Kelvin foram
e destruição do ozônio. A equação que representa a des- determinantes na condução de mudanças radicais na
truição do ozônio pela ação da luz ultravioleta solar (UV) é: Física, culminando na construção das teorias quânticas
UV e relativísticas.
O3  → O +O
2
14. (Udesc) Na Física atual, o menor tempo e o menor com-
O gráfico representa a energia potencial de ligação entre
primento conceptíveis são denominados tempo de Planck
um dos átomos de oxigênio que constitui a molécula de O3
(tP) e comprimento de Planck (Lp) respectivamente. Essas
e os outros dois, como função da distância de separação r.
duas grandezas são definidas a partir da combinação das
constantes físicas fundamentais: h (constante de Planck
h
reduzida = ), G (constante da Gravitação Universal) e

Reprodução / Fuvest-SP, 2017.

c (velocidade da luz no vácuo).


Considerando o Sistema Internacional de medidas (SI), as-
sinale a alternativa que contém as corretas combinações
entre h , G e c para t P e L.
1 1 1 1
 hG  2  hG  2  hG  2  hG  2
a)  5  ,  3  d)  3  ,  5 
 c   c   c   c 
1 1 1 1
 hG  2  hG  2  hG  2  hG  2
A frequência dos fótons da luz ultravioleta que corres- b)  5  ,  2  e)  5  ,  3 
 c   c  G  G 
ponde à energia de quebra de uma ligação da molécula 1 1
de ozônio para formar uma molécula de O2 e um átomo  hG  2  hG  2
c)  2  ,  3 
de oxigênio é, aproximadamente:  c   c 
FÍSICA

39
15. (UPF-RS) Analise as afirmações sobre tópicos de Física 18. (UFPI) Determinada luz com comprimento de onda de
Moderna. 2,6 ⋅ 10–7 m incide sobre uma placa metálica e fotoelétrons
I. Um dos postulados da teoria da relatividade especial são produzidos, passando a se mover com velocidade de
é o de que as leis da Física são idênticas em relação a 8,0 ⋅ 105 m/s. Pode-se afirmar que o comprimento de onda
qualquer referencial inercial. de corte (isto é, o comprimento de onda acima do qual não
ocorre o efeito fotoelétrico) vale aproximadamente:
II. Um segundo postulado da teoria da relatividade especial
(Dados: h = 6,6 ⋅ 10–34 J ⋅ s; c = 3 ⋅ 108 m/s;
é o de que a velocidade da luz no vácuo é uma constante
melétron = 9,1 ⋅ 10–31 kg)
universal que não depende do movimento da fonte de luz.
a) 1,8 ⋅ 10–7 m
III. Denomina-se de efeito fotoelétrico a emissão de fó-
b) 2,9 ⋅ 10–7 m
tons por um material metálico quando exposto a ra-
diação eletromagnética. c) 3,7 ⋅ 10–7 m
d) 4,2 ⋅ 10–7 m
IV. A Física Moderna destaca que em algumas situações a
luz se comporta como onda e em outras situações e) 5,5 ⋅ 10–7 m
como partícula. 19. (UFMG) Em condições normais, o olho humano pode de-
Está correto apenas o que se afirma em: tectar em média10–18 joules de energia eletromagnética.
a) I e II d) II e IV Quantos fótons de 6 000 angstrons essa energia representa?
b) II e III e) I, II e IV Considere constante de Planck: h = 6,6 ⋅ 10–34 J ⋅ s e velo-
cidade da luz: c = 3,0 ⋅ 108 m/s.
c) I, II e III
20. (AFA-SP) O diagrama a seguir mostra os níveis de ener-
16. (UFSM-RS) O fenômeno físico responsável pelo funciona-
gia permitidos para elétrons de um certo elemento
mento dos sensores CCD, presentes nas primeiras e em
químico.
muitas das atuais câmeras digitais, é similar ao efeito fo-
toelétrico. Ao incidirem sobre um cristal de silício, os fótons
transferem a sua energia aos elétrons que se encontram na
banda de valência, que são “promovidos” para os níveis
Reprodução / AFA-SP, 2015.

de energia que se encontram na banda de condução.


O excesso de carga transferido para a banda de condução
é então drenado por um potencial elétrico aplicado sobre
o dispositivo, produzindo um sinal proporcional à intensi-
dade da luz incidente.
A energia transferida aos elétrons pelos fótons, nesse pro-
cesso, é proporcional à ___________da radiação incidente.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. Durante a emissão de radiação por este elemento, são ob-
a) intensidade d) amplitude servados três comprimentos de onda: λA, λB e λC. Saben-
b) frequência e) duração λ
do-se que λA < λB < λC, pode-se afirmar que A é igual a:
c) polarização λC
17. (PUC-RS) Para responder à questão, analise o texto e os E3 E3 – E2
dados a seguir. a) c)
E1 E3 – E1
A matéria apresenta um comportamento dualístico, ou
E3 – E2 E2
seja, pode se comportar como onda ou como partícula. b) d)
E3 E1
Uma partícula em movimento apresenta um comprimento
h
de onda associado a ela, o qual é descrito por λ = , 21. (Udesc) Filmes fotográficos para radiografias, do tipo preto
p
e branco, possuem uma emulsão fotossensível. Confeccio-
onde p é o módulo do seu momento linear, e h é a cons-
nou-se um filme neste modelo e constatou-se que, para
tante de Planck.
dissociar moléculas contidas na emulsão fotossensível, é
Considere as seguintes partículas movendo-se livremente
necessária uma exposição a fótons com energia mínima
no espaço e suas respectivas massas e velocidades:
de 0,7 eV.
• Partícula 1 – massa m e velocidade v Assinale a alternativa que apresenta o valor do maior
• Partícula 2 – massa m e velocidade 2v comprimento de onda da luz capaz de impressionar
• Partícula 3 – massa 2m e velocidade 2v este filme.
Os comprimentos de onda associados às partículas estão a) 1,7 ⋅ 10–9 m
relacionados de tal modo que: b) 1,7 ⋅ 10–6 m
a) λ1 = λ2 = λ3 d) λ1 , λ2 , λ3 c) 1,7 ⋅ 10–14 m
b) λ1 = λ2 , λ3 e) λ1 . λ2 . λ3 d) 0,7 ⋅ 10–6 m
c) λ1 , λ2 = λ3 e) 0,7 ⋅ 10–9 m

40 CAPÍTULO 2
22. (Fuvest-SP) Lasers pulsados de altíssima potência estão sen- 26. (Ufal) De acordo com o modelo atômico de Bohr, elétrons
do construídos na Europa. Esses lasers emitirão pulsos de giram ao redor do núcleo em órbitas específicas, tais como
luz verde, e cada pulso terá 1015 W de potência e duração os planetas giram em órbitas específicas ao redor do Sol.
de cerca de 30 ⋅ 10–15 s. Com base nessas informações, Diferentemente dos planetas, os elétrons saltam de uma
determine: órbita específica para outra, ganhando ou perdendo ener-
a) o comprimento de onda λ da luz desse laser; gia. Qual das afirmações a seguir está em discordância com
b) a energia E contida em um pulso; o modelo proposto por Bohr?
c) o intervalo de tempo ∆t durante o qual uma lâmpada a) Ao saltar de uma órbita mais próxima do núcleo para
LED de 3 W deveria ser mantida acesa, de forma a outra mais afastada, o elétron absorve energia.
consumir uma energia igual à contida em cada pulso; b) Ao saltar de uma órbita mais afastada do núcleo para
d) o número N de fótons em cada pulso. outra mais próxima, o elétron emite energia.
Note e adote: c) Dentro de uma mesma órbita, o elétron se movimenta
• Frequência da luz verde: f = 0,6 ⋅ 1015 Hz sem ganho ou perda de energia.
• Velocidade da luz = 3 ⋅ 108 m/s d) O processo no qual o elétron absorve energia su-
• Energia do fóton = h ⋅ f ficiente para escapar completamente do átomo é
chamado ionização.
• h = 6 ⋅ 10–34 J ⋅ s
e) O modelo proposto é aplicado com êxito somente ao
23. (UPE) O princípio da incerteza de Heisenberg trata da:
átomo de hidrogênio.
a) incerteza do conhecimento da Física de que tudo é
27. (UFMG) A presença de um elemento atômico em um gás
sempre relativo e nunca definitivo.
pode ser determinada verificando-se as energias dos fó-
b) imprecisão de definir as coordenadas de posição e o
tons que são emitidos pelo gás quando este é aquecido.
momento linear de uma partícula quântica simulta-
No modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio, as ener-
neamente, ao longo de uma direção.
gias de níveis menores são:
c) dificuldade de encontrar um elétron nas camadas de
• E1 = –13,6 eV • E2 = –3,40 eV
valência do átomo.
Considerando-se essas informações, um valor possível para
d) dilatação do tempo e contração dos objetos ao atingi- a energia dos fótons emitidos pelo hidrogênio aquecido é:
rem velocidade próxima à da luz.
a) –17,0 eV c) 8,50 eV
e) variação de entropia e o sentido da seta do tempo.
b) –3,40 eV d) 10,2 eV
24. (UEMS) O quadro a seguir representa algumas carac-
28. (UPE) Se um elétron move-se de um nível de energia para
terísticas de modelos atômicos. Com base nos dados
outro mais afastado do núcleo do mesmo átomo, é correto
apresentados, relacione as características aos respecti-
afirmar que, segundo Bohr:
vos cientistas:
a) há emissão de energia.
Tipo Caracter’stica b) há absorção de energia.
A A matéria é formada por átomos indivisíveis. c) o número atômico varia.
B Núcleos positivos pequenos e densos. d) há emissão de luz de um determinado comprimento
C Carga negativa dispersa pelo átomo positivo. de onda.
e) não há variação de energia.
a) A = Dalton; B = Thomson; C = Rutherford
29. (UFG-GO) Em 1913, há cem anos, Niels Bohr, para resolver o
b) A = Dalton; B = Rutherford; C = Thomson
problema da emissão de radiação por partículas carregadas que
c) A = Thomson; B = Rutherford; C = Bohr
se movem em uma órbita circular, formulou a hipótese de que
d) A = Rutherford; B = Thomson; C = Bohr o momento angular do elétron no átomo de hidrogênio era
e) A = Thomson; B = Bohr; C = Rutherford quantizado, ou seja, de que m ⋅ v ⋅ r = n ⋅ h com n = 1, 2, 3, ... .
25. (UFRGS-RS) Dentre as afirmações apresentadas, qual Essa hipótese foi necessária, pois, de acordo com a física clássi-
é correta? ca, o elétron colapsaria no núcleo, o que seria explicado:
a) A energia de um elétron ligado ao átomo não pode a) pela perda discreta de energia potencial e diminuição
assumir um valor qualquer. do raio da órbita por saltos quânticos.
b) A carga do elétron depende da órbita em que ele se b) pela conservação da energia mecânica com perda de
encontra. energia potencial e ganho de energia cinética.
c) As órbitas ocupadas pelos elétrons são as mesmas em c) pela perda contínua de energia cinética e de quantidade
todos os átomos. de movimento.
d) O núcleo de um átomo é composto de prótons, nêu- d) pela conservação do momento angular e diminuição
trons e elétrons. do raio da órbita.
e) Em todos os átomos o número de elétrons é igual à e) pelo aumento da força centrípeta e aumento da
soma dos prótons e dos nêutrons. velocidade.
FÍSICA

41
30. (AFA-SP) O diagrama abaixo ilustra os níveis de energia ocupados por elétrons de um elemento químico A.
Reprodução / AFA-SP), 2016.

Dentro das possibilidades apresentadas nas alternativas abaixo, a energia que poderia restar a um elétron com energia de
12,0 eV após colidir com um átomo de A, seria de, em ev:
a) 0 c) 5,0
b) 1,0 d) 5,4
31. (UFPE) Um microscópio eletrônico pode ser usado para determinar o tamanho de um vírus que pode variar entre 0,01 µm
a 0,3 μm. Isto é possível porque o comprimento de onda de De Broglie, λ, associado aos elétrons, é controlado variando-se
a diferença de potencial que permite acelerar o feixe eletrônico. Considerando que os elétrons são acelerados a partir do
repouso e sujeitos à diferença de potencial U = 12,5 ⋅ 103 volts, determine o valor de λ quando os elétrons atingem a placa
coletora onde é colocado o vírus. Expresse a resposta em unidades de 10–12 m.
32. (UFTM-MG) Fogos de artifício utilizam sais de diferentes íons metálicos misturados com um material explosivo.
Quando incendiados, emitem diferentes colorações. Por exemplo: sais de sódio emitem cor amarela, de bário, cor
verde, e de cobre, cor azul. Essas cores são produzidas quando os elétrons excitados dos íons metálicos retornam
para níveis de menor energia.
O modelo atômico mais adequado para explicar esse fenômeno é o modelo de:
a) Rutherford d) Dalton
b) Rutherford-Bohr e) Millikan
c) Thomson

Vá em frente
Leia
Zeilinger, A. A face oculta da natureza – O novo mundo da física quântica. São Paulo: Editora Globo, 2005.
O livro relata como a ciência do início do século XX foi chacoalhada com a revolução quântica. No livro, o físico austríaco,
Anton Zeilinger, consegue explicar conceitos do mundo quântico com clareza e didatismo, tornando-os compreensíveis
ao público em geral.

Autoavaliação:
Vá até a página 87 e avalie seu desempenho neste capítulo.

42 CAPÍTULO 2
3
Co
lo
r4
26
0/S
hu
tte
rs
toc
k
FÍSICA NUCLEAR

OBJETIVOS
DO CAPÍTULO
Em meio às discussões ambientais sobre o aquecimento global, reacende-se a
► Analisar os impactos
questão nuclear.
decorrentes da descoberta
A matriz energética de vários países tem sofrido gradativamente alterações importantes. da radioatividade.
Nessas matrizes, a produção de energia elétrica por meio de centrais nucleares está em torno ► Identificar os perigos da
de 15% em termos mundiais. Porém, alguns países apresentam quase que total dependência radioatividade para o ser
dessa forma de energia. É o caso da França, por exemplo, na qual 72% da sua produção de humano.
energia elétrica é realizada por meio de usinas nucleares. No Brasil, a produção de energia ► Compreender os processos
elétrica por meio das usinas Angra I e II responde por apenas 3% da matriz energética. de fissão e fusão nuclear.
A expansão e construção de usinas termonucleares ocorreu a partir da década de 1950, ► Compreender como
quando em 1956 o Reino Unido inaugura a primeira instalação nuclear da história em funcionam os reatores de
Calder Hall, com o primeiro de uma série de reatores gás-grafite que viriam anos depois. fissão e fusão.
O aumento do uso de energia nuclear deve muito à evolução das usinas de fissão. ► Analisar o panorama
mundial em relação ao uso
O processo de fissão nuclear consiste na divisão de átomos pesados e instáveis, na
de energia nuclear.
qual se encontram grandes quantidades de prótons e nêutrons. Quando bombardeados
► Identificar e compreender
por partículas como nêutrons, o resultado dessa divisão é a formação de isótopos com
os perigos associados aos
consequente liberação de grandes quantidades de energia.
resíduos produzidos por uma
Nas usinas nucleares, essas grandes quantidades de energia são utilizadas para aque- usina nuclear.
cer a água até se transformarem em vapor e, assim, movimentarem os turbo geradores
para a consequente produção de energia elétrica.
Principais conceitos
que você vai aprender:
Uma das grandes vantagens do uso da fissão nuclear é a não utilização de combustí-
► Radioatividade
veis fósseis, que promovem a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global.
► Fissão nuclear
Por outro lado, utilizam o urânio, enriquecido, cujo teor de 235U foi aumentado por proces-
► Fusão nuclear
sos de separação de isótopos. Diferentemente do urânio encontrado na natureza, o 238U,
na fissão o 235U promove a liberação de imensas quantidades de energia. ► Reator de fissão
Países como França, Bélgica e Alemanha têm projetos para reduzir significativamente ► Reator de fusão
o número de usinas nucleares em seus países, até eliminá-los definitivamente. O inves- ► Resíduos radioativos
timento em fontes renováveis de energia, como a eólica, por exemplo, é uma das saídas
para se livrar do perigo constante do uso de energia nuclear.
• Por que ambientalistas não apoiam uso de usinas nucleares? Que perigos imediatos
elas apresentam?
R.classen/Shutterstock

FÍSICA

43
A descoberta da radioatividade
As experiências de espalhamento de partículas alfa, coordenadas por Ernest Rutherford
em 1911, e o desenvolvimento do modelo atômico de Bohr, em 1913, reforçaram a visão de
que os átomos continham duas regiões distintas: o núcleo, carregado com carga positiva,
e a eletrosfera, na qual orbitavam os elétrons carregados negativamente. No entan-
to, a constituição do núcleo atômico só foi compreendida com a descoberta dos prótons,
em 1919, e dos nêutrons, em 1932, por Rutherford e James Chadwick (1891-1974).
A descoberta de radioatividade foi feita em 1896 por Antoine Henri Becquerel
(1852-1908), ao analisar manchas escuras em uma chapa fotográfica onde ele colocou
cristais de sal de urânio. No entanto, o intuito do experimento era produzir raios X e ne-
voeiro na placa, quando o sistema fosse exposto à luz do Sol. Como o dia estava nublado,
Becquerel trancou o sistema em uma gaveta. Após três dias ele retornou à placa, a qual Elétrons Prótons Nêutrons

tinha sido marcada pelo urânio sozinho. Becquerel percebeu que tinha encontrado uma
nova forma de radiação, o que lhe rendeu o prêmio Nobel de Física em 1903.
Posner Collection/Carnegie Mellon University Library

Foto de uma
das chapas
fotográficas
originais usadas
por Becquerel e
impressionadas
pela radiação.
Poucos anos mais tarde, o casal Pierre Curie (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934),
interessado nos resultados de Becquerel, passou a analisar outros materiais e descobriu
que essas emissões espontâneas de radiação ocorriam com o tório, com o polônio e com
o rádio, de onde se originou o nome de radioatividade. Com o passar dos anos, os estu-
dos mostraram que o fenômeno da radioatividade deveria ter origem exclusivamente
no núcleo dos átomos, o que levou ao surgimento da Física nuclear.
Everett Historical/Shutterstock

O casal Pierre e
Marie Curie, pioneiro
no estudo da
radioatividade.

44 CAPÍTULO 3
Radioatividade natural
A composição que adotamos atualmente para descrever os núcleos dos átomos é feita
com os prótons e os nêutrons. O número atômico (Z) de um elemento químico corres-
ponde ao número de prótons contidos em seu núcleo atômico. Já a massa atômica (A) é
dada pela soma das massas dos prótons com as massas dos nêutrons. De maneira expe-
rimental, verifica-se que a massa dos prótons, mp, é aproximadamente igual à massa dos
nêutrons, mn:
mp H mn H 1,67 ⋅ 10–27 kg

Interação
Na Química, é comum empregarmos a unidade de massa atômica (u) para medir a massa de
1
átomos e moléculas. Por definição, uma unidade de massa atômica equivale a da massa
12
do carbono-12.
1 u = 1,66054 · 10–27 kg
Portanto, podemos aproximar as massas do próton e do nêutron como sendo uma unidade
de massa atômica.
mp H mn H 1 u

Isótopo Massa (u)


1
H 1,008
4
He 4,003
12
C 12,000
16
O 15,995
36
Cl 34,989
197
Au 196,967
238
U 238,029

Acontece que os núcleos dos átomos não são necessariamente estáveis. De fato, todos Definição
os átomos com número atômico maior do que 82 são instáveis e seus núcleos podem se Radiação alfa : núcleo do átomo
desintegrar (decair), transformando-se em núcleos mais estáveis. Durante o decaimento de hélio (dois prótons e dois
de um núcleo, ele emite algum tipo de radiação: alfa (α), beta (β) ou gama (γ). nêutrons) tem carga elétrica
Como exemplo, podemos citar o polônio-211, cuja representação é 211 PO (Z = 84 e A = 211). positiva e é representada por 24 α.
84
Ao emitir uma partícula α, o polônio-211 decai para um elemento com número atômico 82 Radiação beta : elétron de alta
e número de massa 207. Esse elemento é o chumbo-207, cuja representação é 207 82
Pb . energia tem carga elétrica
Essa reação é representada por: negativa e é representada
211 PO w 207 Pb
por –10β.
84 82
+ 24 α
Radiação gama : onda
Quando o núcleo do átomo de determinado elemento emite uma partícula beta eletromagnética de alta
(elétron), representada por –10 β , temos a conversão de um nêutron em um próton frequência (f . 1020 Hz) e é
dentro do núcleo. Como consequência, o número de massa não se altera (a massa do representada por 00 γ .
elétron é desprezível quando comparada à do próton ou à do nêutron). Como há al-
teração no número atômico, o resultado é um átomo de um elemento diferente do
original. Como exemplo, podemos citar o sódio-24 24 11 ( )
Na , que, ao emitir um elétron,
decai para o magnésio-24 24
12(Mg . A )
reação correspondente é:
24 Na 24 Mg 0
11 w 12 + –1
β
A emissão gama, 00 γ , é uma radiação eletromagnética emitida pelo núcleo devida a um
estado de alta energia. Nessa emissão, não há alteração no número atômico e no número
de massa. O resultado é um átomo do mesmo elemento, mas somente em um estado de
energia mais baixa. Normalmente, as emissões alfa e beta são acompanhadas por uma
emissão gama. Como exemplo, temos a reação nuclear de um núcleo de cobalto-60 em
um estado excitado de energia, representado por 6027
Co* , que emite uma radiação gama e
decai para um estado de energia mais baixa.
60 Co* w 60 Co +γ
27 27
FÍSICA

45
Fissão e fusão nuclear
A produção de energia a partir de reações nucleares pode ocorrer de duas maneiras hutterstock
en/S
a rsev
sol
diferentes: a fissão nuclear e a fusão nuclear. Quando o núcleo de um átomo pesado se
divide em outros núcleos menores, dizemos que ele sofreu fissão nuclear, como mostra
a figura A. As modernas usinas nucleares produzem energia elétrica a partir da energia
gerada com a fissão do urânio.
Por sua vez, quando dois núcleos pequenos são unificados em um único núcleo maior,
temos o que chamamos de fusão nuclear, como mostra a figura B.
Fissão nuclear Fusão nuclear
n H
2 3
H
A 92 n
B
36Kr

n
235
92 92 U 141
36Kr 92 56 Ba
36Kr
n n
235 235
92 U 92 U
n n n He
4
141
141 n 235 56 Ba n
56 Ba 92 U 90
38 Sr

144 n
54 Xe Nêutron
n
A energia produzida no núcleo das estrelas, como o Sol, ocorre principalmente pela
fusão de átomos de hidrogênio em átomos de hélio.
Tanto na fissão nuclear como na fusão nuclear, a massa total do(s) núcleo(s) resultan-
te(s) é menor do que a massa total do(s) núcleo(s) original(ais). Essa diferença de massa ∆m Praticamente toda energia gerada
pelo Sol vem de reações nucleares
transforma-se em energia E de acordo com a equação de Einstein: E = ∆m ⋅ c2 de fusão entre átomos de
em que c é a velocidade da luz no vácuo (c = 3 · 108 m/s). hidrogênio.

