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Cap.

4 – Oscilações forçadas e amortecidas

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
PROF. MIGUEL ARCANJO COSTA
DISCIPLINA: FÍSICA II

Capítulo 4 – Oscilações Forçadas e Amortecidas

4.1. O movimento harmônico amortecido


Sabemos que na natureza, no mundo real, as forças de atrito estão presentes e dissipam
energia do sistema. O movimento harmônico pode ser amortecido devido à resistência do ar,
ao atrito em suportes e etc. A resistência de um fluido, como o ar, ao deslocamento de um
corpo é proporcional à velocidade, para velocidades suficientemente pequenas.

4.2. Equação do movimento harmônico amortecido


Quando temos uma partícula submetida à ação de uma força restauradora elástica e ao
atrito
dx
F=−kx−b , (4.1)
dt
dx
em que é a velocidade da partícula, b é uma constante positiva que depende das
dt
propriedades do fluido onde a massa está se movendo (o ar, por exemplo) e o sinal negativo
indica que a força de atrito está no sentido contrário ao do movimento.
Nós podemos, agora, da mesma forma que fizemos ao estudar o MHS, aplicar a segunda
Lei de Newton ao nosso sistema, ou seja,
dx d²x
−kx−b =M , (4.2)
dt dt ²
d² x
onde M e a massa da partícula e sua aceleração.
dt ²

Passando todos os termos para o mesmo lado da equação acima e dividindo por M,
temos a equação diferencial do oscilador harmônico amortecido

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

d² x dx
+ γ +ω20 x=0, (4.3)
dt ² dt
onde temos definido novas constantes:

ω0 =
√ k
M
e γ=
b
M
. (4.4)

Você deve se lembrar de que no MHS a solução x (t) é proporcional à sua derivada
segunda. No caso do movimento harmônico amortecido, você pode notar, observando a
equação anterior, que a solução x (t) é proporcional a sua derivada segunda (como no
MHS) e também é proporcional a sua derivada primeira.
Quais são as funções que são proporcionais às suas derivadas e às suas derivadas
segundas? São as funções exponenciais. Podemos, então, encontrar a solução para a
Equação (4.3) usando o mesmo método utilizado para o oscilador harmônico simples.
Vamos usar como palpite a função complexa
z (t)=e pt (4.5)
na qual p é uma constante que nós queremos encontrar. Se z (t) tem a forma anterior,
então sua derivada e sua derivada segunda com relação ao tempo são dadas por
dz (t) d ² z (t )
= p e pt e = p ² e pt (4.6)
dt dt ²

Substituindo as relações (4.5) e (4.6) na equação (4.3), temos


p ²+ γ p+ω20 =0. (4.7)
A Equação (4.7) é a equação diferencial característica (algébrica) para o movimento
harmônico amortecido. Ela é uma equação de segundo grau em p e tem como raízes:

γ
p=− ±
2
γ2
4
−ω20 .
√ (4.8)

Ao analisar essas raízes, observamos grupos, dependendo da relação entre γ e ω0 .


γ γ
Se < ω0 , o amortecimento é chamado subcrítico, quando > ω0 , o amortecimento é
2 2
γ
supercrítico, e para =ω0 , temos o amortecimento crítico. Vamos estudar cada um
2
desses casos separadamente.

2
Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

γ
(a) Amortecimento subcrítico: <ω0
2

O primeiro caso que vamos estudar e o amortecimento subcrítico. Olhando para


γ
Equação (4.8), vemos que quando < ω0 aparece a raiz quadrada de um número negativo.
2
Nesse caso, podemos reescrever a Equação (4.8) como
γ
p=− ±iω , (4.9)
2

na qual ω é dado por:


ω= ω20−
γ2
4
. (4.10)

Encontramos, dessa forma, as duas raízes de nossa equação característica e podemos


escrever a posição em função do tempo como combinação linear das duas soluções
particulares,
z (t)=C 1 e p t +C 2 e p t
1 2
(4.11)
onde C1 e C2 são duas constantes que a princípio podem ser complexas e dependem das
condições iniciais do sistema, por exemplo, da posição inicial x 0 e da velocidade inicial
v 0 , e p1 e p2 são as raízes com os sinais positivo e negativo, dados pela Equação
(4.64):
γ
− t
z (t)=e 2
[C 1 e i ωt +C2 e−i ω t ],

ou
γ
− t
2
x(t )=x m e cos(ω t +ϕ), (4.12)

onde temos definido novas constantes, x m e ϕ :

xm i ϕ x m −i ϕ
C1 = e e C2 = e (4.13)
2 2

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

A Figura acima mostra um gráfico da posição como função do tempo para um oscilador
subamortecido. A linha contínua é a representação gráfica da Equação (4.12), onde, por
simplicidade, tomamos ϕ=0. O que se pode aprender analisando este gráfico? Em
primeiro lugar, vemos que o movimento é oscilatório, a posição passa por valores negativos
e positivos alternadamente, de forma semelhante ao movimento harmônico simples não
amortecido, que estudamos anteriormente. O que está acontecendo de diferente neste caso?