Desenvolva
H22 Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais
ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Atualmente, os equipamentos de raios X se popularizaram e são bem acessíveis à população. Eles também estão pre-
sentes em equipamentos mais sofisticados, como os tomógrafos, e permitem a obtenção de resultados mais detalhados e
diagnósticos mais precisos. Leia o texto a seguir.
Desde que médicos começaram a solicitar regularmente exames de tomografia computadorizada, cientistas se preocupam que
o procedimento de imageamento médico possa aumentar o risco de o paciente desenvolver câncer. O aparelho bombardeia o
organismo com feixes de raios X, que podem danificar o DNA e provocar mutações que estimulam as células a formar tumores.
Médicos sempre declararam, no entanto, que os benefícios superam os riscos. Os raios X, que giram em torno da cabeça, tórax
ou outra região do corpo, ajudam a criar uma imagem tridimensional muito mais detalhada que as produzidas por um aparelho
padrão de raios X, mas uma única tomografia submete o corpo humano à radiação de 150 a 1 100 vezes mais intensa que os raios X
convencionais, ou o equivalente a um ano de exposição à radiação de origens naturais e artificiais no ambiente.
STORRS. 2013. p.24-25.
Com base no texto e em uma rápida pesquisa na área biológica referente ao processo de divisão celular, a mitose, res-
ponda à questão a seguir.
(Uneb-BA) Considerando as possíveis alterações que os raios X podem provocar nas moléculas de DNA, é correto afirmar:
a) A radiação induz replicações do DNA fora da etapa S, do ciclo celular, o que inviabiliza a entrada da célula na divisão por mitose.
b) O câncer é uma anomalia na regulação do ciclo celular e há perda de controle da mitose a partir de alteração de genes
controladores desse ciclo.
c) A emissão de raios X pela tomografia identifica as regiões no corpo que apresentam o DNA alterado e quais os tecidos
que irão desenvolver um provável câncer no futuro.
d) As alterações nas posições das pentoses, a partir da exposição de um DNA aos raios X, produzem mudanças irreversíveis
na informação genética presente no organismo.
e) A exposição à radiação de raios X só é segura quando apresenta valores próximos ao de um aparelho de raios X con-
vencional, mesmo que seja com uma intensa repetição.

46 CAPÍTULO 3
Decifrando o enunciado Lendo o enunciado
Lembre-se de que a
O principal processo gerador de energia no Sol é a fusão nuclear de átomos de deutério
produção de energia do Sol
com átomos de trítio, gerando átomos de hélio e liberando um nêutron, como mostra decorre principalmente da
a reação: transformação de massa em
2
1H
+ 13 H w 24 He + 10 n energia.
Observe que a unidade de
Para cada átomo de hélio gerado, são liberados 17,6 MeV de energia. Sendo 1 eV = 1,6 · 10–19 J,
medida “eV” não faz parte
estimar a massa, em kg, que é transformada em energia nessa reação.
do S.I. Ao efetuar cálculos, será
Resolução necessário adequar a ele.
E = 17,6 MeV = 17,6 ⋅ 106 ⋅ 1,6 ⋅ 10–19 J s E = 28,16 ⋅ 10–13 J Fique atento ao múltiplo
Usando a equação de equivalência massa-energia, temos: “Mega” (106). É necessário
E 28,16 ⋅ 10 –13 utilizar o número completo
E = m ⋅ c2 s m = 2 = s m = 3,13 ⋅ 10–29 kg associado à grandeza energia.
c 9 ⋅ 1016

Atividades
1. (UFRGS-RS) Em 1989 os noticiários destacaram por certo 3. Se os raios X e os gama são ondas eletromagnéticas de
período a realização de pesquisas sobre maneiras alterna- alta frequência, qual é, então, a diferença entre eles?
tivas de obter a fusão nuclear. Tais alternativas, contudo,
não se confirmaram. O que se sabe comprovadamente
hoje é o que já se sabia até aquela época: a fusão nuclear
é obtida a temperaturas tão altas quanto as existentes
_____ e, ao contrário da fissão nuclear utilizada nas cen-
trais nucleares, _____ dejetos nucleares.
Assinale a alternativa que preenche de forma correta as
4. (UFG-GO) Em 1989, foi anunciada a realização em labo-
duas lacunas, respectivamente:
ratório da assim chamada “fusão a frio”, um processo
a) na superfície da Terra – produz
de fusão nuclear à temperatura ambiente realizada por
b) na superfície da Lua – produz meio de uma célula eletroquímica. Apesar do clamor ini-
c) na superfície da Lua – não produz cial suscitado por esse resultado, experimentos sucessivos
d) no centro do Sol – não produz não conseguiram reproduzi-lo. De acordo com o que foi
e) no centro do Sol – produz divulgado à época, núcleos de deutério 2H se fundiam por
meio das reações:
2
H + 2H w 3He + n + E1
2
H + 2H w 3He + 1H + E2
Para a situação apresentada, considere uma célula eletro-
química que possibilite o processo de fusão a frio gerando
uma potência de 11,2 W. Na hipótese de que as duas rea-
ções aconteçam com a mesma frequência, conclui-se que
2. Considere as afirmações a seguir sobre a estrutura nuclear
os nêutrons liberados durante 1 segundo seriam:
do átomo:
Dados: E1 ≈ 3,0 MeV; E2 ≈ 4,0 MeV; 1eV = 1,6 ⋅ 10–19 J
I. O núcleo de um átomo qualquer tem sempre carga
a) 1 ⋅ 1013 d) 4 ⋅ 1019
elétrica positiva.
b) 3 ⋅ 10 13
e) 7 ⋅ 1019
II. A massa do núcleo de um átomo é aproximadamente
c) 4 ⋅ 10 13
igual à metade da massa de todo o átomo.
III. Na desintegração de um núcleo radioativo, ele altera sua
estrutura para alcançar uma configuração mais estável.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
b) Apenas II. e) I, II e III.
c) Apenas I e III.
FÍSICA

47
5. (Fatec-SP) Leia o texto. 6. (PUC-RJ) Considere a equação nuclear incompleta:
A polonesa Maria Skodovska Curie (1867–1934) é con- Pu239 + _____ w Am240 1p + 2n
siderada a “mãe da Física Moderna” e a “patrona da Quí- Para completar a equação, é correto afirmar que o amerí-
mica”. Madame Curie, como é conhecida, é famosa por cio-240 é um isótopo radioativo que se obtém, juntamen-
sua pesquisa inovadora sobre a radioatividade e pela des- te com um próton e dois nêutrons, a partir do bombar-
coberta dos elementos polônio e rádio. Ela teve influência deio do plutônio-239 com:
na trajetória de muitas outras mulheres ao redor do mun-
a) partículas alfa
do, que enfrentavam uma época repleta de preconceitos e
dificuldades profissionais. b) partículas beta
No Brasil, na primeira metade do século XX, tivemos c) radiações gama
pelo menos três representantes de destaque na área da d) raios X
Física. Yolande Monteux (1910-1998), primeira mulher e) deutério
formada em Física pela USP no Brasil (1938), trabalhou
em pesquisas sobre raios cósmicos, tornando-se uma
das pioneiras na área. Logo depois, em 1942, duas ou-
tras pesquisadoras seguiram os passos dela, graduan-
do-se, também, em Física. Uma delas, Elisa Frota-Pes-
soa (1921- ), graduada pela UFRJ, trabalhou com Física
Experimental. Dentre sua obra, destaca-se o artigo in-
titulado “Sobre a desintegração do méson pesado po-
sitivo”. A outra foi Sonja Ashauer (1923-1948), também
graduada pela USP, e que se tornou a primeira mulher
brasileira a concluir um Doutorado em Física, na Uni-
versidade de Cambridge (Inglaterra), com uma tese so-
bre elétrons e radiações eletromagnéticas.
Podemos afirmar que algumas áreas da Física contempla-
das pelos estudos citados no texto são: 7. No interior do Sol, a cada segundo, aproximadamente
a) Termologia e Radioatividade, por estudarem a tempe- 650 milhões de toneladas de hidrogênio são transforma-
ratura dos raios cósmicos e suas radiações. das em hélio, pelo processo da fusão nuclear. A quan-
b) Magnetismo e Físico-Química, por terem pesquisado tidade de hélio obtida é menor, pois aproximadamente
partículas atômicas e novos elementos. 5 milhões de toneladas de hidrogênio são transformadas
em energia.
c) Acústica e Gases, pela descoberta do rádio e do
polônio, que são gases à temperatura e pressão (Dados: E = m ⋅ c2; c = 3 ⋅ 108 m/s)
ambiente. a) Calcule a quantidade de energia, em joules, produzida
d) Astrofísica e Física de partículas, pelo estudo dos raios no Sol em um segundo.
cósmicos, radioatividade e partículas subatômicas.
e) Óptica Geométrica e Eletromagnetismo, pela observação
astronômica realizada das radiações eletromagnéticas.

b) De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN),


em 2009, a geração de energia elétrica no Brasil atin-
giu 466 TWh (1,7 ⋅ 1018 J). Supondo-se que a geração
de energia no Brasil seja constante, quantos anos se-
riam necessários para gerar a quantidade de energia
produzida no Sol em um segundo?

48 CAPÍTULO 3
8. (UEMG) No processo de fusão que ocorre nas estrelas, quatro átomos de hidrogênio se fundem, formando um átomo de
hélio. Tal processo ocorre a altíssimas temperaturas, como as que se têm no interior das estrelas. Sobre o processo descrito,
assinale a alternativa incorreta.
a) Há uma perda de massa quando os quatro átomos de hidrogênio se juntam formando um átomo de hélio.
b) O espalhamento de energia interna (propagação de calor), que se dá a partir do Sol para o sistema solar, é chamado de
radiação ou irradiação.
c) Parte da massa dos quatro átomos de hidrogênio é transformada em energia durante a fusão.
d) A transformação de hidrogênio em hélio é provisória, voltando o hélio a ser hidrogênio, o que possibilita um maior
tempo de existência das estrelas.

Tarefa proposta 1 a 18
Complementares
9. (PUC-RS) Associe os itens da coluna A às informações da guiu-se uma grande revolução no conhecimento cientí-
coluna B. fico. Sua descoberta contribuiu para a hipótese de que o
Coluna A átomo não era o constituinte último da matéria e abriu
1. Fissão Nuclear 2. Fusão Nuclear caminho para a área da física nuclear. O próprio Becque-
Coluna B rel identificou que os “raios urânicos” eram constituídos
de três partes distintas. Mais tarde, essas partes foram
( ) Processo cujos produtos são radioativos de longa
denominadas radiação alfa (núcleo do átomo de hélio),
duração.
radiação beta (elétrons altamente energéticos) e radia-
( ) Processo de conversão de energia que ocorre no Sol.
ção gama (de natureza eletromagnética). Marie Curie e
( ) Processo de funcionamento da usina de Fukushima,
seu marido, Pierre Curie, verificaram esse mesmo fenô-
onde, em 2011, houve um acidente nuclear.
meno em dois novos elementos, rádio e polônio, por
A numeração correta, de cima para baixo, é:
eles descobertos.
a) 2 – 1 – 2 d) 1 – 2 – 2 Podemos afirmar que o texto:
b) 1 – 1 – 2 e) 2 – 1 – 1 a) trata da descoberta da radioatividade.
c) 1 – 2 – 1
b) trata da descoberta do efeito fotoelétrico.
10. (Udesc) Em 1908, Ernest Rutherford recebeu o Prêmio c) mostra a origem da radiação eletromagnética.
Nobel de Química pelo seu trabalho para determinar a
d) apresenta a origem do conceito de átomo.
massa e a carga elétrica das partículas alfa, beta e gama,
que são emitidas pelos núcleos dos átomos de certos ele- 12. (Enem)
A telefonia móvel no Brasil opera com celulares cuja
mentos radioativos.
potência média de radiação é cerca de 0,6 W. Por reco-
Analise as afirmativas a seguir, considerando que e e me
mendação do ANSI/IEEE, foram estipulados limites para
sejam, respectivamente, a carga e a massa de repouso
exposição humana à radiação emitida por esses apare-
do elétron.
lhos. Para o atendimento dessa recomendação, valem os
I. A partícula alfa tem carga elétrica +4e, e sua massa de conselhos: segurar o aparelho a uma pequena distância
repouso é aproximadamente 7 340 me. do ouvido, usar fones de ouvido para as chamadas de
II. A partícula beta pode ter carga elétrica +e ou –e, e voz e utilizar o aparelho no modo viva voz ou com dispo-
sua massa de repouso é igual à do próton, ou seja, sitivos bluetooth. Essas medidas baseiam-se no fato de
aproximadamente 1 840 me. que a intensidade da radiação emitida decai rapidamente
conforme a distância aumenta, por isso, afastar o apare-
III. A partícula gama é um fóton de radiação eletromag- lho reduz riscos.
nética, não possui carga elétrica e sua massa é nula. COSTA, E. A. F. Efeitos na saúde humana da exposição aos
Assinale a alternativa correta. campos de radiofrequência. Disponível em: <www.ced.ufsc.br>.
a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. Acesso em: 16 nov. 2011. (Adaptado.)

b) Somente a afirmativa III é verdadeira. Para reduzir a exposição à radiação do celular de forma
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. mais eficiente, o usuário deve utilizar:
d) Somente a afirmativa II é verdadeira. a) fones de ouvido, com o aparelho na mão.
e) Somente a afirmativa I é verdadeira. b) fones de ouvido, com o aparelho no bolso da calça.
11. (UFU-MG) Leia com atenção o texto a seguir e responda à c) fones bluetooth, com o aparelho no bolso da camisa.
questão proposta. d) o aparelho mantido a 1,5 cm do ouvido, segurado
Quando o físico francês Antoine Henri Becquerel desco- pela mão.
briu, em 1896, que o urânio emitia espontaneamente e) o sistema viva voz, com o aparelho apoiado numa
uma radiação que ele denominou “raios urânicos”, se- mesa de trabalho.
FÍSICA

49
Reatores nucleares
No Brasil, em torno de 70% da energia elétrica é gerada em usinas hidrelétricas, classificando nosso país como um dos
que mais empregam energias renováveis do mundo. Entre outros motivos, essa matriz energética é resultado da abundân-
cia de rios de que dispomos em nosso território. Em muitos países, no entanto, esse recurso não é tão abundante, fazendo
com que seus governos optem por outras fontes para gerar energia elétrica, entre elas as usinas nucleares. Na França, por
exemplo, em torno de 75% da energia elétrica é produzida em centrais nucleares. A tabela ilustra a porcentagem de energia
elétrica gerada por usinas nucleares em alguns países.
imagens Shutterstock: Globe Turner, Julinzy, Anatoly
Tiplyashin, gabydesign, Claudio Divizia

País
Estados Coreia
Brasil Argentina Canadá Reino Unido Alemanha Japão França
Unidos do Sul

Energia
nuclear 3 7 16 20 19 22 50 30 72
(%)

A geração de eletricidade em uma usina nuclear segue o mesmo princípio das usinas hidrelétricas e termelétricas: de-
ve-se girar uma turbina acoplada a um gerador, que, por indução eletromagnética, produz corrente elétrica. Nas usinas hi-
drelétricas, o giro da turbina é provocado pela queda-d’água. Já nas usinas termelétricas e nucleares, a propulsão da turbina
é feita por meio de vapor de água em alta pressão, aquecido por uma fonte de calor. A diferença é que, nas usinas termelé-
tricas comuns, o calor é obtido pela queima de carvão mineral, gás natural ou biomassa, enquanto, nas usinas nucleares, a
energia térmica é obtida pela fissão do urânio.

Kletr/ShutterstocA
Roman Rybaleov/Shutterstock

ChameleonsEye/Shutterstock
A B C

Nas usinas hidrelétricas (A), termelétricas (B) e nucleares (C), a energia elétrica é gerada pela rotação de uma turbina, acoplada a um gerador
eletromagnético.

Reatores de fissão
Os reatores de fissão de usinas nucleares usam um tipo de urânio denominado “urânio enriquecido”. Isso porque, no
minério natural de urânio, há uma proporção aproximada de 99,3% de urânio-238 (238U) e apenas 0,7% de urânio-235 (235U).
No entanto, apenas a fissão do 235U libera nêutrons suficientes para sustentar uma reação em cadeia e, portanto, fornecer
energia continuamente. Assim, após ser extraído da natureza, o minério de urânio deve passar por um processo de enrique-
cimento para que a concentração 235U aumente para valores próximos de 3%. No entanto, essa reação é controlada por meio
de barras constituídas por metais pesados (cádmio ou boro), inseridas no interior do reator, que absorve parte dos nêutrons
liberados para que estes não fissionem outros núcleos de urânio.

50 CAPÍTULO 3
A figura a seguir mostra o esquema de uma usina de
fissão nuclear.

Edifício do reator Vapor

Gerador
de vapor
Contêiner
Gerador
de pressão
Turbina

Bomba

Núcleo
radioativo Água de circulação
Bomba Esquema de um reator nuclear,
do tipo PWR (água pressurizada).
Condensador
Um reator desse tipo é usado na
Trocador usina nuclear de Angra dos Reis, a
Água pressurizada de calor çgua fria
130 km da cidade do Rio de Janeiro.

Com base nesse esquema, podemos descrever o funcionamento de um reator nuclear Atenção
da seguinte forma: os elementos combustíveis (pastilhas de urânio empilhadas em vare-
1 Apesar das dificuldades, a
tas metálicas) são colocados no núcleo do reator e em presença de um moderador (nor-
busca por reatores de fusão
malmente água pesada) cuja finalidade é reduzir a velocidade dos nêutrons emitidos na nuclear é fundamental. Além
fissão para que a reação em cadeia seja possível. No núcleo do reator, existem barras de de gerar mais energia do
controle constituídas de metais pesados (cádmio ou boro) que absorvem nêutrons e são que a fissão, a matéria-prima
usadas para se controlar o nível de potência do reator. Em razão da energia liberada nas necessária para alimentar
fissões, os elementos combustíveis e a água (moderador) se aquecem. Essa água, manti- um reator de fusão é mais
da líquida por causa da alta pressão a que é submetida, é bombeada para um segundo abundante (hidrogênio) do que
recipiente (gerador de vapor), onde existe água à pressão normal, que é transformada em o urânio, empregado nas usinas
vapor. Esse vapor aciona um gerador, que produz eletricidade. Após acionar o gerador, o de fissão.
vapor se condensa, em razão da troca de calor com a água de um lago, de um rio ou do
mar, e retorna para o recipiente gerador de vapor. Para a segurança dos reatores, a água
pressurizada que está em contato com os produtos da fissão – elementos químicos ra-
dioativos – não entra em contato direto com a água contida no gerador de vapor.

Reatores de fusão
Em razão da repulsão eletrostática entre os núcleos de hi-

MAXIMILIAN STOCK LTD/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Latinstock


drogênio, são necessárias temperaturas da ordem de milhões de
kelvins para aproximá-los a ponto de fundi-los. Estima-se que esse
valor corresponda à temperatura do núcleo das estrelas, onde, em
razão do altíssimo grau de agitação térmica, a matéria se encontra
no estado de plasma.
Este é um dos problemas que dificultam a construção de reato-
res de fusão nuclear: manter as altíssimas temperaturas necessárias
para que a reação seja possível. Atualmente, alguns reatores conse-
guem suportar essas temperaturas e manter um delgado filete de
plasma longe das paredes, durante um curto intervalo de tempo,
usando a técnica do confinamento magnético.
Por enquanto, a energia usada para se obterem todas as condi-
ções favoráveis à fusão ainda é maior que a obtida com o processo.
A expectativa é de que os reatores do futuro usem a fusão nuclear,
que, além de mais eficiente que a fissão, não deixa para a sociedade
a herança dos resíduos radioativos. 1

Definição
Interior de um tokamak: o eletroímã produz um campo
Plasma : estado da matéria de um gás a altíssimas temperaturas, a ponto
magnético para confinamento de plasma, onde ocorrem as
de seus átomos se dissociarem em íons e elétrons. reações de fusões nucleares.
FÍSICA

51
Resíduos radioativos
O uso da energia nuclear na produção de energia elétrica tem sido alvo de críticas, Meia-vida
Nuclídeos
principalmente em razão de dois problemas. física (anos)

O primeiro diz respeito aos subprodutos da fissão, resíduos radioativos inerentes ao Estrôncio-90 29
processo, denominados de “lixo atômico”. Além de serem altamente tóxicos, eles podem Rutênio-106 1
manter suas atividades radioativas por centenas ou até milhares de anos. Césio-134 2
A caracterização dos elementos radioativos em relação à sua “vida útil” é feita por Césio-137 30

( )
meio de sua meia-vida t 1 , que é o tempo necessário para que sua atividade radioativa
2
Promécio-147 2,6

se reduza pela metade. A tabela apresenta alguns elementos (nuclídeos) e sua correspon-
dente meia-vida.
Normalmente, a atividade radioativa é proporcional ao número N de núcleos ra-
dioativos de uma amostra. Considerando-se que no instante t0 = 0 o elemento tenha N0
núcleos radioativos, o número N restante desses núcleos após um tempo t é calculado
pela expressão:
N0
N=
2n
em que n é o número de meias-vidas do elemento no tempo t, ou seja:
t
n=
t1
2

O gráfico seguinte mostra o decaimento do número de núcleos radioativos para o ele-


mento césio-137, cuja meia-vida é de 30 anos.
N
N0

N0
2
N0
4
N0
8
0 30 60 90 120 150 t
(anos)

Levando-se em conta que a radioatividade de um isótopo radioativo necessita Definição


de um tempo aproximado de 20 vezes sua meia-vida para se tornar inócuo, vemos
Nuclídeo : determinado
na tabela que tanto o estrôncio-90 como o césio-137, que apresentam meia-vida em núcleo (prótons e nêutrons),
torno de 30 anos, necessitam de 600 anos para que sua radioatividade seja reduzida caracterizado por um número
a níveis desprezíveis. atômico e um número de massa.
Uma vez que os resíduos não podem ser evitados, o que fazer com os resíduos radioa- In—cuo : inofensivo, que não
tivos, sem colocar em risco as futuras gerações? O problema permanece insolúvel. causa danos.

O segundo ponto básico diz respeito aos riscos de vazamento de radiação das
usinas nucleares que podem colocar em perigo a vida, principalmente dos seres que
habitam próximo ao reator. Nesse sentido, alguns acidentes chamaram a atenção do
mundo: em 1979, por causa de problemas em seu núcleo, o reator nuclear de Three
gualtiero boffi/Shutterstock

MileIsland, nos Estados Unidos, liberou uma pequena quantidade de substâncias ra-
dioativas para a atmosfera; em 1986, uma explosão no reator de Chernobyl, na Ucrâ-
nia, provocou a liberação de uma grande quantidade de substâncias radioativas e,
em 2011, houve vazamento radioativo causado por uma explosão no reator nuclear
de Fukushima, no Japão, com sérias consequências.
De qualquer forma, a possibilidade de se usar a energia nuclear como forma alterna-
tiva de produção de eletricidade ainda não foi descartada, pois, seguramente, as reservas
de combustíveis fósseis estão se esgotando e nem todos os países dispõem de potencial
hídrico como solução.

52 CAPÍTULO 3
Contextualize

A. L. Spangler/Shutterstock
O primeiro acidente grave envolvendo usinas nucleares
ocorreu em 29 de março de 1979. Uma falha no sistema de arre-
fecimento do reator da usina de Tree MileIsland provocou o vaza-
mento de grandes quantidades de líquido contaminado. Mais de
140 mil pessoas foram retiradas de suas casas e o isolamento da
área chegou a um raio de 32 km.
O acidente de Chernobyl em 1986 que, em plena Guerra Fria,
numa vila a 100 quilômetros de Kiev (Ucrânia), na antiga União
Soviética, deixou a Europa e o mundo em alerta geral com altos
índices de radioatividade que se espalharam além da “cortina de

Yaroslav Maretskyi/Shutterstock
ferro”. Foi o pior acidente já registrado em toda a história.
Mais recentemente, um outro acidente também deixou o
mundo novamente em alerta, o acidente de Fukushima. Após um
terremoto de 8,9 graus na escala Richter, onze reatores da usina
de Fukushima entraram em processo de desligamento e precisa-
ram ter seus reatores resfriados.
Mas esse procedimento ficou comprometido, quando cerca
de uma hora após o tremor, a usina foi atingida por um tsunami,
provocando explosões e vazamentos de elementos radioativos
que atingiram níveis de radiação cerca de oito vezes maior que os

Smallcreative/Shutterstock
limites de segurança.
Independentemente desses graves acidentes, vários países
pelo mundo continuam utilizando reatores nucleares na produ-
ção de energia elétrica. Porém, também existe um movimento
global na busca de energias alternativas para que, futuramente,
não seja mais necessário o uso da energia nuclear.
Pesquise e cite quais países retêm maior parte de usinas nuclea-
res. Busque também, em suas pesquisas, a história de Chernobyl
para entender o quão devastador foi o acidente ocorrido.

Atividades
13. (Enem) O debate em torno do uso da energia nuclear para a produção de eletricidade permanece atual. Em um encontro
internacional para a discussão desse tema, foram colocados os seguintes argumentos:
I. Uma grande vantagem das usinas nucleares é o fato de não contribuírem para o aumento do efeito estufa, uma vez
que o urânio, usado como “combustível”, não é queimado, mas sofre fissão.
II. Ainda que sejam raros os acidentes com usinas nucleares, seus efeitos podem ser tão graves que essa alternativa de
geração de eletricidade não nos permite ficar tranquilos.
A respeito desses argumentos, pode-se afirmar:
a) O primeiro é válido e o segundo não é, uma vez que nunca ocorreram acidentes com usinas nucleares.
b) O segundo é válido e o primeiro não é, pois de fato há queima de combustível na geração nuclear de eletricidade.
c) O segundo é válido e o primeiro é irrelevante, pois nenhuma forma de gerar eletricidade produz gases do efeito estufa.
d) Ambos são válidos para se compararem vantagens e riscos na opção por essa forma de geração de energia.
e) Ambos são irrelevantes, pois a opção pela energia nuclear está se tornando uma necessidade inquestionável.
FÍSICA

53
14. As matrizes energéticas de vários países pelo mundo in- 17. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa que preenche correta-
cluem a utilização de usinas nucleares e também hidrelétri- mente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que
cas. Cite um aspecto positivo e outro negativo das usinas aparecem.
nuclear e hidrelétrica. Quando um núcleo de urânio 238U92 absorve um nêutron,
forma-se o núcleo 239U92, que é radioativo com meia-vida
de 24 minutos.
Núcleos de urânio 239U92 emitem radiação __________,
transformando-se em núcleos de netúnio 239Np93. Esse
isótopo de netúnio também é radioativo com meia-vida
de 2,3 dias.
Ao emitirem radiação __________, os núcleos de netúnio
239
Np93 transformam-se em núcleos de plutônio 239Pu94,
cuja meia-vida é cerca de 24 000 anos.
15. (Enem) A elevação da temperatura das águas de rios, lagos a) α – β
e mares diminui a solubilidade do oxigênio, pondo em risco b) α – γ
as diversas formas de vida aquática que dependem desse c) β – α
gás. Se essa elevação de temperatura acontece por meios
d) β – β
artificiais, dizemos que existe poluição térmica. As usinas
e) β – γ
nucleares, pela própria natureza do processo de geração
de energia, podem causar esse tipo de poluição.
Que parte do ciclo de geração de energia das usinas nu-
cleares está associada a esse tipo de poluição?
a) Fissão do material radioativo.
b) Condensação do vapor-d’água no final do processo.
c) Conversão de energia das turbinas pelos geradores.
d) Aquecimento da água líquida para gerar vapor-d’água. 18. (PUC-RS) Utilize as partículas β+ (beta-mais), β– (beta-me-
e) Lançamento do vapor-d’água sobre as pás das turbinas. nos) e α (alfa) para completar as lacunas dos decaimentos
radioativos abaixo:
99
43 Tc
w 99
44 Ru
+ ____ + υe
169
79 Au
w 165
77 Ir
+ ____
164
74 W
w 164
73 Ta
+ ____ + υe
Considerando que υe e υe são, respectivamente, as re-
presentações do antineutrino do elétron e do neutrino
16. (UEG-GO) Uma das causas da catástrofe ocorrida no dia 26 de
do elétron, o correto preenchimento das lacunas, de cima
abril de 1986 no reator número 4 de Chernobyl, na Ucrânia,
para baixo, é:
foi atribuída à retirada de barras de controle para compen-
sar uma redução de potência causada pelo aparecimento a) β– – α – β+
de absorvedores de nêutrons, o que gerou um aumento de b) β+ – β– – α
fissões e a “reação em cadeia”. A “reação em cadeia” ocor- c) β+ – α – β–
re quando material radioativo de elevado grau de pureza é d) β– – β+ – α
reunido em quantidade superior a uma certa massa crítica. e) α – β– – β+
A consequência da “reação em cadeia” é:
a) a explosão nuclear.
b) a produção de energia elétrica em usinas nucleares.
c) a extinção de toda a radioatividade do material.
d) o imediato fracionamento da massa em partes meno-
res do que a massa crítica.

54 CAPÍTULO 3
19. (Enem) Glicose marcada com nuclídeos de carbono-11 é alimentação com organismos fotossintetizantes, da atmosfe-
utilizada na medicina para se obterem imagens tridimen- ra. Como o exame se baseia na determinação de idade atra-
sionais do cérebro, por meio de tomografia de emissão de vés da quantidade de carbono-14 e que esta diminui com o
pósitrons. A desintegração do carbono-11 gera um pósi- passar do tempo, ele só pode ser usado para datar amostras
tron, com tempo de meia-vida de 20,4 min, de acordo com que tenham até cerca de 50 mil a 70 mil anos de idade.
a equação da reação nuclear: Esse limite de valor é dado pelos limites práticos da
11 11 sensibilidade dos métodos analíticos, que, para quanti-
6C w 5B + 10 e (pósitron)
dades extremamente pequenas do elemento a detectar,
A partir da injeção de glicose marcada com esse nuclídeo, passam a tornar a determinação pouquíssimo confiável ou
o tempo de aquisição de uma imagem de tomografia é mesmo impossível.
de cinco meias-vidas. Considerando que o medicamento Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono-14>.
contém 1,00 g do carbono-11, a massa, em miligramas, Acesso em: 3 jul. 2018.

do nuclídeo restante, após a aquisição da imagem, é mais A meia-vida do carbono-14 é de, aproximadamente,
próxima de: 5 730 anos. Suponha uma grande árvore que, na data de
a) 0,200 d) 31,3 sua morte, tivesse uma massa M0 de carbono-14.
b) 0,969 e) 200 Chegando próximo da data limite para a datação,
c) 9,80 70 mil anos, de sua morte, utilizando o carbono-14,
ela terá restante uma massa M de carbono-14 mais
próxima de:
M0 M
a) d) 0
70 000 12
M0
b) e) 2M0
20. +Enem [H17] Leia o texto a seguir. 2
A técnica de datação por carbono-14 foi descoberta nos
M0
c)
anos 1940 por Willard Libby. Ele percebeu que a quantidade 4 096
de carbono-14 dos tecidos orgânicos mortos diminui a um
ritmo constante com o passar do tempo.
Assim, a medição dos valores de carbono-14 em um ob-
jeto antigo nos dá pistas muito exatas dos anos decorridos
desde sua morte. Esta técnica é aplicável a madeira, carbo-
no, sedimentos orgânicos, ossos, conchas marinhas – ou
seja, todo material que conteve carbono em alguma de suas
formas e o absorveu, mesmo que indiretamente, como pela

Tarefa proposta 19 a 32
Complementares
21. (Enem) Considere os seguintes acontecimentos ocorridos IV. Realizar campanhas de esclarecimentos à população
no Brasil: sobre os riscos da radiação e da toxicidade de deter-
• Goiás, 1987. Um equipamento contendo césio radioa- minadas substâncias.
tivo, usado em medicina nuclear, foi encontrado em Dessas propostas, são adequadas apenas:
um depósito de sucatas e aberto por pessoa que des- a) I e II d) I, III e IV
conhecia o seu conteúdo. Resultado: mortes e conse- b) I e III e) II, III e IV
quências ambientais sentidas até hoje. c) II e III
• Distrito Federal, 1999. Cilindros contendo cloro, gás
22. (UFRGS-RS) Considere as afirmações sobre radioatividade
bactericida usado em tratamento de água, encontra-
nuclear.
dos em um depósito de sucatas, foram abertos por
pessoa que desconhecia o seu conteúdo. Resultado: I. Todos os núcleos atômicos são radioativos.
mortes, intoxicações e consequências ambientais sen- II. Todos os núcleos radioativos em uma dada amostra,
tidas por várias horas. Para evitar que novos aconteci- depois de duas meias vidas, já se desintegraram.
mentos dessa natureza venham a ocorrer, foram feitas III. No decaimento γ, um núcleo em um estado excitado
as seguintes propostas para a atuação do Estado: decai para um estado de menor energia pela emissão
I. Proibir o uso de materiais radioativos e gases tóxicos. de um fóton.
II. Controlar rigorosamente a compra, uso e destino de ma- Quais estão corretas?
teriais radioativos e de recipientes contendo gases tóxicos. a) Apenas I. d) Apenas I e II.
III. Instruir usuários sobre a utilização e descarte destes b) Apenas II. e) I, II e III.
materiais. c) Apenas III.
FÍSICA

55
23. (UFPE) O núcleo atômico de alguns elementos é bastante átomos de menor massa atômica. Esta energia é converti-
instável e sofre processos radioativos para remover sua da em energia elétrica com um aproveitamento de apro-
instabilidade. Sobre os três tipos de radiação, α, β e γ, ximadamente 30%. A teoria da relatividade de Einstein
julgue (V ou F). torna possível calcular a quantidade de energia liberada
no processo de fissão nuclear. Nessa teoria, a energia de
I. Ao emitir radiação α, um núcleo tem seu número de
uma partícula é calculada pela expressão E = m ⋅ c2, onde
massa aumentado. m0
m= . Em uma residência comum, se consome,
II. Ao emitir radiação β, um núcleo tem seu número de 2
v
massa inalterado. 1+  
c
III. A radiação α é constituída por núcleos de átomos
em média, 200 kWh por mês. Neste caso, calcule qual
de hélio.
deveria ser a massa, em quilogramas, necessária para se
IV. Ao emitir radiação γ, um núcleo não sofre alteração manter essa residência por um ano, considerando que a
em sua massa. transformação de massa em energia ocorra no repouso.
V. Ao emitir radiação β, um núcleo tem seu número atô- Dado: c = 3 ⋅ 108 m/s.
mico aumentado em uma unidade. a) 3,6 ⋅ 10–8 kg d) 9,6 ⋅ 10–8 kg
24. (UFJF-MG) Em um reator nuclear, átomos radioativos são que- b) 6,3 ⋅ 10 kg
–5
e) 5,3 ⋅ 10–5 kg
brados pelo processo de fissão nuclear, liberando energia e c) 3,2 ⋅ 10 kg
–7

Tarefa proposta
1. (Enem) Para se obter 1,5 kg do dióxido de urânio puro, 5. (Cefet-MG) No núcleo das estrelas, como o sol, a energia
matéria-prima para a produção de combustível nuclear, é produzida pela fusão de átomos de hidrogênio em hélio,
é necessário extrair-se e tratar-se 1 tonelada de minério. em que quatro prótons (núcleo de H) se fundem em uma
Assim, o rendimento do tratamento do minério até chegar partícula alfa (núcleo de He, liberando dois pósitrons, dois
ao dióxido de urânio puro é de: neutrinos e energia, conforme a seguinte equação:
a) 0,10% b) 0,15% c) 0,20% d) 1,5% e) 2,0% 4H11 w He24 + 2e+ + 2v0
+
2. (Urca-CE) Uma fábrica de produtos metalúrgicos, do Distri- onde e é um pósitron e v0, um neutrino. Sabe-se que a
to Industrial de Fortaleza, consome, por mês, 2 ⋅ 106 kWh massa atômica do hidrogênio é 1,0078 u, a massa do hélio
de energia elétrica. Suponha que essa fábrica possui uma é 4,0026u e u = 1,66 ⋅ 10–27 kg. Desprezando-se as contribui-
usina capaz de converter diretamente massa em energia ções dos pósitrons e neutrinos e mantendo-se a conservação
elétrica, de acordo com a equação de Einstein, E = m ⋅ c2, de energia nesse processo, a energia liberada em cada reação
em que c representa a velocidade da luz no vácuo. Nesse de conversão de hidrogênio em hélio, é, em joules, igual a:
caso, a massa necessária para suprir a energia requerida a) 2,86 ⋅ 10–2 d) 2,57 ⋅ 10–12
pela fábrica, durante um mês, é em gramas: b) 4,75 ⋅ 10–2 e) 4,27 ⋅ 10–12
a) 8 ⋅ 102 c) 8 ⋅ 1013 e) 8 ⋅ 10–2 c) 8,58 ⋅ 10 –6

b) 9 ⋅ 10 12
d) 9 ⋅ 1013
6. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa que preenche corretamente
3. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa que preenche correta- as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem.
mente a lacuna do parágrafo a seguir. As reações nucleares
O Sol é a grande fonte de energia para toda a vida na Terra. 2
H1 + 2H1 w 3He2 + n e n + 235U92 w 91Kr36 + 142Ba56 + 3n
Durante muito tempo, a origem da energia irradiada pelo liberam energia e são, respectivamente, exemplos de rea-
Sol foi um mistério para a humanidade. Hoje, as modernas ções nucleares chamadas_______ e______ .
teorias de evolução das estrelas nos dizem que a energia a) fissão nuclear – fusão nuclear
irradiada pelo Sol provém de processos de _____ que ocor- b) fusão nuclear – fissão nuclear
rem no seu interior, envolvendo núcleos de elementos leves. c) reação em cadeia – fusão nuclear
a) espalhamento d) fotossíntese d) reação em cadeia – fissão nuclear
b) fusão nuclear e) combustão e) reação em cadeia – reação em cadeia
c) fissão nuclear
7. (Unicamp-SP)
4. (Unisinos-RS) A origem da energia solar, no Sol, ocorre a partir: Era o dia 6 de agosto de 1945. O avião B-29, Enola Gay, co-
a) da combustão de substâncias que contêm carbono. mandado pelo coronel Paul Tibbets, sobrevoou Hiroshima a
b) da fissão nuclear do hidrogênio. 9 448 metros de altitude e, quando os ponteiros do relógio in-
dicaram 8h16, bombardeou-a com uma bomba de fissão nu-
c) da fissão nuclear do urânio.
clear de urânio, com 3 m de comprimento e 71,1 centímetros
d) da fusão nuclear do hidrogênio. de diâmetro e 4,4 toneladas de peso. A bomba foi detonada
e) da fusão nuclear do urânio. a 576 metros do solo. Um colossal cogumelo de fumaça