A frequência de oscilação é diferente: ela é ω0 =


k e,
M √ √
ω= ω20−
γ2
4
no caso d

amortecimento subcrítico, ou seja, ω<ω 0 . Com isso, o período T do movimento


amortecido subcrítico é sempre maior que T 0 , do movimento na ausência de
amortecimento. Mas esta não é a única diferença, não é mesmo?
Você pode observar que, quando há amortecimento, a amplitude da oscilação diminui com o
γ
− t
tempo. Quando o amortecimento é fraco, o fator x m e 2 varia lentamente com o tempo.
Podemos reescrever (de novo!!) a solução do oscilador harmônico subamortecido:

x (t)= A (t)cos( ω t+ϕ) (4.13)

Temos uma amplitude dependente do tempo, A (t ), multiplicando um termo oscilante,

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

cos (ω t+ϕ) . No caso do oscilador não-amortecido, tínhamos uma solução semelhante, na


qual a amplitude era constante e igual a x m . Agora, comparando a equação anterior com a
γ
− t
Equação (4.56), vemos que A (t )=x m e 2 . A amplitude cai exponencialmente com o tempo.
Este decaimento pode ser observado na Figura acima, na qual as curvas tracejadas
γ
− t
(±xm e 2
) representam a envoltória das oscilações.

γ
(b) Amortecimento supercrítico: >ω
2 0

O que acontece quando aparece na Equação (4.8) será a de um número positivo. Nós
temos, então, duas soluções reais que podemos escrever

γ
p1=− +
2 4√
γ2
−ω20 e
γ
p2=− −
2
γ2
4 √
−ω 20 . (4.14)

A variação da posição em função do tempo para o amortecimento super crítico é


γ
− t
2
x(t )=e (C1 eβt +C 2 e−βt ) (4.15)

onde

β=
√ γ2
4
−ω20 . (4.16)

que verificamos ser (β<γ /2) , de modo que as exponenciais da equação (4.15) são
decrescentes e C1 e C2 são constantes, a serem determinadas a partir das condições
γ
iniciais. O que esta solução nos diz? Quando o amortecimento é grande, ou seja, >ω a
2 0
solução não é mais oscilante, ela é a combinação linear de duas soluções que decaem
exponencialmente com o tempo!

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

γ
(c) Amortecimento crítico: =ω
2 0

γ
Dizemos que o amortecimento é crítico quando =ω . Neste caso, a equação característica
2 0
(4.8), fornece apenas uma raiz:
γ
p=− (4.17)
2
Como a Equação (4.5) é de segunda ordem, sua solução deve depender de duas constantes
arbitrárias. Até agora encontramos apenas uma solução. Como conseguir a segunda?

Para β=
√ γ2
4
−ω20 >0, a combinação linear

γ
− t
eβt −e−β t
x 1(t )=e2
( ) (4.18)

é solução. Para β→0, o fator entre parêntesis tende a


eβt −e−βt d βt
lim ( )=[ (e )] =t , (4.19)
β→ 0 2β dβ β=0

de modo que
γ
− t
x 1(t)=t e 2
(4.20)
Isto pode ser comprovado por substituição direta verificado na equação diferencial (4.2).
Assim, temos como solução geral para o amortecimento crítico:
γ
− t
2
x(t )=(C 1+C 2 t )e . (4.21)

Esta solução decai mais rapidamente, para tempos grandes, que a equação (4.15), onde
o termo, como vimos, reduz o decaimento. A Figura abaixo, que compara as soluções dos
três tipos para as mesmas condições iniciais, mostra que a solução com amortecimento
crítico é aquela que retorna ao equilíbrio rapidamente. Por isto, este tipo de amortecimento é
utilizado quando desejamos amortecer o movimento o mais rápido possível, como acontece
em galvanômetros ou balanças de precisão para tornar mais rápida a leitura do instrumento e
também nos amortecedores de automóveis.

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

Exemplo 4.1: O gráfico ao lado representa a equação


horária x (t) de um oscilador, para um sistema que é
composto por um bloco de massa m=1,0 kg preso a
uma mola de constante elástica k que está na
posição vertical. Este sistema está imerso em um
líquido viscoso com coeficiente de resistência
b=0,4 Ns/m e cuja força de resistência é
proporcional à velocidade do corpo que se movimenta
em seu interior. Dado que a velocidade inicial do
bloco é v 0 =−2,0 m/ s , responda sempre levando em
consideração o intervalo de tempo mostrado no
gráfico:

(a) Dado o movimento do bloco no sistema descrito acima, qual a equação horária que
descreve este sistema? Inclua os valores explícitos de suas constantes.
(b) Determine a frequência natural ω0 e a constante elástica da mola k .

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

(c) Qual a velocidade do bloco no instante t=3,0 s ?