56 CAPÍTULO 3
envolveu a região. Corpos carbonizados jaziam por toda tência, devem ser gerados 4 000 MW na forma de calor Q.
parte. Atônitos, sobreviventes vagavam pelos escombros à Em relação à usina de Angra 2, estime a:
procura de comida, água e abrigo. Seus corpos estavam dila- a) quantidade de calor Q, em joules, produzida em um dia;
cerados, queimados, mutilados. Cerca de 40 minutos após a
b) quantidade de massa m que se transforma em energia
explosão, caiu uma chuva radioativa. Muitos se banharam e
na forma de calor, a cada dia;
beberam dessa água. Seus destinos foram selados.
MUNHOZ, Sidnei J. O pior dos fins. Revista de História da Biblioteca
c) massa MU de urânio-235, em kg, que sofre fissão em um
Nacional, maio 2015. Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/ dia, supondo que a massa m, que se transforma em ener-
secao/capa/o-pior-dos-fins>. Acesso em: 23 ago. 2016. (Adaptado.) gia, seja aproximadamente 0,0008 (8 ⋅ 10–4) da massa MU.
A explosão da bomba mencionada no texto: Note e adote:
a) ocorre a partir da desintegração espontânea do núcleo Velocidade da luz: c = 3 ⋅ 108 m/s
de urânio enriquecido em núcleos mais leves, liberan- 1 dia = 9 ⋅ 104 s
do uma enorme quantidade de energia. Esse bombar- 1 MW = 106 W
deio significou o início da corrida armamentista entre 10. (UFRGS-RS) Objetos a diferentes temperaturas emitem es-
EUA e União Soviética. pectros de radiação eletromagnética que possuem picos em
b) ocorre devido à desintegração do núcleo de urânio em diferentes comprimentos de onda. A figura abaixo apresen-
núcleos mais leves, a partir do bombardeamento com ta as curvas de intensidade de emissão por comprimento
nêutrons, liberando uma enorme quantidade de ener- de onda (normalizadas para ficarem na mesma escala) para
gia. Esse ataque é considerado um símbolo do final da três estrelas conhecidas: Spica, da constelação de Virgem,
II Guerra Mundial. nosso Sol, e Antares, da constelação do Escorpião.
c) ocorre a partir da combinação de núcleos de urânio
enriquecido com nêutrons, formando núcleos mais
Reprodução / UFRGS-RS, 2016.
pesados e liberando uma enorme quantidade de ener-
gia. Esse bombardeio foi uma resposta aos ataques do
Japão a Pearl Harbor.
d) ocorre devido à desintegração do núcleo de urânio em nú-
cleos mais leves, a partir do bombardeamento com nêu-
trons, liberando uma enorme quantidade de energia. Esse
ataque causou perplexidade por ser desferido contra um
país que havia permanecido neutro na II Guerra Mundial. Tendo em vista que a constante da lei dos deslocamentos
de Wien é aproximadamente 2,90 ⋅ 10–3 m ⋅ K, e levando
8. (UEL-PR) Quando um átomo de urânio-235 é bombardea-
em conta a lei de Stefan-Boltzmann, que relaciona a in-
do por um nêutron, uma das possíveis reações de fissão é:
0 n + 92 U w 54 X + 38 Sr + 2 0 n
1 235 140 94 1
( ) tensidade total da emissão com a temperatura, considere
as seguintes afirmações sobre as estrelas mencionadas.
Cada átomo de urânio-235 que sofre fissão libera a energia I. Spica é a mais brilhante das três.
média de 208 MeV. Admita-se que toda essa energia libera-
II. A temperatura do Sol é de aproximadamente 5 800 K.
da na fissão de um átomo de urânio-235 possa ser transfor-
mada em energia elétrica em uma usina nuclear. Por quanto III. Antares é a mais fria das três.
tempo uma residência comum seria abastecida por toda a Quais estão corretas?
energia elétrica liberada por 1 kg de átomos de urânio-235? a) Apenas I. d) Apenas II e III.
(Dados: 1 MeV equivale a 4,45 ⋅ 10–20 kWh; consumo mé- b) Apenas II. e) I, II e III.
dio mensal de uma residência comum = 230 kWh) c) Apenas I e III.
a) Mais de 8 000 anos. 11. (ITA-SP) Um dos isótopos do einstêinio, 253
99 Es
, quando
b) 100 anos. bombardeado com partículas alfa, forma um isótopo do
c) 2 000 meses. elemento X e dois nêutrons. Determine os números atô-
d) O urânio-235 não é um átomo fissionável. mico e de massa desse isótopo.
e) É impossível converter energia nuclear em energia elétrica. 12. +Enem [H17] O que acontece com o número de massa e
com o número atômico de um núcleo instável se ele emite
9. (Fuvest-SP) O ano de 2005 foi declarado o Ano Internacio-
uma partícula beta?
nal da Física, em comemoração aos 100 anos da teoria da
relatividade, cujos resultados incluem a famosa relação Número de massa Número atômico
E = ∆m ⋅ c2. Num reator nuclear, a energia provém da fissão a) Não se altera. Aumenta em uma unidade.
do urânio. Cada núcleo de urânio, ao sofrer fissão, divide- b) Não se altera. Diminui em uma unidade.
-se em núcleos mais leves, e uma pequena parte, m, de sua c) Diminui em uma unidade. Não se altera.
massa inicial transforma-se em energia. A usina de Angra 2
d) Aumenta em uma unidade. Não se altera.
tem uma potência elétrica de cerca de 1 350 MW, que é
e) Diminui em uma unidade. Aumenta em uma unidade.
obtida a partir da fissão de urânio-235. Para produzir tal po-
FÍSICA

57
13. (UFRGS-RS) Considere as figuras abaixo.
Reprodução / UFRGS-RS, 2015.

Nuclídeo é um átomo de um elemento X, identificado por um número atômico Z e por um número de massa A: AZ X .
A carta de nuclídeos é uma construção gráfica que organiza todos os nuclídeos existentes, estáveis e instáveis, em
função dos números atômicos Z e de nêutrons N que eles apresentam. A distribuição dos nuclídeos está representada
pela região cinza da Figura 1 acima. Nessa construção, isóbaros, isótopos e isotórios são facilmente identificados,
assim como os produtos de decaimentos radioativos.
89 Ac, que decai principalmente por emissão de partículas α e por emissão
A Figura 2, excerto da Figura 1, destaca o nuclídeo 226
de elétrons. Usando a Figura 2, podem-se identificar os produtos desses dois tipos de decaimento como, respectivamente:
222 226 222 226 224 226 224 226 222 224
a) 87 Fr e 90 Th b) 87 Fr e 88 Ra c) 87 Fr e 90 Th d) 87 Fr e 88 Ra e) 87 Fr e 87 Fr

14. (UEL-PR) Uma usina nuclear produz energia elétrica a partir da fissão dos átomos de urânio (normalmente urânio-238 e
urânio-235) que formam os elementos combustíveis de um reator nuclear. Sobre a energia elétrica produzida em uma
usina nuclear, julgue (V ou F) as afirmativas a seguir.
I. Os átomos de urânio que sofrem fissão nuclear geram uma corrente elétrica que é armazenada em um capacitor e
posteriormente retransmitida aos centros urbanos.
II. A energia liberada pela fissão dos átomos de urânio é transformada em energia térmica, que aquece o líquido refri-
gerante do núcleo do reator e que, por meio de um ciclo térmico, coloca em funcionamento as turbinas geradoras de
energia elétrica.
III. Uma usina nuclear é também chamada usina termonuclear.
IV. O urânio-238 e o urânio-235 não são encontrados na natureza.
15. (UFRGS-RS) Escolha a opção que associa as colunas da tabela abaixo, de modo a completar corretamente as lacunas pontilhadas nas
reações nucleares indicadas na coluna da esquerda.
Reação Complemento
(1) 23
12 Mg
I. Ra w 218
+ _____
86 Rn 14
(2) 7N

(3) 2β+
II. Pm w 143
+ _____
61PM
(4) β– + β+

(5) 12
6C
III. C w β– + 14
6 C + _____
(6) γ
(7) 24
11 Na
IV. ____ w υ Na + β+ + γ

(8) 4

a) (8) – (4) – (2) – (7) b) (3) – (4) – (5) – (7) c) (8) – (6) – (2) – (1) d) (3) – (6) – (5) – (1) e) (8) – (4) – (2) – (1)
16. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem.
Uma característica importante das radiações diz respeito ao seu poder de penetração na matéria. Chama-se alcance a
distância que uma partícula percorre até parar. Para partículas α e β de mesma energia, o alcance da partícula α é _____ da
partícula β. Raios X e raios γ são radiações de mesma natureza, mas enquanto os raios X se originam ______, os raios γ
têm origem _____ do átomo.

58 CAPÍTULO 3
a) maior que o – na eletrosfera – no núcleo De acordo com estas informações, o valor do coeficiente
b) maior que o – no núcleo – na eletrosfera de atenuação da parede que reveste o lixo é:
c) igual ao – no núcleo – na eletrosfera Dados: In e = 1; In 2 = 0,69; In 3 = 1,10; In 10 = 2,30.
d) menor que o – no núcleo – na eletrosfera a) 0,552 cm–1 d) 1,533 cm–1
e) menor que o – na eletrosfera – no núcleo b) 0,825 cm–1 e) 2,707 cm–1
–1
17. (UFC-CE) O urânio-238 {92U238, número de massa A = 238 c) 1,275 cm
e número atômico Z = 92} é conhecido, entre outros 20. (Enem) O diagrama a seguir mostra a utilização das di-
aspectos, pela sua radioatividade natural. Ele inicia um ferentes fontes de energia no cenário mundial. Embora
processo de transformações nucleares, gerando uma série aproximadamente um terço de toda energia primária seja
de elementos intermediários, todos radioativos, até resul- orientada à produção de eletricidade, apenas 10% do total
tar no chumbo-206 {82Pb206} que encerra o processo por são obtido em forma de energia elétrica útil.
ser estável. Essas transformações acontecem pela emissão
90%
de partículas α {núcleos de hélio, 2He4} e de partículas β

Energia primária
80%
(a carga da partícula β é a carga de um elétron). Na emis-
70%
são α, o número de massa A é modificado, e na emissão β o 60%
número atômico Z é modificado, enquanto A permanece o 50%
mesmo. Assim, podemos afirmar que em todo o processo 40%
foram emitidas: Energia 30%
Calor perdido
a) 32 partículas α e 10 partículas β para a produção 20%
na produção
de eletricidade 10%
b) 24 partículas α e 10 partículas β Energia elétrica útil
c) 16 partículas α e 8 partículas β
d) 8 partículas α e 6 partículas β A pouca eficiência do processo de produção de eletricida-
e) 4 partículas α e 8 partículas β de deve-se, sobretudo, ao fato de as usinas:
a) nucleares usarem processos de aquecimento, nos
18. (UFRGS-RS) Considere as afirmações a seguir, acerca de
quais as temperaturas atingem milhões de graus Cel-
processos radioativos.
sius, favorecendo perdas por fissão nuclear.
I. O isótopo radioativo do urânio (A = 235, Z = 92) pode
b) termelétricas usarem processos de aquecimento a bai-
decair para um isótopo do tório (A = 231, Z = 90) atra-
xas temperaturas, apenas da ordem de centenas de
vés da emissão de uma partícula α.
graus Celsius, o que impede a queima total dos com-
II. Radioatividade é o fenômeno no qual um núcleo pode
bustíveis fósseis.
transformar-se espontaneamente em outro sem que
c) hidrelétricas terem o aproveitamento energético baixo,
nenhuma energia externa seja fornecida a ele.
uma vez que parte da água em queda não atinge as pás
III. As partículas α e β emitidas em certos processos ra-
das turbinas que acionam os geradores elétricos.
dioativos são carregadas eletricamente.
d) nucleares e termelétricas usarem processos de trans-
Quais estão corretas?
formação de calor em trabalho útil, no qual as perdas
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
de calor são sempre bastante elevadas.
b) Apenas I e II. e) I, II e III.
e) termelétricas e hidrelétricas serem capazes de usar di-
c) Apenas I e III. retamente o calor obtido do combustível para aquecer
19. (UFG-GO) Para a segurança da população, o lixo radioativo a água, sem perda para o meio.
produzido pelo acidente com o césio-137, na cidade de 21. (Fuvest-SP) O isótopo radioativo Cu-64 sofre o decai-
Goiânia, foi revestido com paredes de concreto e chumbo. mento β, conforme representado:
A intensidade da radiação I decai exponencialmente 0
64
29 Cu w 64
30 Zn + –1 β
quando atravessa essas paredes, de acordo com a relação
I(x) = I0 ⋅ e–α ⋅ x, onde I0 é a intensidade que incide sobre a A partir da amostra de 20,0 mg de Cu-64, observa-se que,
parede de espessura x e α é o coeficiente de atenuação, após 39 horas, formaram-se 17,5 mg de Zn-64. Sendo as-
conforme esboçado no gráfico a seguir. sim, o tempo necessário para que a metade da massa inicial
de Cu-64 sofra decaimento β é cerca de: (Dados: 54
29 Cu : nú-
mero de massa = 64; número atômico = 29)
Reprodução / UFRGS-RS, 2015.

a) 6 horas d) 26 horas
b) 13 horas e) 52 horas
c) 19 horas
22. (Enem) A falta de conhecimento em relação ao que vem a
ser um material radioativo e quais os efeitos, consequências e
usos da irradiação pode gerar o medo e a tomada de decisões
equivocadas, como a apresentada no exemplo a seguir.
FÍSICA

59
“Uma companhia aérea negou-se a transportar mate- n
n0
rial médico por este portar um certificado de esterilização 1
por irradiação.” Z
F’sica na escola, v. 8, n. 2, 2007. (Adaptado.) X

A decisão tomada pela companhia é equivocada, pois: Y


Tempo
a) o material é incapaz de acumular radiação, não se tor-
A alternativa que apresenta as amostras em ordem cres-
nando radioativo por ter sido irradiado.
cente de suas meias-vidas é:
b) a utilização de uma embalagem é suficiente para blo-
a) X – Y – Z d) Y – Z – X
quear a radiação emitida pelo material.
b) X – Z – Y e) Z – X – Y
c) a contaminação radioativa do material não prolifera da
c) Y – X – Z
mesma forma que as infecções por microrganismos.
d) o material irradiado emite radiação de intensidade 25. (Escola Naval-RJ) O elemento químico Califórnio, Cf251, emite
abaixo daquela que ofereceria risco à saúde. partículas alfa, transformando-se no elemento Cúrio, Cm247.
Essa desintegração obedece à função exponencial N(t) = N0e–αt,
e) o intervalo de tempo após a esterilização é suficiente
onde N(t) é quantidade de partículas de Cf251 no instante t
para que o material não emita mais radiação.
em determinada amostra; N0 é a quantidade de partículas no
23. (UFBA) Investigando a estrutura do núcleo atômico, instante inicial; e α é uma constante, chamada constante de
Rutherford conseguiu, pela primeira vez, transformar ar- desintegração. Sabendo que em 898 anos a concentração
tificialmente um elemento químico em outro, fazendo um de Cf251 é reduzida à metade, pode-se afirmar que o tempo
feixe de partículas alfa passar através de uma camada de necessário para que a quantidade de Cf251 seja apenas 25%
nitrogênio gasoso. A transformação ocorrida, de nitrogê- da quantidade inicial está entre:
nio em oxigênio, está representada, de maneira sintética,
a) 500 e 1 000 anos d) 2 000 e 2 500 anos
na figura a seguir.
b) 1 000 e 1 500 anos e) 2 500 e 3 000 anos
1p
1
c) 1 500 e 2 000 anos
26. (Udesc) O modelo atômico de Rutherford considera o
elétron, na eletrosfera, orbitando o núcleo atômico. Este
4 14 modelo ficou conhecido como modelo planetário do áto-
2α 7N
mo. No entanto, este modelo para o átomo apresentou
17O
8 algumas falhas que levaram à necessidade de se repensar o
átomo. Resultou daí o modelo atômico de Bohr, concebido
Com base nessas informações, na análise da figura
com base em alguns postulados.
e nos conhecimentos sobre física nuclear, é correto
Analise as proposições com base nas falhas relacionadas
afirmar:
ao modelo atômico de Rutherford.
(01) A estabilidade de núcleos atômicos se mantém pela
ação de forças de natureza eletromagnética. I. O elétron, como uma carga elétrica, estando acelera-
do, deveria sempre emitir radiação.
(02) A partícula alfa é formada por dois núcleons.
(04) O nitrogênio libera um próton mediante reação nu- II. A trajetória do elétron deveria ser uma espiral em dire-
clear espontânea. ção ao núcleo do átomo.
(08) O oxigênio obtido é resultante de um processo de III. O elétron deveria emitir radiação somente em uma
transmutação. única frequência.
(16) A conservação do número de massa ocorre em rea- IV. O elétron não deveria emitir radiação porque estaria
ções nucleares. em uma órbita fechada.
(32) A carga elétrica total, antes da reação, é igual à car- V. O elétron deveria emitir radiação em diferentes com-
ga elétrica total após a reação. primentos de onda.
Dê a soma dos números dos itens corretos. Assinale a alternativa correta.
24. (PUC-RS) Define-se como meia-vida de um elemento ra- a) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
dioativo o tempo necessário para que a metade dos áto- b) Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.
mos radioativos inicialmente presentes em uma amostra c) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
pura desse elemento se desintegre. Assim sendo, decorrido d) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
o tempo correspondente a uma meia-vida, o número de e) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
átomos radioativos, n, presentes na amostra será a metade
27. (ITA-SP) Considere as quatro proposições seguintes:
do número inicial de átomos radioativos, n0. O gráfico a se-
n I. Os isótopos 16O e 18O do oxigênio diferenciam-se por
guir mostra a fração de átomos radioativos, , presentes dois nêutrons.
n0
em três amostras radioativas puras, X, Y e Z, em função II. Sendo de 24 000 anos a meia-vida do 239Pu, sua massa
do tempo. de 600 g reduzir-se-á a 200 g após 72 000 anos.

60 CAPÍTULO 3
III. Um núcleo de 27Mg se transmuta em 28Aℓ pela emis- 30. (UCS-RS) Entre os vários problemas acarretados pelo tsunami
são de uma partícula β. que atingiu o Japão em março de 2011, um trouxe particular
IV. Um fóton de luz vermelha incide sobre uma placa preocupação para o mundo: as avarias sofridas pela usina
metálica causando a emissão de um elétron. Se esse nuclear de Fukushima, com o consequente temor de vaza-
fóton fosse de luz azul, provavelmente ocorreria a mento de isótopos radioativos para o ambiente. O motivo
emissão de dois ou mais elétrons. desse temor mundial está no fato de os isótopos radioativos:
a) apenas uma das proposições é correta. a) emitirem ondas na frequência de rádio apenas.
b) apenas duas das proposições são corretas. b) não possuírem massa e, portanto, apresentarem maior
c) apenas três das proposições são corretas. poder de penetração na pele.
d) todas elas são corretas. c) emitirem radiação eletromagnética na faixa de micro-
e) nenhuma delas é correta. -ondas, apenas.
28. (Fuvest-SP) O ano de 2017 marca o trigésimo aniversá- d) emitirem radiação de alta energia, como a alfa, a beta
rio de um grave acidente de contaminação radioativa, e a gama.
ocorrido em Goiânia em 1987. Na ocasião, uma fonte e) possuírem naturalmente alta energia potencial
radioativa, utilizada em um equipamento de radiotera- gravitacional.
pia, foi retirada do prédio abandonado de um hospital 31. (Fesp) Bomba de cobalto é um aparelho muito usado na
e, posteriormente, aberta no ferro-velho para onde fora radioterapia para tratamento de pacientes, especialmente
levada. O brilho azulado do pó de césio-137 fascinou portadores de câncer. O material radioativo usado nesse
o dono do ferro-velho, que compartilhou porções do aparelho é o 60
70 Co , com um período de meia-vida de apro-
material altamente radioativo com sua família e amigos, ximadamente 5 anos.
o que teve consequências trágicas. O tempo necessário Admita que a bomba de cobalto foi danificada e o mate-
para que metade da quantidade de césio-137 existente rial radioativo exposto à população. Após 25 anos, a ativi-
em uma fonte se transforme no elemento não radioativo dade desse elemento ainda se faz sentir num percentual,
bário-137 é trinta anos. em relação à massa inicial, de:
Em relação a 1987, a fração de césio-137, em %, que a) 3,125% d) 31,25%
existirá na fonte radioativa 120 anos após o acidente, b) 6% e) 60%
será, aproximadamente c) 0,31%
a) 3,1 d) 25,0
32. (IFG-GO) Em um reator nuclear, a energia provém da fissão do
b) 6,3 e) 50,0 urânio. Cada núcleo de urânio, ao sofrer fissão, divide-se em
c) 12,5 núcleos mais leves, e uma pequena parte, ∆m, de sua massa
29. (Fuvest-SP) O isótopo 14 do carbono emite radiação β, inicial transforma-se em energia. Certa usina nuclear tem uma
sendo que 1 g de carbono de um vegetal vivo apresenta potência elétrica de cerca de 1,0 ⋅ 106 kW, que é obtida a partir
cerca de 900 decaimentos β por hora, valor que perma- da fissão de urânio-235. Para produzir tal potência, devem ser
nece constante, pois as plantas absorvem continuamente gerados 4,0 ⋅ 106 kW na forma de calor. Usando a equação de
novos átomos de 14C da atmosfera enquanto estão vivas. Einstein, E = ∆m ⋅ c2, e considerando a velocidade da luz no
Uma ferramenta de madeira, recolhida em um sítio ar- vácuo c = 3 ⋅ 108 m/s, julgue (V ou F) as proposições a seguir:
queológico, apresentava 225 decaimentos β por hora por I. A quantidade de calor produzida em uma hora é de
grama de carbono. Assim sendo, essa ferramenta deve 1,44 ⋅ 1013 joules.
datar, aproximadamente, de: II. A quantidade de massa ∆m que se transforma em
(Dados: tempo de meia-vida do 14C = 5 700 anos; ferra- energia na forma de calor, a cada hora, é 0,16 grama.
menta recolhida em 2012) III. Supondo que a massa ∆m, que se transforma em
a) 19100 a.C d) 7400 a.C energia, seja aproximadamente 8 ⋅ 10–4 da massa de
b) 17100 a.C e) 3700 a.C urânio-235, a massa de urânio que sofre fissão em
c) 9400 a.C uma hora é de 200 gramas.