(d) Suponha agora que este mesmo sistema seja retirado do líquido viscoso e passe a oscilar
num meio sem resistência. Neste novo regime, o deslocamento máximo é x máx=10 m e a
constante de fase é nula. Qual será a nova equação horária do sistema?
Solução:
2π 2π
(a) A partir do gráfico temos: T =2,0 s ; ω= = =π rad /s ; x (t=0)=10 m=x m cos( ϕ)
T 2
b 0,4
O parâmetro γ= = −1
=0,4 s .
m 1,0

Então, temos a equação:


γ
− t
x (t)=x m e 2
cos(ω t +ϕ)=x m e−0,2t cos(π t+ ϕ) .

dx (t)
v ( t)= =x m e−0,2t [−0,2 cos( π t+ ϕ)−ω sen (π t +ϕ)]
dt

v (0)=−2=−0,2 x m cos (ϕ)−π x m sen (ϕ) , sabemos também que x m cos (ϕ)=10 m .

Então, temos: −2=−0,2 x 10−π x m sen(ϕ)⇒π x m sen (ϕ)=0 . Assim, ϕ=0 e x m=10 m.
Finalmente, temos a equação:
−0,2 t
x (t)=10 e cos(ω t).

γ 2 γ 2
(b) ω2=ω20−( ) ⇒ ω20=ω2 +( ) =π2 +(0,2)² ⇒ ω0= √ π2+(0,2)² rad /s .
2 2

ω0 =
√ k
m
⇒ k=m ω20=1,0 √ π2+(0,2)2 kg/s ² .

(c) v (t)=10 e−0,2 t [−0,2 cos (π t +ϕ)−ω sen(π t+ϕ)] ⇒ v (3,0 s)=10 e−0,6 ( 0,2)=1,1 m/ s .

(d) O fator de amortecimento (γ=0) é nulo e, temos:

x(t )=10 cos(ω0 t )=10.cos ( √ π 2+(0,2)2 t).

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

Exemplo 4.2: O gráfico de x (t), mostrado na


figura ao lado, representa a equação horária de um
oscilador criticamente amortecido, para um sistema
composto de um corpo de massa m=1,0 kg preso a
uma mola de constante elástica k e imerso em um
líquido viscoso, de coeficiente de resistência viscosa
ρ.

(a) Em que instante de tempo a velocidade do corpo será nula, no intervalo de tempo
mostrado no gráfico?
(b) A equação horária x (t) pode ser escrita como
γ
− t
2
x (t)=e (a+bt) .

Determine os valores de a e b da equação.


(c) Determine a constante de decaimento γ e a constante elástica da mola k .
(d) Determine o valor da velocidade inicial do oscilador.

Solução:
dx
(a) v ( t)=0 quando =0. Observando o gráfico temos:
dt

t=3,0 s .

(b) Para t=0 temos que x (0)=0,5 . Da equação horária temos:


1
x (0)=a ⇒ a= m.
2

Para t=1,0 s temos que x (1,0 s)=0 . Da equação horária temos:


−0,5 1
x (1,0 s)=0=e (0,5+ b)⇒ b=− m/s .
2

(c) Para determinar γ e k é necessário calcular a derivada de x (t) .


γ γ γ
dx (t) γ − t 1 1 − t − t γ 1 1 1
=− e 2 ( − t)+e 2 (−0,5)=e 2 [− ( − t)− ]
dt 2 2 2 2 2 2 2

Usando agora que

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

γ
dx − t γ 1 3 1
(3,0 s)=0 ⇒ e 2 [− ( − )− ]=0 ⇒ γ=1,0 s−1 .
dt 2 2 2 2

Da definição do amortecimento crítico:


γ
2
=ω0 =
√k
m
⇒ k=m ω20=1,0×(0,5)2=0,25 N /m .

dx
(d) Velocidade inicial é dada por (0)
dt
dx 0 γ 1 1 1 1 1 1 1 dx 3
(0)=e [− ( −0)− ]=− ( )− =− − ⇒ (0)=− m/ s .
dt 2 2 2 2 2 2 4 2 dt 4

4.4. Oscilações forçadas e ressonância

Até agora, estudamos apenas oscilações livres, ou seja, aquelas nas quais, após
fornecermos uma energia inicial (por meio de uma distensão inicial da mola ou de uma
velocidade inicial, por exemplo), deixamos o sistema oscilar livremente. Nesse caso, atuam
sobre o sistema apenas a força restauradora e, possivelmente, alguma força dissipativa. O
que acontecerá se outras forças,
também periódicas, atuarem sobre o
sistema?
Você sabe que quando uma
criança senta em um balanço e sua
mãe a empurra, o balanço oscila
algumas vezes, e a amplitude vai
diminuindo até que o balanço pare.
Nós podemos entender isso
lembrando da aula anterior, quando
estudamos oscilações amortecidas
(pelo tipo de movimento, você diria
que o amortecimento é crítico, super crítico ou subcrítico?). Mas nenhuma criança senta em
um balanço e fica satisfeita com um único impulso, não é mesmo? Ao empurrar a criança
repetidas vezes, a mãe dá impulsos periódicos: ela aplica uma força externa periódica sobre
o oscilador. Este é apenas um exemplo, entre tantos outros, de oscilações forçadas.
Fenômenos tão diferentes quanto as oscilações do tímpano de nossos ouvidos sob a ação de

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

ondas sonoras, e as oscilações de elétrons sob a ação de campos eletromagnéticos são,


também, oscilações forçadas.

Equação do movimento harmônico forçado

Vamos agora encontrar a equação do movimento harmônico forçado. Como acabamos


de ver, as forças que atuam sobre o sistema são: a força restauradora, a força dissipativa e
uma força externa periódica
dx
∑ F=−kx−b dt + Fext (4.22)

Vamos supor que a força externa tenha a forma


Fext =Fo cos (ω ' t) (4.23)
ou seja, tenha uma amplitude F0 e oscile no tempo de forma cossenoidal com uma
frequência ω ' .
Conhecendo as forças que atuam sobre o sistema, vamos, mais uma vez, fazer uso da
segunda lei de Newton:
d²x dx
M =∑ F=−kx −b + F 0 cos( ω' t ) (4.24)
dt ² dt

Podemos reescrever a equação anterior colocando, do lado esquerdo, todos os termos que
dependem de x e suas derivadas e, do lado direito, tudo o que não depende de x :
d²x dx
M +kx+b =F 0 cos (ω ' t) (4.25)
dt ² dt
O lado esquerdo da equação é idêntico ao lado esquerdo da equação para o movimento
amortecido. A diferença está no lado direito que, naquele caso, é zero, e aqui é uma função
do tempo. Você se lembra quando nós vimos que as equações têm nome e sobrenome? Esta é
uma equação diferencial linear ordinária de segunda ordem não-homogênea.
d² x dx F
+ γ +ω20 x= 0 cos(ω ' t ) (4.26)
dt ² dt M

onde temos reescrito a Equação (4.25) usando as constantes


definidas antes.
γ=
b
M
e ω0 =
√ k
M
, como

É importante ressaltar que existem duas frequências envolvidas na Equação (4.26):

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

ω0 e ω ' . Não devemos confundi-las; ω0 é a chamada frequência natural do sistema,


isto é, sua frequência de oscilação na ausência de força oscilante aplicada e de força
dissipativa. Em contrapartida, ω ' é a frequência da força aplicada.
Como encontrar a solução para a equação anterior? A solução mais geral para uma equação
não-homogênea é a soma da solução da equação homogênea (x h ) associada a ela e de uma
solução particular (x p ) para a equação não-homogênea:

x(t )=x h (t )+ x p (t) (4.27)

(a) Movimento forçado, não amortecido


Para entender melhor o que nós vimos anteriormente, vamos estudar um caso especial,
em que temos um oscilador forçado, mas podemos considerar que o amortecimento é
desprezível. Nesse caso, a equação de movimento fica:
d² x F0
2
+ ω0 x= cos (ω ' t ) (4.28)
dt ² M

A equação homogênea associada é


d² x 2
+ ω0 x=0 (4.29)
dt ²

ou seja, a equação do oscilador harmônico simples. Neste momento você já está cansado de
saber sua solução: x h (t )=x m cos (ω t + ϕ). Para encontrar a solução geral, basta agora
encontrar uma solução particular para a equação não-homogênea. Mas o que é isso? Uma
solução particular é qualquer solução que “sirva”! Nesse caso, queremos encontrar uma
função x (t) que seja uma solução para a Equação (4.28). Vamos usar, como tentativa, uma
função que tenha a mesma dependência temporal que a força externa,
x p (t )=C cos (ω' t ) (4.30)
em que C é uma constante que precisa ser determinada. Mas como? Substituindo x p (t )
e sua derivada segunda na Equação (4.28), encontra-se:
F0
C= (4.31)
M ( ω20−ω ' 2)

Substituindo C , encontrado na equação anterior, a solução particular escreve-se:


F0
x p (t )= cos(ω ' t ) (4.32)
M (ω20−ω' 2)

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

Agora, estamos prontos (finalmente!) para escrever a solução geral, que como vimos há
pouco, é a soma da solução homogênea e da particular:
F0
x(t )=x m cos(ω0 t+ ϕ)+ cos (ω ' t ) (4.33)
M (ω20−ω ' 2 )

Ressonância

Qual é a interpretação física da solução que acabamos de encontrar? Que tipo de


movimento ela descreve? Você pode notar que a solução que encontramos é a soma de duas
funções que oscilam com frequências diferentes: a primeira oscila com a frequência natural
do sistema ω0 =√ k / M , e a segunda oscila com a frequência da força aplicada. O que se
pode dizer sobre a amplitude de oscilação de cada uma delas? Para o termo com ω0 , a
amplitude de movimento é x m , ou seja, depende apenas das condições iniciais. Já para o
termo com a frequência da força aplicada, vemos que existe um valor de ω ' para o qual a
amplitude de movimento é máxima. Este valor corresponde à chamada frequência de
ressonância. Neste caso, em que desconsideramos o amortecimento, a frequência de
ressonância é a frequência natural do sistema ω0 para qual a amplitude diverge (Figura
abaixo). Em sistemas físicos reais sempre existe algum amortecimento, como veremos a
seguir. Nesses casos, a amplitude pode ser grande, porém, será sempre finita.