Vá em frente
Leia
<https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/nuclear-fission>. Acesso em: 3 jul. 2018.
Nele, você poderá simular o processo de fissão nuclear. O processo é interativo e você pode controlar alguns parâmetros
do processo para melhor entendimento.

Autoavalia•‹o:
V‡ atŽ a p‡gina 87 e avalie seu desempenho neste cap’tulo.
FÍSICA

61
4
Ge
tty
Im
ag
es
/iS
to
ckp
ho t
PARTÍCULAS ELEMENTARES
o
E COSMOLOGIA
OBJETIVOS
DO CAPÍTULO
O átomo sempre foi, para os cientistas, a chave para desvendar o Universo. Vários mo-
delos atômicos, que fazem parte da história do átomo, contribuíram para que todas as ► Compreender a história
partículas descobertas fossem catalogadas, para construir um modelo que representasse da divisão do átomo e a
as partículas elementares, e suas interações com suas respectivas forças e cargas, chama- existência das antipartículas.
do de modelo padrão. No entanto, nem todas as partículas foram vistas, até hoje, experi- ► Entender, em partes, como
mentalmente, somente previstas em teoria. funcionam os aceleradores
Para que essas partículas sejam descobertas, os físicos realizam experimentos com de partículas.
aceleradores de partículas quilométricos, que permitem acelerar partículas a velocidade ► Identificar as partículas
altíssimas próximas à da luz. elementares do Modelo
Em 4 de julho de 2012, os experimentos ATLAS e CMS no Grande Colisor de Hádrons Padrão.
(Large Hadron Collider ) do CERN anunciaram que cada um observara uma nova partícula ► Compreender como as forças
na região de massa em torno de 126 GeV, o tão sonhado Bóson de Higgs, apelidada de de unificação agem entre
“partícula dos Deuses” que concebeu a François Englert e Peter Higgs o Nobel de Física as partículas elementares
e ação das partículas
em 2013 pela descoberta teórica de um mecanismo que contribui para a nossa compreen-
mediadoras de força dentro
são da origem da massa de partículas subatômicas.
do átomo.
© CERN 2018/https://home.cern/

► Desenvolver os conceitos
de cosmologia, bem como
a identificação de planetas,
buracos negros e estrelas.
► Entender como é realizada
a análise dimensional de
grandezas físicas.

Principais conceitos
que você vai aprender:
► Antimatéria
► Partículas elementares
► Modelo padrão
► Forças de unificação
► Modelo planetário
► Análise dimensional
Entretanto, ainda temos o polêmico gráviton. A partícula que explicaria a gravidade.
O problema é que, mesmo com as inúmeras colisões realizadas nos gigantescos acelera-
dores de partículas, nada foi detectado que garantisse a existência do gráviton.
É fato que a utilização dos grandes aceleradores de partículas, para promover coli-
sões, abre um horizonte de descobertas de outras tantas partículas ainda desconhecidas.
A caminhada é longa. Com a comprovação da existência do bóson de Higgs, a partícula
que faltava para consolidar o modelo padrão, temos meios para explicar apenas 4,6% de
tudo que existe no Universo.
• Como os aceleradores e as partículas são capazes de determinar tantas partículas
diferentes?
Neste capítulo, estudaremos sobre como as partículas se formam, além de explorarmos um
pouco mais sobre a origem do Universo e como lidamos com as diversas unidades de medidas.

62
Raphael. Escola de Atenas, 1511. Um zoológico de partículas
Curiosidade
1 Uma das técnicas mais
precisas para gerar imagens
médicas internas do corpo é
a tomografia por emissão de
pósitrons (PET, da sigla em
inglês). Uma dose de material
radioativo, misturado com
glicose, é injetada no paciente.
Ao atingir os tecidos e órgãos
de interesse, esse material sofre
desintegração e libera pósitrons.
Essas antipartículas, por sua
vez, entram em contato com os
elétrons que constituem tecidos
do paciente. Esses elétrons são
aniquilados, gerando fótons
que são detectados para gerar
a imagem.

ballemans/Shutterstock
Escola de Atenas, afresco de Rafael Sanzio (1483-1520) mostrando os principais filósofos da Grécia antiga.

Apesar de parecer inocente e sem efeito, a afirmação do filósofo grego Tales de Mileto,
“tudo é água”, é considerada um dos embriões da ciência.
Primeiro, Tales mostra a clara intenção de unificação da natureza, ao afirmar que tudo Imagem reconstruída a partir
da tomografia por emissão de
se resume a um único elemento. A seguir, ele projeta essa unificação na própria natureza,
pósitrons (PET).
ou seja, na água. Muitos filósofos seguiram os ideais de Tales propondo diferentes versões
para essa unificação. Anaxímenes, também de Mileto, considerava o ar como o elemento
básico da natureza, enquanto Heráclito propunha que o fogo era a força transformadora
fundamental de todos os processos. Já Empédocles combinou essas diferentes propostas
com a teoria dos quatro elementos, água, fogo, terra e ar, e, em seguida, Leucipo e De-
mócrito apresentaram o conceito de átomo, partícula indivisível que comporia toda
a matéria.
Milênios após o pioneirismo dos filósofos gregos, o conceito de átomo ressurge
nas mãos do cientista inglês John Dalton (1766-1844) e, no fim do século XIX, ganha
força com descoberta dos elétrons por J. J. Thomson (1856-1940). Nas primeiras déca-
das do século XX, a constituição do núcleo atômico é desvendada com a descoberta
dos prótons, em 1919, por Ernest Rutherford (1871-1937), e dos nêutrons, em 1932, por
Photoresearchers/Latinstock

James Chadwick (1891-1974). Com isso, acreditou-se, mas não por muito tempo, que
a constituição da matéria estava desvendada e que os prótons, nêutrons e elétrons
eram partículas fundamentais.
No mesmo ano da descoberta do nêutron, experiências confirmaram a existência do
pósitron (antielétron), uma estranha partícula prevista por Paul Dirac (1902-1984) em 1928,
idêntica ao elétron, mas com carga positiva. Essa descoberta lançou a possibilidade de
que, para cada partícula (prótons, nêutrons, elétrons, etc.), existiria uma correspondente
antipartícula, dando origem ao que chamamos de antimatéria. 1
Ainda no começo da década de 1930, o físico italiano naturalizado estadunidense,
Enrico Fermi (1901-1954), propôs a existência de uma nova partícula, o neutrino, para
O físico italiano Enrico Fermi foi
explicar a conservação da energia nos decaimentos beta dos núcleos atômicos. Difícil
um dos grandes colaboradores no
de ser detectado por não ter carga elétrica e ser extremamente leve, o neutrino teve sua desenvolvimento da Física nuclear
existência confirmada apenas em 1956. e de partículas.
FÍSICA

63
Com o desenvolvimento de aceleradores de partículas mais potentes, revelou-se tam-
bém que os prótons e os nêutrons não eram mais partículas fundamentais, mas constituí-
dos de outras partículas elementares ainda menores. Em 1963, o físico americano Murray
Gell-Mann (1929-) já havia previsto a existência dessas partículas, às quais deu o nome de
quarks e, por esse trabalho, ele recebeu o prêmio Nobel de Física, de 1969.
CERN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Latinstock

general-fmv/Shutterstock
Nos potentes aceleradores de partículas modernos, partículas subatômicas colidem entre si, revelando
seus constituintes fundamentais.

De fato, a partir da década de 1950, centenas de partículas subatômicas foram


detectadas, formando verdadeiro “zoológico” de novas partículas. Cada uma ganhou
uma letra grega. Eram tantas que, nas palavras de um físico, temeu-se que o alfabeto
grego não fosse suficiente. Em 1955, o físico Willis Lamb Jr. descreveu o espanto de
seus colegas:
[...] o descobridor de uma nova partícula elementar costumava ser agraciado com o prêmio
Nobel, mas agora deveria ser punido com uma multa de $ 10 mil [dólares].
ANJOS, J; VIEIRA, C. L. Um olhar para o futuro. Rio de Janeiro: Vieira &Lent/Faperj, 2008.

O modelo padr‹o
Essa avalanche de novas partículas, com massas, cargas elétricas e funções diferen-
tes, obrigou os cientistas a buscar padrões e similaridades que permitissem classificá-
-las. Em outras palavras, eles precisavam “pôr ordem na casa”. O resultado desse esforço
é conhecido como modelo padrão, que fornece as bases para a compreensão da estru-
tura de toda a matéria. A gravidade, no entanto, tão belamente descrita pela relativi-
dade geral de Einstein, ainda resiste em ser explicada pelo formalismo matemático do
modelo padrão.

As part’culas elementares
Segundo o modelo padrão, a matéria é constituída por duas classes de partículas
elementares, os léptons e os quarks, que interagem entre si por meio de três forças fun-
damentais, a força eletromagnética e as forças nucleares fraca e forte. Tanto os léptons
como os quarks são divididos em seis tipos. Entre os léptons, temos o elétron (e–), o múon
(µ–), o tau (†–) e três tipos de neutrinos, o neutrino do elétron (ne), o neutrino do múon (nµ) e
o neutrino do tau (n†). Já os quarks são classificados em quark up (u), quark down (d), quark
charm (c), quark strange (s), quark top (t) e quark bottom (b). Cada uma dessas partículas
é caracterizada por grandezas como massa, carga elétrica, spin, entre outras. Na tabela
a seguir, ilustramos os quarks e os léptons, seus símbolos e suas respectivas cargas elétri-
cas, em unidades da carga elementar e = 1,6 ⋅ 10–19 C.

64 CAPÍTULO 4
Mesmo aparentando um tanto quanto complexa, a compreensão básica do modelo pa-
drão pode ser simplificada. Apesar de sua importância para a coerência da teoria, a maioria
das partículas que compõem o modelo padrão foi apenas detectada, ou em experimentos
com raios cósmicos ou em aceleradores de partículas, mas elas não compõem a matéria co-
mum que conhecemos. De fato, precisamos nos preocupar apenas com dois tipos de quarks,
o up e o down, e dois tipos de léptons, o elétron e o neutrino do elétron.

Quarks Léptons
Nome Carga Nome Carga
2
up (u) + neutrino do elétron (ne) 0
1º 3
G 1
down (d) − elétron (e–) –1
E 3
R 2
charm (c) + neutrino de múon (nµ) 0
A 3
Ç 2º
1
à strange (s) − múon (µ–) –1
3
O
2
top (t) + neutrino de tau (n†) 0
3

1
bottom (b) − tau (†–) –1
3

Prótons e nêutrons
Mesmo tendo sido considerados como partículas elementares, hoje sabemos que os pró-
tons e os nêutrons contêm uma estrutura interna: cada um deles é formado por três quarks
 2e e 
dos tipos up (u) e down (d). Considerando as cargas desses dois tipos de quark  + ; −  e
 3 3
lembrando que o próton tem carga elétrica +e, concluímos que este deve ser constituído
por dois quarks up e um quark down (u + u + d). Já o nêutron, que não tem carga elétrica, deve
ser formado por um quark up e dois quarks down (u + d + d), como mostra a figura.

Elétron
e

Nêutron Próton

u d

d d u u

Quark Quark
down up

Forças fundamentais da natureza


De todas as forças que ocorrem na natureza, três delas são responsáveis pela estrutura da
matéria e podem ser descritas pelo formalismo do modelo padrão: a força eletromagnética, a
força nuclear forte e a força nuclear fraca. Já a força gravitacional, que rege o movimento de
planetas, estrelas e galáxias, é descrita pela teoria da relatividade geral de Einstein.
No contexto do modelo padrão, todas as forças fundamentais podem ser interpreta-
das como resultado da troca de partículas especiais, denominadas de bósons. A cada for-
ça fundamental associa-se um tipo de bóson, como mostra a tabela.

Força fundamental Partícula transmissora Símbolo


eletromagnética fóton γ
nuclear forte glúon g
nuclear fraca Bósons vetoriais W , W– e Z0
+

gravitacional Gráviton G
FÍSICA

65
Gravitacional
É a interação proveniente da ação de uma massa sobre outra, ou seja, decorrente do
fato de que matéria atrai matéria (lei da gravitação universal de Newton).
Terra

Lua
F –F

v
r
O que mantém a Lua em órbita ao redor da Terra é a força F de atração gravitacional
entre esses dois corpos celestes.

Eletromagnética
É a interação proveniente das cargas elétricas, ou seja, duas cargas próximas uma
da outra trocam forças entre si (lei de Coulomb). Os prótons do núcleo atômico se
repelem entre si, assim como os elétrons da eletrosfera. Os prótons e os elétrons, por
sua vez, atraem-se.

F ÐF

r
F é a força de interação eletromagnética.

Nuclear forte
É uma força nuclear de alta intensidade, resultante da combinação entre as partícu-
las do núcleo atômico ou, mais especificamente, entre os quarks que as constituem. Essa
força forte mantém o núcleo estável (unido) e neutraliza as forças eletromagnéticas que
atuam nos prótons, evitando, assim, que o núcleo atômico se desintegre.
A força forte mantém as partículas do núcleo unidas.

Nuclear fraca
A força fraca possibilitou a Sheldon Glashow, Steven Weinberg e Abdus Salam
serem laureados com o prêmio Nobel de Física em 1979. A teoria da força fraca foi
desenvolvida por intermédio de uma analogia com a teoria da força eletromagnética.
Maxwell, em seus trabalhos, demonstrou que as forças elétrica e magnética são
aspectos distintos de uma força única, chamada força eletromagnética. Glashow,
Weinberg e Salam propuseram que a conhecida força eletromagnética e a recém-
-descoberta força fraca também fossem aspectos distintos de uma só força, deno-
minada eletrofraca.
Outra consideração a respeito da força fraca é que ela é capaz de promover a libera-
ção de partículas nucleares de átomos instáveis e é originada na interação entre léptons
ou entre léptons e quarks (segundo teorias recentes, seis tipos de léptons e seis tipos de
quarks são os formadores de toda a matéria existente).

Nœcleo at™mico

A força fraca permite a desintegração, ou seja, a liberação de partículas nucleares.

66 CAPÍTULO 4
Atividades
1. Em relação às três partículas básicas constituintes do áto- 4. De acordo com a Física de partículas, para cada partícula
mo – próton, elétron e nêutron –, não é (são) considera- existe uma antipartícula correspondente. A antipartícula
da(s) fundamental(is): tem a mesma massa e uma carga elétrica de mesmo mó-
a) Somente o próton dulo, mas de sinal contrário ao da partícula. Sabendo-se
b) Somente o elétron que um próton é constituído de dois quarks up e um quark
c) Somente o nêutron down, as partículas elementares que constituem um anti-
próton (p−) são:
d) Somente o próton e o elétron
a) dois quarks down e um quark up.
e) Somente o próton e o nêutron
b) dois quarks up e um quark down.
c) dois antiquarks up e um antiquark down.
d) dois antiquarks down e um antiquark up.

2. (Vunesp)
Em 1990 transcorreu o cinquentenário da descober-
ta dos “chuveiros penetrantes” nos raios cósmicos, uma
contribuição da física brasileira que alcançou repercussão
internacional.
O Estado de S.Paulo, 21 out. 90, p. 30.

No estudo dos raios cósmicos são observadas partículas


chamadas píons. Considere um píon com carga elétrica
+e se desintegrando (isto é, se dividindo) em duas outras
partículas: um múon com carga elétrica +e e um neutri-
no. De acordo com o princípio de conservação da carga,
o neutrino deverá ter carga elétrica:
a) +e d) –2e
b) –e e) Nula 5. +Enem [H17] Prótons e nêutrons são constituídos de
c) +2e partículas chamadas quarks: os quarks u e d. O próton
é formado por dois quarks do tipo u e um quark do tipo d,
enquanto o nêutron é formado de dois quarks do tipo d
e um do tipo u. Se a carga elétrica do próton é igual a
1,6 ⋅ 10–19 C e a do nêutron é igual a zero, as cargas elétricas
de u e d valem, respectivamente, em unidades de 10–19 C:
3. (UFMT) A coluna I apresenta interações fundamentais e a II,
fenômenos relacionados a elas. Associe os itens da coluna a) 1,6 e –1,6
I de acordo com os da coluna II. b) –1,6 e 1,6
Coluna I c) 1,6 e –0,8
1. Fraca d) 1,07 e –0,54
2. Forte e) 0,54 e –1,07
3. Eletromagnética
4. Gravitacional
Coluna II
A. Estabilidade nuclear
B. Processos de decaimento
C. Aglomeração de galáxias
D. Existência do átomo
FÍSICA

67
6. (UEL-PR) No modelo padrão da física das partículas ele- A tabela abaixo apresenta o valor da carga elétrica desses
mentares, o próton e o nêutron são partículas compostas quarks em termos da carga elétrica elementar e.
constituídas pelas combinações de partículas menores Quark up Quark down
chamadas de quarks u (up) e d (down). Nesse modelo,
Carga elétrica
+2 –1
o próton (p) e o nêutron (n) são compostos, cada um, de
3 3
três quarks, porém com diferentes combinações, sendo
representados por p = (u, u, d) e n = (u, d, d). Os prótons Assinale a alternativa que melhor representa os quarks
e os nêutrons comportam-se, na presença de um campo que constituem os prótons e os nêutrons.
magnético, como se fossem minúsculos ímãs, cujas in- Próton Nêutron
tensidades são denominadas de momento magnético e a) up; up; down up; up; up
medidas em magnetons nucleares (mn) Para o próton, o
b) down; down; down up; down; down
momento magnético é dado por:
c) up; down; down up; up; down
4 1
µp = µ – µ d) up; up; down up; down; down
3 u 3 d
enquanto que, para o nêutron, o momento magnético é e) up; down; down down; down; down
dado por:
4 1
µn = µ – µ
3 d 3 u
O momento magnético dos quarks u e d são dados por:
e e
µu = u e µd = d
M M
+2 –1
em que eu = w ed =
3 3
A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
a) Determine o valor da razão entre o momento magné-
tico dos quarks u e d.

8. (UFMT) Na física contemporânea, todos os fenômenos


podem ser descritos pelas quatro forças naturais:
• a gravitacional, que atua entre os corpos e partículas
que possuem massa;
µn
b) Determine o valor adimensional da razão . • a eletromagnética, que atua entre corpos e partículas
µp
que possuem carga elétrica;
• a nuclear forte, que atua entre prótons e nêutrons no
interior do núcleo dos átomos;
• a nuclear fraca, que é responsável pelos processos
de transformação de um próton em um nêutron, ou
vice-versa.
Assim sendo, uma reação química é uma manifestação:
a) da força gravitacional.
b) da força eletromagnética.
c) da força nuclear forte.
d) da força nuclear fraca.
7. (PUC-RS) Em Física de Partículas, uma partícula é dita ele-
e) de uma combinação das forças gravitacional e eletro-
mentar quando não possui estrutura interna. Por muito
magnética.
tempo se pensou que prótons e nêutrons eram partículas
elementares, contudo as teorias atuais consideram que
essas partículas possuem estrutura interna. Pelo modelo
padrão da Física de Partículas, prótons e nêutrons são for-
mados, cada um, por três partículas menores denominadas
quarks. Os quarks que constituem tanto os prótons quanto
os nêutrons são dos tipos up e down, cada um possuindo
um valor fracionário do valor da carga elétrica elementar
e (e = 1,6 ⋅ 10–19 C).