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

(b) Oscilações forçadas e amortecidas

Vamos voltar a considerar o caso forçado e amortecido que tem, como equação de
movimento, a Equação (4.26), que repetimos a seguir:
d² x dx 2 F0
+ γ +ω0 x= cos( ω' t)
dt ² dt M

Para resolvê-la, é necessário encontrar a solução da equação homogênea associada e uma


solução particular da equação inomogênea. A equação homogênea associada é
d² x dx 2
+ γ +ω0 x=0 (4.34)
dt ² dt

e se você tem boa memória, vai lembrar que esta é a equação do movimento harmônico
amortecido que estudamos anteriormente. Sua solução depende de o amortecimento ser
subcrítico, crítico ou super crítico. Vamos supor que seja subcrítico. Neste caso,
γ
− t
x h (t )=x m e 2
cos(ω t +ϕ) (4.35)
Para encontrar a solução geral, temos de somar à solução homogênea uma solução particular
da equação não-homogênea. A solução particular é
F0/ M
x p (t )= cos(ω ' t−θ) (4.36)
√ (ω20−ω ' 2)2+(γ ω ' )2
onde
γ ω'
θ=arctg( ) (4.37)
ω 20−ω ' 2

Desta vez apresentamos a solução sem mostrar passo-a-passo como ela foi encontrada.
Ao final desta aula, você vai encontrar esta demonstração, pois afinal de contas, ninguém
deve se satisfazer de encontrar uma solução sem compreender de onde ela veio...
Note que, como no caso anterior, a solução particular da equação não-homogênea tem a
mesma frequência da força aplicada. Somando as soluções homogênea e particular, temos
γ
− t
2 F0 / M
x(t )=x m e cos(ω t +φ )+ cos (ω ' t−θ) (4.38)
√(ω −ω ' ) +(γ ω ' )
2
0
2 2 2

Neste caso, como o movimento é amortecido, a solução da equação homogênea decai


com o tempo, por isso é chamada transiente. A amplitude da solução particular não depende
do tempo, por isso x p é chamado solução estacionária.

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

Analisando a Equação (4.38), vemos que a presença de amortecimento (γ≠0) faz com
que o denominador seja sempre diferente de zero. Dessa forma, como pode ser visto na
Figura abaixo, a amplitude nunca diverge. No entanto, para pequenos amortecimentos, a
amplitude pode ser bastante grande.

Voltando ao exemplo da mãe empurrando a criança em um balanço, todos sabemos, por


experiência própria, que, se os impulsos forem dados “com a frequência certa”, ou seja, com
a frequência de ressonância, a amplitude de oscilação do balanço cresce cada vez mais, o
que pode gerar gritos e choros!

Detalhes da solução particular do oscilador forçado e amortecido

Vamos voltar, agora, a procurar a solução particular do oscilador forçado e amortecido. Para
tanto, vamos partir da Equação (4.26)
d² x dx F
+ γ +ω20 x= 0 cos(ω' t)
dt ² dt M

Como esta equação envolve derivadas pares e ímpares, não vamos fazer como no caso
do oscilador forçado e não-amortecido e supor que

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

x p (t)=C cos( ω' t ) (4.39)


pois teremos não apenas cossenos, mas também senos. Nesses casos, é mais conveniente
usarmos a notação complexa. Você deve se lembrar de que podemos escrever x (t) como a
parte real de um número complexo:
x p (t)=ℜ z (t ) (4.40)
Partindo da Equação (4.26), vamos escrever uma equação diferencial para z (t) :
d² z dz 2 F0 i ω 't
+ γ +ω0 z= e (4.41)
dt ² dt M

De posse da equação anterior, podemos agora dar um palpite para z (t) ,


z (t)=C e
i ω 't
(4.42)
em que C é uma constante que precisamos determinar. As derivadas de z (t) ficam,
então,
dz d² z
=i ω ' C e i ω' t e =−ω ' 2 C ei ω ' t
dt dt ²

Substituindo z e suas derivadas na Equação (4.116) encontra-se


F0 iω' t F F0/ M
−ω' 2 C ei ω ' t +iC ω' γ ei ω 't + C ω20 ei ω ' t= e ⇒C e i ω' t (ω20−ω' 2+ iω ' γ)= 0 ei ω ' t ⇒ C= 2
M M ω0−ω' 2+ i ω ' γ

ou
F0 / M
C= (4.43)
ω20 −ω ' 2 +i ω ' γ

O número complexo do denominador da Equação (4.43) pode ser escrito na forma polar,
z=a+ib , com a=ω20−ω '2 e b=ω ' γ .