68 CAPÍTULO 4
Tarefa proposta
Complementares
1 a 12

9. (UFRN) Cláudia, ginasta e estudante de física, está en- Analise as afirmativas a seguir e julgue (V ou F).
cantada com certos apelos estéticos presentes na física I. As forças gravitacionais são fundamentais na explica-
teórica. Ela ficou fascinada ao tomar conhecimento da ção dos movimentos dos planetas.
possibilidade de uma explicação unificadora para todos os
II. As interações eletromagnéticas explicam as forças de
tipos de forças existentes no Universo, isto é, que todas
contato, como, por exemplo, o empuxo.
as interações fundamentais conhecidas na natureza (gra-
vitacional, eletromagnética, nuclear fraca e nuclear forte) III. A força de atrito entre superfícies e a força de resistên-
poderiam ser derivadas de uma espécie de super-força. cia do ar são forças de interação nuclear forte.
Em suas leituras, ela pôde verificar que, apesar dos avan- IV. A força peso é uma força de ação a distância.
ços obtidos pelos físicos, o desafio da grande unificação 11. Para termos ideia da intensidade de cada uma das inte-
continua até os dias de hoje. Cláudia viu, em um de seus rações fundamentais, podemos estabelecer uma com-
livros, um diagrama ilustrando a evolução das principais paração: se atribuirmos à força gravitacional o valor 1,
ideias de unificação ocorrida na física, como o mostrado teremos para a força nuclear forte o valor 1037, para a força
adiante. Na execução da coreografia a seguir, podemos eletromagnética o valor 1035 e, para a força nuclear fraca,
reconhecer a existência de várias forças atuando sobre o valor 1023. Nessas condições, podemos afirmar que, em
a ginasta Cláudia e/ou a corda. Forças de atrito, peso, ordem decrescente de intensidade, temos:
tração e reação do solo (normal) podem ser facilmente a) gravitacional, nuclear forte, nuclear fraca e eletro-
identificadas. Esse conjunto de forças, aparentemente, não magnética.
está contemplado no diagrama que mostra as interações b) nuclear forte, nuclear fraca, gravitacional e eletro-
fundamentais do Universo. Isso pode ser compreendido, magnética.
pois, em sua essência, as forças:
c) nuclear forte, nuclear fraca, eletromagnética e
Gravidade Diagrama ilustrativo gravitacional.
celeste Gravitação d) eletromagnética, nuclear fraca, gravitacional e nu-
universal
Gravidade clear forte.
terrestre
e) nuclear forte, eletromagnética, nuclear fraca e
Força Possível gravitacional.
elétrica unificação
Força
eletromagnética final? 12. (Unifei-MG) Na constituição dos átomos, os prótons e os nêu-
Força Força
magnética eletrofraca trons concentram-se no núcleo atômico. Se os prótons se
Força nuclear
fraca Possível repelem mutuamente, pode-se dizer que os núcleos atômicos
unificação?
conseguem se manter coesos principalmente por causa:
Força nuclear
Artush/Shutterstock

forte a) da carga elétrica dos nêutrons, também confinados no


núcleo atômico.
b) da ação dos elétrons presentes na eletrosfera que, por
terem carga negativa, anulam o efeito de repulsão dos
prótons no núcleo.
a) de atrito e peso são de origem eletromagnética.
c) do aparecimento de uma força nuclear atrativa com
b) normal e peso são de origem gravitacional.
intensidade superior à da força coulombiana repulsiva
c) normal e de tração são de origem eletromagnética. dos prótons.
d) de atrito e de tração são de origem gravitacional. d) da formação de uma cápsula nuclear muito resistente
10. (UFPI) Na atualidade, todas as forças conhecidas podem ser que mantém aprisionados os prótons e os nêutrons
descritas por quatro classes de interações fundamentais. no interior do átomo.

Cosmologia
Desde que o ser humano olhou para o céu noturno e se fascinou com os incontáveis pontos cintilantes – a Lua e, ocasional-
mente, cometas e estrelas cadentes –, ele buscou alguma “explicação” para toda essa maravilha. Não é de se surpreender que
as primeiras interpretações dos céus se baseassem em histórias sobre deuses e outros seres sobrenaturais.
Os primeiros modelos, pelo menos com bases mais científicas, para descrever os movimentos dos corpos celestes consi-
deravam que o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas giravam em torno da Terra, que ficava fixa no centro do Universo. O mais
completo desses modelos geocêntricos (Terra no centro) foi proposto por Ptolomeu, no século II d.C. Somente 1 500 anos
mais tarde, Nicolau Copérnico (1473-1543) propôs o modelo heliocêntrico, no qual a Terra e os planetas giravam em torno do
Sol, revolucionando nossa visão do mundo.
FÍSICA

69
A partir do século XIX, com o advento de potentes telescópios e o desenvolvimento da
Física moderna, nosso conhecimento sobre o Universo se tornou incomensuravelmente
maior do que na época de Copérnico.
Sabemos que a Terra é um entre oito planetas que giram em torno do Sol e que
este é uma entre bilhões de estrelas que compõem a nossa galáxia, a Via Láctea.
A partir das primeiras décadas do século XX, descobriu-se que o Universo contém
bilhões de outras galáxias.
Medidas sobre a luz proveniente das galáxias, realizadas por Edwin Hubble (1889-1953),
em 1929, mostraram que elas não estão estáticas, como se imaginava, mas afastando-se
mutuamente. Ou seja, descobrimos que o Universo está em expansão. Esses resultados
em conjunto com a teoria da relatividade geral de Einstein levaram-nos à teoria do
big-bang, segundo a qual o Universo se originou a partir de uma grande explosão há
14 bilhões de anos.
Designua/Shutterstock

Ilustração representando o big-bang, que deu origem ao Universo há 14 bilhões de anos.

Planetas, estrelas e buracos negros


Há uma afirmação, bastante difundida, mas que ainda é discutível, de que existem
mais estrelas no Universo observável do que grãos de areia nas praias da Terra. O Sol,
como sabemos, é a estrela mais próxima do nosso planeta, fornecendo-nos praticamente
toda energia de que dispomos na forma de luz e calor. Mas o que é, de fato, uma estrela?
Qual é a diferença entre estrelas e planetas?
Vamos começar descrevendo o processo de formação. Diferentemente do que se ima-
gina, o espaço interestelar está repleto de partículas e gases, principalmente de hidrogê-
nio. Em determinadas regiões, pode ocorrer maior concentração desses gases e partícu-
las, gerando um centro de atração gravitacional. Com isso, ao longo de milhões ou bilhões
de anos, mais e mais gases e partículas vão se juntando até formarem um corpo celeste
(planeta ou estrela). Se a massa desse corpo for menor do que certo valor crítico, teremos
simplesmente um planeta, como a Terra, e os outros sete planetas do sistema solar, que
não geram luz própria.
nasa

Esta ilustração guarda aproximadamente o tamanho dos planetas, mas não suas distâncias. Podemos
vê-los em ordem de afastamento do Sol, da esquerda para a direita: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte,
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

70 CAPÍTULO 4
Por outro lado, se a massa do corpo é grande o suficiente, a pressão em seu interior se
torna muito elevada, provocando um aumento significativo da temperatura, e inicia-se
um processo de reação nuclear de fusão de núcleos atômicos. Nasce então uma nova es-
trela, capaz de irradiar luz e calor para o espaço.

1 Núcleo: região central onde ocorrem 2 Zona radioativa: com cerca de


as reações nucleares. Ele ocupa 2% do 380 000 km de espessura, é a
volume do Sol, mas contém 60% de região por onde escoa a
sua massa. Sua temperatura é de cerca energia do núcleo.
de 15 milhões de graus Celsius.

3 Zona convectiva: com cerca de 140 000 km 4 Fotosfera: superfície visível do


de espessura, é a região onde a energia é Sol, onde as temperaturas são
transportada por meio de células de em torno de 5 500 graus Celsius.
convecção – correntes de gás quente
ascendentes e descendentes.

Entretanto, esse processo de fusão atômica não é eterno, ocorrendo durante alguns mi-
lhões ou bilhões de anos, até que seu combustível nuclear começa a se esgotar. No fim da
vida, a temperatura no núcleo das estrelas está muito elevada, e o processo de fusão nu-
clear fica acelerado. Com isso, o brilho da estrela aumenta substancialmente e ela sofre uma
expansão, expelindo material para o espaço. Quando as fusões nucleares deixam de aconte-
cer, a pressão interna diminui a ação gravitacional e faz a estrela encolher. Dependendo da
massa do caroço estelar resultante, haverá três possíveis destinos para essa estrela.
• Anã branca. Se a massa do caroço estelar for de até 1,4 vez a massa do Sol, ele se trans-
formará em uma anã branca. Por causa das altas temperaturas remanescentes de
todo o processo, a anã branca continua emitindo uma fraca luminosidade. No entan-
to, como não há mais reações nucleares em seu núcleo, com o passar do tempo ela
empalidece, transformando-se em uma anã negra.
• Estrela de nêutrons. Se a massa do caroço estelar estiver entre 1,4 e 3,0 vezes a massa do
Sol, ele formará uma estrela de nêutrons. Nesses corpos, a gravidade é tão intensa que
faz os elétrons se fundirem com os prótons, transformando-se em nêutrons, processo
conhecido como decaimento beta invertido. O resultado é um aglomerado de nêu-
trons, praticamente sem espaços vazios entre si, cuja densidade pode atingir 1015 g/cm3.
Para se ter uma ideia desse valor, uma única gota com matéria de uma estrela de nêu-
trons pesaria mais do que 500 porta-aviões USS – Enterprise, o maior do mundo.
• Buraco negro. Se a massa do caroço estelar for maior que 3,0 vezes a massa do Sol, ele
formará um buraco negro. Nesse caso, as dimensões desse buraco são extremamente
pequenas, e sua gravidade é elevadíssima, de forma que nem a luz consegue sair desse
corpo. Nota-se a presença de um buraco negro no espaço pelas forças gravitacionais
que atuam em determinados astros, porém nunca se viu um buraco negro.
FÍSICA

71
Uma visão do espaço e do tempo
Considerando que o Sol se encontra a 150 milhões de quilômetros da Terra, sua luz leva
8 minutos para atingir nosso planeta. Isso significa que, quando admiramos um lindo pôr
do sol, estamos vendo nossa estrela como ela era oito minutos atrás. Em outras palavras,
estamos observando seu passado. Como vimos, o Universo é repleto de galáxias. As mais
distantes de nós estão a alguns bilhões de anos-luz, ou seja, a luz que recebemos delas
viaja alguns bilhões de anos para chegar à Terra.
Considerando uma galáxia que está a 12 bilhões de anos-luz da Terra, a luz que recebe-
mos dela hoje foi emitida por ela há 12 bilhões de anos. Portanto, quando um astrônomo
observa essa galáxia, ele a vê como ela era há 12 bilhões de anos, e não como ela é hoje.
Vamos analisar uma situação um tanto curiosa. Considerando a hipótese de que nessa
galáxia exista vida inteligente, essa civilização não sabe da nossa existência, pois nosso
planeta surgiu após a formação do Sol, que ocorreu aproximadamente há 5 bilhões de
anos. Portanto, a luz da formação do Sol ainda não atingiu essa galáxia. Isso só vai aconte-
cer daqui a 7 bilhões de anos. Quando o Sol morrer, daqui a aproximadamente 5 bilhões de
anos, a civilização que habita essa galáxia ainda não saberá da nossa existência.
Dois bilhões de anos após a morte do Sol, vai começar a chegar, nessa galáxia, a luz da
formação do sistema solar. Daqui a 12 bilhões de anos, se ainda existir civilização nessa
galáxia, elas estarão vendo o sistema solar como ele é hoje.

Análise dimensional
Uma das características fundamentais das ciências exatas, tais como a Física e a Quí-
mica, é a busca por uma descrição matemática dos fenômenos naturais. Com isso, é im-
portante sermos capazes de medir as grandezas físicas envolvidas em um processo e, por
meio de um modelo, relacioná-las matematicamente.
Medir alguma coisa é compará-la com uma unidade-padrão, preestabelecida. Como
vimos, o Sistema Internacional de Unidades (SI) é o mais amplamente usado pelas ciências
e se baseia em sete unidades fundamentais, indicadas na tabela.

Grandeza física Unidade no SI Símbolo Curiosidade


Comprimento metro m 1 Cada unidade de medida tem
uma definição precisa, aceita
Massa quilograma kg
universalmente. Atualmente, o
Tempo segundo s metro (m), o quilograma (kg) e
Temperatura kelvin K o segundo (s) são definidos da
seguinte forma:
Corrente elétrica ampère A
► Um segundo é a duração de
Quantidade de matéria mol mol
9 192 631 770 períodos da
Intensidade luminosa candela cd radiação correspondente à
transição entre dois níveis
São chamadas de unidades fundamentais porque apresentam definições precisas e
hiperfinos do átomo de
não podem ser expressas em termos de outras unidades. No entanto, durante nosso curso césio-133.
de Física, lidamos com dezenas de outras unidades que não são fundamentais, ou seja,
► Um metro é a distância
são compostas, mas podem ser escritas em termos das unidades fundamentais.
percorrida pela luz no vácuo
Aprendemos que a grandeza física força, por exemplo, é medida em newton (N) no SI. durante um intervalo de
Mas também vimos que, pela segunda lei de Newton, força é o produto da massa  1 
tempo de 
pela aceleração:  299 792 458 
segundo.
F=m⋅a
► Um quilograma é a massa
Sendo a massa medida em quilogramas (kg) e a aceleração em metros por segundo ao
do protótipo internacional
quadrado (m/s2), podemos afirmar que:
quilograma-padrão
1 N = 1 kg ⋅ (m/s2) (cilindro de platina e irídio)
De forma mais geral, se representarmos a unidade de comprimento como [L], a uni- depositado no Instituto de
dade de massa como [M] e a unidade de tempo como [T], a unidade de força [F] será Pesos e Medidas, na França.
escrita como:
F = [M] ⋅ [L] ⋅ [T]–2 1

72 CAPÍTULO 4
Verifiquemos outro exemplo na Mecânica. A grandeza potência P é dada pela razão
entre o trabalho realizado por uma força e o intervalo de tempo ∆t. Por sua vez, traba-
lho é definido como o produto do componente tangencial força FT pelo deslocamento ∆s.
Portanto, temos:
† F ⋅ ∆s
P= = T
∆t ∆t
Em termos de unidades, temos:
[F ]⋅[L] [M]⋅[L]⋅[T ]Ð2 ⋅[L]
[P] = = s [P ] = [M] ⋅ [L]2 ⋅ [T]–3
[T ] [T ]

Desenvolva
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
Uma das partículas mais intrigantes para os cientistas é o neutrino. Essa partícula, pertencente aos léptons, tem uma
massa, considerada como nula, porém nunca chegou a ser medida, mas reconhece-se que não é zero.
Centenas de bilhões de neutrinos literalmente atravessam nosso corpo a todo instante e, também, são capazes de atra-
vessar gigantesca parede de chumbo. Diante desses fatos, é difícil ser detectado.
Nas grandes explosões estelares, como a de uma supernova, são emitidos em abundância, viajando com velocidades
bem próximas da luz.

Jurik Peter/Shutterstock

São conhecidos três tipos de neutrinos: o neutrino do elétron (nε), descoberto em 1956 por Frederick Reines (1918-1998)
e Clyde Cowan (1919-1974); o neutrino do múon (nµ) descoberto em 1962 em Brook haven e o neutrino tau (n†) descoberto em
2000 no Fermilab, em Batavia, perto de Chicago.
Somente o neutrino do elétron é estável, outros são instáveis e decaem muito rapidamente para chegar a uma partícula estável.
A maioria dos detectores de neutrinos está localizada no subsolo ou no fundo do mar para evitar se confundir com a
radiação de fundo cósmico.
Em matéria recente publicada na revista científica Physical Review Letters, cientistas do Fermilab confirmaram, com preci-
são, a energia exata de neutrinos, colocando um fim na incerteza apresentada até então pelos modelos teóricos.
Por que estudar os neutrinos? Realize uma pesquisa visando investigar o porquê de estudá-los. Procure em que condições eles
são mais facilmente detectáveis e que caminhos eles podem abrir para melhor entender o funcionamento dos núcleos atômicos.
FÍSICA

73
Decifrando o enunciado Lendo o enunciado
Importante no primeiro
Uma das grandezas físicas que caracterizam as substâncias é o calor específico. Basicamente,
momento é buscar a equação
ele é definido como a quantidade de calor (energia) necessária para elevar de uma unidade que permite calcular o calor
de temperatura uma unidade de massa da substância. Com isso, determinar a unidade de específico.
calor específico, expressa em termos das unidades fundamentais do Sistema Internacional.
Fique atento às unidades que
Resolução compõem a energia (calor).
Q Na maioria das vezes, é expresso
Como vimos, o calor específico c é definido como: c = em calorias. E essa não é a
m ⋅ ∆θ
J unidade do SI.
No SI, temos: [c] =
kg ⋅ K Não se esqueça de trabalhar
No entanto, a unidade joule (J) não é fundamental. Lembrando a definição de energia apenas com as unidades
1 básicas para fazer uma análise
cinética: Ecin. = m ⋅ v2
2 adequada.
m2
Podemos escrever joule como: 1 J = 1 kg ⋅
s2
m2
kg ⋅
Substituindo na unidade de calor específico, temos: [c] = s2 s [c] = m2 ⋅ s–2 ⋅ K–1
kg ⋅ K

Contextualize
Acelerador de partículas
Desde 1927, os físicos trabalham com os aceleradores de partículas. Esses

© CERN 2018/https://home.cern/
aceleradores são câmaras muito longas em cujo interior é feito vácuo para que
essas partículas subatômicas, ao serem lançadas nesse interior, não sofram os
efeitos de outras partículas, como as do ar.
A finalidade desses aceleradores é avaliar os efeitos das partículas sob al-
tas velocidades ao receberem uma quantia muito alta de energia da ordem de
bilhões de elétron-volts (1 elétron-volt = 1,6 ⋅ 10–19J). Numa primeira avaliação,
esse valor de energia pode parecer muito baixo, porém, estamos tratando de
partículas subatômicas e, dessa forma, essa energia é muito elevada, compa-
rada à energia que elas têm em seus estados naturais.
As partículas são aceleradas no interior das câmaras pela ação de dois cam-
pos: um elétrico e outro magnético. No movimento das partículas, estas rece-
bem a ação das forças elétrica e magnética, que são aplicadas para acelerar
seus movimentos e para corrigir a trajetória de maneira que não haja colisão

© CERN 2018/https://home.cern/
com as paredes da câmara.
Para acelerar o núcleo do átomo de hidrogênio (próton) numa dessas câ-
maras, a dificuldade encontrada é muito grande, pois sua massa é muito alta,
comparada com a massa de um elétron (1 840 vezes maior). Por isso, é difícil fa-
zer com que a velocidade do próton atinja 10% da velocidade da luz no vácuo,
pois os efeitos da relatividade, nessas condições, já são percebidos. A massa do
próton já começa a aumentar, e a dificuldade para acelerá-lo também aumenta.
Além dos efeitos e comportamentos das partículas subatômicas no estudo
da Física, os aceleradores são usados para pesquisas dos efeitos que essas par-
tículas apresentam, por exemplo, na terapia do câncer e na obtenção de isóto-
pos radioativos. Foi crucial na comprovação do bóson de Higgs, “partícula de
Deus”, perseguida desde 1964, até que, em 2012, finalmente, um experimento
atestou (com 99,9999...% de certeza) sua existência.
A descoberta foi importante, porque a confirmação de um modelo hipoté-
O grande detector Atlas, parte do grande
tico abre novos horizontes para compreender o funcionamento do Universo e Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador
até a existência de novas partículas. de partículas do mundo.
Faça uma pesquisa sobre a descoberta do bóson de Higgs e os novos horizontes que ela adiciona à Física.

74 CAPÍTULO 4
Atividades
13. (Unicamp-SP) O Sr. P. K. Aretha afirmou ter sido sequestrado 16. (Uema)
por extraterrestres e ter passado o fim de semana em um “Na eternidade, eu quisera ter
planeta da estrela Alfa da constelação de Centauro. Tal pla- Tantos ano-luz, quantos fosse precisar
neta dista 4,3 anos-luz da Terra. Com muita boa vontade, Para cruzar o túnel
suponha que a nave dos extraterrestres tenha viajado
Do tempo do teu olhar”
com a velocidade da luz (3 ⋅ 108 m/s) na ida e na volta.
Seu olhar – Gilberto Gil, 1984.
Adote 1 ano = 3,2 ⋅ 107 segundos.
A letra da música usa a palavra composta ano-luz no sen-
a) Quantos anos teria durado a viagem de ida e volta do
tido prático. Em geral, esse sentido não é obrigatoriamen-
Sr. Aretha?
te o mesmo dado ao termo na área da ciência.
Na Física, um ano-luz é uma medida que relaciona a velo-
cidade da luz e o tempo de um ano.
a) Qual a grandeza física que está associada à palavra “ano”?
b) Com base na Física moderna, explique qual grandeza
está associada à palavra ”luz”.
c) A terminologia ano-luz está associada a qual gran-
deza física?
b) Qual é a distância (em metros) do planeta à Terra?
d) Demonstre matematicamente a expressão que ratifica
a questão “c”.