ω20 −ω '2 +i ω' γ=r e iθ

onde
r= √(ω20−ω ' 2)²+(ω ' γ) ² (4.44)
e
γω'
θ=arc tg ( ), (4.45)
ω −ω' 2
2
0

usando as Equações (4.44) e (4.45) podemos reescrever a Equação (4.43) na forma:

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

F0/ M F0 e
−i θ
C= 2 = . (4.43)
ω0 −ω ' 2 +i ω γ M √ (ω 20−ω '2 )2 +(ω ' γ)2

Substituindo a Equação (4.43) na Equação (4.42) temos,finalmente, z (t) :


F0 e
−i θ
i ω' t F0 1 i(ω ' t−θ)
z(t )= e ⇒ z(t )= e . (4.44)
M √ (ω0 −ω ' ) +(ω ' γ)
2 2 2 2 M √ (ω0 −ω ' ) +(ω ' γ)
2 2 2 2

Para tomar a parte real de z (t) (e então encontrar x (t) ), vamos reescrever a equação
anterior:
F0 / M
z(t )= e i(ω ' t−θ ) . (4.45)
√(ω −ω ' )²+(ω ' γ)²
2
0
2

Vamos tomar a parte real da Equação (4.45) para encontrar x particular :


F0/ M
x p (t)= cos (ω ' t−θ) (4.46)
√(ω −ω ' )²+(ω ' γ)²
2
0
2

com θ dado pela Equação (4.45).


Finalmente! Agora você já pode dormir sossegado, pois acaba de compreender como
encontrar a solução para um oscilador harmônico forçado e amortecido. Como você já tinha
entendido antes a interpretação física de cada um dos termos que compõem a solução, não
falta mais nada.

Exemplo 4.3: Um corpo de massa 50 g está preso a uma mola de constante k =20 N /m e
oscila, inicialmente, livremente. Esse oscilador é posteriormente colocado num meio cujo
coeficiente de atrito viscoso é ρ=0,90 kg /s . Depois disso o oscilador, ainda no meio
viscoso, é excitado por uma força externa F( t)=F 0 cos (Ω t), onde F0 =9,0 N e
Ω=20,0 rad /s .

(a) Determine a frequência natural do sistema.


(b) Qual o regime de oscilação do sistema quando imerso no meio viscoso, mas antes de ser
excitado pela força externa? Justifique a resposta.
(c) Depois que a força externa é aplicada e que o sistema entrou no regime estacionário,
qual o valor da amplitude do movimento?
(d) Qual deveria ser o valor exato da frequência externa de excitação para que a amplitude
de oscilação, no regime estacionário, fosse máxima?
Solução:

17
Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

(a) A frequência natural de oscilação do sistema é

ω0 =
√ √
k
m
=
50
0,050
= √ 400⇒ ω0 =20 rad /s .

(b) Para podermos determinar qual o regime de oscilação de um oscilador amortecido é


necessário determinar a relação entre a sua frequência natural ω0 e o coeficiente de
amortecimento γ , que é dado por
ρ 0,9 γ γ
γ= = =18 s
−1
e =9,0 s−1 . Assim, temos ω0 > .
m 0,05 2 2

Portanto, o oscilador encontra-se no regime subcrítico.


(c) A amplitude do movimento é dada por:
F 0 /m 9 /0,05 9/0,05 1
A (Ω)= = = ⇒ A (Ω)= m .
√(ω −Ω )²+(Ω γ) ²
2
0
2
√(20 −20 ) ²+(20 .18) ² 20.18
2 2 2

(d) O valor da frequência para qual a amplitude é máxima é determinada pela condição:
2 2 2
dA(Ω) dA (Ω) 1 F 0 [−4 Ω(ω 0−Ω )+ 2Ω γ ]
=0 ⇒ =− =0⇒−4 Ω( ω20−Ω2 )+2Ω γ 2=0,
dΩ dΩ 2 m √(ω20 −Ω2)2 +(γ Ω)2

Resolvendo a relação acima, encontra-se a frequência de ressonância (Ω R) :

γ2 γ2
√ √
2
2 2 2 2 2 2 2 18
2(ω −Ω )+ γ =0 ⇒Ω =ω − ⇒ ΩR = ω0− = 20 −
0 R R 0 =√ 238 rad /s .
2 2 2

4.5. Osciladores acoplados


Até agora, nós estudamos sistemas oscilantes nos quais apenas um corpo oscila, como
no caso do pêndulo simples, pêndulo físico ou de uma massa presa a uma mola. Neste
último caso, sempre consideramos a mola presa a um suporte fixo, ou, de modo equivalente,
presa a uma massa infinita. O que acontece se consideramos que a mola está presa de um
lado a uma massa, como antes, mas do outro lado temos também uma massa finita? Este será
o assunto abordado nesta aula.
Como você já pode imaginar, estudar o problema de dois corpos que oscilam acoplados
deve ser mais difícil do que estudar apenas um corpo oscilando, como nós fizemos até agora.
Vamos ver agora, como transformar o problema de dois osciladores acoplados em dois

18
Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

problemas de um corpo.
Ainda assim, você deve estar se perguntando por que estudar este problema, qual o
interesse em dois osciladores acoplados? Na natureza, ocorre com frequência o acoplamento
de osciladores em que não podemos considerar uma das massas como infinita. Por exemplo,
pense na molécula diatômica mais simples, a de hidrogênio (H 2) . Ela é composta por dois
átomos de hidrogênio, com a mesma massa. A energia potencial de interação entre esses dois
átomos, como função da distância entre eles, pode ser aproximada por uma parábola, para
pequenos deslocamentos da posição de equilíbrio. Dessa maneira, podemos imaginar estes
átomos como se fossem massas ligadas por uma mola de massa nula. Mesmo quando temos
moléculas diatômicas compostas por elementos diferentes, como por exemplo, CO ou
HCl , os átomos que as compõem tem massas comparáveis e não podemos considerar que a
mola virtual que liga os dois átomos está fixa em uma das extremidades. Vamos ver agora
como tratar este problema.

Oscilações de duas partículas

Vamos considerar dois blocos, um de massa m1 e o outro de massa m2 , ligados por


uma mola de constante elástica k , comprimento l , quando relaxada, e massa
desprezível. Os dois blocos podem se mover sobre uma superfície horizontal, como mostra a
Figura abaixo. Vamos escolher um ponto fixo sobre a superfície como origem do sistema de
referência. Como o movimento se dará ao longo da linha que une estes blocos, vamos
escolher o eixo x ao longo desta linha e orientá-lo: positivo para a direita. Vamos chamar
x 1 a distância da origem até o centro de massa do bloco de massa m1 e x 2 a distância
da origem até o centro de massa do bloco de massa m2 .

19
Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

Lembrando que o comprimento da mola é e olhando para a figura, vemos que, quando a
mola está relaxada, x 2−x 1=l. Quando a mola não está relaxada, podemos escrever a
distensão ou compressão como
x=(x 2−x 1 )−l (4.47)
onde o sinal positivo indica que a mola foi distendida e o negativo que ela está comprimida.
Agora que encontramos a compressão da mola, podemos escrever a força que atua sobre
cada um dos blocos,
F1=kx=−F2 (4.48)
o sinal indicando a orientação das forças, de acordo com o eixo que escolhemos na figura.
Não deve ser surpresa para você que elas sejam iguais e opostas (por quê?).
Vamos, mais uma vez, usar a segunda lei de Newton. Para cada um dos blocos, temos
d ² x1
m1 =F 1 (4.49)
dt ²

d ² x2
m2 =F 2 (4.50)
dt ²

ou, substituindo F1 e F2 , encontrados na expressão (4.48),


d ² x1
m1 =k (x 2−x 1−l) (4.51)
dt ²
d ² x2
m2 =−k ( x 2−x 1−l) (4.52)
dt ²

Analisando as equações anteriores, vemos que a aceleração do bloco 1 depende não só


de sua posição (x 1), mas também da posição do bloco 2(x 2), o mesmo acontecendo para
o bloco 2. Em outras palavras, nós temos duas equações diferenciais acopladas. Como
resolver este problema? Em vez de descrever o movimento do sistema usando as
coordenadas de cada um dos blocos, x 1 e x 2 , vamos usar a coordenada relativa x , que
aparece nas expressões (4.51) e (4.52), e também a coordenada do centro de massa do
sistema.
Você se lembra da coordenada do centro de massa, já que você estudou na disciplina
Física I. A posição X do centro de massa deste sistema é dada por

20
Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

m 1 x 1 +m2 x 2
X= (4.53)
m1 +m2

Podemos escrever a aceleração do centro de massa, derivando duas vezes a Equação


(4.53),
d² X 1 d ² x1 d ² x2
= (m 1 +m2 ) (4.54)
dt ² M dt ² dt ²

onde M =m 1 +m2 é a massa total do sistema:


Somando-se membro a membro as equações (4.51) e (4.52), encontra-se:
d ² x1 d ² x2 d ² m1 x1 +m 2 x2 d ² X
m1 +m2 =+k ( x 2−x 1−l)−k ( x 2−x 1−l)⇒ ( )= =0 (4.55)
dt ² dt ² dt ² m1 +m 2 dt ²

Você acaba de mostrar que a aceleração do centro de massa é nula. Isto ocorre porque o
somatório das forças externas é nulo. Temos, então, que a velocidade do centro de massa
V é constante, ou seja, o centro de massa do sistema está parado ou em movimento
retilíneo uniforme.
Vamos ver o que acontece com a coordenada relativa x . De forma semelhante ao que
fizemos acima, vamos usar as Equações (4.126) e (4.127). Vamos multiplicar a Equação
(4.51) por m2 e a Equação (4.52) por m1 e subtrair uma da outra
d ² x1 d ² x2 d ² x1 d ² x2
m1 m2 −m1 m2 =k (x 2−x 1−l) m2+ k ( x 2−x 1−l)m2 ⇒( m1 m2)( − )=(m1 +m2 )kx
dt ² dt ² dt ² dt ²

ou
m1 m2 d ² x 1 d ² x 2
( − )=kx (4.56)
m1 +m2 dt ² dt ²

Lembrando-se da definição de x , Equação (4.47), vemos que sua segunda derivada dessa
equação fornece a seguinte equação
d ² x d ² x2 d ² x1
= − (4.57)
dt ² dt ² dt ²

Vemos também que é útil definir


1 1 1
μ ≡m + m (4.58)
1 2

A grandeza (μ ) é chamada massa reduzida.