14. Considere as definições a seguir:


I. Pequenos corpos que orbitam nosso planeta em traje-
tórias elípticas bem acentuadas.
II. Corpo proveniente do espaço que atravessa a atmos-
fera da Terra e colide com a sua superfície.
III. Agrupamento de milhões ou bilhões de estrelas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta
dos significados das definições apresentadas.
a) Cometa; galáxia; meteorito.
b) Galáxia; meteorito; cometa. 17. (UFMT) Segundo a teoria do big-bang, o Universo se origi-
c) Cometa; meteorito; galáxia. nou de uma grande explosão. Como consequência desse
fenômeno, as galáxias estão se afastando umas das outras.
d) Meteorito; cometa; galáxia.
Em relação ao movimento das galáxias, julgue (V ou F) os
seguintes itens.
( ) A força da explosão ainda atua sobre as galáxias.
( ) Considerando que a força gravitacional é sempre
atrativa e inversamente proporcional à distância ele-
vada ao quadrado, o movimento das galáxias deve,
15. Durante uma aula de Astronomia, uma estudante sai em algum momento, cessar. A partir de então, elas
preocupada com uma informação passada pelo professor. passam a se aproximar umas das outras.
Na aula, o professor disse que uma estrela a um mi- ( ) No movimento das galáxias, a inércia não pode ser
lhão de anos-luz da Terra explodiu ontem e a Terra pode considerada desprezível.
ser afetada. Desconsiderando o fato de que não podemos
perguntar ao professor como ele obteve essa informação
nem a veracidade dela, explique se a preocupação da
estudante é procedente.
FÍSICA

75
18. Leia o texto a seguir. Considerando a imagem e a dinâmica do movimento de ro-
Acredita-se que o evento único que deu origem à expan- tação da Terra, a cidade em que irá amanhecer primeiro é:
são do Universo tenha sido uma gigantesca explosão. Inicial- a) Berlim b) Seattle c) Sydney d) Moscou
mente, as quatro forças da natureza (interação forte, intera-
ção eletromagnética, interação fraca e interação gravitacio-
nal) constituíam uma só força. Os físicos dispõem de mode-
los teóricos que unificam as três primeiras interações, mas
ninguém ainda conseguiu formular uma teoria de gravitação
quântica necessária para lidar com as enormes densidades
20. (UFPA) Uma das maiores descobertas da humanidade no
que existiam nos primeiros instantes do big-bang. Em con-
sequência, não temos meios para descrever o que aconteceu século XX ocorreu em 1929, quando o astrônomo Edwin
até o resfriamento do Universo “congelar” ou “condensar” a Hubble descobriu que as galáxias distantes se moviam com
força gravitacional, o que deve ter ocorrido cerca de 10–43 s uma velocidade diretamente proporcional à distância em
após o big-bang, quando a temperatura ainda era de 1032 K. relação a nós, na Terra. Essa descoberta deu suporte expe-
TIPLER, P. A. Física. Mecânica quântica, relatividade e a estrutura da rimental à teoria de que o Universo teve origem em uma
matéria. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2000. v. 3. grande explosão, conhecida por big-bang, a partir de um
Com base no texto, qual é a maior dificuldade que os estado inicial, e se expande desde então. A descoberta
físicos encontram para reproduzir em laboratório as con- de Hubble é sumarizada em uma expressão simples, co-
dições iniciais do Universo? nhecida como lei de Hubble, que relaciona a velocidade à
distância da galáxia em relação a nós (na Terra): v = H ⋅ L,
sendo L a distância da galáxia distante em relação à Terra
e H uma constante (constante de Hubble) que permitiu
19. (Uerj) Observe na imagem as áreas da Terra que se encontra- estimar a idade do Universo, conhecida hoje, em cerca de
vam iluminadas e na penumbra em determinado dia do ano. 14 bilhões de anos. Segundo a expressão da lei de Hubble,
a constante H é medida em unidades de:
a) Velocidade d) Comprimento
Reprodução / Uerj, 2018.

b) Tempo e) Inverso de comprimento


c) Inverso de tempo

Disponível em: <keyword-suggestions.com>. (Adaptado.)

Tarefa proposta 13 a 32
Complementares
21. (Unirio-RJ) Em 1929, o astrônomo Edwin Hubble des- o tamanho da frente de choque da onda da explosão e t o
cobriu a expansão do Universo quando observou que tempo, conclui-se que a energia liberada pela onda tem sua
as galáxias se afastam de nós em grandes velocidades. dimensão dada por:
Os cientistas puderam chegar a essa conclusão analisando a) M2 L–1 T–1 d) M–1 L T
o espectro da luz emitida pelas galáxias, uma vez que ela b) M L2 T–2 e) M L T
apresenta desvios em relação às frequências que as galáxias 2 –1
c) M L T
teriam caso estivessem paradas em relação a nós. Portanto,
23. (Uece) Em um gás ideal, o produto da pressão pelo volume
a confirmação de que o Universo se expande está associada:
dividido pela temperatura tem, no Sistema Internacional,
a) à lei de Ohm. d) ao efeito Doppler.
unidade de medida de:
b) ao efeito estufa. e) à lei de Coulomb.
Pa N⋅m m3 Pa
c) ao efeito Joule. a) b) c) d) 2
K K K m
22. (UEFS-BA) As grandezas físicas são utilizadas para descrever 24. (ITA-SP) A força de gravitação entre dois corpos é
fenômenos ou propriedades de sistemas e são caracterizadas dada por:
por terem dimensões, e a análise dimensional é uma técnica m ⋅m
F=G⋅ 1 2 2
que permite entender quais são as combinações de gran- r
dezas físicas relevantes para determinado problema. Consi- A expressão da constante de gravitação G em função de
derando-se que a explosão de bombas atômicas libera uma M, L e T é, então:
C ρ R5 a) L3 M–1 T–2 d) L2 M–1 T–1
energia, na explosão, dada pela equação E = , sendo
t2 b) L3 M T–2 e) nenhuma
C uma constante adimensional: ρ, a densidade do ar; R, c) L M–1 T2

76 CAPÍTULO 4
Tarefa proposta
1. (Vunesp) De acordo com o modelo atômico atual, os 4. (Unioeste-PR) No fim de seus ciclos de vida, estrelas muito
prótons e os nêutrons não são mais considerados par- massivas podem sofrer um drástico desequilíbrio entre
tículas elementares. Eles seriam formados de três partí- suas forças internas, de natureza nuclear e gravitacio-
culas ainda menores, os quarks. Admite-se a existência nal, o que promove um colapso estelar. Esse fenômeno
de 12 quarks na natureza, mas só dois tipos formam origina as chamadas supernovas, que são violentas explo-
os prótons e os nêutrons, o quark up (u), de carga sões estelares. Nesse processo há liberação de energia da
elétrica positiva, igual em módulo a 23 do valor da ordem de 1 044 joules e ejeção de matéria na forma de
carga elétrica do elétron, e o quark down (d), de carga “ondas de choque” com velocidades de até 20 000 km/s.
elétrica negativa, igual em módulo a 13 do valor da Após a explosão, resta uma pequena estrela que é extre-
carga elétrica do elétron. A partir dessas informações, mamente densa, gira com grandes velocidades angulares
assinale a alternativa que apresenta corretamente a e emite intensa radiação eletromagnética pulsada, daí
composição do próton e do nêutron. sua denominação: pulsar. Sobre as supernovas é correto
Próton Nêutron afirmar que:
a) d – d – d u–u–u a) a energia total não se conserva, por causa da sua gran-
b) d – d – u u–u–d de libertação durante a explosão.
c) d – u – u u–d–d b) a “onda de choque” emitida transporta momentum,
mas não transporta energia.
d) u – u – u d–d–d
c) energia, momentum e carga elétrica totais são sempre
e) d – d – d d–d–d
conservados no referido evento.
2. (Ufla-MG) No modelo atômico atual, o nêutron tem a d) a energia total não se conserva, pois durante a explo-
composição (d, d, u), na qual (u) representa o quark up são há produção de quantidade de movimento.
e (d) representa o quark down. O quark up (u) tem carga e) a criação de carga elétrica total é a responsável pela
2
elétrica positiva e igual a do valor da carga elétrica do intensa emissão eletromagnética do pulsar.
3
elétron, em módulo. A alternativa que apresenta corre- 5. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.
tamente a carga elétrica do quark down (d) é: O LHC (large hadron collider), maior acelerador de par-
1 tículas do mundo, foi inaugurado em setembro de 2008,
a) carga positiva e igual a do valor da carga elétrica após 20 anos de intenso trabalho. Sua função é acelerar
3
do elétron. feixes de partículas, de tal forma que estes atinjam uma
2 velocidade estimada em cerca de 99,99% da velocidade
b) carga positiva e igual a do valor da carga elétrica
3 da luz. A colisão entre prótons será tão violenta que a ex-
do elétron. pectativa é de se obterem condições próximas àquelas que
1 existiram logo após o big-bang. A primeira missão desse
c) carga negativa e igual a do valor da carga elétrica
3 novo acelerador é estudar partículas indivisíveis (elemen-
do elétron.
tares) e as forças (interações) que agem sobre elas. Quanto
2
d) carga negativa e igual a do valor da carga elétrica às forças, há quatro delas no Universo:
3
do elétron. I. a ____, responsável por manter o núcleo atômico coeso;
e) carga nula. II. a ____, que age quando uma partícula se transforma
3. (Uerj) A partícula káon, eletricamente neutra, é consti- em outra;
tuída por duas partículas eletricamente carregadas: um III. a ____, que atua quando cargas elétricas estão envolvi-
quark d e um antiquarks . A carga do quark d é igual das. A quarta força é a ____ (a primeira conhecida pelo
1 ser humano).
a– do módulo da carga do elétron, e a carga do
3 BEDIAGA, I. LHC: o colosso criador e esmagador de matéria.
quark s tem mesmo módulo e sinal contrário ao da carga Ci•ncia Hoje, abr. 2008. (Adaptado.)

de um antiquarks. Ao quark s é atribuída uma proprie- No texto, foram omitidas as expressões correspondentes
dade denominada estranheza, a qual pode ser calculada às nomenclaturas das quatro forças fundamentais da
pela seguinte fórmula: natureza, de acordo com a teoria mais aceita no meio
1 científico hoje. Assinale a alternativa que apresenta, cor-
S = 2Q –
3 reta e respectivamente, os nomes dessas forças.
S: estranheza a) Força gravitacional; força nuclear fraca; força eletro-
Q: razão entre a carga do quark s e o módulo da carga magnética; força nuclear forte.
do elétron b) Força nuclear forte; força eletromagnética; força nu-
Assim, o valor da estranheza de um quark s é igual a: clear fraca; força gravitacional.
1 1 c) Força nuclear forte; força nuclear fraca; força eletro-
a) b) 1 c) – d) –1
3 3 magnética; força gravitacional.
FÍSICA

77
d) Força gravitacional; força nuclear forte; força eletro- Posição I
magnética; força nuclear fraca.
e) Força nuclear fraca; força gravitacional; força nuclear
Posição II
forte; força eletromagnética.
6. (UEL-PR) Considere um modelo simplificado da Via Láctea no 60°
qual toda a sua massa M, com exceção do sistema solar, está
concentrada em seu núcleo, enquanto o sistema solar, com Polo sul
massa m, está em movimento com velocidade de módulo celeste
v = 200 km/s em órbita circular de raio r = 26 ⋅ 103 anos-luz,
Sul
com relação ao núcleo galáctico.
Com base nessas informações e utilizando os dados, jul-
gue (V ou F) as afirmativas a seguir: a) duas horas antes
(Dados: G = 7 ⋅ 10–11 m3 ⋅ kg–1 ⋅ s–2; 1 ano-luz = 9,46 ⋅ 1015 m)
b) duas horas depois
I. No núcleo galáctico, existe um buraco negro super-
c) quatro horas antes
massivo.
d) quatro horas depois
II. Uma estimativa do número de estrelas na Via Láctea
e) seis horas depois
será da ordem de 1011 estrelas, se considerarmos que
todas as estrelas da Via Láctea possuem a mesma mas- 9. (Enem) “Casa que não entra sol, entra médico.” Esse
sa que o Sol e que a massa do sistema solar é aproxima- antigo ditado reforça a importância de, ao construirmos
damente igual à massa do Sol, m = 2 ⋅ 1030 kg. casas, darmos orientações adequadas aos dormitórios, de
forma a garantir o máximo conforto térmico e salubridade.
III. A massa da Via Láctea será aproximadamente 1,5 ⋅ 1041 kg
Assim, confrontando casas construídas em Lisboa (ao norte
se considerarmos que a massa do sistema solar é aproxi-
do trópico de Câncer) e em Curitiba (ao sul do trópico
madamente igual à massa do Sol, m = 2 ⋅ 1030 kg.
de Capricórnio), para garantir a necessária luz do Sol, as
IV. O módulo da velocidade orbital do sistema solar será janelas dos quartos não devem estar voltadas, respectiva-
de 720 000 km/h e, por causa dessa grande velocida- mente, para os pontos cardeais:
de, o sistema não é estável.
a) norte/sul
7. (UFPR) Em 1914, o astrônomo americano Vesto Slipher, b) sul/norte
analisando o espectro da luz de várias galáxias, constatou
c) leste/oeste
que a grande maioria delas estava se afastando da Via
d) oeste/leste
Láctea. Em 1931, o astrônomo Edwin Hubble, fazendo
um estudo mais detalhado, comprovou os resultados de e) oeste/oeste
Slipher e ainda chegou a uma relação entre a distância (x) 10. (OBA) Relacione as duas colunas:
e a velocidade de afastamento ou recessão (v) das galáxias Ciência que estuda
1 a Via Láctea
em relação à Via Láctea, isto é, x = H0–1 ⋅ v. Nessa relação, os astros.
conhecida com a lei de Hubble, H0 é determinado expe- Nome dado ao
rimentalmente e igual a 75 km/(s ⋅ Mpc). Com o auxílio 2 movimento da Terra em b Vinte e quatro
dessas informações e supondo uma velocidade constante torno do Sol.
para a recessão das galáxias, é possível calculara idade do Nome dado ao
Universo, isto é, o tempo transcorrido desde o big-bang 3 movimento da Terra em c Astronomia
(grande explosão) até hoje. Considerando 1pc = 3 ⋅ 1016 m, torno de si mesma.

assinale a alternativa correta para a idade do Universo Duração em horas do Distância percorrida pela
4 d
em horas. dia da Terra. luz num ano
a) 6,25 ⋅ 1017 Quantas estações do
5 e Equador
b) 3,75 ⋅ 1016 ano existem?

c) 2,40 ⋅ 1018 6 Ano-luz. f Telescópio


d) 6,66 ⋅ 1015
Galáxia na qual o
e) 1,11 ⋅ 1014 7 sistema solar se g Translação
8. (Fuvest-SP) Uma regra prática para orientação no hemis- encontra.
fério sul, em uma noite estrelada, consiste em identificar Círculo imaginário que
a constelação do Cruzeiro do Sul e prolongar três vezes e 8 separa os hemisférios h Oito
norte e sul.
meia o braço maior da cruz, obtendo-se assim o chamado
polo sul celeste, que indica a direção sul. Suponha que, em Instrumento usado pelos
9 i Rotação
astrônomos.
determinada hora da noite, a constelação seja observada
na posição I. Nessa mesma noite, a constelação foi/será Número de planetas do
10 j Quatro
sistema solar.
observada na posição II, cerca de:

78 CAPÍTULO 4
11. (UFRN) Recentemente, a humanidade conheceu a maior 13. (Uece) Considere um tanque cilíndrico contendo água até
máquina do mundo – o Grande Colisor de Hádrons, ou uma altura h, em metros. No fundo do tanque há uma
LHC (large hadron collider) –, que é o mais poderoso ace- torneira, através da qual passa um determinado volume
lerador de partículas construído até hoje. (em m3) de água a cada segundo, resultando em uma
vazão q (em m3/s). É possível escrever a altura em fun-
CERN

ção da vazão q através da equação h = Rq, a constante


de proporcionalidade R pode ser entendida como uma
resistência mecânica à passagem do fluido pela torneira.
Assim, a unidade de medida dessa resistência é:
a) s/m2 b) s/m3 c) m3/s d) m/s
14. (Fatec-SP) Sabe-se que a grandeza física potência pode ser
expressa como sendo a energia utilizada pela unidade de
tempo em um determinado sistema. Considerando como
Um modelo do Grande Colisor de Hádrons no centro de grandezas fundamentais o tempo (T), o comprimento (L) e
visitantes do CERN, em Genebra. a massa (M), podemos afirmar corretamente que a fórmula
Com o LHC, os cientistas procuram compreender a natu- dimensional da potência é:
reza do Universo, ao tentarem reproduzir, em um gigan- a) M ⋅ L ⋅ T d) M ⋅ L2 ⋅ T–2
tesco laboratório, a escala do fenômeno conhecido como b) M ⋅ L ⋅ T
2
e) M ⋅ L2 ⋅ T–3
big-bang. Nesse experimento, eles esperam encontrar, es- c) M ⋅ L2 ⋅ T2
pecificamente, uma partícula chamada bóson de Higgs, 15. (USF-SP) Define-se densidade média da corrente elétrica
que só existe na teoria do big-bang. Em relação a esse como sendo a grandeza que nos dá a corrente elétrica por
experimento, julgue (V ou F). unidade de área, dada em A/m2. Considere uma célula
I. A descoberta do bóson pode ser uma certeza absoluta nervosa com uma área total semelhante a um cubo de
de que a origem do Universo se deu tal qual explica a aresta 10–3 cm, na qual cerca de 106 íons de Na+ penetram
teoria do big-bang. Dessa forma, essa teoria passaria numa célula excitada em 1 ms (milissegundo). Sendo a
a ser uma realidade inquestionável. carga elétrica elementar igual a 1,6 ⋅ 10–19, determine
II. As observações dos cientistas são objetivas e indepen- a intensidade da densidade média da corrente elétrica
dentes das teorias que norteiam os experimentos. nesse caso.
III. Se os elétrons, os prótons e os fótons cumprem o 16. +Enem [H17] Ao resolver um problema de Física, um estu-
princípio da incerteza de Heisenberg, isso implica a m2
impossibilidade de se conhecerem com precisão, de dante encontra sua resposta expressa nas unidades: kg ⋅ .
s3
forma simultânea, a posição e a velocidade de cada Essas unidades representam:
uma dessas partículas. a) Força
12. (UFC-CE) No modelo do Universo em expansão, há um b) Energia
instante de tempo no passado em que toda a matéria e c) Potência
toda a radiação, que hoje constituem o Universo, estive- d) Pressão
ram espetacularmente concentradas, formando um estado
e) Quantidade de movimento
termodinâmico de altíssima temperatura (T → ∞), conheci-
do como big-bang. De acordo com o físico russo G. Gamov, 17. (Fuvest-SP) Um estudante está prestando vestibular e não
nesse estado inicial, a densidade de energia eletromagnética se lembra da fórmula correta que relaciona a velocidade v
(radiação) teria sido muito superior à densidade de matéria. de propagação do som com a pressão p e a massa específi-
Em consequência disso, a temperatura média do Univer- ca ρ (kg/m3) num gás. No entanto, ele se recorda de que a
so, (T), em um instante de tempo t após o big-bang sa- C ⋅ pβ
fórmula é do tipo vα = , em que C é uma constante
tisfaria a relação: ρ
2,1 ⋅ 109 adimensional. Analisando as dimensões (unidades) das
T=
t diferentes grandezas físicas, ele concluiu que os valores
sendo o tempo t medido em segundos (s) e a tempera- corretos dos expoentes α e β são:
tura T, em kelvins (K). a) α = 1 e β = 2 d) α = 2 e β = 2
Um ano equivale a 3,2 ⋅ 107 segundos e atualmente a b) α = 1 e β = 1 e) α = 3 e β = 2
temperatura média do Universo é (T) = 3,0 K. Assim, de c) α = 2 e β = 1
acordo com Gamov, podemos afirmar corretamente que 18. (Uece) Em um sistema massa-mola, a energia potencial
a idade aproximada do Universo é: é função do coeficiente elástico k e da deformação da
a) 700 bilhões de anos d) 1 bilhão de anos mola. Em termos de unidade de energia e comprimento,
b) 210 bilhões de anos e) 350 milhões de anos a unidade de medida de k é:
c) 15 bilhões de anos a) J/m2 b) J/m c) J ⋅ m d) J ⋅ m2
FÍSICA