Vamos agora substituir a definição de massa reduzida, Equação (4.58) e a aceleração da
coordenada relativa x , Equação (4.57) na Equação (4.56). Ficamos com a expressão

21
Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

d²x
μ +kx=0 (4.59)
dt ²
O que esta equação nos diz? Que a coordenada relativa x se comporta como a
coordenada de uma partícula de massa μ realizando movimento harmônico simples! A
solução para a Equação (4.59) é nossa velha conhecida,
x (t)=x m cos (ω t+ φ ) (4.60)
onde agora a frequência angular é dada por

√k
ω= μ (4.61)

e, consequentemente, o período fica


μ
T =2 π
√ k
(4.62)

Em resumo, nós vimos que, para descrever a oscilação de dois corpos acoplados, em vez
de usar a coordenada de cada um dos corpos ( x 1 e x 2 ), podemos usar a coordenada do
centro de massa do sistema ( X ) e a coordenada relativa x . Vimos também que, quando a
soma das forças externas é nula, o centro de massa permanece em repouso ou em
movimento retilíneo uniforme ( V é constante), enquanto a coordenada relativa (x)
realiza movimento harmônico simples, Equação (4.59).

Considerações sobre a energia


Vamos agora estudar o que acontece com a energia deste sistema. Comecemos olhando
para a energia cinética K . Ela é a soma da energia cinética de cada um dos blocos:
1 1
K=K 1 + K 2= m1 v 21 + m 2 v 22 (4.63)
2 2

Vamos, mais uma vez, usar as coordenadas relativa e do centro de massa. Derivando a
expressão para a coordenada do centro de massa, Equação (4.53), encontramos a velocidade
do centro de massa
m1 v 1+m2 v 2
V= ⇒ Mv=m1 v 1 +m2 v 2 . (4.64)
m1+m2

Fazendo o mesmo para a coordenada relativa, Equação(4.47), temos a velocidade relativa

22
Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

v =v 2−v 1 (4.65)
As equações (4.64) e (4.65 constitui um sistema linear de duas equações e duas
incógnitas. Multipicando a Equação (4.65) por m1 e somando membro a membro as
equações, temos:
m1 μ
(m1+ m2) v 2=MV + m1 v ⇒ v 2=V +( ) v =V +( ) v . (4.66)
M m2

1 m 1 +m 2 m1 μ
onde temos usado a realção: μ = m m ⇒ M =m .
1 2 2

Multipicando a Equação (4.65) por −m2 e somando membro a membro as equações,


temos:
m2 μ
(m1+ m2) v 1=MV −m2 v ⇒ v 1=V −( ) v=V −( ) v . (4.67)
M m1

1 m1 +m2 m2 μ
onde temos usando a relação: μ= m m ⇒ M =m .
1 2 1

Podemos escrever a energia cinética em termos da velocidade do centro de massa V e


da velocidade relativa v . Para isso, vamos substituir na Equação (4.63) as expressões para
v 1 e v 2 dadas pelas Equações (4.66) e (4.67):

1 2 1 2 1 μ 2 1 μ 2 1 2 1 2
K= m1 v 1+ m 2 v 2= m1 (V − v ) + m1 (V + v) = M V + μ v (4.68)
2 2 2 m1 2 m2 2 2
A energia cinética pode ser separada em dois termos: um termo devido ao movimento
do centro de massa do sistema e outro devido ao movimento da coordenada relativa.
E a energia potencial? Podemos escrevê-la em termos da compressão da mola:
1
U (x )= kx ² (4.69)
2

A energia mecânica total do sistema é dada pela soma das energias cinética e potencial
1 1 1
E=K + U= Mv ²+ μ v ²+ kx ² (4.70)
2 2 2

Podemos reescrever essa energia mecânica como


E=E CM + Einterna (4.71)
onde
1 1
E= K +U= MV ²+ μ v ² (4.72)
2 2

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Cap. 4 – Oscilações forçadas e amortecidas

é a energia do centro de massa do sistema, e


1 1
E interna = μ v ²+ kx ² (4.73)
2 2
é a energia total interna. ECM e Einterna se conservam separadamente: a translação do
centro de massa não afeta a oscilação da coordenada relativa. A energia de oscilação
Einterna é idêntica a de um oscilador de massa μ e deslocamento x .

4.6. Referências
[1] Marechal, Bernard M. Física 2B. vol.1. 2.ed. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.
[2] NUSSENZVEIG,H. Moysés. Curso de Física Básica 2: Fluidos, Oscilações e Ondas,
Calor, 4a.edição. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2002.
[3] 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio José
Roque da Silva.if.usp.
[4] WAGNER, Corradi … et al. Fundamentos de Física I. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2010.

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