79
19. (Unisc-RS) O trabalho físico de uma força qualquer é re- é uma constante, v é a velocidade da gota, e S, a área de
presentado por WF, a energia cinética por EC, a energia sua superfície. No sistema internacional de unidades (SI)
potencial por EP, a força de atrito por FAT e o potencial a constante α é:
elétrico por V. A unidade de cada uma dessas grandezas a) expressa em kg ⋅ m3. d) expressa em m3 ⋅ s–1.
físicas no sistema internacional é: b) expressa em kg ⋅ m–3. e) adimensional.
I. FAT = [N] IV. EC = [J/C] c) expressa em m3 ⋅ s ⋅ kg–1.
II. EP = [C/J] V. WF = [J]
25. (IFSP) A grandeza física energia pode ser representada de
III. V = [C] várias formas e com a utilização de outras diferentes grande-
Podemos afirmar que as unidades corretas no sistema in- zas físicas. A composição destas outras grandezas físicas nos
ternacional são apenas: define o que alguns chamam de formulação matemática.
a) I e II d) IV e V Dentre elas, destacamos três:
b) II e III e) V e I
K ⋅ x2 m ⋅ v2
c) III e IV • E=m⋅g⋅h • E= • E=
2 2
20. (UEG-GO) Uma pessoa utiliza um ferro elétrico de 1 000 W Considerando o Sistema Internacional de Unidades, po-
de potência, seis dias por semana, 30 min por dia. Qual será demos representar energia como:
sua economia aproximada, em porcentagem, por semana, se
a) kg ⋅ m ⋅ s–1 d) kg ⋅ m2 ⋅ s2
passar a utilizar o ferro por 2 h e apenas um dia na semana?
b) kg ⋅ m2 ⋅ s1 e) kg ⋅ m2 ⋅ s–2
a) 22 b) 33 c) 44 d) 55 e) 66
c) kg ⋅ m ⋅ s
–2 –2
21. (Uece) A potência elétrica dissipada em um resistor ôhmico
pode ser dada pelo produto da tensão aplicada pela corren- 26. (FMP-RJ) Atua sobre um objeto uma força resultante cons-
te percorrida no elemento resistivo. Em termos de unidades tante, conferindo-lhe uma posição, em função do tempo,
fundamentais do SI, a potência é dada em unidades de: t3
a) kg ⋅ m1 ⋅ s–2 dada por y (t) = b ⋅ .
2
b) kg ⋅ m–2 ⋅ s3 Sabendo-se que o tempo é dado em segundos, e a po-
c) kg ⋅ m2 ⋅ s–3 sição, em metros, a constante b tem no SI a dimensão:
d) kg ⋅ m2 ⋅ s3 a) 1/s3 b) m/s c) m/s2 d) m/s3 e) s3
22. (Acafe-SC) No Sistema Internacional de Unidades (SI), as 27. (FGV-SP) A força de resistência do ar é um fator relevante
grandezas fundamentais da Mecânica e suas respectivas no estudo das quedas dos corpos sob ação exclusiva da
unidades são: massa em quilograma, comprimento em gravidade. Para velocidades relativamente baixas, da or-
metro e tempo em segundo. dem de metros por segundo, ela depende diretamente da
A alternativa correta que indica a unidade da grandeza velocidade (v) de queda do corpo e da área efetiva (A) de
potência em função dessas unidades é: contato entre o corpo e o ar. Sua expressão, então, é dada
a) quilograma vezes metro dividido por segundo. por Far = K ⋅ A ⋅ v, na qual K é uma constante que depen-
b) quilograma vezes metro dividido por segundo ao de apenas da forma do corpo. Em função das grandezas
quadrado. primitivas da mecânica (massa, comprimento e tempo), a
c) quilograma vezes metro ao quadrado dividido por se- unidade de K, no SI, é:
gundo ao cubo. a) kg ⋅ m–1 ⋅ s–1 d) kg ⋅ m ⋅ s–2
d) quilograma vezes metro ao quadrado dividido por se- b) kg ⋅ m ⋅ s
–2 –1
e) kg ⋅ m2 ⋅ s–2
gundo ao quadrado. c) kg ⋅ m ⋅ s –1

23. (UPM-SP) Considerando as grandezas físicas A e B, de 28. (Vunesp) O fluxo (Φ) representa o volume de sangue que
dimensões respectivamente iguais a M ⋅ L ⋅ T–2 e L2, em atravessa uma sessão transversal de um vaso sanguíneo
que M é dimensão de massa, L é dimensão de compri- em um determinado intervalo de tempo. Esse fluxo pode
mento e T, de tempo, a grandeza definida por A ⋅ B–1 tem ser calculado pela razão entre a diferença de pressão do
dimensão de: sangue nas duas extremidades do vaso (P1 e P2), também
a) pressão chamada de gradiente de pressão, e a resistência vascular (R),
b) quantidade de movimento que é a medida da dificuldade de escoamento do fluxo san-
c) força guíneo, decorrente, principalmente, da viscosidade do sangue
ao longo do vaso. A figura ilustra o fenômeno descrito.
d) energia
Reprodução / Vunesp, 2013.

e) potência
24. (Fuvest-SP) Uma gota de chuva se forma no alto de uma
nuvem espessa. À medida que vai caindo dentro da nuvem,
a massa da gota vai aumentando, e o incremento de massa
∆m, em um pequeno intervalo de tempo ∆t, pode ser
aproximado pela expressão: ∆m = α ⋅ v ⋅ S ⋅ ∆t, em que α HALL, John E; GUYTON, Arthur C. Tratado de fisiologia médica, 2011. (Adaptado.)

80 CAPÍTULO 4
Assim, o fluxo sanguíneo Φ pode ser calculado pela se- 31. (UFU-MG) A intensidade física (I) do som é a razão entre a
guinte fórmula, chamada de lei de Ohm: quantidade de energia (E) que atravessa uma unidade de
(P – P2 ) área (S) perpendicular à direção de propagação do som,
Φ= 1
R na unidade de tempo (∆t) , ou seja,
Considerando a expressão dada, a unidade de medida da E
resistência vascular (R), no Sistema Internacional de Uni- I=
S ⋅ ∆t
dades, está corretamente indicada na alternativa:
kg ⋅ s kg No Sistema Internacional (SI) de unidades, a unidade
a) d) 4 de I é:
m5 m ⋅s
W
kg ⋅ m4 kg2 ⋅ m5 a)
b) e) s
s s2
b) dB
kg ⋅ s2
c) c) Hz
m
W
29. (UEPG-PR) Assinale o que for correto. d)
m2
(01) Se X é medido em quilogramas, Y é medido em me-
32. (Enem) O quadro apresenta o consumo médio urbano de
tros por segundo e Z é medido em metros, a unida-
veículos do mesmo porte que utilizam diferentes combus-
kg ⋅ m2
de para a quantidade XY2Z–1 é . tíveis e seus respectivos preços. No caso do carro elétrico,
s
o consumo está especificado em termos da distância per-
(02) Se X é medido em newtons e Y é medido em kg/m,
1 corrida em função da quantidade de energia elétrica gasta
a unidade para   é m/s.
X 2 para carregar suas baterias.
 Y
Consumo na
(04) Se X é medido em quilogramas, Y é medido em me- Combustível Preço* (R$)
cidade
tros por segundo e Z é medido em metros, a unida-
Eletricidade 6 km/kWh 0,40/kWh
kg ⋅ m
de para a quantidade XY2Z–1 é .
s2 Gasolina 13 km/L 2,70/L
(08) Para um gráfico que apresenta uma quantidade que
Diesel 12 km/L 2,10/L
é medida em newtons no eixo y, e uma quantidade
que é medida em metros no eixo x, a inclinação de Etanol 9 km/L 2,10/L
uma reta está associada às unidades de N ⋅ m.
Gás natural 13 km/m3 1,60/m3
30. (Efomm-RJ) Observando um fenômeno físico, Tamires, uma
* Valores aferidos em agosto de 2012.
pesquisadora da NASA, verificou que determinada grandeza
era diretamente proporcional ao produto de uma força por Considerando somente as informações contidas no qua-
uma velocidade e inversamente proporcional ao produto do dro, o combustível que apresenta o maior custo por qui-
quadrado de um peso pelo cubo de uma aceleração. Saben- lômetro rodado é o(a):
do-se que a constante de proporcionalidade é adimensional, a) diesel
a expressão dimensional da referida grandeza é: b) etanol
a) [L]–4 [M]–2 [T]5 d) [L]–5 [M]–3 [T]6 c) gasolina
–2 –1 3
b) [L] [M] [T] e) [L]–3 [M]–1 [T]7 d) eletricidade
c) [L]–1 [M]–3 [T]7 e) gás natural

Vá em frente
Leia
Gleiser, M. A dan•a do Universo: dos mitos de cria•‹o ao big-bang. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Neste livro, Marcelo Gleiser mostra em linguagem clara versões de diversas culturas para o mistério da criação, até de-
sembocar na explicação da ciência moderna para o surgimento do Universo.

Autoavaliação:
V‡ atŽ a p‡gina 87 e avalie seu desempenho neste cap’tulo.
FÍSICA

81
Gabaritoo
Capítulo 1 Capítulo 2 10. e
11. Z = 101 e A = 255
Complementares Complementares 12. a 13. a
9. a 9. a) 5 ⋅ 10–19 J 14. F – V – V – F
10. a) 3 · 107 m/s b) 10–2 J 15. c 17. d 19. c 21. b
b) 12,5 minutos c) 2 ⋅ 1016 16. e 18. e 20. d
11. 20 meses 10. Quando aumentada a intensidade 22. a
12. b da luz amarela, nada ocorre. 23. Soma = 56 (08 + 16 + 32)
21. Soma = 6 (02 + 04) 11. d 24. c
22. e 23. c 24. b 12. n1 = 7; n2 = 8; n3 = 10 e f0 = 60 THz 25. c
21. I-e; II-d; III-c 26. c
Tarefa proposta
22. d 27. a
1. a) 1 ⋅ 10–7 s
23. a 28. b
b) c = 3 · 108 m/s. 24. d 29. c
2. d 4. a 6. d 30. d
3. d 5. b Tarefa proposta
31. a
7. 6,45 anos 1. Cada fóton emitido pelo infraver- 32. V – V – V
8. 4,84 anos melho não tem energia suficiente
9. Diminui a duração da viagem para para sensibilizar nossa visão. Capítulo 4
ambos. 2. c 3. c 4. c
Complementares
10. 240 L 5. Soma = 29 (01 + 04 + 08 + 16)
9. c
11. d 6. b
10. V – V – F – V
12. Soma = 13 (01 + 04 + 08) 7. Soma = 23 (01 + 02 + 04 + 16)
11. e 21. d 23. b
13. a 8. V – F – V – F
12. c 22. b 24. a
14. c 9. a 12. a 15. e 18. d
15. e 10. e 13. e 16. b Tarefa proposta
16. e 11. a 14. a 17. e 1. c 3. d 5. c
17. b 19. 3 fótons 2. c 4. c
18. a) Invariância das leis da Física e 20. c 21. b 6. F – V – V – F
da velocidade da luz em todos 22. a) 5 ⋅ 10–7m 7. e
os referenciais inerciais. b) 30 J 8. d
b) 50 anos c) 10 s 9. a
c) 40 anos d) 8,3 ⋅ 1019 fótons 10. 1-C; 2-G; 3-I; 4-B; 5-J; 6-D; 7-A;
d) 12 anos-luz 23. b 25. a 27. d 29. c 8-E; 9-F; 10-H.
19. e 24. b 26. e 28. b 30. c 11. F – F – V
20. a) 5. 104 V 31. 11 · 10–12 32. b 12. c 13. a 14. e
b) 5/13 15. 1,6 A/m2
Capítulo 3
21. d 16. c
22. a Complementares 17. c
23. a 9. c 18. a
24. 0,8c 10. b 19. e
25. a 11. a 20. b
26. b 27. a 12. e 21. c
28. a) 1,2 ⋅ 1025 m 21. e 22. c
b) 4 ⋅ 1031 kg 22. c 23. a
d0 23. F – V – V – V – V 24. b
29. 25. e
2 2 24. c
 v  26. d
1 –    Tarefa proposta
  c  27. b

30. 6,75 ⋅ 1018 J 1. b 3. b 5. e 7. b 28. d
31. As pessoas que estão em pé ou senta- 2. e 4. d 6. b 8. a 29. Soma = 6 (02 + 04)
das ficarão mais magras e as pessoas 9. a) 3,6 ⋅ 1014 J 30. e
deitadas ficarão menores. b) 4 g 31. d
32. v = c c) 5 kg 32. b

82
1-2 REVISÃO
Nome: Data:
Escola: Turma:

Física – Física moderna


Capítulo 1 – Teoria da relatividade restrita
Capítulo 2 – F’sica qu‰ntica

H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas
ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
1. (UEG-GO) Os cientistas do mundo todo se uniram para construir o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor
de Hádrons (Large Hadron Collider). Supondo que dois prótons provenientes deste acelerador de partículas se aproximem
frontalmente, cada um com velocidade 0,9c, onde c é a velocidade da luz no vácuo, encontre:
a) o módulo da velocidade relativa de aproximação dos dois prótons;

b) a massa relativística dos prótons acelerados em termos da sua massa de repouso.

83
H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas
ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
2. Durante o século XIX, os cientistas descobriram que o gás hidrogênio, quando atravessado por uma corrente elétrica, emitia
luz com determinados valores de comprimento de onda específicos, como mostra a figura.
410 434 486 656 λ (nm)

(A) (B) (C) (D)

+ –
Gás hidrogênio

Esse fato contradizia as previsões da Física clássica, que se apoiava na Mecânica newtoniana e no Eletromagnetismo de
Maxwell. Uma explicação satisfatória para esse fenômeno foi dada por Niels Bohr por meio de seu modelo quantizado do
átomo de hidrogênio. Segundo ele, o átomo poderia ter apenas níveis discretos de energia En, dados por:
–13, 6(eV)
En =
n2
em que n = 1, 2, 3, …. Bohr afirmou ainda que, quando o átomo sofria uma transição de um nível de maior energia Ei para
outro de menor energia Ef, ele emitia um fóton de luz, cujo comprimento de onda λ é dado por:
12, 4 ⋅ 10–7
λ= (eV ⋅ m)
Ei – Ef
Com isso, determine qual das linhas espectrais (A), (B), (C) ou (D) indicadas na figura dada corresponde a uma transição do
átomo de hidrogênio do nível ni = 3 para nf = 2.

13, 6
22
13, 6
32

12, 4 ⋅ 10 –7 12, 4 ⋅ 10 –7
–1, 51 – (–3, 4) 1, 89

84
3-4 REVISÃO
Nome: Data:
Escola: Turma:

Física – Física moderna


Capítulo 3 – Física nuclear
Capítulo 4 – Partículas elementares e Cosmologia

H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas
ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
1. (UFRGS-RS) Os seres, quando vivos, possuem aproximadamente a mesma fração de carbono –14 (14C), isótopo radioativo
do carbono, que a atmosfera. Essa fração, que é de 10 ppb (isto é, 10 átomos de 14C para cada bilhão de átomos de C),
decai com meia-vida de 5 730 anos, a partir do instante em que o organismo morre. Assim, o 14C pode ser usado para se
estimar o tempo decorrido desde a morte do organismo.
Aplicando essa técnica a um objeto de madeira achado em um sítio arqueológico, a concentração de 14C nele encontrada
foi de 0,625 ppb. Esse valor indica que a idade aproximada do objeto é, em anos, de:
a) 1 432 d) 15 280
b) 3 581 e) 22 920
c) 9 168

4t 1
2
→

85
H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas
ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
2. Muitas vezes, os físicos conseguem determinar uma equação analisando apenas as unidades das grandezas envolvidas.
Essa técnica é chamada de análise dimensional. Por exemplo, sabe-se que a velocidade v de um pulso transversal em uma
corda esticada depende somente da força de tração F nela exercida e de sua densidade linear µ (massa por comprimento).
Podemos, portanto, escrever v = F x ⋅ µy, sendo x e y expoentes desconhecidos. Descobrindo-se esses expoentes, pode-se
então escrever a equação que relaciona v, F e µ. Determine essa equação.
m
L
[L]
[T ]
[M ] ⋅ [L]
[T ]2
[M ]
[L]

x + y = 0

x – y = 1

1 1
2 2

1 1
1 1
− F2 F 2 F
F2 µ 2
1  µ  µ
µ2

86
Autoavaliação
Avalie seu desempenho no estudo dos capítulos deste caderno por meio da escala sugerida a seguir.

Escala de desempenho
Atribua uma pontuação ao seu desempenho em cada um dos objetivos apresentados, segundo a escala:
4 para excelente, 3 para bom, 2 para razoável e 1 para ruim.

Teoria da relatividade restrita


4 3 2 1 Consegue compreender os postulados da teoria da relatividade restrita?
4 3 2 1 Compreende a dilatação temporal?
4 3 2 1 Consegue fazer a relação entre massa e energia?
Física quântica
4 3 2 1 Compreende o significado de quantum de energia e do fóton e o efeito fotoelétrico?
4 3 2 1 Consegue diferenciar as características dos diversos modelos atômicos?
4 3 2 1 Consegue compreender o caráter dual da luz?
Física nuclear
4 3 2 1 Compreende que radioatividade é uma característica natural de alguns elementos?
4 3 2 1 Consegue diferenciar os fenômenos da fissão e fusão nuclear?
4 3 2 1 Compreende a importância da energia nuclear para a geração de energia elétrica e os
perigos dos resíduos nucleares resultantes do processo de fissão em usinas nucleares?
Partículas elementares e Cosmologia
4 3 2 1 Compreende que além das partículas elementares existe um universo de outras partículas?
4 3 2 1 Entende o conceito de modelo padrão?
4 3 2 1 Consegue fazer a análise dimensional de boa parte das grandezas físicas mais conhecidas?

Agora, somando todos os pontos atribuídos, verifique seu desempenho geral no caderno e a
recomendação feita a você.
Entre 48 e 36 pontos, seu desempenho é satisfatório. Se julgar necessário, reveja alguns
conteúdos para reforçar o aprendizado.
Entre 35 e 25 pontos, seu desempenho é aceitável, porém você precisa rever conteúdos
cujos objetivos tenham sido pontuados com 2 ou 1.
Entre 24 e 12 pontos, seu desempenho é insatisfatório. É recomendável solicitar a ajuda do
professor ou dos colegas para rever conteúdos essenciais.
Procure refletir sobre o próprio desempenho. Somente assim você conseguirá identificar seus erros e corrigi-los.
FÍSICA

87
Conclus‹o
Revise seu trabalho com este caderno. Com base na
Direção geral: Guilherme Luz
autoavaliação, anote abaixo suas conclusões: aquilo Direção editorial: Luiz Tonolli e Renata Mascarenhas
que aprendeu e pontos em que precisa melhorar. Gestão de projetos editoriais: João Carlos Puglisi (ger.), Renato Tresolavy,
Thaís Ginícolo Cabral, João Pinhata
Edição e diagramação: Texto e Forma
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Planejamento e controle de produção: Paula Godo, Adjane Oliveira
e Mayara Crivari
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Kátia Scaff Marques (coord.),
Rosângela Muricy (coord.), Ana Paula C. Malfa, Brenda T. de Medeiros Morais,
Carlos Eduardo Sigrist, Célia Carvalho, Celina I. Fugyama,
Gabriela M. de Andrade e Texto e Forma
Arte: Daniela Amaral (ger.), Catherine Saori Ishihara (coord.),
Daniel de Paula Elias (edição de arte)
Iconografia: Sílvio Kligin (ger.), Denise Durand Kremer (coord.),
Monica de Souza/Tempo Composto (pesquisa iconográfica)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Thiago Fontana (coord.),
Tempo Composto – Monica de Souza, Catherine Bonesso, Maria Favoretto e
Tamara Queiróz (licenciamento de textos), Erika Ramires, Luciana Pedrosa Bierbauer
e Claudia Rodrigues (analistas adm.)
Tratamento de imagem: Cesar Wolf e Fernanda Crevin
Ilustrações: Flávio Ribeiro e Mouses Sagiorato
Cartografia: Eric Fuzii (coord.), Mouses Sagiorato (edit. arte),
Ericson Guilherme Luciano
Design: Gláucia Correa Koller (ger.), Aurélio Camilo (proj. gráfico)

Todos os direitos reservados por SOMOS Sistemas de Ensino S.A.


Rua Gibraltar, 368 – Santo Amaro
São Paulo – SP – CEP 04755-070
Tel.: 3273-6000
© SOMOS Sistemas de Ensino S.A.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ético Sistema de Ensino : ensino médio : livre :


física : cadernos 1 a 12 : aluno / obra coletiva :
responsável Renato Luiz Tresolavy. -- 1. ed. --
São Paulo : Saraiva, 2019.

Bibliografia.

1. Física (Ensino médio) I. Tresolavy, Renato


Luiz.

18-12934 CDD-530.7

Índices para catálogo sistemático:


1. Física : Ensino médio 530.7

2019
ISBN 978 85 5716 370 6 (AL)
Código da obra 2150728
1a edição
1a impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

629281

88

Você também pode gostar